ABORDAGEM DIDÁTICA SOBRE BIOINDICADORES EM ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS Souza, T.G.S. (1); Verçosa, C.J. (2); Souza. C.M. (1); Moura, D.F. (1); Silva Filho, T. P. (1); Neves, R.F. (1) [email protected] (1) Núcleo de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, Centro Acadêmico de Vitória, Vitória de Santo Antão – PE, Brasil; (2) Instituto de Ciências Biológicas, Universidade de Pernambuco – UPE, Recife – PE, Brasil. RESUMO O crescimento acelerado das cidades nas últimas décadas tem alterado fortemente os ecossistemas aquáticos, tornando-se indispensável o monitoramento biológico nesses ambientes. Esse monitoramento é realizado por meio de bioindicadores, como alguns animais, os quais fornecem dados concretos sobre a qualidade de água. Tomando por base que os recursos naturais são finitos, é necessária uma proposta de uma Educação Ambiental que instrua o indivíduo a conservar os recursos naturais, utilizando com consciência. Foi objetivo deste trabalho, desenvolver uma sequência de ensino- aprendizagem sobre a importância de animais que atuam como bioindicadores no monitoramento dos ecossistemas aquáticos, com estudantes da Educação Básica. O processo intervencionista foi realizado por meio de sequências didáticas, elencada por debates, vídeos, dinâmicas e produção de recursos audiovisuais. Foram realizadas discussões antes e depois do desenvolvimento das sequências didáticas, os relatos foram gravados. Assim, tornou-se possível fazer uma comparação, analisando a eficiência das intervenções realizadas, avaliando as mudanças de posturas dos estudantes Resumos Expandidos do I CONICBIO / II CONABIO / VI SIMCBIO (v.2) Universidade Católica de Pernambuco - Recife - PE - Brasil - 11 a 14 de novembro de 2013 acerca do tema abordado. A proposta permitiu que os alunos desenvolvessem competências sobre o uso consciente dos recursos naturais, estimulando o pensamento crítico, as mudanças na sua postura como cidadão em relação ao meio ambiente e o equilíbrio dos ecossistemas. Palavras-chave: Água, Educação Ambiental, Sequências Pedagógicas. INTRODUÇÃO O crescimento acelerado das cidades e a falta de senso crítico têm propagado o desequilíbrio sobre melhor maneira do uso dos recursos naturais, em que rios, córregos, lagos e até mesmo reservatórios sofrem grandes impactos por esse aumento desordenado de atividades humanas (McALLISTER et al., 1997). Atualmente, é difícil encontrar um ecossistema que não tenha sofrido influências antrópicas, cujo resultado representa uma queda acentuada da biodiversidade aquática, uma desestruturação do ambiente físico, químico e alterações na dinâmica e estrutura das comunidades biológicas (CALLISTO et al., 2001). Um ambiente extremamente rico em biodiversidade, mas que tem sofrido com essas alterações humanas são os recursos hídricos. Segundo documento da Organização das Nações Unidas (ONU), Agenda 21 (CNUMAD, 1992, p.333), “a utilização da água deve ter como prioridades a satisfação das necessidades básicas e a preservação dos ecossistemas”. Assim, evitar a contaminação de fontes de água potável é extremamente indispensável para que ocorra uma saúde pública de qualidade, consequentemente, uma diminuição nos gastos com os 2 Resumos Expandidos do I CONICBIO / II CONABIO / VI SIMCBIO (v.2) Universidade Católica de Pernambuco - Recife - PE - Brasil - 11 a 14 de novembro de 2013 tratamentos de doenças causadas pela poluição e diminuição dos gastos para tratamento de águas. Contudo, o que se tem observado é um forte crescimento das fontes poluidoras, em especial o lançamento de esgotos e efluentes industriais nos leitos dos rios. A avaliação dos impactos ambientais em ecossistemas aquáticos tem sido desenvolvida através de medições nas concentrações físicoquímicas da água. Essa forma de monitoramento traz algumas vantagens, porém, a amostragem das variáveis físicas e químicas fornece somente uma fotografia momentânea do que pode ser uma situação altamente dinâmica (WHITFIELD, 2001). Ainda que as medidas físicas e químicas de coluna d’água retratem o “status” de um ecossistema, o ideal é a associação desses métodos com métodos biológicos, permitindo uma caracterização mais completa, muitas vezes necessária para o manejo adequado dos recursos hídricos existentes (POMPEU et al., 2004). A Agência de Controle Ambiental dos Estados Unidos (U.S. Environmental Protection Agency – USEPA) e a Diretriz da União Européia (94C 222/06, 10 de agosto de 1994) recomendam a utilização de bioindicadores como complemento às informações sobre a qualidade das águas (USEPA, 1996). O Monitoramento Biológico é realizado principalmente através da aplicação de diferentes protocolos de avaliação, índices biológicos e 3 Resumos Expandidos do I CONICBIO / II CONABIO / VI SIMCBIO (v.2) Universidade Católica de Pernambuco - Recife - PE - Brasil - 11 a 14 de novembro de 2013 multimétricos, tendo como base a utilização de bioindicadores de qualidade de água e hábitat. Os principais métodos envolvidos abrangem o levantamento e avaliação de modificações na riqueza de espécies e índices de diversidade; abundância de organismos resistentes; perda de espécies sensíveis; medidas de produtividade primária e secundária; entre outros (BARBOUR et al., 1999). A presença, quantidade e distribuição dos bioindicadores indicam a magnitude de impactos ambientais em um ecossistema aquático e sua bacia de drenagem (CALLISTO et al., 2001). Considerando os recursos naturais como finitos e insuficientes para suprir as crescentes demandas da sociedade, e que o ecossistema aquático vem sendo cada vez mais degradado devido às ações antrópicas nesses recursos naturais. O desenvolvimento de ações num estímulo a prática de Educação Ambiental corroboram para minimizar os problemas causados ao ambiente, sendo prática bastante difundida nas escolas públicas. As ações intervencionistas no viés da Educação Ambiental estimulam o processo de formação e informação dos estudantes, orientando-os para o desenvolvimento de uma consciência crítica sobre questões ambientais. As atividades impulsionam a mudanças de posturas e participação das comunidades, na conservação e no equilíbrio ambiental. 4 Resumos Expandidos do I CONICBIO / II CONABIO / VI SIMCBIO (v.2) Universidade Católica de Pernambuco - Recife - PE - Brasil - 11 a 14 de novembro de 2013 Oportunizar para sala de aula temas da contemporaneidade sobre assuntos relacionados ao Meio Ambiente possibilita aos estudantes confrontos de ideias e posicionamento sobre seu papel como cidadão. O tema bioindicadores pode ser uma temática relevante nessa perspectiva e por ser pouco abordada na escola acaba por instituir curiosidade, fato que nos instiga a pesquisa sobre o referido tema. Para tanto, a utilização de sequências de ensino-aprendizagem ou sequências didáticas no ensino de Ciências e Biologia pode contribuir com maior efetividade nas práticas educacionais. Essas intervenções educativas visam o ensino e a aprendizagem de tópicos específicos (PIETROCOLA, 2000). As sequências didáticas têm sido estruturadas há mais de duas décadas, mas atualmente há um crescente interesse pela comunidade de educação em ciências, uma vez que consistem em estratégias que possibilitam a união entre a pesquisa e a prática, com o objetivo de ajudar os estudantes a compreender o conhecimento científico (MEHEUT & PSILLOS, 2004). Assim, o presente trabalho teve como objetivo desenvolver uma sequência didática com estudantes da Educação Básica sobre a importância de animais bioindicadores no monitoramento dos ecossistemas aquáticos. MATERIAL E MÉTODOS 5 Resumos Expandidos do I CONICBIO / II CONABIO / VI SIMCBIO (v.2) Universidade Católica de Pernambuco - Recife - PE - Brasil - 11 a 14 de novembro de 2013 Os procedimentos metodológicos desenvolvidos neste trabalho foram realizados em escolas públicas da rede estadual de ensino, no município de Vitória de Santo Antão-PE, tendo como público-alvo alunos da Educação Básica (Ensino Fundamental e Ensino Médio). A priori promoveu-se um debate em sala de aula, o qual foi conduzido por meio de questões pré-elaboradas acerca dos temas: atividades antrópicas sobre os recursos naturais, poluição dos ecossistemas aquáticos, equilíbrio ambiental e bioindicadores. Por meio de aulas teórico-expositivas possibilitou aos estudantes expor seus conhecimentos prévios oralmente. Essa técnica está baseada na Teoria da Aprendizagem Significativa de David Ausubel, pela qual estabelece como princípio base que o fator mais importante do indivíduo é aquilo que ele já sabe, oriundo do seu conhecimento prévio (AUSUBEL et al., 1980). As opiniões relatadas pelos alunos durante o debate foram registradas em forma de gravações, para posterior análise. Em seguida, realizou-se uma intervenção, focando os conceitos e a importância do monitoramento do ecossistema aquático com animais bioindicadores. Nesse momento realizou-se uma aula expositiva com recursos áudios-visuais, para melhor compreensão sobre a ação desses bioindicadores no ambiente; produção de cartazes autoexplicativos para serem distribuídos na escola e difundir o conhecimento para outros 6 Resumos Expandidos do I CONICBIO / II CONABIO / VI SIMCBIO (v.2) Universidade Católica de Pernambuco - Recife - PE - Brasil - 11 a 14 de novembro de 2013 estudantes. Por fim, foi realizada uma dinâmica com os alunos, a fim de consolidar ainda mais os conhecimentos abordados em sala. Na sequência, após o cumprimento das atividades desempenhadas com os alunos foi realizada uma nova discussão, na qual se tomou como base as mesmas questões abordadas no primeiro debate feito com a turma. Assim, tornou-se possível fazer uma comparação entre os relatos gravados antes e depois das intervenções realizadas, avaliando as mudanças de posturas dos estudantes acerca do tema abordado. RESULTADOS E DISCUSSÃO Pode-se observar que no primeiro encontro, os alunos apresentaram conflitos conceituais e carência de informações quando, por exemplo, questionados sobre os assuntos acerca das funções, importâncias e exemplos de animais bioindicadores. Assim, os discentes mostraram-se totalmente inseguros para participar do debate feito no início. Após a intervenção didática, os alunos se mostravam bastantes interessados, participativos e questionadores. Os discentes compreenderam de forma satisfatória e eficaz a importância dos bioindicadores no monitoramento de ecossistemas aquáticos (Figura 1). 7 Resumos Expandidos do I CONICBIO / II CONABIO / VI SIMCBIO (v.2) Universidade Católica de Pernambuco - Recife - PE - Brasil - 11 a 14 de novembro de 2013 Figura 1. Primeiras etapas da sequência didática (avaliação de sondagem e trabalho de discussão em equipe). Em outro momento, os estudantes foram instigados a refletir sobre a postura cidadã com relação à conservação dos recursos naturais através de mostras audiovisuais. A exibição dos vídeos permitiu maior interesse e participação dos alunos. A linguagem através de imagens e áudios é mais facilmente assimilada e estimula melhor a aprendizagem (MAYER, 2009), (Figura 2). Segundo Moran (2001) o recurso audiovisual pode promover uma aprendizagem eficiente e a utilização desta ferramenta para introdução de novos conteúdos, despertam a curiosidade e a motivação para novos temas. 8 Resumos Expandidos do I CONICBIO / II CONABIO / VI SIMCBIO (v.2) Universidade Católica de Pernambuco - Recife - PE - Brasil - 11 a 14 de novembro de 2013 Figura 2. Exibição de vídeos mostrando como os animais bioindicadores atuam no monitoramento dos ecossistemas aquáticos. Na produção dos cartazes, os alunos puderam consolidar ainda mais seus conhecimentos e expor suas opiniões para outros discentes, difundindo o conhecimento construído em sala (Figura 3). F igura 3. Alunos produzindo e realizando a apresentação dos cartazes. Essa dinâmica da construção coletiva de cartazes propiciou melhor percepção pelos alunos, quanto à aplicação de animais no monitoramento do ecossistema aquático. Também, enfatizou a importância de se trabalhar em grupo, principalmente quando se trata de atividades que visem o desenvolvimento da consciência crítica sobre as questões ambientais e de atividades que levem à participação das comunidades na conservação do equilíbrio ambiental. Por fim, houve um debate final para confronto das ideias prévias com as informações adquiridas durante o processo de intervenção. Nesse caso, ficou evidente a diferença comportamental dos estudantes, visto que 9 Resumos Expandidos do I CONICBIO / II CONABIO / VI SIMCBIO (v.2) Universidade Católica de Pernambuco - Recife - PE - Brasil - 11 a 14 de novembro de 2013 estes se mostraram mais participativos e confiantes para expor suas opiniões. CONCLUSÃO A Educação Ambiental é uma ferramenta fundamental para promover maior sensibilização dos alunos sobre problemas ecológicos, difundindo a influência do homem no equilíbrio ambiental e possibilitando numa mudança atitudinal do indivíduo. As sequências de ensino-aprendizagem proporcionou aos alunos uma construção de conhecimentos direcionados a importância e a valorização dos animais para o monitoramento e equilíbrio no ambiente aquático. Os alunos conseguiram desenvolver competências acerca do tema, além do senso crítico e reflexivo. Apresentaram respostas mais elaboradas voltadas à ação dos animais bioindicadores nos ambientes aquáticos, no que tange a sua importância no ecossistema. REFERÊNCIAS AUSUBEL, D. P.; NOVAK, J. D.; HANESIA, H. Psicologia educacional. Rio de Janeiro: Interamericana, 1980. 10 Resumos Expandidos do I CONICBIO / II CONABIO / VI SIMCBIO (v.2) Universidade Católica de Pernambuco - Recife - PE - Brasil - 11 a 14 de novembro de 2013 BARBOUR, M.T.; GERRITSEN, J.; SNYDER, B.D.; STRIBLING, J.B. Rapid Bioassessment Protocols for Use in Streams and Wadeable Rivers: Periphyton, Benthic Macroinvertebrates and Fish. U.S. Environmental Protection Agency/ Office of Water, 1999. CALLISTO, M.; MORETTI, M.; GOULART, M. D. C. Macroinvertebrados bentônicos como ferramenta para avaliar a saúde de riachos. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v. 6, p. 71-82, 2001. MAYER, R. E. Multimedia learning. 2. Ed. New York: Cambridge University Press. 2009. McALLISTER, D. E.; HAMILTON, A. L.; HARVEY, B. 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