PÓS-GRADUAÇÃO FARMACOLOGIA E FARMÁCIA CLÍNICA DISCIPLINA FARMÁCIA CLÍNICA E TERAPÊUTICA DO SISTEMA NERVOSO AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciada pela Portaria MEC nº 1.144 de 12/09/2012 , publicado em D.O.U. de 13/09/2012 DARLEY MARIA OLIVEIRA JUÍNA – MT OUTUBRO/2016 CURRÍCULO RESUMIDO DO PROFESSOR Professora do curso de graduação em Enfermagem da Unic-Sorriso. Possui graduação em Enfermagem pela Universidade do Estado de Mato Grosso (2010). Mestre e Doutoranda em Ciências da Saúde seguindo a linha de pesquisa Farmacologia de Produtos Naturais da Universidade Federal de Mato Grosso. Tem experiência na área de Ciências Biológicas, com ênfase em Farmacologia; Enfermagem aplicada a Farmacologia atuando principalmente nos seguintes temas: Biossegurança, Antimicrobianos, Farmacologia dos Antimicrobianos, Plantas Medicinais. http://lattes.cnpq.br/8210489931873500 EMENTA E BIBLIOGRAFIA Ementa Estudo das principais classes de drogas que atuam sobre o sistema nervoso central e periférico: agentes colinérgicos e anticolinérgico, agentes adrenérgicos e antiadrenérgicos, bloqueadores neuromusculares, ansiolíticos, neurolépticos, antidepressivos, antiparkinsonianos, anticonvulsivantes. Bibliografia Básica GOLAN, D. E.; JR, A. H. T.; ARMSTRONG, A. W.; ARMSTRONG, E. J. Princípios de Farmacologia: a base fisiopatológica da farmacoterapia. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. KATZUNG, B.G. Farmacologia – Básica & Clínica. 9 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. MINNEMAN, K. P.; WECKER, L.; LARNER, J.; BRODY, T. M. Brody - Farmacologia Humana. 4 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. RANG, H. P. ET AL RANG & DALE. Farmacologia. 7 ed: Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. SILVA, PENILDON. Farmacologia. 8 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. STAHL, S. M. Psicofarmacologia: Base Neurocientífica e Aplicações Práticas. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. LAURENCE L. BRUNTON & JOHN S. LAZO & KEITH L. PARKER. Goodman & Gilman: as Bases Farmacológicas da Terapêutica. Editora: McGraw-Hill Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 2 AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciada pela Portaria MEC nº 1.144 de 12/09/2012 , publicado em D.O.U. de 13/09/2012 FARMÁCIA CLÍNICA E TERAPÊUTICA DO SISTEMA NERVOSO 1. INTRODUÇÃO AO SISTEMA NERVOSO O sistema nervoso (SN) controla as funções orgânicas e a integração ao meio ambiente sendo capaz de realizar a intepretação dos estímulos e desencadear respostas adequadas a elas. Possui como divisão anatomofisiológica (fig. 1): Sistema Nervoso Central (SNC) formado pelo encéfalo e medula espinhal, este sistema recebe estímulos de comando e gera respostas. Sistema Nervoso Periférico (SNP) formado por nervos e gânglios que conduzem os estímulos ao SNC ou levam até os órgãos efetuadores das ordens precedidas da porção central. Tem como elementos principais o sistema nervoso autônomo e somático. Figura 1. Divisão esquemática do Sistema Nervoso. Nota: NET (neurotransmissor). A composição do SN é basicamente dois tipos celulares os neurônios (fig. 2), responsáveis por conduzir os impulsos nervosos e as células da glia que participam da sustentação, nutrição, proteção, atividade dos neurônios e formação Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 3 AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciada pela Portaria MEC nº 1.144 de 12/09/2012 , publicado em D.O.U. de 13/09/2012 de tecidos ganglionares, para cada neurônio existem 10 células da glia ao lado (fig.3). Figura 2. Anatomia do Neurônio Figura 3. Células da Glia Esta unidade funcional do SN atua em conjunto realizando a comunicação entre dois neurônios, denominada sinapse. A transferência do impulso nervoso nas sinapses ocorre graças aos neurotransmissores, biomoléculas (substâncias químicas), produzidas pelos neurônios e armazenados nas vesículas sinápticas. Esta rede de sinais químicos oferece muitos alvos para a ação dos fármacos. 2. SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO O SNA é também chamado de visceral, vegetativo ou involuntário porque se encontra, em grande parte, fora da influência do controle voluntário, e, regula importantes processos do organismo humano como controle da pressão arterial, Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 4 AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciada pela Portaria MEC nº 1.144 de 12/09/2012 , publicado em D.O.U. de 13/09/2012 secreção gastrintestinal, produção de urina, sudorese, temperatura corporal e várias outras funções relacionando-se com a manutenção da Homeostase. Subdividido em simpático e parassimpático (fig.1), incapazes de funcionar sem o SNC tem fibras nervosas periféricas distribuídas aos músculos lisos, músculo cardíaco e glândulas, existe também o sistema nervoso entérico que possui capacidade de funcionar sem o SNC, e, consiste em neurônios situados nos plexos intramurais do trato gastrintestinal embora também receba influxos dos sistemas parassimpático e simpático. Os sistemas parassimpático e simpático exercem ações opostas em algumas situações, por exemplo, no controle da frequência cardíaca, na musculatura gastrintestinal, mas, não exercem ações opostas em outras situações como em relação às glândulas salivares, e, o músculo ciliar. Enquanto a atividade simpática aumenta no estresse, a atividade parassimpática predomina durante o repouso, e, a saciedade (Fig. 4). Figura 4. Sistema Nervoso Simpático e Parassimpático. Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 5 AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciada pela Portaria MEC nº 1.144 de 12/09/2012 , publicado em D.O.U. de 13/09/2012 Embora os músculos ventriculares não sejam inervados pelo sistema parassimpático, este sistema tem significativo controle no nodo sinoatrial, e, no nodo atrioventricular. Assim, ambos os sistemas, em condições normais, exercem o controle fisiológico contínuo de órgãos específicos. No estudo da Farmacologia do Sistema Nervoso Autônomo deve ser lembrado que a inibição farmacológica de um sistema permite a predominância da atividade do sistema oposto. Os principais transmissores do sistema nervoso autônomo são: Acetilcolina (no sistema nervoso parassimpático), e, a noradrenalina (no sistema nervoso simpático). Pois, a comunicação entre células nervosas, portanto, entre neurônios e órgãos efetuadores, ocorre através da liberação de sinais químicos (substancias químicas) específicos produzidos pelas terminações nervosas, denominados neurotransmissores. Esta liberação depende de processos provocados pela captação de íons cálcio e regulados pela fosforilação de proteínas plasmáticas. Existem receptores específicos para os neurotransmissores, pois, como são hidrofílicos, ou seja, não lipossolúveis, não conseguem atravessar a membrana lipídica das células-alvo. Embora sejam neurônios considerados simpáticos, nem todos os neurônios pós-ganglionares simpáticos liberam a noradrenalina, como por exemplo, os neurônios pós-ganglionares simpáticos que inervam as glândulas sudoríparas, e, alguns vasos sanguíneos nos músculos esqueléticos que liberam a acetilcolina em vez da noradrenalina (Fig. 5). Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 6 AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciada pela Portaria MEC nº 1.144 de 12/09/2012 , publicado em D.O.U. de 13/09/2012 Figura 5. Acetilcolina e noradrenalina como neurotransmissores do sistema nervoso periférico. Nota: ACh (acetilcolina), NE (nordrenalina), N (receptor nicotínico), M (receptor muscarínico), β1, β2, α1, α2 (receptores adrenérgicos) 2.1 RESUMO DO SISTEMA PARASSIMPÁTICO. O sistema parassimpático é formado por algumas fibras que estão contidas nos pares cranianos III, VII, IX e X, e, por outras fibras que emergem da região sacra da medula espinhal (fig. 4). Esses nervos podem correr separadamente ou junto com alguns nervos espinhais. O mais importante nervo parassimpático é o vago (pneumogástrico), de ampla distribuição, que transporta as fibras parassimpáticas a praticamente todas as regiões do corpo com exceção da cabeça, e, das extremidades. A acetilcolina, que é um composto de amônio quaternário, é sintetizada no citosol do neurônio a partir da acetil coenzima-A e da colina. A acetil coenzima-A tem origem mitocondrial, mas, tem como substrato a glicose que leva ao piruvato, sendo este transportado para dentro das mitocôndrias onde é convertido em acetilCoA. A colina provém da fenda sináptica, extracelular. A colina atravessa a membrana do terminal axônico por um mecanismo de transporte ativo específico, Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 7 AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciada pela Portaria MEC nº 1.144 de 12/09/2012 , publicado em D.O.U. de 13/09/2012 sendo que a combinação da acetil-CoA à colina é catalisada pela colina-O-acetil transferase também chamada colina-acetiltransferase (CAT). Depois de formada, a acetilcolina se armazena, por processo de transporte ativo acoplado ao efluxo de prótons, nas vesículas pré-sinápticas. As vesículas pré-sinápses, as mitocôndrias e a colina-O-acetil transferase derivam do soma do neurônio, sendo transportadas ao terminal axônico, provavelmente, pelos microtúbulos e neurofilamentos. No terminal axônico, as vesículas pré-sinápticas, contendo acetilcolina, esférica ou achatada, de aspecto agranular, ficam concentradas até que haja estimulo ou potencial de ação, propagado pelos canais de sódio sensíveis à voltagem. A acetilcolina é inativada pela enzima acetilcolinesterase que tem origem na membrana pós sináptica da sinapse colinérgica, e, também encontrada nas hemácias e na placenta. Esta enzima, que consiste em uma macromolécula proteica possuindo diversas subunidades, provoca a hidrólise da acetilcolina na neurotransmissão sináptica. No sistema cardiovascular, doses pequenas de acetilcolina provocam vasodilatação nas redes vasculares mais importantes do organismo, entretanto, esta vasodilatação depende de um intermediário denominado óxido nítrico. A acetilcolina, assim, produz diminuição das pressões sistólica e diastólica, além de reduzir a frequência cardíaca, produzindo a bradicardia. No sistema respiratório, a acetilcolina, em doses pequenas produz broncoconstrição e aumento da secreção, o que pode desencadear crises asmáticas. No sistema urinário, a acetilcolina provoca contração e redução da capacidade da bexiga, enquanto no trato gastrintestinal provoca o aumento da motilidade e do tônus da musculatura lisa, podendo provocar náuseas e vômitos. Através do sistema autonômico simpático, a acetilcolina age nos receptores nicotínicos da medula supra-renal provocando a liberação de catecolaminas, como a adrenalina e a noradrenalina, o que em situações de estresse, aumenta a produção destas catecolaminas, provocando a vasoconstrição, elevação rápida da pressão arterial e aumento da frequência cardíaca. Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 8 AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciada pela Portaria MEC nº 1.144 de 12/09/2012 , publicado em D.O.U. de 13/09/2012 Os receptores colinérgicos são ou estão em macromoléculas encontradas nas membranas pré e pós-sinápticas, apresentando estruturas de proteínas específicas. Experiências comprovaram que a administração da muscarina que é o principio ativo extraído do cogumelo venenoso Amanita muscaria produzem ações semelhantes as da acetilcolina em determinados receptores situados em alguns órgãos efetores sendo denominados de receptores muscarínicos (ou seja, nos mesmos receptores onde a acetilcolina age). E, verificou-se também que administrando a atropina ocorre o bloqueio das ações estimuladas pela acetilcolina ou muscarina nos receptores muscarínicos, mas, em outros receptores, a administração da acetilcolina (mesmo logo após o bloqueio pela atropina) ocorre à produção de efeitos semelhantes aos da nicotina, assim, podemos afirmar que no sistema parassimpático ou transmissão colinérgica existem dois tipos de receptores nos órgãos efetuadores que são denominados de receptores muscarínicos, e, receptores nicotínicos. Esses termos, nicotínicos ou muscarínicos, lembram as ações e os efeitos da nicotina e muscarina. Portanto, no efetor, para obtermos uma resposta à estimulação colinérgica, deve existir um receptor farmacológico do tipo muscarínico ou nicotínico. Os receptores colinérgicos são classificados em dois grupos: Receptores nicotínicos ou N-colinérgicos e receptores muscarínicos ou Mcolinérgicos. Pode-se, então, associar as ações e efeitos da nicotina, e, denominar de ações e efeitos nicotínicos de acetilcolina, quando referimos aos seguintes locais: Sinapse colinérgica entre neurônio e músculo estriado e sinapse colinérgica ganglionar, entre neurônio pré-ganglionar e neurônio pós-ganglionar, tanto do sistema parassimpático como do simpático. Os receptores nicotínicos (estão diretamente acoplados aos canais catiônicos) são classificados em dois grupos: musculares e neuronais. Enquanto os receptores ou tipos musculares são encontrados na junção neuromuscular esquelética; os receptores ou tipos neuronais são encontrados principalmente no cérebro, gânglios autônomos e terminação nervosa sensorial. Como estes receptores existem na junção neuromuscular esquelética, portanto, na transmissão Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 9 AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciada pela Portaria MEC nº 1.144 de 12/09/2012 , publicado em D.O.U. de 13/09/2012 neuromuscular, as ações da acetilcolina são inibidas pelos bloqueadores neuromusculares como a tubocurarina, o pancurônio, o rocurônio e outros. Os receptores muscarínicos (estão acoplados a proteína G) são classificados em: M1 ou neural, M2 ou cardíacos, e, M3 ou glandular. Os receptores M1 ou neurais produzem excitação (lenta) dos gânglios (entéricos e autônomos), das células parietais (estômago) e do SNC (córtex e hipocampo). Os receptores M2 ou cardíacos são encontrados nos átrios e provocam redução da frequência cardíaca e força de contração dos átrios. Estes receptores também agem na inibição pré-sináptica. Os receptores M3 ou glandulares causam a secreção, contração da musculatura lisa vascular e relaxamento vascular (agindo no endotélio vascular). 2.2 RESUMO DO SISTEMA SIMPÁTICO O sistema simpático se origina em neurônios localizados na medula toracolombar. Os axônios dessas células emergem da medula pelas raízes ventrais e se estendem até uma série de gânglios simpáticos que se encontram em diferentes regiões do corpo. Alguns gânglios se localizam no pescoço e no abdome, porém a maior parte se encontra na região torácica. Esses últimos formam a cadeia simpática lateral. Os neurônios adrenérgicos liberam como neurotransmissor a noradrenalina, sendo este o neurotransmissor dos impulsos nervosos dos nervos autonômicos pós-ganglionares para os órgãos efetuadores. A noradrenalina é formada a partir do aminoácido tirosina, de origem alimentar, que chega até aos locais da biossíntese, como à medula adrenal, às células cromafins e às fibras sinápticas através da corrente sanguínea. A tirosina é transportada para o citoplasma do neurônio adrenérgico através de um carregador ligado ao sódio (Na+). A enzima tirosina hidroxilase transforma a tirosina em DOPA (diidroxifenilalanina). A DOPA é transformada em dopamina através da enzima dopa descarboxilase (também denominada L-amino-descarboxilase ácida aromática), sendo, então, a DOPA descarboxilada para se transformar em dopamina. A dopamina recebendo a ação da enzima dopamina-beta-hidroxilase, transforma a dopamina em noradrenalina. Na maioria das vezes a transformação Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 10 AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciada pela Portaria MEC nº 1.144 de 12/09/2012 , publicado em D.O.U. de 13/09/2012 ocorre na medula suprarrenal através da enzima feniletanolamina-N-metiltransferase. Depois de sintetizada, a noradrenalina é armazenada em forma ligada, no interior das vesículas, com ATP e com um grupo de proteínas heterogêneas chamadas cromograninas, constituindo um complexo que não se difunde, sendo, portanto, inativo. Ao lado dessa noradrenalina ligada existe outra forma (ou outras formas) de noradrenalina frouxamente ligada, ou mesmo livre, nos terminais axônicos e nas vesículas de depósito. As vesículas pré-sinápticas que armazenam a noradrenalina se concentram, principalmente, no terminal adrenérgico. As vesículas que armazenam noradrenalina podem ainda ser encontradas na medula supra-renal e até mesmo em certos órgãos sem inervação adrenérgica. As vesículas também encerram dopamina-beta-hidroxilase, (a enzima que transforma a dopamina em noradrenalina). Depois que interage com seus receptores, situados na célula pós-sináptica e na célula pré-sináptica, o neurotransmissor adrenérgico deve ser inativado rapidamente. Se isso não acontecesse, haveria excesso de sua ação, destruiria a homeostase e levaria a exaustão do organismo. A inativação da noradrenalina dois processos: enzimático e recapitação. As enzimas Monoamina oxidase (MAO), e, a Catecol-O-metiltransferase (COMT) inativam a noradrenalina. A MAO é uma enzima desaminadora que retira grupamento NH2 de diversos compostos, como noradrenalina, adrenalina, dopamina, serotonina. A MAO localiza-se nas mitocôndrias dos neurônios, e, em tecidos não neurais, como o intestinal e o hepático, e, oxida a noradrenalina transformando no ácido vanilmandélico. Existem duas formas moleculares de MAO: A que possui preferência de substrato para a 5-HT, denominada MAO-A (constituindo o principal alvo dos antidepressivos inibidores da monoaminoxidase), e, existe também a MAO-B que possui preferência de substrato para a feniletilamina, sendo que ambas as enzimas atuam sobre a noradrenalina e a dopamina. Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 11 AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciada pela Portaria MEC nº 1.144 de 12/09/2012 , publicado em D.O.U. de 13/09/2012 A COMT, abundante no fígado, transforma a noradrenalina em compostos metametilados, metanefrina e normetanefrina. A COMT regula principalmente as catecolaminas circulantes. As terminações nervosas adrenérgicas tem a capacidade também de recapturar a noradrenalina através da fenda sináptica, mediante um sistema metabólico transportador, sendo armazenada novamente nas vesículas présinápticas, também através de outro sistema de transporte. Os receptores adrenérgicos ou adrenoceptores reconhecem a noradrenalina, e, iniciam uma sequência de reações na célula, o que leva a formação de segundos mensageiros intracelulares, sendo considerados os transdutores da comunicação entre a noradrenalina e a ação gerada na célula efetuadora. São conhecidos cinco grupos de receptores adrenérgicos, que quando ativados apresentam os seguintes efeitos: Alfa 1: Vasoconstrição – aumento da resistência periférica – aumento da pressão arterial – midríase – estimulo da contração do esfíncter superior da bexiga – secreção salivar – glicogenólise hepática – relaxamento do músculo liso gastrintestinal. Alfa 2: Inibição da liberação de neurotransmissores, incluindo a noradrenalina – inibição da liberação da insulina – agregação plaquetária – contração do músculo liso vascular. Beta 1: Aumento da freqüência cardíaca (taquicardia) – aumento da força cardíaca (da contratilidade do miocárdio) – aumento da lipólise. Beta 2: Broncodilatação – vasodilatação – pequena diminuição da resistência periférica – aumento da glicogenólise muscular e hepática – aumento da liberação de glucagon – relaxamento da musculatura lisa uterina – tremor muscular. Beta 3 - Termogênese e lipólise. 2.3 FÁRMACOS QUE ATUAM NO SNA 2.3.1 FÁRMACOS AGONISTAS COLINÉRGICOS Denomina-se de medicamento agonista o que possui afinidade celular especifica produzindo ação farmacológica, assim, no caso de fármaco ou medicamento agonista colinérgico são os caracterizados pelos efeitos que Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 12 AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciada pela Portaria MEC nº 1.144 de 12/09/2012 , publicado em D.O.U. de 13/09/2012 produzem de modo semelhante aos da acetilcolina, e, agindo ao nível da sinapse colinérgica (do sistema nervosos autônomo parassimpático). Os fármacos agonistas colinérgicos são também denominados de parassimpaticomiméticos ou colinomiméticos. Geralmente, a acetilcolina não tem importância terapêutica, devido a sua multiplicidade de ações, e, sua rápida inativação pela acetilcolinesterase. Em situação ocasional, como agente local em Oftalmologia (principalmente para produzir miose em cirurgia oftálmica), alguns autores sugerem como única possibilidade do uso terapêutico da acetilcolina. A injeção venosa de acetilcolina produz vasodilatação, e, queda da pressão arterial, além de um breve decréscimo da frequência cardíaca e do volume sistólico, seguido de disparo do nó sinoatrial, pois, a atividade vagal regula o coração através da liberação de acetilcolina ao nível do nó sinoatrial. A hipotensão arterial pode ocorrer porque existem receptores colinérgicos nos vasos sanguíneos que, em resposta, causam a vasodilatação. Os fármacos agonistas colinérgicos são distribuídos em dois grupos: 1 - Agonistas colinérgicos de ação direta, também denominados de colinérgicos diretos– que agem nos receptores colinérgicos como agonistas, ativando esses receptores e desencadeando respostas semelhantes às provocadas pela estimulação do parassimpático. 2 - Agonistas colinérgicos de ação indireta, também denominados de colinérgicos indiretos– que embora não tenham ação direta sobre os receptores colinérgicos, são drogas que proporcionam maior tempo da ação da acetilcolina, inibindo a enzima que tem o poder de destruir a acetilcolina, portanto, os inibidores da acetilcolinesterase ou anticolinesterásicos. Estes inibidores da acetilcolinesterase podem ser reversíveis e irreversíveis. Deve ser lembrado que os medicamentos que afetam o sistema nervoso autônomo não agem de modo muito específico, portanto, com frequência, provocam efeitos colaterais em diferentes segmentos afetados. Fármacos agonistas colinérgicos de ação direta: São utilizados com maior frequência: Betanecol, e, a pilocarpina. Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 13 AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciada pela Portaria MEC nº 1.144 de 12/09/2012 , publicado em D.O.U. de 13/09/2012 O betanecol (Liberan) é um éster da colina, que não é hidrolisado pela acetilcolina, e, possui intensa atividade muscarínica, e, pouca ou nenhuma ação nicotínica. Devido a ação de estimular o músculo detrusor da bexiga, e, relaxar o trígono e o esfíncter, provocando a expulsão da urina, o betanecol é utilizado para estimular a bexiga atônica, principalmente no pós-parto, e, na retenção urinária não-obstrutiva pós-operatória. Devendo ser lembrados os efeitos adversos da estimulação colinérgica generalizada, como a queda da pressão arterial, a sudorese, a salivação, o rubor cutâneo, a náusea, a dor abdominal, a diarréia e o broncoespasmo. A via de administração do betanecol deve ser a oral ou subcutânea, não devendo ser utilizada por via intramuscular, nem por via venosa, pois, pode provocar efeitos adversos potencialmente graves ou mesmo fatal principalmente a hipotensão arterial e, é contra-indicado na úlcera péptica, asma, insuficiência coronária, e , hipertireoidismo. A pilocarpina (Isopto Carpine) é um alcalóide, capaz de atravessar a membrana conjuntival, e, consiste em uma amina terciária estável à hidrólise pela acetilcolinesterase. É muito menos potente do que a acetilcolina, possui atividade muscarínica. Com a aplicação ocular, produz contração do músculo ciliar, provocando a miose, e, também tem a ação de abrir a malha trabecular em volta do canal de Schlemm, sendo utilizada em oftalmologia para terapêutica do glaucoma, principalmente em situação de emergência, devido a capacidade de reduzir a pressão intra-ocular. Como efeito adverso, a pilocarpina pode atingir o SNC (principalmente em idosos com a idade avançada provocando confusão), e, produzir distúrbios de natureza central, e, produzir sudorese, além de salivação profusa. A via de administração da pilocarpina é unicamente ocular. Fármacos agonistas colinérgicos de ação indireta ou anticolinesterásicos: As drogas agonistas colinérgicos de ação indireta ou anticolinesterásicos inibem a enzima acetilcolinesterase, prolongando a ação da acetilcolina, ou seja, provocam a potencialização da transmissão colinérgica nas sinapses autônomas colinérgicas e na junção neuromuscular. Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 14 AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciada pela Portaria MEC nº 1.144 de 12/09/2012 , publicado em D.O.U. de 13/09/2012 Estes anticolinesterásicos podem ser reversíveis, se a ação não for prolongada, e, irreversíveis, se esta ação for prolongada. Os fármacos anticolinesterásicos reversíveis utilizados são: Fisostigmina – neostigmina – piridostigmina – edrofônio – inibidores dirigidos contra a enzima acetilcolinesteras 2.3.2 FÁRMACOS ANTAGONISTAS COLINÉRGICOS Os antagonistas colinérgicos são drogas que agem nos receptores colinérgicos, bloqueando seletivamente a atividade parassimpática (reduzindo ou bloqueando a ação da acetilcolina), sendo estes antagonistas também chamados parassimpaticolíticos ou fármacos anticolinérgicos ou anticolinérgicos assim, diminuem, inibem ou bloqueiam a resposta colinérgica. Portanto, reduzem ou anulam o efeito de estimulação do sistema nervoso parassimpático (impede que a acetilcolina estimule os receptores colinérgicos), e, em determinadas situações (indiretamente) tem o efeito estimulante do sistema nervoso simpático. Os antagonistas colinérgicos são agentes também chamados espasmolíticos ou antiespasmódicos porque reduzem os espasmos principalmente no trato gastrintestinal, e, apresentam a fórmula R-COO(CH2)nN, sendo que R corresponde ao grupo volumoso ligado ao nitrogênio básico através da ponte ou grupo isóstero –COO-, e, a cadeia –(CH2)n. De acordo o local da ação, e, os efeitos, os antagonistas colinérgicos são classificados em: Bloqueadores ou agentes antimuscarínicos. Bloqueadores ganglionares. Bloqueadores neuromusculares. Anticolinérgicos centrais. Bloqueadores ou agentes antimuscarínicos: Conforme foi estudado na, os receptores muscarínicos são os receptores colinérgicos (os que liberam a acetilcolina nos neurônios do sistema nervoso autônomo parassimpático) que são estimulados pelo alcalóide muscarina, e, bloqueados pela atropina. Os receptores muscarínicos (estão acoplados a proteína G) são classificados em: Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 15 AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciada pela Portaria MEC nº 1.144 de 12/09/2012 , publicado em D.O.U. de 13/09/2012 M1 ou neural, M2 ou cardíacos e M3 ou glandular. Os receptores M1 ou neurais produzem excitação (lenta) dos gânglios (entéricos e autônomos), das células parietais (estômago) e do SNC (córtex e hipocampo). Os receptores M2 ou cardíacos são encontrados nos átrios e provocam redução da frequência cardíaca e força de contração dos átrios. Estes receptores também agem na inibição pré-sináptica. Os receptores M3 ou glandulares causam a secreção, contração da musculatura lisa vascular e relaxamento vascular (agindo no endotélio vascular). Existem mais dois tipos de receptores muscarínicos que ainda não estão bem caracterizados. Os bloqueadores ou agentes antimuscarínicos são seletivos para o sistema parassimpático, agindo unicamente nos receptores muscarínicos, bloqueando ou inibindo as ações da acetilcolina nestes receptores. Existem vários agentes antimuscarínicos, entretanto, são mais utilizados: Atropina. Escopolamina ou hioscina. Ipratrópio. Propantelina. Dicicloverina. Diciclomina. Glicopirrolato. Ciclopentolato. Tropicamida. Os Bloqueadores ganglionares bloqueiam os receptores nicotínicos, bloqueando os canais iônicos, não sendo seletivos para o sistema simpático ou parassimpático, tem sido utilizados mais de modo experimental, e, pouco usados na terapêutica, pois, possui ações complexas e imprevisíveis. Geralmente, não são ativos como bloqueadores neuromusculares, e, devido aos múltiplos efeitos colaterais, segundo alguns autores, a maioria dos fármacos bloqueadores ganglionares são considerados obsoletos. Bloqueadores ganglionares: Toxina botulínica - Nicotina – Trimetafano – mecamilamina. Bloqueadores neuromusculares consistem em bloqueadores da transmissão colinérgica no sistema somático na placa motora neuromuscular da musculatura esquelética. Assim, combinam-se com os receptores nicotínicos bloqueando a ação da acetilcolina. Tem sido utilizados principalmente na anestesia para produzir relaxamento muscular, sem a Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 16 AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciada pela Portaria MEC nº 1.144 de 12/09/2012 , publicado em D.O.U. de 13/09/2012 necessidade de doses anestésicas mais elevadas. Estes bloqueadores não penetram nas células com facilidade, sendo a maioria excretada pela urina de forma inalterada. Bloqueadores neuromusculares: Tubocurarina (alcurônio) – atracúrio – mivacúrio - rocurônio – vecurônio – pancurônio- succinilcolina. Estes bloqueadores são considerados de ação local. Existem também os bloqueadores neuromusculares de ação central, como o diazepam, o dantrolene, e, o baclofeno, que serão estudados posteriormente. 2.3.3 FÁRMACOS AGONISTAS ADRENÉRGICOS Também chamados de simpaticomiméticos ou adrenomiméticos ou apenas adrenérgicos, constituem os fármacos que estimulam direta ou indiretamente os receptores adrenérgicos. O efeito de um fármaco agonista adrenérgico administrado em determinado tipo de célula efetora depende da seletividade desta droga pelos receptores, assim como, das características de resposta das células efetoras, e, do tipo predominante de receptor adrenérgico encontrado nas células. Os agonistas adrenérgicos podem ser de: ação direta – ação indireta – ação mista. Agonistas de ação direta - São os que atuam diretamente nos receptores adrenérgicos alfa ou beta produzindo efeitos semelhantes ou liberando a adrenalina pela medula adrenal. Os fármacos de ação direta são: adrenalina – noradrenalina – isoproterenol – fenilefrina – dopamina – dobutamina – fenilefrina – metoxamina – clonidina – metaproterenol ou orciprenalina – terbutalina – salbutamol ou albuterol. As aminas simpaticomiméticas adrenalina, noradrenalina, isoproterenol, e, dopamina são denominadas de catecolaminas porque contém o grupamento catecol que corresponde ao diidroxibenzeno (anel benzeno). As catecolaminas possuem rápido inicio de ação, entretanto, a duração é breve, e, não devem ser administradas por via oral devido serem metabolizadas pelas enzimas COMT e MAO presentes no trato intestinal. Os agonistas adrenérgicos não-catecolaminas podem ser administradas por via oral, e, possui maior duração. Fármacos agonistas de ação direta: ADRENALINA (Epinefrina, Adrenalina, Bupiabbot, Hydren) estimula predominantemente o receptor adrenérgico beta 1, (embora também tenha ação sobre o receptor alfa 1, e, outros receptores). Aumenta a força de contração do miocárdio e a frequência cardíaca. Como a adrenalina contrai as arteríolas da pele, das membranas mucosas (sobre receptores alfa), e, ao mesmo tempo provoca a dilatação dos vasos sanguíneos do fígado e musculatura esquelética, ocorre aumento da pressão sistólica e pequena diminuição da pressão diastólica (é um dos vasopressores mais potentes). Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 17 AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciada pela Portaria MEC nº 1.144 de 12/09/2012 , publicado em D.O.U. de 13/09/2012 Provoca a elevação da glicemia devido estimular a glicogenólise, e, inibir a secreção da insulina. Também provoca a lipólise transformando triglicerídeos em ácidos graxos. É utilizada como terapêutica inicial no tratamento da asma aguda (causa broncodilatação em potencial), e, do choque anafilático. Como possui alguns efeitos fisiológicos opostos aos produzidos pela histamina, a adrenalina também é utilizada no tratamento das reações alérgicas causadas pela liberação de histamina (um sinal importante da reação sistêmica anafilática no paciente é o prurido generalizado). Na anestesia local pode ser utilizada (1:100.000 partes de adrenalina) aumentando a duração da anestesia devido a vasoconstrição que provoca reduzindo o fluxo sanguíneo local na região em que for administrada (reduz a velocidade de absorção do anestésico). Em oftalmologia é utilizada no tratamento do glaucoma. A via de administração pode ser venosa (em emergência), subcutânea, cânula endotraqueal, inalação e ocular (glaucoma), entretanto, as catecolaminas não devem ser administradas por via oral devido serem inativadas pelas enzimas intestinais. Efeitos adversos: Arritmia cardíaca – hemorragia (devido ao aumento da pressão arterial) – hiperglicemia - ansiedade, pânico, cefaléia e tremores (ações no SNC). Pode também provocar o edema pulmonar. Em pacientes com hipertireoidismo a dose deve ser reduzida, pois, aumenta as ações cardiovasculares. Podem ocorrer interações medicamentosas com a digoxina aumentando as arritmias e com bloqueadores adrenérgicos aumentando ou diminuindo a pressão arterial e/ou a frequência cardíaca. Fármacos agonistas de ação indireta: Anfetaminas: Alguns autores classificam também as anfetaminas como medicamentos do grupo dos Estimulantes do Sistema Nervoso Central considerado como Estimulantes psicomotores e com indicações terapêuticas muito limitadas. Os principais derivados da anfetamina constituem a dietilpropiona (ou anfepramona), mazindol, metanfetamina, fenmetrazina, femproporex. 2.3.4 FÁRMACOS ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS Os antagonistas adrenérgicos são também denominados de antiadrenérgicos ou bloqueadores adrenérgicos, devido ligar-se aos receptores adrenérgicos, mas, impede que o agonista natural exerça sua atividade. Portanto, são os antagonistas competitivos que inibem direta ou indiretamente, de modo seletivo, certas respostas da atividade nervosa adrenérgica, da adrenalina, da noradrenalina e de outras aminas simpaticomiméticas. Pode-se também encontrar a citação de bloqueadores adrenérgicos neuronais como sinônimo de antiadrenérgicos ou o termo adrenolítico relativo à droga que se opõe aos efeitos da Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 18 AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciada pela Portaria MEC nº 1.144 de 12/09/2012 , publicado em D.O.U. de 13/09/2012 adrenalina circulante, e, ainda, a palavra simpatolítico refere-se à droga que se apõe aos efeitos das atividades dos adrenérgicos. De acordo com o tipo de receptor e local de ação, os antiadrenérgicos também podem ser classificados em: Alfa-bloqueadores – beta-bloqueadores – fármacos que afetam a captura ou a liberação do neurotransmissor. Assim, de acordo com o receptor que tem sua ação diminuída ou inibida, os alfabloqueadores podem ser denominados também de: antialfa-adrenérgicos ou alfa-inibidores ou alfa-líticos, ou bloqueadores alfa. E, os beta-bloqueadores podem ser denominados também de antibeta-adrenérgicos ou betalíticos ou bloqueadores beta ou beta-inibidores. 3. SISTEMA NERVOSO CENTRA (SNC) O SNC O Sistema Nervoso Central (SNC) funciona como processador de informação, mantendo a hemostasia de vários sistemas, regulando funções vegetativas e possibilitando raciocínios lógicos, julgamento e comunicação simbólica. Recebe sinais detectados por receptores periféricos e conduzidos por vias aferentes sensitivas. Analisa, filtra, armazena e relembra essas informações, programando reações motoras comunicadas por nervos eferentes a órgãos executores. As sinapses são áreas especializadas de comunicação entre neurônios ou entre o neurônio e o efetor. Os neurotransmissores ficam concentrados em vesículas após a produção, quando o neurônio é estimulado e ocorre a despolarização de sua membrana, são liberados na fenda sináptica, ativando receptores que podem causar tanto a estimulação quanto a inibição da próxima célula; em seguida, esses mensageiros liberados são inativados por mecanismos distintos, cessando suas ações. As drogas que agem no SNC podem agir em diferentes locais ou etapas da neurotransmissão: na síntese dos neurotransmissores ou na sua estocagem, liberação, interação com receptores, no metabolismo e também na receptação dos mesmos. Tipos de vias: - Excitatórias (despolarização): aumento na permeabilidade ao sódio e ao potássio, causando liberação de neurotransmissores. - Inibitórias (hiperpolarização): aumento da permeabilidade aos íons de cloro que fluem para dentro das células, diminuindo a liberação de neurotransmissores. Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 19 AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciada pela Portaria MEC nº 1.144 de 12/09/2012 , publicado em D.O.U. de 13/09/2012 No quadro 1 é possível observar o neurotransmissor com sua localização e respectiva função. Quadro1. Principais agentes neurotransmissores do sistema nervos central 3.1 PRINCIPAIS PATOLOGIAS E FÁRMACOS QUE ATUAM NO SNC As alterações da função cerebral, sejam primárias ou secundárias às disfunções de outros sistemas, são uma importante preocupação da sociedade humana e um campo no qual a intervenção desempenha papel chave. Explorar a fisiopatologia das doenças é fundamental para conhecer o mecanismo de ação dos fármacos que atuam nelas. 3.1.1 ESQUIZOFRENIA e ANTIPSICÓTICOS A esquizofrenia é uma das mais intrigantes e também estudadas condições psiquiátricas. A riqueza psicopatológica e as características clínicas, tais como o seu início na adolescência e o curso deteriorante sem grandes alterações neurológicas, despertam curiosidade e geram um número considerável de pesquisas sobre os processos neurofisiológicos envolvidos na doença. As principais características clínicas são: -Sintomas positivos: delírios (muitas vezes de natureza paranoide), alucinações, geralmente sob a forma de vozes que costumam ter mensagem acusadora, distúrbio do pensamento, compreendendo sequencias de pensamentos turbulentos, sentenças truncadas e conclusões irracionais, algumas vezes associadas à sensação de que os Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 20 AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciada pela Portaria MEC nº 1.144 de 12/09/2012 , publicado em D.O.U. de 13/09/2012 pensamentos são inseridos ou retirados por uma ação externa, comportamentos anormais como movimentos estereotipados e, ocasionalmente, comportamentos agressivos. -Sintomas negativos: retraimento dos contatos sociais, nivelamento das respostas emocionais. Além de déficits da função cognitiva, juntamente com ansiedade e depressão, levando ao suicídio em cerca de 10% dos casos. Atualmente, uma das hipóteses mais aceitas como sendo relacionadas na patogenia da esquizofrenia fala de uma combinação de hiperfunção da dopamina e hipofunção dos glutamatos no sistema neuronal, juntamente com um envolvimento pouco esclarecido dos receptores da serotonina (5HT2) e um balanço entre esses receptores com os receptores dopamínicos (D2). Os fármacos antipsicóticos são usados para o tratamento da esquizofrenia. Os principais fármacos antipsicóticos típicos (bloqueiam somente os receptores D2) são: Clorpromazina, Levomepromazina, Triflupromazina, Tioridazina, Flufenazina, Trifluoperazina, Perfenazina, Pipotiazina, Tiotixeno, Haloperidol, Droperidol, Triperidol. A expressão “antipsicótico atípico” é utilizada para descrever os agentes mais efetivos e associados a riscos significativamente menores de efeitos extrapiramidais, e por bloquearem os receptores D2 e de outras monoaminas, tais como os de 5HT-2. Os representantes deste grupo são: Clozapina, Olanzapina, Quetiapina, Respiridona, em pequenas doses. Na atualidade são conhecidas cinco vias ou sistemas dopaminérgicos importantes no cérebro: A primeira via – a mais estreitamente relacionada ao comportamento – é a via mesolímbico-mesocortical, que se projeta dos corpos celulares próximos da substância negra para o sistema límbico e neocórtex. A segunda via – a via nigroestriatal – consiste em neurônios que se projetam da substância negra até o caudado e o putame; essa via está envolvida na coordenação dos movimentos voluntários. A terceira via – o sistema tuberoinfundibular – liga os núcleos arqueados e neurônios periventriculares ao hipotálamo e à hipófise posterior. A dopamina liberada por esses neurônios inibe fisiologicamente a secreção de prolactina. Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 21 AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciada pela Portaria MEC nº 1.144 de 12/09/2012 , publicado em D.O.U. de 13/09/2012 A quarta via dopaminérgica – a via medularperiventricular – consiste em neurônios no núcleo motor do vago, cujas projeções ainda não estão bem definidas. Esse sistema pode estar envolvido no comportamento da alimentação. A quinta via – a via incerto-hipotalâmica – estabelece conexões entre a zona incerta medial e o hipotálamo e a amígdala. A esquizofrenia e transtornos esquizofreniformes podem ser manejados em dois momentos distintos: fase aguda e fase de manutenção. Na fase aguda (surto psicótico), o objetivo do tratamento é o alívio e redução dos sintomas, com melhora do funcionamento social do indivíduo. O tratamento visa evitar danos advindos da agressividade e permitir rápido retorno a melhor nível de funcionamento. Medicamentos antipsicóticos (principalmente os mais sedativos) são indicados em quase todos os episódios psicóticos agudos. Os benzodiazepínicos podem ser administrados juntamente com antipsicóticos para evitar os efeitos colaterais nesta fase. Embora seja importante que o paciente participe da decisão quanto ao uso de medicamentos, no surto psicótico sua administração costuma ser feita independentemente do desejo do paciente. Do ponto de vista de eficácia e segurança, os antipsicóticos convencionais e alguns dos novos, como a risperidona, são opções para tratamento inicial da esquizofrenia. Na fase de manutenção, objetiva-se manter o paciente assintomático ou ainda melhorar o nível de funcionamento e a qualidade de vida, além de reduzir as recaídas. Em pacientes com pouca adesão ao tratamento, formas intramusculares de depósito - que permitem grande espaçamento entre doses – constituem alternativa. Quando o paciente não responde a tentativas adequadas (4 a 6 semanas com doses plenas) de pelo menos dois antipsicóticos, fica caracterizada a refratariedade, indicação para uso de clozapina. Em pacientes com contra-indicação ao emprego desse medicamento, pode-se considerar o uso de olanzapina ou a associação de antipsicóticos com lítio, carbamazepina, ácido valpróico ou benzodiazepínico. Os sintomas positivos da esquizofrenia (delírios e distúrbios do pensamento) são mais passíveis de responder à terapia com antipsicóticos típicos. Já os sintomas negativos (isolamento social e diminuição das respostas emocionais) respondem mais favoravelmente às drogas antipsicóticas atípicas. Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 22 AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciada pela Portaria MEC nº 1.144 de 12/09/2012 , publicado em D.O.U. de 13/09/2012 Mecanismo de ação das drogas antipsicóticas (fig.6): Todas as drogas antipsicóticas típicas são antagonistas ao nível dos receptores D2 pós-sinápticos da dopamina. Os antipisicóticos atípicos também bloqueiam outros receptores de monoaminas, particularmente 5HT. A clozapina também bloqueia os receptores D4. A ativação pela dopamina dos receptores D2 pós-sinápticos inibe a produção de adenilato ciclase através das proteínas Gi, o que impede a conversão de ATP em AMPc, e consequentemente, interrompe a ativação da proteína cinase C. Além disso, ativa os canais de K+ (hiperpolarização celular) e suprime as correntes dos canais de Ca+ controlados por voltagem, caracterizando um efeito inibitório. A inibição desses receptores pelos fármacos antipsicóticos faz com que o ATP passe a ser convertido em AMPc e este aumente a atividade da proteína cinase C. A PKC por sua vez fosforila os canais de K+, determinando seu fechamento e a repolarização sináptica. O resultado desse evento é o favorecimento dos processos de despolarização da membrana com a consequente inibição dos sintomas positivos da doença. Por outro lado, os autoreceptores D2 (pré-sinápticos) suprimem a síntese de dopamina ao reduzir a fosforilação da tirosina-hidroxilase (enzima necessária à síntese de dopamina a partir da tirosina). Além disso, limitam a liberação de dopamina através da modulação dos canais de K+ e Ca+. O aumento da abertura dos canais de K+ resulta em uma maior corrente que hiperpolariza o neurônio, de modo que é necessária uma maior despolarização para atingir o limiar de descarga. A diminuição da abertura dos canais de Ca+ resulta em níveis diminuídos de Ca+ intracelular. Como o cálcio é necessário para o deslocamento da vesícula sináptica e sua fusão com a membrana pré-sináptica, a diminuição das concentrações intracelulares de cálcio resulta em liberação diminuída de dopamina. Esses receptores são alvos das pesquisas de novos fármacos para o tratamento da esquizofrenia. Os antipsicóticos levam dias ou semanas para exercer seus efeitos. Isto se dá devido ao fato de possuírem uma meia vida longa, e pelo fato de que um fármaco alcança níveis estáveis somente após aproximadamente 5 tomadas. No homem, o efeito das drogas antipsicóticas consiste em produzir um estado de apatia e menor iniciativa. O indivíduo mostra menos emoções, demora a responder a estímulos externos e tende a adormecer. Entretanto, é facilmente despertado e pode Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 23 AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciada pela Portaria MEC nº 1.144 de 12/09/2012 , publicado em D.O.U. de 13/09/2012 responder com precisão a eventuais perguntas, não havendo nenhuma perda acentuada da função intelectual. As tendências agressivas são fortemente inibidas. Figura 6. Mecanismo de ação dos receptores D2 da dopamina. Efeitos colaterais dos antipsicóticos: Os efeitos colaterais comuns à maioria das drogas antipsicóticas consistem em distúrbios motores extrapiramidais e os distúrbios endócrinos. O sistema extrapiramidal é constituído pelas vias motoras que conectam o córtex cerebral com as vias dos nervos espinhais. Quando estimulados produzem síndrome Parkinsoniotica, acatisia (inquietação incontrolável) e reações distônicas agudas provavelmente consequentes ao bloqueio dos receptores de dopamina nigroestriais. A discinesia tardia caracteriza-se principalmente por movimentos involuntários da face dos membros, aparecendo dentro de vários meses ou anos depois do tratamento antipsicótico. Pode estar associada à proliferação de receptores de dopamina no corpo estriado. A incidência das distonias agudas e da discinesia tardia é menor com os agentes antipsicóticos atípicos, sendo particularmente baixa com a clozapina. Os distúrbios endócrinos consistem no aumento da liberação de prolactina, com consequente amnorréia, galactorréia, teste falso-positivo de gravidez, ginecomastia e diminuição da libido nos homens. A sedação, a hipotensão e o aumento do peso corporal também são comuns. Esses efeitos são secundários ao bloqueio dos receptores da dopamina. Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 24 AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciada pela Portaria MEC nº 1.144 de 12/09/2012 , publicado em D.O.U. de 13/09/2012 Outros efeitos colaterais, tais como: boca seca, visão turva e hipotensão, são devido ao bloqueio de outros receptores, particularmente dos alfa-adrenérgicos e dos receptores muscarínicos de acetilcolina. A síndrome maligna antipsicótica é uma reação idiossincrásica rara, porém potencialmente perigosa. Clinicamente se observa um grave distúrbio extrapiramidal acompanhado por intensa hipertermia (de origem central) e distúrbios autonômicos. Leva a óbito numa proporção de 10% dos casos. Como os tecidos adiposos liberam lentamente os metabólitos fenotiazídicos acumulados no plasma, as fenotiazidas podem produzir efeitos por um período de até três meses após sua interrupção. Observações: muitos fármacos antagonistas da dopamina (fenotiazinas, metoclopramida) possuem atividade antiemética, pois existem receptores D2 na área do bulbo (zona do gatilho quimiorreceptora) associados ao desencadeamento do vômito. 3.1.2 DEPRESSÃO E ANTIDEPRESSIVOS O termo Depressão pode significar um sintoma, parte de inúmeros distúrbios emocionais sem ser exclusivo de nenhum deles, pode significar uma síndrome traduzida por muitos e variáveis sintomas psíquicos e somáticos ou ainda, pode significar uma doença, caracterizada por alterações afetivas. A sintomatologia depressiva é muito variada e diferente entre as diferentes pessoas. A psicopatologia recomenda três sintomas depressivos básicos para o diagnóstico, os quais dão origem a variadíssimas manifestações de sintomas. Essa tríade da Depressão seria: 1 – Sofrimento Moral, 2 – Inibição Global e, Essa variedade sintomática seria a expressão da personalidade de cada um diante da Depressão. Alguns deprimidos podem apresentar sintomas somáticos, juntamente ou ao invés dos sintomas emocionais de tristeza, angústia, medo, etc. Esses sintomas físicos podem ser, por exemplo, dores vagas e imprecisas, tonturas, cólicas, falta de ar, e outras queixas de caracterização clínica complicada. Para a dinâmica psíquica destes pacientes somáticos, talvez seja mais fácil comunicar sua aflição e desespero através dos órgãos, mais do que do discurso. Também Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 25 AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciada pela Portaria MEC nº 1.144 de 12/09/2012 , publicado em D.O.U. de 13/09/2012 em crianças e adolescentes a Depressão pode ser dissimulada sob a forma de um humor irritável ou rabugento, revoltado e irrequieto, ao invés da tristeza e abatimento. Outras pessoas podem manifestar sua Depressão com irritabilidade aumentada, como por exemplo, crises de raiva, explosividade, sentimentos exagerados de frustração, tendência para responder a eventos com ataques de ira ou culpando os outros. Na Depressão também é frequente haver prejuízo no ritmo e qualidade do pensamento, na concentração e na tomada de decisões. Os depressivos podem se queixar de enfraquecimento da memória ou mostrar-se facilmente distraídos. A produtividade ocupacional costuma estar prejudicada, notadamente nas profissões intelectualmente exigentes. Em crianças deprimidas pode haver uma queda abrupta no rendimento escolar, como resultado da dificuldade de concentração. Frequentemente existem pensamentos sobre a morte nos quadros depressivos. Trata-se, não apenas da ideação suicida típica, mas, sobretudo, de preferir estar morto a viver “desse jeito”. Nos idosos as dificuldades de memória podem ser a queixa principal, confundindo isso com os sinais iniciais de demência. A Depressão é caracterizada principalmente por alterações do humor, da psicomotricidade, da cognição e das funções vegetativas. O quadro clínico do paciente deprimido é bastante complexo, cheio de sinais e sintomas. Geralmente há humor deprimido, alterações de apetite e do sono, dificuldades de concentração e pensamentos de cunho negativo, incapacidade de sentir alegria ou prazer, redução da energia, agitação psicomotora ou, ao contrário, lentificação, podendo ocorrer ideação suicida e/ou sintomas psicóticos. A principal teoria bioquímica da depressão é a hipótese da monoamina, que estabelece ser a depressão causada por um déficit funcional dos transmissores das monoaminas (noradrenalina e/ou 5-HT) em certos locais do cérebro, ao passo que a mania resulta de um excesso funcional. Apesar de a hipótese da monoamina em sua forma mais simples não ser mais sustentável como explicação para a depressão, a manipulação farmacológica da transmissão de monoaminas continua sendo a abordagem terapêutica mais bem sucedida. O aumento de neurotransmissores na fenda sináptica se dá através do bloqueio da recaptação da NE e da 5HT no neurônio pré-sináptico ou ainda, através da inibição da Monoaminaoxidase (MAO) que é a enzima responsável pela inativação destes Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 26 AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciada pela Portaria MEC nº 1.144 de 12/09/2012 , publicado em D.O.U. de 13/09/2012 neurotransmissores. Será, portanto, nos sistemas noradrenérgico e serotoninérgico do Sistema Límbico o local de ação das drogas antidepressivas empregadas na terapia dos transtornos da afetividade. Antidepressivos tricíclicos (ADT): (imipramina, desipramina, clomipramina, amitriptilina, nortriptilina, protriptilina) O principal efeito do TCA consiste em bloquear a recaptação de aminas (noradrenalina e/ou 5-HT) pelas terminações nervosas présinápticas através de sua competição pelo sítio de ligação da proteína transportadora. Foi sugerido que a melhora dos sintomas emocionais reflete principalmente uma potencialização da transmissão mediada pela 5-HT, e o alívio dos sintomas biológicos resulta da facilitação da transmissão noradrenérgica. Parece haver também, com o uso prolongado dos ADT, uma diminuição do número de receptores pré-sinápticos do tipo Alfa-2, cuja estimulação do tipo feedback inibiria a liberação de NE. Os TCA produzem acentuada potencialização dos efeitos do álcool por motivos que ainda não estão bem esclarecidos, podendo ocorrer a morte devido depressão respiratória. Os TCA também interagem com vários agentes anti-hipertensivos tendo consequências potencialmente perigosas, razão pela qual sua administração a pacientes hipertensos exige rigorosa monitorização. Além disso, não devem ser administrados junto com IMAO. Os ADT são potentes anticolinérgicos e por esta característica seus efeitos colaterais são explicados. Efeitos colaterais importantes: sedação (bloqueio H1), hipotensão postural (bloqueio dos receptores alfa-adrenérgicos), boca seca, visão turva, constipação (bloqueio muscarínico). Inibidores seletivos da captação de 5-HT: As drogas desse tipo (denominadas SSRI – inibidores seletivos da recaptação de serotonina) incluem a fluxetina, a fluvoxamina, a paroxetina e a sertralina. Na atualidade a fluoxetina é o agente antidepressivo mais prescrito. Além de exibir seletividade para a captação de 5-HT em relação a captação de noradrenalina, tem menos tendência a causar efeitos colaterais anticolinérgicos em comparação com os TCA e são menos perigosos em superdosagem. O efeito antidepressivo dos ISRS parece ser consequência do bloqueio seletivo da recaptação da serotonina (5-HT). Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 27 AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciada pela Portaria MEC nº 1.144 de 12/09/2012 , publicado em D.O.U. de 13/09/2012 Os efeitos colaterais comuns consistem em náuseas, anorexia, insônia, perda da libido e falta de orgasmo. Pode ocorrer uma perigosa “reação da serotonina” (hipertermia, rigidez muscular, colapso cardiovascular) se forem administrados com IMAO. Inibidores da MAO (IMAO): (fenelzina, tranilcipromina, iproniazida, pargilina, clorgilina, selegilina, moclobemida) A monoamina oxidase, juntamente com a catecolOmetiltransferase, são as principais enzimas de degradação das catecolaminas. No interior dos neurônios simpáticos, a MAO controla o conteúdo de dopamina e noradrenalina, e a reserva liberável de noradrenalina aumenta quando a enzima é inibida. O principal efeito dos IMAO consiste em aumentar as concentrações citoplasmáticas das monoaminas (5-HT, noradrenalina e dopamina) nas terminações nervosas (principalmente do cérebro), sem afetar acentuadamente as reservas vesiculares que formam o reservatório passível de liberação com a estimulação nervosa. Nos seres humanos normais, os IMAO causam aumento imediato da atividade motora, e verifica-se o aparecimento de euforia e de excitação no decorrer de poucos dias. Isto se opõe à ação dos TCA, que só causam sedação e confusão quando administrados a indivíduos sem depressão. A ação desses medicamentos é de longa duração (semanas), em virtude da inibição irreversível da MAO. A moclobemida possui curta duração. Os principais efeitos colaterais são a hipotensão postural (bloqueio simpático), efeitos semelhantes ao da atropina, aumento do peso corporal, estimulação do SNC, causando inquietação, insônia, lesão hepática (rara). A superdosagem aguda causa estimulação do SNC, e algumas vezes convulsões. Pode ocorrer uma resposta hipertensiva grave a alimentos contendo tiramina (Reação do queijo) A tiramina é normalmente metabolizada pela MAO localizada no trato gastrintestinal e no fígado. Em pacientes que fazem uso dos inibidores da MAO, a tiramina é absorvida no intestino, transportada pelo sangue e captada por neurônios simpáticos, onde é transportada até as vesículas sinápticas pelo VMAT (transportador vesicular de monoaminas – transporta noradrenalina citosólica para o interior das vesículas). Através desse mecanismo, um estímulo agudo com grandes quantidades de tiramina pode provocar deslocamento agudo da noradrenalina vesicular e liberação não vesicular maciça de noardrenalina das terminações nervosas, através de reversão Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 28 AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciada pela Portaria MEC nº 1.144 de 12/09/2012 , publicado em D.O.U. de 13/09/2012 dotransportador de noradrenalina. Os IMAO não devem ser administrados juntamente com os TCA e SSRI. Antidepressivos atípicos: (nomifensina e maprotilina, mianserina, trazodona e bupropiona) Esses fármacos são heterogêneos. Não possuem um mecanismo de ação em comum. Alguns são bloqueadores fracos da captação de monoamina, ao passo que outros atuam através de mecanismos desconhecidos. A maioria é de ação bastante curta. Os efeitos indesejáveis e a toxidade aguda variam, mas são menores do que a dos TCA. 3.1.3 ANSIEDADE E ANSIOLÍTICOS A ansiedade consiste em um estado que pode ser considerado normal ou patológico, sendo muitas vezes difícil estabelecer um limite preciso entre a normalidade e a anormalidade. Geralmente, fundamentase em algumas manifestações da ansiedade para melhor avaliação do paciente, por exemplo, a informação de que se encontra ansioso, a agitação, a inquietação, distúrbios do sono e/ou gastrintestinais, a taquicardia, e, a sudorese. A ansiedade pode ser originada de temor e/ou de uma fonte imprecisa, levando a um estado de apreensão ou tensão, denominada estado de ansiedade podendo ocorrer com ou sem sintomas físicos. O distúrbio do pânico corresponde ao estado de ansiedade em que ocorre episódio de medo insuportável associado a sintomas somáticos mais intensos, como o tremor, a dor torácica e a sudorese, inclusive interferindo nas atividades produtivas. Enquanto nos episódios de ansiedade moderada, comuns na vida moderna, muitas vezes, não existe a necessidade do uso de fármacos, quando ocorrem sintomas de ansiedade grave e crônica, inclusive debilitante, sem melhora com aconselhamento médico e/ou terapias de comportamento, torna-se necessário o tratamento farmacológico. O aumento do tônus muscular constitui uma característica comum dos estados de ansiedade, o que contribui para a ocorrência de dores musculares ou não, incluindo a cefaleia que frequentemente acometem os pacientes ansiosos. Embora existam muitos estudos sobre os estados ansiosos, qualquer que seja o fator responsável e a etiologia, a ansiedade é provocada pelo desequilíbrio entre os mediadores estimulantes, e, depressores centrais. Os fármacos psicotrópicos também chamados de psicofármacos, psicoativos ou psicoterápicos são os modificadores seletivos do sistema nervoso central usados no tratamento de distúrbios psíquicos que podem deprimir ou estimular seletivamente a Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 29 AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciada pela Portaria MEC nº 1.144 de 12/09/2012 , publicado em D.O.U. de 13/09/2012 atividade mental, exercendo a ação no hipotálamo, no tronco cerebral, e, provavelmente em outras partes subcorticais do cérebro compreendidas na coordenação do comportamento emocional. Os psicofármacos mais usados pertencem às seguintes classes: - Ansiolíticos e hipnóticos – Antipsicóticos - Antidepressivos – fármacos para a sintomatologia neurovegetativa. Os fármacos ansiolíticos e hipnóticos são também conhecidos como sedativoshipnóticos (alguns autores chamam de tensiolíticos ou ansiolíticos ou tranquilizantes menores), pois, o mesmo fármaco pode exercer ambas as funções (sedativo e hipnótico) dependendo do método de uso e da dose empregada. Em doses elevadas são utilizados também para induzir a anestesia cirúrgica. As principais classes destes fármacos correspondem aos benzodiazepínicos, ciclopirrolonas, imidazopiridínicos, valepotriatos, derivados pirimidilpiperazínico, e, outros fármacos hipnóticos não-benzodiazepínicos e não-barbitúricos, sendo a mais importante a classe dos benzodiazepínicos, utilizada no tratamento da ansiedade e da insônia. A classe dos barbitúricos que anteriormente pertencia ao grupo dos fármacos ansiolíticos e hipnóticos, atualmente, encontra-se incluída entre os fármacos que são utilizados no tratamento da epilepsia como o fenobarbital (Gardenal), e, utilizados na anestesia como o tiopental (Thionembutal) (Thiopental). Os barbitúricos não são mais recomendados como ansiolítico ou hipnótico devido induzirem elevado grau de dependência e tolerância, com graves sintomas de abstinência, risco de superdosagem perigosa e inibirem de modo acentuado as enzimas hepáticas necessárias à metabolização de fármacos. A síndrome de abstinência de barbitúricos é muito mais grave do que a de opiáceos, provocando tremores, fraqueza, ansiedade, inquietação, náuseas e vômitos, convulsões, delírio e parada cardíaca que pode ser fatal. Benzodiazepínicos: Embora todos os fármacos benzodiazepínicos apresentem efeitos sedativos ou calmantes, ainda não existindo fármaco ansiolítico não sedativo, nem todos estes fármacos são úteis como agentes hipnóticos. Os benzodiazepínicos possuem a estrutura química básica em um anel incomum de sete átomos unido a um anel aromático, com quatro grupos principais substituídos que podem modificados sem a perda Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 30 AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciada pela Portaria MEC nº 1.144 de 12/09/2012 , publicado em D.O.U. de 13/09/2012 da atividade, são lipossolúveis, sendo rápida e completamente absorvidos após a administração oral. Ainda não se benzodiazepínicos, encontra mas, bem acredita-se esclarecido que o mecanismo intensifiquem ou de facilitem ação dos a ação neurotransmissora nos receptores do ácido gama-aminobutírico (GABA), que consiste no principal transmissor inibitório no cérebro, possuindo uma distribuição bastante uniforme em todo o cérebro e ocorre em quantidade muito pequena nos tecidos periféricos. Os benzodiapenínicos, portanto, potencializam o efeito inibitório do GABA, tanto pré como pós-sináptica em todas as regiões do SNC. O GABA é formado a partir do glutamato pela ação da GAD (ácido glutâmico descarboxilase) que é uma enzima encontrada somente em neurônios que sintetizam GABA no cérebro. Possivelmente, cerca de 30% de todas as sinapses no SNC tem como transmissor o GABA. Os efeitos mais importantes dos benzodiazepínicos ocorrem sobre o sistema nervoso central e consistem em: diminuição da ansiedade e da agressão – sedação e indução do sono – diminuição da coordenação e do tônus muscular – efeito anticonvulsivante. Estes fármacos não possuem efeitos antidepressivos nem atividade antipsicótica e constituem os sedativos-hipnóticos de escolha devido à eficácia e segurança. Os principais benzodiazepínicos podem ser classificados em dois grupos, um grupo com ação predominante ansiolítica, e, outro com ação predominante hipnótica. Benzodiazepínicos com ação predominante ansiolítica: Clordiazepóxido (Psicosedin) - diazepam (Dienpax) (Valium) (Kiatrium) – clonazepam (Rivotril) – bromazepam (Lexotan) (Somalium) – alprazolam (Frontal) (Tranquinal) – clobazam (Frisium) (Urbanil) – cloxazolam (Olcadil) - lorazepam (Lorax) (Lorium) (MaxPax) – clorazepato dipotássico (Tranxilene). Benzodiazepínicos com ação predominante hipnótica: Flurazepam (Dalmadorm) – flunitrazepam (Rohypnol) – estazolam (Noctal) – midazolam (Dormonid) – nitrazepam (Sonebon) (Nitrazepol) (Sonotrat). O clordiazepóxido, usado por via oral, possui ação prolongada (um a três dias), é também usado como medicação pré-anestésica e no tratamento agudo da síndrome de abstinência do álcool. Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 31 AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciada pela Portaria MEC nº 1.144 de 12/09/2012 , publicado em D.O.U. de 13/09/2012 O diazepam, utilizado por via oral e parenteral, também com ação prolongada, além de também usado como medicação pré-anestésica e no tratamento agudo da síndrome de abstinência do álcool, constitui o fármaco de escolha para a interrupção das convulsões da epilepsia. O uso prolongado do diazepam pode provocar a ginecomastia e tem ocorrido a trombose venosa e flebite no local da administração endovenosa, devendo ser administrada em veias calibrosas, principalmente em casos de interrupção das convulsões, EV em bolus. Por via intramuscular, a administração de diazepam através do músculo deltóide leva a absorção mais rápida do que quando administrada no quadríceps ou nos glúteos, pois, o diazepam é considerado um fármaco que tem a absorção imprevisível e lenta pela via intramuscular. O clonazepam (com a meia-vida de 32 a 38 horas) é útil no tratamento das crises de ausência e no tratamento crônico da epilepsia, usado por via oral. O bromazepam, utilizado por via oral, possui meia-vida em média de 20 horas. O alprazolam (com meia-vida de 11,1 horas em jovens, e, 19 horas em idosos) é útil também no tratamento do distúrbio do pânico, utilizado por via oral. O clobazam apresenta a meia-vida de cerca de 20 horas, utilizado por via oral. O lorazepam, utilizado por via oral, possui a meia-vida variável entre 8 a 25 horas, podendo ser também utilizado no tratamento de convulsões associadas com a abstinência de álcool. Em alguns pacientes tem sido relatada a ocorrência de depressão e a maioria dos usuários não consegue conciliar o sono com a suspensão do fármaco, conseguindo somente depois de alguns dias após a suspensão. O lorazepam causa sintomas de abstinência mais graves e com maior freqüência. O clorazepato dipotássico possui a meia-vida prolongada (40 horas, usado por via oral e seus metabólitos permanecem no sangue após dias ou até semanas), sendo útil também no tratamento agudo da síndrome de abstinência do álcool, e, no tratamento das crises epilépticas. O flurazepam possui a ação prolongada (um a três dias ou cerca de 85 horas), utilizado por via oral unicamente para o tratamento da insônia, aumentando a duração do sono, e, reduz tanto o tempo de indução do sono, como reduz o número de despertares noturnos. Também melhora o sono mesmo após a interrupção do uso do fármaco. Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 32 AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciada pela Portaria MEC nº 1.144 de 12/09/2012 , publicado em D.O.U. de 13/09/2012 O flunitrazepam (com meia-vida em média de 19 horas) é utilizado por via oral no tratamento da insônia, e, por via parenteral, como pré-medicação em anestesiologia (intramuscular), e, na indução ou manutenção da anestesia (endovenosa). O estazolam possui ação intermediária (meia-vida de 10 a 20 horas) sendo utilizado por via oral no tratamento da insônia leve a moderada. O midazolam, utilizado por via oral e parenteral, possui meia-vida ultra-curta (menos de 6 horas), sendo utilizado também como anestésico endovenoso, e, por via intramuscular para a sedação pré-anestésica. O nitrazepam possui a meia-vida de 25 horas, utilizado por via oral no tratamento da insônia. Os principais efeitos adversos dos benzodiazepínicos constituem a sonolência e a confusão, mas podem ocorrer amnésia e comprometimento da coordenação, podendo comprometer o desempenho do trabalho e a capacidade de dirigir veículos no dia seguinte ao uso do fármaco. Com todos os benzodiazepínicos pode ocorrer a tolerância, ou seja, a necessidade do aumento gradual da dose necessária para produzir o efeito desejado. A interrupção do tratamento deve ser gradual ou substituindo por outro benzodiazepínico de ação mais curta, pois, a interrupção do tratamento, depois de várias semanas ou meses, provoca o aumento dos sintomas de ansiedade, cefaléia, agitação, irritabilidade, depressão, inclusive tremor e vertigem, e, com a abstinência dos benzodiazepínicos podem ocorrer convulsões devido à dependência. 3.1.4 EPLEPSIA E ANTIEPLÉPTICOS O evento característico da epilepsia é a convulsão, que está associada à descarga episódica de alta frequência de impulsos por um grupo de neurônios no cérebro. O local da descarga primária e a extensão de sua propagação é que determinam os sintomas, que vão desde um breve lapso de atenção até uma crise convulsiva completa, que dura vários minutos. Os sintomas particulares produzidos dependem da função da região cerebral que está afetada. A classificação clínica aceita da epilepsia reconhece duas categorias: as crises convulsivas parciais e as convulsões generalizadas, embora haja alguma superposição e muitas variedades em cada uma. As convulsões parciais são crises em que a descarga começa localmente e, com frequência, permanece localizada. As convulsões generalizadas envolvem todo o cérebro, Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 33 AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciada pela Portaria MEC nº 1.144 de 12/09/2012 , publicado em D.O.U. de 13/09/2012 incluindo o sistema reticular, produzindo, assim, uma atividade elétrica anormal em ambos os hemisférios. A perda imediata da consciência é característica das convulsões generalizadas. As principais categorias são as convulsões tônico-clônicas e as ausências. A convulsão tônico-clônica consiste numa vigorosa contração inicial de toda a musculatura, causando espasmo extensor rígido. A respiração é interrompida, e, com frequência, ocorrem defecção, micção e salivação. Essa fase tônica tem duração de cerca de um minuto e é acompanhada de uma série de espasmos sincrônicos violentos, que desaparecem gradualmente em 2 – 4 minutos. O paciente permanece inconsciente durante alguns minutos e, a seguir, recupera-se gradualmente, sentindose mal e confuso. As crises de ausência ocorrem em crianças; são muito menos dramáticas, mas podem ocorrer mais frequentemente do que as crises tônico-clônicas. O paciente interrompe bruscamente o que quer que esteja fazendo, parando algumas vezes de falar no meio de uma frase, e demonstra um olhar fixo e vazio por alguns segundos, com pouco ou nenhum distúrbio motor. O paciente não tem consciência daquilo que o cerca e recupera-se subitamente, sem nenhum pósefeito. A descarga epiléptica repetida pode causar morte neuronal (excitotoxicidade). Do ponto de vista farmacológico, existe uma distinção clara entre os fármacos que são eficazes nas crises de ausência e os que são eficazes em outro tipo de epilepsia, apesar de a maioria exibir pouca seletividade com relação às outras subdivisões clínicas. Com a terapia farmacológica ótima, a epilepsia é totalmente controlada em cerca de 75% dos pacientes. Dois mecanismos principais parecem ser importantes na ação das drogas anticonvulsivantes: a) potencialização da ação do GABA (neurotransmissor inibitório). Isto pode ser obtido por uma potencialização da ação pós-sináptica do GABA (fenobarbital e benzodiazepínicos), inibição da GABA transaminase (vigabatrina) ou uso de drogas com propriedades diretas GABA-agonistas; b) inibição da função dos canais de sódio, reduzindo a excitabilidade elétrica das membranas celulares, possivelmente através do bloqueio uso-dependente dos canais de sódio (fenitoína, carbamazepina, valproato e lamotrigina). Fenitoína e Carbamazepina: A fenitoina atua diretamente sobre os canais de Na+, diminuindo a velocidade de recuperação do canal de seu estado inativado para o estado fechado. O canal de sódio existe em três conformações – fechada, aberta e inativada e a probabilidade de um canal existir em cada um desses estados depende do potencial de membrana. Ao diminuir a velocidade de recuperação do estado inativado para o estado fechado, a fenitoína aumenta o limiar dos potenciais de ação e impede a descarga Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 34 AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciada pela Portaria MEC nº 1.144 de 12/09/2012 , publicado em D.O.U. de 13/09/2012 repetitiva. O efeito resultante é a estabilização do foco da convulsão ao impedir o desvio despolarizante paroxístico que inicia a convulsão parcial. Além disso, a fenitoína impede a rápida propagação da atividade convulsiva para outros neurônios, respondendo pela sua eficácia nas convulsões secundariamente generalizadas. A fenitoina atua sobre os canais de sódio de uma maneira dependente do uso, por conseguinte, apenas os canais que estão abertos e fechados em alta frequência têm probabilidade de serem inibidos. Essa dependência diminui os efeitos da fenitoína sobre a atividade neuronal espontânea e evita muito dos efeitos adversos observados com os potencializadores do GABAa (que não são dependentes do uso). Esse fármaco é utilizado no tratamento das convulsões parciais e tônico-clônicas. Não é utilizada nas crises de ausência. A carbamazepina atua de maneira semelhante à fenitoína, sendo utilizada nas convulsões parciais devido a sua ação dupla na supressão dos focos convulsivos e prevenção da propagação da atividade. Etossuximida: A etossuximida reduz as correntes dos canais de cálcio tipo T de baixo limiar de maneira dependente da voltagem. O canal de cálcio do tipo T é despolarizado e inativado durante o estado de vigília. Nas crises de ausência, acredita-se que a hiperpolarização paroxística ativa o canal no estado de vigília, iniciando as descargas que caracterizam esse tipo de convulsão. A etossuximida é utilizada nas crises de ausências não complicadas, não sendo efetiva para o tratamento das convulsões parciais ou generalizadas secundárias. Ácido Valpróico: O ácido valpróico diminui a velocidade de recuperação dos canais de Na+ do estado inativado. Em concentrações ligeiramente mais altas, limita a atividade do canal de cálcio do tipo T de baixo limiar. Outro mecanismo de ação proposto ocorre em nível do metabolismo do GABA. Ele aumenta a atividade da ácido glutâmico descarboxilase, a enzima responsável pela síntese do GABA, enquanto inibe a atividade das enzimas que degradam o GABA. Acredita-se que esses efeitos em conjunto, aumentam a disponibilidade de GABA na sinapse e, portanto, aumentam a inibição mediada pelo GABA. Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 35 AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciada pela Portaria MEC nº 1.144 de 12/09/2012 , publicado em D.O.U. de 13/09/2012 Talvez em virtude de seus numerosos locais potenciais de ação, o ácido valpróico é um dos agentes antiepilépticos mais efetivos no tratamento de pacientes com síndromes de epilepsia generalizada com tipos mistos de convulsão. Gabapentina: A gabapentina é um análogo estrutural do GABA, e visa aumentar a inibição mediada pelo GABA. Todavia, o principal efeito anticonvulsivante da gabapentina parece ocorrer através da inibição dos canais de cálcio, resultando em diminuição da liberação de neurotransmissores (glutamato e aspartato). A gabapentina não parece ser um agente antiepiléptico particularmente efetivo para a maioria dos pacientes. Benzodiazepínicos: Diazepam, Lorazepam,Midazolam e Clonazepam, aumentam a afinidade do GABA pelo receptor GABAa e intensificam a regulação do canal de GABAa na presença de GABA, aumentando, assim, o influxo de Cl- através do canal . Essa ação tem o duplo efeito de suprimir o foco da convulsão (através da elevação do limiar do potencial de ação) e de fortalecer a inibição circundante. Esses fármacos são apropriados para o tratamento das convulsões parciais e tônico-clônicas, porém devido aos seus efeitos colaterais são empregados tipicamente apenas para interrupção aguda das convulsões. O diazepam, administrado por via intravenosa, é utilizado no tratamento do estado de mal epiléptico, uma condição potencialmente fatal, em que ocorrem crises epilépticas quase sem interrupção. Sua vantagem nessa situação reside na sua ação muito rápida em comparação com outros agentes antiepilépticos. A maioria dos benzodiazepínicos possui efeito sedativo demasiado e efeito antipsicótico muito curto, o que inviabiliza o seu emprego na terapia antiepiléptica de manutenção. Barbitúricos: O fenobarbital liga-se a um sítio alostérico no receptor de GABAa e, portanto, potencializa a ação do GABA endógeno ao aumentar acentuadamente a duração de abertura dos canais de Cl-. Esse aumento da inibição mediada pelo GABA, semelhante ao dos benzodiazepínicos, pode explicar a eficiência do fenobarbital no tratamento das convulsões parciais e tônicoclônicas. Esse fármaco é utilizado primariamente como fármaco alternativo no tratamento das convulsões parciais e tônicoclônicas. Entretanto, devido a seus efeitos sedativos pronunciados, o uso clínico de fenobarbital diminui com a disponibilidade de medicações antiepilépticas mais efetivas. Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 36 AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciada pela Portaria MEC nº 1.144 de 12/09/2012 , publicado em D.O.U. de 13/09/2012 ANEXOS VIA EMAIL. REFERÊNCIAS: Araripe Neto, A.G.A. et al. Physiopathology of schizophrenia: current aspects. Rev. Psiq. Clín. 34, supl 2; 198-203, 2007 RANG, H. P. et al. Farmacologia. 7 edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001; KATZUNG, B. G. Farmacologia: Básica & Clinica. 9 edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006; CRAIG, C. R.; STITZEL, R. E. Farmacologia Moderna. 6 edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005; GOLAN, D. E. et al. Princípios de Farmacologia: A Base Fisiopatológica da Farmacoterapia. 2 edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009; FUCHS, F. 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De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 37