INFECTIVIDADE:

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13 - INFECTIVIDADE:
Infectividade é o nome que se dá à capacidade que tem certos organismos de penetrar e
de se desenvolver ou de se multiplicar no novo hospedeiro, ocasionando infecção. Nesse caso,
o agente etiológico é também chamado de agente infeccioso. Há agentes dotados de alta
infectividade que facilmente se transmitem às pessoas suscetíveis. Tome-se como exemplo o
vírus da gripe. Já os fungos em geral caracterizam-se por sua baixa infectividade; embora
bastante difundidos no ambiente, dificilmente se instalam e se multiplicam no organismo do
homem, produzindo infecção.
A doença infecciosa é um acidente na competição entre duas espécies. Em período de
tempo suficientemente longo, o homem e os microrganismos tendem a se adaptar mutuamente.
O micróbio passa gradualmente de uma situação de parasita à de comensal. As relações
agente-hospedeiro atravessam etapas que se iniciam com grandes flutuações epidêmicas,
variando ciclicamente em ondas cuja intensidade vai se fazendo decrescente até transformar-se
em uma endemia. A par dessas modificações quantitativas, ocorrem importantes modificações
qualitativas quanto à gravidade do quadro clínico e à letalidade. No começo, a enfermidade é
grave e mortal, para ir tornando-se gradualmente mais benigna á medida que a condição do
germe passa de parasita a comensal. Esta adaptação é uma etapa necessária para a
sobrevivência do parasita.
PATOGENICIDADE:
É a qualidade que tem o agente infeccioso de, uma vez instalado no organismo do
homem e de outros animais, produzir sintomas em maior ou menor proporção dentre os
hospedeiros infectados. Há agentes dotados de alta patogenicidade, como é o caso do vírus do
sarampo. Nesse caso, praticamente todos os infectados desenvolvem sintomas e sinais
específicos. Numa situação oposta se encontra o vírus da poliomielite, dotado de baixa
patogenicidade. Dentre os infectados, somente cerca de 1% desenvolve a paralisia.
VIRULÊNCIA:
É a capacidade de um bioagente produzir casos graves ou fatais.
Alta virulência indica uma grande proporção de casos fatais ou graves. É o que
acontece na raiva, por exemplo; todo caso é fatal. Já o vírus do sarampo, apesar de alta
infectividade e de alta patogenicidade, é de baixa virulência. São raros os óbitos por sarampo
em nosso meio urbano. Os que ocorrem são devidos a fatores intercorrentes, como, por
exemplo, a desnutrição do suscetível. Daí a razão pela qual, no Nordeste do Brasil, as taxas de
letalidade por sarampo são mais elevadas do que no sul do país.
A virulência está associada às propriedades bioquímicas do agente relacionada à
produção de toxinas, e a sua capacidade de multiplicação no organismo parasitado, o que o
torna metabolicamente exigente, com prejuízo do parasitado. A criança desnutrida oferece
margem à gravidade da doença e até a morte. Na prática, a virulência de um determinado
bioagente pode ser avaliada através dos coeficientes de letalidade e de gravidade. O
coeficiente de letalidade indica a percentagem de casos da doença que são mortais, e o
coeficiente de gravidade, a percentagem dos casos considerados como graves segundo
critérios pré-estabelecidos.
DOSE INFECTANTE:
É a quantidade do agente etiológico necessário para iniciar uma infecção. Varia com a
virulência do bioagente e com a resistência do acometido. Quanto maior o número de parasitas
inoculados no suscetível, tanto maior será a probabilidade de infecta-lo. Exemplo significativo
é tirado do ciclo evolutivo do Schistosoma mansoni. Os caramujos da espécie Biomphalaria
straminea são hospedeiros muito menos efetivos do que os da espécie Biomphalaria glabrata .
Estes últimos eliminam cerca de dez vezes mais cercarias que os primeiros num mesmo
espaço de tempo. Como conseqüência, nas regiões de elevada densidade em Biomphalaria
glabrata, a esquistossomose assume formas clínicas mais graves. Estas formas graves são
conseqüência do alto poder infectante da água contaminada com elevadas concentrações de
cercarias, quando são comparadas comunidades de idêntico nível sócio-econômico-cultural.
Por outro lado, há certos agentes etiológicos que, mesmo em pequena quantidade, são capazes
de infectar as pessoas. Segundo informe da OPS (1964), a picada de um só mosquito infectado
pode introduzir em pessoas suscetível quota suficiente de parasitas, capaz de iniciar o ataque
clínico de malária. Quanto à filariose, talvez sejam necessárias picadas de mil mosquitos e
inoculação de muitas filarias para produzir um caso clínico.
Alguns microrganismos produzem doença de forma indireta por ação das exotoxinas
liberadas em algum meio que possa ser ingerido por indivíduos suscetíveis. Nesses casos não é
necessária a introdução do germe vivo no interior do organismo para que este adoeça. O
Clostridium botulinum é um bacilo esporulado que aparece em carnes e seus derivados
industrializados. Sua toxina, produzida no alimento contaminado, é a responsável direta pela
doença denominada butulismo. Tanto o butulismo como a doença estimulada pela toxina
estafilocócica, produzida pelo Staphylococcus aureus enterotoxígeno, são considerados como
intoxicações alimentares. A toxina botulínica produz intoxicação em doses mínimas. A dose
letal para o homem é de um centésimo de miligrama.
PODER INVASIVO:
É a capacidade que tem o parasita de se difundir, através de tecidos, órgãos e sistemas
anatomofisiológicos do hospedeiro. Há parasitas que se multiplicam em tecidos superficiais,
como no caso do microsporum canis, agente de Tinea corporis. Há os que se multiplicam nos
vasos linfáticos e tecidos adjacentes, formando os bubões, como Yersinia pestis na peste
bubônica. Outros se instalam em órgãos, sendo a tuberculose pulmonar é o exemplo clássico.
E ainda há os que invadem a corrente sangüínea, produzindo septicemia, como o Stafilococus
sp.
IMUNOGENICIDADE:
Também chamado de poder imunogênico, é a capacidade que tem o bioagente para
induzir imunidade no hospedeiro. Há agentes, como os vírus da rubéola, do sarampo, da
caxumba, da varicela e outros, dotados de alto poder imunogênico. Uma vez infectadas por
esses microrganismos, as pessoas ficam, em geral, imunes para o resto da vida. Há outros
agentes etiológicos de baixo poder imunogênico; o vírus da rinofaringite aguda, as salmonelas
e as shigelas, por exemplo, apenas conferem imunidade temporária aos suscetíveis.
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