centro de ensino superior do ceará faculdade cearense curso de

Propaganda
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ
FACULDADE CEARENSE
CURSO DE PEDAGOGIA
MAIANA VIEIRA AMARAL BEZERRA
O PAPEL DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
FORTALEZA
2013
MAIANA VIEIRA AMARAL BEZERRA
O PAPEL DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Monografia
submetida
à
aprovação
Coordenação do Curso de Pedagogia do
Centro Superior do Ceará, como requisito
parcial
para
obtenção
licenciatura em Pedagogia.
FORTALEZA
2013
do
título
de
MAIANA VIEIRA AMARAL BEZERRA
O PAPEL DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Monografia
como
pré-requisito
para
obtenção do título de Licenciatura em
Pedagogia, outorgado pela Faculdade
Cearense – FAC, tendo sido aprovada
pela banca examinadora composta pelos
professores.
Data de aprovação: ____/ ____/____
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________________
Professora Orientadora Ms. Patricia Campêlo do Amaral Façanha
_____________________________________________________
Professora Ms. Luiza Lúlia Feitosa Simões
_____________________________________________________
Professor Ms. Humberto de Oliveira Santos Júnior
Aos meus pais,
José Antônio e Silvana pelo carinho e
educação
que
sempre
me
proporcionaram.
Ao meu marido Iagor pelo apoio e
incentivo
incondicional
escolhas e aos meus
nas
minhas
colegas de
faculdade.
Aos professores do curso de Pedagogia.
E a Deus que abençoa a realização dessa
grande conquista.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus, que com a sua infinita misericórdia têm abençoado
a realização desta grande conquista.
Aos meus pais e ao meu irmão pelo apoio e carinho.
Ao meu marido Iagor Pimentel, pelo seu amor, companheirismo e também por
acreditar na minha capacidade e por apoiar minhas escolhas.
As minhas colegas de curso: Rosimary Pastor Carneiro, Maria Margalyer Figueiredo,
Ana Caroline Oliveira, Suzana Amaral, Evaneida Soares, Maria Lili Almada, Jéssica
Nayane e Rebeca Castro pelo incentivo.
A minha orientadora, Patricia Campêlo do Amaral Façanha, por acreditar e aceitar a
tarefa de orientar com dedicação este trabalho.
Aos professores, Luiza Lúlia Feitosa Simões e Humberto de Oliveira Santos Júnior,
por aceitarem participar da banca examinadora desta monografia.
“Educar-se
na
música
é
crescer
plenamente e com alegria. Desenvolver
sem dar alegria não é suficiente. Dar
alegria sem desenvolver tampouco é
educar.”
(Violeta Hemsy de Gainza)
RESUMO
Esta monografia tem o objetivo de apresentar o papel da música na educação
infantil, assim como seus conceitos, objetivos e princípios norteadores. Para
compreender a importância da música na educação infantil como etapa garantida
pelas políticas públicas, um breve histórico sobre estas categorias foi traçado no
decorrer da discussão teórica. Foram abordadas teorias que permitiram a
compreensão do desenvolvimento da aprendizagem na educação infantil; a
caracterização da música e sua trajetória no mundo e no Brasil; a análise dos
benefícios que a educação musical pode proporcionar no ensino, desenvolvimento e
aprendizagem infantil; e a identificação de métodos didáticos que proporcionam a
prática da música na educação infantil de maneira adequada. A distribuição
explicativa da pesquisa foi estruturada em três tópicos nos quais a pesquisa aborda:
a educação infantil (fala sobre a educação infantil, com base na lei de bases e
diretrizes da educação e no referencial curricular para a educação infantil, analisa
também a trajetória evolutiva do ensino infantil no Brasil e no mundo e enfatiza a
visão de Vygotsky, Piaget e Gordon); a música (relatando seus aspectos gerais,
caracterizando-a, traçando uma linha do tempo explicativa sobre a musicalidade no
mundo e no Brasil); música e educação (abordando as contribuições da música no
cenário escolar infantil, enfatizando as incumbências da escola e do educador para
com o desenvolvimento de uma aprendizagem significativa e de qualidade pautada
na musicalidade).
Palavras-chaves: Educação Infantil; Música; Desenvolvimento e Aprendizagem
Infantil.
ABSTRACT
This monograph aims to present the role of music in early childhood education, as
well as their concepts, objectives and guiding principles. To understand the
importance of music in early childhood education as guaranteed by public policy step
a brief history of these categories was plotted over the theoretical discussion.
Theories that led to the understanding of the development of learning in early
childhood education were addressed; featuring the music and its history in the world
and in Brazil, the analysis of the benefits that music education can provide in
education, child development and learning, and identification methods textbooks that
provide practice of music in early childhood education adequately. The distribution of
explanatory research was structured in three topics in which research approaches:
early childhood education (talks about early childhood education , based on the basic
law and guidelines of education and curriculum framework for early childhood
education , also analyzes the evolutionary trajectory of infant education in Brazil and
in the world and emphasizes the vision of Vygotsky , Piaget and Gordon), music
(reporting their general aspects, characterizing it by drawing a line of explanatory
time on the musicality in the world and in Brazil), and music education (addressing
the contributions of music in children's school setting , emphasizing the duties of
school and the educator to the development of meaningful learning and quality
guided in musicality) .
Keywords: Childhood Education, Music, Child Development and Learning.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
(ZDP) - Zona de Desenvolvimento Proximal
(LDB) - Lei de Bases e Diretrizes da Educação
(RCNEI) - Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil
(MEC) – Ministério da Educação
Sumário
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11
2 METODOLOGIA ....................................................... Erro! Marcador não definido.
3 EDUCAÇÃO INFANTIL ......................................................................................... 15
3.1 Conceito e considerações gerais .................................................................... 15
3.2 O surgimento da educação infantil no mundo ............................................... 18
3.3 Histórico da educação infantil no Brasil ......................................................... 22
3.4
O
processo
de
aprendizagem
na
educação
infantil
–
Fases
e
Desenvolvimento ..................................................................................................... 23
3.4.1 Piaget e o Desenvolvimento Biológico ............................................................. 23
3.4.1.1 Estágios do desenvolvimento infantil segundo Piaget ................................... 24
3.4.2 Vygotsky e o Desenvolvimento Interacionista .................................................. 26
3.4.3 Edwin Gordon e o desenvolvimento da educação musical na Aprendizagem de
crianças ..................................................................................................................... 27
4 A MÚSICA – ASPECTOS GERAIS ....................................................................... 30
4.1 Definição e características ............................................................................... 31
4.2 A história da música ......................................................................................... 34
4.2.1 Música Renascentista ...................................................................................... 36
4.2.1.1 Missa ............................................................................................................. 36
4.2.1.2 Moteto ........................................................................................................... 36
4.2.1.3 Madrigal......................................................................................................... 37
4.2.2 Música Barroca ................................................................................................ 37
4.2.3 Música Clássica ............................................................................................... 37
4.2.4 Música Romântica ............................................................................................ 38
4.2.5 Música Nacional ............................................................................................... 38
4.3 A música no Brasil ............................................................................................ 39
5 MÚSICA E EDUCAÇÃO ........................................................................................ 43
5.1 A música na escola ........................................................................................... 43
5.2 O papel da música na educação infantil ......................................................... 44
5.3 A musicalização ................................................................................................ 45
5.4 O comportamento das crianças em relação à educação musical ................ 46
5.5 O papel do educador frente à aplicação do ensino da música na sala de
aula ........................................................................................................................... 48
5.6 O ensino da música e as novas tecnologias .................................................. 50
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 51
REFERÊNCIAS..........................................................................................................53
11
1 INTRODUÇÃO
A música encontra-se presente na vida do ser humano de diversas
formas, desde o inicio da história da humanidade ela expõe sua cultura e expressão
artística. No Brasil, a linguagem musical possui manifestações multiculturais,
podendo se apresentar em espaços sociais, religiosos e populares, possuindo a
capacidade de expor a característica de cada movimento social de maneira distinta.
Não exercendo apenas a função de desenvolver expressões culturais, a
música tem um importante papel nas relações educacionais, em específico na
Educação Infantil.
Segundo Sekelf (2007, p.17), a música na educação infantil exerce o
importante papel de estimular o desenvolvimento das capacidades motoras,
sensoriais, cognitivas e emocionais, proporcionando uma formação global à criança.
O que impulsionou a escolha da temática de investigação desta pesquisa
foi o interesse de compreender os benefícios da musicalidade para a aprendizagem
e o desenvolvimento infantil, este trabalho foi idealizado visando analisar a qualidade
pedagógica do ensino musical infantil.
De
acordo
com
este
pressuposto,
esta
pesquisa
analisará
as
contribuições da música no desenvolvimento infantil desde a mais terna idade.
Este trabalho visa fornecer ferramentas que proporcionem subsídios para
o desenvolvimento da prática pedagógica do educador, através das informações
expostas no referencial teórico.
Atualmente muito se tem pautado sobre a abordagem da música no
ensino, tornando-a mais popular a cada dia no sistema educacional devido sua
enorme eficácia em contextualizar de forma interativa os conteúdos escolares, o que
instigou os seguintes questionamentos: de que forma a educação musical poderá
contribuir para o aprendizado e o desenvolvimento da criança da Educação Infantil?
Como a instituição escolar e o educador poderão contribuir para uma mediação mais
adequada e eficaz dos processos de aquisição do conhecimento que envolvam o
uso da música?
Portanto,
visando
obter
as
respostas
para
os
questionamentos
levantados, esse estudo teve como objetivo geral pesquisar o papel da música na
educação infantil, assim como seus conceitos, objetivos e princípios norteadores.
Este trabalho monográfico se desenvolveu através do interesse pelo ensino musical
12
na educação infantil, visando entender as contribuições da musicalidade para o
desenvolvimento infantil.
Os objetivos específicos que nortearam esta pesquisa foram:

Compreender o desenvolvimento da aprendizagem na educação infantil;

Caracterizar a música e sua trajetória no mundo e no Brasil;

Analisar os benefícios que a educação musical pode proporcionar no ensino,
desenvolvimento e aprendizagem infantil;

Identificar métodos didáticos que proporcionam a prática da música na
educação infantil.
Desta maneira, a pesquisa foi estruturada visando enfatizar as
possibilidades da utilização da música como instrumento pedagógico, expondo
durante o estudo sua importância nas relações de aprendizagem e desenvolvimento
infantil.
Foi utilizada para a realização deste trabalho a pesquisa bibliográfica, por
meio da leitura de livros e artigos. Procurando estabelecer uma contenda sobre o
papel da música na educação infantil, com o intuito de apresentar maneiras de
aplicar a música como mais uma ferramenta pedagógica que auxilie no
desenvolvimento global das crianças assim como na sua aprendizagem.
A pesquisa apresentada neste discurso foi de caráter bibliográfico que
acarretou um aprofundamento maior sobre o assunto dissertado, аtravés de uma
seleção de vários autores renomados que abordam em suas obras a temática
abordada na pesquisa. De acordo com Teixeira (2013), essa pesquisа é
desenvolvida baseada nas contribuições de diversos autores que trabalharam
determinado assunto relacionado com o objeto dа pesquisa, perante consulta a
documentos no qual os dados e informações desses autores receberam um
tratamento cientifico.
Para enriquecer o conteúdo teórico da pesquisa, a análise bibliográfica
aplicada utilizou diversos teóricos dos quais podem se destacar: Oliveira (2002),
Vygotsky (1991), Gordon (2000), Jeandot (1999), Teberosky (2000), Brasil (2010) e
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998).
A partir da análise das informações obtidas através da pesquisa
bibliográfica, buscou-se apresentar a importância da música nas relações de
aprendizagem no desenvolvimento infantil.
13
Estruturada em três momentos a pesquisa aborda em seu referencial
teórico a sequencia de reflexões apresentadas:

1º momento – Faz uma abordagem geral sobre a Educação Infantil,
abordando a Lei de Bases e Diretrizes da Educação e o Referencial Curricular
para a Educação Infantil. Analisa também a trajetória evolutiva do ensino
infantil no Brasil e no mundo e enfatiza a visão de três autores (Vygotsky,
Piaget e Gordon) a respeito de como ocorre o desenvolvimento da
aprendizagem no ensino infantil;

2º momento - Caracteriza a música e traça uma linha do tempo explicativa da
musicalidade entre as principais eras do mundo e do Brasil;

3º momento – Aborda as contribuições da música no cenário escolar infantil,
enfatizando as incumbências da escola e do educador para com o
desenvolvimento de uma aprendizagem significativa e de qualidade pautada
na musicalidade.
14
2 METODOLOGIA
Foi utilizada para a realização deste trabalho a pesquisa bibliográfica, por meio da
leitura de livros e artigos. Procurando estabelecer uma contenda sobre o papel da
música na educação infantil, com o intuito de apresentar maneiras de aplicar a
música como mais uma ferramenta pedagógica que auxilie no desenvolvimento
global das crianças assim como na sua aprendizagem.
A pesquisa apresentada neste discurso foi de caráter bibliográfico que acarretou um
aprofundamento maior sobre o assunto dissertado, аtravés de uma seleção de
vários autores renomados que abordam em suas obras a temática abordada na
pesquisa. De acordo com Teixeira (2013), essa pesquisа é desenvolvida baseada
nas contribuições de diversos autores que trabalharam determinado assunto
relacionado com o objeto dа pesquisa, perante consulta a documentos no qual os
dados e informações desses autores receberam um tratamento cientifico.
Para enriquecer o conteúdo teórico da pesquisa, a análise bibliográfica aplicada
utilizou diversos teóricos dos quais podem se destacar: Oliveira (2002), Vygotsky
(1991), Gordon (2000), Jeandot (1990), Teberosky (2000), Brasil (2010) e RCNEI
(1998).
A partir da análise das informações obtidas através da pesquisa bibliográfica,
apresentar a
importância
desenvolvimento infantil.
da
música
nas
relações de
aprendizagem
no
15
3 EDUCAÇÃO INFANTIL
3.1 Conceito e considerações gerais
A educação infantil de acordo com as determinações da Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei 9.394/96) é a primeira etapa da educação
básica, que corresponde ao período escolar oferecido em creches, ou entidades
equivalentes, para crianças de até três anos de idade e pré-escolas para as crianças
de quatro a cinco anos de idade, período para se integrarem na educação básica
antes de sua entrada no ensino obrigatório.
No entanto antes o pré-escolar atendia até os seis anos de idade, mas as
medidas legais modificaram o atendimento das crianças e os alunos com seis anos
de idade atualmente devem estar matriculados obrigatoriamente no primeiro ano do
Ensino Fundamental.
Em 5 de janeiro de 2006 o Ministério da Educação e Cultura (MEC)
estipulou a lei nº12.796 que determina como idade obrigatória para o inicio do
estudo na educação infantil os quatro anos de idade e para o ensino fundamental os
seis anos de idade, ressaltando o dever do Estado de garantir o acesso a educação
básica para os indivíduos com faixa etária de quatros a dezessete anos de idade,
contidos no art. 6o da LDB. (BRASIL, 2012).
Ainda segundo a LDB em seu artigo 29:
A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como
finalidade o desenvolvimento integral da criança de até seis anos de idade,
em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a
ação da família e da comunidade. (BRASIL, 1996).
A educação infantil nem sempre foi considerada de suma importância no
cenário escolar, as primeiras instituições de atendimento a criança possuíam apenas
a função de proporcionar subsídios básicos aos menores integrantes das classes
desfavorecidas. A educação era uma ferramenta utilizada para amenizar as
problemáticas sociais da população, atribuindo desta maneira um caráter de
assistencialismo ao ensino. (BRASIL, 1998).
Diante da problemática existente nas questões metodológicas e práticas
de ensino, foram idealizados norteadores curriculares na tentativa de proporcionar
16
elementos pedagógicos necessários à aplicação de um currículo crítico, reflexivo,
capaz de contribuir de forma adequada com o desenvolvimento educacional do
aluno.
A partir de 1998, o Ministério da Educação (MEC) anunciou o Referencial
Curricular Nacional para a Educação Infantil – RCNEI (BRASIL, 1998), como
documento de orientação metodológica para a educação infantil.
Apontar metas de qualidade que contribuam para que as crianças tenham
um desenvolvimento integral de suas identidades, capazes de crescerem
como cidadãos cujos direitos à infância, são reconhecidos. (BRASIL, 1998,
v.1, p.7).
Configurando-se como um nível de educação específica, a educação
infantil desde 1998 norteia suas práticas através do RCNEI, que exerce a função de
nortear as práticas educacionais, a fim de fornecer um ensino qualitativo e
significativo para a criança, desenvolvendo suas capacidades de forma integral.
(PACIEVITCH, 2011).
Essa mesma autora aponta em seu artigo que o Referencial Curricular
Nacional para a Educação Infantil sugere que devem ser orientados os seguintes
eixos temáticos: Movimento, Música, Artes Visuais, Linguagem Oral e Escrita,
Natureza e Sociedade, e Matemática, pois apresenta a tríade do cuidar da criança
em espaço formal, contemplando a alimentação e a limpeza, o brincar e o educar,
sempre respeitando o caráter lúdico das atividades, com ênfase no seu
desenvolvimento integral.
O RCNEI especifica esta tríade de concepções e objetivos para a
formação da criança, e as instituições de educação infantil devem de maneira
integrada incorporar as funções de educar e cuidar, que podem oferecer às crianças
condições para as aprendizagens, as brincadeiras nas atividades pedagógicas
sendo orientadas por um adulto instruído de forma intencional ou direcionada. Sendo
importante ressaltar, que essas aprendizagens, de natureza diversa, ocorrem de
maneira articulada no processo de desenvolvimento infantil sendo, portanto,
importante para a instituição de educação infantil entender os significados e sua
representação para a criança. (BRASIL, 1998).
Ainda segundo BRASIL (1998, v.1):
17
Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e
aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para
o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser
e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e
confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da
realidade social e cultural. Neste processo, a educação poderá auxiliar o
desenvolvimento das capacidades de apropriação e conhecimento das
potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas, na
perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis.
(1998, v.1, p.23).
O educar é mediar experiências que possibilitem o desenvolvimento
global da criança, propiciando o cuidar e o brincar em atividades orientadas que
contribuam com o desenvolvimento do seu conhecimento afetivo, motor, emocional,
estético e ético na sua formação interpessoal.
Para cuidar é necessário ter comprometimento com o outro, entender
suas particularidades, ser solicito com suas necessidades e demonstrar que sente
confiança em suas capacidades. Portanto é de fundamental importância a
construção de um vínculo entre quem cuida e quem é cuidado.
A brincadeira é uma linguagem infantil que mantém um vínculo essencial
com aquilo que é o “não-brincar”. Para que as crianças possam desempenhar suas
habilidades de criar é imprescindível que haja criatividade e diversidade nas
vivências que lhes são apresentadas nas instituições, sejam elas mais voltadas as
brincadeiras ou as aprendizagens que ocorrem por meio de uma intervenção direta,
pois as crianças transformam os conhecimentos que já possuem anteriormente em
conceitos gerais com os quais envolvem o brincar. (BRASIL, 1988, v.1, p.27).
De acordo com os relatos do RCNEI citados, o profissional da educação
exerce
o
seu
papel
de
norteador
das
práticas
pedagógicas
interativas,
compreendendo o contexto ambiental, as necessidades e o ritmo de cada criança,
intencionando o ensino para o desenvolvimento de metodologias significativas e
qualitativas, capaz de formar cidadãos conscientes de seus deveres e direitos
sociais.
O Plano Nacional de Ensino (PNE), de acordo com a lei nº 10.172/2001,
diz que com a “determinação da LDB, as creches atenderão crianças de zero a três
anos, ficando a faixa de 4 a 5 para a pré-escola, e deverão adotar objetivos
educacionais, transformando-se em instituições de educação, segundo as diretrizes
curriculares nacionais emanadas do Conselho Nacional de Educação. Essa
determinação segue a melhor pedagogia, porque é nessa idade, precisamente, que
18
os estímulos educativos têm maior poder de influência sobre a formação da
personalidade e o desenvolvimento da criança. Trata-se de um tempo que não pode
estar descurado ou mal orientado. Esse é um dos temas importantes para o PNE”.
(BRASIL, 2001).
Portanto a educação infantil é a primeira etapa da educação básica, antes
do ingresso da criança no ensino obrigatório, que consiste em estabelecer sua base
de formação em seus aspectos físicos, psicológicos, intelectuais, sociais,
emocionais, e da personalidade, pois é nesse período que ela tem suas primeiras
experiências de vida, que são as mais marcantes na sua história, quando são
positivas tendem a motivar atitudes de autoconfiança, cooperação, responsabilidade.
A educação infantil inaugura a educação da criança, sendo importante para o seu
desenvolvimento e seus aprendizados posteriores. (BRASIL, 2013).
Pode-se compreender então, que é no ensino infantil que a criança obterá
estímulos que proporcionarão seu desenvolvimento cognitivo, social e emocional, no
que cabe ao educador gerar situações de aprendizagens dinâmicas que contribuam
para uma formação integral e significativa do ser.
3.2 O surgimento da educação infantil no mundo
A idade média era caracterizada por seu modo feudal, em que os
senhores de terras determinavam suas leis, valores e cultura por possuírem direitos
e poderes na sociedade medieval, eles tratavam as crianças como adultos em
miniaturas, elas tinham as mesmas funções dos adultos, e o que aprendiam as
ajudava na sua vida, pois eram vistas como seres incapazes. Esta forma de lidar
com as crianças nesse período foi herdada de costumes da Antiguidade. A
sociedade medieval não tinha consciência nem sentimento de infância, as crianças
não se distinguiam dos adultos.
Segundo Áries (1981 apud CAMBI, 1999, p. 82):
[...] as crianças na idade média, tem um papel social mínimo, sendo muitas
vezes consideradas no mesmo nível que os animais (sobretudo pela
altíssima mortalidade infantil, que impedia um forte investimento afetivo
desde o nascimento), mas não na sua especificidade psicológica e física, a
tal ponto que são geralmente representadas como “pequenos homens”,
tanto na vestimenta quanto na participação na vida social. Até seus
brinquedos são os mesmos dos adultos, e só com a época moderna é que
se irá delineando uma separação.
19
Segundo o autor citado, as famílias pobres da idade média praticavam
muito o infanticídio por terem muitos filhos e não terem como criá-los e alimentá-los,
este tipo de prática era condenado pela igreja, mas era praticado e camuflado como
acidente.
Com a ascensão da Burguesia na sociedade, a igreja perdeu seu poder,
surgindo duas atitudes contrárias na concepção de criança: uma considerava a
criança um ser ingênuo, inocente e a outra corrente a considerava imperfeita e
incompleta havendo a necessidade do adulto moralizar a criança. Desta forma a
base familiar que existia na idade média muda, e essas atitudes foram
transformando os fundamentos sociais, culturais, morais, econômicos e políticos,
que aos poucos foram sendo superados pela chegada da sociedade moderna.
De acordo com Oliveira (2002, p. 59):
Nos séculos XV e XVI, novos modelos educacionais foram criados para
responder aos desafios estabelecidos pela maneira como a sociedade
europeia então se desenvolvia. O desenvolvimento científico, a expansão
comercial e as atividades artísticas ocorridas no período do Renascimento
estimularam o surgimento de novas visões sobre a criança e sobre como
ela deveria ser educada.
No século XVII, a criança passou a ter um papel central nas
preocupações da família na sociedade. A educação passou a ter mais importância,
surgindo também os castigos corporais como forma de disciplinar as atitudes das
crianças, prática essa que se usou tanto nas escolas como na família. Com a
revolução industrial as mulheres tiveram que deixar seus trabalhos domésticos para
começarem a trabalhar nas fábricas. Neste período surgiram as instituições de
educação infantil, que serviam mais de refúgio, devido ao abandono e maus-tratos
de crianças pequenas pelos pais que trabalhavam nas fábricas. (OLIVEIRA, 2002, p.
16).
As creches não tinham um objetivo educacional, mas sim um caráter
assistencialista, referente aos cuidados com alimentação e saúde, e representava
para as crianças um espaço seguro. Com a primeira guerra mundial dobrou o
número de mulheres trabalhando nas fábricas devido à substituição dos homens que
eram convocados, portanto houve a necessidade de abrir mais instituições públicas,
20
por conta do alarmante número de crianças órfãs, as creches não conseguiam mais
atender a crescente demanda.
(...) enquanto os filhos das camadas médias e dominantes eram vistos
como necessitados de um atendimento estimulador de seu desenvolvimento
afetivo e cognitivo, às crianças mais pobres era proposto um cuidado mais
voltado para a satisfação de necessidades de guarda, higiene e
alimentação. (OLIVEIRA, 2002, p.17).
Drouet (1990 apud SILVA, 2011, p.25) afirma que nessa época as creches
não tinha estrutura física adequada para a recepção dessas crianças, porém hoje há
específicas para o funcionamento, inclusive falando sobre infraestrutura, em quase
todos os países e essas instituições são controladas pelos ministérios da saúde e da
educação.
As crianças do século XVIII que ficaram órfãos dos pais, que perderam a
vida nas guerras, nessa época as de quatro a sete anos eram empregadas pelas
fábricas para fazerem serviços que os adultos não conseguiam fazer, como limpar
chaminés, fazer lubrificação das partes inferiores das máquinas pesadas, etc. Essas
crianças chegavam a trabalhar até 14 horas diárias como aprendizes, cedidas aos
patrões pelo comissionario dos pobres. Ao atingirem a idade de sete anos eram
devolvidas às ruas completamente ignorantes. (DROUET, 1990 apud SILVA, 2011,
p.25).
Com o fim da segunda guerra mundial, elas passaram a necessitar de
cuidados e atenção quanto à saúde emocional, prejudicadas pelas mortes dos pais
ou mesmo pela ausência das mães que continuavam trabalhando fora. A partir da
década de 1950 houve a preocupação com o desenvolvimento intelectual das
crianças de baixa renda, e com o intuito de evitar a reprovação ao ingressarem na
escola elementar (equivalente ao 1° grau) surgiu pela primeira vez a denominação
pré-escolar, que passou a significar "ensino que antecedia a escola elementar ou
que preparava para a escola elementar.” (KRAMER, 1992 apud MUNIZ, 1999,
p.246).
No entanto houve uma mudança radical no objetivo das escolas
assistencialistas, pois no início as instituições se preocupavam em formar apenas os
bons hábitos, a saúde física e mental, e só depois é que acrescentaram a função de
preparar a criança, evitando a repetência e a evasão escolar.
Segundo Kramer (1992 apud MUNIZ, 1999, p. 245):
21
A educação tem um valor de investimento a médio ou longo prazo e o
desenvolvimento da criança contribuirão futuramente para aumentar o
capital familiar, sem atribuição de um caráter educativo efetivo e atuante
nos processos de aprendizagem.
A educação pré-escolar atende desde o nascimento da criança até a sua
entrada na escola obrigatória, pois o objetivo do pré-escolar consiste no
desenvolvimento da linguagem, socialização e na preparação para esse ingresso.
De acordo com Oliveira (2002) os programas didáticos usados em quase
todos os países foram os de Comênius (1592), Rousseau (1712), Pestalozzi (1746),
Froebel (1782), Declory (1871), Montessori (1879) uma das precursoras do tema,
dentre outros psicólogos, filósofos e educadores.
John Amos Comênius (1592 – 1670), na sua época criou projetos para
educar crianças menores de seis anos e de diferentes condições sociais. Um de
seus projetos foi o maternal, por conceituar que a base inicial do ensino é o colo da
mãe, neste projeto fazia uso de materiais audiovisuais.
Jean-Jacques Rousseau (1712 – 1778) pregava que o homem é bom por
natureza, mas é corrompido pela sociedade. Combatia os preconceitos e o
autoritarismo e tudo que violassem a liberdade característica da natureza.
Considerava a mãe, como uma educadora natural da criança.
Johann Heinrich Pestalozzi (17460 – 1827) incorporou o afeto à sala de
aula, considerava como fundamento básico do ensino motivar as crianças a
desenvolverem suas habilidades naturais e inatas.
Friedrich Froebel (1782-1852) foi o fundador dos jardins-de-infância, em
que considerava a brincadeira como um dos recursos para o caminho da
aprendizagem. Foi um dos primeiros pedagogos a falar em autoaprendizagem.
Maria Montessori (1870 – 1952) desenvolveu materiais que direcionados
e orientados corretamente, eram usados como recursos educacionais que
estimulavam o desenvolvimento motor e dos sentidos da inteligência.
Mesmo com métodos diferentes entre si, as abordagens de ensino desses
autores tinham como base a educação diferenciada para as crianças, pois
encontraram nelas necessidades próprias e características diferentes das dos
adultos.
22
A Constituição Federal de 1988 afirma no Art. 205 que a educação, direito
de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a
colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Portanto
houve um fortalecimento do caráter educativo, acabando com o assistencialismo que
durou por quase um século.
Entende-se que de fato a educação encontrou na constituição de 1988
uma ferramenta legislativa para sua efetivação, fato que não serviu de garantia para
proporcionar um ensino que cumprisse todos os direitos que competem aos vários
grupos sociais, perpetuando um sistema dual e exclusivo.
3.3 Histórico da educação infantil no Brasil
A história da educação infantil no Brasil começa, com as transformações
sociais e econômicas e o aumento do número de fábricas. Assim surgiu a
necessidade das mulheres deixarem suas casas, seus afazeres domésticos e o
cuidado com a sua família por longos períodos, para ingressarem no mercado de
trabalho, devido ao processo da revolução industrial que estava acontecendo no
mundo todo. (CALDART, 1997).
Com o processo de urbanização e as mulheres fora de casa, começaram
movimentos pela luta, por melhores condições de vida. Resultando da necessidade
de ter um lugar para deixarem os filhos da massa operária, a partir desse momento
surgiram as primeiras instituições de atendimento infantil, dando assim início ao
atendimento das crianças em creches da educação infantil (termo atual referente ao
atendimento de crianças de 0 a 5 anos) no Brasil. (MACHADO, 2000).
Estes espaços possuíam um foco totalmente assistencialista, visando
apenas o “cuidar”, pois não havia políticas bem definidas em relação às instituições
de Educação Infantil. Os profissionais que atendiam essas crianças não tinham
nenhuma formação pedagógica, gerando um desordenamento numa perspectiva
emergencial e por isso a precarização do ensino e do atendimento às crianças,
como se os problemas emergenciais provenientes da sociedade industrial pudessem
ser todos resolvidos com a implantação dessas instituições infantis. (MACHADO,
2005).
23
Segundo o mesmo autor as crianças eram jogadas em salas com um
atendimento de baixa qualidade, levando-as a uma alienação para a aceitação de
sua condição social, sem questionarem a realidade que as cercava. No ano de 1895,
em São Paulo foi inaugurado o primeiro jardim da infância.
O direito à educação passou a fazer parte do desenvolvimento integral da
criança, com a Constituição de 1988 que incluiu o inciso IV que fala sobre o
“atendimento em creche e pré-escolas a crianças de zero a seis anos de idade”.
A educação infantil começou então a ser garantida e com a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), n° 9.394 do ano de 1996 o
atendimento a crianças de zero a seis anos, etapa que corresponde a educação
infantil, foi considerada em seu Art. 29 como: primeira etapa da educação básica,
tendo como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade,
em seus aspectos físicos, psicológicos, intelectual e social, complementando a ação
da família e da comunidade. (BRASIL, 1996).
Ainda de acordo com a LDB 9.394/96 a educação infantil deve atender às
crianças em instituições distintas equivalentes a sua faixa etária. Desta forma esta
lei definiu no inciso I as creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até
três anos de idade e no inciso II – pré – escolas, para as crianças de quatro a seis
anos de idade. Esta lei possibilitou a inserção das crianças nestas instituições,
sendo responsabilidade do poder público a garantia das vagas e o atendimento
gratuito às crianças contempladas pela educação infantil. (BRASIL, 1996).
Apesar de estar longe de ser um ideal educacional esperado, a LDB
trouxe diversos avanços para o ensino infantil, caracterizando-se a primeira etapa da
Educação Básica, atribuindo como objetivo prioritário o desenvolvimento social,
cognitivo e afetivo da criança, integrando a participação familiar e comunitária neste
processo.
3.4
O
processo
de
aprendizagem
Desenvolvimento
3.4.1 Piaget e o Desenvolvimento Biológico
na
educação
infantil
–
Fases
e
24
Piaget (1998) afirma que os atos biológicos estão extremamente ligados
ao desenvolvimento das capacidades cognitivas do indivíduo, pois para o autor a
aquisição do conhecimento ocorre através da interação do organismo com o meio
externo.
Conforme o referido autor disserta, o desenvolvimento humano é
composto por diversas fases,
caracterizado
por estados comportamentais
específicos em cada nível. Nesse contexto, a criança expõe ações e responde a
estímulos, de acordo o seu amadurecimento biológico e cognitivo.
3.4.1.1 Estágios do desenvolvimento infantil segundo Piaget
a) Sensório – Motor (0 – 2 anos)
Primeira fase, considerada pelo autor, do desenvolvimento humano. A
característica marcante neste estagio é a busca da criança pela satisfação das suas
necessidades primárias, manifestando seus desejos através os órgãos sensoriais e
da movimentação. É um período marcado também pela predominância do
egocentrismo, devido todas as realizações da criança ocorrerem por meio do seu
corpo, tornando-o desta forma o centro dos acontecimentos. (SILVA e VIANA, 2011).
O período sensório-motor é de fundamental importância para o
desenvolvimento cognitivo. Suas realizações formam a base de todos os
processos cognitivos do indivíduo. Os esquemas sensório-motores são as
primeiras formas de pensamento e expressão; são padrões de
comportamento que podem ser aplicados a diferentes objetos em diferentes
contextos. (CAVICCHIA, 2013).
Neste período a evolução cognitiva da criança é distribuída em seis
subestágios nos quais se estabelecem as bases para a construção das principais
categorias do conhecimento que possibilitam ao ser humano organizar a sua
experiência na construção do mundo: objeto, espaço, causalidade e tempo.
b) Pré – Operatório (2 – 7 anos)
Neste período a criança já e capaz de exercer primarias representações
simbólicas, seu cognitivo já possui a capacidade de compreender a dinâmica de
25
atrelar nomes a objetos que não se encontram presentes no meio físico em um dado
momento. (PIAGET, 1982 apud MARQUES, 2011).
Dias (2010) afirma que esta é uma fase em que a criança reduz suas
limitações, pois na fase anterior era refém dos desejos e anseios do seu corpo, e era
sua única forma de comunicação. Devido a estruturação mental adquirida neste
período, ela começa a compreender e interpretar dos fatos cotidianos, não ainda de
forma contextual e integral, pois ainda não possui a noção de tempo e espaço para
relacionar que vários fatos ocorrem em um mesmo dia.
Lewis e Wolkmar (1993) apontam que o fato marcante deste período é a
transição de um plano de ação para o plano de representação, pois neste momento
surge uma espécie de objeto de inspiração, gerando motivação na criança.
Neste período a criança realiza a transição entre a inteligência baseada
no sensório-motor para a inteligência representativa, pois ao atingir o pensamento
representativo a criança reconstrói o objeto, o tempo e o espaço em relação este
novo plano da representação.
c) Operatório – Concreto (7 aos 11 anos)
Neste período a criança já possui a capacidade mental de distinguir as
ações e os sentimentos reais dos imaginativos, adquirindo uma organização mental
definida, realizando operações diversas. Já identifica pesos, volume e realiza
questões de natureza lógica. (LA TAILLE, 2003).
A respeito da cognitividade infantil nesta fase Marques (2011) cita que:
As discussões tornam-se possíveis, porque comportam compreensão a
respeito dos pontos de vista do adversário e a procura de justificativas ou
provas para a afirmação própria. As explicações mútuas entre crianças se
desenvolvem no plano do pensamento e não somente no da ação material.
O referido autor afirma também que é neste momento que a criança é
inserida no convívio em sociedade, iniciando aos poucos seu condicionamento às
regras e leis sociais. Neste momento há também a existência dos diálogos devido à
ocorrência da estruturação do pensamento e da linguagem.
d) Operatório – Formal (a partir dos 11 anos e se prolongando por toda a vida)
26
Na fase formal, a criança se apropria da habilidade de realizar operações
abstratas e hipotéticas, bem como a compreensão de conceitos atemporais como o
amor e ódio. (PIAGET, 2002).
Piaget (2002) define esta fase como estágio de maior nível de inteligência
do indivíduo, no qual toda a sua capacidade de raciocínio é atingida até o momento
e tenderá a se desenvolver durante toda a sua existência, amplificando-se, bem
como absorvendo novas habilidades.
O autor compreende que o desenvolvimento é um fenômeno de suma
importância no processo de aquisição da aprendizagem na criança, possibilitando
adquirir um novo conhecimento a cada nova experiência biológica, Piaget afirmava
que amadurecer o corpo era sinônimo de obter crescimento intelectual.
(MONTANGERO, 1993).
Compreende-se que a teoria piagetiana não enfatiza apenas uma
sequencia de caracteres biológicos que devem ser aplicados em um pacote
finalizado nas situações de aprendizagens, e sim a definição característica de cada
fase proporcionando ao educador a aquisição de conhecimentos necessários para
estimular de forma eficaz o aprendizado nas crianças.
3.4.2 Vygotsky e o Desenvolvimento Interacionista
De acordo com Vygotsky (1990), o desenvolvimento da criança só é
compreendido a partir da análise do contexto de convívio cotidiano, observando
seus desejos e as suas necessidades, comparando os resultados adquiridos com os
estímulos fornecidos pelo meio. Durante o processo de interação com os pares, a
criança estabelece uma relação direta entre a busca pela obtenção de seus desejos
e o objeto intermediador da interação, que pode ser o próprio ambiente de convívio,
o meio social (as pessoas), um jogo ou brinquedo.
Vygotsky (1990) atribui ao processo de interação social extrema
importância para o desenvolvimento do indivíduo, nomeando níveis característicos
ao longo das situações interativas: nível de desenvolvimento real (são etapas já
finalizadas na construção da aprendizagem, neste nível encontram-se as atividades
que a criança é capaz de realizar sozinha) e o nível de desenvolvimento potencial
27
(fase de aprendizado intermediário, ou seja, nível em que a criança é capaz de
realizar e apreender novos conhecimentos através da intervenção de outra pessoa).
A aprendizagem adquirida através da experiência com o meio é única
para cada indivíduo, ou seja, ocorre de maneira subjetiva, com intepretações
exclusivas de cada ser, a assimilação de um novo conhecimento interage
diretamente com o processo de desenvolvimento da criança. Nessa perspectiva a
Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) é configurada pela capacidade de
realização e aprendizado cognitivo da criança por intermédio de outra pessoa que se
encontre numa faixa etária mais avançada. (VYGOTSKY, 1991).
A ZDP está relacionada diretamente com as funções do educador em
perceber as principais necessidades da criança, devendo proporcionar ambientes
que visem o desenvolvimento de aprendizagens espontâneas, significativas e
qualitativas, valorizando o processo humano no ensino. (VYGOTSKY, 1991).
A interação e atuação do profissional da educação no processo cotidiano
das situações de aprendizagem das crianças é um fato de suma importância, pois
proporciona subsídios para a resolução de problemáticas no ensino, que devem ser
compreendidas desde a educação infantil, evitando que se perpetuem em outras
etapas do ensino. (GARDNER, 1995).
Vygotsky afirma em sua teoria que a capacidade cognitiva do indivíduo
não pode ser configurada como um simples ato de aquisição de conhecimento, pois
é necessário valorizar os fatores externos que envolvem o processo, como a
interação entre os pares, sendo através deste ato que a criança internaliza
conceitos, desenvolve o senso de coletividade, respeito mútuo e compreensão, de
maneira dinâmica e significativa. (WASJOP, 1995).
Entende-se a importância do aprendizado mútuo, para a assimilação
significativa e adequada do conteúdo, valorizando o direito do aluno de expressar
sua opinião e refletir sobre determinada ideia, enfatizando que o educador não é o
soberano detentor de todo conhecimento, tornando desta forma o ensino dinâmico,
humano e de qualidade.
3.4.3 Edwin Gordon e o desenvolvimento da educação musical na aprendizagem de
crianças
28
Considerado um dos nomes de maior respaldo na atualidade no estudo
da aprendizagem musical, Edwin Gordon (2000), questionava a forma como o
aprendizado
musical
ocorria
tentando
compreender
em
que
fase
do
desenvolvimento da criança especificamente se dava este processo. Para o autor, a
aquisição das habilidades musicais acontece da mesma forma que a aprendizagem
da linguagem e cita as seguintes etapas de apropriação:

Escutar: desde o nascimento, a criança é bombardeada com uma
enxurrada de sons e efeitos sonoros derivados do meio externo,
ocorrendo desta forma uma absorção de maneira geral da
sonoridade detectada pela audição infantil, que funciona nesta fase
como um canal de direto acesso para todos os sons e linguagens.

Imitar: depois de escutar os sons, a criança busca reproduzi-los,
tentando imitar a sonoridade emanada dos adultos, caracterizando
a sua primeira expressão de comunicação verbal lógica.

Pensar: Após o ato de reprodução aleatória dos sons, inicia-se o
processo de reflexão, no qual a criança começa a atrelar sentindo
as palavras e frases que pronuncia.

Improvisar: Depois da compreensão lógica do ato, é chegada a
fase da assimilação sonora, neste momento a criança é capaz de
organizar e controlar o seu canto, bem como desenvolver diálogos.
(GORDON, 2000, p.315).
Gordon (2000) ressalta que a aquisição da linguagem só é possível
através dos contatos iniciais com as palavras proporcionadas durante o processo de
assimilação dos sons na infância, através das ações de escutar, reproduzir, pensar e
improvisar.
Para Gordon, a ideia do termo audição é comparável à linguagem:
efetivamente, da mesma maneira que nos apropriamos da linguagem para
comunicação, sendo capazes de fazê-lo de forma autônoma, espontânea e
independente. Quando falamos também nos apropriamos da música de
uma forma que nos permite expressar ideias, sem estarmos condicionados
exclusivamente pelo que nos é revelado “dizer” através da memoria ou da
leitura das partituras. (CASPURRO, 2011).
Gordon (2000) enfatiza que a aprendizagem musical deve ser estimulada
desde a infância, afirmando que durante esta fase a capacidade de assimilação do
conhecimento possui um grau de potencial mais elevado do que nos períodos
29
seguintes. É neste momento que se constrói a base de solidificação de um
aprendizado significativo e qualitativo na criança, devendo a família e a escola
exercer o papel de nortear os pequenos nas situações de aprendizado.
Portanto, pode-se compreender que o mundo infantil é configurado por
um conjunto de formas e significados próprios da compreensão da criança, no qual
os pequenos têm a capacidade de enxergar o mundo de uma maneira subjetiva,
devendo o educador propiciar elementos baseados na cultura e na sensibilidade
infantil para estimular a integração da musicalidade no cotidiano escolar de maneira
construtiva e dinâmica.
30
4 A MÚSICA – ASPECTOS GERAIS
A música é a arte de combinar sons seguindo regras que variam
conforme a época e a civilização. Conforme dados antropológicos, as primeiras
músicas foram usadas em rituais, como: nascimento, casamento, morte,
recuperação de doenças e fertilidade.
Segundo Rosa (1990, p.12) o homem e a música sempre viveram juntos,
eles reproduziam o som que ouviam da natureza, como os cantos dos pássaros, o
vento forte e seu sussurrar nas folhagens, as águas dos rios, os estalarem dos
galhos entre tantos outros. Portanto achar uma concepção que atenda todos os seus
significados é difícil, e depende da época e cultura em que está inserida. O professor
Lindomar Araújo (2009) nos mostra como podemos identificar a presença da música
e sua importância para a comunicação e interação entre as pessoas.
Podemos dizer que a “Música” é a arte de combinar os sons e o silêncio. Se
pararmos para perceber os sons que estão a nossa volta, concluiremos que
a música é parte integrante da nossa vida, ela é nossa criação quando
cantamos, batucamos ou ligamos um rádio ou TV. Hoje a música se faz
presente em todas as mídias, pois ela é uma linguagem de comunicação
universal (...). A música existe e sempre existiu como produção cultural, pois
de acordo com estudos científicos, desde que o ser humano começou a se
organizar em tribos primitivas pela África, a música era parte integrante do
cotidiano dessas pessoas. Acredita-se que a música tenha surgido há
50.000 anos, onde as primeiras manifestações tenham sido feitas no
continente africano, expandindo-se pelo mundo com o dispersar da raça
humana pelo planeta. A música, ao ser produzida e/ou reproduzida é
influenciada diretamente pela organização sociocultural e econômica local
(...). A música possui a capacidade estética de traduzir os sentimentos,
atitudes e valores culturais de um povo ou nação. A música é uma
linguagem local e global. (ARAÚJO, 2009).
A linguagem musical de acordo com o professor Lindomar é a arte de
combinar sons e o silêncio, ele considera a música como parte integrante da nossa
vida sendo uma linguagem de comunicação universal, que está diretamente ligada à
cultura e à época da organização sociocultural e econômica de cada lugar. Ele
aponta que a música nos traz a capacidade estética de demonstrar sentimentos, de
interagir de acordo com os valores culturais de cada povo ou nação. A música é a
transformação de sons e ritmos em notas musicais, apesar de ter várias definições,
é uma forma de arte que combina sons, ritmos e silêncio, é considerada como uma
prática cultural e humana, tanto que todas as civilizações possuem algum tipo de
manifestação musical própria.
31
A autora Jeandot (1990 apud GONÇALVEZ, 2001) enfatiza que a música
está diretamente ligada às tradições e cultura das sociedades no decorrer da
história. Apesar de ser universal, se aponta que cada estilo musical “varia de cultura
para cultura”, portanto o conceito de música pode variar dependendo da cultura em
que está inserida.
Jeandot (1990 apud GONÇALVEZ, 2001, p.189) ainda aborda que
“Embora a linguagem verbal seja um meio de comunicação e de relacionamento
entre os povos, constatamos que ela não é universal, pois cada povo tem sua
própria maneira de expressão através da palavra, motivo pelo qual há milhares de
línguas espalhadas pelo globo terrestre”.
A música transmite a emoção e a interação entre os povos.
4.1 Definição e características
A música têm muitas definições, do grego musiké téchne a arte das
musas, e no dicionário Aurélio beta (2013) a música é definida como “arte de
combinar os sons”. Para Houaiss (2001 apud BRÉSCIA, 2003, p. 25) é a “[...]
combinação harmoniosa e expressiva de sons e como a arte de se exprimir por meio
de sons, seguindo regras variáveis conforme a época, a civilização [...]”. A música
expressa vários tipos de concepções, uma das poucas definições que tem um
mesmo consenso é que a música é a arte de combinar sons e silêncios, numa
ordem simultânea e sucessiva, que se desenvolvem ao longo do tempo com ordem,
equilíbrio e proporção do tempo.
Segundo Weigel (1988 apud SOARES e RUBIO, 2013, p.5) ela é formada
basicamente por:
•
Som: são as vibrações audíveis e regulares de corpos elásticos, que se
repetem com a mesma velocidade, como as do pêndulo do relógio. As
vibrações irregulares são denominadas ruídos.
•
Ritmo: é o efeito que se origina da duração de diferentes sons, longos ou
curtos.
•
Melodia: é a sucessão rítmica e bem ordenada dos sons.
•
Harmonia: é a combinação simultânea, melódica e harmoniosa dos sons.
32
Gainza (1988 apud FERNANDES, 2000, p.67) ressalta que: “A música e o
som, enquanto energia estimula o movimento interno e externo no homem;
impulsionam-no ‘a ação e promovem nele uma multiplicidade de condutas de
diferentes qualidade e grau”. Segundo a autora os sons têm aspectos ou elementos
da música correspondentes às características pessoais específicas, que os
envolvem e impulsionam ao movimento corporal, a música estimula a afetividade e
contribui para a ordem sentimental e racional da mente do homem.
Brito (2003, p.18) aponta a percepção do som a partir da integração entre
o homem e o seu meio. Essa autora mostra como os sons que nos cercam lembram
momentos, lugares, paisagens sonoras, que associamos ao meio e a presença do
homem nele. A autora apresenta as qualidades e parâmetros do som em que
percebemos melhor a relação do homem com o meio em que vive (conjunto de
características do som, ou de agrupamentos sonoros, física e objetivamente
definíveis).
O som tem qualidades ou parâmetros:
• ALTURA - Um som pode ser grave ou agudo, dependendo da frequência de
suas vibrações por segundo. Quanto menor for o número de vibrações, ou
seja, quanto menor a frequência da onda sonora, mais grave será o som, e
vice versa. O pio de um pássaro é agudo, o som de um trovão é grave. Um
violino produz sons agudos, ao passo que um contrabaixo produz sons
graves.
• DURAÇÃO - Um som pode ser medido pelo tempo de sua ressonância e
classificado como curto ou longo. Exemplos: a madeira produz sons curtos,
ao passo que metais produzem sons que vibram durante um lapso maior.
• INTENSIDADE - Um som pode ser medido pela amplitude de sua onda e
classificado como forte ou fraco. Alguns materiais produzem, naturalmente,
sons fracos; outros produzem sons mais fortes. Mas a intensidade de um som
pode, quase sempre, variar de acordo com o grau de força do ataque.
Exemplos: experimente tocar num mesmo tambor, sons com diferentes
intensidades, dos mais fracos aos mais fortes.
• TIMBRE – É a característica que diferencia ou “personaliza” cada som.
Também costumamos dizer que o timbre é a “cor” do som; depende dos
materiais e do seu modo de produção. Exemplos: o piano tem seu próprio
33
timbre, diferente do timbre do violão; a flauta tem um timbre próprio, assim
como a voz de cada um de nós.
• DENSIDADE – É um parâmetro que se refere a um grupo de sons,
caracterizando-se pelo menor ou maior agrupamento de sons num lapso, ou
seja, pela rarefação ou adensamento. (BRITO, 2003, p.18).A mesma autora
nos mostra como são importantes os sons que nos cercam, pois eles nos
trazem informações e significados em que conseguimos identificar a região ou
em qual período foi composta. Brito (2003), mais a frente em seu livro aponta
o ruído, que antes não era usado, como nova fonte sonora do séc. XX assim
como as fontes eletrônicas que ganharam espaço no universo sonoro.
Portanto, esse universo no qual vivemos integra todos os tipos de sons,
dentre eles o:
• TOM – Um som com altura determinada, ou seja, com uma afinação precisa.
Exemplo: o som de uma nota musical (dó, ré, mi, fá, sol, lá, si). O tom possui
apenas uma frequência, que se apresenta em altura adequada e definida, de
fácil percepção.
• RUÍDO – Som sem altura definida, resultante de vibrações irregulares.
Exemplos: os sons produzidos por máquinas, motores, batidas ou ranger de
portas, do meio ambiente, mas também o som produzido por instrumentos
como chaves, reco-recos, castanholas, etc. Não se pode distinguir a
frequência de um ruído, pois deve este ser composto por um conjunto de sons
de difícil percepção.
• MESCLA – Um som que contém ao mesmo tempo elementos sonoros com
altura determinada e frações de ruidosidade; um tom sujo. Exemplo: uma nota
produzida por um metalofone tocado com baqueta de madeira, o som de um
prato, um som produzido na flauta, acompanhado por ruídos vocais, etc. A
mescla é um tipo sonoro que possui o tom e o ruído de maneira integrada,
atualmente existem diversos artistas que utilizam as mesclas em suas
produções sonoras, como por exemplo, o sax é combinado com o som da
guitarra reproduzindo sons de rock, ou pop.
A música e o som, como tudo na vida, influenciam, pois transmitem uma
mensagem, e acabam envolvendo a postura social, pensamentos, caráter e
emoções de cada ser humano.
34
4.2 A história da música
A música sempre esteve presente na humanidade desde os tempos
primórdios, em que as pessoas desde muito cedo sentiam necessidade de se
comunicarem. As manifestações musicais ao longo dos tempos se desenvolveram
com traços característicos de cada sociedade.
Segundo Jeandot (1900, apud GOLÇALVEZ, 2001, p.188): “A música
tornou uma linguagem universal, mas com muitos dialetos que variam de cultura
para cultura envolvendo a maneira de cantar, de tocar, de organizar os sons e de
definir as notas musicais e seus intervalos.”
O homem primitivo usava sinais sonoros como gritos, sons corporais,
batimentos com pedras ou com ramos de árvores para imitar a natureza, ele não
tinha a intenção de fazer música, no entanto a partir do momento em que começou a
produzir arte com os sons, pode-se afirmar que se deu início ao longo percurso da
história da música. (LOPES, 2002).
A música também assumiu um papel importante nas atividades diárias da
Antiguidade em lugares como o Egito, Grécia e Roma. (TEBEROSKY, 2000).
A mesma autora relata que na cultura egípcia a música se fazia presente
nas cerimônias religiosas, em que as pessoas batiam espécies de paus uns nos
outros, utilizavam harpas, percussão, flautas e cantavam. Os sacerdotes
exercitavam cantos para os rituais sagrados no templo dos deuses, faziam a
utilização de trompetes e tambores nas cerimônias oficiais.
Na Grécia, sua grande contribuição foi às notas musicais, que eram
representadas a partir das letras do alfabeto. Segundo Rosa (1990, p.13) “Coube
aos gregos a valorização da linguagem musical na educação e a difusão do início da
música na educação. A música era considerada fator fundamental na formação dos
cidadãos.” Ela estava inserida entre as quatro disciplinas essenciais para a
educação dos jovens. De acordo com Pitágoras “a música e a matemática formavam
a chave dos segredos do mundo”, para ele o universo cantava. (REALE e
ANTISERI, 2005).
Segundo Bréscia (2003, p. 31).
35
Pitágoras demonstrou que a sequência correta de sons, se tocada
musicalmente num instrumento, pode mudar padrões de comportamento e
acelerar o processo de cura.
Os gregos contribuíram muito na evolução da história da música, pois
foram eles que criaram a teoria mais elaborada para a linguagem musical na
Antiguidade. (ORTOLAN, 1998 apud ARAÚJO, 2007).
Segundo o referido autor os romanos copiaram a maioria das teorias e
técnicas dos gregos, portanto a música não atingiu grandes desenvolvimentos nessa
cultura. No entanto eles inventaram o trompete que chamavam de tuba, um órgão
hidráulico no qual os tubos eram pressionados pela água.
Já na Idade Média, segundo o referido autor, o repertório da música mais
usado foram os cânticos litúrgicos, pois a igreja era quem ditava as regras. Neste
período, a população se encontrava num cenário do fanatismo religioso.
O papa Gregório Magno I (540-604) selecionou alguns cânticos e
declarou como sendo dignos apenas de culto, assim ele fez uma coletânea de
cânticos já existentes e outros de sua própria autoria, publicou dois livros:
Antifonários e a Graduale Romanus. Esse papa selecionou esta série de cânticos,
na tentativa de unificar e fortalecer a igreja católica, assim como também criou os
cantos gregorianos, que têm este nome em sua homenagem. (ORTOLAN, 1998,
apud ARAÚJO, 2007, p.12).
Nesse momento a igreja católica tinha necessidade de sistematizar esse
rito religioso, para não haver a desagregação dos seus fieis. A música gregoriana
era cantada de forma simbólica, ou seja, usava de símbolos quando cantada nas
cerimônias religiosas, era cantada pelos fieis de forma uníssona, aguda e bem alta,
que caracterizava o encontro com o altíssimo, significando a unidade da igreja.
Neste mesmo período começa a separação da música religiosa da música profana
(popular), sendo que o diferencial entre os dois estilos musicais eram os
instrumentos. Na igreja se usava apenas o órgão, já na música profana usavam-se:
o saltério, a flauta, a rabeca, a gaita de foles, a sanfona, os tambores, dentre outros
e a linguagem usada nas músicas religiosas era o latim, já nas músicas populares
eram os dialetos da região. (ORTOLAN, 1998 apud ARAÚJO, 2007).
36
Entende-se que na tentativa de monopolizar a religiosidade, a igreja
utilizou os cânticos como uma forma de impor regras de maneira alienada e
inconsciente através de uma linguagem desconhecida aos fieis.
4.2.1 Música Renascentista
A música renascentista carrega consigo a mudança do pensamento do
homem em relação aos valores da igreja, com base nos valores próprios e da
natureza. Os homens compunham as músicas de forma mais universal buscando
distanciar das práticas da igreja. Neste período as obras musicais tinham sonoridade
polifônica, pois gostavam da possibilidade de variação melódica, surgem as músicas
vocais: os madrigais, a missa e o motete. (BORGES, 2008, p.8).
4.2.1.1 Missa
Constituindo-se como uma leitura litúrgica, a prática da Missa surge por
volta do século XIV. As Missas são compostas de cinco momentos: introito, gradual,
sequência, ofertório e comunhão, que aconteciam sempre na mesma sequência de
maneira rígida.
As missas do período renascentistas possuíam três tipos de expressões
musicais:

Cíclica: neste tipo de musicologia, ocorre a permanecia de apenas
um só estilo sonoro em todas as fases do acontecimento da missa,
formando uma expressão definida de música;

Paródia: caracterizada pelo ato do compositor citar uma melodia já
existente, podendo ela ser reproduzida em partes ou no total;

Paráfrase: neste tipo também ocorre a reprodução de uma melodia
já existente de outro canto, podendo ser apresentado por diversas
vozes, ou por apenas uma, sendo elas originais ou com
expressões imitadas. (BORGES, 2008, p.9).
4.2.1.2 Moteto
37
Do francês “palavra pequena”, assim como a Missa, o Moteto, não é um
estilo musical originário do período renascentista, mas era caracterizado como um
ritmo polifônico da corrente musical especifica da época, no qual cada voz
reproduzida correspondia a um verso de um texto.
4.2.1.3 Madrigal
De origem indefinida, o Madrigal é um canto reproduzido em italiano, de
maneira livre, se apresentando geralmente em cinco tenores, possuindo as
seguintes características em suas sonoridades:

Integração de um texto com uma melodia;

Expressão poética;

Livre condução sonora;

Músicas com conteúdo de cunho social.
A melodia madrigal muitas vezes dependia da utilização de uma obra
poética, na qual geralmente suas composições exprimiam sentimentos amorosos.
4.2.2 Música Barroca
No período Barroco surge a música de conteúdo dramático e muito bem
elaborado, expressando sentimentos tanto na estrutura musical, como no
refinamento da oratória, contrapondo com grandes contrastes tímbricos. (LACERDA,
2013).
Surge a ópera em forma musical, e os seus principais compositores
foram: Lully na França, que trabalhava para o Luís XIV; O Rameau na Itália, o
compositor “Antonio Vivaldi” que atingiu o auge com suas obras barrocas. Na
Inglaterra Handel que compôs vários gêneros de música. Na Alemanha “Johan
Sebastian Bach” foi o maior representante da música barroca. (TEBEROSKY, 2000).
4.2.3 Música Clássica
O estilo posterior ao barroco foi o classicismo, no qual a música se tornou
mais leve e de fácil compreensão, mostrando uma grande suavidade e beleza com
equilíbrio e perfeição estética. Surgem as orquestras que passaram a ser mais
38
valorizadas. A orquestra se subdividia em Sonata, que é uma obra de vários
movimentos para um ou dois instrumentos. A Sinfonia que é uma espécie de Sonata
para orquestra. Existindo também o Concerto que é outra forma de composição,
uma espécie de luta entre o solo instrumental e a orquestra. Sendo os maiores
compositores de óperas Gluck e Mozart. (TEBEROSKY, 2000).
4.2.4 Música Romântica
O Romantismo se caracterizou pela liberdade de expressão e
sentimentos. Nesta nova concepção musical os pensamentos e sentimentos mais
profundos eram revelados. Surgiram compositores importantes, começando por
Beethoven, Chopin, Shumann, Wagner, Verdi, Tchaikvsky, R. Strauss, entre outros.
O período romantista significou para a música o abandono às regras do classicismo,
a demonstração da emoção que sentia o compositor. (REALE e ANTISERI, 2005).
4.2.5 Música Nacional
A música no século XXI é marcada pela invasão de novas tendências,
técnicas e a criação de novos sons, enquanto nos períodos anteriores podia se
identificar por um único estilo comum a todos os compositores da época. Nesse
mesmo século criaram estilos característicos e pessoais, não se inserindo em
classificação
ou
rótulos.
No
entanto
algumas
tendências
e
técnicas
se
estabeleceram como: impressionismo, nacionalismo do século XXI, influências
jazzísticas, politonalidade, neoclassicismo, microtonalidade, música concreta,
música eletrônica, serialismo total e músicas aleatórias, ou seja, uma mistura
complexa de diferentes gêneros e instrumentos musicais. (ARAGÃO, 2002).
A música do século XXI é totalmente diferente da música do passado, ela
se apresenta com um leque de opções variadas e abrangentes em si mesmas. E fica
difícil que as músicas, que fazem parte deste repertório novo de diversas
tendências, criem referências nos estilos que as antecederam. (ARAGÃO, 2002).
A música como vimos está presente em nossas vidas em todos os
lugares, embutida como elemento cultural.
Segundo Cruvinel (2005, p.54):
39
A música como veículo de história, mitos e lendas, contribuindo para a
continuidade cultural, utilizada na educação, auxilia no controle dos
membros “desviantes” da sociedade, ou seja, ensinando à sociedade o que
é certo contribuindo para a estabilidade cultural; e no cultivo de indivíduos,
transmitindo ensinamentos sobre o ambiente natural e seus valores do
grupo, no sentido de dar continuidade à cultura.
Portanto a música é capaz de mudar o homem no âmbito individual e
coletivo, pois ela envolve a pessoa como um todo, por isso é de fundamental
importância utilizar a música na educação integral do ser, para que possa a partir do
seu conhecimento de mundo e com a ajuda da educação musical integrar a
sociedade e promover a cooperação grupal. A música tem grande influência na
formação da pessoa.
4.3 A música no Brasil
A música do Brasil se caracterizou com a mistura de elementos e estilos
das suas respectivas culturas, como o som nasal, chocalhos e maracá dos índios, o
ritmo lundu e batuque, frevo, maracatu, capoeira, berimbau, reco-reco dos africanos
que contribuíram com a diversidade rítmica, moda, modinha cantigas de roda,
canções infantis, valsas, sanfona, flauta, violino, violão dos europeus que
introduziram a maioria da parte instrumental e o sistema harmônico assim como a
literatura musical, as cantigas populares, sons de origem africana, músicas religiosas
e eruditas, trazidas principalmente por colonizadores portugueses, escravos e os
padres jesuítas. (BERNARDES, 2001, p.7).
Em 1542 foi fundada a primeira escola de ensino de música sistematizado
no Brasil, a Companhia de Jesus, organizada pelos jesuítas e realizavam atividades
de prática e ensino musical visando conseguir mais fieis para seguir a fé religiosa.
(MARIZ, 2000, p.7).
O jesuíta José de Anchieta construiu aldeamentos que chamava de
Missões que eram usados para levarem sua fé aos índios e também para manterem
uma passividade no Brasil Colonial. Ele começou a usar a música para atrair os
índios para a catequese tanto que produziu algumas músicas em tupi, que era a
língua que os índios usavam, apesar de nesses aldeamentos existirem aulas de
canto e apresentação de instrumentos, não havia cunho educativo nesse
40
ensinamento, essas aulas eram puramente religiosas, usadas para catequizar e
espalhar a fé dos padres jesuítas na população indígena. (MARIZ, 2000).
Ao longo do tempo o Brasil sofreu diversos intercâmbios culturais, em que
estilos diferentes encontraram nestas terras um terreno fértil para a transformação
de sua música. Assim surgiu uma atividade musical muito intensa em todo o país,
com uma nova forma institucional e educacional estabilizada, que encontrou um
público apreciador de todas as classes sociais, também se misturou às corporações
militares com suas bandas, às músicas religiosas, às músicas eruditas europeias,
aos salões de concertos e ao teatro. Apareceram em diversas cidades, como em
São Paulo, Recife, Rio de Janeiro e Salvador, apresentando uma rica variedade
musical. (FRANCO, 2001, p.140).
A partir da segunda metade do século XVIII, a música popular começou a
florescer na Capitania das Minas Gerais, onde se deu vida musical tanto pública
como privada, religiosa ou secular. Também neste período surgiram os primeiros
compositores naturais do Brasil, a maioria era de mulatos e os mais dignos foram
José Joaquim Emérico Lobo de Mesquita, sendo talvez o mais importante deste
grupo de compositores, Manoel Dias de Oliveira, Francisco Gomes da Rocha, entre
outros, todos muito ativos na matriz de estilo clássico. (FRANCO, 2001, p.142).
No entanto entre os séculos XVIII e XIX o lundu e a modinha ganham
destaque nas cidades que se encontravam em pleno desenvolvimento. O lundu, que
é de origem africana, tinha um gênero cômico. Já a modinha, de origem portuguesa,
trazia a melancolia, falava de amor e tinha um gênero lírico. A modinha é uma
canção de caráter sentimental, cantando o amor impossível. Esses dois gêneros
estavam sempre presentes nos saraus dos aristocratas, nos quais se cantavam
músicas e recitavam poemas dos poetas mais importantes como Tomás Antônio
Gonzaga, cujo Marília de Dirceu foi musicado várias vezes. (MORAI, 2000, p.30).
“A modinha era tão apreciada que também músicos da corte criaram
algumas peças do gênero, como Marcos Portugal, autor de uma série com letras
extraídas da Marília de Dirceu, e o Padre José Maurício, autor da célebre Beijo a
mão que me condena.” O mais importante compositor e cantor de modinha e lundu,
no século XVIII, foi Domingos Caldas Barbosa. (VICENTE, 2001, p.50).
Outro gênero musical foi o choro, tido como a primeira música popular
urbana típica do Brasil, teve início em meados do século XIX no Rio de Janeiro. O
compositor e flautista Joaquim Calado foi um dos pioneiros do choro. Chiquinha
41
Gonzaga foi a primeira pianista de choro, escreveu a opera cateretê Corta‐Jaca, que
foi uma das maiores contribuições da maestrina para o repertório do choro.
Chiquinha Gonzaga foi muito popular no Brasil com as suas obras. (BERNARDES,
2001).
O choro é, no seu sentindo geral, um conjunto instrumental urbano
composto quase sempre de um solista e um grupo de instrumentos
acompanhantes. Pelo costume luso-brasileiro de usar e abusar do
diminutivo, é chamado também chorinho. Enquanto concertante, toca em
bailes e acompanha as formas da música urbana cantada. Marca sua
fixação instrumental no final do século XIX. As peças escritas para este
grupo também são chamadas de choro, adotando uma forma de valsa
nacional, próxima ao maxixe e ao samba pelo corte rítmico, começando-se
a marcar síncope como elemento estruturador e característico desta
música. Sua forma instrumental, que é também mantida nas peças vocais é
A-B-A-C-A. (NAPOLITANO, 2002).
O choro no Brasil marca o inicio de um novo estilo musical, no qual podese citar como seus maiores representantes: Joaquim Antônio da Silva Calado,
Anacleto de Medeiros, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth e Pixinguinha.
(BERNARDES, 2001).
Em 1915 Villa Lobos, inicia sua carreira como compositor sempre
exaltando o canto, a natureza, a alma e as tradições brasileiras. Com Villa Lobos o
Nacionalismo tem seu primeiro compositor em 1923. Lutou ao seu lado pela
consolidação do nacionalismo musical seu companheiro Mário de Andrade e
Luciano Gallet. Villa Lobos se tornou uma das figuras mais importantes na música
brasileira. (BERNARDES, 2001).
Por volta dos anos 30, deu-se inicio no país a chamada Era do Rádio, que
assumiu o papel de protagonista na propagação da música popular até
aproximadamente 1950, dando espaço para o surgimento de um novo estilo musical,
a Bossa Nova. (TINHORÃO, 1982 apud PETERS, 2006).
Caracterizado como um samba diferente que incorporava estilos como o
Jazz, apresentava uma forma musical refinada baseada na expressão sonora
harmônica retirada da combinação entre o violão e o piano. (TINHORÃO, 1982 apud
PETERS, 2006).
Aos anos 80 surgiu o estilo musical intitulado como rock, composto por
uma diversidade gigantesca de grandes nomes musicais que marcaram a época
com sua forma específica de expressar a música, perpetuando o sucesso do seu
repertório até os tempos atuais. (NAPOLITANO, 2002).
42
Nos anos 90, há uma ruptura na definição homogênea de um estilo de
época, surgem diversos gêneros e subgêneros musicais como o pagode, axé,
sertanejo, entre outros. Atualmente tornou-se tarefa desafiadora definir o gênero de
uma música, pois a mesma sonoridade pode possuir varias derivações e
expressões. (NAPOLITANO, 2002).
A trajetória da música no Brasil foi marcada por diversas influências no
decorrer dos tempos, e pode ser definida por uma mistura de estilos e gêneros
musicais, que variam de acordo com a região, faixa etária do público ouvinte, classe
social, entre outros.
43
5 MÚSICA E EDUCAÇÃO
5.1 A música na escola
Cada vez mais se tem discutido sobre os benefícios da música no cenário
educacional, mesmo após sua retirada da proposta regular de ensino com a Lei
5.692/71, que gerou a disciplina de Educação Artística, atribuindo para o educador a
missão quase impossível de integrar três conteúdos específicos: a arte, a música e o
teatro. (FARIA, 2001, p.32).
Diante de tal fato, o professor ficou sem ferramentas que subsidiassem a
prática pedagógica, inserindo a música em sala de aula sem contextos, sem atentar
para o que cita Hentschke (2003, p.180) “o ensino da música nas escolas é uma
forma de propiciar aos alunos o entendimento e o desenvolvimento deste domínio
que, por ser especializado, poderá contribuir para o seu desenvolvimento global”.
Pode-se compreender que é necessário que a música esteja integrada no
currículo escolar como disciplina, enfatizando suas características e possibilidades
no processo de aprendizagem, porém ela se encontra presente na maioria das
vezes apenas em momentos festivos desvinculados ao ensino regular.
A Educação Musical proporciona entre outros benefícios:
(...) o desenvolvimento das sensibilidades estéticas e artísticas, da
imaginação e do potencial criativo, o sentido histórico da nossa herança
cultural, meios de transcender o universo musical de seu meio social e
cultural, desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicomotor e o
desenvolvimento da comunicação não verbal. (HENTSCHKE, 2003, p. 30).
Alguns educadores já adquiriram a compreensão dos inúmeros benefícios
que a musicalidade pode acarretar para o desenvolvimento do ensino. A prática
docente precisa atentar também para a importância de se valorizar a potencialidade
educativa de cada aluno, permitindo que todos tenham acesso a música de forma
igualitária. (BELLOCHIO, 2003, p.31).
A aprendizagem musical aplicada de maneira crítica e consciente
proporciona ao aluno a construção da própria identidade, para isso é necessário que
o currículo abordado em sala de aula integre o conhecimento prévio do educando,
aos novos conteúdos apresentados, estimulando desta maneira sua capacidade de
observação e percepção sonora. (BELLOCHIO, 2003, p.32).
44
A Educação Musical utilizada de forma efetiva nos processos formativos
possibilita ao educando sua ressignificação social, passando este a se reconhecer
como individuo participativo através dos conteúdos musicais adquiridos, portanto
cabe à instituição promover a interlocução do trabalho musical com uma prática
reflexiva e social.
5.2 O papel da música na educação infantil
A música encontra-se presente no cenário infantil desde a mais tenra
idade, através de brinquedos e jogos musicais, bem como nas canções de ninar
utilizadas pelas mães durante o acalanto dos filhos. (SNYDERS, 1997 APUD
KAREN, 2010).
Platão (2000) ressaltava que a educação musical era importante a partir
do momento em que a melodia tocava profundamente a alma do ser, estabelecendo
um verdadeiro processo de comunicação interna. Na educação infantil, o trabalho
musical contribui para o desenvolvimento das percepções sensórias auditivas da
criança, proporcionando o estímulo do pensamento criativo e imaginativo.
A primeira postura a ser adotada para efetivar o ensino musical na
Educação Infantil é compreender sua importância, nesse contexto a instituição
escolar deve proporcionar a criança uma ampliação das suas aptidões musicais,
fornecendo um ensino que valorize o desenvolvimento criativo e dinâmico da
musicalidade. (GOHN, 2010, p.90).
O RCNEI (BRASIL, 1998) afirma que a música na Educação Infantil traz
subsídios que possibilitam a criança internalizar conceitos referentes à memorização
de datas festivas, números, cores, bem como também adquirir hábitos relacionados
a atitudes e comportamentos. No entanto muitas instituições de ensino promovem
uma educação musical baseada na imitação, transformando a mesma em um ato
mecânico e descontextualizado na assimilação da linguagem da música.
Sobre a importância de atrelar o ensino da música na Educação Infantil
Hentschke (2003, p. 117) afirma que:
Algumas razões são importantes para justificar a inserção da educação
musical no currículo escolar. Entre elas, estão proporcionar à criança: o
desenvolvimento das suas sensibilidades estéticas e artísticas, o
desenvolvimento da imaginação e do potencial criativo, um sentido histórico
da nossa herança cultural, meios de transcender o universo musical de seu
45
meio social e cultural, o desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicomotor, o
desenvolvimento da comunicação não-verbal.
A prática da música no ensino infantil é contextualizada através de
atividades de caráter criativo e espontâneo para a criança, como o brincar, os jogos
e a dança. De acordo com Gohn (2010, p.92), a musicalidade atrelada ao uso de
jogos e brincadeiras, possibilita o desenvolvimento da sensibilidade e das primeiras
noções de ritmo na criança, de maneira significativa.
Uma das atividades musicais mais utilizadas na Educação Infantil é a
cantiga de roda, que de acordo com Maffioletti (2007):
Cantigas de roda são canções utilizadas em brincadeiras de roda cantada,
realizadas como forma de recreação por adultos e crianças. Sua formação
clássica consiste em formar uma roda de mãos dadas, com o rosto voltado
para o centro, movimentando-se para a direita ou para a esquerda, em
andamento eleito pelo grupo.
Apesar de sua notória eficácia no desenvolvimento infantil, a música
ainda precisa conquistar seu espaço dentro das instituições de Educação Infantil,
que devem estimular a produção musical, a fim de garantir elementos que
despertem a consciência crítica e a interpretação do fazer musical como um
processo integral. (GOHN, 2010, p.96).
O desenvolvimento adequado da aprendizagem musical na educação
infantil é fundamental para a perpetuação das habilidades musicais até a idade
adulta. Essas atividades devem ser atreladas a rotina infantil, contribuindo
diretamente com o desenvolvimento cognitivo, social e afetivo.
5.3 A musicalização
Musicalizar é o processo de estimular na criança a percepção,
sensibilidade, ritmo musical, com a sua inserção de maneira integral no universo
musical. O fenômeno de musicalizar é próprio em seus objetivos, não devendo ser
confundido com o ato educativo musical, que visa desenvolver outras habilidades
pelo uso dos conhecimentos sonoros.
Silva (1992 apud SANTOS, 2009) disserta sobre a musicalização no
cotidiano escolar e cita que “A escola sendo a instituição responsável pela formação
cultural da criança, cabe a ela também proporcionar esse conhecimento.”
46
De acordo com este pressuposto, pode-se entender que é papel da
escola proporcionar subsídios que garantam a realização das atividades musicais de
forma qualitativa. Snyders (1997) afirma que a instituição de ensino além de
promover a formação dos indivíduos para a vida futura, deve também proporcionar
realizações cotidianas, na qual o ensino musical tem esta função.
O referido autor também enfatiza para a necessidade da existência de um
conhecimento prévio durante o desenvolvimento das habilidades dos conhecimentos
musicais, afirmando que é fundamental o contato com a música desde a educação
infantil para que o aluno possa estimular suas aptidões, acabando com velhos
conceitos, como o fato de que só é capaz de reproduzir música quem tem o
cognitivo mais elevado que os outros.
Silva
(1992
apud SANTOS,
2009) afirma
que
o processo
de
musicalização deve acontecer de maneira lúdica, promovendo a participação ativa
de todos na construção e na realização das atividades de maneira prazerosa,
despertando a criatividade da criança durante as ações.
Uma aprendizagem voltada apenas para os aspectos técnicos da música é
inútil e até prejudicial, se ela não despertar o senso musical, não
desenvolver a sensibilidade. Tem que formar na criança o musicista, que
talvez não disponha de uma bagagem técnica ampla, mas será capaz de
sentir, viver e apreciar a música. (JEANDOT, 1990, apud GOMES, 2010,
p.15).
Diante das abordagens, pode-se compreender que o processo de
musicalização deve ocorrer o mais cedo possível, desde a educação infantil,
estimulando na criança a motivação e o desejo de praticar as atividades, que devem
ser inseridas de maneira natural no cotidiano escolar.
5.4 O comportamento das crianças em relação à educação musical
A música é um fenômeno que se encontra presente em todos os espaços
e acontecimentos, podendo apresentar-se de diversas formas e com inúmeros
objetivos, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI),
expressa sua definição sobre a música e cita:
47
A música é a linguagem que se traduz em formas sonoras capazes de
expressar e comunicar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio
da organização e relacionamento expressivo entre o som e o silêncio. A
música está presente em todas as culturas, nas mais diversas situações:
festas e comemorações, rituais religiosos, manifestações cívicas, políticas
etc. (BRASIL, 1998).
A música exerce uma grande influência dentro dos diversos grupos
sociais, com relação ao universo infantil, a criança interage com os sons de maneira
espontânea através de jogos e brincadeiras. Joly (2003) afirma que é através do
brincar que a criança descobre a música, a partir da curiosidade infantil, ela
descobre de maneira espontânea e divertida, inúmeras formas de produzir música.
É no brincar que a criança explora a sonoridade, passando a
contextualiza-la através dos atos interativos. Maffioletti (2007), afirma que é através
dessa experiência que o futuro adulto terá a capacidade de assimilar os sons do seu
grupo social. É na educação infantil que os valores sociais, humanos e culturais são
estruturados. A educação musical neste período contribui para a promoção da
sensibilização musical e perpetuação de suas habilidades, pois nesta fase os
conhecimentos adquiridos tendem a permanecer no indivíduo por toda a sua vida.
Através da música, as crianças aprendem a conhecer-se a si próprias, aos
outros e à vida. E, o que é mais importante, através da música as crianças
são mais capazes de desenvolver e sustentar a sua imaginação e
criatividade ousada. Dado que não se passa um dia sem que, duma forma
ou doutra, as crianças não ouçam ou participem em [sic] música, é-lhes
vantajoso que a compreendam. Apenas então poderão aprender a apreciar,
ouvir e participar na música que acham ser boa, e é através dessa
percepção que a vida ganha mais sentido. (GORDON, 2000).
De acordo com o RCNEI (BRASIL, 1998), o corpo também é parte
integrante do processo de ensino da música, através dele é possível realizar
atividades que envolvam o desenvolvimento do ritmo, percepção e altura sonora,
atrelando o aprendizado motor ao musical.
O corpo proporciona uma aprendizagem musical interativa, através das
atividades práticas a criança passa a interagir diretamente com o conhecimento
musical, no qual os documentos do RCNEI ressaltam que:
O gesto e o movimento corporal estão ligados e conectados ao trabalho
musical. Implica tanto em gesto como em movimento, porque o som é,
também, gesto e movimento vibratório, e o corpo traduz em movimento os
diferentes sons que percebe. Os movimentos de flexão, balanceio, torção,
estiramento etc., e os de locomoção como andar, saltar, correr, saltitar,
48
galopar etc., estabelecem relações diretas com os diferentes gestos
sonoros. (BRASIL, 1998).
O Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (1998) disserta a
respeito da motricidade como sendo componente integrante do desenvolvimento da
musicalidade infantil. Desde os primeiros momentos de vida a crianças já exercem
seus primeiros sinais sonoros através da movimentação, o que gera através dos
gestos e das ações uma vibração sonora estabelecendo um meio de comunicação e
interação com o meio externo e com os diversos sons existentes.
5.5 O papel do educador frente à aplicação do ensino da música na sala de
aula
O objetivo da educação musical no ensino infantil é desenvolver desde a
terna idade a sensibilidade acerca dos conceitos sonoros gerando uma base sólida
para a fixação de conhecimentos futuros na vida adulta, como também estimular o
gosto pela música nos pequenos.
Para isso, cabe ao educador, proporcionar um ambiente de aprendizagem
que vise estimular de maneira significativa e qualitativa, o desenvolvimento das
habilidades musicais, através do uso de ferramentas que despertem o interesse e a
curiosidade infantil.
Para que a educação musical ocorra de forma efetiva as Orientações
Curriculares referentes ao ensino infantil, expressam a importância do trabalho
pedagógico envolvido no processo, exigindo a qualificação do educador que deve
planejar e organizar de forma adequada as atividades que serão realizadas, visando
atingir objetivos e resultados. (SILVA, 1992 apud SANTOS, 2009).
Diante disto, visando orientar o educador em suas práticas, as
Orientações Curriculares, estipularam cinco eixos de abordagens do trabalho
musical na educação infantil:

O escutar: neste eixo o educador deve realizar atividades que
despertem o desenvolvimento da sensibilidade auditiva na criança,
promovendo exercícios que estimulem a identificação dos sons
reproduzidos, como exemplo reproduzir sons da natureza, dos animais,
49
de objetos, estimulando na criança a identificação das características
sonoras.

O cantar: nesta linha de abordagem, existe a preocupação de atrelar a
música com a palavra, neste eixo as atividades são voltadas para o
desenvolvimento da aquisição musical e da linguagem de maneira
integral. O cantar na educação infantil é bastante eficaz no processo de
ensino musical, proporcionando a criança compreensão e domínio das
expressões sonoras através do estudo das composições.

O dançar: a música também proporciona o desenvolvimento expressivo
motor através dos movimentos da dança. O ritmo ocasionado na dança
possibilita a criança expressar de maneira física a sua compreensão
sobre a música.

O tocar: é importante que desde a mais terna idade, a criança tenha
contato com algum tipo de instrumento musical, dos mais simples aos
mais completos, visando à familiarização dos pequenos com os objetos.

O criar: é importante que o educador promova oficinas de construção
de instrumentos simples. Com a realização desta atividade, diversas
outras habilidades estão sendo trabalhadas na criança, como a
coordenação e a criatividade, possibilitando aos pequenos a elevação
do seu domínio cultural.
O educador precisa ser consciente de suas práticas, para estimular os
alunos a desenvolverem uma assimilação do conhecimento de maneira adequada.
Os cinco eixos acima estipulados proporcionam a integração de atividades
interativas como ferramentas facilitadoras do processo de aprendizagem, tornando o
ensino prazeroso e significativo para a criança.
Cabe ao profissional da educação musical estar atento para o
desenvolvimento subjetivo de cada aluno, abandonando a prática de mecanizar a
assimilação do conhecimento musical, enfatizando a promoção de um ensino
musical que valorize a construção do aprendizado contextualizado e qualitativo.
(ILARI, 2003).
Antunes (2002) afirma que o processo de desenvolvimento musical pode
ser compreendido, como a “capacidade de percepção, identificação, classificação de
sons diferentes de nuances de intensidades, direção, andamento, tons, melodias,
ritmo, frequência, agrupamentos sonoros, timbre entre outros” (p.13).
50
A partir desta analise, compreende-se que é dever do educador assumir
uma postura que objetive a promoção das habilidades e aptidões musicais de
maneira crítica e significativa, no entanto esta ainda é uma realidade distante do
sistema de ensino atual, que propaga uma aprendizagem técnica, rotulada e acrítica,
formando indivíduos incapazes de adquirir uma noção musical integrada, capaz de
contribuir para o desenvolvimento social, cognitivo e afetivo.
5.6 O ensino da música e as novas tecnologias
Miletto (2004) ressalta que é importante que as ferramentas tecnológicas
sejam direcionadas de forma adequada para o ensino musical, não sendo apenas
aplicadas de maneira alheia sem maiores conhecimentos sobre seus efeitos. O autor
afirma que qualquer mídia utilizada no ensino da música, deve antes ser analisada
de forma pedagógica, enfatizando se a mesma possui objetivos que proporcionem o
desenvolvimento do conhecimento musical pleno e significativo.
Melo (2013) afirma que o processo de musicalização deve acontecer de
maneira lúdica, promovendo a participação ativa de todos na construção e na
realização das atividades de maneira prazerosa, despertando a criatividade da
criança durante as ações.
O uso de tecnologias como o computador, pode facilitar muito o
desenvolvimento das aptidões musicais na criança e no adolescente é o que Gohn
(2003) cita:
Não é difícil vislumbrar que, na medida em que o acesso às novas
tecnologias especialmente as tecnologias digitais vai se tornando mais
amplo, o uso desses recursos deva passar a integrar o leque de
ferramentas de ensino usadas para os mais variados tipos de situação de
aprendizado musical, da musicalização infantil à prática de instrumentos, da
composição aos estudos de análise, servindo tanto ao aluno interessado em
música como uma atividade lúdica ou de lazer quanto ao estudante
comprometido com uma prática mais regular e eventualmente
almejando tornar-se um profissional.
Pode-se compreender que o uso das novas tecnologias deve ser atrelado
à aplicação de ferramentas lúdicas de ensino, visando a interação do aluno ao
aprendizado musical de maneira prazerosa e significativa, promovendo seu
interesse amplo por esse conhecimento.
51
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa proporcionou o alcance dos objetivos definidos para a
mesma, pois buscou compreender os benefícios que o ensino musical pode
proporcionar na educação infantil, como também analisar a sua importância no
aprendizado e desenvolvimento global da criança. Realmente quando se
compreende a aprendizagem infantil e se analise a aplicação da música, pode-se
constatar que a musicalização proporciona diversos benefícios às crianças, além do
desenvolvimento musical, estimula habilidades cognitivas, sociais e motoras, bem
como possibilita um aprendizado dinâmico e interativo.
A análise exposta também procurou divulgar a música como uma
ferramenta metodológica de abordagem pedagógica no cenário escolar, ressaltando
a importância do educador em promover um ambiente favorável para uma
aprendizagem significativa e qualitativa, devendo nortear o desenvolvimento das
capacidades musicais de maneira prazerosa, despertando o interesse do infantil
pelo aprendizado.
Esta pesquisa também proporcionou elementos pedagógicos referentes
ao ensino da música para os profissionais da educação na sua prática em sala de
aula através das informações coletadas de diversos autores referenciadas ao longo
da análise bibliográfica.
Através deste estudo pôde-se também compreender que a música
possibilita o desenvolvimento das capacidades intelectuais, afetivas e sociais das
crianças, gerando um aprendizado espontâneo, interativo e significativo.
Porém muitas lacunas ainda existem na educação musical, a formação
pedagógica precisa desenvolver inúmeras estratégias para efetivar a música no
ensino infantil, a seguir se propõe algumas sugestões:

Conscientização de todo o corpo escolar sobre a função da música, no
processo de ensino e aprendizagem;

Implantação de projetos de qualificação de educadores para capacita-los a
aplicarem a música no processo de ensino e aprendizagem infantil,
mostrando sua significativa importância;

Reorganizar o Projeto Politico Pedagógico da escola, visando incluir a
musicalidade como componente integrante das situações de aprendizagens.
52
Portanto pode-se dizer que este estudo respondeu aos anseios e
questionamentos ora feitos, porém há muito mais a ser buscado e pesquisado sobre
o uso da música como uma ferramenta de ensino e aprendizagem na educação
infantil.
53
REFERÊNCIAS
ARAGÃO, Pedro. Memórias musicais. Rio de Janeiro: Sarapuí, 2002.
ARIÈS, P. História social da criança e da família. Tradução de Dora Flaksman. 2. ed.
Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1981. Apud CAMBI, Franco. A
educação na Grécia. In:___. História da Pedagogia. Tradução de Álvaro Lorencini.
2. ed. São Paulo: Editora da Unesp (FEU), 1999. p. 75-101.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes
curriculares nacionais para a educação infantil. Secretaria de Educação Básica.
– Brasília: MEC, SEB, 2010.
____________. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação
Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Ministério
da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. — Brasília:
MEC/SEF, 1998. 1v.: il.
____________. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação
Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Ministério
da Educação e o Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. — Brasília:
MEC/SEF, 1998. 2v.: il.
____________. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação
Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Ministério
da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. — Brasília:
MEC/SEF, 1998. 3v.: il.
____________. Ministério da Educação e Cultura. Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional – LDBEN. Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Brasília:
MEC, 1996. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf>. Acesso
em: 22 abr. 2013.
____________. Ministério da Educação. Secretária de Educação Básica. Diretrizes
Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica. Diretoria de Currículos e
Educação Integral. – Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013.
BERNARDES, Ricardo. Coleção Música no Brasil – séculos XVIII e XIX. 6 v. Rio
de Janeiro: FUNARTE, 2001.
BELLOCHIO, Cláudia Ribeiro. A formação profissional do educador musical:
algumas apostas. Revista da Abem, n. 8, p. 17-24, mar. 2003.
BRÉSCIA, Vera Lúcia Pessagno. Educação Musical: bases psicológicas e ação
preventiva. São Paulo: Átomo, 2003.
BRITO, Teca Alencar de. Música na educação infantil: proposta para a formação
integral da criança. 2.ed. São Paulo: Petrópolis, 2003.
CALDART, R. Educação em movimento. Petrópolis, Vozes, 1997.
54
CASTAGNA, Paulo. Musicologia portuguesa e brasileira: a inevitável integração.
Revista da Sociedade Brasileira de Musicologia, São Paulo, n.1, p.64-79, 1995.
CASPURRO, Helena. Audição e Audiação: o contributo epistemológico de
Edwin Gordon para a história da pedagogia da escuta. Disponível em:
<http://www.helenacaspurro.pt/downloads/DocenciaInvestigacao/Audicao_e_audiaca
o-APEM.pdf>. Acesso em: 05 out. 2013.
CRUVINEL, Flávia Maria. Educação Musical e Transformação Social. Goiânia:
Unesp, 2005.
DROUET, Ruth Caribe da Rocha. Fundamentos da Educação Pré-Escolar. 3. ed.
São Paulo: Ática, 1990. Apud SILVA, Gabriela de Souza. A Mediação de Conflitos
na Educação Infantil. Monografia – Salvador: UNEB, 2011.
FARIA, Oscar Daniel Morales. Educação, música e investigação-ação: produzindo o
sorriso na escola. Revista Educação, Santa Maria, UFSM, v. 26, n. 1, p. 32, 2001.
GAINZA, Violeta Hemsy. Estudos de Psicopedagogia Musical. 3. ed. São Paulo:
Summus, 1988. Apud FERNANDES, José Nunes. Oficina de Música no Brasil:
História e Metodologia. 2.ed. Teresina, Fundação Cultural Monsehor Chaves,
2000.
GARDNER, Howard. Inteligências Múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1995.
GOHN,
Daniel Marcondes.
Auto-aprendizagem
tecnológicas. São Paulo: Annablume / Fapesp, 2003.
musical:
alternativas
GOHN, Maria da Glória. O Papel da Música na Educação Infantil. Eccos Revista
Científica, São Paulo, v. 12, n. 2, p. 85-103, jul/dez., 2010, pp. 85-103,
GORDON, Edwin E. Teoria de aprendizagem musical: competências, conteúdos
e padrões. Tradução de Maria de Fátima Albuquerque. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 2000.
HENTSCHKE, Liane. (Org.). Ensino de música: propostas para pensar e agir em
sala de aula. São Paulo: Moderna, 2003. p.113-125.
HOUAISS, A. I. Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, RJ:
Objetiva, 2010 apud BRÉSCIA, Vera Lúcia Passagno. Educação musical: bases
psicológicas e ação preventiva. São Paulo: Átomo, 2003.
ILARI. Beatriz. A música e o cérebro: algumas implicações do
neurodesenvolvimento para a educação musical Revista da ABEM. Porto Alegre.
V. 9. 7-16, set. 2003.
JEANDOT, Nicole. Explorando o Universo da Música. São Paulo: Ed.
Spcione,1990. Apud GOMES, Denise da Silva. A Importância da Música no
55
Processo de Aprendizagem da Criança na Educação Infantil: Uma Análise da
Literatura. Universidade Estadual de Londrina: Londrina, 2010.
JEANDOT, Nicole. Explorando o Universo da Música. São Paulo: Ed.
Spcione,1990. Apud GONÇALVEZ, Eleide Castilho. O Ensino da Música no
Contexto Escolar. São Paulo: Rev. Online v.2, n.2, p.181-192, fev. 2001.
JOLY, ILza Zenker Leme. Educação e educação musical: conhecimentos para
compreender a criança e suas relações com a música. In: ENCONTRO ANUAL
DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MUSICAL, 12, 2003, São Paulo.
Anais. São Paulo: Moderna, 2003. p. 113 -126.
KRAMER, Sonia. A política do Pré-Escolar no Brasil: A arte do disfarce. Rio de
Janeiro: Ed. Achiamé, 1982. apud MUNIZ, L. Naturalmente criança: a educação
infantil em uma perspectiva sociocultural. In: Infância e educação infantil.
Campinas: Papirus, 1999.
LACERDA, Osvaldo. Teoria elementar da música. 4. ed. Musicália: São Paulo, s/d.
LOPES, Claudia. A História da Música. A Música no Contexto da Arte e da
Educação. 2002. Disponível no Site: <http://www.musicaeadoracao.com.br>.
Acesso em: 18 set. 2013.
.
MACHADO, Maria Cristina Gomes. A História da educação infantil no Brasil:
avanços, retrocessos e desafios dessa modalidade educacional. Revista
HISTERDBR On-line, Campinas, n.33, p. 78-86, mar. 2009.
MAFFIOLETTI, Leda. Cantigas de roda. 6. ed. Porto Alegre: Magister, 2007.
MELO, N. N. M. M. A importância da música para o desenvolvimento da criança
de
educação
infantil.
Disponível
em:
http://upedagogas.blogspot.com/2009/03/contribuicao-da-musica-para-o_21.html.
Acesso em: 30 out. 2013.
MILETTO, Evandro M. Educação musical auxiliada por computador: algumas
considerações e experiências. CINTED-UFRGS, Porto Alegre, v.2, n. 1, mar-2004.
MONTANGERO, J. et al. Conceptions of change over time. Genève: Fondation
Archives Jean Piaget, 1993.
MARIZ, Vasco. História da Música no Brasil. 5. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
2000.
NAPOLITANO, Marcos. História e Música: história cultural da música popular.
Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
OLIVEIRA, Zilma. Educação Infantil: Fundamentos e Métodos. São Paulo: Cortez,
2002.
56
ORTOLAN, Edson Tadeu. História da Música: do canto gregoriano à
eletroacústica. Campinas: Editora Gráfica Conquista, 1998. Apud ARAÚJO, Cézar
Augusto. Música na Educação Infantil: Harmonizando o Desenvolvimento
Integral do Sujeito. Rio de Janeiro: Universidade Candido Mendes, 2007.
PLATÃO. A República. Coleção Os Pensadores. Tradução de Enrico Corviseri. São
Paulo: Nova Cultural, 2000.
PIAGET, J. A psicologia da criança. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
PIAGET, J. Epistemologia genética. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia, vol. 5: Do romantismo ao
empiriocricitismo. São Paulo: Paulus, 2005.
SEKELF, Maria de Lurdes. Da música seus Usos e Recursos. São Paulo: Ed.
Unesp, 2007.
SILVA, P. S. M.; VIANA, M. N. O Desenvolvimento da Adolescência na Teoria de
Piaget. Disponível em: <http://www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0250.pdf>. Acesso
em: 02 out. 2013.
SILVA, Leda Maria Giuffrida. A expressão musical para crianças de pré escola.
Revista Idéias. São Paulo, n. 10, p. 88-96, 1992.
SNYDERS, Georges. A escola pode ensinar as alegras da música? 3. ed. São
Paulo: Cortez, 1997 apud KAREN, Larissa Cabeças. Musicalização na Educação
Infantil: Contribuições no Processo de Ensino e Aprendizagem. Londrina:
Universidade de Londrina, 2010.
TEBEROSKY, Ana. Aprendendo Arte. São Paulo: Ática, 2000.
TEIXEIRA, Gilberto. Porque e para que a pesquisa bibliográfica?. Disponível em:
<http://www.serprofessoruniversitario.pro.br>. Acesso em: 18 nov. 2013.
TINHORÃO, José Ramos. História Social da Música Popular Brasileira. São
Paulo: Editora 34, 1998. Apud PETERS, Ana Paula, Revista eletrônica de
Musicologia
volume
VIII,
dezembro
de
2006.
Disponível
em:
<http://www.rem.ufpr.br/REMv8/regional.html> Acesso em: 14 out. 2013.
VICENTE, Edilson. As modinhas do Brasil. São Paulo: Edusp, 2001.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
WAJSKOP, G. O brincar na educação infantil. Caderno de Pesquisa, São Paulo,
n.92, p. 62-69, fev.1995.
WEIGEL, Anna Maria Gonçalves. Brincando de Música: Experiências com Sons,
Ritmos, Música e Movimentos na Pré-Escola. Porto Alegre: Kuarup, 1988 Aaud
SOARES, Aparecida Maura; RUBIO, Juliana de Alcântara Silveira. A Utilização da
57
Música
no
Processo
de
Alfabetização.
Disponível
em
<http://www.facsaoroque.br/novo/publicacoes/pdf/v3-n1-2012/Maura.pdf>.
Acesso
em: 15 out. 2013.
Download