PANT ANAL ANTANAL PANT ANAL ANTANAL Garças Considerado como “Santuário Ecológico” por conter um valioso banco genético, forma um ecossistema complexo e frágil, pois as teias de relações ou interações entre seus elementos são muito delicadas. Por causa de seu esplendor, o Pantanal recebeu o título de Patrimônio da Humanidade pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura). Neste ecossistema ocorre um ciclo periódico de cheias e vazantes. No período das cheias, esta região se torna a maior planície de inundação contínua da Terra; as águas chegam a cobrir 2/3 da região pantaneira representando uma das mais importantes áreas úmidas da Parte integrante do Dicionário O Ser Humano e o Meio Ambiente de A a Z, 3ª. e 4ª Edições. Todos os direitos reservados, proibida a reprodução total ou parcial de forma alguma sem a permissão da Editora. Brasil Sustentável Editora Ltda - www.brasilsustentaveleditora.com.br América do Sul, com ambientes de alta produtividade biológica, grande densidade e diversidade de fauna. As chuvas se iniciam na estação do verão pantaneiro, de novembro a janeiro, tornando-se cada vez mais intensas. Quando chega o mês de março, os rios já estão transbordando. Nos meses de maio a julho inicia-se a vazante. E do mês de agosto a outubro é o período da estação seca. Localização: No Brasil, o Pantanal localiza-se a oeste do Planalto Central, ocupando terras dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Estende-se, também, por uma gran- Rios: O Pantanal é um ecossistema situado no interior de uma complexa rede de rios na Bacia do Paraguai. Das terras mais elevadas descem rios que vão desaguar no rio Paraguai, destacando-se: Cuiabá, Miranda, Negro, Piquiri, São Lourenço, Taquari, Correntes. A velocidade das águas é muito pequena devido à pouca declividade do terreno e o Paraguai não consegue escoá-las por completo; forma-se assim um ambiente alagado, rico em nutrientes, graças ao depósito de segmentos trazidos pelos rios. Vegetação: É uma das áreas com vegetação mais complexa do Brasil, não havendo uma flora endêmica neste ecossistema. Sua vegetação é Ao longo dos cursos de água, e nas partes mais elevadas encontram-se as matas ciliares, importantes para o ecossistema, por abrigarem inúmeras aves e também por impedirem o assoreamento dos rios. Esses diferentes tipos de vegetação constituem uma for ma de mosaico variado e é daí que surge a denominação “Complexo do Pantanal”. Ár es: Existem diversas árvores Árvvor ores: de valor comercial no Pantanal: jacarandá, jatobá, sucupira, tamboril, tabebuia, etc. Outras plantas do extrativismo vegetal como a poaia, no uso da indústria farmacêutica ou quebracho utilizado na indústria do couro, entre outras árvores que fornecem madeira como matéria-prima, vêm através do extrativismo irracional e predatório, causar grande diminuição de algumas delas, comprometendo fatalmente o equilíbrio ecológico na região. Fauna: O Pantanal como banco genético de animais é inquestionável, abrigando diversas espécies de animais. Possui uma rica fauna, adaptada às inundações. Embora, o número de PANT ANAL ANTANAL Solo: Nas terras pantaneiras os solos são inférteis, pobres para o cultivo, arenosos e argilosos. Embora o solo seja pobre, recebe enorme quantidade de matéria orgânica dos vários rios que o atravessam. composta por inúmeras espécies vegetais típicas de outras regiões do país como das florestas, dos campos, do cerrado e nas áreas mais secas, com uma paisagem semelhante à caatinga. Como área de transição, a região do Pantanal ostenta muitos ecossistemas terrestres, com afinidades, sobretudo, com os cerrados e em parte com a Floresta Amazônica, além de ecossistemas aquáticos e semiaquáticos, interdependentes em maior ou menor grau. Meio de tr anspor te típico Garça de região dos países vizinhos, como o Paraguai e a Bolívia. PANT ANAL ANTANAL Jacaré ( Caiman yacare) Veado-campeir o Onça-pintada (Oz otocer us (Ozotocer otocerus ( Panthera be bezz oar ticus) onca) albus) ( Casmerodius Garça-branca-grande espécies seja três vezes menor do que a que ocorre na Amazônia, a quantidade de indivíduos é muito maior. Existem mais aves no Pantanal (cerca de 656 espécies) do que em toda a América do Nor te (cerca de 500 espécies). Entre as aves pantaneiras, citamos jabur us, carão, biguás sendo o tuiuiú, sua ave-símbolo. Temos cerca de 263 espécies de peixes em seus rios, possuindo o maior estoque de peixes de água doce do mundo, onde a maioria é de grande interesse para a pesca como, o pacu, o pintado, a traíra, o dourado, a piranha e o curimatã. Entre os mamíferos podemos citar cerca de 80 espécies, destacando-se a anta (maior mamífero da América do Sul), a onça, o cervo-do-pantanal, a capivara, a ariranha, o queixada, o porco-espinho e o tamanduábandeira. Cerca de 50 espécies de répteis vivem no Pantanal, merecendo destaque especial o jacaré, encontrado facilmente nas margens dos rios, e devido ao seu couro valioso é vítima de intensa perseguição. Impactos: Constatam-se como resultado da pressão do ser humano no Pantanal grandes impactos ambientais; a presença de migrantes a partir dos anos 70; a ocupação de grandes fazendas de pecuária extensiva em milhares de hectares das terras baixas; introdução em áreas de terras altas a prática da agricultura da soja, do arroz, do trigo, do milho e nos últimos anos da canade-açúcar para o abastecimento de usinas de álcool, causando o desmatamento de vastas áreas, sendo que o manejo agrícola inadequado dessas lavouras ocasionou entre outros fatores, a erosão de solos e o aumento de partículas sedimentáveis de vários rios; o assoreamento dos rios como conseqüência das derrubadas de matas ciliares, que por sua vez impede a piracema, comprometendo a reprodução dos peixes. Relatório da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) aponta que a destruição pela ação humana, no ciclo natural de cheias e secas numa parte do Pantanal em Mato Grosso do Sul, soma o equivalente a três cidades de São Paulo de área total do impacto ambiental. As águas do Taquari são agredidas, recebendo agrotóxicos e fertilizan- A conclusão contida no trabalho do Projeto Pantanal-Taquari, produzido em conjunto com o Instituto Alterra e a Universidade de Wageningen, na Holanda, mostrou segundo a chefe geral da EMBRAPA Pantanal, Emiko Kawakami de Rezende, que “O problema não é novo, mas a compreensão dele é Apesar de a imagem do Pantanal estar associada às áreas verdes cobertas por água, há também épocas de vazante e de seca, essenciais para a manutenção desse ecossistema. Esse processo sazonal que vai da seca à inundação é denominado “pulso de inundação”; ele determina a riqueza das comunidades de peixes e outros organismos aquático, bem como a fertilidade da terra. Ao longo do período de inundação há também o desenvolvimento de plantas aquáticas que filtram esses detritos e os retêm em suas raízes, o que propicia o desenvolvimento de insetos, os quais também servem de alimento a peixes. Quando o sistema seca novamente, restam os detritos, que são aproveitados pela vegetação terrestre para crescer durante o período de seca. O relatório registrou o impacto do alagamento permanente sobre a oferta de peixe, resultando na diminuição da pesca, que além de propiciar menor quantidade de alimento aos habitantes da região, mexeu com a cadeia alimentar dos animais aquáticos e semi-aquáticos como jacarés, lontras e diversas aves. Da mesma forma, o impacto prejudicou culturas de subsistência, como o milho e feijão; atingiu a criação de gado com a redução das áreas de pastagens obrigando uma par te da população a migrar para outras cidades na região. O ecossistema pantaneiro sofre de diversas agressões que podem comprometer todo o seu equilíbrio ambiental e, também, o dos ecossistemas vizinhos. PANT ANAL ANTANAL “O sistema tem de encher e secar a cada ano. Esse processo, no caso dos peixes, faz com que haja uma oferta muito maior de alimento. Com a cheia, toda a vegetação terrestre mais sensível morre. Ela se decompõe e se transforma em detrito, comida preferencial de peixes como os curimbatás”, explica ainda Rezende. Plantação Latas poluindo um rio tes das plantações, provocando envenenamento de aves e peixes, e se destaca por ser um dos rios mais poluídos do Pantanal, merecendo atenção e estudos por parte de autoridades responsáveis pelo meio ambiente. nova”. Uma área total de 5.000 km2 foi transformada em trechos de alagamento permanente devido ao assoreamento do rio Taquari representando 3,6% da área de 140.000 km 2 do Pantanal, ocupada pelos estados de Mato Grosso do Sul, encontrando-se o trecho afetado onde o curso natural do rio desapareceu devido ao desmatamento, próximo do encontro das águas do Taquari com o rio Paraguai, no chamado baixo Taquari. Segundo Rezende, essa inundação permanente transformou-se num ambiente que funciona como um lago oligotrófico, isto é, pobre em nutrientes. • os dejetos (esgotos) das cidades próximas aos rios; • a contaminação gerada pelo mercúrio proveniente dos garimpos; • o assoreamento, também, gerado pela atividade dos garimpos de ouro e que coloca em risco a produtividade biológica dos rios e riachos; PANT ANAL ANTANAL Rede elétrica Queimadas Plantação Desmatamento Os rios são vitais para a vida pantaneira. Quando um dos rios é contaminado, essa poluição acaba se espalhando por toda a região no período das cheias. Assim, podemos citar como exemplo de contaminação dos rios e agressão ambiental: • o tráfico e caça incessante de animais; • as queimadas, que aniquilam a fauna e flora da região, além de modificar a composição nativa do solo; • a pesca predatória, que põe em risco o equilíbrio dos rios; • a constr ução de rodovias, hidroelétricas, diques para irrigar as plantações no Cerrado, ecossistema vizinho ao Pantanal, que tem modificado a periodicidade nativa das inundações pantaneiras e, também, contaminado parte das bacias dos rios que constituem este ecossistema.