A ENGENHARIA GENÉTICA SOB A PERSPECTIVA DE CINCO

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A ENGENHARIA GENÉTICA
DIFERENTES ÁREAS
SOB
A
PERSPECTIVA
DE
CINCO
Bárbara Andres1
Leonardo Rodrigues Piovesan2
Elisabeta Albertina Nietsche3
O presente estudo trata-se de um relato de experiência baseado na realização
do trabalho “Aspectos Éticos e Legais Relacionados à Biologia, Genética e
Engenharia genética – Genoma Humano” da Disciplina Exercício de
Enfermagem do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Santa
Maria. Este trabalho foi desenvolvido em dois momentos, ou seja,
primeiramente realizou-se um estudo teórico sobre a temática e depois de
identificado na prática (entrevista) o conhecimento das pessoas em relação ao
tema. Procurou-se evidenciar suas diferentes concepções e conseqüentemente
relacionar com o Referencial Teórico. Um dos objetivos, enfoque principal
deste relato, foi identificar as concepções sobre este assunto polêmico e
complexo, ou seja, as novas tecnologias relacionadas ao avanço da
engenharia genética e, com isso, conhecer as relações de trabalho entre as
diferentes áreas de atuação profissional dos entrevistados. Também foi
analisado o grau de conhecimento a respeito do assunto, e se há entre a
comunidade,
representada
pelos
diferentes
voluntários
entrevistados,
conhecimento e quais seus posicionamentos sobre esta temática. Foram
convidadas cinco pessoas de ocupações, posições sociais e culturais
diferentes, ou seja, um teólogo e padre, uma professora de histologia e
geneticista, uma bióloga, um filósofo e uma estudante de fisioterapia, que
respondessem voluntariamente aos questionamentos. Para a realização das
entrevistas foi desenvolvido um instrumento com perguntas abertas. Após as
pessoas
entrevistadas
concordarem
e
preencherem
o
Termo
de
Consentimento Livre e Esclarecido foram realizados os questionamentos
1
Autora/Relatora, acadêmica do 6º semestre do Curso de Enfermagem da UFSM. e- mail:
[email protected]
2
Autor, acadêmico do 6º semestre do Curso de Enfermagem da UFSM.
3
Profª. Drª. Enfª, orientadora do trabalho da Disciplina de Exercício de Enfermagem do Curso da UFSM
e Coordenadora do GEPES/CNPq.
centrados nas seguintes abordagens. A concepção dos entrevistados sobre o
que é Projeto Genoma Humano (PHG)? Quais os benefícios, conseqüências e
aspectos éticos que podem suscitar com o PGH para a sociedade? O Brasil
teria condições de fiscalizar projetos relacionados ao Genoma Humano? O que
são células tronco? Os entrevistados consideram essa descoberta a solução de
muitas doenças? Com o avanço da Engenharia Genética, a privacidade e a
dignidade são questões importantes e que são levantadas. Como impedir que
esses dados armazenados nos bancos sejam usados inadequadamente? Se
fossem propensos a ter uma doença genética (incurável), gostariam de ser
informado sobre um diagnóstico que talvez jamais se manifestasse? Se
pudessem escolher o sexo e as demais características (fenótipo) de seu filho,
você o faria? Por quê? Consideram pertinente discutir a prevenção do
nascimento de crianças com doenças genéticas degenerativas?
Se
soubessem o gene que determina o acúmulo de gordura no corpo, a
inteligência, a opção sexual e até o temperamento de uma pessoa, vocês
usariam disso para se "aperfeiçoar" enquanto ser humano? Com base nisso, o
projeto genoma tornasse-ia mais positivo ou negativo? E então, quem julga ou
deveria julgar quais são os limites do PHG?
O instrumento foi aplicado pelos autores verbalmente, de forma que pudessem
transcrever e conferir, no momento da entrevista, as respostas dos
entrevistados e em seguida realizado um breve comparativo das mesmas e
também uma reflexão foram desenvolvidos, chegando-se às seguintes
conclusões. Analisando as respostas dadas pela acadêmica de fisioterapia,
percebeu-se que o conhecimento a cerca do tema é limitado. Apesar de não
possuir uma visão crítica, ela mostra um posicionamento favorável em relação
a essas questões, sem levantar hipotéticos aspectos negativos. Notou-se que,
pelas suas repostas, o acadêmico de filosofia é a favor da vida e de tudo o
que a beneficia, considerando o respeito e a dignidade ao ser humano. Assim,
ele aborda uma preocupação com as conseqüências dessas descobertas para
a humanidade. Suas colocações vão ao encontro do que escreve Pessini e
Barchifontaine (2005), sem previsão não há moralidade, devemos pensar nos
efeitos que nossas ações e decisões irão exercer em toda humanidade. Para
os mesmos autores, devemos ter a responsabilidade de não usar a
biotecnologia com a finalidade de afetar negativamente o futuro da espécie
como tal, a curto ou em longo prazo, temos a responsabilidade de preservar a
unidade e a integridade da espécie humana. Pelo exposto, o estudante está
certo ao falar que não se sabe as reais conseqüências das descobertas, e
como comenta os autores citados: “é irresponsável a tendência arrogante de
prosseguir na biotecnologia sem levar em conta todas as possíveis
conseqüências em relação ao futuro” (Pessini e Barchifontaine, 2005 p.272). A
bióloga demonstrou-se consciente quanto ao conceito do Projeto Genoma
Humano (PGH), bem como os seus benefícios. Demonstrou-se favorável ao
mesmo, assim como ao estudo das células tronco, enfatizando que, se usados
adequadamente, serão ferramentas para o combate de muitas doenças e
consequentemente para a melhora na qualidade de vida. Evidenciou as
vantagens que este projeto poderá trazer e, ao mesmo tempo, apontou alguns
problemas que poderão emergir com o avanço dessas pesquisas, que vem de
encontro com o que foi citado no transcorrer do trabalho. Com relação ao
estudo das células-tronco a entrevistada também demonstrou conhecimento e
se mostrou favorável às pesquisas e desenvolvimento de estudos referentes às
mesmas. Demonstrou também que sempre é válida a pesquisa e os
progressos tecnológicos, desde que utilizado para fins terapêuticos e
preventivos. Observando as respostas dadas pela geneticista, foi observado
um alto nível de conhecimento científico, obviamente por se tratar de uma
profissional da área. Mas além de seus saberes, a voluntária expressou forte
posicionamento crítico em relação ao assunto. Por conhecer tanto os lados
positivos quanto negativos, ficou evidente a preocupação quanto ao uso de
avanços tecnológicos, e a idéia racional a respeito de considerações polêmicas
e, por vezes, antiéticas. Pelas respostas do religioso observou-se um
empenho muito grande na defesa e respeito pela vida e pela dignidade da
pessoa humana. Ficou também evidente que para ele, os pesquisados
deveriam agir como menciona Rachels (2004), de forma a tratar a humanidade
sempre como um fim e nunca apenas como um meio. Para concluir a reflexão
dos dados obtidos nas entrevistas, podemos notar um amplo espectro de
opiniões, por vezes, divergentes. Associa-se esse fato aos diferentes focos de
formação dos voluntários que responderam aos questionamentos e, somandose a isso, à falta de informação com mais detalhe e aprofundamento a respeito
do assunto abordado. Cabe destacar, que a Engenharia genética é uma área
em constante crescimento e evolução, e de suma importância para toda
população. Conseqüentemente, deve haver, por parte da comunidade
científica, dos responsáveis por meios de comunicação, a responsabilidade de
informar profissionais da área e leigos a respeito dos prós e contras de tal
avanço na ciência. Cabe também a todos, procurar aumentar o conhecimento a
cerca do tema, com o intuito de formar uma consciência crítica e que
futuramente, possam tomar decisões importantes ligadas à engenharia
genética.
Palavras chave: Projeto Genoma Humano, Células Tronco, Engenharia
Genética
Área Temática: Relações de trabalho: ética e subjetividade
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PESSINI, L.; BARCHIFONTAINE, C. P. Problemas atuais de bioética. São
Paulo:. Centro Universitário São Camilo/Loyola, 2005.
RACHELS, J. Elementos de filosofia moral. Portugal: GRADIVA, 2004.
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