TÍTULO: ADENOMIOMATOSE DE VESÍCULA BILIAR TÍTULO

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TÍTULO: ADENOMIOMATOSE DE VESÍCULA BILIAR
CATEGORIA: CONCLUÍDO
ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE
SUBÁREA: MEDICINA
INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO
AUTOR(ES): RAVENA CAMPOS CÔRTES PAIVA, MAYARA SCHUINDT FERRARI VERAS
ORIENTADOR(ES): VINÍCIUS MAGALHÃES RODRIGUES SILVA
COLABORADOR(ES): DEBORAH CRISTINA GOULART FERREIRA
RESUMO
A adenomiomatose de vesícula biliar é considerada uma condição degenerativa, de
etiologia pouco conhecida, caracterizada por uma proliferação benigna do epitélio da
superfície e hipertrofia da camada muscular. Como métodos do trabalho foram usados
a análise do prontuário do paciente e a revisão da literatura. Ainda que assintomática
na maioria dos casos, alguns pacientes apresentam quadros de dor incaracterística
na porção abdominal superior direita e cólicas acompanhadas de vômitos, além de
intolerância alimentar. O diagnóstico baseia-se nos achados da ultrassonografia
abdominal, como espessamento focal da parede da vesícula, principalmente em
fundo. Contudo, há relatos de que, embora classificada como alteração benigna,
relaciona-se com casos de câncer associados a áreas de adenomiomatose,
sugerindo-se como uma lesão pré-neoplásica. Assim, a colecistectomia deve ser
considerada se o risco cirúrgico não é impeditivo ou até mesmo em pacientes
sintomáticos cujo diagnóstico é duvidoso. Observa-se, então, a importância do
diagnóstico e da investigação precoces e adequadamente realizados, haja vista a
raridade de manifestações como esta, sendo muitas vezes, desconsideradas.
INTRODUÇÃO
A adenomiomatose de vesícula biliar caracteriza-se pela proliferação benigna
do epitélio da superfície e hipertrofia da camada muscular. 1,2 Há presença de
formações semelhantes a glândulas e seios extramurais que consistem em dilatações
saculares da mucosa (denominadas seios de Rokitansky – Aschoff)..1,2,3,7
As anormalidades podem ser difusas, segmentares ou mesmo localizadas.
Pouco se sabe sobre a sua etiologia, sendo considerada uma condição degenerativa
da vesícula biliar, e aventada como hipótese o aparecimento destas dilatações
saculares e/ou invaginações a ocorrência de contração muscular anormal e
consequente aumento da pressão intraluminar.3
A incidência da adenomiomatose na população varia entre 5 a 33%. A maior
parte é encontrada em adultos e idosos.3
Na maioria das vezes, a adenomiomatose é assintomática. 1,7 Quadros de dor
incaracterística na parte superior do abdome à direita e eventuais cólicas
acompanhadas de vômitos, intolerância alimentar e azia, quando não encontradas
outras causas, podem ser atribuídas a essa afecção.3 Ademais, a apresentação mais
comum da adenomiomatose é a dor no quadrante superior direito do abdome, que é
semelhante à dor do cálculo biliar com ou sem colecistite. Essa dor é intermitente e
principalmente auto-limitante.2
O diagnóstico é, na maioria das vezes, sugerido por meio da ultrassonografia
abdominal que identifica espessamento focal da parede da vesícula 2, especialmente
no fundo.4 O exame mais tradicional da vesícula é a colecistografia oral, que mostra
divertículos em torno de sua parede, em número e localizações variáveis, de acordo
com o tipo de adenomiomatose. Nos quadros mais avançados, a vesícula pode
parecer
compartimentalizada.
Pode-se
lançar
mão
ainda
de
tomografia
computadorizada e até ressonância nuclear magnética ou de cintilografia com
tecnécio-99m, geralmente quando há suspeita de adenomiomatose, exclusivamente.3
Em geral, a adenomiomatose não requer tratamento. A colecistectomia
somente é indicada se o paciente apresentar cólicas intensas sem outra explicação
ou quando a adenomiomatose se associa a estenose, litíase ou, mais raramente,
colecistite, preferencialmente por via laparoscópica. ³
Embora tenha sido apontada primeiramente como uma alteração histológica
benigna5,6, relatos de casos de câncer associados a áreas de adenomiomatose –
especialmente no fundo da vesícula – foram descritos, e é sugerido que a
adenomiomatose seja realmente uma lesão pré-neoplásica.5,7 Assim, embora a
magnitude do risco de câncer da vesícula biliar em pacientes com achados
característicos
de
adenomiomatose
não
seja
claramente
estabelecido,
a
colescistectomia deve ser considerada6, se o risco cirúrgico não é impeditivo, já que
o diagnóstico diferencial das lesões malignas não é facilmente realizado por exames
de imagem.4 Até mesmo em pacientes sintomáticos cujo diagnóstico é duvidoso, a
colescistectomia é mandatória.6
OBJETIVO
Relatar o caso de um paciente com adenomiomatose de vesícula biliar.
JUSTIFICATIVA
A adenomiomatose da vesícula biliar é uma entidade rara e pouco descrita na
literatura, sendo assim é fundamental a orientação da pratica clínica para elucidação
da melhor conduta a ser tomada.
METODOLOGIA
Relato de caso com revisão do prontuário (paciente proveniente do ambulatório
de Gastroenterologia do Hospital Electro Bonini – Ribeirão Preto) e da literatura.
RESULTADOS
J. R. S, masculino, 48 anos, pardo, natural de São João Da Serra – PI, residente
de Ribeirão Preto – SP, pedreiro, casado. Realiza acompanhamento médico no
ambulatório de gastroenterologia, no Hospital Electro Bonini em Ribeirão Preto - SP,
com o Dr. Vinícius Magalhães R. Silva, CRM-SP 108.194, desde 2013.
Veio em consulta e relatou na anamnese as seguintes queixas: Dor em região
epigástrica e em hipocôndrio direito, de caráter contínuo e em opressão, de
intensidade 9/10, sem irradiação. A dor piora após períodos sem ingestão alimentar e
em decúbito lateral direito, não melhora com uso de Omeprazol, porém melhora em
decúbito dorsal; nega acordar por esse motivo, mas refere piora no período da noite;
refere ser uma “dor de inflamação” (sic). Refere ainda sensação de empachamento
após as refeições, porém com melhora da dor relatada. Relata ocorrência de
flatulências, aumento dos ruídos hidroaéreos (diariamente, a qualquer hora do dia,
mas principalmente pela manhã, mesmo sem ter se alimentado). Nega perda de peso,
perda de apetite, alteração do hábito intestinal, náusea, vômito, refluxo, tenesmo, dor
e sangramento ao evacuar. Apetite sem alterações.
Ao exame físico: PA de 120-170x80-120 mmHg; abdominal em um primeiro
momento sem alterações e na consulta seguinte com dor à palpação profunda em
epigástrio e hipocôndrio direito; respiratório e cardiovascular sem alterações.
Medicações em uso: Losartana, Luftal e Buscopan em um primeiro momento;
Losartana e Omeprazol (não tendo feito uso da Domperidona) no retorno.
Exames complementares: Ultrassom de rins e vias urinárias, colonoscopia,
exame parasitológico de fezes, sangue oculto nas fezes, radiografia de abdome
simples e dosagem de amilase, todos dentro dos padrões de normalidade. Diante
disso, e segundo o Sheng-Hong Lin et al, o exame padrão indicado sob suspeita da
doença foi o ultrassom de abdome total. Este revelou a vesícula biliar com parede
apresentando espessamento difuso e conclusão de estado ecográfico com achados
que podem corresponder a adenomiomatose de vesícula biliar.
A conduta adotada então, foi o encaminhamento ao cirurgião geral para
agendamento da colecistectomia, o que concorda com a literatura presente em
“Figado e Vias Biliares: Clínica e Cirurgia”, de Antonio Nocchi Kalil et al.
DISCUSSÃO/CONCLUSÃO
Durante a evolução do quadro, em decorrência das supostas hipóteses
diagnósticas, como doença inflamatória intestinal e dor abdominal a esclarecer,
algumas medicações foram prescritas não havendo melhora das dores com o uso das
mesmas, o que elucida o fato de que a adenomiomatose da vesícula biliar não possui
tratamento medicamentoso efetivo e descrito na literatura. Assim, a conduta tomada
foi o encaminhamento para o ambulatório de cirurgia geral visando a realização da
colecistectomia seguindo, dessa maneira, as indicações e o tratamento propostos
pelos dados bibliográficos.
Diante das observações expostas e dos dados da literatura é possível pontuar
a importância de uma investigação e um diagnóstico bem feitos, haja vista que a
ocorrência de manifestações de doenças raras são, muitas vezes, desconsideradas.
Dessa maneira, a publicação deste relato tem como objetivo destacar o quanto uma
doença pode, por vezes, estar mais presente em do que se imagina. O caso de
adenomiomatose da vesícula biliar demonstra, portanto, a importância da identificação
exata de uma entidade clínica para que as condutas possam ser tomadas da melhor
forma possível, visando uma melhora não só na sobrevida do paciente, nesse caso
devido a uma possível evolução do quadro para um carcinoma, como também na
qualidade de vida do mesmo em decorrência do incômodo contínuo gerado pelas
dores.
REFERÊNCIAS:
1. SERMON, A., et al. Symptomatic adenomyomatosis of th gallbladder – report
of a case. Acta Chir Belg. 2003. Ed. 103, v.2, p.225-229.
2. LIN, S.H, et al. Rare gallbladder adenomyomatosis presenting as atypical
cholecystitis: case report. BMC Gastroenterol, 2011 Oct 5;11:106. Disponível
em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3198695/?report=reader>.
Acesso em: 12 maio 2015.
3. KALIL, A. N.; et al. Fígado e Vias Biliares: Clinica e Cirurgia. Editora Revinter,
2001. 620-622 p.
4. ROCHA, Andréa Oxley da. Avaliação da presença de proteína p53 e receptores
de estrogênio e progesterona em espécimes cirúrgicos de vesícula biliar. 2003.
26 p. Dissertação (Mestrado em Medicina: Ciências Médicas) - Universidade
Federal
do
Rio
Grande
do
Sul,
2003.
Disponível
em:
<http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/4296/000399229.pdf?sequ
ence=1>. Acesso em: 5 maio 2015.
5. COSTA, Adriana Lúcia Agnelli Meirelles. Estudo das Alterações Histológicas da
Vesícula Biliar de Doentes Submetidos a Colecistectomia Videolaparoscópica
por Colecistolitíase. 2009. 25,26 p. Dissertação (Mestrado em Ciências) Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo.
6. Pellino
G;
et
al.
Stepwise
approach
and
surgery
for gallbladder adenomyomatosis: a mini-review. Hepatobiliary Pancreat Dis
Int.
2013
Apr;12(2):136-42.
Disponível
em:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23558066. Acesso em: 12.05.2015
7. Torres, O. J. M.; et al. Câncer da Vesícula Biliar. PROACI SEMCAD, 2010,
p.5,9.
Disponível
em:
<http://www.drorlandotorres.com.br/site/arquivos/artigos/PROACI_Cancerdev
esicula.pdf>. Acesso em: 5 maio 2015.
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