CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE CURSO DE PEDAGOGIA MAIANA VIEIRA AMARAL BEZERRA O PAPEL DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL FORTALEZA 2013 MAIANA VIEIRA AMARAL BEZERRA O PAPEL DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Monografia submetida à aprovação Coordenação do Curso de Pedagogia do Centro Superior do Ceará, como requisito parcial para obtenção licenciatura em Pedagogia. FORTALEZA 2013 do título de MAIANA VIEIRA AMARAL BEZERRA O PAPEL DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Monografia como pré-requisito para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia, outorgado pela Faculdade Cearense – FAC, tendo sido aprovada pela banca examinadora composta pelos professores. Data de aprovação: ____/ ____/____ BANCA EXAMINADORA _____________________________________________________ Professora Orientadora Ms. Patricia Campêlo do Amaral Façanha _____________________________________________________ Professora Ms. Luiza Lúlia Feitosa Simões _____________________________________________________ Professor Ms. Humberto de Oliveira Santos Júnior Aos meus pais, José Antônio e Silvana pelo carinho e educação que sempre me proporcionaram. Ao meu marido Iagor pelo apoio e incentivo incondicional escolhas e aos meus nas minhas colegas de faculdade. Aos professores do curso de Pedagogia. E a Deus que abençoa a realização dessa grande conquista. AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a Deus, que com a sua infinita misericórdia têm abençoado a realização desta grande conquista. Aos meus pais e ao meu irmão pelo apoio e carinho. Ao meu marido Iagor Pimentel, pelo seu amor, companheirismo e também por acreditar na minha capacidade e por apoiar minhas escolhas. As minhas colegas de curso: Rosimary Pastor Carneiro, Maria Margalyer Figueiredo, Ana Caroline Oliveira, Suzana Amaral, Evaneida Soares, Maria Lili Almada, Jéssica Nayane e Rebeca Castro pelo incentivo. A minha orientadora, Patricia Campêlo do Amaral Façanha, por acreditar e aceitar a tarefa de orientar com dedicação este trabalho. Aos professores, Luiza Lúlia Feitosa Simões e Humberto de Oliveira Santos Júnior, por aceitarem participar da banca examinadora desta monografia. “Educar-se na música é crescer plenamente e com alegria. Desenvolver sem dar alegria não é suficiente. Dar alegria sem desenvolver tampouco é educar.” (Violeta Hemsy de Gainza) RESUMO Esta monografia tem o objetivo de apresentar o papel da música na educação infantil, assim como seus conceitos, objetivos e princípios norteadores. Para compreender a importância da música na educação infantil como etapa garantida pelas políticas públicas, um breve histórico sobre estas categorias foi traçado no decorrer da discussão teórica. Foram abordadas teorias que permitiram a compreensão do desenvolvimento da aprendizagem na educação infantil; a caracterização da música e sua trajetória no mundo e no Brasil; a análise dos benefícios que a educação musical pode proporcionar no ensino, desenvolvimento e aprendizagem infantil; e a identificação de métodos didáticos que proporcionam a prática da música na educação infantil de maneira adequada. A distribuição explicativa da pesquisa foi estruturada em três tópicos nos quais a pesquisa aborda: a educação infantil (fala sobre a educação infantil, com base na lei de bases e diretrizes da educação e no referencial curricular para a educação infantil, analisa também a trajetória evolutiva do ensino infantil no Brasil e no mundo e enfatiza a visão de Vygotsky, Piaget e Gordon); a música (relatando seus aspectos gerais, caracterizando-a, traçando uma linha do tempo explicativa sobre a musicalidade no mundo e no Brasil); música e educação (abordando as contribuições da música no cenário escolar infantil, enfatizando as incumbências da escola e do educador para com o desenvolvimento de uma aprendizagem significativa e de qualidade pautada na musicalidade). Palavras-chaves: Educação Infantil; Música; Desenvolvimento e Aprendizagem Infantil. ABSTRACT This monograph aims to present the role of music in early childhood education, as well as their concepts, objectives and guiding principles. To understand the importance of music in early childhood education as guaranteed by public policy step a brief history of these categories was plotted over the theoretical discussion. Theories that led to the understanding of the development of learning in early childhood education were addressed; featuring the music and its history in the world and in Brazil, the analysis of the benefits that music education can provide in education, child development and learning, and identification methods textbooks that provide practice of music in early childhood education adequately. The distribution of explanatory research was structured in three topics in which research approaches: early childhood education (talks about early childhood education , based on the basic law and guidelines of education and curriculum framework for early childhood education , also analyzes the evolutionary trajectory of infant education in Brazil and in the world and emphasizes the vision of Vygotsky , Piaget and Gordon), music (reporting their general aspects, characterizing it by drawing a line of explanatory time on the musicality in the world and in Brazil), and music education (addressing the contributions of music in children's school setting , emphasizing the duties of school and the educator to the development of meaningful learning and quality guided in musicality) . Keywords: Childhood Education, Music, Child Development and Learning. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS (ZDP) - Zona de Desenvolvimento Proximal (LDB) - Lei de Bases e Diretrizes da Educação (RCNEI) - Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil (MEC) – Ministério da Educação Sumário 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11 2 METODOLOGIA ....................................................... Erro! Marcador não definido. 3 EDUCAÇÃO INFANTIL ......................................................................................... 15 3.1 Conceito e considerações gerais .................................................................... 15 3.2 O surgimento da educação infantil no mundo ............................................... 18 3.3 Histórico da educação infantil no Brasil ......................................................... 22 3.4 O processo de aprendizagem na educação infantil – Fases e Desenvolvimento ..................................................................................................... 23 3.4.1 Piaget e o Desenvolvimento Biológico ............................................................. 23 3.4.1.1 Estágios do desenvolvimento infantil segundo Piaget ................................... 24 3.4.2 Vygotsky e o Desenvolvimento Interacionista .................................................. 26 3.4.3 Edwin Gordon e o desenvolvimento da educação musical na Aprendizagem de crianças ..................................................................................................................... 27 4 A MÚSICA – ASPECTOS GERAIS ....................................................................... 30 4.1 Definição e características ............................................................................... 31 4.2 A história da música ......................................................................................... 34 4.2.1 Música Renascentista ...................................................................................... 36 4.2.1.1 Missa ............................................................................................................. 36 4.2.1.2 Moteto ........................................................................................................... 36 4.2.1.3 Madrigal......................................................................................................... 37 4.2.2 Música Barroca ................................................................................................ 37 4.2.3 Música Clássica ............................................................................................... 37 4.2.4 Música Romântica ............................................................................................ 38 4.2.5 Música Nacional ............................................................................................... 38 4.3 A música no Brasil ............................................................................................ 39 5 MÚSICA E EDUCAÇÃO ........................................................................................ 43 5.1 A música na escola ........................................................................................... 43 5.2 O papel da música na educação infantil ......................................................... 44 5.3 A musicalização ................................................................................................ 45 5.4 O comportamento das crianças em relação à educação musical ................ 46 5.5 O papel do educador frente à aplicação do ensino da música na sala de aula ........................................................................................................................... 48 5.6 O ensino da música e as novas tecnologias .................................................. 50 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 51 REFERÊNCIAS..........................................................................................................53 11 1 INTRODUÇÃO A música encontra-se presente na vida do ser humano de diversas formas, desde o inicio da história da humanidade ela expõe sua cultura e expressão artística. No Brasil, a linguagem musical possui manifestações multiculturais, podendo se apresentar em espaços sociais, religiosos e populares, possuindo a capacidade de expor a característica de cada movimento social de maneira distinta. Não exercendo apenas a função de desenvolver expressões culturais, a música tem um importante papel nas relações educacionais, em específico na Educação Infantil. Segundo Sekelf (2007, p.17), a música na educação infantil exerce o importante papel de estimular o desenvolvimento das capacidades motoras, sensoriais, cognitivas e emocionais, proporcionando uma formação global à criança. O que impulsionou a escolha da temática de investigação desta pesquisa foi o interesse de compreender os benefícios da musicalidade para a aprendizagem e o desenvolvimento infantil, este trabalho foi idealizado visando analisar a qualidade pedagógica do ensino musical infantil. De acordo com este pressuposto, esta pesquisa analisará as contribuições da música no desenvolvimento infantil desde a mais terna idade. Este trabalho visa fornecer ferramentas que proporcionem subsídios para o desenvolvimento da prática pedagógica do educador, através das informações expostas no referencial teórico. Atualmente muito se tem pautado sobre a abordagem da música no ensino, tornando-a mais popular a cada dia no sistema educacional devido sua enorme eficácia em contextualizar de forma interativa os conteúdos escolares, o que instigou os seguintes questionamentos: de que forma a educação musical poderá contribuir para o aprendizado e o desenvolvimento da criança da Educação Infantil? Como a instituição escolar e o educador poderão contribuir para uma mediação mais adequada e eficaz dos processos de aquisição do conhecimento que envolvam o uso da música? Portanto, visando obter as respostas para os questionamentos levantados, esse estudo teve como objetivo geral pesquisar o papel da música na educação infantil, assim como seus conceitos, objetivos e princípios norteadores. Este trabalho monográfico se desenvolveu através do interesse pelo ensino musical 12 na educação infantil, visando entender as contribuições da musicalidade para o desenvolvimento infantil. Os objetivos específicos que nortearam esta pesquisa foram: Compreender o desenvolvimento da aprendizagem na educação infantil; Caracterizar a música e sua trajetória no mundo e no Brasil; Analisar os benefícios que a educação musical pode proporcionar no ensino, desenvolvimento e aprendizagem infantil; Identificar métodos didáticos que proporcionam a prática da música na educação infantil. Desta maneira, a pesquisa foi estruturada visando enfatizar as possibilidades da utilização da música como instrumento pedagógico, expondo durante o estudo sua importância nas relações de aprendizagem e desenvolvimento infantil. Foi utilizada para a realização deste trabalho a pesquisa bibliográfica, por meio da leitura de livros e artigos. Procurando estabelecer uma contenda sobre o papel da música na educação infantil, com o intuito de apresentar maneiras de aplicar a música como mais uma ferramenta pedagógica que auxilie no desenvolvimento global das crianças assim como na sua aprendizagem. A pesquisa apresentada neste discurso foi de caráter bibliográfico que acarretou um aprofundamento maior sobre o assunto dissertado, аtravés de uma seleção de vários autores renomados que abordam em suas obras a temática abordada na pesquisa. De acordo com Teixeira (2013), essa pesquisа é desenvolvida baseada nas contribuições de diversos autores que trabalharam determinado assunto relacionado com o objeto dа pesquisa, perante consulta a documentos no qual os dados e informações desses autores receberam um tratamento cientifico. Para enriquecer o conteúdo teórico da pesquisa, a análise bibliográfica aplicada utilizou diversos teóricos dos quais podem se destacar: Oliveira (2002), Vygotsky (1991), Gordon (2000), Jeandot (1999), Teberosky (2000), Brasil (2010) e Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998). A partir da análise das informações obtidas através da pesquisa bibliográfica, buscou-se apresentar a importância da música nas relações de aprendizagem no desenvolvimento infantil. 13 Estruturada em três momentos a pesquisa aborda em seu referencial teórico a sequencia de reflexões apresentadas: 1º momento – Faz uma abordagem geral sobre a Educação Infantil, abordando a Lei de Bases e Diretrizes da Educação e o Referencial Curricular para a Educação Infantil. Analisa também a trajetória evolutiva do ensino infantil no Brasil e no mundo e enfatiza a visão de três autores (Vygotsky, Piaget e Gordon) a respeito de como ocorre o desenvolvimento da aprendizagem no ensino infantil; 2º momento - Caracteriza a música e traça uma linha do tempo explicativa da musicalidade entre as principais eras do mundo e do Brasil; 3º momento – Aborda as contribuições da música no cenário escolar infantil, enfatizando as incumbências da escola e do educador para com o desenvolvimento de uma aprendizagem significativa e de qualidade pautada na musicalidade. 14 2 METODOLOGIA Foi utilizada para a realização deste trabalho a pesquisa bibliográfica, por meio da leitura de livros e artigos. Procurando estabelecer uma contenda sobre o papel da música na educação infantil, com o intuito de apresentar maneiras de aplicar a música como mais uma ferramenta pedagógica que auxilie no desenvolvimento global das crianças assim como na sua aprendizagem. A pesquisa apresentada neste discurso foi de caráter bibliográfico que acarretou um aprofundamento maior sobre o assunto dissertado, аtravés de uma seleção de vários autores renomados que abordam em suas obras a temática abordada na pesquisa. De acordo com Teixeira (2013), essa pesquisа é desenvolvida baseada nas contribuições de diversos autores que trabalharam determinado assunto relacionado com o objeto dа pesquisa, perante consulta a documentos no qual os dados e informações desses autores receberam um tratamento cientifico. Para enriquecer o conteúdo teórico da pesquisa, a análise bibliográfica aplicada utilizou diversos teóricos dos quais podem se destacar: Oliveira (2002), Vygotsky (1991), Gordon (2000), Jeandot (1990), Teberosky (2000), Brasil (2010) e RCNEI (1998). A partir da análise das informações obtidas através da pesquisa bibliográfica, apresentar a importância desenvolvimento infantil. da música nas relações de aprendizagem no 15 3 EDUCAÇÃO INFANTIL 3.1 Conceito e considerações gerais A educação infantil de acordo com as determinações da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei 9.394/96) é a primeira etapa da educação básica, que corresponde ao período escolar oferecido em creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade e pré-escolas para as crianças de quatro a cinco anos de idade, período para se integrarem na educação básica antes de sua entrada no ensino obrigatório. No entanto antes o pré-escolar atendia até os seis anos de idade, mas as medidas legais modificaram o atendimento das crianças e os alunos com seis anos de idade atualmente devem estar matriculados obrigatoriamente no primeiro ano do Ensino Fundamental. Em 5 de janeiro de 2006 o Ministério da Educação e Cultura (MEC) estipulou a lei nº12.796 que determina como idade obrigatória para o inicio do estudo na educação infantil os quatro anos de idade e para o ensino fundamental os seis anos de idade, ressaltando o dever do Estado de garantir o acesso a educação básica para os indivíduos com faixa etária de quatros a dezessete anos de idade, contidos no art. 6o da LDB. (BRASIL, 2012). Ainda segundo a LDB em seu artigo 29: A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. (BRASIL, 1996). A educação infantil nem sempre foi considerada de suma importância no cenário escolar, as primeiras instituições de atendimento a criança possuíam apenas a função de proporcionar subsídios básicos aos menores integrantes das classes desfavorecidas. A educação era uma ferramenta utilizada para amenizar as problemáticas sociais da população, atribuindo desta maneira um caráter de assistencialismo ao ensino. (BRASIL, 1998). Diante da problemática existente nas questões metodológicas e práticas de ensino, foram idealizados norteadores curriculares na tentativa de proporcionar 16 elementos pedagógicos necessários à aplicação de um currículo crítico, reflexivo, capaz de contribuir de forma adequada com o desenvolvimento educacional do aluno. A partir de 1998, o Ministério da Educação (MEC) anunciou o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil – RCNEI (BRASIL, 1998), como documento de orientação metodológica para a educação infantil. Apontar metas de qualidade que contribuam para que as crianças tenham um desenvolvimento integral de suas identidades, capazes de crescerem como cidadãos cujos direitos à infância, são reconhecidos. (BRASIL, 1998, v.1, p.7). Configurando-se como um nível de educação específica, a educação infantil desde 1998 norteia suas práticas através do RCNEI, que exerce a função de nortear as práticas educacionais, a fim de fornecer um ensino qualitativo e significativo para a criança, desenvolvendo suas capacidades de forma integral. (PACIEVITCH, 2011). Essa mesma autora aponta em seu artigo que o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil sugere que devem ser orientados os seguintes eixos temáticos: Movimento, Música, Artes Visuais, Linguagem Oral e Escrita, Natureza e Sociedade, e Matemática, pois apresenta a tríade do cuidar da criança em espaço formal, contemplando a alimentação e a limpeza, o brincar e o educar, sempre respeitando o caráter lúdico das atividades, com ênfase no seu desenvolvimento integral. O RCNEI especifica esta tríade de concepções e objetivos para a formação da criança, e as instituições de educação infantil devem de maneira integrada incorporar as funções de educar e cuidar, que podem oferecer às crianças condições para as aprendizagens, as brincadeiras nas atividades pedagógicas sendo orientadas por um adulto instruído de forma intencional ou direcionada. Sendo importante ressaltar, que essas aprendizagens, de natureza diversa, ocorrem de maneira articulada no processo de desenvolvimento infantil sendo, portanto, importante para a instituição de educação infantil entender os significados e sua representação para a criança. (BRASIL, 1998). Ainda segundo BRASIL (1998, v.1): 17 Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. Neste processo, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas, na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis. (1998, v.1, p.23). O educar é mediar experiências que possibilitem o desenvolvimento global da criança, propiciando o cuidar e o brincar em atividades orientadas que contribuam com o desenvolvimento do seu conhecimento afetivo, motor, emocional, estético e ético na sua formação interpessoal. Para cuidar é necessário ter comprometimento com o outro, entender suas particularidades, ser solicito com suas necessidades e demonstrar que sente confiança em suas capacidades. Portanto é de fundamental importância a construção de um vínculo entre quem cuida e quem é cuidado. A brincadeira é uma linguagem infantil que mantém um vínculo essencial com aquilo que é o “não-brincar”. Para que as crianças possam desempenhar suas habilidades de criar é imprescindível que haja criatividade e diversidade nas vivências que lhes são apresentadas nas instituições, sejam elas mais voltadas as brincadeiras ou as aprendizagens que ocorrem por meio de uma intervenção direta, pois as crianças transformam os conhecimentos que já possuem anteriormente em conceitos gerais com os quais envolvem o brincar. (BRASIL, 1988, v.1, p.27). De acordo com os relatos do RCNEI citados, o profissional da educação exerce o seu papel de norteador das práticas pedagógicas interativas, compreendendo o contexto ambiental, as necessidades e o ritmo de cada criança, intencionando o ensino para o desenvolvimento de metodologias significativas e qualitativas, capaz de formar cidadãos conscientes de seus deveres e direitos sociais. O Plano Nacional de Ensino (PNE), de acordo com a lei nº 10.172/2001, diz que com a “determinação da LDB, as creches atenderão crianças de zero a três anos, ficando a faixa de 4 a 5 para a pré-escola, e deverão adotar objetivos educacionais, transformando-se em instituições de educação, segundo as diretrizes curriculares nacionais emanadas do Conselho Nacional de Educação. Essa determinação segue a melhor pedagogia, porque é nessa idade, precisamente, que 18 os estímulos educativos têm maior poder de influência sobre a formação da personalidade e o desenvolvimento da criança. Trata-se de um tempo que não pode estar descurado ou mal orientado. Esse é um dos temas importantes para o PNE”. (BRASIL, 2001). Portanto a educação infantil é a primeira etapa da educação básica, antes do ingresso da criança no ensino obrigatório, que consiste em estabelecer sua base de formação em seus aspectos físicos, psicológicos, intelectuais, sociais, emocionais, e da personalidade, pois é nesse período que ela tem suas primeiras experiências de vida, que são as mais marcantes na sua história, quando são positivas tendem a motivar atitudes de autoconfiança, cooperação, responsabilidade. A educação infantil inaugura a educação da criança, sendo importante para o seu desenvolvimento e seus aprendizados posteriores. (BRASIL, 2013). Pode-se compreender então, que é no ensino infantil que a criança obterá estímulos que proporcionarão seu desenvolvimento cognitivo, social e emocional, no que cabe ao educador gerar situações de aprendizagens dinâmicas que contribuam para uma formação integral e significativa do ser. 3.2 O surgimento da educação infantil no mundo A idade média era caracterizada por seu modo feudal, em que os senhores de terras determinavam suas leis, valores e cultura por possuírem direitos e poderes na sociedade medieval, eles tratavam as crianças como adultos em miniaturas, elas tinham as mesmas funções dos adultos, e o que aprendiam as ajudava na sua vida, pois eram vistas como seres incapazes. Esta forma de lidar com as crianças nesse período foi herdada de costumes da Antiguidade. A sociedade medieval não tinha consciência nem sentimento de infância, as crianças não se distinguiam dos adultos. Segundo Áries (1981 apud CAMBI, 1999, p. 82): [...] as crianças na idade média, tem um papel social mínimo, sendo muitas vezes consideradas no mesmo nível que os animais (sobretudo pela altíssima mortalidade infantil, que impedia um forte investimento afetivo desde o nascimento), mas não na sua especificidade psicológica e física, a tal ponto que são geralmente representadas como “pequenos homens”, tanto na vestimenta quanto na participação na vida social. Até seus brinquedos são os mesmos dos adultos, e só com a época moderna é que se irá delineando uma separação. 19 Segundo o autor citado, as famílias pobres da idade média praticavam muito o infanticídio por terem muitos filhos e não terem como criá-los e alimentá-los, este tipo de prática era condenado pela igreja, mas era praticado e camuflado como acidente. Com a ascensão da Burguesia na sociedade, a igreja perdeu seu poder, surgindo duas atitudes contrárias na concepção de criança: uma considerava a criança um ser ingênuo, inocente e a outra corrente a considerava imperfeita e incompleta havendo a necessidade do adulto moralizar a criança. Desta forma a base familiar que existia na idade média muda, e essas atitudes foram transformando os fundamentos sociais, culturais, morais, econômicos e políticos, que aos poucos foram sendo superados pela chegada da sociedade moderna. De acordo com Oliveira (2002, p. 59): Nos séculos XV e XVI, novos modelos educacionais foram criados para responder aos desafios estabelecidos pela maneira como a sociedade europeia então se desenvolvia. O desenvolvimento científico, a expansão comercial e as atividades artísticas ocorridas no período do Renascimento estimularam o surgimento de novas visões sobre a criança e sobre como ela deveria ser educada. No século XVII, a criança passou a ter um papel central nas preocupações da família na sociedade. A educação passou a ter mais importância, surgindo também os castigos corporais como forma de disciplinar as atitudes das crianças, prática essa que se usou tanto nas escolas como na família. Com a revolução industrial as mulheres tiveram que deixar seus trabalhos domésticos para começarem a trabalhar nas fábricas. Neste período surgiram as instituições de educação infantil, que serviam mais de refúgio, devido ao abandono e maus-tratos de crianças pequenas pelos pais que trabalhavam nas fábricas. (OLIVEIRA, 2002, p. 16). As creches não tinham um objetivo educacional, mas sim um caráter assistencialista, referente aos cuidados com alimentação e saúde, e representava para as crianças um espaço seguro. Com a primeira guerra mundial dobrou o número de mulheres trabalhando nas fábricas devido à substituição dos homens que eram convocados, portanto houve a necessidade de abrir mais instituições públicas, 20 por conta do alarmante número de crianças órfãs, as creches não conseguiam mais atender a crescente demanda. (...) enquanto os filhos das camadas médias e dominantes eram vistos como necessitados de um atendimento estimulador de seu desenvolvimento afetivo e cognitivo, às crianças mais pobres era proposto um cuidado mais voltado para a satisfação de necessidades de guarda, higiene e alimentação. (OLIVEIRA, 2002, p.17). Drouet (1990 apud SILVA, 2011, p.25) afirma que nessa época as creches não tinha estrutura física adequada para a recepção dessas crianças, porém hoje há específicas para o funcionamento, inclusive falando sobre infraestrutura, em quase todos os países e essas instituições são controladas pelos ministérios da saúde e da educação. As crianças do século XVIII que ficaram órfãos dos pais, que perderam a vida nas guerras, nessa época as de quatro a sete anos eram empregadas pelas fábricas para fazerem serviços que os adultos não conseguiam fazer, como limpar chaminés, fazer lubrificação das partes inferiores das máquinas pesadas, etc. Essas crianças chegavam a trabalhar até 14 horas diárias como aprendizes, cedidas aos patrões pelo comissionario dos pobres. Ao atingirem a idade de sete anos eram devolvidas às ruas completamente ignorantes. (DROUET, 1990 apud SILVA, 2011, p.25). Com o fim da segunda guerra mundial, elas passaram a necessitar de cuidados e atenção quanto à saúde emocional, prejudicadas pelas mortes dos pais ou mesmo pela ausência das mães que continuavam trabalhando fora. A partir da década de 1950 houve a preocupação com o desenvolvimento intelectual das crianças de baixa renda, e com o intuito de evitar a reprovação ao ingressarem na escola elementar (equivalente ao 1° grau) surgiu pela primeira vez a denominação pré-escolar, que passou a significar "ensino que antecedia a escola elementar ou que preparava para a escola elementar.” (KRAMER, 1992 apud MUNIZ, 1999, p.246). No entanto houve uma mudança radical no objetivo das escolas assistencialistas, pois no início as instituições se preocupavam em formar apenas os bons hábitos, a saúde física e mental, e só depois é que acrescentaram a função de preparar a criança, evitando a repetência e a evasão escolar. Segundo Kramer (1992 apud MUNIZ, 1999, p. 245): 21 A educação tem um valor de investimento a médio ou longo prazo e o desenvolvimento da criança contribuirão futuramente para aumentar o capital familiar, sem atribuição de um caráter educativo efetivo e atuante nos processos de aprendizagem. A educação pré-escolar atende desde o nascimento da criança até a sua entrada na escola obrigatória, pois o objetivo do pré-escolar consiste no desenvolvimento da linguagem, socialização e na preparação para esse ingresso. De acordo com Oliveira (2002) os programas didáticos usados em quase todos os países foram os de Comênius (1592), Rousseau (1712), Pestalozzi (1746), Froebel (1782), Declory (1871), Montessori (1879) uma das precursoras do tema, dentre outros psicólogos, filósofos e educadores. John Amos Comênius (1592 – 1670), na sua época criou projetos para educar crianças menores de seis anos e de diferentes condições sociais. Um de seus projetos foi o maternal, por conceituar que a base inicial do ensino é o colo da mãe, neste projeto fazia uso de materiais audiovisuais. Jean-Jacques Rousseau (1712 – 1778) pregava que o homem é bom por natureza, mas é corrompido pela sociedade. Combatia os preconceitos e o autoritarismo e tudo que violassem a liberdade característica da natureza. Considerava a mãe, como uma educadora natural da criança. Johann Heinrich Pestalozzi (17460 – 1827) incorporou o afeto à sala de aula, considerava como fundamento básico do ensino motivar as crianças a desenvolverem suas habilidades naturais e inatas. Friedrich Froebel (1782-1852) foi o fundador dos jardins-de-infância, em que considerava a brincadeira como um dos recursos para o caminho da aprendizagem. Foi um dos primeiros pedagogos a falar em autoaprendizagem. Maria Montessori (1870 – 1952) desenvolveu materiais que direcionados e orientados corretamente, eram usados como recursos educacionais que estimulavam o desenvolvimento motor e dos sentidos da inteligência. Mesmo com métodos diferentes entre si, as abordagens de ensino desses autores tinham como base a educação diferenciada para as crianças, pois encontraram nelas necessidades próprias e características diferentes das dos adultos. 22 A Constituição Federal de 1988 afirma no Art. 205 que a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Portanto houve um fortalecimento do caráter educativo, acabando com o assistencialismo que durou por quase um século. Entende-se que de fato a educação encontrou na constituição de 1988 uma ferramenta legislativa para sua efetivação, fato que não serviu de garantia para proporcionar um ensino que cumprisse todos os direitos que competem aos vários grupos sociais, perpetuando um sistema dual e exclusivo. 3.3 Histórico da educação infantil no Brasil A história da educação infantil no Brasil começa, com as transformações sociais e econômicas e o aumento do número de fábricas. Assim surgiu a necessidade das mulheres deixarem suas casas, seus afazeres domésticos e o cuidado com a sua família por longos períodos, para ingressarem no mercado de trabalho, devido ao processo da revolução industrial que estava acontecendo no mundo todo. (CALDART, 1997). Com o processo de urbanização e as mulheres fora de casa, começaram movimentos pela luta, por melhores condições de vida. Resultando da necessidade de ter um lugar para deixarem os filhos da massa operária, a partir desse momento surgiram as primeiras instituições de atendimento infantil, dando assim início ao atendimento das crianças em creches da educação infantil (termo atual referente ao atendimento de crianças de 0 a 5 anos) no Brasil. (MACHADO, 2000). Estes espaços possuíam um foco totalmente assistencialista, visando apenas o “cuidar”, pois não havia políticas bem definidas em relação às instituições de Educação Infantil. Os profissionais que atendiam essas crianças não tinham nenhuma formação pedagógica, gerando um desordenamento numa perspectiva emergencial e por isso a precarização do ensino e do atendimento às crianças, como se os problemas emergenciais provenientes da sociedade industrial pudessem ser todos resolvidos com a implantação dessas instituições infantis. (MACHADO, 2005). 23 Segundo o mesmo autor as crianças eram jogadas em salas com um atendimento de baixa qualidade, levando-as a uma alienação para a aceitação de sua condição social, sem questionarem a realidade que as cercava. No ano de 1895, em São Paulo foi inaugurado o primeiro jardim da infância. O direito à educação passou a fazer parte do desenvolvimento integral da criança, com a Constituição de 1988 que incluiu o inciso IV que fala sobre o “atendimento em creche e pré-escolas a crianças de zero a seis anos de idade”. A educação infantil começou então a ser garantida e com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), n° 9.394 do ano de 1996 o atendimento a crianças de zero a seis anos, etapa que corresponde a educação infantil, foi considerada em seu Art. 29 como: primeira etapa da educação básica, tendo como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físicos, psicológicos, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. (BRASIL, 1996). Ainda de acordo com a LDB 9.394/96 a educação infantil deve atender às crianças em instituições distintas equivalentes a sua faixa etária. Desta forma esta lei definiu no inciso I as creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade e no inciso II – pré – escolas, para as crianças de quatro a seis anos de idade. Esta lei possibilitou a inserção das crianças nestas instituições, sendo responsabilidade do poder público a garantia das vagas e o atendimento gratuito às crianças contempladas pela educação infantil. (BRASIL, 1996). Apesar de estar longe de ser um ideal educacional esperado, a LDB trouxe diversos avanços para o ensino infantil, caracterizando-se a primeira etapa da Educação Básica, atribuindo como objetivo prioritário o desenvolvimento social, cognitivo e afetivo da criança, integrando a participação familiar e comunitária neste processo. 3.4 O processo de aprendizagem Desenvolvimento 3.4.1 Piaget e o Desenvolvimento Biológico na educação infantil – Fases e 24 Piaget (1998) afirma que os atos biológicos estão extremamente ligados ao desenvolvimento das capacidades cognitivas do indivíduo, pois para o autor a aquisição do conhecimento ocorre através da interação do organismo com o meio externo. Conforme o referido autor disserta, o desenvolvimento humano é composto por diversas fases, caracterizado por estados comportamentais específicos em cada nível. Nesse contexto, a criança expõe ações e responde a estímulos, de acordo o seu amadurecimento biológico e cognitivo. 3.4.1.1 Estágios do desenvolvimento infantil segundo Piaget a) Sensório – Motor (0 – 2 anos) Primeira fase, considerada pelo autor, do desenvolvimento humano. A característica marcante neste estagio é a busca da criança pela satisfação das suas necessidades primárias, manifestando seus desejos através os órgãos sensoriais e da movimentação. É um período marcado também pela predominância do egocentrismo, devido todas as realizações da criança ocorrerem por meio do seu corpo, tornando-o desta forma o centro dos acontecimentos. (SILVA e VIANA, 2011). O período sensório-motor é de fundamental importância para o desenvolvimento cognitivo. Suas realizações formam a base de todos os processos cognitivos do indivíduo. Os esquemas sensório-motores são as primeiras formas de pensamento e expressão; são padrões de comportamento que podem ser aplicados a diferentes objetos em diferentes contextos. (CAVICCHIA, 2013). Neste período a evolução cognitiva da criança é distribuída em seis subestágios nos quais se estabelecem as bases para a construção das principais categorias do conhecimento que possibilitam ao ser humano organizar a sua experiência na construção do mundo: objeto, espaço, causalidade e tempo. b) Pré – Operatório (2 – 7 anos) Neste período a criança já e capaz de exercer primarias representações simbólicas, seu cognitivo já possui a capacidade de compreender a dinâmica de 25 atrelar nomes a objetos que não se encontram presentes no meio físico em um dado momento. (PIAGET, 1982 apud MARQUES, 2011). Dias (2010) afirma que esta é uma fase em que a criança reduz suas limitações, pois na fase anterior era refém dos desejos e anseios do seu corpo, e era sua única forma de comunicação. Devido a estruturação mental adquirida neste período, ela começa a compreender e interpretar dos fatos cotidianos, não ainda de forma contextual e integral, pois ainda não possui a noção de tempo e espaço para relacionar que vários fatos ocorrem em um mesmo dia. Lewis e Wolkmar (1993) apontam que o fato marcante deste período é a transição de um plano de ação para o plano de representação, pois neste momento surge uma espécie de objeto de inspiração, gerando motivação na criança. Neste período a criança realiza a transição entre a inteligência baseada no sensório-motor para a inteligência representativa, pois ao atingir o pensamento representativo a criança reconstrói o objeto, o tempo e o espaço em relação este novo plano da representação. c) Operatório – Concreto (7 aos 11 anos) Neste período a criança já possui a capacidade mental de distinguir as ações e os sentimentos reais dos imaginativos, adquirindo uma organização mental definida, realizando operações diversas. Já identifica pesos, volume e realiza questões de natureza lógica. (LA TAILLE, 2003). A respeito da cognitividade infantil nesta fase Marques (2011) cita que: As discussões tornam-se possíveis, porque comportam compreensão a respeito dos pontos de vista do adversário e a procura de justificativas ou provas para a afirmação própria. As explicações mútuas entre crianças se desenvolvem no plano do pensamento e não somente no da ação material. O referido autor afirma também que é neste momento que a criança é inserida no convívio em sociedade, iniciando aos poucos seu condicionamento às regras e leis sociais. Neste momento há também a existência dos diálogos devido à ocorrência da estruturação do pensamento e da linguagem. d) Operatório – Formal (a partir dos 11 anos e se prolongando por toda a vida) 26 Na fase formal, a criança se apropria da habilidade de realizar operações abstratas e hipotéticas, bem como a compreensão de conceitos atemporais como o amor e ódio. (PIAGET, 2002). Piaget (2002) define esta fase como estágio de maior nível de inteligência do indivíduo, no qual toda a sua capacidade de raciocínio é atingida até o momento e tenderá a se desenvolver durante toda a sua existência, amplificando-se, bem como absorvendo novas habilidades. O autor compreende que o desenvolvimento é um fenômeno de suma importância no processo de aquisição da aprendizagem na criança, possibilitando adquirir um novo conhecimento a cada nova experiência biológica, Piaget afirmava que amadurecer o corpo era sinônimo de obter crescimento intelectual. (MONTANGERO, 1993). Compreende-se que a teoria piagetiana não enfatiza apenas uma sequencia de caracteres biológicos que devem ser aplicados em um pacote finalizado nas situações de aprendizagens, e sim a definição característica de cada fase proporcionando ao educador a aquisição de conhecimentos necessários para estimular de forma eficaz o aprendizado nas crianças. 3.4.2 Vygotsky e o Desenvolvimento Interacionista De acordo com Vygotsky (1990), o desenvolvimento da criança só é compreendido a partir da análise do contexto de convívio cotidiano, observando seus desejos e as suas necessidades, comparando os resultados adquiridos com os estímulos fornecidos pelo meio. Durante o processo de interação com os pares, a criança estabelece uma relação direta entre a busca pela obtenção de seus desejos e o objeto intermediador da interação, que pode ser o próprio ambiente de convívio, o meio social (as pessoas), um jogo ou brinquedo. Vygotsky (1990) atribui ao processo de interação social extrema importância para o desenvolvimento do indivíduo, nomeando níveis característicos ao longo das situações interativas: nível de desenvolvimento real (são etapas já finalizadas na construção da aprendizagem, neste nível encontram-se as atividades que a criança é capaz de realizar sozinha) e o nível de desenvolvimento potencial 27 (fase de aprendizado intermediário, ou seja, nível em que a criança é capaz de realizar e apreender novos conhecimentos através da intervenção de outra pessoa). A aprendizagem adquirida através da experiência com o meio é única para cada indivíduo, ou seja, ocorre de maneira subjetiva, com intepretações exclusivas de cada ser, a assimilação de um novo conhecimento interage diretamente com o processo de desenvolvimento da criança. Nessa perspectiva a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) é configurada pela capacidade de realização e aprendizado cognitivo da criança por intermédio de outra pessoa que se encontre numa faixa etária mais avançada. (VYGOTSKY, 1991). A ZDP está relacionada diretamente com as funções do educador em perceber as principais necessidades da criança, devendo proporcionar ambientes que visem o desenvolvimento de aprendizagens espontâneas, significativas e qualitativas, valorizando o processo humano no ensino. (VYGOTSKY, 1991). A interação e atuação do profissional da educação no processo cotidiano das situações de aprendizagem das crianças é um fato de suma importância, pois proporciona subsídios para a resolução de problemáticas no ensino, que devem ser compreendidas desde a educação infantil, evitando que se perpetuem em outras etapas do ensino. (GARDNER, 1995). Vygotsky afirma em sua teoria que a capacidade cognitiva do indivíduo não pode ser configurada como um simples ato de aquisição de conhecimento, pois é necessário valorizar os fatores externos que envolvem o processo, como a interação entre os pares, sendo através deste ato que a criança internaliza conceitos, desenvolve o senso de coletividade, respeito mútuo e compreensão, de maneira dinâmica e significativa. (WASJOP, 1995). Entende-se a importância do aprendizado mútuo, para a assimilação significativa e adequada do conteúdo, valorizando o direito do aluno de expressar sua opinião e refletir sobre determinada ideia, enfatizando que o educador não é o soberano detentor de todo conhecimento, tornando desta forma o ensino dinâmico, humano e de qualidade. 3.4.3 Edwin Gordon e o desenvolvimento da educação musical na aprendizagem de crianças 28 Considerado um dos nomes de maior respaldo na atualidade no estudo da aprendizagem musical, Edwin Gordon (2000), questionava a forma como o aprendizado musical ocorria tentando compreender em que fase do desenvolvimento da criança especificamente se dava este processo. Para o autor, a aquisição das habilidades musicais acontece da mesma forma que a aprendizagem da linguagem e cita as seguintes etapas de apropriação: Escutar: desde o nascimento, a criança é bombardeada com uma enxurrada de sons e efeitos sonoros derivados do meio externo, ocorrendo desta forma uma absorção de maneira geral da sonoridade detectada pela audição infantil, que funciona nesta fase como um canal de direto acesso para todos os sons e linguagens. Imitar: depois de escutar os sons, a criança busca reproduzi-los, tentando imitar a sonoridade emanada dos adultos, caracterizando a sua primeira expressão de comunicação verbal lógica. Pensar: Após o ato de reprodução aleatória dos sons, inicia-se o processo de reflexão, no qual a criança começa a atrelar sentindo as palavras e frases que pronuncia. Improvisar: Depois da compreensão lógica do ato, é chegada a fase da assimilação sonora, neste momento a criança é capaz de organizar e controlar o seu canto, bem como desenvolver diálogos. (GORDON, 2000, p.315). Gordon (2000) ressalta que a aquisição da linguagem só é possível através dos contatos iniciais com as palavras proporcionadas durante o processo de assimilação dos sons na infância, através das ações de escutar, reproduzir, pensar e improvisar. Para Gordon, a ideia do termo audição é comparável à linguagem: efetivamente, da mesma maneira que nos apropriamos da linguagem para comunicação, sendo capazes de fazê-lo de forma autônoma, espontânea e independente. Quando falamos também nos apropriamos da música de uma forma que nos permite expressar ideias, sem estarmos condicionados exclusivamente pelo que nos é revelado “dizer” através da memoria ou da leitura das partituras. (CASPURRO, 2011). Gordon (2000) enfatiza que a aprendizagem musical deve ser estimulada desde a infância, afirmando que durante esta fase a capacidade de assimilação do conhecimento possui um grau de potencial mais elevado do que nos períodos 29 seguintes. É neste momento que se constrói a base de solidificação de um aprendizado significativo e qualitativo na criança, devendo a família e a escola exercer o papel de nortear os pequenos nas situações de aprendizado. Portanto, pode-se compreender que o mundo infantil é configurado por um conjunto de formas e significados próprios da compreensão da criança, no qual os pequenos têm a capacidade de enxergar o mundo de uma maneira subjetiva, devendo o educador propiciar elementos baseados na cultura e na sensibilidade infantil para estimular a integração da musicalidade no cotidiano escolar de maneira construtiva e dinâmica. 30 4 A MÚSICA – ASPECTOS GERAIS A música é a arte de combinar sons seguindo regras que variam conforme a época e a civilização. Conforme dados antropológicos, as primeiras músicas foram usadas em rituais, como: nascimento, casamento, morte, recuperação de doenças e fertilidade. Segundo Rosa (1990, p.12) o homem e a música sempre viveram juntos, eles reproduziam o som que ouviam da natureza, como os cantos dos pássaros, o vento forte e seu sussurrar nas folhagens, as águas dos rios, os estalarem dos galhos entre tantos outros. Portanto achar uma concepção que atenda todos os seus significados é difícil, e depende da época e cultura em que está inserida. O professor Lindomar Araújo (2009) nos mostra como podemos identificar a presença da música e sua importância para a comunicação e interação entre as pessoas. Podemos dizer que a “Música” é a arte de combinar os sons e o silêncio. Se pararmos para perceber os sons que estão a nossa volta, concluiremos que a música é parte integrante da nossa vida, ela é nossa criação quando cantamos, batucamos ou ligamos um rádio ou TV. Hoje a música se faz presente em todas as mídias, pois ela é uma linguagem de comunicação universal (...). A música existe e sempre existiu como produção cultural, pois de acordo com estudos científicos, desde que o ser humano começou a se organizar em tribos primitivas pela África, a música era parte integrante do cotidiano dessas pessoas. Acredita-se que a música tenha surgido há 50.000 anos, onde as primeiras manifestações tenham sido feitas no continente africano, expandindo-se pelo mundo com o dispersar da raça humana pelo planeta. A música, ao ser produzida e/ou reproduzida é influenciada diretamente pela organização sociocultural e econômica local (...). A música possui a capacidade estética de traduzir os sentimentos, atitudes e valores culturais de um povo ou nação. A música é uma linguagem local e global. (ARAÚJO, 2009). A linguagem musical de acordo com o professor Lindomar é a arte de combinar sons e o silêncio, ele considera a música como parte integrante da nossa vida sendo uma linguagem de comunicação universal, que está diretamente ligada à cultura e à época da organização sociocultural e econômica de cada lugar. Ele aponta que a música nos traz a capacidade estética de demonstrar sentimentos, de interagir de acordo com os valores culturais de cada povo ou nação. A música é a transformação de sons e ritmos em notas musicais, apesar de ter várias definições, é uma forma de arte que combina sons, ritmos e silêncio, é considerada como uma prática cultural e humana, tanto que todas as civilizações possuem algum tipo de manifestação musical própria. 31 A autora Jeandot (1990 apud GONÇALVEZ, 2001) enfatiza que a música está diretamente ligada às tradições e cultura das sociedades no decorrer da história. Apesar de ser universal, se aponta que cada estilo musical “varia de cultura para cultura”, portanto o conceito de música pode variar dependendo da cultura em que está inserida. Jeandot (1990 apud GONÇALVEZ, 2001, p.189) ainda aborda que “Embora a linguagem verbal seja um meio de comunicação e de relacionamento entre os povos, constatamos que ela não é universal, pois cada povo tem sua própria maneira de expressão através da palavra, motivo pelo qual há milhares de línguas espalhadas pelo globo terrestre”. A música transmite a emoção e a interação entre os povos. 4.1 Definição e características A música têm muitas definições, do grego musiké téchne a arte das musas, e no dicionário Aurélio beta (2013) a música é definida como “arte de combinar os sons”. Para Houaiss (2001 apud BRÉSCIA, 2003, p. 25) é a “[...] combinação harmoniosa e expressiva de sons e como a arte de se exprimir por meio de sons, seguindo regras variáveis conforme a época, a civilização [...]”. A música expressa vários tipos de concepções, uma das poucas definições que tem um mesmo consenso é que a música é a arte de combinar sons e silêncios, numa ordem simultânea e sucessiva, que se desenvolvem ao longo do tempo com ordem, equilíbrio e proporção do tempo. Segundo Weigel (1988 apud SOARES e RUBIO, 2013, p.5) ela é formada basicamente por: • Som: são as vibrações audíveis e regulares de corpos elásticos, que se repetem com a mesma velocidade, como as do pêndulo do relógio. As vibrações irregulares são denominadas ruídos. • Ritmo: é o efeito que se origina da duração de diferentes sons, longos ou curtos. • Melodia: é a sucessão rítmica e bem ordenada dos sons. • Harmonia: é a combinação simultânea, melódica e harmoniosa dos sons. 32 Gainza (1988 apud FERNANDES, 2000, p.67) ressalta que: “A música e o som, enquanto energia estimula o movimento interno e externo no homem; impulsionam-no ‘a ação e promovem nele uma multiplicidade de condutas de diferentes qualidade e grau”. Segundo a autora os sons têm aspectos ou elementos da música correspondentes às características pessoais específicas, que os envolvem e impulsionam ao movimento corporal, a música estimula a afetividade e contribui para a ordem sentimental e racional da mente do homem. Brito (2003, p.18) aponta a percepção do som a partir da integração entre o homem e o seu meio. Essa autora mostra como os sons que nos cercam lembram momentos, lugares, paisagens sonoras, que associamos ao meio e a presença do homem nele. A autora apresenta as qualidades e parâmetros do som em que percebemos melhor a relação do homem com o meio em que vive (conjunto de características do som, ou de agrupamentos sonoros, física e objetivamente definíveis). O som tem qualidades ou parâmetros: • ALTURA - Um som pode ser grave ou agudo, dependendo da frequência de suas vibrações por segundo. Quanto menor for o número de vibrações, ou seja, quanto menor a frequência da onda sonora, mais grave será o som, e vice versa. O pio de um pássaro é agudo, o som de um trovão é grave. Um violino produz sons agudos, ao passo que um contrabaixo produz sons graves. • DURAÇÃO - Um som pode ser medido pelo tempo de sua ressonância e classificado como curto ou longo. Exemplos: a madeira produz sons curtos, ao passo que metais produzem sons que vibram durante um lapso maior. • INTENSIDADE - Um som pode ser medido pela amplitude de sua onda e classificado como forte ou fraco. Alguns materiais produzem, naturalmente, sons fracos; outros produzem sons mais fortes. Mas a intensidade de um som pode, quase sempre, variar de acordo com o grau de força do ataque. Exemplos: experimente tocar num mesmo tambor, sons com diferentes intensidades, dos mais fracos aos mais fortes. • TIMBRE – É a característica que diferencia ou “personaliza” cada som. Também costumamos dizer que o timbre é a “cor” do som; depende dos materiais e do seu modo de produção. Exemplos: o piano tem seu próprio 33 timbre, diferente do timbre do violão; a flauta tem um timbre próprio, assim como a voz de cada um de nós. • DENSIDADE – É um parâmetro que se refere a um grupo de sons, caracterizando-se pelo menor ou maior agrupamento de sons num lapso, ou seja, pela rarefação ou adensamento. (BRITO, 2003, p.18).A mesma autora nos mostra como são importantes os sons que nos cercam, pois eles nos trazem informações e significados em que conseguimos identificar a região ou em qual período foi composta. Brito (2003), mais a frente em seu livro aponta o ruído, que antes não era usado, como nova fonte sonora do séc. XX assim como as fontes eletrônicas que ganharam espaço no universo sonoro. Portanto, esse universo no qual vivemos integra todos os tipos de sons, dentre eles o: • TOM – Um som com altura determinada, ou seja, com uma afinação precisa. Exemplo: o som de uma nota musical (dó, ré, mi, fá, sol, lá, si). O tom possui apenas uma frequência, que se apresenta em altura adequada e definida, de fácil percepção. • RUÍDO – Som sem altura definida, resultante de vibrações irregulares. Exemplos: os sons produzidos por máquinas, motores, batidas ou ranger de portas, do meio ambiente, mas também o som produzido por instrumentos como chaves, reco-recos, castanholas, etc. Não se pode distinguir a frequência de um ruído, pois deve este ser composto por um conjunto de sons de difícil percepção. • MESCLA – Um som que contém ao mesmo tempo elementos sonoros com altura determinada e frações de ruidosidade; um tom sujo. Exemplo: uma nota produzida por um metalofone tocado com baqueta de madeira, o som de um prato, um som produzido na flauta, acompanhado por ruídos vocais, etc. A mescla é um tipo sonoro que possui o tom e o ruído de maneira integrada, atualmente existem diversos artistas que utilizam as mesclas em suas produções sonoras, como por exemplo, o sax é combinado com o som da guitarra reproduzindo sons de rock, ou pop. A música e o som, como tudo na vida, influenciam, pois transmitem uma mensagem, e acabam envolvendo a postura social, pensamentos, caráter e emoções de cada ser humano. 34 4.2 A história da música A música sempre esteve presente na humanidade desde os tempos primórdios, em que as pessoas desde muito cedo sentiam necessidade de se comunicarem. As manifestações musicais ao longo dos tempos se desenvolveram com traços característicos de cada sociedade. Segundo Jeandot (1900, apud GOLÇALVEZ, 2001, p.188): “A música tornou uma linguagem universal, mas com muitos dialetos que variam de cultura para cultura envolvendo a maneira de cantar, de tocar, de organizar os sons e de definir as notas musicais e seus intervalos.” O homem primitivo usava sinais sonoros como gritos, sons corporais, batimentos com pedras ou com ramos de árvores para imitar a natureza, ele não tinha a intenção de fazer música, no entanto a partir do momento em que começou a produzir arte com os sons, pode-se afirmar que se deu início ao longo percurso da história da música. (LOPES, 2002). A música também assumiu um papel importante nas atividades diárias da Antiguidade em lugares como o Egito, Grécia e Roma. (TEBEROSKY, 2000). A mesma autora relata que na cultura egípcia a música se fazia presente nas cerimônias religiosas, em que as pessoas batiam espécies de paus uns nos outros, utilizavam harpas, percussão, flautas e cantavam. Os sacerdotes exercitavam cantos para os rituais sagrados no templo dos deuses, faziam a utilização de trompetes e tambores nas cerimônias oficiais. Na Grécia, sua grande contribuição foi às notas musicais, que eram representadas a partir das letras do alfabeto. Segundo Rosa (1990, p.13) “Coube aos gregos a valorização da linguagem musical na educação e a difusão do início da música na educação. A música era considerada fator fundamental na formação dos cidadãos.” Ela estava inserida entre as quatro disciplinas essenciais para a educação dos jovens. De acordo com Pitágoras “a música e a matemática formavam a chave dos segredos do mundo”, para ele o universo cantava. (REALE e ANTISERI, 2005). Segundo Bréscia (2003, p. 31). 35 Pitágoras demonstrou que a sequência correta de sons, se tocada musicalmente num instrumento, pode mudar padrões de comportamento e acelerar o processo de cura. Os gregos contribuíram muito na evolução da história da música, pois foram eles que criaram a teoria mais elaborada para a linguagem musical na Antiguidade. (ORTOLAN, 1998 apud ARAÚJO, 2007). Segundo o referido autor os romanos copiaram a maioria das teorias e técnicas dos gregos, portanto a música não atingiu grandes desenvolvimentos nessa cultura. No entanto eles inventaram o trompete que chamavam de tuba, um órgão hidráulico no qual os tubos eram pressionados pela água. Já na Idade Média, segundo o referido autor, o repertório da música mais usado foram os cânticos litúrgicos, pois a igreja era quem ditava as regras. Neste período, a população se encontrava num cenário do fanatismo religioso. O papa Gregório Magno I (540-604) selecionou alguns cânticos e declarou como sendo dignos apenas de culto, assim ele fez uma coletânea de cânticos já existentes e outros de sua própria autoria, publicou dois livros: Antifonários e a Graduale Romanus. Esse papa selecionou esta série de cânticos, na tentativa de unificar e fortalecer a igreja católica, assim como também criou os cantos gregorianos, que têm este nome em sua homenagem. (ORTOLAN, 1998, apud ARAÚJO, 2007, p.12). Nesse momento a igreja católica tinha necessidade de sistematizar esse rito religioso, para não haver a desagregação dos seus fieis. A música gregoriana era cantada de forma simbólica, ou seja, usava de símbolos quando cantada nas cerimônias religiosas, era cantada pelos fieis de forma uníssona, aguda e bem alta, que caracterizava o encontro com o altíssimo, significando a unidade da igreja. Neste mesmo período começa a separação da música religiosa da música profana (popular), sendo que o diferencial entre os dois estilos musicais eram os instrumentos. Na igreja se usava apenas o órgão, já na música profana usavam-se: o saltério, a flauta, a rabeca, a gaita de foles, a sanfona, os tambores, dentre outros e a linguagem usada nas músicas religiosas era o latim, já nas músicas populares eram os dialetos da região. (ORTOLAN, 1998 apud ARAÚJO, 2007). 36 Entende-se que na tentativa de monopolizar a religiosidade, a igreja utilizou os cânticos como uma forma de impor regras de maneira alienada e inconsciente através de uma linguagem desconhecida aos fieis. 4.2.1 Música Renascentista A música renascentista carrega consigo a mudança do pensamento do homem em relação aos valores da igreja, com base nos valores próprios e da natureza. Os homens compunham as músicas de forma mais universal buscando distanciar das práticas da igreja. Neste período as obras musicais tinham sonoridade polifônica, pois gostavam da possibilidade de variação melódica, surgem as músicas vocais: os madrigais, a missa e o motete. (BORGES, 2008, p.8). 4.2.1.1 Missa Constituindo-se como uma leitura litúrgica, a prática da Missa surge por volta do século XIV. As Missas são compostas de cinco momentos: introito, gradual, sequência, ofertório e comunhão, que aconteciam sempre na mesma sequência de maneira rígida. As missas do período renascentistas possuíam três tipos de expressões musicais: Cíclica: neste tipo de musicologia, ocorre a permanecia de apenas um só estilo sonoro em todas as fases do acontecimento da missa, formando uma expressão definida de música; Paródia: caracterizada pelo ato do compositor citar uma melodia já existente, podendo ela ser reproduzida em partes ou no total; Paráfrase: neste tipo também ocorre a reprodução de uma melodia já existente de outro canto, podendo ser apresentado por diversas vozes, ou por apenas uma, sendo elas originais ou com expressões imitadas. (BORGES, 2008, p.9). 4.2.1.2 Moteto 37 Do francês “palavra pequena”, assim como a Missa, o Moteto, não é um estilo musical originário do período renascentista, mas era caracterizado como um ritmo polifônico da corrente musical especifica da época, no qual cada voz reproduzida correspondia a um verso de um texto. 4.2.1.3 Madrigal De origem indefinida, o Madrigal é um canto reproduzido em italiano, de maneira livre, se apresentando geralmente em cinco tenores, possuindo as seguintes características em suas sonoridades: Integração de um texto com uma melodia; Expressão poética; Livre condução sonora; Músicas com conteúdo de cunho social. A melodia madrigal muitas vezes dependia da utilização de uma obra poética, na qual geralmente suas composições exprimiam sentimentos amorosos. 4.2.2 Música Barroca No período Barroco surge a música de conteúdo dramático e muito bem elaborado, expressando sentimentos tanto na estrutura musical, como no refinamento da oratória, contrapondo com grandes contrastes tímbricos. (LACERDA, 2013). Surge a ópera em forma musical, e os seus principais compositores foram: Lully na França, que trabalhava para o Luís XIV; O Rameau na Itália, o compositor “Antonio Vivaldi” que atingiu o auge com suas obras barrocas. Na Inglaterra Handel que compôs vários gêneros de música. Na Alemanha “Johan Sebastian Bach” foi o maior representante da música barroca. (TEBEROSKY, 2000). 4.2.3 Música Clássica O estilo posterior ao barroco foi o classicismo, no qual a música se tornou mais leve e de fácil compreensão, mostrando uma grande suavidade e beleza com equilíbrio e perfeição estética. Surgem as orquestras que passaram a ser mais 38 valorizadas. A orquestra se subdividia em Sonata, que é uma obra de vários movimentos para um ou dois instrumentos. A Sinfonia que é uma espécie de Sonata para orquestra. Existindo também o Concerto que é outra forma de composição, uma espécie de luta entre o solo instrumental e a orquestra. Sendo os maiores compositores de óperas Gluck e Mozart. (TEBEROSKY, 2000). 4.2.4 Música Romântica O Romantismo se caracterizou pela liberdade de expressão e sentimentos. Nesta nova concepção musical os pensamentos e sentimentos mais profundos eram revelados. Surgiram compositores importantes, começando por Beethoven, Chopin, Shumann, Wagner, Verdi, Tchaikvsky, R. Strauss, entre outros. O período romantista significou para a música o abandono às regras do classicismo, a demonstração da emoção que sentia o compositor. (REALE e ANTISERI, 2005). 4.2.5 Música Nacional A música no século XXI é marcada pela invasão de novas tendências, técnicas e a criação de novos sons, enquanto nos períodos anteriores podia se identificar por um único estilo comum a todos os compositores da época. Nesse mesmo século criaram estilos característicos e pessoais, não se inserindo em classificação ou rótulos. No entanto algumas tendências e técnicas se estabeleceram como: impressionismo, nacionalismo do século XXI, influências jazzísticas, politonalidade, neoclassicismo, microtonalidade, música concreta, música eletrônica, serialismo total e músicas aleatórias, ou seja, uma mistura complexa de diferentes gêneros e instrumentos musicais. (ARAGÃO, 2002). A música do século XXI é totalmente diferente da música do passado, ela se apresenta com um leque de opções variadas e abrangentes em si mesmas. E fica difícil que as músicas, que fazem parte deste repertório novo de diversas tendências, criem referências nos estilos que as antecederam. (ARAGÃO, 2002). A música como vimos está presente em nossas vidas em todos os lugares, embutida como elemento cultural. Segundo Cruvinel (2005, p.54): 39 A música como veículo de história, mitos e lendas, contribuindo para a continuidade cultural, utilizada na educação, auxilia no controle dos membros “desviantes” da sociedade, ou seja, ensinando à sociedade o que é certo contribuindo para a estabilidade cultural; e no cultivo de indivíduos, transmitindo ensinamentos sobre o ambiente natural e seus valores do grupo, no sentido de dar continuidade à cultura. Portanto a música é capaz de mudar o homem no âmbito individual e coletivo, pois ela envolve a pessoa como um todo, por isso é de fundamental importância utilizar a música na educação integral do ser, para que possa a partir do seu conhecimento de mundo e com a ajuda da educação musical integrar a sociedade e promover a cooperação grupal. A música tem grande influência na formação da pessoa. 4.3 A música no Brasil A música do Brasil se caracterizou com a mistura de elementos e estilos das suas respectivas culturas, como o som nasal, chocalhos e maracá dos índios, o ritmo lundu e batuque, frevo, maracatu, capoeira, berimbau, reco-reco dos africanos que contribuíram com a diversidade rítmica, moda, modinha cantigas de roda, canções infantis, valsas, sanfona, flauta, violino, violão dos europeus que introduziram a maioria da parte instrumental e o sistema harmônico assim como a literatura musical, as cantigas populares, sons de origem africana, músicas religiosas e eruditas, trazidas principalmente por colonizadores portugueses, escravos e os padres jesuítas. (BERNARDES, 2001, p.7). Em 1542 foi fundada a primeira escola de ensino de música sistematizado no Brasil, a Companhia de Jesus, organizada pelos jesuítas e realizavam atividades de prática e ensino musical visando conseguir mais fieis para seguir a fé religiosa. (MARIZ, 2000, p.7). O jesuíta José de Anchieta construiu aldeamentos que chamava de Missões que eram usados para levarem sua fé aos índios e também para manterem uma passividade no Brasil Colonial. Ele começou a usar a música para atrair os índios para a catequese tanto que produziu algumas músicas em tupi, que era a língua que os índios usavam, apesar de nesses aldeamentos existirem aulas de canto e apresentação de instrumentos, não havia cunho educativo nesse 40 ensinamento, essas aulas eram puramente religiosas, usadas para catequizar e espalhar a fé dos padres jesuítas na população indígena. (MARIZ, 2000). Ao longo do tempo o Brasil sofreu diversos intercâmbios culturais, em que estilos diferentes encontraram nestas terras um terreno fértil para a transformação de sua música. Assim surgiu uma atividade musical muito intensa em todo o país, com uma nova forma institucional e educacional estabilizada, que encontrou um público apreciador de todas as classes sociais, também se misturou às corporações militares com suas bandas, às músicas religiosas, às músicas eruditas europeias, aos salões de concertos e ao teatro. Apareceram em diversas cidades, como em São Paulo, Recife, Rio de Janeiro e Salvador, apresentando uma rica variedade musical. (FRANCO, 2001, p.140). A partir da segunda metade do século XVIII, a música popular começou a florescer na Capitania das Minas Gerais, onde se deu vida musical tanto pública como privada, religiosa ou secular. Também neste período surgiram os primeiros compositores naturais do Brasil, a maioria era de mulatos e os mais dignos foram José Joaquim Emérico Lobo de Mesquita, sendo talvez o mais importante deste grupo de compositores, Manoel Dias de Oliveira, Francisco Gomes da Rocha, entre outros, todos muito ativos na matriz de estilo clássico. (FRANCO, 2001, p.142). No entanto entre os séculos XVIII e XIX o lundu e a modinha ganham destaque nas cidades que se encontravam em pleno desenvolvimento. O lundu, que é de origem africana, tinha um gênero cômico. Já a modinha, de origem portuguesa, trazia a melancolia, falava de amor e tinha um gênero lírico. A modinha é uma canção de caráter sentimental, cantando o amor impossível. Esses dois gêneros estavam sempre presentes nos saraus dos aristocratas, nos quais se cantavam músicas e recitavam poemas dos poetas mais importantes como Tomás Antônio Gonzaga, cujo Marília de Dirceu foi musicado várias vezes. (MORAI, 2000, p.30). “A modinha era tão apreciada que também músicos da corte criaram algumas peças do gênero, como Marcos Portugal, autor de uma série com letras extraídas da Marília de Dirceu, e o Padre José Maurício, autor da célebre Beijo a mão que me condena.” O mais importante compositor e cantor de modinha e lundu, no século XVIII, foi Domingos Caldas Barbosa. (VICENTE, 2001, p.50). Outro gênero musical foi o choro, tido como a primeira música popular urbana típica do Brasil, teve início em meados do século XIX no Rio de Janeiro. O compositor e flautista Joaquim Calado foi um dos pioneiros do choro. Chiquinha 41 Gonzaga foi a primeira pianista de choro, escreveu a opera cateretê Corta‐Jaca, que foi uma das maiores contribuições da maestrina para o repertório do choro. Chiquinha Gonzaga foi muito popular no Brasil com as suas obras. (BERNARDES, 2001). O choro é, no seu sentindo geral, um conjunto instrumental urbano composto quase sempre de um solista e um grupo de instrumentos acompanhantes. Pelo costume luso-brasileiro de usar e abusar do diminutivo, é chamado também chorinho. Enquanto concertante, toca em bailes e acompanha as formas da música urbana cantada. Marca sua fixação instrumental no final do século XIX. As peças escritas para este grupo também são chamadas de choro, adotando uma forma de valsa nacional, próxima ao maxixe e ao samba pelo corte rítmico, começando-se a marcar síncope como elemento estruturador e característico desta música. Sua forma instrumental, que é também mantida nas peças vocais é A-B-A-C-A. (NAPOLITANO, 2002). O choro no Brasil marca o inicio de um novo estilo musical, no qual podese citar como seus maiores representantes: Joaquim Antônio da Silva Calado, Anacleto de Medeiros, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth e Pixinguinha. (BERNARDES, 2001). Em 1915 Villa Lobos, inicia sua carreira como compositor sempre exaltando o canto, a natureza, a alma e as tradições brasileiras. Com Villa Lobos o Nacionalismo tem seu primeiro compositor em 1923. Lutou ao seu lado pela consolidação do nacionalismo musical seu companheiro Mário de Andrade e Luciano Gallet. Villa Lobos se tornou uma das figuras mais importantes na música brasileira. (BERNARDES, 2001). Por volta dos anos 30, deu-se inicio no país a chamada Era do Rádio, que assumiu o papel de protagonista na propagação da música popular até aproximadamente 1950, dando espaço para o surgimento de um novo estilo musical, a Bossa Nova. (TINHORÃO, 1982 apud PETERS, 2006). Caracterizado como um samba diferente que incorporava estilos como o Jazz, apresentava uma forma musical refinada baseada na expressão sonora harmônica retirada da combinação entre o violão e o piano. (TINHORÃO, 1982 apud PETERS, 2006). Aos anos 80 surgiu o estilo musical intitulado como rock, composto por uma diversidade gigantesca de grandes nomes musicais que marcaram a época com sua forma específica de expressar a música, perpetuando o sucesso do seu repertório até os tempos atuais. (NAPOLITANO, 2002). 42 Nos anos 90, há uma ruptura na definição homogênea de um estilo de época, surgem diversos gêneros e subgêneros musicais como o pagode, axé, sertanejo, entre outros. Atualmente tornou-se tarefa desafiadora definir o gênero de uma música, pois a mesma sonoridade pode possuir varias derivações e expressões. (NAPOLITANO, 2002). A trajetória da música no Brasil foi marcada por diversas influências no decorrer dos tempos, e pode ser definida por uma mistura de estilos e gêneros musicais, que variam de acordo com a região, faixa etária do público ouvinte, classe social, entre outros. 43 5 MÚSICA E EDUCAÇÃO 5.1 A música na escola Cada vez mais se tem discutido sobre os benefícios da música no cenário educacional, mesmo após sua retirada da proposta regular de ensino com a Lei 5.692/71, que gerou a disciplina de Educação Artística, atribuindo para o educador a missão quase impossível de integrar três conteúdos específicos: a arte, a música e o teatro. (FARIA, 2001, p.32). Diante de tal fato, o professor ficou sem ferramentas que subsidiassem a prática pedagógica, inserindo a música em sala de aula sem contextos, sem atentar para o que cita Hentschke (2003, p.180) “o ensino da música nas escolas é uma forma de propiciar aos alunos o entendimento e o desenvolvimento deste domínio que, por ser especializado, poderá contribuir para o seu desenvolvimento global”. Pode-se compreender que é necessário que a música esteja integrada no currículo escolar como disciplina, enfatizando suas características e possibilidades no processo de aprendizagem, porém ela se encontra presente na maioria das vezes apenas em momentos festivos desvinculados ao ensino regular. A Educação Musical proporciona entre outros benefícios: (...) o desenvolvimento das sensibilidades estéticas e artísticas, da imaginação e do potencial criativo, o sentido histórico da nossa herança cultural, meios de transcender o universo musical de seu meio social e cultural, desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicomotor e o desenvolvimento da comunicação não verbal. (HENTSCHKE, 2003, p. 30). Alguns educadores já adquiriram a compreensão dos inúmeros benefícios que a musicalidade pode acarretar para o desenvolvimento do ensino. A prática docente precisa atentar também para a importância de se valorizar a potencialidade educativa de cada aluno, permitindo que todos tenham acesso a música de forma igualitária. (BELLOCHIO, 2003, p.31). A aprendizagem musical aplicada de maneira crítica e consciente proporciona ao aluno a construção da própria identidade, para isso é necessário que o currículo abordado em sala de aula integre o conhecimento prévio do educando, aos novos conteúdos apresentados, estimulando desta maneira sua capacidade de observação e percepção sonora. (BELLOCHIO, 2003, p.32). 44 A Educação Musical utilizada de forma efetiva nos processos formativos possibilita ao educando sua ressignificação social, passando este a se reconhecer como individuo participativo através dos conteúdos musicais adquiridos, portanto cabe à instituição promover a interlocução do trabalho musical com uma prática reflexiva e social. 5.2 O papel da música na educação infantil A música encontra-se presente no cenário infantil desde a mais tenra idade, através de brinquedos e jogos musicais, bem como nas canções de ninar utilizadas pelas mães durante o acalanto dos filhos. (SNYDERS, 1997 APUD KAREN, 2010). Platão (2000) ressaltava que a educação musical era importante a partir do momento em que a melodia tocava profundamente a alma do ser, estabelecendo um verdadeiro processo de comunicação interna. Na educação infantil, o trabalho musical contribui para o desenvolvimento das percepções sensórias auditivas da criança, proporcionando o estímulo do pensamento criativo e imaginativo. A primeira postura a ser adotada para efetivar o ensino musical na Educação Infantil é compreender sua importância, nesse contexto a instituição escolar deve proporcionar a criança uma ampliação das suas aptidões musicais, fornecendo um ensino que valorize o desenvolvimento criativo e dinâmico da musicalidade. (GOHN, 2010, p.90). O RCNEI (BRASIL, 1998) afirma que a música na Educação Infantil traz subsídios que possibilitam a criança internalizar conceitos referentes à memorização de datas festivas, números, cores, bem como também adquirir hábitos relacionados a atitudes e comportamentos. No entanto muitas instituições de ensino promovem uma educação musical baseada na imitação, transformando a mesma em um ato mecânico e descontextualizado na assimilação da linguagem da música. Sobre a importância de atrelar o ensino da música na Educação Infantil Hentschke (2003, p. 117) afirma que: Algumas razões são importantes para justificar a inserção da educação musical no currículo escolar. Entre elas, estão proporcionar à criança: o desenvolvimento das suas sensibilidades estéticas e artísticas, o desenvolvimento da imaginação e do potencial criativo, um sentido histórico da nossa herança cultural, meios de transcender o universo musical de seu 45 meio social e cultural, o desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicomotor, o desenvolvimento da comunicação não-verbal. A prática da música no ensino infantil é contextualizada através de atividades de caráter criativo e espontâneo para a criança, como o brincar, os jogos e a dança. De acordo com Gohn (2010, p.92), a musicalidade atrelada ao uso de jogos e brincadeiras, possibilita o desenvolvimento da sensibilidade e das primeiras noções de ritmo na criança, de maneira significativa. Uma das atividades musicais mais utilizadas na Educação Infantil é a cantiga de roda, que de acordo com Maffioletti (2007): Cantigas de roda são canções utilizadas em brincadeiras de roda cantada, realizadas como forma de recreação por adultos e crianças. Sua formação clássica consiste em formar uma roda de mãos dadas, com o rosto voltado para o centro, movimentando-se para a direita ou para a esquerda, em andamento eleito pelo grupo. Apesar de sua notória eficácia no desenvolvimento infantil, a música ainda precisa conquistar seu espaço dentro das instituições de Educação Infantil, que devem estimular a produção musical, a fim de garantir elementos que despertem a consciência crítica e a interpretação do fazer musical como um processo integral. (GOHN, 2010, p.96). O desenvolvimento adequado da aprendizagem musical na educação infantil é fundamental para a perpetuação das habilidades musicais até a idade adulta. Essas atividades devem ser atreladas a rotina infantil, contribuindo diretamente com o desenvolvimento cognitivo, social e afetivo. 5.3 A musicalização Musicalizar é o processo de estimular na criança a percepção, sensibilidade, ritmo musical, com a sua inserção de maneira integral no universo musical. O fenômeno de musicalizar é próprio em seus objetivos, não devendo ser confundido com o ato educativo musical, que visa desenvolver outras habilidades pelo uso dos conhecimentos sonoros. Silva (1992 apud SANTOS, 2009) disserta sobre a musicalização no cotidiano escolar e cita que “A escola sendo a instituição responsável pela formação cultural da criança, cabe a ela também proporcionar esse conhecimento.” 46 De acordo com este pressuposto, pode-se entender que é papel da escola proporcionar subsídios que garantam a realização das atividades musicais de forma qualitativa. Snyders (1997) afirma que a instituição de ensino além de promover a formação dos indivíduos para a vida futura, deve também proporcionar realizações cotidianas, na qual o ensino musical tem esta função. O referido autor também enfatiza para a necessidade da existência de um conhecimento prévio durante o desenvolvimento das habilidades dos conhecimentos musicais, afirmando que é fundamental o contato com a música desde a educação infantil para que o aluno possa estimular suas aptidões, acabando com velhos conceitos, como o fato de que só é capaz de reproduzir música quem tem o cognitivo mais elevado que os outros. Silva (1992 apud SANTOS, 2009) afirma que o processo de musicalização deve acontecer de maneira lúdica, promovendo a participação ativa de todos na construção e na realização das atividades de maneira prazerosa, despertando a criatividade da criança durante as ações. Uma aprendizagem voltada apenas para os aspectos técnicos da música é inútil e até prejudicial, se ela não despertar o senso musical, não desenvolver a sensibilidade. Tem que formar na criança o musicista, que talvez não disponha de uma bagagem técnica ampla, mas será capaz de sentir, viver e apreciar a música. (JEANDOT, 1990, apud GOMES, 2010, p.15). Diante das abordagens, pode-se compreender que o processo de musicalização deve ocorrer o mais cedo possível, desde a educação infantil, estimulando na criança a motivação e o desejo de praticar as atividades, que devem ser inseridas de maneira natural no cotidiano escolar. 5.4 O comportamento das crianças em relação à educação musical A música é um fenômeno que se encontra presente em todos os espaços e acontecimentos, podendo apresentar-se de diversas formas e com inúmeros objetivos, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), expressa sua definição sobre a música e cita: 47 A música é a linguagem que se traduz em formas sonoras capazes de expressar e comunicar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio da organização e relacionamento expressivo entre o som e o silêncio. A música está presente em todas as culturas, nas mais diversas situações: festas e comemorações, rituais religiosos, manifestações cívicas, políticas etc. (BRASIL, 1998). A música exerce uma grande influência dentro dos diversos grupos sociais, com relação ao universo infantil, a criança interage com os sons de maneira espontânea através de jogos e brincadeiras. Joly (2003) afirma que é através do brincar que a criança descobre a música, a partir da curiosidade infantil, ela descobre de maneira espontânea e divertida, inúmeras formas de produzir música. É no brincar que a criança explora a sonoridade, passando a contextualiza-la através dos atos interativos. Maffioletti (2007), afirma que é através dessa experiência que o futuro adulto terá a capacidade de assimilar os sons do seu grupo social. É na educação infantil que os valores sociais, humanos e culturais são estruturados. A educação musical neste período contribui para a promoção da sensibilização musical e perpetuação de suas habilidades, pois nesta fase os conhecimentos adquiridos tendem a permanecer no indivíduo por toda a sua vida. Através da música, as crianças aprendem a conhecer-se a si próprias, aos outros e à vida. E, o que é mais importante, através da música as crianças são mais capazes de desenvolver e sustentar a sua imaginação e criatividade ousada. Dado que não se passa um dia sem que, duma forma ou doutra, as crianças não ouçam ou participem em [sic] música, é-lhes vantajoso que a compreendam. Apenas então poderão aprender a apreciar, ouvir e participar na música que acham ser boa, e é através dessa percepção que a vida ganha mais sentido. (GORDON, 2000). De acordo com o RCNEI (BRASIL, 1998), o corpo também é parte integrante do processo de ensino da música, através dele é possível realizar atividades que envolvam o desenvolvimento do ritmo, percepção e altura sonora, atrelando o aprendizado motor ao musical. O corpo proporciona uma aprendizagem musical interativa, através das atividades práticas a criança passa a interagir diretamente com o conhecimento musical, no qual os documentos do RCNEI ressaltam que: O gesto e o movimento corporal estão ligados e conectados ao trabalho musical. Implica tanto em gesto como em movimento, porque o som é, também, gesto e movimento vibratório, e o corpo traduz em movimento os diferentes sons que percebe. Os movimentos de flexão, balanceio, torção, estiramento etc., e os de locomoção como andar, saltar, correr, saltitar, 48 galopar etc., estabelecem relações diretas com os diferentes gestos sonoros. (BRASIL, 1998). O Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (1998) disserta a respeito da motricidade como sendo componente integrante do desenvolvimento da musicalidade infantil. Desde os primeiros momentos de vida a crianças já exercem seus primeiros sinais sonoros através da movimentação, o que gera através dos gestos e das ações uma vibração sonora estabelecendo um meio de comunicação e interação com o meio externo e com os diversos sons existentes. 5.5 O papel do educador frente à aplicação do ensino da música na sala de aula O objetivo da educação musical no ensino infantil é desenvolver desde a terna idade a sensibilidade acerca dos conceitos sonoros gerando uma base sólida para a fixação de conhecimentos futuros na vida adulta, como também estimular o gosto pela música nos pequenos. Para isso, cabe ao educador, proporcionar um ambiente de aprendizagem que vise estimular de maneira significativa e qualitativa, o desenvolvimento das habilidades musicais, através do uso de ferramentas que despertem o interesse e a curiosidade infantil. Para que a educação musical ocorra de forma efetiva as Orientações Curriculares referentes ao ensino infantil, expressam a importância do trabalho pedagógico envolvido no processo, exigindo a qualificação do educador que deve planejar e organizar de forma adequada as atividades que serão realizadas, visando atingir objetivos e resultados. (SILVA, 1992 apud SANTOS, 2009). Diante disto, visando orientar o educador em suas práticas, as Orientações Curriculares, estipularam cinco eixos de abordagens do trabalho musical na educação infantil: O escutar: neste eixo o educador deve realizar atividades que despertem o desenvolvimento da sensibilidade auditiva na criança, promovendo exercícios que estimulem a identificação dos sons reproduzidos, como exemplo reproduzir sons da natureza, dos animais, 49 de objetos, estimulando na criança a identificação das características sonoras. O cantar: nesta linha de abordagem, existe a preocupação de atrelar a música com a palavra, neste eixo as atividades são voltadas para o desenvolvimento da aquisição musical e da linguagem de maneira integral. O cantar na educação infantil é bastante eficaz no processo de ensino musical, proporcionando a criança compreensão e domínio das expressões sonoras através do estudo das composições. O dançar: a música também proporciona o desenvolvimento expressivo motor através dos movimentos da dança. O ritmo ocasionado na dança possibilita a criança expressar de maneira física a sua compreensão sobre a música. O tocar: é importante que desde a mais terna idade, a criança tenha contato com algum tipo de instrumento musical, dos mais simples aos mais completos, visando à familiarização dos pequenos com os objetos. O criar: é importante que o educador promova oficinas de construção de instrumentos simples. Com a realização desta atividade, diversas outras habilidades estão sendo trabalhadas na criança, como a coordenação e a criatividade, possibilitando aos pequenos a elevação do seu domínio cultural. O educador precisa ser consciente de suas práticas, para estimular os alunos a desenvolverem uma assimilação do conhecimento de maneira adequada. Os cinco eixos acima estipulados proporcionam a integração de atividades interativas como ferramentas facilitadoras do processo de aprendizagem, tornando o ensino prazeroso e significativo para a criança. Cabe ao profissional da educação musical estar atento para o desenvolvimento subjetivo de cada aluno, abandonando a prática de mecanizar a assimilação do conhecimento musical, enfatizando a promoção de um ensino musical que valorize a construção do aprendizado contextualizado e qualitativo. (ILARI, 2003). Antunes (2002) afirma que o processo de desenvolvimento musical pode ser compreendido, como a “capacidade de percepção, identificação, classificação de sons diferentes de nuances de intensidades, direção, andamento, tons, melodias, ritmo, frequência, agrupamentos sonoros, timbre entre outros” (p.13). 50 A partir desta analise, compreende-se que é dever do educador assumir uma postura que objetive a promoção das habilidades e aptidões musicais de maneira crítica e significativa, no entanto esta ainda é uma realidade distante do sistema de ensino atual, que propaga uma aprendizagem técnica, rotulada e acrítica, formando indivíduos incapazes de adquirir uma noção musical integrada, capaz de contribuir para o desenvolvimento social, cognitivo e afetivo. 5.6 O ensino da música e as novas tecnologias Miletto (2004) ressalta que é importante que as ferramentas tecnológicas sejam direcionadas de forma adequada para o ensino musical, não sendo apenas aplicadas de maneira alheia sem maiores conhecimentos sobre seus efeitos. O autor afirma que qualquer mídia utilizada no ensino da música, deve antes ser analisada de forma pedagógica, enfatizando se a mesma possui objetivos que proporcionem o desenvolvimento do conhecimento musical pleno e significativo. Melo (2013) afirma que o processo de musicalização deve acontecer de maneira lúdica, promovendo a participação ativa de todos na construção e na realização das atividades de maneira prazerosa, despertando a criatividade da criança durante as ações. O uso de tecnologias como o computador, pode facilitar muito o desenvolvimento das aptidões musicais na criança e no adolescente é o que Gohn (2003) cita: Não é difícil vislumbrar que, na medida em que o acesso às novas tecnologias especialmente as tecnologias digitais vai se tornando mais amplo, o uso desses recursos deva passar a integrar o leque de ferramentas de ensino usadas para os mais variados tipos de situação de aprendizado musical, da musicalização infantil à prática de instrumentos, da composição aos estudos de análise, servindo tanto ao aluno interessado em música como uma atividade lúdica ou de lazer quanto ao estudante comprometido com uma prática mais regular e eventualmente almejando tornar-se um profissional. Pode-se compreender que o uso das novas tecnologias deve ser atrelado à aplicação de ferramentas lúdicas de ensino, visando a interação do aluno ao aprendizado musical de maneira prazerosa e significativa, promovendo seu interesse amplo por esse conhecimento. 51 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Esta pesquisa proporcionou o alcance dos objetivos definidos para a mesma, pois buscou compreender os benefícios que o ensino musical pode proporcionar na educação infantil, como também analisar a sua importância no aprendizado e desenvolvimento global da criança. Realmente quando se compreende a aprendizagem infantil e se analise a aplicação da música, pode-se constatar que a musicalização proporciona diversos benefícios às crianças, além do desenvolvimento musical, estimula habilidades cognitivas, sociais e motoras, bem como possibilita um aprendizado dinâmico e interativo. A análise exposta também procurou divulgar a música como uma ferramenta metodológica de abordagem pedagógica no cenário escolar, ressaltando a importância do educador em promover um ambiente favorável para uma aprendizagem significativa e qualitativa, devendo nortear o desenvolvimento das capacidades musicais de maneira prazerosa, despertando o interesse do infantil pelo aprendizado. Esta pesquisa também proporcionou elementos pedagógicos referentes ao ensino da música para os profissionais da educação na sua prática em sala de aula através das informações coletadas de diversos autores referenciadas ao longo da análise bibliográfica. Através deste estudo pôde-se também compreender que a música possibilita o desenvolvimento das capacidades intelectuais, afetivas e sociais das crianças, gerando um aprendizado espontâneo, interativo e significativo. Porém muitas lacunas ainda existem na educação musical, a formação pedagógica precisa desenvolver inúmeras estratégias para efetivar a música no ensino infantil, a seguir se propõe algumas sugestões: Conscientização de todo o corpo escolar sobre a função da música, no processo de ensino e aprendizagem; Implantação de projetos de qualificação de educadores para capacita-los a aplicarem a música no processo de ensino e aprendizagem infantil, mostrando sua significativa importância; Reorganizar o Projeto Politico Pedagógico da escola, visando incluir a musicalidade como componente integrante das situações de aprendizagens. 52 Portanto pode-se dizer que este estudo respondeu aos anseios e questionamentos ora feitos, porém há muito mais a ser buscado e pesquisado sobre o uso da música como uma ferramenta de ensino e aprendizagem na educação infantil. 53 REFERÊNCIAS ARAGÃO, Pedro. Memórias musicais. Rio de Janeiro: Sarapuí, 2002. ARIÈS, P. História social da criança e da família. 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