universidade federal do amazonas - Unifal-MG

Propaganda
COMUNIDADE NOVA ESPERANÇA - JORGE TEIXEIRA –
MANAUS/AM: A PRODUÇÃO E A REDE DE COMERCIALIZAÇÃO DE
HORTALIÇAS
Martha Benfica do Nascimento1
[email protected]
Licenciatura Plena em Geografia
Universidade Federal do Amazonas
Bolsista Capes
Alessandra Benfica do Nascimento2
[email protected]
Licenciatura Plena em Língua e Literatura Portuguesa
Universidade Federal do Amazonas
RESUMO
O trabalho aqui proposto visa compreender a organização da produção
agrícola familiar realizada em área urbana, especificamente na Comunidade
Nova Esperança – Jorge Teixeira – Manaus-AM. Essa pesquisa está
embasada
teoricamente
nos
conceitos
de
Território,
Territorialidade,
Camponês, Agricultura Urbana, destacando autores como: Raffestin, Teodor
Shanin, Tavares dos Santos, Chayanov e Ariovaldo U. Oliveira, Mougeout,
entre outros. Ao se falar de agricultura familiar, logo se deduz que são as
atividades agrícolas praticada no campo.
O termo a ser utilizado nessa
pesquisa será o de “Agricultura Urbana”, ou seja, atividades agrícolas sendo
realizada em área urbana, porém é uma discussão pouco difundida no Brasil.
Convém destacar nessa pesquisa quais os fatores que influenciaram e que
influenciam para que a prática da atividade agrícola familiar seja realizada em
área urbana. Vale ressaltar nesta pesquisa que essa prática assemelhasse a
organização da agricultura camponesa.
ISBN: 978-85-99907-05-4
I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014
728
Palavras – chaves: Produção; Hortaliças; Rede; Comercialização.
Introdução
A pesquisa proposta permite refletir sobre uma realidade que vem ocorrendo
na cidade de Manaus-AM, especificamente na Comunidade Nova Esperança,
uma atividade agrícola familiar sendo praticada em área urbana. Os objetivos
da pesquisa são compreender o processo da produção agrícola familiar na
Comunidade Nova Esperança – Jorge Teixeira - Manaus/AM, considerando as
condições da produção agrícola familiar e a rede de comercialização dos
produtores agrícolas e sua vinculação com o mercado de Manaus-AM. Com a
realização parcial da pesquisa pôde-se compreender como ocorre essa prática
rural em meio urbano através do cultivo de hortaliças na Comunidade Nova
Esperança.
Metodologia
A pesquisa foi realizada em uma abordagem teórica empírica, com realização
de entrevistas semiestruturadas. O que fundamentou teoricamente está
pesquisa, foram os conceitos de Agricultura Urbana e Periurbana (AUP);
Território, Territorialidade e o conceito de Camponês. Para tanto, utilizou-se os
seguintes autores: Mougeout (2001), Raffestin (1993), Sack (1986). Teodor
Shannin (1980), Tavares dos Santos (1978) e Chayanov (1974), entre outros.
Esta pesquisa contou ainda com o uso de alguns materiais e ferramentas:
câmera fotográfica, gravador de voz, imagens de satélite, mapa de
reconhecimento da área de estudo, GPS (Global Posicion System), para
aquisição precisa de coordenadas geográficas para plotagens dos pontos
coletados em carta de localização da área, o software para mapeamento será o
Sistema para Processamento de Informação Georeferenciada – Arc Gis,
versão 9.3.
Resultados parciais e discussões
ISBN: 978-85-99907-05-4
I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014
729
O bairro Jorge Teixeira está localizado na zona leste de Manaus-AM, com a
data de criação do dia 14 de março de 1989, a partir da distribuição dos lotes
para pessoas de baixa renda, sendo formado por quatro etapas, tendo suas
adjacências os bairros Nova Cidade, Expansão do Distrito Industrial II,
Tancredo Neves e Reserva Ducke. A Comunidade Nova Esperança foi criada
em 01 de Outubro de 1993, estando localizada na 4 a etapa do bairro Jorge
Teixeira. Trata-se de uma área de fundo de vale, caracterizada por um terreno
arenoso cortado por dois igarapés: um no sentido norte/sul e outro no sentido
leste/oeste. Durante as pesquisas em campo, foi possível detectar que na
Comunidade o solo é utilizado de maneira intensa para prática de agricultura
especificamente de hortaliças tendo como principais culturas o alface
(Lactuca), couve (Brassica sylvestris), cebolinha (Allium fistulosum), coentro
(cheiro-verde) (Micropoganias furnieri), todas consideradas de ciclo curto. A
Comunidade possui cento e dezoito (118) produtores (Dados da Associação,
2014), responsáveis por quatrocentas e quinze (415) casas de vegetação
existentes para o cultivo das hortaliças. A Comunidade Nova Esperança, é
basicamente formada por famílias oriundas do interior do Estado do Amazonas,
ou seja, famílias essas que migraram da zona rural para zona urbana. Os
produtores familiares da Comunidade, em sua maioria, já praticavam a
atividade agrícola em seus locais de origens, ou seja, mantiveram seu modo de
vida original atendendo às novas necessidades e exigências da cidade. A força
de trabalho é basicamente constituída pela própria família, composta por duas
a três pessoas, com uma carga horária de oito (8) horas a dez (10) horas por
dia, de domingo a domingo, entretanto o produtor familiar não necessita seguir
uma regra rígida para que este processo seja realizado. O que ficou constatado
durante o trabalho de campo é que os produtores agrícolas em meio urbano
não necessitam de transportes para a circulação da produção, uma vez que
estão na zona urbana, o que os diferencia da agricultura praticada no campo
(zona rural). O processo de comercialização ocorre da seguinte forma, os
produtores vendem sua produção diretamente para o consumidor final e/ou
para os intermediários/atravessadores, estes efetuam o pagamento à vista e
em seguida comercializam com pequenas, médias e grandes feiras da Cidade
de Manaus-AM ou diretamente para o consumidor final. A comercialização é
efetuada na própria Comunidade, sendo a colheita realizada na hora em que o
ISBN: 978-85-99907-05-4
I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014
730
comprador chega para negociar a produção, obtendo dessa forma hortaliças
frescas. Não há uma exclusividade para um único comprador, a produção é
comercializada para quem chegar primeiro e o produtor dispor da mercadoria
para oferecer e comercializar com os compradores. Portanto, a produção
agrícola familiar urbana se consolida na cidade de Manaus-AM a partir da
atividade produtiva da Comunidade Nova Esperança.
Conclusões
Com a realização da pesquisa parcialmente identificou-se que a Comunidade
Nova Esperança é composta por famílias oriundas do estado do Amazonas, e
até mesmo de outros Estados, em que as mesmas já realizavam a prática
agrícola. Ressaltando que essas famílias não encontraram dificuldade de
manter-se na zona urbana, pois a renda da qual essas famílias sobrevivem,
provém somente do cultivo de hortaliças. Constatou-se que a prática agrícola
na cidade tem suas vantagens no que diz respeito à comercialização, pois
ficam próximos dos centros de distribuições. A Comunidade persiste com essa
atividade econômica há vinte anos, o que consolida a prática da Agricultura
Urbana. É uma temática recente e com conceito pouco consolidado no meio
teórico, mas isso faz com que a pesquisa proposta possa contribuir para que a
mesma seja mais difundida e compreendida, ainda mais em se tratando do
contexto da cidade de Manaus-AM, que possui em sua periferia, famílias muito
carentes que buscam na atividade agrícola um meio para sobreviver nessa
sociedade capitalista tão desigual.
Referências
AMARAL, F. L. do. Racionalidade Produtiva e Habitus Híbrido: estudos sobre o
modo de vida na Comunidade Agrícola Nova Esperança. Manaus PPGS
(Dissertação de Mestrado), 2014.
BERNADELLI, Maria Lúcia F. da Hora. Contribuição ao debate sobre o urbano
e o rural. In: SPOSITO, M. E. B.; WHITACKER, A. M. Cidade e campo:
relações e contradições entre urbano e rural. São Paulo: Expressão Popular,
2006.
ISBN: 978-85-99907-05-4
I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014
731
CHAYANOV, Alexander V. La organización de La unidad econômica
campesina. Buenos Aires, Ed. Nueva Visión, 1974.
HAESBAERT, Rogério. O mito da desterritorialização. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2004.
MARTINS, A. L. Quintais urbanos em Manaus: organização, espaço e recursos
vegetais no bairro Jorge Teixeira. Manaus: CCA – UFAM (Dissertação de
Mestrado), 1998.
MONGEOUT, Luc J. A Agricultura Urbana: concepto y definición. Agricultura
o
Urbana. v. 1, n 1, p 5-7, abril, 2001.
OLIVEIRA, A. U. de. Geografia Agrária: Perspectiva no início do séc. XXI. In:
MARQUES, M. I. M.; OLIVEIRA, F. C. B. Agricultura familiar em área urbana:
análise socioeconômica da Comunidade Nova Esperança, bairro Jorge Teixeira
– Zona Leste da cidade de Manaus. Programa de Pós- Graduação em
Geografia da Amazônia Brasileira. Universidade Federal do Amazonas, 2007.
(Monografia).
PAULINO, Eliane Tomiasi. Por uma geografia dos camponeses. São Paulo:
UNESP, 2006.
RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. São Paulo: Editora – ática,
1993.
SACK, Robert.
Human territoriality: its theory and history.
Cambridge:
Cambridge University Press, 1986.
SANTOS, J.V.T dos. Colonos do vinho. São Paulo: Editora Hucitec, 1978.
SAQUET, Marcos. Por uma Geografia das territorialidades e temporalidades.
1a ed. São Paulo - Outras Expressões, 2011.
SHANIN, Theodor. Naturaleza y Lógica de La economia campesina. Barcelona:
Editora: Anagrama, 1973.
_______________.
A
definição
de
camponês:
conceituações
e
desconceituações: o velho e o novo em uma discussão Marxista. Estudos
CEBRAP, nº 26, editora :Vozes, 1980.
ISBN: 978-85-99907-05-4
I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014
732
Download