O AÇAÍ NA PREVENÇÃO E TRATAMENTO DO CÂNCER Nédia Raquel Bailona1 Jane Fernandes Viana do Carmo 2 Daniela de Stefani Marquez 3 RESUMO O câncer é uma das doenças que mais mata no Brasil. Sua origem é multifatorial, podendo ser causada por fatores internos (genético) e fatores externos (ambiente), dentre os fatores ambientais temos a alimentação como uma das grandes responsáveis pelo aparecimento do câncer. O açaí fruto pequeno arredondado de cor escura contém nutrientes essenciais na proteção e tratamento do câncer, tais como as antocianinas, vitamina E, fibras, cálcio, lipídios (monoinsaturados) e proteínas de alto valor biológico que agem de formas variadas contra a doença. Deste modo o nutricionista intervirá com avaliações e orientações nutricionais que visem o consumo de alimentos como o açaí, que possam ajudar o paciente durante o tratamento suprindo suas necessidades durante a doença. Esta revisão teve como objetivo descrever a influência do açaí na prevenção e tratamento do câncer. Tendo como problema se o açaí pode ajudar a prevenir e tratar o câncer. Validando a hipótese de que o açaí pode ajudar na prevenção e tratamento do câncer. Palavras-chave: Câncer. Açaí. Prevenção. Tratamento. 1 INTRODUÇÃO O açaizeiro (Euterpe Oleracea Marte) é uma palmeira tropical nativa da Amazônia. Seu fruto, o açaí, tem um tamanho pequeno, arredondado e de cor escura, é típico da região norte do Brasil e muito consumido pelas populações regionais (PAULA, 2007). 1 Aluna do 8período do curso de Nutrição da Faculdade Atenas. Coordenadora do Setor de Pesquisa e Iniciação Científica da Faculdade Atenas. 3 Professora do Curso de Pedagogia da Faculdade Atenas. 2 Essa fruta nutritiva contém nutrientes que ajudam a prevenir e tratar enfermidades como o câncer, que é uma doença caracterizada pelo crescimento desordenado, rápido e invasivo de células que sofrem alterações do material genético. Alguns agentes podem provocar o câncer, são eles os agentes externos (cigarro, radiação ultravioleta, vírus, fatores comportamentais como a dieta) e internos (genética) que resultam de eventos responsáveis por gerar mutações sucessivas. O câncer também causa frequente desnutrição em seus portadores, levando-os a um estado debilitante (BRASIL, 2009). Este estudo avaliará a ação da antocianina, vitamina E, fibras e macro nutrientes na prevenção e tratamento do câncer. 2 FISIOPATOLOGIA DO CÂNCER O câncer também conhecido por neoplasia maligna é um conjunto de varias doenças diferentes, que se caracterizam por um acúmulo de células em um único lugar multiplicando se de forma alternada, com o DNA alterado (WAITZBERG, 2006). Segundo Cuppari (2005), dados da organização mundial da saúde (OMS) revelam que o câncer atinge cerca de 9 milhões de pessoas, matando aproximadamente, 5 milhões, sendo classificada como a 2a maior causa de morte por doenças dos países sub e desenvolvidos, abrangendo o Brasil. A OMS alerta para o aumento dos índices de incidência desta doença, aconselhando-se que medidas preventivas sejam tomadas o mais rápido possível para o controle imediato (CUPPARI, 2005). Os fatores causadores do câncer podem ser divididos em fatores internos e externos. As causas internas estão relacionadas a hormônios, capacidade imunológica de se defender, em outras palavras hereditariedade, alguns indivíduos são mais propensos a desenvolver o câncer quando expostos ao agente causador. As causas externas envolvem mais fatores do ambiente, como cigarro, radiação ultravioleta, vírus e fatores comportamentais como a dieta. Essas causas externas correspondem de 80% a 90% dos casos (BRASIL, 2011a). De acordo com Garófolo et al, (2004), a alimentação é um dos fatores ambientais que mais contribuem para o aparecimento do câncer sendo responsável por 35% das causas por câncer seguidos pelo tabagismo com 30% e outra causas 5%. Outro fator que está relacionado ao aparecimento das neoplasias são os radicais livres que são moléculas reativas com um elétron desemparelhado na última camada (MARTINEZ et al; 2009). Esses radicais livres podem ser endógenos originados como resultado da atividade de enzimas e outros processos biológicos. Os exógenos podem ser devido a poluição do ar, tabaco entre outras. Esses radicais reativos podem agir sobre lipídios principalmente poliinsaturados que são vulneráveis devido a varias duplas ligações presentes na molécula, causando então a peroxidação lipídica. As proteínas podem sofrer alterações causadas pela ativação ou inativação de enzimas. No DNA são observadas alterações que acarretam em mutações do material genético (SOARES, 2002). Os radicais livres estão presentes principalmente na fase de iniciação e progressão, alterando genes chaves do controle do ciclo celular desencadeando um descontrole na proliferação destas células (RIBEIRO et al; 2007). O ciclo celular é dividido em G1, G0, S, G2 e Mitose. Em G1 a célula se prepara para a divisão aumentada de seu volume, nesta parte temos o primeiro ponto de checagem, onde é averiguado se não há nenhum dano no material genético e se houver a célula entra em G0 onde fica na forma latente. Depois da checagem a célula passa para a fase S quando começa a duplicação celular. Logo em seguida a célula passa para G2 que é outra fase em que a célula continua se preparando para a duplicação e onde temos novamente o ponto de checagem. Por fim temos a fase M (mitose) quando a célula termina a duplicação, então o ciclo recomeça (BRASILIERO FILHO, 2009). As neoplasias surgem devido a falhas em duas classes de genes os protooncogenes que produzem proteínas que atuam na estimulando a divisão celular (presentes no ponto de checagem) e os genes supressoresque produzem outras proteínas que atuam inibindo a divisão celular. Alterações nesses dois genes acarretam em divisão descontrolada de células anômalas (WAITZBERG, 2006). A iniciação da divisão celular é uma etapa rápida em que agentes iniciadores (físicos ou químicos) lesão à célula, atingindo genes chaves que regulam o crescimento celular. A iniciação por si só não pode causar o câncer. Na promoção temos o desenvolvimento espacial dessas células alteradas, essa fase é considerada longa e reversível em que é preciso que se tenham contatos repetidos com carcinogênos para que seu desenvolvimento aconteça. Por fim, tem-se a progressão, fase final da carcinogênese, essa etapa é irreversível, e resulta da transformação e acúmulo de células neoplásicas (BRASIL, 2012). O câncer é uma doença que causa grandes alterações no metabolismo de seu hospedeiro, uma delas é o hipermetabolismo que aumenta o gasto energético do paciente levando-o a problemas mais graves como a desnutrição e a caquexia (TOSCANO et al; 2008). Ocorrem também alterações no metabolismo de alguns nutrientes como o carboidrato, proteína e lipídios que são bastante consideráveis. Em relação ao carboidrato encontram-se duas alterações relevantes, a gliconeogênese que ocorre devido um aumento da glicose na corrente sanguínea que faz com essa glicose seja armazenada. E a intolerância a glicose que ocorrem em mais da metade (60%) dos pacientes com câncer, isso se deve a uma sensibilidade reduzida do tecido periférico à insulina, devido mudanças no comportamento do sinalizador da glicose. Esse aumento da glicose é considerado como diabetes-like que ocorre especificamente em paciente com câncer (WAITZBERG, 2006). Em relação às proteínas há perda acelerada de massa magra com uma rápida depleção de proteína e um aumento do turnover. Os aminoácidos retirados do musculo, devido a gliconeogenese, resulta em 50% a 80% de perda de massa muscular no paciente portador (TOSCANO et al; 2008). No metabolismo de lipídeo também temos a presença do turnover. A enzima responsável pelo transporte de triglicerídeos para dentro dos adipócitos é inibida e há o estimulo da hidrolise nos tecidos adiposos. Isso tudo resulta em aumento da lipólise que eleva a quantidade de lipídios na corrente sanguínea (WAITZBERG, 2006). No câncer existem alguns distúrbios comuns são eles: a desnutrição, anorexia, caquexia. A desnutrição é uma consequência da perda de peso devido ao hipercatabolismo, fazendo com que as reservas do tecido adiposo sejam mobilizadas preservando o tecido muscular, está presente em parte dos pacientes no momento do diagnostico e em todos que vêm a óbito (WAITZBERG, 2006). A desnutrição nem sempre vem sozinha geralmente encontramos outras doenças associadas como à anorexia que é um distúrbio em que a perda de apetite com o aumento da saciedade devido a fatores que agem sobre o hipotálamo, agravando mais ainda o quadro de desnutrição. Sabemos que anorexia pode ser causada pelo aumento de citosinas (Interleucinas e fator de necrose tumoral) na corrente sanguínea, liberadas pelo sistema imunológico na tentativa de eliminar o tumor (SILVA, 2006). Tem-se também a caquexia que é a desnutrição grave associada com anorexia e astenia. Na caquexia temos a mobilização de tecido muscular tanto quanto de tecido adiposo, o que piora o estado do paciente (SILVA, 2006). A caquexia pode ser classificada em primária que envolve a degradação do tecido adiposo e tecido muscular, e em secundária quando se tem a redução na ingestão de alimentos e absorção de nutrientes. Os dois tipos de caquexia podem aparecer em um único paciente (KOWATA et al; 2009). O câncer é uma doença que esta diretamente relacionada à alimentação, podendo esta prevenir sua ocorrência ou mesmo melhorar a qualidade de vida de pacientes oncológicos. Dentre os alimentos podemos citar o açaí que contém vários nutrientes que auxiliam na prevenção e tratamento do câncer. 3 BENEFÍCIOS, MECANISMOS DE AÇÃO E COMPONENTES DO AÇAÍ O açaí é o fruto do açaizeiro (Euterpe Olearacea) uma palmeira muito encontrada nas várzeas do rio Amazonas (EMBRAPA, 2010). O açaí é uma fruta típica da região, caracteriza-se por ser pequena, de forma arredondada e de cor escura, além de ser considerada uma furta calórica, pois contém aproximadamente 247kcal/100g de açaí (PAULA, 2007). Este fruto possui propriedades nutricionais muito importantes. Sendo uma ótima fonte de proteínas, lipídios, fibras, vitamina E, minerais e uma excelente fonte de antocianinas (EMBRAFARMA, 2010). Abaixo será descrito alguns componentes mais relevantes do açaí que estão presentes em maiores quantidades. O açaí contém quantidades significativas de antocianinas que pertencem ao grupo dos flavonoides que por sua vez pertencem ao grupo dos compostos fenólicos (SOARES, 2002). Essa quantidade de antocianinas chega até 30 vezes mais que o encontrado em vinho tinto, o que torna o açaí um alimento funcional (EMBRAFARMA, 2010). As antocianinas (do grego anthos, flor e kianos, azul) são responsáveis pelas cores: vermelha, violeta e azulada do açaí (RIBEIRO et al; 2011). As antocianinas são compostas de uma aglicona (antocianidina), um grupo de açúcares e, geralmente, um grupo de ácidos orgânicos (SCHULTZ, 2008). Das várias antocianinas conhecidas (20 espécies) que ocorrem naturalmente, apenas seis delas aparecem frequentemente são elas: cianidina, delfinidina, malvidina, peonidina, pelargonidina e petunidina (RIBEIRO et al; 2011). Aquelas que foram encontradas presentes no açaí foram cianidina-3-rutinosideo e cianidina-3- glicosídeo (PAULA, 2007). Esses compostos tem ação antioxidante, pois tem a capacidade de doarem eletros (hidrogênio) para radicais livres altamente reativos que podem causar lesões nas células, isso os tornam importantes, pois minimizam os danos causados ao DNA (SANTOS et al; 2008). Também agem retardando o envelhecimento das células, aumentando sua expectativa de vida e melhorando as defesas imunológicas. Participam no aumento das funções dos antioxidantes endógenos e atuam inibindo a peroxidase lipídica (VOLP et al; 2007). De acordo com Embrafarma (2010), pesquisas realizadas provaram que compostos tendo como principal representante a cianidina-3-glucosideo, existentes no açaí induziram a apoptose em células leucêmicas humanas. O poder dos antioxidantes contra os radicais livres, presentes no açaí são muito maiores do que em outra fruta ou vegetal europeu. De acordo com Cohen (2006), o açaí contém uma quantidade maior de proteínas (3,80g/100g) em relação ao leite e o ovo. E seus aminoácidos se igualam ao do ovo em questão de qualidade. Isso o torna uma ótima fonte de proteínas (alto valor biológico) diferente das demais frutas, que geralmente não tem valor significativo em se tratando de proteínas (PAULA, 2007). Outro nutriente que se destaca são os lipídios que representam 90% das calorias(48,00g/100g) presentes no açaí (PAULA, 2007). Os ácidos graxos presentes no açaí podem ser classificados em monoinsaturados compostos com uma única dupla ligação (60%) que encontram em maior quantidade e poli-insaturados que são compostos com mais de uma dupla ligação (13%) em menor quantidade (COHEN, 2006). Destes ácidos graxos citados podemos encontrar no fruto os ácidos graxos: oleicos com 8,2%, palmítico com 17,5% e linoleico com 1,7% (YUYAMA et al; 2011). Paula (2007), fala sobre o perfil lipídico do açaí comparando-o ao encontrado em oliva. Esse ácido oleico presente em grandes quantidades no fruto exerce um papel muito importante, ele é considerado como fator protetor benéfico à saúde devido a capacidade de reduzir a oxidação do LDL-colesterol (ANGELIS, 2001). O teor de glicídios (glicose, frutose e sacarose) no açaí é pouco assimilável, por isso ele é um alimento que não fornece grande quantidade de energia rapidamente. Esse nutriente também encontra se em pequenas quantidades, elevando minimamente os níveis glicêmicos (SCHULTZ, 2008). De acordo com Paula (2007), essas características presente no açaí torna esse fruto recomendado a pessoas que possuem hiperglicemia. No açaí também está presente as fibras que é o segundo composto com maior abundancia no fruto (3,15g/100g). O tipo de fibra mais comum no fruto é a insolúvel (PAULA, 2007). Essas fibras ajudam no aumento do bolo fecal e na redução do transito intestinal diminuindo o tempo de contato de carcinógenos com as células do intestino prevenindo cânceres como do de colón e reto (HAAS et al; 2007). Estudos tem relatado sobre o fato de as fibras serem fatores de proteção contra o câncer de mama devido à eliminação dos estrogênios. Isso acontece da seguinte forma, as fibras alteram a flora intestinal aumentando a circulação e consequentemente a eliminação dos estrogênios bioativos (PADILHA; PINHEIRO, 2004). O alfa tocoferol (vitamina E) é encontrado em abundancia no açaí com 45mg/100g de matéria seca (PAULA, 2007). A vitamina E é um micronutriente lipossolúvel e que se pode encontrar em varias formas são elas (alfa, beta, gama, delta-tocoferol), a mais ativa delas é o alfa tocoferol, bem distribuída nos tecidos e no plasma (SILVA; NAVES, 2001). Essa vitamina é um dos antioxidantes mais importantes da classe dos não enzimáticos. A vitamina E atua de varias formas na prevenção de doenças. Essa vitamina atua impedindo a peroxidação lipídica. A vitamina E impede que células cancerígenas continuem se desenvolvendo, as neutralizando na fase G1 do ciclo celular onde há maior desenvolvimento celular, levando a apoptose (ROHENKOHL et al; 2011). Tem como função evitar que radicais livres comece uma reação em cadeia que aumentaria mais ainda o numero de células com lesões (BIANCHI; ANTUNES, 1999). O cálcio é o segundo mineral de maior abundancia no açaí com 286mg/100g. Também combate as células neoplásicas. Ele atua no tubo digestivo inibindo a proliferação e induzindo a diferenciação celular. E promovendo a morte das células cancerígenas (FERRARI; TORRES, 2002). O açaí é um fruto considerado funcional devido à presença de nutrientes que beneficiam o organismo, como as antocianinas, fibras, alfa tocoferol, lipídios (monoinsaturadas), proteínas de alto valor biológico que podem ajudar na prevenção e tratamento do câncer. 4 O PAPEL DO NUTRICIONISTA NA PREVENÇÃO E TRATAMENTO CÂNCER De acordo com as pesquisas realizadas pelo ministério da saúde a alimentação do brasileiro mudou muito, tendo um consumo elevado de gorduras, alimentos contendo nitrito e nitrato, alimentos ricos em sódio e baixo consumo de frutas, verduras e cereais (BRASIL, 2009). De acordo com Garófoloet al (2004). A alimentação é um dos fatores ambientais que mais contribuem para o aparecimento do câncer, sendo responsável por 35% das causas de câncer seguidos pelo tabagismo com 30% e outra causas 5%. Verduras e frutas têm sido consideradas como excelente meio de prevenção contra o câncer (GAROFOLO, 2004). Dentre as frutas podemos destacar o açaí que como citado no terceiro capítulo contém nutrientes que ajudam a prevenir o câncer como as antocianinas que induzem apoptose de células cancerígenas, aumentam a função dos antioxidantes endógenos, eliminam os radicais livres que causam danos as células, impedem que lipídios sejam oxidados. Contém fibras que ajudam a prevenir cânceres como de colón e reto diminuindo o tempo de contato de substancias cancerígenas com o intestino. Previnem o câncer de mama eliminando os estrogênios biativos presentes na corrente sanguínea. Também é encontrada a vitamina E que ajuda na eliminação de radicais livres, e evita que reações em cadeia causadas por radicais livres que danificam as células. Neutraliza as células cancerosas na fase G1 impedindo que se desenvolvam. E o cálcio que atua promovendo a apoptose das células cancerígenas, evitando que elas se proliferem. O tratamento curativo do câncer incluem a cirurgia, quimioterapia e radioterapia, que podem interferirno no estado nutricional do paciente, levando a uma preocupação quanto suas necessidades nutricionais, devido à doença e aos tratamentos por qual ela passa. A terapia nutricional vai visar corrigir e tratar esses déficits encontrados (SAMPAIO; SAPRY, 2007). Logo após o diagnóstico o nutricionista entra em ação com orientações, para que se consuma uma dieta adequada com a distribuição de carboidrato que é de 50% a 70% esse valor pode mudar dependendo da presença de hiperglicemia. Os valores de lipídios serão de 30% a 50%. A utilização desses dois nutrientes como fonte de energia (calorias não proteicas) permitirá que a proteínas sejam utilizadas por completo pelo organismo. Os valores de proteínas serão de 1,0 a 2,0g/kg de peso. A distribuição destes nutrientes vai depender muito do estado em que se encontra o paciente com câncer (AUGUSTO et al; 1999). O plano terapêutico da nutrição na fase pré e pós-operatória avalia o estado nutricional do paciente averiguando quais precisarão de suporte nutricional calórica/proteica e quais estão em estado de desnutrição (BRASIL, 2009). A cirurgia, em alguns casos pode ser a única forma de tratar o câncer. Após a cirurgia as necessidades energéticas e proteicas aumentam e para que haja uma cicatrização e recuperação rápida por isso a oferta precisa ser aumentada (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2010). Essas necessidades energéticas podem ser calculadas a partir de algumas fórmulas como as de bolço, o valor varia de acordo com as necessidades de cada um, para manutenção do peso recomenda se 25 a 30 kcal/kg/ de peso, para ganho de peso o valor é de 30 a 35 kcal/kg/dia. Essas recomendações servem tanto para o pré-cirúrgico quanto para o póscirúrgico (BRASIL, 2009). Quanto à proteína a dieta pode ser considerada hiperproteica, nesses casos as necessidades são aumentadas devido ao estresse causado pela doença e a cirurgia, que aceleram a degradação de proteína (BRASIL, 2009). As recomendações serão de 1,0g a 1,5g/kg de peso/ dia, estresse grave de 1,5g a 2,0g/kg/ de peso/dia (MAHAN; SCOTTSTUMP, 2010). A avaliação nutricional na fase de quimioterapia e radioterapia deve ser realizada desde o início até o fim da terapia para rastrear o aparecimento de problemas nutricionais, como a desnutrição. Nesta avaliação temos a avaliação do percentual de perda de peso, analise dos sintomas do trato gastrointestinal, verificação da ingestão e a avaliação subjetiva global (ASG) esta avaliação também pode ser produzida pelo paciente (ASG.P.P) (BRASIL, 2009). Os profissionais de saúde entre eles o nutricionista deve estar atento à interação droga-nutriente, que podem causar efeitos adversos ao paciente (MAHAN; ESCOTTESTUMP, 2010). Os requerimentos energéticos e proteicos podem ser diferentes na quimioterapia e radioterapia dependendo muito do estado da doença. Nesse período a degradação de nutrientes é alta e a depleção de proteína se torna incontrolável, elevando as necessidades diárias deste paciente podendo levar até uma interrupção do tratamento (BRASIL, 2009). A estimativa de calorias e proteínas para paciente em quimioterapia depende muito de seu estado, o nutricionista tem como função avaliar quais são suas necessidades e realizar o cálculo adequado. O Cálculo para manutenção do peso será de 25 a 35 kcal/kg/dia, para ganho de peso 30 a 35 kcal/kg/dia. Já as necessidades de proteínas também se diferenciam de acordo com o estado em que se encontra o enfermo. Para pacientes sem complicações será de 1,0 a 1,2g/kg de peso/dia, com estresse moderado de 1,1 a 1,5g/kg de peso/dia e pacientes em estresse grave 1,5 a 2,0g/kg de peso/dia (BRASIL, 2009). As calorias restantes serão distribuídas em lipídios e carboidratos, deve se levar em considerações questões que levam a modificação das quantidades desses nutrientes como a redução de carboidrato (simples) que ocorre pela resistência a insulina. Essas alterações podem ocorrer em qualquer um dos tratamentos (SAMPAIO; SAPRY, 2007). Podemos encontrar durante os tratamentos algumas alterações comuns como a caquexia e a desnutrição. Na desnutrição encontramos uma mobilização muito grande de tecido adiposo para preservar a massa magra. A caquexia é considerada uma desnutrição energético/proteico em que há tanto a mobilização de gordura como de massa magra (SILVA, 2006). Sabendo que a dieta tanto no tratamento cirúrgico ou quimioterápico e radioterápico deve ser hiperproteica, o açaí então é um alimento que se encaixa nesse padrão uma vez que conforme já citado no terceiro capítulo o mesmo possui grande quantidade de proteínas, sendo que estas são de alto valor biológico, pois seus aminoácidos são semelhantes ao do ovo, sendo assim melhor absorvidas e utilizadas pelo organismo para melhorar o processo de caquexia ou cicatrização. A inapetência pode acontecer em pacientes na fase de tratamento contra o câncer, desta forma este é outro motivo importante para que o açaí seja utilizado por estes pacientes devido a seu alto valor energético permitindo que se consiga consumir em um pequeno volume mais calorias. O nutricionista também atua nos cuidados paliativos que é definido como um tratamento que não tem como foco a cura, mas melhora da qualidade de vida do paciente em fase avançada da doença e da família que o acompanha (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2010). A terapia nutricional consiste em avaliar os sintomas do paciente e seu bem estar. Alguns dos sintomas mais frequentes são dores, constipação, diarreia, inapetência, disgeusia, hiperglicemia que é bastante comum em pacientes avançados (CORRÊIA; SHIBUYA, 2007). Há também a presença de desnutrição, anorexia e caquexia levando a menor tempo de sobrevida. Alguns estudos citam a dieta com alto teor de proteínas de 1,0 a 1,8g de proteína/kg/dia e hipercalórica de 20 a 35 kcal/kg/dia para tentar amenizar a enorme perda ponderal e oferecer benefícios ao paciente durante o tratamento (BRASIL, 2009). O açaí mais uma vez é indicado devido a suas proteínas serem de alto valor biológico, que serão melhor aproveitadas pelo organismo, e seu valor energético elevado pode fornecer quantidades elevadas de calorias em pequenas porções aos pacientes. O nutricionista tem participação indispensável no tratamento com o sobrevivente do câncer. Avaliando seu estado em relação ao peso, exames laboratoriais e alimentação (CUPPARI, 2005). O objetivo deste acompanhamento é evitar a reincidência da doença com medidas preventivas, adotando uma alimentação saudável e estilo de vida adequado. O processo começa pela triagem nutricional, avaliação dos hábitos do individuo, identificando os riscos nutricionais para o retorno da doença (BRASIL, 2011b). Esse acompanhamento deve ser realizado até que o sobrevivente do câncer seja capaz de levar a vida normalmente com suas antigas atividades (MAHAN; SCOTT-STUMP, 2010). Deve ser estimulado o consumo de alimentos preventivos, que contenham nutrientes que previnam o câncer como vitaminas, minerais, fibras, compostos fenólicos. Esses nutrientes podem diretamente e indiretamente oferecer proteção (SAMPAIO; SABRY, 2007). De acordo com Paula (2007) o açaí é um alimento perfeito que mais parece ter sido encomendado pelos nutricionistas. Pois não podemos deixar de perceber seus benefícios referentes à saúde ajudando na prevenção e tratamento do câncer. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho teve como objetivo descrever a influência do açaí na prevenção e tratamento do câncer identificando seus nutrientes (antocianinas, fibras, cálcio, alfa tocoferol, lipídios (monoinsaturados), proteínas de alto valor biológico) e suas respectivas atuação no combate ao câncer, ajudando a prevenir e tratar esta doença respondendo assim ao problema de que o açaí pode ajudar a prevenir e tratar o câncer que é uma enfermidade que atinge grande parte da população do mundo todo, sendo classificada como a segunda causa por doença que mais mata no Brasil. Conclui se que a hipótese de que os componentes do açaí podem ajudar a prevenir e tratar o câncer foi validada. Porém mais estudos precisam ser realizados. ABSTRACT Cancer is one of the diseases that most kills in Brazil. Its cause is multifactorial and may be caused by internal factors (genetic) and external factors (environment), one of the environmental factors have the power as one of the great responsible for the appearance of cancer. The acai berry fruit small rounded dark color contains essential nutrients in the protection and treatment of cancer, such as anthocyanins, vitamin E, fiber, calcium, lipids (monounsaturated), and high biological value proteins that act in various forms against the disease. In this way the nutritionist will intervene with assessments and nutritional guidelines aimed at the consumption of foods like acai, that may help this patient during treatment and supplying their needs during illness. This review aimed to describe the influence of the Acai in the prevention and treatment of cancer. With the problem if the acai berry can help prevent and treat cancer. Validating the hypothesis that the acai berry can help. Keywords: Cancer. AcaÍ. Prevention. Treatment. REFERÊNCIAS ANGELIS, R. C. Novos conceitos em nutrição: Reflexões a respeito do elo dieta e saúde. 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0004- 28032001000400010&script=sci_arttext>. Acesso em: 26. Nov. 2012. AUGUSTO, A. L. P; ALVES, D. C; MANNARINO, I. Terapia nutricional. São Paulo: Atheneu, 1999. BIANCHI, M. L. P; ANTUNES, L. M. G. Radicais livres e os principais antioxidantes da dieta. 1999. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rn/v12n2/v12n2a01.pdf>. Acesso em: 19. Nov. 2012. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. Consenso nacional de nutrição oncológica. 2009. Disponível em: http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/publicacoes/Consenso_Nutricao_internet.pdf>. Acesso em: 22. Ou. 2012. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. Diretrizes para a vigilância do câncer relacionado ao trabalho. 2012. Disponível em: <http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/diretrizes_cancer_ocupa.pdf>. Acesso em: 19. Nov. 2012. BRASILa. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. ABC do câncer. 2011. Disponível em: < http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/abc_do_cancer_2ed.pdf>. Acesso em: 25. Nov. 2012. BRASILb. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER . Consenso nacional de nutrição oncológica volume II. 2011. Disponível em: <http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/consenso_nutricao_vol2.pdf>. Acesso em: 23. Out. 2012. BRASILEIRO FILHO, G. Bogliolo-Patologia geral. 4a Ed. Guanabara Koogan, 2009. COHEN, K.O. Composição química dos alimentos. 2006. Disponível em: <http://www.sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Acai/SistemaProducaoAcai _2ed/paginas/composicao.htm>. Acesso em: 18. Mar. 2012. COHEN, K.O; OLIVEIRA, M. S. P; CHISTÉ, R. C; PALLET. J. P. D; MONTE, D. C. Quantificação do teor de antocianinas totais da polpa de açaí de diferentes populações de açaizeiro. 2006. Disponível em: http://www.cpatu.embrapa.br/publicacoes_online/boletim-depesquisa/2006/quantificacao-do-teor-de-antocianinas-totais-da-polpa-de-acai-de-diferentespopulacoes-de-acaizeiro>. Acesso em: 10. Mai. 2012. CORRÊA, P. H; SHIBUYA, E. Administração da Terapia Nutricional em Cuidados Paliativos. 2007. Disponível em: <http://www.inca.gov.br/rbc/n_53/v03/pdf/revisao2.pdf>. Acesso em: 21. Nov. 2012. 24 CUPPARI, L. Guia de nutrição: Nutrição clinica no adulto. 2a Ed. Barueri, SP: Manole, 2005. EMBRAFARMA. Açaí extrato. 2010. Disponível em: <http://www.embrafarma.com.br/novo/modules/pdf/8e296a067a37563370ded05f5a3bf3e c.pdf>. Acesso em: 23. Out. 2012. FERRARI, C. K. B; TORRES, E. A. F. S. Novos compostos dietéticos com propriedades anticarcinogênicas. 2002. Disponível em: <http://www.inca.gov.br/rbc/n_48/v03/pdf/artigo6.pdf>. Acesso em: 28. Nov. 2012. FERRARI, C. K; TORRES, E. A. F. S. Alimentos funcionais: quando a boa nutrição melhora a nossa saúde. 2002. Disponível <https://cms.ensp.unl.pt/www.ensp.unl.pt/dispositivos-de-apoio/cdi/cdi/sector-depublicacoes/revista/2000-2008/pdfs/2-03-2002.pdf>. Acesso em: 12. Nov. 2012. em: GARÓFOLO, A; AVESANI, C.M; CAMARGO, K. G et al. Dieta e câncer: um enfoque epidemiológico. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s1415- 52732004000400009&script=sci_arttext>. Acesso em: 30. Nov. 2012. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5a Ed.- São Paulo: Atlas, 2010. HAAS, P; FRANCISCO, A. Câncer colo retal no Brasil: consumo de grãos integrais como prevenção. 2007. Disponível em: <http://www.sbac.org.br/pt/pdfs/rbac/rbac_39_03/rbac_39_3_16.pdf>. Acesso em: 15. Nov. 2012. KOWATA, C. H; BENEDETTI, G. V; TRAVAGLIA, T; ARAÚJO, E. J. A. Fisiopatologia da caquexia no câncer: uma revisão. 2009. Disponível em <http://revistas.unipar.br/saude/article/viewFile/3210/2248>. Acesso em: 28. Nov. 2012. MAHAN, L. K; ESCOTT-STUMP, S. Krause: Alimentos, Nutrição e dietoterapia. 12a ed. Rio de janeiro: Elservier, 2010. MARTINEZ, C. A. R; CORDEIRO, A. T; PRIOLLI, D. G. Avaliação da expressão tecidual do gene de reparo mlh1 e dos níveis de dano oxidativo ao dna em doentes com câncer colorretal. 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-98802009000300004>. Acesso em: 23. Nov. 2012. PADILHA, P. C; PINHEIRO, R. L. O papel dos alimentos funcionais na prevenção e controle do câncer de mama. 2004. Disponível http://www.inca.gov.br/rbc/n_50/v03/pdf/REVISAO3.pdf. Acesso em: 23. Out. 2012. em: PAULA, G. A. Caracterização físico- química e estudo do escurecimento enzimático em produto derivados de açaí. 2007. Disponível em: <http://www.ppgcta.ufc.br/gabrielapaula.pdf>. Acesso em: 12. Nov. 2012. 25 RIBEIRO, L. O; MENDES, M. F; PEREIRA, C. S. S. P. avaliação da composição centesimal, mineral e teor de antocianinas da polpa de Juçaí (Euterpe edulisMartius). 2011. Disponível em: <http://www.uss.br/revistateccen/v4n32011/pdf/001_Avaliacao_composicao_centesimal.pdf>. Acesso em: 13. Out. 2012. RIBEIRO, M. L; PRIOLLI, D. G; MIRANDA, D. D. C. Avaliação do dano oxidativo ao dna de células normais e neoplásicas da mucosa cólica de doentes com câncer colorretal. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101- 98802007000400005>. Acesso em: 21. Nov. de 2012. ROHENKOHL, C. C; CARNIEL, A. P; COLPO, E. Consumo de antioxidantes durante tratamento quimioterápico. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/abcd/v24n2/a04v24n2.pdf>. Acesso em: 24. Out. de 2012. SAMPAIO, H. A. C; SABRY, M. O. D. Nutrição em doenças crônicas. São Paulo: Atheneu, 2007. SANTOS, G. M; MAIA, G. A; SOUSA, P. H. M et al. Correlação entre atividade antioxidante e compostos bioativos de polpas comerciais de açaí (Euterpe oleracea Mart). 2008. Disponível em: <http://www.scielo.org.ve/pdf/alan/v58n2/art11.pdf>. Acesso em: 13. Out. 2012. SCHULTZ, J. Compostos fenólicos, antocianinas e atividade antioxidante de açaís de Euterpe edulisMartius e Euterpe oleraceaMartius submetidos a tratamentos para sua conservação. 2008. Disponível em: <http://www.tcc.cca.ufsc.br/agronomia/ragr046.pdf>. Acesso em 20. Out. 2012. SILVA, C. R. M; NAVES, M. M. V. Suplementação de vitaminas na prevenção de câncer. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415- 52732001000200007&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em 24. Out. 2012. SILVA, M. P. N. Síndrome da anorexia-caquexia em portadores de câncer. 2006. Disponível em: <http://www.inca.gov.br/rbc/n_52/v01/pdf/revisao3.pdf>. Acesso em: 12. Out. 2012. SOARES, S. E. Ácidos fenólicos como antioxidantes. 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141552732002000100008&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 24. Nov. 2012. TOSCANO, B. A. F; COELHO, M. S; ABREU, H. B et al. Câncer: implicações nutricionais. 2008. Disponível em: <http://www.dominioprovisorio.net.br/pesquisa/revista/2008Vol19_2art10cancer.pdf>. Acesso em: 30. Set. 2012. VOLP, A. C. P; RENHE, I. R. T; BARRA, K et al. Flavonóides antocianinas: característicasepropriedades na nutrição e saúde. 2007. Disponível em<http://www.funcionali.com/php/admin/uploaddeartigos/Flavonoides%20antocianinas%20 nutri%C3%A7%C3%A3o%20e%20sa%C3%BAde.pdf>. Acesso em: 23. Nov. 2012. WAITZBERG, D. L. Dieta, Nutrição e Câncer. São Paulo: Atheneu, 2006. YUYAMA, L. K. O; AGUIAR, J. P. L, SILVA FILHO, D. F. Caracterização físico-química do suco de açaí de Euterpe precatoria Mart: Oriundo de diferentes ecossistemas amazônicos. 2011. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0044- 59672011000400011>. Acesso em: 29. Nov. 2012.