TRATAMENTO COM ELETROLIPOFORESE PARA FIBRO EDEMA GELÓIDE EM REGIÃO GLÚTEA RINALDI, C. L.W.; SPESSATO, L. C. Resumo: O objetivo do presente estudo foi avaliar o benefício da eletrolipoforese no tratamento do fibro edema gelóide grau II em região glútea. Foram selecionadas 10 mulheres com idade entre 25 e 35 anos. Foram realizadas 20 sessões de 30 minutos 2 vezes semanais. Os resultados foram obtidos através de uma análise cega. Em relação à melhora da celulite foi classificada em mais de 50% pelos avaliadores. Assim podemos concluir que o tratamento com a eletrolipoforese foi eficaz. Palavras Chaves: Eletroterapia, Fisioterapia dermatofuncional, Lipodistrofia ginóide Introdução: As mulheres cada dia estão em busca do corpo perfeito, a lipodistrofia ginóide é considerada uma patologia multifatorial que impede esta perfeição (CORRÊA, 2005; DAMASCENO et al., 2005). O Fibro Edema Gelóide (FEG) surge devido a uma desordem dos adipócitos que irão reter lipídios e estimular a retenção de líquido aumentando o volume das células, consequentemente comprimindo vasos e comprometendo a circulação sanguínea. A elasticidade da pele também é comprometida, pois há rompimento das fibras colágenas que são responsáveis pela sustentação da pele, e este rompimento que da a forma de ondulação na pele (WEIMANN, 2004). De acordo com Guirro e Guirro (2007), as alterações que ocorrem no tecido adiposo são divididas em quatro fases: a primeira ocorre a hipertrofia das células adiposas, dificultando a drenagem de líquidos que resultará em congestão; a segunda fase é caracterizada pelo tecido espesso de consistência gelatinosa; já na terceira fase irá ocorrer a fibrose do tecido e na quarta e última fase o tecido fica esclerosado, duro e dolorido. Segundo Soriano et al. (2000), eletrolipoforese é uma técnica que utiliza uma microcorrente de baixa freqüência que atinge diretamente os adipócitos e lipídios acumulados, favorecendo sua destruição e eliminação. Borges (2010) relatou que a eletrolipoforese quando aplicada utilizando agulhas de acupuntura gera um campo elétrico promovendo algumas manifestações: efeito joule: ocorre aumento da temperatura local, gerando vasodilatação e aumento do fluxo sanguíneo; efeito eletrolítico: o campo elétrico gerado pela corrente faz o aumento da permeabilidade da membrana celular facilitando a movimentação iônica; efeito estímulo circulatório: aumenta a temperatura local ocorre a vasodilatação e ativa a microcirculação; efeito neuro – hormonal: durante a lipólise ocorre a estimulação do sistema nervoso simpático, liberando catecolaminas e AMP cíclico ocorrendo maior quebra de triglicerídeos com conseqüente liberação de glicerol na urina, sendo que o glicerol não é encontrado na urina do ser humano em condições normais, o que comprova a lipólise. Objetivo: Avaliar os benefícios da eletrolipoforese com agulhas no tratamento do FEG grau II em região glútea. Materiais e Métodos: O estudo é de caráter experimental, e foi aceito pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos, sob o parecer 250.722. As voluntárias foram esclarecidas sobre as características do estudo, concordaram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e o Termo de Autorização do Uso de Imagem. Critérios de inclusão: gênero feminino, sedentárias, presença de FEG grau II em região glútea, IMC entre 18 e 25 kg/m², utilizando anticoncepcional e não estar em dieta alimentar. Critérios de exclusão: estar realizando outro tratamento dermatofuncional, tabagista, utilizar medicamentos para emagrecimento, gravidez. Foram selecionadas 10 mulheres, com idade entre 25 e 35 anos, sendo avaliadas através do Protocolo de Avaliação do Fibro Edema Gelóide (PAFEG) proposto por Meyer et al. (2005). O PAFEG foi composto de anamnese e exame físico, contendo inspeção e palpação, ambos realizados em posição ortostática. No exame físico foram coletados os dados: peso, altura, IMC e cirtometria de quadril. O registro fotográfico foi realizado utilizando calcinhas descartáveis, na posição ortostática, com a máquina fotográfica sobre um tripé, 75 cm de altura e 1 metro de distância das pacientes, fundo azul com iluminação vinda de cima, foram fotografadas com e sem contração muscular glútea. Foi realizado uma escala de satisfação pessoal antes e após o tratamento, sendo 0 nenhuma satisfação pessoal e 10 máxima satisfação na escala. O tratamento foi realizado com o aparelho de eletrolipoforese (Bioset) calibrado para 30 minutos, com largura de pulso de 300 µs e frequência de 25HZ com intensidade variável entre 0,1 a 1,0 mA, regulada de acordo com a tolerância de cada paciente. As voluntárias foram posicionadas de decúbito ventral, com a região glútea despida, sendo realizada uma esfoliação, seguido de uma assepsia com álcool 70%, após foram inseridas agulhas (7,5 cm de comprimento/ 0,3 mm de diâmetro), com distância de 5 centímetro entre elas; a quantidade de agulhas variou de acordo com a área a ser tratada. Foi feita a reavaliação com os mesmo critérios e instrumentos de avaliação citados anteriormente. As fotos foram submetidas à análise cega por três fisioterapeutas, independente da área de atuação dos mesmos, escolhidos aleatoriamente. Resultados: A amostra foi constituída de 7 voluntárias ao final do estudo, havendo desistência por parte de 3 voluntarias devido a incompatibilidade de horários. Em relação à escala de satisfação pessoal, numerada de 0 a 10 pontos, comparando-se antes e após o tratamento, 100% das voluntárias relataram melhora. Quanto à cirtometria de quadril, 57,1% das pacientes tiveram diminuição da medida, e a média dessa redução foi de 0,9 cm. As fotos foram distribuídas aleatoriamente. Inicialmente, os profissionais deveriam decidir sobre qual foto se referia a antes e depois do tratamento. Dois de três avaliadores acertaram mais de 50% com relação às fotos sem contração das pacientes que passaram por tratamento, como mostra na tabela 01. Tabela 01- Porcentagem de acertos e erros com relação às fotos de antes e depois do tratamento (A e B) sem contração muscular. AVALIADOR ACERTOS ERROS AVALIADOR 1 42,8% 57,2% AVALIADOR 2 57,2 % 42,8% AVALIADOR 3 57, 2 % 42,8% Em relação às fotos com contração de glúteo, todos os avaliadores tiveram mais de 70% de acertos na comparação de qual das pacientes já havia passado por tratamento, visto na tabela 02. Tabela 02- Porcentagem de acertos e erros com relação às fotos de antes e depois do tratamento (A e B) com contração muscular. AVALIADOR ACERTOS ERROS AVALIADOR 1 85,7% 14,3% AVALIADOR 2 71,4% 28,6% AVALIADOR 3 85,7% 14,3% Foi verificada uma melhora pelos três avaliadores, porém o avaliador 1 classificou que 57,2% das pacientes tiveram uma moderada melhora, enquanto os avaliadores 2 e 3, classificaram que 57,2% das pacientes tiveram pouca melhora (tabela 03). Tabela 03 – Valores percentuais celulite. AVALIADOR NENHUMA AVALIADOR 1 AVALIADOR 2 14,3% AVALIADOR 3 - relacionados à ocorrência de melhora da POUCA 42,8% 57,2% 57,2% MODERADA 57,2% 28,5% 28,5% MUITA 14,3% Sobre a quantidade de furos, os três pesquisadores responderam que houve pouca melhora na quantidade. O avaliador 1 com 71,5%, o avaliador 2 com 85,7% e o avaliador 3 com 57,2% como mostra a tabela 04. Tabela 04 – Valores percentuais relacionados à diminuição da quantidade de furos do FEG. AVALIADOR NENHUMA POUCA MODERADA MUITA AVALIADOR 1 71,5% 28,5% AVALIADOR 2 14,3% 85,7% AVALIADOR 3 28,5% 57,2% 14,3% Conclusão: Ao final deste estudo, podemos concluir que 100% das mulheres tratadas relataram melhora do nível de satisfação pessoal. No entanto, em relação à análise cega das fotos houve melhora nas variáveis analisadas, que melhoraram em torno de 50% a 60%. Assim, podemos concluir que o tratamento com a eletrolipoforese foi eficaz, causando pouca à moderada melhora nos indivíduos tratados. No entanto, devido ao tamanho da amostra sugere-se que novos estudos sejam realizados para melhor comprovação dos resultados obtidos. Referências: BORGES, F.S. Dermato funcional: Modalidades Terapêuticas nas Disfunções Estéticas. São Paulo: Phorte, 2010. CORRÊA, M. B. Efeitos obtidos com a aplicação do ultra-som associado à fonoforese no tratamento do fibro edema gelóide. Trabalho de Conclusão do Curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina – CAMPUS TUBARÃO,2005. DAMASCENO, V. O. et al. Tipo físico ideal e satisfação com a imagem corporal de praticantes de caminhada. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, Juiz de Fora, v.11, n.3, p.181-186, mai/jun, 2005. GUIRRO, E. C. O.; GUIRRO, R. R. J. Fisioterapia Dermato-Funcional: fundamentos, recursos, patologias. 3. ed. São Paulo, SP: Manole. 2007. MEYER, P. F.; LISBOA, F. L.; ALVES M. C. R.; Avelino M. B. et al. Desenvolvimento e aplicação de um protocolo de avaliação fisioterapêutica em pacientes com fibro edema geloide. Fisioter Mov. 2005; 18(1):75-83. SORIANO, M. C. D.; PÉREZ, S. C.; BAQUES, M. I. C. Electroestética Profissional Aplicada: Teoria y Practica para La Utilización de Corrientes em Estética. Espanha, Sorisa, 2000, p.120-123. WEIMANN, L. Análise da eficácia do ultra-som terapêutico na redução do fibro edema geloide. [Monografia]. Paraná: Universidade do Oeste do Paraná; 2004.