1 zoneamento das características do quadro natural e uso

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1
II Seminário Internacional sobre Desenvolvimento Regional
Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional
Mestrado e Doutorado
Santa Cruz do Sul, RS – Brasil - 28 setembro a 01 de outubro.
ZONEAMENTO DAS CARACTERÍSTICAS DO QUADRO NATURAL E USO DO
SOLO, APLICADO AO PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL
DO “LESTE MINEIRO”
Gilmar Vitalino Dias1
Luiz Cláudio Ribeiro Rodrigues
Engenheiro Geólogo e de Minas, Mestre em Geologia,
Ph.D. em Ciências Naturais, Professor Titular do Centro
Universitário de Caratinga (UNEC/MG) ([email protected])
Jackson Cleiton Ferreira Campos
Geógrafo, Mestre em Solos e Nutrição de Plantas,
Professor Titular do Centro Universitário de Caratinga
(UNEC/MG) ([email protected])
ABSTRACT
The present study was carried out in the scope of the M.Sc.-Environmental and
Sustenability Program (PPGMAS), of the Caratinga University (UNEC/MG). Considering the
region as the spacial result of the natural, social and economic processes, the objectives of work
was the delimitation and the geographic characterization of the "Region of the Leste Mineiro",
defined as the territorial base for the research development of the PPGMAS/UNEC/MG, which
are oriented to scientific and technological production of knowledge, that provides the economic
and environmental sustenability of the area.Starting with the cartographic data and the study of
the attributes and properties of the natural components, the perimeter of the Leste Mineiro was
defined, understanding that the natural picture kept and still keep, strong influence on the use and
occupation of the ground and social and environmental problems of the "Leste Mineiro". The
research was based on the survey of secondary sources of statistical data, information of social
and economic data base and published papers about the region.The characterization of the region
was carried out through the crossing of physical variables with social and economic ones,
including the different uses and ambient occupations of the ground and its implications. From the
integration of the data a preliminary zoning in homogeneous sub-regions was possible. This
1
Licenciado em Geografia, Especialista em Ciências do Ambiente, Professor do UnilesteMG,
Mestrando em Meio Ambiente e Sustentabilidade da UNEC/MG, Caratinga- MG
([email protected])
2
zoning will be improved with the research development. The identification of the homogeneous
sub-regions and its respective social and environmental conditions, are used as indicators of
scientific interventions, economic politics and, as well as for the elaboration of programs, plans,
specific projects, that can provide actions to solve and/or to improve the recognized potentialities
of the Leste Mineiro
RESUMO
O presente estudo foi realizado no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Meio
Ambiente e Sustentabilidade (PPGMAS), curso de Mestrado Profissionalizante do Centro
Universitário de Caratinga (UNEC/MG). Considerando a região como a espacialidade diferencial
dos processos naturais e socioeconômicos, o trabalho teve por fim a delimitação e a
caracterização geográfica da “Região do Leste Mineiro”, definida como a base territorial para o
desenvolvimento de dissertações do (PPGMAS), voltadas e orientadas para a produção de
conhecimento científico e tecnológico, que proporcionem a sustentabilidade econômica e
ambiental da área. Tendo como ponto de partida o levantamento da base cartográfica e o estudo
dos atributos e propriedades dos componentes naturais, foi definido o perímetro do Leste
Mineiro, entendendo-se que o quadro natural manteve historicamente, e ainda mantém, forte
influência sobre o uso e ocupação do solo e problemas sócio-ambientais do “Leste Mineiro”. A
pesquisa se baseou no levantamento de fontes secundárias de dados estatísticos, além de
informações de base social e econômica consideradas em estudo ou artigos orientados para a
região em análise. A caracterização da região foi realizada através do cruzamento de variáveis do
meio físico com as de caráter sócio-econômico, a destacar os diferentes usos e ocupações do solo
e suas implicações ambientais. A partir da integração dos dados foi possível um zoneamento
preliminar em sub-regiões homogêneas, que irá se conformar com o avanço das pesquisas do
(PPGMAS). A identificação das sub-regiões homogêneas e suas respectivas condições sócioambientais, passaram a se constituir referenciais para indicação de intervenções de ordem
científica, política e econômica, bem como para a elaboração de programas, planos, projetos
específicos, que possam direcionar ações mitigadoras para os problemas identificados e/ou
dinamizar as potencialidades reconhecidas do Leste Mineiro.
3
1 Introdução.
O presente estudo integra-se em um esforço que o Programa de Pós-Graduação em Meio
Ambiente e Sustentabilidade (PPGMAS), Curso de Mestrado Profissionalizante do Centro
Universitário de Caratinga (UNEC/MG), vem empreendendo no sentido de fomentar pesquisas
para produção de conhecimento científico específico e tecnologias, orientadas para a
sustentabilidade socioeconômica e ambiental, de um espaço territorial a ser vinculado como
região de atuação prioritária de investigação científica, do curso de mestrado ora citado.
O trabalho insere-se dentro da linha de pesquisa de Gestão Ambiental, cujo
desenvolvimento e aplicação na região reveste-se de fundamental importância, para que se tenha
uma compreensão do processo de apropriação e da realidade sócio-ambiental, de um
macrocompartimento, que posiciona-se geograficamente no “Leste Mineiro”.
A pesquisa, além de orientar-se para a delimitação e identificação das diferentes realidades
sócio-ambientais deste espaço (sub-regiões “homogêneas”), estará buscando indicar diretrizes que
poderão se traduzir na definição de políticas e subsídios para a elaboração de programas, ou
projetos específicos voltados para a mitigação dos problemas identificados e/ou dinamizar as
potencialidades reconhecidas.
Portanto, o desenvolvimento deste projeto se voltará para a identificação dos entraves deste
espaço, tanto no âmbito socioeconômico e ambiental, tal qual se propõe o (PPGMAS);
possibilitando a composição de um banco de dados sobre a mesma, base fundamental para futuras
pesquisas, que se constituirão em capital cognitivo.
No entanto, o espaço regional de atuação científica do programa de mestrado não possui um
perímetro geográfico de referência e, conseqüentemente, se encontra carente de um estudo, sobre
o conjunto de suas condições naturais, sócio-econômicas e ambientais que evidencie suas
“identidades” características como também as suas principais fragilidades e potencialidades.
Diante da proposta de zoneamento do quadro sócio-ambiental da região de atuação
científica do Mestrado Profissionalizante de Caratinga (UNEC/MG), busca-se alcançar os
seguintes objetivos: propor e identificar o perímetro da região de abrangência prioritária das
investigações a serem desenvolvidas pelo (PPGMAS), do “Leste Mineiro”; caracterizar o quadro
natural e uso do solo da região de estudo; identificar e caracterizar espacialmente os aspectos
4
sócio-econômicos e ambientais dos municípios da região de estudo, considerando as variáveis
estabelecidas neste trabalho; identificar as sub-regiões “homogêneas” com seus atributos sócioambientais (principais fragilidades e potencialidades ambientais), que irão nortear futuras
investigações aplicadas aos contextos analisados, tanto quanto orientar possíveis intervenções
político-econômicas de responsabilidade privada ou governamental.
A realização deste estudo possibilitará ações estratégicas, definidas pelo (PPGMAS), do
curso de Mestrado Profissionalizante de Caratinga (UNEC/MG), a partir do momento em que os
resultados a serem obtidos serão balizados pela análise do espaço regional de abrangência
prioritária das investigações científicas a serem empreendidas pelo mestrado ora citado.
A pesquisa deste trabalho, se baseou no levantamento de dados estatísticos de fontes
secundárias produzidos pelo: IBGE, Censo agropecuário e Censo demográfico, Fundação João
Pinheiro, BDMG, IGA, CETEC, etc; além de informações relativas ao quadro natural, histórico,
socioeconômico, uso do solo e tecnologia nas atividades agropecuárias, encontradas em
diferentes publicações, e pelos levantamentos cartográficos disponíveis.
O levantamento de dados secundários de fontes oficialmente reconhecidas, referentes à
produção agropecuária, uso do solo e setores da economia, serão fundamentais para a
compreensão da dinâmica sócio-ambiental da região em estudo. Os dados deverão ser por
município, possibilitando portanto o zoneamento sócio-ambiental da região em um mosaico de
municípios (sub-regiões) com suas respectivas fragilidades e potencialidades ambientais.
Definição das variáveis:
• Posição dos municípios da região de estudo, no PIB total e por setor da economia no
ranking do Estado de Minas Gerais. (FJP/ IBGE, 2000).
• Principais setores da economia, densidade demográfica e grau de urbanização por
município da região de estudo. (Censo Demográfico- IBGE, 2000).
• Taxa de crescimento da população total dos municípios da região de estudo, entre
1991/2000. (IBGE, 2000).
• Taxas de crescimento populacional dos municípios da região de estudo; da área urbana,
rural e total, nos períodos: 1980/1991 e 1991/2000 e 1996 a 2000. (FJP/IBGE, 2000).
5
• Estrutura fundiária dos municípios da região de estudo. (Censo Agropecuário – IBGE,
1995/96).
• Principais tipologias de uso da terra, em percentual e área absoluta por hectares, dos
municípios da região de estudo. (Censo Agropecuário – IBGE, 1995/96).
• Estabelecimentos rurais por grupo da atividade econômica, dos municípios da região de
estudo. (Censo Agropecuário – IBGE, 1995/96).
• Remanescentes de Mata Atlântica dos municípios da região de estudo. (SOS Mata
Atlântica, 2000).
• Mecanização do meio rural nos municípios da região de estudo: tratores, arados de
tração mecânica e animal e, máquinas para plantio e colheita. (Censo Agropecuário –
IBGE, 1995/96).
Portanto a descrição, espacialização e análise do quadro natural, histórico, uso do solo,
aspectos ambientais, dinâmica econômica dos municípios da área de estudo, com ênfase no setor
agropecuário, foi estruturada utilizando-se de material bibliográfico, cartográfico e da
interpretação de dados secundários das variáveis descritas acima. Se constituirão nas etapas
conclusivas deste trabalho – análise e zoneamento das condições sócio-ambientais dos municípios
da região de estudo.
O espaço geográfico de investigação deste trabalho, que se compreende geograficamente
como “Leste Mineiro”, apresenta características que demandam atenção científica e política. Com
elevados níveis de ocupação humana, com municípios em geral de pequena extensão territorial,
sendo esta característica reforçada pelo processo de emancipação municipal ocorrido na última
década (1990), onde grande parte das sedes municipais, apesar de apresentarem baixo contingente
populacional, estão muito próximas umas das outras, que juntamente com a população rural que
apresenta uma das maiores densidades demográficas do país, acabam por determinar uma grande
pressão sobre os recursos naturais. (ALVARES, 1996 & Guerra, 2001).
O Leste Mineiro está formado por um conjunto de municípios, que com algumas exceções,
tem sua economia fortemente ligada ao meio rural. Sendo óbvia a necessidade de um plano
estratégico de desenvolvimento sustentável, que contenha diretrizes, objetivos e metas que
6
favoreçam sinergias entre a agricultura e os setores terciário e secundário das economias locais.
(VEIGA, 2002).
No Leste Mineiro prevalece uma atividade agrícola tradicional, com áreas muito
acidentadas, de difícil mecanização, com solos em geral de baixa fertilidade, onde os nutrientes
disponíveis foram levados pela erosão e colheitas, resultado de uma ocupação histórica
predatória, onde o desmatamento indiscriminado, a falta de planejamento do uso do solo e a não
utilização de práticas conservacionistas representa
os principais fatores de degradação.
(ALVARES, 1996 & PAULA, 1997).
Aparecendo com grande destaque no Leste Mineiro, na Mesorregião do Rio Doce, a
microrregião de Ipatinga é a que mais influencia o PIB de serviços, com contribuição de 41,9%.
Compondo o 2º parque industrial do Estado, a microrregião de Ipatinga ocupa a 4ª posição no
ranking estadual do PIB de serviços (2,6%). A par dessas considerações e abrigando a 5ª maior
população do Estado, a microrregião de Ipatinga conta com comércio dinâmico e serviços de
transportes bem desenvolvidos. (BDMG, 2002)
2 Delimitação da região de estudo.
A delimitação da região de estudo possui importância “secundária”, em função dos
seguintes fatores: (a) A delimitação da região de estudo foi um dos objetivos, eminentemente
preliminar à realização deste trabalho, ou seja, se constituiu em um ponto de partida para se
efetivar os estudos. (b) O limite territorial estudado abrange 187 municípios. (c) Algumas
situações arbitrárias, quanto ao limite estabelecido foram adotadas devido à necessidade da
realização de um corte territorial compatível com o período disponível para desenvolvimento do
presente estudo. (d) A delimitação da região de estudo, não será um fator restritivo ao
desenvolvimento de futuras pesquisas no entorno de seus limites, já que a transição para domínios
lindeiros se faz de formas difusas.
A figura 1 mostra o organograma geral, definindo os principais procedimentos utilizados
no desenvolvimento deste trabalho. A figura 2 mostra o mapa da região de estudo, definindo um
compartimento geográfico com 187 municípios, localizados no leste de Minas Gerais, seguida de
uma tabela com o nome dos 187 municípios. A tabela 1 mostra a área estudada por microrregiões
e os municípios que a compõem.
7
Foram traçados e justificados os limites municipais nas extremidades Norte, Oeste, Sul e
Leste, de acordo com fatores naturais e político-administrativos (IGA, 2001). Eventualmente
haverá a superposição de dois ou mais fatores, determinando limites à área de estudo.
Entre os fatores de ordem natural e político-administrativos se destacam: o interflúvio das
bacias do Rio Doce e São Mateus; contatos geológicos com o embasamento cristalino da
Província Mantiqueira (ALMEIDA et al. 1977 & SCHOBBENHAUS, 1984) – domínio dos
granitos e gnaisses; contatos geomorfológicos com o Domínio dos “Mares de Morros”; domínio
da Floresta Estacional Semidecidual; domínio Climático Tropical Semi-úmido; limite
interestadual entre Minas Gerais e Espírito Santo.
8
FIGURA 1 - ORGANOGRAMA - METODOLOGIA/ ETAPAS DE TRABALHO.
LEVANTAMENTO E
ANÁLISE DE
MAPAS TOPOGRÁFICOS POLÍTICOADMINISTRATIVOS E TEMÁTICOS:
GEOLÓGICO,
GEOMORFOLÓGICO,
SOLOS, VEGETAÇÃO, CLIMA, ETC.
MATERIAL:
BIBLIOGRÁFICO,
SISTEMÁTICA
DE
INVESTIGAÇÃO.
DELIMITAÇÃO,
IDENTIFICAÇÃO E
JUSTIFICATIVA
DOS LIMITES DA
ÁREA DE
ESTUDO.
CARACTERIZAÇÃO DO QUADRO
NATURAL DA
ÁREA DE
ESTUDO.
BIBLIOGRAFIA
SOBRE
OS
ASPECTOS
NATURAIS
DO
ESPAÇO
REGIONAL
EM
ESTUDO.
FONTES ESTATÍSTICAS:
CENSOS AGROPECUÁRIO E
DEMOGRÁFICO - IBGE, FJP,
BDMG, IGA, CETEC,
DATASUS, EMBRAPA E
PNUD/IPEA/FJP.
DEFINIÇÃO DAS
VARIÁVEIS PARA
ANÁLISE DA DINÂMICA
SÓCIO-AMBIENTAL DOS
MUNICÍPIOS DA ÁREA
DE ESTUDO.
INTERPRETAÇÃO
DE IMAGENS DE
SATÉLITE PARA
RECONHECIMENTO
DAS
CARACTERÍSTICAS NATURAIS DA
ÁREA DE ESTUDO.
BIBLIOGRAFIA SOBRE A
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
DO ESPAÇO REGIONAL
EM
ESTUDO,
E
A
CARACTERIZAÇÃO DO
CONTEXTO ATUAL.
CARACTERIZAÇÃO HISTÓRICA
DO USO E
OCUPAÇÃO DO
SOLO DA ÁREA
DE ESTUDO.
DEFINIÇÃO
DAS
CARACTERIZAÇÃO, ANÁLISE E ESPACIALIZAÇÃO DAS
CONDIÇÕES SÓCIO-AMBIENTAIS DOS MUNICÍPIOS DA ÁREA
DE ESTUDO.
CARACTERIZAÇÃO, ANÁLISE E ESPACIALIZAÇÃO
DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO DA ÁREA DE
ESTUDO.
LINHAS
DE ANÁLISE
E
INTER-
TRABALHO DE CAMPO PARA CONSOLIDAÇÃO DOS DADOS PRELIMINARES.
RELAÇÕES.
ANALISAR
A
DINÂMICA
SÓCIOAMBIENTAL DA ÁREA
DE ESTUDO, COM O
OBJETIVO
DE
DELIMITAÇÃO
DAS
ZONAS
“HOMOGÊNEAS”
DEFINIDAS A PARTIR
DE CRITÉRIOS
PRÉ
ESTABELECIDOS.
IDENTIFICAÇÃO DE ZONAS SÓCIO-AMBIENTAIS “HOMOGÊNEAS” NA ÁREA DE ESTUDO.
OBJETIVO
FINAL.
IDENTIFICAR FRAGILIDADES E POTENCIALIDADES ESPECÍFICAS PERTINENTES ÀS SUB-REGIÕES “HOMOGÊNEAS”
DELIMITADAS, NORTEANDO FUTURAS INVESTIGAÇÕES APLICADAS AOS CONTEXTOS ANALISADOS, TANTO QUANTO,
ORIENTAR INTERVENÇÕES POLÍTICO-ECONÔMICAS DE RESPONSABILIDADE PRIVADA OU GOVERNAMENTAL.
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FIGURA 2 -
10
TABELA 1 - Área de Estudo, por Microrregiões, Municípios e Bacia Hidrográfica de Norte
para Sul.
Microrregiões
1-Teófilo Otoni
(Parcial).
MUNICÍPIOS- (BACIA HIDROGRÁFICA)
. 1- Malacacheta. – 2 Franciscopólis (Rio Doce). 3- Frei Gaspar. 4- Ouro
Verde de Minas. 5- Ataléia ( Bacia São Mateus). (5 municípios).
6-Água Boa. 7- São Sebastião do Maranhão. 8- santa Maria do Suaçuí.
2-Peçanha. (Total).
9-Frei Lagonegro. 10- São José do Jacuri. 11- José Raydam. 12- São
Pedro do Suaçuí. 13- Peçanha. 14- Cantagalo. (B. Rio Doce).
15- Itambacuri. 16- Campanário. 17- São José da Safira (Bacia do Rio
Doce). 18 Pescador. 19 – São José do Divino. 20- Nova Módica ( Bacia
São Mateus). 21- Jampruca. 22- Virgolândia. 23- Frei Inocêncio. 243- Gov.Valadares
Nacif Raydan. 25- Marilac. 26 -Coroaci. 27 -Matias Lobato. 28- Divino
(Total).
Larangeiras. 29- Gov. Valadares. 30- Galiléia. 31- São Geraldo do
Baixo. 32—São Geraldo da Piedade. 33- Tumiritinha. 34- Alpercata.
35- Capitão Andrade. 36- Engenheiro Caldas. 37- Itanhomi. 38
Fernandes Tourinho. 39- Sobrália (Bacia do Rio Doce).
40- Coluna. 41- São João Evangelista. 42- Paulistas. 43- Materlândia.
44- Sabinopólis. 45- Guanhães. 46- Virginópolis. 47- Divinolândia de
4-Guanhães. (Total). Minas. 48- Sardoá. 49- Gonzaga. 50- Santa Efigênia de Minas. 51Senhora do Porto. 52- Braúnas. 53- Dores de Guanhães. 54- Carmésia.
(Bacia do Rio Doce).
55- Rio Vermelho. 56- Serra Azul de Minas. 57- Santo Antônio do
5-Conceição do Mato Itambé. 58- Serro. 59- Alvorada de Minas. 60- Conceição do Mato
Dentro. (Exceção de Dentro. 61- Dom Joaquim . 62- Morro do Pilar. 63- Stº Antônio do Rio
Congonhas do Norte). Abaixo. 64- São Sebastião do Rio Preto. 65-Passabém. 66- Itambé do
Mato Dentro. ( Bacia do Rio Doce).
6-Mantena. (Total).
7-Aimorés. (Total).
8- Ipatinga. (Total).
67- Nova Belém. 68- Itabirinha. 69- Mendes Pimentel. 70- São Félix de
Minas. 71- Matena. 72- São João do Manteninha. 73- Central de Minas.
( Bacia do Rio São Mateus).
74- Conselheiro Pena. 75- Cuparaque. 76- Goiabeira. 77 Resplendor.
78- Itueta. 79- Santa Rita do Itueto. 80- Alvarenga. 81- Aimorés. 82Pocrane. 83- Ipanema. 84- Taparuba, 85- Mutun. 86- Conceição de
Ipanema. ( Bacia do Rio Doce).
87- Açucena. 88-Periquito. 89- Naque. 90- Joanésia. 91- Mesquita.
92- Belo Oriente. 93 –Santana do Paraíso. 94- Ipatinga. 95- Cel.
Fabriciano. 96- Antônio Dias. 97- Timóteo. 98- Jaguaraçu. 99Marliéria. ( Bacia do Rio Doce).
9-Itabira. (Exceção de
100- Ferros. 101- Santa Maria de Itabira. 102- Itabira. 103- Nova Era.
Taquaraçu de Minas e
104- Bom Jesus do Amparo. 105 – São Gonçalo do Rio Abaixo. 106Nova União).
João Monlevade. 107- Bela Vista de Minas. 108- Barão de Cocais. 109-
11
Rio Piracicaba. 110- São Domingos do Prata. 111- Dionísio. 112- São
José do Goiabal. 113- Santa Bárbara. 114- Catas Altas. 115Alvinóplois .( Bacia do Rio Doce).
116- Tarumuirm. 117- Iapu. 118- São João do Oriente. 119- Bugre.
120- Dom cavati. 121- Inhapim. 122- São Sebastião do Anta. 123- São
Domingos das Dores. 124- Caratinga. 125- Imbé de Minas. 126Vargem Alegre. 127- Bom Jesus do Galho. 128- Entre Folhas. 12910- Caratinga. (Total).
Ubaporanga, 130-Piedade de Caratinga 131- Pingo d’água. 132Córrego Novo. 133- Santa Rita de Minas. 134- Santa Bárbara do Leste.
135- Ipaba. (Bacia do rio Doce).
11-Ouro
Preto. 136- Mariana. 137- Diogo Vasconcelos. (Bacia do Rio Doce).
(Exceção Ouro Preto e
Itabirito).
12-Ponte
(Total).
Nova.
13Manhuaçu.
(Exceção
Alto
Caparaó e Caparaó).
14- Viçosa. (PaRcial).
138- Raul Soares. 139- Vermelho Novo. 140- São Pedro dos Ferros.
141- Rio Casca. 142- Sem Peixe. 143- Dom Silvério. 144- Santa Cruz
do Escalvado. 145- Rio Doce. 146- Piedade de Ponte Nova. 147- Barra
Longa. 148- Urucânia. 149- Stº Antônio do Grama. 150-Ponte Nova.
151 Jequeri. 152- Acaica. 153- Sericita. 154- Oratórios. 155Guaraciaba. ( Bacia do Rio Doce).
156- Simonésia. 157- Santana do Manhuaçu, 158- Chalé. 159- São José
do Mantimento. 160- Durandé. 161- Lajinha, 162- Manhuaçu. 163Caputira. 164- Abre Campo. 165- Reduto. 166- Martins Soares. 167Matipó. 168- Manhumirim. 169- São João do Manhuaçu. 170- Santa
Margarida. 171- Pedra Bonita. 172- Alto Jequitibá. 173- Luisburgo.
(Bacia do Rio Doce).
174- Amparo da Serra. 175- Piranga.- 176- Pedra do Anta. 177Teixeiras. 178- Porto Firme. 179- Araponga. 180- Canaã. 181- São
Miguel do Anta. 182- Viçosa. 183- Presidente Bernardes. 184- Paula
Cândido. 185- Cajuri. 186- Ervália. 187- Coimbra. (Bacia do Rio Doce)
Fonte: Mapa do Estado de Minas Gerais – Mesorregiões e Microrregiões, 2002. IGA, Esc.=
1:1.500.000.
12
Limites municipais no extremo norte / noroeste da região de estudo:
O conjunto de municípios que marca o limite norte e noroeste da área de estudo encontra-se
na área de transição entre o “embasamento cristalino” (Complexo Gnáissico-Migmatítico), e as
litologias dos Supegrupos Rio das Velhas e Minas, no Quadrilátero Ferrífero, e do Supergrupo
Espinhaço, na mesma região serrana, que recebe o nome de Serra do Espinhaço
(SCHOBBENHAUS, 1984.), além das rochas do Grupo Macaúbas. Este contato geológico tão
diferenciado marca transição geomorfopedológica e fitogeográfica dos Mares de Morros e da
Floresta Estacional Semidecidual, com o domínio do Cerrado nos planaltos e chapadas da bacia
do rio Jequitinhonha; assim como, o interflúvio entre a bacia do Rio Doce com as bacias do Rio
Jequitinhonha e Mucuri.
A porção nordeste da região se encontra no alto curso da bacia do Rio São Mateus, tendo
seu limite definido pelo interflúvio com a bacia do rio Mucuri; no entanto, este limite da porção
nordeste (municípios de Frei Gaspar, Ouro Verde de Minas e Ataléia) da região de estudo foi
definido arbitrariamente, devido à continuidade do quadro natural desta porção geográfica com o
restante da região.
Estudos iniciais revelaram que apesar da continuidade de semelhança geomorfopedológica
desta porção com o restante da área de estudo, este perímetro apresenta evidências de transição
climáticas e fitogeográficas provavelmente condicionadas pelo efeito orográfico de um conjunto
de serras localizadas entre o interflúvio das bacias dos rios Doce, Mucuri e São Mateus. A
presença da Floresta Ombrófila Aberta condicionada por climas mais úmidos confere à área uma
dinâmica ambiental que a diferencia da região de estudo. (RADAMBRASIL, 1987).
Sendo assim o conjunto de municípios que define o limite no extremo norte são: Ataléia,
Ouro Verde de Minas, Frei Gaspar, Itambacuri, Franciscopólis, Malacacheta, Água Boa, São
Sebastião do Maranhão, Frei Lagonegro, Coluna e Rio Vermelho.
Limites municipais no extremo oeste da região de estudo:
Os limites à oeste podem ser claramente definidos pelo cruzamento do interflúvio entre as
bacias do rio Jequitinhonha e São Francisco, com a bacia do Rio Doce (definido pelo alinhamento
de cristas da Serra do Espinhaço), ora pelo contato do embasamento cristalino com os domínios
litológicos do: Grupo Macaúbas, do Supergrupo Espinhaço e o do Supergrupo Minas. (COMIG,
1994)
13
Este contato geológico acaba por definir uma transição por vezes abrupta, entre o domínio
geomorfopedológico e botânico da área de estudo com o domínio dos campos cerrados e
rupestres, das rochas quartzíticas que são dominantes na Serra do Espinhaço. Sendo assim, os
municípios que fazem limite no extremo oeste da área de estudo, no sentido N-S são: Serra Azul
de Minas, Serro, Conceição do Mato Dentro, Morro do Pilar, Itambé do Mato Dentro, Itabira,
Bom Jesus do Amparo, Barão de Cocais, Santa Bárbara, Catas Altas e Mariana.
Limites municipais no extremo sul da região de estudo:
O limite a sul tem como referência aproximada o paralelo de 21º S, onde a presença de
ramificações (blocos isolados) do alinhamento da Serra da Mantiqueira (CETEC,1983), como as
serras: do Maciço do Caparaó, do Brigadeiro, da Onça, de São Geraldo e do Pai Inácio, definem o
interflúvio da bacia do Rio Doce, com as bacias de Leste; sendo a principal delas a bacia do Rio
Paraíba do Sul. Apesar de reconhecer que este alinhamento orográfico não representa mudanças
geológicas, estendendo-se até a porção sul do estado, no entanto, a altitude juntamente com
elevada latitude, favorecem mudanças significativas no comportamento térmico, favorecendo a
ocorrência de temperaturas bem amenas, clima Mesotérmico Brando (IBGE, 1996),
condicionando por vezes contatos da Floresta Estacional Semidecidual com os Campos de
Altitude (RADAMBRASIL, 1987).
Na porção sudoeste da área de estudo, uma pequena parte da alta da bacia do Rio Doce, foi
excluída da área de estudo, por apresentar características ambientais que não se enquadram na
perspectiva de investigação do mestrado da UNEC. Nesta porção ocorre a transição do
“embasamento cristalino”, com os Supergrupos Minas e Rio das Velhas (COMIG, 1994), assim
como, a formação de compartimentos topográficos, com altitudes superiores a 800 metros, que
juntamente com a maior latitude do extremo sul da área de estudo, vem favorecer a redução das
médias térmicas, onde o clima Mesotérmico Brando (IBGE, 1996), possibilita a presença de
cultivos tipicamente de climas temperados, principalmente nesta porção sudoeste, (parte alta da
bacia do Rio Doce), onde é típica a presença da Araucária, ao longo dos vales. (Queiroz, 1980).
Entre os municípios de Piranga e Mariana, na porção sudoeste da área de estudo, ocorre a
transição da Floresta Estacional Semidecidual para os Campos de Altitude, Campo Cerrado e
Campos Rupestres, definida não só pelo aumento de altitude, mas principalmente pela diferença
dos substratos geológicos, marcados pela presença dos quartzitos e itabiritos Supergrupo Rio das
Velhas e Minas (COMIG, 1994). Sendo assim o “colar” de municípios que fazem parte da área de
estudo e a delimitam no extremo sul, de W-E compõe-se de: Piranga, Presidente Bernades, Paula
14
Candido, Coimbra, Ervália, Araponga, Pedra Bonita, Santa Margarida, São João do Manhuaçu,
Luisburgo, Alto Jequitibá, Manhumirim.
Limites municipais no extremo leste da região de estudo:
O limite a leste tem como referência a fronteira administrativa interestadual entre os
Estados de Minas Gerais e o Espírito Santo. Neste caso, o limite estabelecido não representa
obstáculos para a aplicação de metodologias ou tecnologias a serem desenvolvidas (quanto ao
quadro natural e sócio-ambiental), no âmbito do mestrado profissionalizante da UNEC, em
domínios territoriais que se estendem pelo estado do Espírito Santo.
Sua definição pautou-se, exclusivamente, em aspectos operacionais tais como a facilidade
de obtenção de base de dados do Estado de Minas Gerais, conhecimento das sistemáticas de
levantamentos de dados, identificação e convênios com organizações que atuam na região,
facilidade de acesso aos órgãos gestores nas esferas municipais e estaduais que podem funcionar
como disseminadores dos resultados obtidos.
Soma-se, ainda, a conseqüente possibilidade de continuidade de trabalhos pelas referidas
entidades e/ou obtenção de recursos para desenvolvimento desta e outras investigações. Cabe
lembrar que a obtenção de dados junto a órgãos de outros estados demandaria, ainda, um trabalho
de investigação relacionada à base conceitual sobre os quais foram gerados. Sendo assim, no
limite leste da região de estudo tem-se, no sentido de sul para norte, os seguintes municípios:
Manhumirim, Martins Soares, Durandé, Lajinha, Mutum, Aimorés, Itueta, Resplendor,
Cuparaque, Central de Minas, São João do Manteninha, Mantena, Nova Belém, Ataléia.
3 Caracterização do quadro natural da região de estudo - domínio dos “Mares de
Morros”
Ocultos na paisagem, entre uma infinidade de picos e cristas, pontiagudos ou
arredondados, alongadas ou encurtadas pelas intempéries do tempo. No abrigo
dos vales e grotas, costurando as saias dos morros, circula um emaranhado de
fios d’água, verdadeiras veias da natureza, símbolo da vida, elemento da fartura.
(Gilmar Vitalino Dias, 1999).
Em 1939, referindo-se a certas particularidades do modelado do relevo do Brasil Tropical
Atlântico, escreveu Pierre Deffontaines: “os granitos [sic] fornecem também cumes arredondados
mas freqüentemente menos bruscos; não se chamam mais ‘pães de açúcar’ e sim ‘meias laranjas’
ou ‘cascos de tartaruga’”. Lembrou, ainda, que às vezes eram encontradas “paisagens inteiras
cheias dessas calotas, dando um aspecto de agitação marítima que é bem definida pela expressão
15
‘mar de morros’. Através dessa primeira aproximação, o autor estava atingindo as raias de um
critério que hoje julgamos ser da mais alta importância para a caracterização de toda uma
província morfoclimática do território brasileiro. (Ab’ SABER, 2003).
Com extensão espacial de segunda ordem, com aproximadamente 650 mil quilômetros
quadrados de área, ao longo do Brasil Tropical Atlântico. Distribuição geográfica marcadamente
azonal. Área de mamelonização extensiva, afetando todos os níveis da topografia (de 10-20
metros a 1.100-1.300 metros de altitude no Brasil de Sudeste), mascarando superfícies aplainadas
de cimeira ou intermontanas, patamares de pedimentação e eventuais terraços. Região do
protótipo das áreas de vertentes policonvexas. Grau mais aperfeiçoado dos processos de
mamelonização, conhecidos ao longo do cinturão das terras intertropicais do mundo. (LIBAULT,
1971).
Em todas as áreas mamelonizadas (domínio dos mares de morros – relevo acidentado, com
superfícies geralmente arredondadas), e florestadas do Brasil Tropical Atlântico, dotadas de certa
altitude altimétrica, aparecem as seguintes combinações de fatos geográficos (Ab’ SABER,
2003): (a) decomposição profunda e universal das rochas cristalinas ou cristalofilianas, desde três
a oito metros até quarenta a sessenta metros de profundidade, salvo nas áreas de ocorrência de
“mares de pedra” (Serra do Quilombo – Salto), de “pães de açúcar” e de “espinhaço” quartzíticos
(Japi, Boturana, Jaraguá, serra do Quadrilátero Ferrífero); (b) presença extensiva de red yellow
podzolies ou latossolos nas vertentes e interflúvios dos morros arredondados, desenvolvidos
sobre depósitos de cobertura elúvio-coluviais posteriores às stone lines e, eventualmente, sobre os
próprios regolitos das rochas cristalinas ou cristalofilianas; (c) mamelonização universal das
vertentes baixas e médias, até níveis altimétricos de 1.100 a 1.200 metros – na área nuclear da
província morfoclimática – fato que incide tanto nos outeirinhos insulados nas baixadas litorâneas
(shantungs), como até mesmo nos taludes de alguns tipos de terraços fluviais e de
paleopedimentos dissecados; (d) presença de "pães de açúcar” nas áreas onde o espaçamento das
diáclases tectônicas é anormalmente grande (medindo-se por centenas de metros) e onde as
repercussões das diáclases recurvas, relacionadas com os fenômenos de unloading, são mais
freqüentes (Rio de Janeiro, Espírito Santo e Nordeste de Minas Gerais); (e) drenagem
originalmente perene até para os menores ramos das redes hidrográficas regionais, altamente
dentritificadas e muito densas, características da região; (f) lençol d’água subterrâneo
alimentando permanentemente – na paisagem natural – durante e entre as chuvas, a correnteza
dos cursos d’água; (g) cobertura florestal contínua (da Mata Atlântica) por grandes áreas, desde
os fundos dos vales até as mais altas vertentes e interflúvios, desde de 2 a 3 metros acima do nível
16
do mar até espigões divisores situados entre 1.100 e 1.300 metros; (h) lençol d’água superficial
do chão das florestas, em forma difusa e anastomosada, por entre o tronco das árvores, com
redistribuição e auto – adubação do solo da floresta pela ação do lençol difuso, com formação
permanente de horizontes superficiais húmicos (na paisagem primária); (i) equilíbrio sutil entre os
processos morfoclimáticos, pedológicos, hidrológicos e biogênicos (plenitude da biostasia,
conforme a concepção de H. Erhart); porém imediato desequilíbrio quando sujeito a ações
antrópicas predatórias (resistasia, de Erhart); (j) presença freqüente de planícies alveolares em
pontos de concentração de drenagem ou a montante de soleiras de rochas resistentes, em áreas
serranas de amplitude topográfica razoável.
O extraordinário volume global de rochas alteradas ou decompostas existentes no domínio
dos “mares de morros” constitui um fato de importância fundamental para o conhecimento
morfogenético das áreas intertropicais. Note-se, por outro lado, que a destruição de uma parte que
fosse da massa de regolitos dessa área seria suficiente para fornecer sedimentos para diversas
bacias de compartimento de planaltos, similares àquelas existentes no próprio interior do Brasil
de sudeste (Bacia de Taubaté, Bacia de São Paulo, Bacia de Curitiba). (AB’ SABER, 2003).
As condições climáticas desse domínio são suficientes para manter uma floresta, variando
de perenifólia a caducifólia; onde as temperaturas acompanham a grande variação de cotas de
quase ao nível do mar até próximo de 1.500 metros. O solo, em particular o horizonte Cr
(saprolito) tende a ser muito profundo; mas há grandes afloramentos de rochas, em particular
quando de estrutura granítica, isto é, massiva. Há tipicamente, uma desproporção entre as
profundidades do solo e do horizonte Cr. Isto caracteriza o processo francamente erosivo de
rejuvenescimento podogeomorfológico desse domínio. Em grandes trechos são solos velhos,
empobrecidos, sendo carreados, solos mais jovens e férteis, das partes mais baixas, vão
penetrando vale acima, criando novas relações homem-solo. (RESENDE & RESENDE, 1996).
O teor de nutrientes nos Latossolos e Intermediários para Latossolos tende a ser baixo,
assim como nos Cambissolos. Apenas nos Podzólicos, em particular os mais avermelhados é que
a saturação de bases é alta. A presença do horizonte acinzentado (mais próximo à rocha de
origem) bem próximo do horizonte B vermelho com pouco ou nenhum horizonte C róseo indica
solos eutróficos. (RESENDE & RESENDE, 1996).
O profundo manto de intemperismo, com ausência de minerais primários facilmente
intemperizáveis e o relevo acidentado vulnerabilizam profundamente os ecossistemas quanto às
17
perdas de nutrientes: os nutrientes são perdidos com facilidade e não há como serem recuperados
naturalmente – não há minerais decomponíveis para supri-los. Assim, à semelhança da
Amazônia, quase todos os nutrientes se encontram ligados ao ciclo orgânico. Quando a ciclagem
de nutrientes é quebrada pela retirada da vegetação a degradação vem rapidamente. (RESENDE
& RESENDE, 1996).
Nos solos distróficos apenas pastagens de capim-gordura têm-se mostrado adaptadas à
baixa fertilidade. Como o capim-gordura é muito sensível à queima, isso tem, de certa forma,
desestimulado essa prática onde ocorre tal forrageira. Nos solos eutróficos, ao contrário, a queima
foi durante muitos anos uma prática comum: as pastagens de capim-colonião são facilmente
manejadas com o uso do fogo. (RESENDE & RESENDE, 1996).
Este domínio é tipicamente bem provido de água, pelo menos em comparação com outras
regiões. No entanto, como indicado pelas fases de vegetação, existem áreas com pronunciado
caducifolismo por déficit hídrico. Os solos, nesses locais de mais acentuado déficit, tendem a ser
eutróficos. Isso não é simples coincidência. As estratégias que as plantas desenvolveram para
enfrentar os problemas de falta de água tendem a ser antagônicas àquelas para enfrentar
deficiência de nutrientes (JANSEN, 1980): o grande acúmulo de fitomassa aérea durante todo o
tempo (sem queda pronunciada de folhas) vulnerabiliza as plantas no que se refere à deficiência
de água; a queda de folhas dificulta a conservação de nutrientes. Quando há deficiência de água e
de nutrientes, a tendência é o solo ficar exposto, pois não é comum haver plantas tolerantes aos
dois estresses. (RESENDE & RESENDE, 1996).
A umidade atmosférica tende a ser mais elevada do que, por exemplo, nas áreas sob cerrado
e sob caatinga. Em algumas áreas mais elevadas é comum – fato suspeito mas não bem
quantificado – uma forte contribuição do orvalho na economia de água. O nevoeiro e o orvalho
das manhãs reduzem o estresse hídrico das encostas voltadas para leste, em contraste com as
voltadas para oeste. Isso pode favorecer a presença de solos eutróficos nas exposições oeste.
(RESENDE & RESENDE, 1996).
4 Meio ambiente e uso do solo na Região de Estudo: conclusões gerais.
Com base em observações em trabalhos de campo e análise de dados secundários foi
possível o reconhecimento e definição dos macro-compartimentos com base no uso do solo da
região. Sendo assim, pode-se enumerar as tipologias predominantes de uso do solo: (a) A
18
cafeicultura, que predomina na porção sul-sudeste da região de estudo. Entre as serras do
Caparaó, Brigadeiro e planaltos dos municípios de Araponga, Manhuaçu, Piedade de Caratinga,
Bom Jesus do Galho, São Domingos das Dores etc. (b) A pecuária extensiva de corte,
predominante na Depressão do Rio Doce – polarizada por Governador Valadares. Estendendo-se,
por grande parte da bacia do Rio São Mateus. (c) A agropecuária tradicional, com predomínio de
pequenas propriedades – localizadas nas áreas planálticas de relevo acidentado – na região de
estudo. (d) A monocultura da cana-de-açúcar, na micro-região de Ponte Nova. Polarizada pela
Usina Jatiboca no município de Urucânia. (e) O médio Rio Doce (Vale do Piracicaba), área de
concentração das indústrias siderúrgicas, mineração, celulose e monocultura de eucalipto.
De acordo com (RESENDE & RESENDE, 1996), as principais características ambientais e
sócio-econômicas da região de estudo, são as seguintes: (a) Os mares de morros, mesmo na área
de um município, possuem ambientes muito diversificados, mapeáveis ou não que afetam o uso
da terra. (b) São muitos os mares de morros, mas tendem todos a ter solos com horizonte C róseo
profundo, em contraste com um horizonte B amarelo que pode ser bastante raso, indicando as
áreas de maior instabilidade. O horizonte A varia de fraco, como no Agreste a A húmico, em
partes elevadas de Minas Gerais. Quando o horizonte C róseo é estreito ou ausente o horizonte B
é mais vermelho e o solo, mais fértil. Onde as rochas cristalinas são massivas ocorrem grandes
afloramentos de rochas, independentemente de o solo ser eutrófico ou distrófico. (c) Associado
com o profundo manto de intemperismo os solos são pobres e acidentados, mesmo originados de
rochas ricas. Tendem a ser distróficos e álicos na maior parte; os eutróficos estão nas partes mais
baixas quentes e secas. A exposição oeste das encostas pode favorecer a presença de solos
eutróficos até próximo a 1.000 metros em áreas com precipitações elevadas. (d) Há uma grande
densidade de pequenos cursos de água menos tamponados do que os de Cerrado; a substancial
redução de vazão na estação seca mais prolongada ou desaparecimento temporário nas áreas mais
secas. (e) A abundância e as pequenas quedas dos cursos de água são preciosos recursos ainda por
explorar mais efetivamente. (f) A área dos mares de morros, pela pobreza em pastagens naturais,
não interessou ao criatório extensivo: ela sobrou para os pequenos e médios agricultores. (Salvo
na grande depressão do Rio Doce – com pecuária de corte extensiva). (g) Os solos dos mares de
morros, pela dificuldade de mecanização, pobreza de nutrientes e pequeno tamanho das
propriedades, dificultam a criação de gado, tornam-se muito vulneráveis quando o preço do café
cai no mercado internacional. Por ter o maior contingente de população rural, mesmo vivendo em
pequenas cidades, é de se prever um agravamento do processo de metropolização se não houver
interesse político sincero na solução desses problemas. (h) Muitos dos problemas dos agricultores
19
dos mares de morros pertencem a um quadro mais amplo: é o aviltamento dos preços pagos à
produção primária. O comércio, inclusive e principalmente do dinheiro, mas também de outros
bens e a indústria parasitam o processo produtivo primário. (i) O investimento da sociedade na
melhoria das condições da pequena produção e das pequenas cidades (desenvolvimento) é a
forma mais efetiva de reduzir o crescimento da metropolização: o nosso maior e mais difícil
problema ecológico. Esta opção entre crescimento econômico e desenvolvimento (que dá
prioridade necessariamente ao econômico) é o desafio.
5 Urbanização e crise econômica na zona rural da região de estudo.
Segundo estudo do (BDMG, 1968), do ponto de vista demográfico, a “Região Leste”,
compreendida pelas zonas fisiográficas da Mata, Rio Doce e Mucuri, acha-se bem posicionada no
contexto do Estado, possuindo razoável índice de urbanização. Principalmente na Zona da Mata,
destacando-se comparativamente as do Rio Doce e Mucuri. No entanto, o exame evolutivo desses
índices para os anos de 1950, 1960 e 1970 mostra que o processo de crescimento nas cidades da
Zona do Mucuri (Bacia do Rio São Mateus), e Rio Doce (Bacia do Rio Doce), evolui mais
rapidamente que na Zona da Mata, permitindo afirmar que em 1970 estarão bem próximos os
percentuais representativos da população urbana dentro das três Zonas. Convém salientar que o
processo de urbanização aí verificado se deve muito mais ao êxodo rural do que ao crescimento
vegetativo das cidades; sendo que a falta de perspectivas na agropecuária, unida a atração
exercida pela cidade, responde mais pelo fenômeno do que o apelo da indústria.
Segundo (RESENDE & RESENDE,1996), os “mares de morros” (leste mineiro), é a área
de maior densidade rural do país. Sustentou tanta gente ao longo dos séculos, no entanto, se
encontra num processo de crise pronunciada. A produção de grãos em grande escala, mecanizada
em várias fases, expande-se no Planalto Central. A pecuária, contando com solos pobres e com
sérios problemas de degradação, necessitando de considerável investimento na conservação e
melhoria das pastagens, ganha espaço como uma das alternativas. Os minifúndios, ao longo dos
processos de herança, no entanto, dificultam em muitos casos o uso do solo – é como se fosse
conveniente uma reforma agrária às avessas. Os solos, na sua maioria, são pobres e acidentados;
precisam de grandes doses de adubos para produzir bem, sempre muito caros em relação ao preço
do produto agrícola; não podem ser mecanizados e mesmo assim constituem o principal cinturão
no sentido de evitar que a metropolização se torne ainda mais grave, embora atualmente como
está em crise, esta região seja uma grande exportadora de gente para os grandes centros.
20
Segundo as observações relatadas acima, pode-se diagnosticar um fluxo migratório da zona
rural do leste mineiro (êxodo rural), que desde a década de 50, vem contribuindo para o
crescimento dos núcleos urbanos da região, cidades metropolitanas do sudeste do Brasil, onde o
mercado de trabalho já vem se mostrando saturado e, aberto com restrições apenas à mão-de-obra
qualificada. Onde não só as metrópoles do sudeste, mas do Brasil como um todo, vêm
apresentando uma crescente deterioração da qualidade de vida, desde a década de 1980, pela
expansão desordenada da rede urbana (favelas), os índices crescentes de desemprego e violência.
Todos estes fatores, de demandas sócio-urbanas, vêm provocando a crescente precariarização dos
serviços públicos essenciais: educação, saúde e saneamento básico.
O esvaziamento do meio rural no leste mineiro, deve ser acompanhado com muita
preocupação, pois o crescimento dos setores secundário e terciário, nas cidades da região de
estudo se apresenta estagnado, com exceção de algumas cidades industriais: Região
Metropolitana do Vale do Aço, João Monlevade etc.; portanto, o fluxo contínuo da zona rural,
poderá, gradativamente deteriorar a qualidade de vida das pequenas e médias cidades, já que a
oferta de trabalho é cada vez menor, em relação ao crescimento da população urbana.
6 Análises e conclusões preliminares da região de estudo
A análise realizada neste tópico, tem por base alguns gráficos produzidos a partir de um
conjunto de dados obtidos junto à base bibliográfica referenciada, produzidos a partir das
variáveis definidas na introdução deste documento, que fundamentam e norteiam as conclusões
descritas abaixo.
6.1 Contextualização dos setores da economia da região de estudo, em relação ao
Estado de Minas Gerais
O gráfico 1 ao lado evidencia a grande desigualdade de poder econômico na região de
estudo, apresentando de um lado os municípios de pior posição no ranking do PIB total no estado,
(os cinco últimos em ordem decrescente) como: São Sebastião do Rio Preto (853), Passabém
(848), Córrego Novo (840), Santo Antônio do Rio Abaixo (839), Frei Lagonegro (838).
Aproximando a região do contexto econômico do Vale do Jequitinhonha, onde a última posição
no ranking (853)é ocupada, por um município da região de estudo, por outro, a presença de
municípios industriais ou polarizadores do comércio regional que se destacam no ranking do PIB
total do estado mineiro. Posição dos cinco primeiros em ordem crescente: Ipatinga (05), Timóteo
21
(12), Governador Valadares (14), Belo Oriente (15), Santa Bárbara (29). No entanto esses
municípios se caracterizam como exceções, no contexto econômico da região de estudo.
Analisando a distribuição dos municípios, no ranking do estado nos três setores da
economia (gráfico 2), observa-se o mesmo desequilíbrio do PIB total, em média quase 90% dos
municípios ocupam posição superior a (200), por volta de 65% ocupam posição superior a (400)
nos três setores. O setor industrial demonstra a distribuição mais excêntrica e, o setor
agropecuário, que deveria ter uma distribuição mais igualitária, considerando ser uma das regiões
de maior densidade rural no país, portanto, dependente do uso da terra, no entanto, apresenta uma
disparidade tão elevada na distribuição dos municípios no ranking do estado, quanto os outros
setores.
Quando levanta-se a colocação dos municípios de melhor posição no ranking do setor
agropecuário, observa-se um grande destaque para os municípios cafeicultores, como: Manhuaçu
(68), Caratinga (92), Abre-Campo (97), Durandé (163) etc. Entre outros destaques mais isolados,
como: Urucânia (38), Ponte Nova (136) e Jequeri (137), onde predomina o uso intensivo
(monocultura) do cultivo da cana-de-açúcar (Usina Jatiboca); ou municípios de grande extensão
territorial, por “coincidência” localizados na Depressão do rio Doce, como: Governador
Valadares (111), Água Boa (70) e Itambacuri (234), especializados na pecuária de corte
extensiva.
22
125
140
120
Posição no
Rancking do Estado
100
80
38
60
1 a 200
201 a 400
401 acima
24
40
20
0
1 a 200
201 a 400
401 acima
GRÁFICO 1 - Distribuição dos 187 municípios no PIB total do Estado de MG.
Fonte: FJP e IBGE, 2000.
126
118
140
118
Posição no
Ranking
do Estado
120
100
80
49
40
38
60
23
29
20
40
de 1 a 200
de 201 a 400
20
0
Indústria
Terciário
Agropecuária
GRÁFICO 2 - Distribuição dos 187 minucípios da região de estudo, no PIB por setor da
economia no Estado de MG.
Fonte: FJP e IBGE, 2000.
acima de
400
23
O gráfico 3 demonstra a importância dos setores da economia para os municípios da região
de estudo. A distribuição da correlação dos dois primeiros setores da economia em termos de
formação do PIB de cada município, deixa evidente a importância dos setores agropecuário e
terciário, que juntos correspondem a 80% dos municípios. Portanto, o desempenho do setor
agropecuário, se faz de extrema importância para a manutenção da população na área rural, o que
não aparece como uma realidade, como veremos nos dados adiante sobre a dinâmica demográfica
da região.
132
140
Indústria e Terciário
Agropecuário e Terceário
Terciário e Indústria
Terciário e Agropecuário
120
100
80
60
40
11
17
27
20
0
GRÁFICO3 - Relação dos dois primeiros setores da economia dos 187 municípios da região
de estudo, no Estado de Minas Gerais.
Fonte: FJP e IBGE, 2000.
6.2 Comportamento demográfico da região de estudo
Este item constitui-se em um indicador de reconhecida sensibilidade, para se avaliar a
sustentabilidade econômica de uma região a partir do comportamento demográfico.
O gráfico 4, apresentando a escala anual percentual do crescimento populacional dos
municípios da região, vem reforçar o reconhecimento do contínuo processo de urbanização,
demonstrando a velocidade de esvaziamento de um lado, principalmente para um grupo de
municípios onde o setor agropecuário, estagnado - prevalecendo técnicas rudimentares e
predatórias – com baixa diversificação da base produtiva, se apresenta como única alternativa
para a população rural, em geral mal “assistida” pelas esferas governamentais: Federal, Estadual e
municipal. E por outro lado, um pequeno grupo de municípios destacados pela presença da
24
indústria, que continuam a receber um contingente populacional acima da sua capacidade de
absorção econômica.
87
90
80
57
70
60
Até 30%
de 31% a 50%
de 51% a 82%
de 82% acima
50
40
23
20
30
20
10
0
GRÁFICO 4 - Grau de urbanização dos 187 municípios da região de Estudo, no Estado de
Minas Gerais.
Fonte: FJP e IBGE, 2000.
O gráfico 5 vem reforçar as observações referidas ao gráfico 4. Há um movimento
migratório que vem ocorrendo na região de estudo, em um contexto muito próximo do atual, mas
em um cenário que vem se configurando desde o final da década de 1950. O preocupante é que
este processo de urbanização da região, não ocorre devido a modernização da produção rural,
muito menos pelo crescimento econômico do meio urbano, cada vez mais exigente quanto a
qualificação da mão-de-obra, o que poderá influenciar negativamente na qualidade de vida das
100
93
94
Positivo
Neg ativo
90
80
70
60
50
40
30
20
10
G RÁFICO 5 - M unicípios da região de estudo que tiveram crescimento populacional positivo
ou negativo.
25
médias cidades da região, como: expansão da periferia e/ou de áreas invadidas (favelas), aumento
do desemprego, da violência, sobrecarga dos serviços públicos básicos, etc.
No entanto, os dados sobre o crescimento da população total dos municípios da região de
estudo, indicam que 40% dos municípios obtiveram crescimento negativo (IBGE, 2000),
definindo portanto, um fluxo migratório significativo para fora da região de estudo;
provavelmente direcionado para as grandes cidades do sudeste do país, favorecendo o inchaço e
deterioração (já configuradas) nas metrópoles brasileiras.
No gráfico 6, observa-se o grau de urbanização dos municípios da região de estudo. O grau
de urbanização do Estado de Minas Gerais é de 82% (IBGE, 2000). Quando comparado com o
grau de urbanização dos municípios da região de estudo, fica evidente que se trata de municípios
que possuem uma população rural representativa no contexto do estado de Minas Gerais, onde
aproximadamente 50% dos municípios, possuem grau de urbanização menor do que 50%, no
entanto aparecem municípios, onde o grau de urbanização é superior a 98%, como: Coronel
Fabriciano, Timóteo, Ipatinga e João Monlevade. De uma forma geral os municípios de maior
urbanização, estão localizados no Vale do Piracicaba, onde se concentra a exploração de minérios
(proximidade com o Quadrilátero Ferrífero), e as usinas siderúrgicas do Vale do Aço.
90
77
80
70
69
Escala de
crescimento
populaciona
l (%):
60
50
40
0 a 1,5
1,5 a 3,75
30
24
17
-0 a - 1,5
-1,5 a -4,64
20
10
0
0 a 1,5
1,5 a 3,75
-0 a - 1,5
-1,5 a -4,64
GRÁFICO 6 - Escala de crescimento populacional percentual dos municípios da região de estudo.
Fonte: FJP e IBGE, 2000.
26
6.3 Estrutura fundiária da região de estudo
Os dados do gráfico 7, compõem uma síntese, que ilustra de forma clara o contexto da
distribuição de terras na região em estudo. Pode-se observar características próprias do contexto
do leste mineiro, como a representativa minifundiarização das propriedades, apresentada pelos
estabelecimentos com até 10 ha, que representam 36,87% do número total, assim como, os
estabelecimentos entre 10 a 50 ha, que constituem 39,7% de todos os estabelecimentos da região.
Compreendendo, portanto, um universo de 76,5% de estabelecimentos, reconhecidos como
pequenas propriedades, considerando principalmente a topografia acidentada que reduz,
consideravelmente, a superfície de terra útil à produção agropecuária.
180
166
160
140
140
113
120
100
74
80
47
60
Positivo
Negativo
21
40
20
0
Urbana
Rural
Total
GRÁFICO 7 - Municípios da região de estudo entre 1996 a 2000, que tiveram crescimento populacional
positivo e negativo.
Fonte: FJP e IBGE, entre 1996 a 2000.
Este contexto de distribuição de terras é uma característica peculiar do domínio dos “mares
de morros”, onde a topografia acidentada de uma forma geral vem restringindo os grandes
investimentos de capitais, que orientam-se para o domínio do Cerrado e borda oriental da
Amazônia, onde a topografia plana dos chapadões, vem favorecendo a mecanização e uso
intensivo de insumos da indústria agroquímica, se configurando, na atualidade, em um grande
celeiro de exportação de grãos, em detrimento da destruição dos biomas. Por outro lado, os
“mares de morros” vêm se caracterizando pela concentração das pequenas propriedades rurais,
que se multiplicaram, principalmente, pela divisão por heranças, ao longo de várias gerações.
27
Onde no dizer de (REZENDE & REZENDE, 1996), essa região necessitaria de uma reforma
agrária às avessas.
6.4 Uso do solo na região de estudo
O percentual elevado do uso da pastagem na região como mostra o gráfico 8, parecer ser
contraditório, para uma região onde a presença das pequenas propriedades de trabalho familiar é
representativa. No entanto, a topografia acidentada e a presença de solos de baixa fertilidade,
demonstra ter forte influência no desenvolvimento da pecuária. Por outro lado, o baixo percentual
de pastagem plantada (15,33%), vem ilustrar que, na prática, as pastagens, de forma geral, são
mal cuidadas e de baixa produtividade. Além do pisoteio excessivo numa topografia acidentada,
não se vê facilmente adoção de práticas de manejo, revelando, portanto, uma das atividades de
maior degradação dos solos da região.
39,7
40
36,87
35
30
25
21,55
(%) 20
17,2
17,12
16,38
14,21
15
11,36
10
Estabelecimento
10,77
Área Hectares
6,83
3,96
2,95
5
0,89
0,39
0
I - < 10
II - 10 a 50
III - 50 a 100
IV - 100 a 200
V - 200 a 500
VI - 500 a 1000
VII - > de 1000
GRÁFICO 8 - Distribuição percentual da área e dos estabelecimentos rurais em hectares, da
região de estudo.
FONTE: Censo Agropecuário, IBGE - 1995/96.
O percentual de lavouras permanentes e temporárias, apresenta números muito próximos.
Na região as lavouras permanentes – no caso a cafeicultura – concentra-se nas áreas de planaltos
e, principalmente na porção sudeste – entre os Municípios de Manhuaçu e Araponga. As lavouras
temporárias, de forma geral, ocorrem nas pequenas propriedades, onde predomina o trabalho
familiar, visando principalmente o auto-consumo (milho, arroz, feijão, mandioca etc.), de baixa
produtividade, onde não é comum o emprego de máquinas e insumos. Vale destacar a presença da
28
cana-de-açúcar concentrada no entorno da Usina Jatiboca (Urucânia), microrregião de Ponte
Nova. A presença de florestas plantadas, no caso de eucalipto, com percentual representativo, se
comparado com as lavouras temporárias e permanentes, ocorre concentrada em grandes
propriedades, definindo-se , portanto, como a única monocultura, bem característica da região.O
desenvolvimento da silvicultura, historicamente, potencializou o êxodo rural e converteu
definitivamente matas nativas em florestas homogêneas, com reconhecidos impactos sobre a
biodiversidade da região. O percentual de floresta natural (12,69%), que ganha destaque entre os
usos do solo, é atribuído a princípio às unidades de conservação, como: Parque Estadual do Rio
Doce (maior reserva de Mata Atlântica de Minas Gerais – 36.000 ha), RPPN do Sossego –
Ipanema, Parque Estadual Serra do Brigadeiro, entre outras unidades menores, como as APAS.
No entanto, principalmente, nos planaltos de morros acidentados, ocorrem milhares de pequenos
fragmentos de matas, protegidos principalmente pela topografia acidentada. Este fato pode ser
confirmado, observando-se o percentual de remanescentes de Mata Atlântica, entre os municípios
localizados em morfologia planáltica, em relação aos municípios localizados na Depressão do Rio
Doce, com percentuais muito reduzidos. (SOS MATA ATLANTICA, 2000).
6.5 Uso de tecnologia no meio rural, na região de estudo
Entre as tecnologias apresentadas no gráfico 9, apenas uma delas obteve destaque no
cenário estadual. Por estranho que pareça, o percentual elevado de arados de tração animal
(20,39%) do estado de Minas Gerais, é perfeitamente condizente, com as características do
quadro agrário da região de estudo, onde o relevo acidentado, impõe serias restrições à
mecanização da atividade agrícola.
O percentual de tratores (7,11%) da região, em relação ao universo estadual, ainda que
muito inferior ao percentual de arados mecânicos, possui representatividade significativa para a
região, no entanto, grande parte destes tratores são utilizados no transporte de carga no campo.
6.6 Remanescentes de Mata Atlântica na região de estudo
Apesar do gráfico sobre uso do solo (Gráfico 10, censo agropecuário, 1995/96), indicar que
12,69% do meio rural é ocupado por florestas naturais, o gráfico abaixo, apresenta uma
distribuição muito desigual dos remanescentes de matas; pois 127 municípios da região, o que
correspondente a 68% dos municípios, possuem menos de 20% de remanescentes de matas.
Compreende-se, portanto, que os remanescentes restantes, encontram-se predominantemente nas
29
unidades de conservação e, conseqüentemente distribuídos de forma mais concentrada em alguns
municípios..
60
51,06
50
40
38,67
36,87
31,23
27,15
(%) 30
Estabelecimento
20
Área Hectares
10,79
10
2,95
1,28
0
Minifúndios < 10
Pequenos estabel. 10 a 100
Médios estabel. 100 a 500
Grandes estabel. > 500
GRÁFICO 9 - Distribuição percentual da área e dos estabelecimentos rurais em:
minifundios, pequenos, médios e grandes estabelecimentos da região de estudo.
FONTE: Censo Agropecuário, IBGE - 1995/96
Total de Lavouras
Lavoura permanente
Lavoura Temporária
Temporária em descanso
Total de Pastangem
Pastagem Natural
Pastagem plantada
Floresta Natural
Floresta Plantada
65,06
70
60
49,73
Hectares
50
40
30
20
15,33
12,69
12,65
5,73
5,51
1,41
4,09
10
0
GRÁFICO 10 - Total percentual por tipologia e subtipologia do uso da terra dos municípios da região
de estudo.
FONTE: Censo Agropecuário, IBGE - 1995/96
30
Alguns municípios se destacam pela presença de remanescentes florestais. Ora a cobertura
nativa é garantida por impedimentos topográficos ora pela existência de Unidades de
Conservação, principalmente as de proteção integral.
7 Zoneamento do uso do solo e desenvolvimento regional.
A realização deste estudo se orientou basicamente para o reconhecimento dos cenários
sócio-ambientais que compõem a região de estudo. Portanto, neste sentido, ressaltou-se, em
função da diversidade sócio-ambiental do perímetro analisado, a necessidade de estudos
verticalizados em cada uma das sub-regiões delimitadas, com o propósito de orientar as
intervenções de ordem pública ou privada, para mitigação dos problemas ambientais identificados
e dinamização das potencialidades reconhecidas; assim como, fazer uma previsão dos possíveis
cenários futuros.
Entre as sub-regiões reconhecidas pode-se enumerar: (a) A cafeicultura, que predomina na
porção sul-sudeste da região de estudo. (b) A pecuária extensiva de corte, predominante na
Depressão do Rio Doce – polarizada por Governador Valadares, estendendo-se, por grande parte
da bacia do Rio São Mateus. (c) A agropecuária tradicional, com predomínio de pequenas
propriedades – localizadas nas áreas planálticas de relevo acidentado disseminadas em diferentes
setores da área de estudo. (d) A monocultura da cana-de-açúcar, na micro-região de Ponte Nova,
polarizada pela Usina Jatiboca no município de Urucânia, (e) O médio Rio Doce (Vale do Rio
Piracicaba), área de concentração das indústrias siderúrgicas, mineração, celulose e monocultura
de eucalipto.
Essas “sub-regiões” devem ser estudadas em função de suas particularidades
socioeconômicas e ambientais, assim como, em sua relação com o entorno que compõe o “Leste
Mineiro”.
A continuidade da degradação dos solos e, a decadência profunda da economia rural desta
região, consolidará o esvaziamento populacional do campo, o que representaria com certeza, uma
deterioração sem precedentes para a qualidade de vida, principalmente das cidades da região, que
atualmente já evidenciam sinais de saturação e igual empobrecimento.
31
8 Considerações Finais
A região em estudo possui um conjunto de características que desafiam a pesquisa. A
elevada densidade de população rural, grande número de pequenas vilas e cidades,
disponibilidade considerável de águas superficiais (grande densidade de cursos d’água), relevo
em geral acidentado – impedindo a mecanização dos solos, contínuo processo de degradação
superficial – pela prática inadequada da atividade pecuária, taxas historicamente elevadas de
imigração rural, ainda observados na atualidade em percentuais preocupantes, remanescentes de
matas com distribuição irregular – ameaçando a perenidade dos pequenos cursos d’água, etc.
A homogeneidade desta área de estudo é apenas aparente, tanto o quadro natural e
principalmente os cenários sócio-econômicos, apresentam quadros bem distintos, em segmentos
espaciais próximos que precisam ser mapeados, para que a região possa ser compreendida pelo
viés de um zoneamento
que evidencie a diversidade de cenários. A verticalização do
conhecimento regional, orientado para fragilidades e potencialidades norteará políticas públicas,
definirá alternativas de produção de manejo, indicará ambientes de resistência terminal
implicando no uso mais adequado dos escassos recursos naturais do “Leste Mineiro”.
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