SOLSTÍCIO DE INVERNO - Grande Loja Maçônica de Pernambuco

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SOLSTÍCIO DE INVERNO: COMENTÁRIOS GERAIS.
Todas as vezes em que nos reunimos nos meses de
março, junho, setembro e dezembro, para comemorarmos
respectivamente o equinócio de Outono, o Solstício de
Inverno, o equinócio de Primavera e o solstício de Verão,
salientamos que a situação astronômica no hemisfério norte
(conhecido também como boreal ou setentrional, onde
existe, segundo dados obtidos da Internet, mais de 60% das
terras emersas e de 90% da população terrestre) é inversa:
em 21 de junho, na América do Norte, América Central,
Europa, Ásia e em partes da América do Sul e da África
nossos confrades comemoram o solstício de Verão,
enquanto aqui, no hemisfério sul (denominado também
como austral ou meridional, que é composto principalmente
por água e pela Antártida, maiores partes da América do Sul,
da Indonésia, países vizinhos e da Oceania, e parte da
África), nós comemoramos o solstício de Inverno. Assim, por
causa dessa reiteração, é provável que algum irmão a
suponha supérflua porque, afinal — pensará ele — a
existência desses hemisférios (simbolizados em nossos
templos pelas Colunas do Norte e do Sul, entre as quais se
erige verticalmente o Eixo imaginário1, cruzado pela Grade
) Equivalente ao “equador solar” das teorias chinesas do Feng Shui.
1
1
do Oriente, em cujo ápice fica o Trono de Salomão) é
lecionada, atualmente, nos cursos escolares. Demais —
repensara com base em uma lição de astrologia —, “o Sol
não está em nenhum signo do Zodíaco, senão simplesmente
parece estar ao passar entre nossa pequena esfera — a
Terra — e as constelações, em qualquer estação ou tempo
determinado”2. Pois bem, sem embargo dessas presuntivas
e sábias asserções, valemo-nos mais uma vez da repetição
na esperança de que seja útil na interpretação de nossos
arcanos, ressaltando — por seu intermédio — nossa
condição de aprendiz dos Mistérios Arcaicos, pois aquela
divisão — a exemplo dos pontos extremos daquele eixo,
denominados astronomicamente zénite e nadir — recordanos o aspecto dual na Natureza: tudo em nosso Sistema
Solar (e, de forma análoga, no Universo), presuntivamente
tudo, submete-se ao princípio de polaridade que é
representado, em nossos templos, dentre outros símbolos,
pelo Pavimento Mosaico3. Consequentemente, se não
2
) Conforme a lição da fundadora da Sociedade Teosófica, a erudita Helena
Petrovna Blavatsky, o “Zodíaco móvel ou natural é uma série de constelações
que formam um cinturão de 47 graus de largura, localizado ao norte e ao sul do
plano da eclíptica. A precessão dos equinócios é causada pelo ‘movimento’ do
sol através do espaço, o qual faz que as constelações pareçam se mover para
frente contra a ordem dos signos à razão de 50 e 1/3 segundos por ano” (Cf.
“Glosario Teosófico”, verbete “zodíaco”, p. 1101-2 - disponível na Internet em:
www.portadosol.org.br).
3
) De acordo com esse princípio, em tudo há dois polos ou aspectos opostos que
são, na realidade, simplesmente os dois extremos da mesma coisa, consistindo
a diferenciação em variação de graus, conforme se verifica do livro “O Caibalion”
(obra dedicada ao estudo da Filosofia Hermética do Antigo Egito e da Grécia),
2
fizermos as adaptações necessárias ao estudo das nossas
tradições, se as visualizarmos de uma forma estática —
como se fossem ajustáveis de per si, isto é, sem as
confrontarmos
com
as
posições
que
eventualmente
ocupamos perante as doze constelações do Zodíaco4 —,
seus significados originais provavelmente se perderiam
(exceto, obviamente, para aqueles que já os alcançaram),
como sucederia, por exemplo, no estudo da química
moderna (ciência transmitida por meio de símbolos), uma
vez que o esquecimento ou a alteração arbitrária do sistema
da Ciência Sagrada implica sempre, para dizermos o
mínimo, a distorção dos ensinamentos legados pelos nossos
ancestrais5.
De fato: para comprovação da veracidade dessa
assertiva (refiro-me à importância da diferenciação das
polaridades no estudo da Natureza baseado na razão e na
ciência), recordemo-nos que no Século XVIII, quando se
formalizou a fase especulativa da nossa sublime instituição
da qual se extrai esta observação: “O conhecimento do Princípio habilitará o
discípulo a mudar a sua própria Polaridade, assim como a dos outros, se ele
consagrar o tempo e o estudo necessário para obter o domínio da arte.”
4
) O qual possui um polo norte diferente do polo norte geográfico, consoante
demonstrou, dentre outros, William Eisen em “A Cabala Astrológica”: a
linguagem do número. Tradução: Julia Vidili. São Paulo: Madras, 2006, p. 223.
5
) De acordo com os expositores do Caibalion, por exemplo, esse Princípio de
Polaridade, que é o quarto na ordem da apresentação, e os outros seis – que
são, respectivamente, o Princípio de Mentalismo (1), de Correspondência (2), de
Vibração (3), de Ritmo (5), de Causa e Efeito (6) e de Gênero (7) – constituem
os denominados Sete Princípios da Verdade.
3
(a qual já estava desenvolvida desde o Século XVII, na
opinião de historiadores mais recentes6, porque os mais
antigos nos revelam — como é o caso de Jean Louis
Laurens, em livro publicado em 1805 — não só a existência
de lojas maçônicas “antes do 14º século”, “na Alemanha, na
Inglaterra, na Prússia e até na França”, mas também de
regulamentos gerais “redigidos em 1340”7), quando se
formalizou a Franco-maçonaria no Século XVIII, repetimos
para efeito de clareza, nosso objetivo se restringia à
realização de duas reuniões anuais, “em los dias de los
solstícios de verano y de invierno”, consoante nos informa
Iván Herrera Michel em sua conhecida obra “Historia de la
masoneria”8. Salientamos ainda que era, ou ainda é,
justamente “no menor dia do inverno” que os integrantes do
verdadeiro Xamanismo — que são descritos como
adoradores do Espírito, isto é, aqueles que não têm altares
nem ídolos — realizavam anualmente, ou ainda realizam,
6
) Mais recentes, dissemos - e não mais modernos -, porque a magistral obra de
Joseph Gabriel Findel, “History of Freemasonry from its rise down to the
presente day” (“História da maçonaria desde a sua origem até o dia presente”),
foi traduzida do alemão para o inglês em 1866.
7
) LAURENS, J. L. Essais historiques et critiques sur la franc-maçonnerie ...
Seconde édition. Paris: Chez Chomel,1806, p. 9, nota 1; e Ensaios históricos
e críticos sobre a maçonaria livre ... Tradução: Augusto Diogo Tavares.
Petrópolis: M. A. de Oliveira, 1899, p. 9, nota 1.
8
) MICHEL, Iván Herrera. Historia de la masonería. Edição virtual: Barranquilla
(Columbia), Janeiro de 2007, vol. I, p. 17 (disponível na Internet em:
pt.escribd.com).
4
seus ritos, consoante revelou a erudita H. P. Blavatsky em
sua preciosa obra intitulada “Isis sem Véu”9.
E, na realidade, essa divisão circular de 180 graus
gerada pela “linha do meio-dia” (conhecida também como
equador solar), que nos conduz intuitivamente além da
Cosmológica e aquém da Infinitesimal, tem uma importância
incomensurável no exame dos nossos arcanos, porque,
segundo o relato de Heródoto — o sábio historiador grego
da antiguidade —, já no vestíbulo do templo de Vulcano, no
Egito arcaico, por exemplo, na época de “Rampsinito” (faraó
sucessor de “Proteu”), foram construídas duas estátuas de
vinte e cinco côvados de altura, uma ao norte e outra ao sul,
denominadas pelos egípcios, respectivamente, de Verão e
Inverno10. E mais: segundo nos informou Daniel Rammé —
o festejado arquiteto e historiador francês do Século XIX —,
em sua “Teologia Cosmológica ou Reconstrução da Antiga
e Primitiva Lei”, “2700 antes da era vulgar, a sombra do sol
ao meio-dia foi medida nos dois solstícios de Inverno e
Verão, com um gnomo de oito pés”, experiências que
tiveram lugar em Honan (nome que significa “sul do Rio
9
) BLAVATSKY, Helena Petrovna. Isis sem Véu: uma chave-mestra para os
mistérios da ciência e da teologia antigas e modernas. Tradução: Mário Muniz
Ferreira e Carlos Alberto Feltre. São Paulo: Editora Pensamento, 1995, vol. IV,
p. 235.
10
) Cf. HERÓDOTO. História. Versão eBooksBrasil: 2006, item CXXI. Disponível
na Internet em: www.books.google.com.br.
5
Amarelo”), uma província da República Popular da China11
— fato que nos fora revelado anteriormente, conforme nossa
investigação particular, pelo insigne egiptólogo do Século
XIX, Alexandre von Humboldt, em sua obra “Cosmos: ensaio
de uma descrição psíquica do mundo”12. É conveniente
destacar ainda, antes de retornarmos ao nosso tema central,
que esse legado do Egito arcaico tem, entre seus
significados espiritual e psicofísicos13, estreita conexão com
as projeções planas ou azimutais, estudadas modernamente
no âmbito das ciências geodésicas14, e os enigmáticos Disco
de Festo, Manuscrito de Voynich e os alinhamentos e
monumentos megalíticos espalhados em torno de nosso
planeta15.
Neste ponto, abrindo um parêntese, ressaltamos que
se justifica a extensão do princípio de polaridade ao
Universo, consoante a regra de analogia recomendada por
Hermes Trismegisto em sua conhecida Tábua de Esmeralda
(recomendação que é aplicável do Átomo ao Cosmos),
11
) RAMÉE, Daniel. Théologie cosmogonique ou Reconstitution de
l'ancienne et primitive loi. Librairie D’Amyot: Paris, 1853, p. 28.
12
) HUMBOLDT, Alexander von. Cosmos: essai d'une description physique
du monde. Tradução: Hervé Faye e Louis Charles Galusky. Bruxelas: C. W.
Froment, 1851, p. 500.
13
) Nos quais os estudiosos incluem os dois hemisférios do cérebro.
14
) As quais englobam a Engenharia Cartográfica e de Agrimensura.
) Dos quais se destacam, respectivamente, os de Carnac e Stonehenge.
15
6
porquanto, conforme advertiu Jesus Iglesias Janeiro — o
insigne escritor e cabalista argentino —, a lua gira em torno
da Terra, a Terra ao redor do Sol16, o Sol em torno de um
centro comum aos componentes da nossa Galáxia ou Via
Láctea, e ela, nossa Galáxia espiral, por sua vez, em torno
de outro centro (gravitacional) comum a muitas Galáxias17.
Isso significa, em termos de nosso sistema solar, nas
palavras de William Eisen (autor do livro “A Cabala da
Astrologia: a linguagem do número”), que, “(...) do mesmo
modo como o polo zodiacal gira em torno do polo norte
geográfico a cada 24 horas, assim o polo geográfico gira em
torno do polo zodiacal a cada 26 mil anos”18 — nós diríamos,
com apoio na lição de H. P. Blavatsky, em 25.868 anos.
Observa-se, assim, que essa movimentação de
componentes cósmicos — cuja duração em nosso sistema
se denomina Grande Ano, Grande Era ou Ano do Sol, e,
astronomicamente, ano platônico, que compreende a
circulação elipsoide do Sol pelas doze constelações
zodiacais — relaciona-se à forma pela qual caminhamos
dentro do nosso Templo, aos raios cintilantes, às três
viagens de iniciação, às purificações, à Escada de Jacó, à
16
) Fato percebido anteriormente à era do cristianismo pelo astrônomo e
matemático grego Aristarco de Samos, conforme informação dos especialistas.
17
) JANEIRO, J. Iglesias. La Arcana de los Numeros. Buenos Aires: Editorial
Kier, 1985, p. 121.
18
) Op cit., p. 253.
7
construção e cobertura da Loja, ao local que o Maçom não
pode transpor e as linhas limítrofes, à orientação da Loja, às
doze colunas postas em torno do nosso Templo (seis no
norte, seis no sul), ao pórtico elevado por três degraus, às
duas colunas de bronze (erigidas uma em cada lado da
entrada do templo), às três romãs abertas, ao tamanho
dessas duas colunas19, às três janelas da Loja, ao
Pavimento Mosaico (como já salientado), aos horários do
início e término dos nossos trabalhos, às Três Luzes da Loja,
à corda de oitenta e um nós (cuja divisão pela quantidade de
viagens nos dá uma ideia aproximada da duração de cada
ronda),
e,
enfim,
a todos
os símbolos
maçônicos
verdadeiros, ou seja, àqueles que compõem os ritos
arcaicos.
No
entanto,
como
a
análise
dessas
correspondências não se inclui no objeto deste trabalho,
inclusive porque não disporíamos de capacidade perceptiva
para execução da tarefa, limitamo-nos a recomendar a
leitura dos livros: “O Sistema Solar”, do teosofista Arthur
Edward Powell, cuja análise faz parte do programa da
denominada “Loja Esotérica Virtual”20, e “O Sistema
Planetário”, de Bovisio Santiago — o insigne escritor
19
) Que nos recorda, imediatamente, os trabalhos de Euclides - o matemático
grego de Alexandria.
20
) Acessível na Internet em: www.levir.com.br/.
8
ocultista
italiano
que
se
radicou,
propagou
seus
conhecimentos e desencarnou na Argentina no Século XX21.
Com efeito: fizemos essas alusões tão-somente para
lembrar que os egípcios do período arcaico — os ancestrais
que nos legaram a Filosofia Esotérica ministrada em nossos
templos — utilizavam-se dos signos do Zodíaco para
representar a marcha da Natureza e das suas operações,
durante as revoluções do Sol e da Lua, consoante nos disse,
dentre outros, o famoso filósofo platónico, Lucius Apuleius,
em seu livro “O Asno de Ouro”22. Charles François Dupuis
—
o célebre
historiador francês —, por exemplo,
pronunciando-se em igual sentido, assim se expressou em
seu “Compêndio da Origem de Todos os Cultos”:
“No templo de Heliópolis ou cidade do Sol havia
doze colunas cheias de símbolos relativos aos
doze signos e os elementos.
As vastas massas de pedra consagradas ao astro
do dia eram de figura piramidal, a mais apta para
representar os raios do sol, e a forma em que se
eleva a chama.
A estátua de Apolo Agieo era uma coluna
terminada em ponta, e Apolo era o sol.
No Egito não se confiava aos artistas ordinários a
modelação das efígies e estátuas dos deuses. Os
sacerdotes faziam os desenhos determinando
21
) SANTIAGO, Bovisio. El Sistema Planetário (Libro XVII). Disponível na
Internet em: www.santiagobovisio.com.
22
) APPULEIO. O Burro de Ouro. Tradução portuguesa. Lisboa: Tipografia de
José Baptista Morando, 1847, p. 444.
9
suas formas por esferas, isto é, pela inspeção do
céu e suas imagens astronômicas. Por isso vemos
que em todas as religiões os números sete e doze,
este que é dos signos, e aquele o dos planetas,
são números sagrados que se reproduzem sob
todas as formas. Tais são os doze grandes
deuses; os doze apóstolos; os doze filhos de
Jacob ou as doze tribos; os doze altares de Jano;
os doze trabalhos de Hércules ou o sol; os doze
escudos de Marte; os doze irmãos Arvales23; os
doze deuses Consentes24; os doze membros da
luz; os doze governadores no sistema maniqueu;
os doze adityas dos Hindus; os doze azos (?) dos
Escandinavos; as doze portas do Apocalipse; os
doze bairros da cidade ideada por Platão ...
O mesmo sucede com o número sete. Tal é o
candelabro de sete acendedores, que figurava o
sistema planetário no Templo de Jerusalém; os
sete recintos do templo; (...) os sete pisos da torre
da Babilônia; (...) os sete arcanjos dos Caldeus e
Judeus; (...) os sete sacramentos dos cristãos, etc.
A cada página do livro astrológico e cabalístico,
intitulado o Apocalipse de João, estão os números
doze e sete: o primeiro está repetido quatorze
vezes, e o segundo vinte e quatro.
O número trezentos e sessenta, que é o dos dias
do ano, sem contar os epagómenos25, lembram
também os trezentos e sessenta deuses que
admitia a teologia de Orfeu; os trezentos e
sessenta vasos de água do Nilo, que despejavam
os sacerdotes egípcios, um em cada dia, em um
23
) Espécie de sacerdotes romanos (Cf. NASÃO, Publio Ovídio. Os Fastos.
Tradução: Antonio Feliciano de Castilho. Lisboa: Academia Real das Ciências,
1862, p. 532.
24
) Deuses maiores, na mitologia de Roma, que formavam o conselho supremo.
25
) Nome grego dos cinco dias que os egípcios acrescentaram para
complementação do ano solar.
10
tonel sagrado que havia na cidade de Acanta; os
trezentos e sessenta eons ou gênios dos
gnósticos; (...) os trezentos e sessenta gênios que
capturam a alma na hora da morte, segundo a
doutrina dos cristãos de São João; os trezentos e
sessenta templos situados na montanha de
Louham (Loshan?) na China26; o muro de
trezentos e sessenta estádios, com que cercou
Semíramis a cidade de Belo ou Sol, na célebre
Babilônia. Todos esses monumentos nos retratam
a mesma distribuição do mundo, e do círculo
dividido em graus que anda o sol. Finalmente
também foram assuntos das divisões políticas e
religiosas a partição do Zodíaco em vinte e sete
partes, que indicam as estações, e em trinta e seis,
que é a mesma que a dos decanos”27.
Essas observações são dignas de reflexões. Mas,
como salientamos, tudo isso tem correlações e significados
esotéricos complexos, que nós não teríamos atualmente
condições de analisar e desenvolver, principalmente em um
trabalho com as características do presente; por se tratar de
matérias abstrusas, devem ser versadas, a nosso ver,
exclusivamente por aqueles que possuem, de fato, profundo
conhecimento da Arte Real. Para chegarmos a essa
conclusão é bastante observar que Jámblico — o famoso
26
) Acreditamos que houve equívoco, na nomeação da montanha chinesa em que
existem esses templos, porque o nome correto – ao que tudo indica – é
Montanha Lushan, localizada no norte da província do Jiangxi e à margem sul
do curso médio do rio Yangtsé, que foi tombada como patrimônio mundial.
27
) DUPUIS, Charles François. Compendio del origen de todos los cultos.
Tradução: D. Josef Marchena. Burdeos: Imprenta de Don Pedro Beaume, 1820,
tomo I, p. 56-62.
11
filósofo platônico grego da antiguidade — revelou-nos em
sua obra “Sobre Os Mistérios Egípcios” que por meio da
doutrina simbólica os egípcios demonstravam não só
aqueles fenômenos astronômicos, que constituíam uma
parte muito pequena do sistema hermético, mas também —
e principalmente — a unidade da Divindade28.
Isso não nos impede, entretanto, de fazermos um
bosquejo das ideias sublimes, que nos foram legadas pelos
nossos ancestrais, com fundamento na síntese feita por um
Mestre da Sabedoria Arcaica (refiro-me ao oriental, Djual
Khool [Djwhal Khul], conhecido como “o tibetano”). Nas suas
palavras, que nos limitamos a retransmitir, o espaço é
considerado uma entidade e a “abóbada celeste” — como
poeticamente se a denomina — é a aparência fenomênica
dessa entidade. Uma ideia vaga desse entendimento, que
proporciona uma analogia (embora falha pelas proporções),
obtém-se da consideração da família humana, o quarto reino
da natureza, como uma entidade-unidade que se expressa
através das inumeráveis e diversificadas formas de homem.
Cada um de nós, como indivíduos, participa da humanidade,
não obstante cada um viva sua própria vida, reaja às suas
28
) Cf. JÂMBLICO. Sobre los mistérios egípcios. Tradução: Enrique Ángel
Ramos Jurado. Madry: Editorial Gredos, 1997, pp. 197 e 207.
12
próprias impressões, responda às influências e impactos
externos, e, por sua vez, imane influências, envie radiações
temperamentais
e
expresse
alguma
qualidade
ou
qualidades, afetando assim, em certa medida, seu meioambiente e àqueles com quem entra em contato. Ampliandose essa ideia ao sistema solar, verifica-se que essa entidade
fenomênica é em si mesma parte integrante de uma vida
bem maior, a qual se expressa por meio de sete sistemas
solares, dos quais o nosso — a Via Láctea — é um. Dessa
forma, a vida, as influências, as radiações e emanações
dessa entidade macrocósmica e o efeito que produzem
sobre nossa vida planetária, em os reinos da natureza e nas
civilizações humanas em desenvolvimento é que constituem
o objeto final do nosso aprendizado29. Encerrando esse
resumo, destacamos que ele pode parecer inadequado à
nossa mente analítica, por expressar o objeto da ciência
antiga denominada por alguns estudiosos como Astrologia
Científica ou Astrologia Judiciária, porém está relacionado
aos mistérios egípcios arcaicos.
Com efeito: conforme a narração do conhecidíssimo
filósofo e historiador grego Plutarco, em sua não menos
famosa obra intitulada “De Ísis e Osíris”, no solstício de
Inverno os egípcios realizavam uma procissão e levavam
29
) Cf. BAILEY, Alice A. Astrologia esotérica pelo mestre tibetano Djwhal
Khul, p. 4. Disponível na Internet em: www.formarse.com.ar.
13
uma vaca, uma vaca sagrada, para dar sete voltas em torno
do templo do Sol, e denominavam o ritual de “Busca de
Osíris” — o qual se destinava à manifestação do desejo da
deusa por ver a água que o sol produzia e que não existia
em tempo de inverno30. Portanto, pelo nome atribuído a esse
ritual,
os
atuais
mestres
maçons
se
lembrarão,
provavelmente, da busca que realizaram à procura do
Mestre Hiram Abiff, que, a exemplo de Osíris no antigo Egito,
foi igualmente assassinado por forças das trevas31. Como
consequência, não terão dificuldade para concluir que a
festa do solstício de Inverno era, naquela época, também
concernente à procura da Palavra Perdida, que representa,
na franco-maçonaria — nada mais, nada menos —, que a
compreensão
daquilo
que
permanece
ininteligível
e
incompreensível aos profanos e aos iniciados imperfeitos.
É conveniente salientar que aquela declaração
aparentemente confusa de Plutarco, relativa ao desejo da
30
) Ploutarchou peri Isidos kai Osiridos: Plutarchi de Iside et Osiride liber,
p. 72 (disponível na Internet em: http://books.google.com.br); e De Isis y Osiris,
p. 41 (disponível na Internet em: http://pt.scribd.com).
31
) Consulte-se, nesse sentido, LAVAGNINI, Aldo. Manual del Maestro, p. 18-9.
Digitalizado por: Biblioteca Upasika. Disponível na Internet em:
www.liberdade7.com.br.
14
deusa Isis (pretensão de natureza claramente mística,
semelhante à nossa de encontrar a palavra perdida),
corresponde também a um fato real, narrado por Heródoto
— o historiador e geógrafo grego da antiguidade —, cuja
explicação ele também
proporcionou
à posteridade,
referente ao regime absolutamente diferenciado do Nilo
(comparativamente aos outros rios do planeta), uma vez que
começava a encher no solstício de Verão, retraía-se depois
de cem dias, e permanecia pouco volumoso, inclusive
durante o Inverno, até o novo solstício de Verão — situação
que se modificou, a nosso ver, com as construções das
represas de Assuã32.
Pois bem, retornando ao tema principal dos nossos
comentários — o que fazemos com uma preliminar
recomendação de leitura do livro de Joseph Paul Oswald
Wirt, o famoso ocultista suíço e escritor maçônico,
denominado “O Simbolismo Astrológico”33 —, repassaremos
agora os ensinamentos de Roso de Luna — o sábio
teosofista
espanhol
—
sobre
a
divisão
daquela
movimentação cósmica. Diz ele: “Mas a roda da Evolução, o
incessante Sopro Eterno que deste modo liberta todas suas
inteligentes energias empregadas na Manifestação, tem um
32
) Conforme dados obtidos da Internet, duas foram as barragens construídas
com objetivo de controlar as enchentes do rio Nilo: Assuã Baixa e Assuã Alta
(concluída em 1970).
33
) Disponível na Internet em: www.liberdade7.com.br.
15
‘ponto de inflexão em sua curva’, como diriam os
matemáticos; tornar-se o ponto a encarnar, ou seja, a
manifestar-se em um novo universo, como o Sol quando,
passado o solstício de inverno, começa desde aquele
mesmo instante a grande ascensão simbolizada no conceito
abstrato de ‘Primavera’, e dizemos ‘conceito abstrato’,
porque dentro da eterna lei de toda curva ascendente
‘primavera’ não é só, por assim dizer, a primavera do ano,
senão que podem determinar-se cem outras analógicas
‘primaveras’: a do dia (ascensão vital do meio-dia à meianoite); a da lunação (desde a lua nova até a lua cheia); a da
vida (desde o nascimento até a idade adulta)... Por isso os
deuses de todas as Teogonias, como pálidos reflexos que
são da Ciência-Religião Primitiva da Natureza, nascem
sempre no solstício de inverno, ou seja, começam desde o
ponto mais baixo de cada ciclo, grande, pequeno ou ínfimo,
sua obra de construção ou organização com os relativos e
respectivos theoi ou ‘deuses’ na interminável cadeia de suas
organizações, desde o protilo em íons e elétrons de diferente
disposição ou número, a teor da universal Alquimia, para
construir o átomo, e passando em seguida pela molécula
simples de água, etc., à complexa de ácidos, gases e sais,
à complexíssima das moléculas gigantes, como a das
albuminas, até chegar triunfalmente ao mundo ou cosmos
da célula petrográfica, vegetal ou animal, mundo ou
16
harmonia que, por sua vez, não é senão o elemento
primordial das organizações vivas do vegetal, do animal, do
homem ou do astro...”.
“Essa é” — continua ele —, “ao contrário da anterior, a
marcha de Shiva a Brahma; da desorganização à
organização; do Pralaya ao Manvántara; da Morte à Vida; do
Inverno ao Verão; do nascimento à virilidade; em uma
palavra: do Caos a Deus, ou, em termos também de filosofia
matemática da função eterna: C x T= K, em que, ao tomar T
valores infinitamente grandes, ele vai reduzindo o C (o Caos)
a valores infinitamente pequenos, até que, no limite, esse
último se reduza a zero, e a constante K do Cosmos se
identifique ou iguale com a Divindade ou Deus, ou seja, até
que essa chegue à apoteose de sua manifestação ou
Manvántara, como o Sol ao meio-dia, a lua em sua lua cheia,
a Vida em o verão, o Homem em sua virilidade, e tudo, tudo,
enfim, quando culmina... Esse é o momento supremo do
equilíbrio entre o crescimento universal do grande, pequeno
ou ínfimo; esse é Vichnú, o ‘Conservador de um dia’,
dominado no colo da serpente de Shecha, a eterna Serpente
dos Ciclos evolutivos de todo raio; a curva ou espiral sem
fim, o Grande Labirinto da Vida em que os números ou
unidades simples vão se integrando em unidades superiores
(dezena, centena, milhar...) sem limite conhecido! Por isso
Vichnú é Cosmos: a suprema harmonia daqueles dois
17
opostos evolutivos de Brahma e Shiva; por isso Vichnú
abstrato aparece na apoteose de todo o evolutivo ao
culminar em sua ascensão e iniciar sua descida, para novas
e intermináveis ascensões e descidas; por isso também
cuidaram de dizer Platão, David e Jesus, que ‘éramos
deuses, e o havíamos esquecido’! Deuses não somos só
nós, senão todos os seres, porque tudo quanto evoluciona
pelo Grande Alento é potencialmente divino, como eterna
Manifestação do sempre inesgotável e nunca plenamente
Manifestado!”34.
Nesse mesmo sentido, mas com a projeção dessas
ideias diretamente sobre o “padroeiro” da nossa sublime
instituição, colhem-se estes esclarecimentos do livro
“Cosmogonia
Maçônica:
símbolo,
rito,
iniciação”
—
publicado na Argentina, em 2007, sob o pseudônimo de
“sete mestres maçons”: “As duas festas mais importantes
que se celebram em nossa Ordem (e que por certo foram
celebradas por todos os povos), são as dos dois solstícios,
de verão e de inverno — eixo vertical da roda —, que
correspondem respectivamente ao sul e ao norte, ao meiodia e a meia-noite e aos signos zodiacais de Câncer e de
Capricórnio. Esses dois pontos do tempo eram chamados
) LUNA, Roso de. Simbología Arcaica: comentários a “La Doctrina Secreta”,
de H. P. Blavatsky, fundadora de la sociedad teosófica. Madry: Editorial Pueyo,
1921, p. 87-8.
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pelos gregos ‘porta dos homens’ e ‘porta dos deuses’, e a
tradição hindu os identificava como o pitr-loka e o devaloka, e estão relacionados com os dois perfis do Jano dos
romanos e com os dois Joãos (Batista e Evangelista) da
tradição cristã. Se diz que pela primeira das portas saem as
almas dos não iniciados que, depois da morte, haverão de
retornar a outro estado de manifestação; e pela segunda a
dos que, graças à morte e ao processo iniciáticos, hão
conhecido os estados múltiplos do ser e as diversas
dimensões do tempo e do espaço, conseguindo desse modo
realizar o retorno à Unidade, onde se recupera a
inamovibilidade da origem e se obtém a Grande Luz oculta
na não-manifestação. É esse o sentido esotérico de que
nossos trabalhos se realizam do meio-dia à meia-noite; pois
se é certo que para o profano a maior luz surge ao meio-dia
e em o solstício de Verão (o dia mais longo do ano), o
iniciado, pelo contrário, encontra a Grande Luz no solstício
de Inverno, pois em sua busca interna se há dirigido até o
conhecimento do Sol da Meia-noite. E também é esse o
sentido simbólico de que o Cristo nasça justamente a zero
hora e no solstício invernal de Capricórnio, e que a partir
desse nascimento o tempo comece a contar de novo”35.
35
) Cosmogonia masónica: símbolo, rito, iniciación. Buenos Aires: Editorial Kier,
2007, p. 173-4. Disponível na Internet em: www.books.google.com.br.
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Pois bem, essa transformação do “deus” romano de
duas faces opostas (Jano, ou Janus em latim), nos dois
“santos” da religião cristã, e sua posterior introdução na
Maçonaria como “patrono”, são aludidas pelos ilustres
escritores Jean Palou e Albert G. Mackey, respectivamente,
nas obras “O Simbolismo Maçônico” e “Simbolismo FrancoMaçônico”. O primeiro, aliás, vincula as festas daí
decorrentes aos artesões construtores da Idade Média36, e
o segundo, em tom de explicação — mas sem nada explicar
realmente com clareza — acrescenta: “Se supormos que o
círculo representa o curso aparente do sol, os paralelos
indicarão os limites Sul e Norte da declinação solar, quando
esse astro chega aos pontos solsticiais de Câncer e de
Capricórnio. Os dias em que o sol chega a esses pontos são
21 de junho e 22 de dezembro, os quais explicarão
facilmente que se hajam dedicado aos santos Joãos, cujos
aniversários a Igreja celebra nesses dias”37.
36
) PALOU. Jean. El simbolismo masónico: las logias de San Juan, p. 5.
Disponível na Internet em: www.pt.escribd.com.
37
) MACKEY, Albert Gallatin. El simbolismo francmasónico, p. 99-100.
Disponível na Internet em: www.liberdade7.com.br.
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De nossa parte — e apenas para registrar a opinião
deste famoso estudioso e escritor francês do Século XIX,
porquanto, a nosso ver, o culto à Divindade una, sob seu
tríplice aspecto, remonta à Era do Egito Arcaico —,
informamos que Emílio Burnouf, em sua obra “A Ciência das
Religiões”, após asseverar que aquele rito anual “constitui o
culto cristão por excelência”, e que está também distribuído
“de acordo com a marcha do sol e da luz” — coincidindo o
nascimento do Cristo com o solstício de Inverno e a festa do
precursor com o solstício de Verão —, destaca que “as
outras festas são distribuídas metodicamente nas outras
partes do ano, de acordo com uma ordem que deve ser
comparada com a de cerimônias védicas”. E mais: diz-nos
ser muito provável que o Natal e o São João hajam
coincidido primitivamente com os solstícios, e situa esse fato
— essa coincidência provável —, com base em cálculo
astronômico — considerando a precessão equinocial em
cinquenta segundos por ano —, em, aproximadamente,
7.000 (sete mil) anos38.
38
) BURNOUF, Émile. La Science des religions. Quatriéme édition revue et
complétée. Paris: Libraire Ch. Delagrave, 1885, p. 181-2; e idem, deuxiême
édition. Paris: Maisonneuve et Cie., M DCCC LXXII (1872), p. 284 (digitalizado
pelo Google. Disponível na Internet em: www.books.google.com.br).
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Nesse
ponto,
antes
de
fazermos
uma
última
observação sobre essa antiga tradição maçônica — e
aproveitando o espaço para enfatizar que a Maçonaria não
surgiu com a formalização moderna dos ritos, mas no
instante em que a Sabedoria Arcaica nos foi transmitida por
meio de símbolos e alegorias —, utilizamo-nos do glossário
teosófico de H. P. Blavatsky para dizer-lhes o seguinte: na
concepção dos egípcios, Hórus — cuja imagem, em forma
de menino recém-nascido, era retirada do santuário, no
solstício de Inverno, para ser exposta à multidão egípcia —
representava não só a abóbada celeste (oriunda da matriz
do mundo), mas também, cosmicamente, o Sol de inverno
(substância de seu pai, Osíris, de quem seria uma
encarnação e com ele se identificaria); a água era o primeiro
princípio das coisas — o fluído potencial contido no espaço
infinito; e a vaca era consagrada a Isis (a mãe universal, a
Natureza, a aurora da criação védica). E mais: os planos
espiritual, mental, psíquico e físico da existência humana
eram comparados — na Alquimia arcaica — aos quatro
elementos: fogo, ar, água e terra, sendo cada um deles
suscetível de uma tripla constituição: fixa, variável e volátil.
Pois bem, chegado o momento da conclusão destes
comentários, reservamo-lo para falar de uma possível
dúvida decorrente da adoção do solstício de Inverno (que
corresponde
ao período
de chuvas),
pelos
nossos
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ancestrais, como representação do denominado Fogo
Cósmico, em lugar do solstício de Verão (que corresponde
ao período de maior radiação solar39). Supomo-la existente,
porque, baseando-se no hierograma I.N.R.I., os mais
adiantados na Arte Real indagariam: não é o fogo que
renova a natureza inteira? Assim, para equacionamento e
solução dessa questão, utilizaremos — aceitando-a,
portanto, momentaneamente como a melhor — a lição de
Jean-Marie Ragon Bettignies — o eminente escritor
maçônico francês do Século XIX —, em seu “Curso
Filosófico das Iniciações”, quando ele assim se expressou:
“Pode parecer paradoxal que o emblema do fogo
corresponda ao inverno em lugar do verão. Se homens
vulgares houvessem escrito esses emblemas, teria
ocorrido que, enganados pelo testemunho de seus
sentidos, fariam que o fogo coincidisse com a época do
ano em que o sol aquece mais intensamente a terra e,
seguindo o mesmo raciocínio, teriam feito que a terra
fria e inerte correspondesse com o inverno.
Mas esses quadros engenhosos foram elaborados por
sábios que não esqueceram que não deviam pintar o
que viam, senão o que era realmente. Vejamos como
raciocinaram para chegar a semelhante conclusão.
A época do ano com que deve se relacionar o elemento
terrestre é aquela em que a terra é coberta em todos os
39
) Para aprofundamento da análise dessa matéria, sugerimos a leitura de
“Simbolos fundamentales de la Ciência Sagrada” (capítulo XXXV), de René
Guénon, disponível na Internet em: www.liberdade7.com.br.
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lugares de flores e vegetação, devolvendo ao homem
os tesouros que lhe foram confiados.
Portanto, a terra deve corresponder à primavera.
No verão parece que o ar puro brilha de modo
extraordinário; o ar, rarefeito pelo calor, é mais vivo. Por
isso o ar corresponde ao estio.
O outono é a estação das chuvas, e deve caracterizarse por meio da água.
Enfim, no inverno — nesta estação em que o calor se
concentra e em que, enquanto a geada atapeta a
superfície da terra, a Natureza prepara as maravilhas
da primavera e os frutos do outono — é quando atua
com maior energia o fogo central (o fogo elementar ou
da Natureza); então é quando ele opera, apesar de
estar oculto, suas mais deslumbrantes maravilhas:
ignis ubique latet; então é quando queima a Natureza,
e a fecunda e realiza no universo inteiro esse
movimento que volta a nos trazer o sol e os dias
bonitos: naturam amplectitur omnem. O fogo oculto e
sempre ativo é o que produz e conserva todas as
coisas: cuncta parit, cuncta que alit. O fogo, alma da
Natureza cujas formas renova perpetuamente, é que
divide os elementos dos corpos ou reúne suas
moléculas dispersas: cuncta renovat, cuncta que dividit.
Esse elemento é o que, uma vez que há sido o princípio
de todos os seres, converte-se em causa ativa de sua
destruição e de sua agregação a outros mistos: cuncta
urit.
Os antigos acreditaram que esse elemento era tão ativo
que supuseram, primeiro, que era o primeiro agente da
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Natureza, depois afirmaram que era o emblema da
Divindade e, por último, que era própria Divindade”40.
Em sendo essas as observações que pretendíamos
realizar sobre o solstício de Inverno — e recordando aos
interessados a existência de um interessante trabalho sobre
os Hemisférios Norte e Sul à luz do Feng Shui (“Fan Shuêi”)
chinês41 —, declaramos o cumprimento da nossa tarefa,
agradecemos fraternalmente a atenção dispensada e
afirmarmos que os comentários apresentados, mesmo que
nada de novo lhes tenham proporcionado, foram compilados
com o propósito inverso.
Ayña (33º).
40
) RAGON, Jean Marie. Curso Filosófico de las iniciaciones antiguas y
modernas, p. 180-1. Tradução: Salvador Valera. Disponível na Internet em:
www.liberdade7.com.br.
41
) Disponível na Internet em: www.fengshui.com.br.
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