Verbos de modo de movimento no português brasileiro

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VERBOS DE MODO DE MOVIMENTO NO PORTUGUÊS BRASILEIRO:
UMA CLASSE REDUZIDA?
Dorival Gonçalves Santos Filho1
RESUMO: Segundo Talmy (2000b), verbos de modo de movimento são aqueles que possuem no mesmo lexema
verbal os primitivos semânticos de MOVIMENTO e MODO. Em outras palavras, isso significa que esses tipos de
verbo exprimem o MOVIMENTO e o MODO como esse MOVIMENTO se desenvolve num determinado evento.
Para Talmy (2000b), Slobin (2006) e Levin e Rappaport Hovav (2015), verbos de modo de movimento são mais
restritos em línguas neolatinas do que em línguas germânicas. Nas línguas neolatinas, os verbos de movimento
tendem a expressar os primitivos MOVIMENTO e TRAJETÓRIA na raiz, deixando o MODO ser expresso por um
gerúndio. Ao contrário, línguas germânicas fazem parte de uma tipologia em que MOVIMENTO e MODO são
expressos na raiz verbal; já a TRAJETÓRIA é expressa por uma partícula que se associa ao verbo. Neste
trabalho, propomos analisar padrões de lexicalização e diferentes combinações de primitivos semânticos que
põem em relevo o uso do modo de movimento em PB. Com exemplos retirados da rede social Twitter, esperamos
demonstrar que verbos de movimento com o primitivo MODO não são tão restritos no PB.
PALAVRAS-CHAVE: Modo de movimento. Decomposição lexical. Padrão de lexicalização.
1. Introdução
Às vezes não percebemos como os movimentos estão presentes no nosso dia-a-dia.
Imagine uma situação rotineira: você acorda, se espreguiça, levanta, vai até o banheiro e liga o
chuveiro. Ao tomar banho, treme porque a água está gelada. Ao sair para o trabalho, pula por cima
de alguns objetos espalhados pelo chão. Na rua, tropeça no meio fio e anda mancando. Rodopia ao
se desviar das pessoas caminhando apressadas. Senta-se numa praça para descansar um pouco e
observa que as folhas das árvores balançam, a bandeira tremula, alguns indivíduos correm e patos
nadam no lago. A hipotética situação descrita se constitui de uma série de eventos em que
podemos afirmar que o mundo vive em constante movimento. A física estuda esses fenômenos
sob a forma de leis matemática; já uma corrente da Semântica Cognitiva procura investigar como
os falantes representam linguisticamente eventos em que ocorrem movimento. Autores como
Talmy (1972, 1984), Langacker (1986), Svorou (1994), Slobin (1996b, 2000, 2004, 2006) são
alguns pesquisadores que se dedicaram a descrever como o espaço é representado e
conceptualizado. Há uma forte hipótese de que falantes de línguas do grupo2 das neolatinas, turca,
japonesa e coreana priorizariam descrever a TRAJETÓRIA3 dos eventos de movimento; falantes
de línguas germânicas, chinesa e eslavas privilegiariam a descrição do MODO de movimento dos
eventos e falantes da língua atsugewi4 focalizariam a descrição da FIGURA, ou seja, o objeto em
movimento. Talmy (1972) começou formular essa hipótese comparando línguas e, a partir disso,
formalizou o que ele chama de padrões de lexicalização e esquema básico de evento de movimento
(EM). No EM, a FIGURA se desloca em relação a um FUNDO, que é um objeto ou ponto de
referência. A TRAJETÓRIA é o caminho transcorrido pela FIGURA. MODO e CAUSA são coeventos
que se relacionam com o MOVIMENTO, caracterizando o MODO ou a CAUSA do movimento da
FIGURA. Dependendo de como esses primitivos semânticos são gramaticalmente expressos, três
padrões de lexicalização são propostos: LFV (línguas com frame no verbo), LFS (línguas com frame
Doutorando em Linguística pela Universidade Federal de Santa Catarina. E-mail: [email protected]
As línguas ou grupo de línguas exemplificadas não são exaustivas.
3 Os primitivos semânticos aparecerão em caixa-alta, como em Dowty (1979).
4 Atsugewi é uma língua indígena do norte da Califórnia.
1
2
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no satélite) e LFF (línguas com frame na FIGURA)5. Para este estudo, propomos investigar verbos
de movimento que tenham o primitivo semântico MODO. Nesse sentido, traremos para o PB o
esquema de lexicalização que seria prototípico de línguas LFS. Ao inverter a lógica, pretendemos
observar o comportamento de verbos que expressam MODO de movimento no PB. Analisando
verbos com essas características, iniciaremos uma discussão sobre afirmações de autores, como
Talmy (2000b), Slobin (2006) e Levin e Rappaport (2015), quando dizem que tais verbos são raros
e de pouco uso nas línguas neolatinas.
Para esta empreitada, utilizaremos alguns dados de uma lista6 de verbos de movimento
com o primitivo MODO, testando o uso no Twitter7. A escolha dessa rede social como fonte de
dados não foi aleatória. Nossa inspiração veio do trabalho da professora Zappavigna (2012). Ela
criou um corpus chamado HERMES com aproximadamente 7 milhões de tweets8 e 100 milhões de
palavras. A quantidade de dados que podemos retirar dessa fonte é extremamente alta e serve
para alguns propósitos deste trabalho. O objetivo central deste estudo é demonstrar que verbos
que possuem o primitivo MODO não são tão escassos em PB como sugerem Talmy (2000b), Slobin
(2006) e Levin e Rappaport (2015). No entanto, faz-se necessário apresentar, de modo reduzido,
como funcionam os padrões de lexicalização nas línguas do mundo, utilizando o esquema
elaborado por Talmy (2000b).
2. Padrões de lexicalização
Os padrões de lexicalização começaram a tomar forma na década de 1970. Leonard Talmy
(1972), em sua tese de doutorado, comparou o inglês e o atsugewi para verificar padrões de
lexicalização em verbos de movimento. Mas o conceito de lexicalização já era estudado
anteriormente. A relação entre significado-forma foi explorada por autores como Gruber (1965)
que usa o termo incorporation (incorporação), McCawley (1968) que usa o termo lexicalization
(lexicalização) e Talmy (1972) que usa, inicialmente, o termo conflation (fusão)9. O processo de
lexicalização para Talmy (2000b) se caracteriza como um fenômeno que ocorre quando há uma
relação entre primitivos semânticos e elementos de superfície. Em outras palavras, os elementos
do significado em um movimento de conflation se associam a elementos morfossintáticos.
Lexicalização deve, segundo Talmy (2000b, p. 24), resolver casos em que um conjunto de
componentes do significado, tendo uma relação particular com outro, está em associação
particular com um determinado morfema, tornando-se todo o significado do morfema. Em suma,
o processo de lexicalização é uma relação que se dá entre conceitos e morfemas. O resultado das
comparações de línguas feitas por Talmy (1972, 1984, 2000b) permitiu ao autor elaborar
esquemas em que é possível agrupar as línguas do mundo em três grupos: LFV, LFS e LFF. A seguir,
veremos como funcionam esses esquemas.
LFF, posteriormente, foi abandonado pelo autor por não haver falantes conhecidos desde 2008.
A lista mencionada faz parte da pesquisa de doutorado do autor.
7 Twitter é uma rede social desenvolvida por Jack Dorsey nos Estados Unidos. Nessa rede social é possível
resumir suas ideias em 140 caracteres. Basicamente, o Twitter é um serviço de microblogging que permite
ao usuário publicar mensagens curtas, seguir e ser seguido por outros usuários.
8 Tweet é o nome utilizado para designar as publicações feitas na rede social Twitter. O termo tweet em
inglês significa, literalmente, “gorjeio” ou “pio de pássaros”. Essa rede social permite a publicação de apenas
140 caracteres.
9 O termo usado para este trabalho será lexicalização. Esse termo também foi adotado por Talmy.
5
6
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3. Línguas com frame no verbo (LFV)
As LFV, como neolatinas, turca, japonesa, coreana lexicalizam no verbo principal os
primitivos semânticos de MOVIMENTO e TRAJETÓRIA.
[FIGURA MOVIMENTO TRAJETÓRIA FUNDO] Evento de Movimento Relação [evento] coevento
Raiz verbal
Quadro 1: esquema formal de lexicalização para LFV (adaptado).
Na estrutura apresentada no quadro (1), podemos observar que as linhas verticais e
horizontal se ligam à raiz verbal. Isso representa a ligação entre os primitivos semânticos ou
elementos do significado MOVIMENTO e TRAJETÓRIA ao elemento de superfície que é a raiz
verbal. A seguir, veremos como o EM é expresso na superfície.
(1) Meu cachorro ficou na chuva, entrou
FIGURA
na casa
MOVIMENTO FUNDO
correndo e sujou tudo.
a
MODO
a
TRAJETÓRIA
(2) Ele viu a barata e ele
saiu
FIGURA MOVIMENTO
pulando
da cama.
MODO
FUNDO
TRAJETÓRIA
Em (1), temos a representação gramatical de como os primitivos semânticos são expressos
gramaticalmente. A FIGURA é representada por meu cachorro que se desloca para dentro de um
FUNDO, casa. O deslocamento é representado pelo verbo entrar e lexicaliza os primitivos
MOVIMENTO e TRAJETÓRIA que estão entre colchetes. A informação sobre o MODO como o
MOVIMENTO ocorre é expressa por correndo. Essa informação, em PB, é eventualmente expressa
no EM e a sua ausência não prejudica a interpretação do evento como um todo. Em (2), a FIGURA
ele se desloca para fora de um FUNDO e de determinado MODO, saiu pulando. O local de origem
do deslocamento ou FUNDO é representado por cama. Em suma, as LFV expressam o MOVIMENTO
e TRAJETÓRIA no verbo principal e o MODO, se for expresso, por um gerúndio. Vale ressaltar que
algumas preposições são subcomponentes da TRAJETÓRIA. Talmy (2000b, p. 53) os nomeia de
vetor que compreende a direção do movimento. Não abordaremos, neste estudo, os
subcomponentes da TRAJETÓRIA. Aos que se interessarem pelo assunto, indico a dissertação
Padrão tipológico do português: um estudo dos vestígios de satélites na expressão do movimento e
do trajeto (SANTOS FILHO, 2013).
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4. Línguas com frame no satélite (LFS)
As LFS têm por característica lexicalizar na raiz verbal os primitivos semânticos
MOVIMENTO e MODO. No padrão em questão, satélite tem a ver com elementos gramaticais que
se associam ao verbo. Talmy (2000b, p. 102) conceitua satélite como “a categoria gramatical de
qualquer constituinte que não seja um sintagma nominal, preposicional ou um complemento e
que está em uma relação de irmã para a raiz do verbo. ” Beavers et al. (2010) expande o conceito
de satélite para abarcar elementos morfossintáticos que não entram na definição talmyana. Para
os autores, satélite é “qualquer constituinte que é irmã ou adjacente à raiz verbal” (BEAVERS et
al. 2010, p. 9, traduzimos)10. No padrão LFS, a TRAJETÓRIA é expressa por elementos fora do
verbo principal, embora se associem a ele. Esses elementos, dependendo da língua, podem ser
partículas, preposições, advérbios, prefixos etc. Veja o esquema formal para as LFS:
[FIGURA MOVIMENTO TRAJETÓRIA FUNDO] Evento de Movimento Relação [evento] coevento
{MODO}
Raiz verbal
Quadro 2: esquema formal de lexicalização para LFS (adaptado).
O quadro (2) representa a lexicalização de LFS. Podemos observar que as linhas verticais
e horizontal se ligam ao primitivo MOVIMENTO e a um coevento que se relaciona com o EM e
possui o primitivo MODO. Veja dois exemplos de EM a seguir:
(3) The dog
ran
in
the house
FIGURA MOVIMENTO TRAJETÓRIA
MODO
(4) The suspect
FIGURA
jumped
FUNDO
satélite
out
of window of moving car
MOVIMENTO TRAJETÓRIA
MODO
FUNDO
satélite
Em (3), a FIGURA the dog (o cachorro) se movimenta de determinado MODO ran (correu).
O cachorro correu para dentro de um FUNDO the house (a casa). O verbo principal não traz
nenhuma informação sobre a TRAJETÓRIA que é expressa por uma partícula que se associa ao
verbo. In (para dentro) indica a direção da TRAJETÓRIA. No exemplo (4), temos a representação
10
O original é: any constituent that is sister to or adjoined to the verb (root).
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gramatical de LFS. A FIGURA é the suspect (O suspeito) que se movimenta de determinado MODO
jumped (pulou). Os primitivos semânticos MOVIMENTO e MODO são lexicalizados no verbo to
jump (pular). A TRAJETÓRIA, como afirmado anteriormente, é expressa pela partícula verbal out
(para fora). O FUNDO é representado pela expressão of window of moving car (da janela do carro
em movimento). Em resumo, nas LFS, o verbo principal expressa o MOVIMENTO e o MODO; já a
TRAJETÓRIA é expressa por um satélite.
5. Línguas com frame na FIGURA
O terceiro padrão é o mais raro. A língua que melhor representa esse padrão é o atsugewi,
uma língua indígena da Califórnia.
[FIGURA MOVIMENTO TRAJETÓRIA FUNDO] Evento de Movimento Relação [evento] coevento
Raiz verbal
Quadro 3: esquema formal de lexicalização para LFF (adaptado).
O quadro (3) representa o padrão de lexicalização de LFF e tem a particularidade de
lexicalizar os primitivos semânticos MOVIMENTO e FIGURA na raiz verbal.
Segundo Talmy (2010, p. 9), o atsugewi é uma língua polissintética e está cercada por um
grande número de prefixos e sufixos. Um dos atributos mais notável do atsugewi é o significado
dos afixos. Diferente das LFV em que o verbo principal faz referência à TRAJETÓRIA e das LFS em
que o verbo faz referência ao MODO; em atsugewi, o verbo tipicamente faz referência ao objeto
(FIGURA) em movimento. Essa língua possui centenas de raízes verbais que descrevem objetos
ou materiais parados ou em movimento. Os prefixos, geralmente, indicam o tipo de evento que
causou o MOVIMENTO. Os sufixos, geralmente, indicam a TRAJETÓRIA do movimento. Nesse
sentido, os verbos podem ser gigantes e se equivalem a frases inteiras.
(5) Ca -st’aq’ ic’t.
(6) ma-st’aq’-ipsn-ukk.
Em (5), o prefixo ca significa por causa do vento soprando sobre isso. A raiz verbal st’aq’
significa material nojento movendo ou parado. Finalmente, o sufixo ic’t expressa uma TRAJETÓRIA
específica, ou seja, para dentro de um liquido. O verbo em questão expressa que um material
nojento, que pode ser vísceras podres, se moveu para dentro de um líquido por causa do vento.
Esse verbo gigante poderia expressar uma situação em que as tripas de um animal morto que
estavam na margem de um rio foram parar dentro da água, por causa do vento. Algumas autoras,
como Cifuentz-Férez (2008) e Kewitz (2011) consideram que, em parte, esse padrão pode ser
aplicado a línguas como o espanhol e o português. As autoras argumentam que há uma confluência
do primitivo MOVIMENTO com o primitivo FIGURA em alguns verbos. Nessa perspectiva, verbos,
como cabecear, acotovelar, cuspir teriam elementos da lexicalização MOVIMENTO e FIGURA.
325
Argumentamos que chover, chuviscar, garoar, nevar, pingar, gotejar também lexicalizam
MOVIMENTO e FIGURA, uma vez que o foco incide sobre a FIGURA.
6. O modo de movimento
Como exposto acima, o primitivo MODO tende a ser mais lexicalizado na raiz verbal em
padrões LFS e usado como elemento acessório em padrões LFV. O objetivo desse trabalho é
discutir o contexto em que verbos de movimento do PB lexicalizam o primitivo MODO. O ponto de
partida para essa discussão se baseia em afirmações de autores como Talmy (2000b), Slobin
(2006) e Levin e Rappaport Hovav (2015) que dizem que a lexicalização de MODO em LFV é
infrequente, tem recursos lexicais limitados e é de utilização restrita. Antes, de forma resumida,
abordaremos como alguns autores conceituam o verbo de modo de movimento.
7. O modo de movimento para Jackendoff, Talmy e Levin e Rappaport Hovav
Não há consenso entre estudiosos como Jackendoff (1983, 1990), Talmy (2000b), Levin e
Rappaport Havav (1995, 2010, 2015) do lugar que verbos de modo de movimento ocupam nas
classes verbais.
Para Jackendoff (1990), verbos de modo de movimento são aqueles que descrevem o
movimento de um determinado objeto sob a perspectiva do modo como o movimento se realiza.
Nesse sentido, esses verbos tomariam um único argumento, sendo monoargumentais. O autor
agrupa verbos de modo de movimento seja agentivo ou não-agentivo numa mesma classe e
propõe a seguinte representação para a classificação desses verbos:
[Evento MOVER (Coisa) ]
Quadro 4: decomposição do sentido dos verbos de modo de movimento
A função monoargumental MOVER indica o movimento do participante, sem implicar a sua
localização ou deslocamento em uma TRAJETÓRIA. Coisa é o argumento da categoria antológica
dos objetos. A função MOVER mais o argumento Coisa formam o Evento. O problema da proposta
de Jackendoff (1990) exposta no quadro (4) é que ela serve para todos os verbos de modo de
movimento e não os diferenciam.
Talmy (2000b) define modo de movimento como uma atividade de conflation (fusão) em
que se realizam num mesmo lexema verbal os elementos semânticos (primitivos) de MOVIMENTO
e MODO. São verbos que descrevem um modo de movimento sem que haja alusão a uma
TRAJETÓRIA. O autor explica que o verbo de movimento lexicaliza em sua raiz um coevento que
pode ser MODO ou CAUSA, ou seja, há uma série de verbos que expressam um MOVIMENTO que
ocorre de vários MODOS ou por várias CAUSAS.
Uma tentativa de classificação de verbos pode ser encontrada em Levin (1993). Já em
Levin e Rappaport Hovav (1995), as autoras retomam os estudos sobre a Hipótese da
Inacusatividade de Perlmutter (1978). Diante disso, elas separam os verbos de movimento em três
grupos: arrive (chegar), roll (rolar) e run (correr). Como estamos tratando do modo de
movimento, não abordaremos o grupo chegar. Os verbos da classe de correr são considerados
inergativos e não permitem a realização de uma variante causativa; já verbos da classe de rolar
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são considerados inacusativos e permitem a variante causativa. A diferença entre essas duas
classes é o traço chamado de Direct External Cause (DEC). Esse traço determina se a ação denotada
pelo verbo ocorre espontaneamente ou é causada por um agente ou força externa. Verbos da
classe de rolar são +DEC e os da classe de correr são –DEC.
A decomposição dos predicados (linguagem semântica) em Rappaport e Levin (1998a) e
Levin e Rapapport Hovav (2005), que vem sendo usada como representação lexical, trouxe
avanços em relação à decomposição proposta por Jackendoff (1990) exposta resumidamente
acima. A decomposição em primitivos parte do pressuposto de que o significado lexical se compõe
de partes que se combinam. Os predicados primitivos são insaturados, ou seja, precisam de
argumentos para serem saturados. A função de saturar os argumentos cabe a três tipos de
argumentos: variáveis, raízes ou estruturas com predicados que já estão saturados. As variáveis
são argumentos do verbo e são representadas pelas letras maiúsculas X, Y, Z etc. As raízes se
apresentam em caixa-alta, itálico e entre colchetes angulados. A introdução do conceito de raiz
que é a parte idiossincrática do item lexical permitiu diferenciar verbos como correr e andar
porque cada raiz pertence a uma categoria antológica, por exemplo, ESTADO, EVENTO, COISA,
MODO, LUGAR. Neste estudo, focaremos na categoria MODO. No quadro (5), temos um exemplo
do modelo de função da decomposição de predicados sugerido por Rappaport Hovav e Levin,
1998a, p. 108.
[X AGIR<MODO>]
Quadro 5: decomposição lexical
A função do quadro (5) pode ser traduzida da seguinte forma: a raiz MODO modifica o
predicado primitivo AGIR que toma um argumento, a variável X.
(7) O menino pulou no igarapé do São Jorge.
(8) 06:00 da manhã e um carro rodopiou na minha frente.
(9) Pular: [X AGIR <PULAR>]
(10) Rodopiar: [X AGIR <RODOPIAR>]
O exemplo (7) decomposto em (9) apresenta as seguintes propriedades: a raiz de pular é,
antologicamente falando, um modo de agir. Essa raiz ocupa uma posição de modificador do
metapredicado AGIR. Esse modo particular de agir é o que diferencia os verbos de modo de
movimento. No exemplo (8) decomposto em (10), a raiz de rodopiar indica, também, um modo de
agir. Em suma, o agente em (9) move o corpo para cima, afastando-se do chão. Para isso, exerce
uma força contra o chão e o resultado pode ser um movimento cima/baixo, cima/frente/baixo ou
cima/trás/baixo, dependendo do propósito do agente e de vários fatores. Já em (10), rodopiar é
um movimento nem sempre translacional e pode ser exercido por um agente ou por uma força
externa. Em outros termos, rodopiar pode aparecer na forma transitiva ou intransitiva. O objeto
pode ter controle sobre o próprio movimento ou apenas sofrer o movimento.
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Objeto de muita controvérsia, o verbo de modo de movimento recebe diversas definições,
dependendo da abordagem, mas todas parecem ter em comum o fato de que parte do significado
verbal possui o primitivo MODO, indicando como a ação ocorre. Em outras palavras, são verbos
que denotam o MODO como o participante de um determinado evento se movimenta sem implicar
necessariamente em uma TRAJETÓRIA. Visto dessa maneira, os primitivos estariam em
distribuição complementar, ou seja, haveria uma restrição semântica que não permitiria
lexicalizar MODO e TRAJETÓRIA em uma mesma raiz verbal. Essa afirmação pode ser facilmente
contestada por meio exemplos que vamos expor mais adiante. Cabe no momento, apontar os
estudos de Moura e Silva Júnior (2014) e Silva Júnior (2015) que tratam desse assunto. O que se
nota é que apesar de Jackendoff (1990), Talmy (2000b), Rappaport e Levin (1998a) e Levin e
Rappaport Hovav (2005, 2010, 2013, 2014) definirem verbos de modo de movimento sob óticas
distintas, o fio condutor está no fato de que parte do significado verbal possui o primitivo MODO,
descrevendo como a ação ocorre.
8. Uma classe reduzida?
Em PB, diferentemente do que afirmam Talmy (2000b), Slobin (2006) e Levin e Rappaport
(2015), há um número grande de verbos de movimento com o primitivo MODO. Em uma pesquisa
em andamento, SANTOS FILHO (2016) listou duzentos verbos com essas características.
Obviamente, a lista está em um processo de refinamento e o número desses verbos deve diminuir.
No entanto, isso contraria o argumento de autores, como Slobin (2000, p. 2, traduzimos) ao
afirmar que:
Nos casos em que MODO está em questão, tais línguas têm um conjunto relativamente
pequeno de opções para escolher. Por outro lado, línguas como o Inglês têm uma
abundância de verbos de modo de movimento que são usados com muita frequência.11
Ressaltamos, também, que temos consciência de que em línguas como o inglês, de padrão
LFS, a riqueza de verbos de modo de movimento é muito maior. Mas não há como ignorar o fato
de que verbos de modo de movimento estão presente no PB. A diferença é que em PB, além de
modo de movimento puro, o primitivo MODO se combina com outros primitivos, como
TRAJETÓRIA e FIGURA. Partilhamos, também, da afirmação de Slobin (2000, p. 5) ao dizer que o
fato de o primitivo MODO ser expresso no verbo principal aumenta a sua frequência em LFS.
Deixando a análise de padrão de lexicalização em segundo plano, vamos expor alguns
verbos de modo de movimento do PB, verificando exemplos do Twitter. Mas antes, o quadro (6)
apresenta uma amostra da heterogeneidade presente nesta hipotética classe verbal.
O quadro (6) demostra uma pequena fração das combinações do primitivo MODO. Na
primeira coluna, há uma lexicalização pura, no sentido de que só dois primitivos semânticos são
amalgamados (MOVIMENTO + MODO). Na coluna do meio, há três primitivos lexicalizados
(MOVIMENTO + MODO + TRAJETÓRIA). Por fim, na coluna da direita, há a combinação dos
primitivos MOVIMENTO, MODO e FIGURA. Não discutiremos, neste trabalho, a argumentação de
autores, como Levin e Rappaport Hovav (1992) e Talmy (1984) que afirmam que a combinação
de MODO e TRAJETÓRIA não é possível porque estão em distribuição complementar. Em outras
palavras, os autores querem dizer que um verbo que denota TRAJETÓRIA não lexicalizaria MODO
e vice e versa. No nosso entendimento, é possível até combinação de MOVIMENTO, MODO e
FIGURA, como se pode ver no quadro (6). Vamos aos exemplos no próximo segmento:
O original é: in those instances when manner is at issue, such languages have a relatively small set of
options to choose from. By contrast, languages like English have an abundance of manner-of-motion verbs,
and use them with great frequency.
11
328
MOVIMENTO + MODO
MOVIMENTO + MODO +
TRAJETÓRIA
MOVIMENTO + FIGURA +
MODO
Abalar
Andar
Acotovelar
Agitar
Correr
Cabecear
Balançar
Desfilar
Espernear
Chacoalhar
Deslizar
Pisar
Ondular
Escalar
Pisotear
Quadro 6: sugestão de classificação de verbos de modo de movimento em PB
(11) Minha avó agitou a sopa de ervilha na melhor forma.
(12) Peguei no sono ela me chacoalhou levei um susto.
Os exemplos (11) e (12) possuem verbos de modo de movimento plenos, ou seja, aqueles
que lexicalizam na raiz verbal os primitivos MOVIMENTO e MODO. Nesses exemplos, os verbos
fazem referência a um MOVIMENTO cujo MODO é explicitado.
(13) Sabrina desfilou o dia todo com um pregador nas costas.
(14) Dom Pedro II escalou o Morro do Imperador para apreciar a bela vista de Juiz de Fora.
Em (13) e (14), os verbos desfilar e escalar lexicalizam MOVIMENTO, MODO e
TRAJETÓRIA. No verbo desfilar, o MOVIMENTO e MODO ocorrem ao mesmo tempo em que se
percorre uma TRAJETÓRIA, mas o sentido da direção não é especificado. Por outro lado, no verbo
escalar, o MOVIMENTO e MODO acontecem ao mesmo tempo em que se percorre uma
TRAJETÓRIA que tem o sentido explicitado. Ao escalar, o MOVIMENTO é de baixo para cima.
(15) A senhora me acotovelou no trem pra sentar no lugar vago e descer UMA ESTAÇÃO
DEPOIS.
(16) A pessoa esperneou no chão porque o cara ia viajar. MORTA HAHAHAHAHAHAHAHA.
Os exemplos (15) e (16) lexicalizam MOVIMENTO, MODO e FIGURA. Segundo CifuentezFerez (2008), nesses tipos de verbos, uma parte do corpo funciona como FIGURA que se
movimenta de determinado MODO. Argumento que outros verbos, como sapatear, pedalar,
escovar também lexicalizam MOVIMENTO, MODO e FIGURA porque além de ter o MODO como
parte do significado, a FIGURA está claramente explicitada.
A discussão sobre em qual grupo ou classe colocar certos verbos que possuem o primitivo
MODO de movimento parece estar longe de acabar. Mas é evidente que, em PB, há diversos verbos
de movimento com o primitivo MODO.
329
Considerações finais
Nesse estudo, mostramos como funciona os padrões de lexicalização idealizados por
Talmy (1972, 1984, 2000b). O autor sistematizou as regras de correspondência entre primitivos
semânticos e elementos morfossintáticos que permitem agrupar as línguas do mundo em pelo
menos três padrões: LFV, LFS e LFF. Após a publicação de seus estudos, autores como Matsumoto
(2003), Slobin (2004, 2006), Kopecka (2004, 2008, 2009, 2010, 2013), Cifuentez-Ferez (2008),
dentre outros, reformularam e ampliaram o modelo talmyano para se adaptar a empiricidade das
línguas em estudo. A reformulação, ampliação e adaptação do modelo de lexicalização revelou que
as línguas não se comportam só com o padrão prototípico estipulado por Talmy (2000b). Apesar
de o próprio autor apresentar contraexemplos, ele asseverou que cada língua usa só um padrão
na sua expressão mais característica: estilo coloquial, frequência na fala etc. Empiricamente, o PB
transita entre os três padrões de lexicalização. Além de assumir padrões prototípicos de outras
línguas, o PB assume padrões híbridos, no sentido de que mescla até dois padrões para expressar
o EM.
Nesse trabalho, o foco recaiu sobre os verbos de movimento cujo primitivos semânticos
são lexicalizados de diferentes maneiras. A questão posta no título deste trabalho é polêmica.
Classes verbais são consideradas grupos de verbos que partilham algumas propriedades
semânticas e sintáticas. Não é o caso desse estudo, pois alguns dos verbos analisados partilham
propriedades semânticas, mas não propriedades sintáticas. A heterogeneidade semântica e
sintática de verbos de movimento no PB dificulta ainda mais um agrupamento em classes que seja
consistente. O que observamos é que a tentativa de colocar verbos de modo de movimento em
classes, acaba por fragmentá-la, uma vez que várias subclasses são criadas para dar conta das
exceções encontradas na heterogeneidade semântica e sintática desses tipos de verbos no PB.
Em PB, alguns verbos de movimento lexicalizam na raiz verbal os primitivos MODO,
TRAJETÓRIA, FIGURA ou MODO/TRAJETÓRIA e MODO/FIGURA. Além de transitar entre os três
padrões, a língua hibridiza padrões para dar conta de expressar o EM. Por fim, salientamos que o
primitivo MODO é relativamente frequente em verbos de movimento do PB, contrariando as
afirmações de Talmy (2000b), Slobin (2006) e Levin e Rappaport Hovav (2015). No início desse
texto, apresentamos uma hipotética situação que descreve uma série de eventos. Situações
rotineiras que linguisticamente são descritas usando padrões de lexicalização em que o primitivo
MODO se destaca. A questão é que ele não está em distribuição complementar e pode se combinar
com outros primitivos. Se essas combinações formam classes ou subclasses é uma discussão que
pode ter vários desdobramentos. Aqui, essa indagação fica em aberto.
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