Alguns cânceres de mama desaparecem por si mesmos?

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Alguns cânceres de mama desaparecem por si mesmos?
Tradução: Odi Melo
www.odimelo.net
É possível que até 35% dos cânceres invasivos de mama desapareçam por si mesmos, se forem
deixados em paz? Essa é a conclusão do pesquisador norueguês Dr. Per-Henrik Zahl, que
analisou dados de mais de 600.000 mulheres suecas, das quais 50% fizeram exames preventivos
regulares com mamografia e 50% não fizeram mamografia. O Dr. Zahl dá a entender que o
câncer de mama pode estar tendo um exagero de diagnósticos, da mesma forma que o câncer da
próstata está sendo excessivamente diagnosticado. O estudo foi publicado no Lancet Oncology.
O que torna o estudo particularmente útil é que o chamado câncer in situ, como o carcinoma
ductal in situ (CDIS) foi excluído da pesquisa. Na maioria dos casos, o CDIS seria melhor definido
como um pré-câncer, da mesma forma que os estágios 1 e 2 do exame Papanicolau são
considerados pré-cânceres. Faz sentido que muitos, talvez a maioria, dos cânceres in situ
desapareçam por si mesmos. Essa evidência de que cânceres invasivos também desapareçam por
si mesmos é muito importante, pois pode evitar que dezenas de milhares de mulheres passem
por cirurgias desnecessárias.
O Dr. Zahl recomenda, em mulheres com pequenos tumores, identificados por punção com
agulha como sendo receptor estrógeno-positivo, tratar com tamoxifeno ou um inibidor de
aromatase. Ambos reduzem a incidência de câncer de mama, mas apresentam sérios efeitos
colaterais. O risco de câncer da mama pode ser reduzido de diversas formas, inclusive através do
equilíbrio hormonal, bons níveis de vitamina D, evitando toxinas como pesticidas, uma dieta com
alimentos integrais, e controle do estresse. Se as mulheres fosse orientadas sobre esses riscos e
fossem ajudadas a fazer as mudanças necessárias no estilo de vida, teriam boas chances de
regressão desses minúsculos cânceres. Eu recomendo o livro What your doctor may not tell you
about breast cancer (Lee, Zava, Hopkins) [ver tradução do 1º capítulo neste endereço:
http://www.novatrh.net/breast.html] para um melhor entendimento das causas do câncer de
mama e o que pode ser feito para preveni-lo.
Esse estudo do Dr. Zahl é muito complexo, então entrei em contato com o Dr. David Zava,
coautor, juntamente comigo e o Dr. John Lee, do livro acima citado, What your doctor may not
tell you about breast cancer, e pedi-lhe para falar sobre essa importante pesquisa. Aqui estão seu
comentários:
"O que Zahl está dando a entender é que, com base na diferença entre o grupo de controle (que
não fez exames preventivos) e as mulheres que fizeram mamografia, cerca de 35% dos tumores
invasivos crescem até logo abaixo do nível de detecção (aproximadamente 1 cm) e aí regridem
espontaneamente. Não se sabe por que essa regressão ocorre em alguns tumores e não em
outros, mas isso está provavelmente relacionado a alterações no ambiente hormonal da mulher.
Em mulheres na pré-menopausa, sabemos que muitas vezes há estrogênio demais e pouca
progesterona. Assim, tumores estimulados pelo estrogênio nessa fase hiperestrogênica poderiam
regredir espontaneamente, à medida que os estrógenos comecem a diminuir com a menopausa.
Como alternativa, o uso de progesterona poderia ajudar a corrigir esse desequilíbrio, causando a
regressão de tumores em até mais de 35% dos casos. O trabalho de Micheli (2004), mostrando
que quanto mais elevado o nível de progesterona endógena (feita no próprio organismo) menor a
incidência de câncer da mama, corrobora esse conceito.
"Eu acredito que pequenos cânceres invasivos de mama que estão começando a se formar
tendem mais a sumir se o ambiente hormonal que causou sua formação normalizar-se, seja por
sua própria conta ou através de hormônios que se contraponham à ação estrogênica promotora
de crescimento, tais como progesterona, testosterona, inibidores da enzima aromatase, ou
antiestrógenos como o tamoxifeno. Quando a gente pensa em médicos como nosso mentor John
Lee, Helene Leonetti e outros, que encontram pouco câncer de mama em suas clínicas, a razão,
acredito, é porque esses médicos identificam e corrigem desequilíbrios hormonais, causando a
regressão de pequenas lesões.
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"Achei interessante que Zahl tenha chegado à conclusão de que é preciso fazer mais para estudar
a relação do ambiente hormonal com a incidência de crescimento de tumores e a regressão
espontânea de tumores. Tendo trabalhado na área do câncer de mama e exames hormonais
durante os últimos 35 anos, eu concordo com Zahl que precisamos identificar mulheres com perfil
hormonal de risco para câncer de mama e corrigir esses desequilíbrios com mudanças no estilo
de vida (melhor dieta, exercícios físicos, suplementos nutricionais) e terapia hormonal, se
necessário. Uma abordagem tão holística foi a base da prática clínica do Dr. John Lee, e ele teve
muito poucos pacientes com câncer de mama."
Provavelmente vai passar uma década, ou mais, até que muitos cientistas e médicos levem essa
evidência em consideração e mudem a forma como o câncer de mama é tratado. Mas as
mulheres já podem agora ficar mais informadas sobre os fatores de risco relativos ao câncer de
mama, e pensar duas vezes antes de submeter-se a uma cirurgia por causa de um minúsculo
câncer. Uma atitude conservadora de observação atenta provavelmente será uma sábia decisão
para muitos cânceres de mama, assim como para o câncer da próstata.
21 Nov 2011
Referências
Zahl PH, Gotzsche PC, Maehlen J, “Natural history of breast cancers detected in the Swedish
mammography screening programme: a cohort study,” Lancet Oncol. 2011 Nov ;12(12):1118-24.
Micheli A, Muti P, Secreto G, “Endogenous sex hormones and subsequent breast cancer in
premenopausal women,” Int J Cancer. 2004 Nov 1;112(2):312-8.
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Fonte: http://www.virginiahopkinshealthwatch.com/2011/11/do-some-breast-cancers-go-away-on-their-own
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