A IMPORTÂNCIA DO RAIO-X NO PRONTO ATENDIMENTO Dirceu Costa dos Santos1 Juan Paulo Damas Esteves2 Resumo Por meio de acompanhamento e documentação de exames, foi possível avaliar a precisão do raio-x, em um hospital metropolitano de urgência e emergência, localizado em Ananindeua (PA). Nesta documentação, foi possível incluir valores de técnicas mais adequadas para a realização dos exames, valores numéricos de Kv (quilovoltagem) x mAs (miliamperagem por segundo), quantificando as patologias que o raio-x evidenciou e o motivo de os pacientes estarem realizando esse exame. Se torna essencial a correlação destes achados com a funcionalidade do serviço, reduzindo assim repetições de exames por uso de técnicas inadequadas, além de uma atualização de novas formas de realização de exames, melhorando ainda mais o status do serviço de radiologia, tornando o mesmo otimizado e eficaz. Foi feita uma entrevista com um médico do hospital, tendo uma avaliação muito positiva sobre o raio-x e suas propriedades, tendo nota muito boa por ser mais efetivo na ortopedia e traumatologia, e ter pouco resultado quando as áreas de interesse são partes moles. A solução para essa problemática seria o auxilio da tomografia computadorizada no diagnóstico do trauma,dando ênfase na necessidade de interação dos setores do hospital (radiologia, pronto-atendimento, bloco cirúrgico, e etc.), para evitar que haja desperdícios por realização ou repetição de exames. Palavras-Chave: Raio-x. Pronto atendimento. Hospital, Radiologia Abstract Through monitoring and documentation of x-ray procedures, has possible to evaluate about the precision of the x-ray, at a hospital of urgency and emergency at Ananindeua (PA), was possible to documentation technical values more appropriate for a realization of exams, designation of Kv (kilovoltage) x mAs (miliamperage) valoues, the quantification of pathogy that the x-ray evidence and the reason o the patients are doing this exams. Is essential correlation about these findings with the service feature, reducing the repetitions of exams for use inadequate of technical, and an actualization for news forms to realization exams, elevanting status of de radiology department, make the service optimal and effective. An interview was made if a doctor of the hospital, having a evaluation very god about the x-ray an this proprieties, having this note because to be very effective in orthopedics and traumatology, have a little result when is utilized in shares soft, this solution for this problem would be the assistance of computerized tomography in diagnosis of trauma, emphasizing the necessity of interaction with other sectors of the hospital, to prevent a waste for realization or repetition the exams. Keywords: X-ray; Emergency room; Hospital; Radiology Revista Ciência e Tecnologia 60 A IMPORTÂNCIA DO RAIO-X NO PRONTO ATENDIMENTO Introdução 1.1 – O RAIO-X, HISTÓRICO Wilhelm C. Röntgen (1845-1923) espantou o mundo ao anunciar, no final de 1895, a descoberta de “um novo tipo de raio” e ao demonstrar que com esses raios se podia ‘ver’ dentro do corpo humano. Na noite de 8 de novembro de 1895, quando trabalhava com uma válvula em que estudava a condutividade de gases, numa sala totalmente às escuras, tendo à certa distância desta válvula uma folha de papel, usada como tela, tratada com platinocianeto de bário, Röntgen viu a tela brilhar, emitindo luz. A válvula estava coberta por uma cartolina negra, e nenhuma luz ou raio catódico poderia ter vindo dela. Ele fez várias investigações, como: a) virou a tela, expondo o lado sem o revestimento de platinocianeto de bário, e esta continuava a brilhar; b) colocou diversos objetos entre a válvula e a tela, viu que todos pareciam transparentes. Porém, a maior surpresa foi quando viu na tela os ossos de sua mão. Deste modo, Röntgen detectou que as chapas fotográficas eram sensíveis aos raios X, não se podia ver qualquer reflexo ou refração dignos de nota ao se desviá-los com um campo. 1.2 – APLICAÇÕES DOS RAIOS-X Numa primeira análise, as técnicas de imagem médica dividem-se em duas categorias: as passivas e as ativas. As técnicas passivas só usam sinais endógenos gerados espontaneamente no corpo humano. Exemplos de técnicas de imagem passivas são a termografia e a visualização da atividade elétrica do cérebro. As técnicas de imagem ativa resultam de propriedades de várias formas de energia radiante, provenientes de fontes exógenas, capazes de se propagarem através da matéria viva e de fornecerem informação, quer anatômica, quer fisiológica. As técnicas de imagem médica mais usadas são as ativas. 1.2.1 - Medicina Nuclear: Mapeamento de órgãos através de estudos dinâmicos e orgânicos com Iodo 131. Estudos hematológicos usando Cobalto 60, Ferro 59 e Fósforo 32. 1.2.2 - Radioterapia: destruição de neoplasias com o uso de Co 60 e aceleradores lineares. 1.2.3 - Outras aplicações: • Avaliação de homogeneidade de peças e soldas através da gamagrafia; • Testes de resistência de pneus; • Detectores de fumaça; • Irradiação de alimentos para eliminação de fungos, retardo do amadurecimento de frutas e legumes e esterilização; • Estudo da fertilidade do solo; • Estudo da dinâmica de rios. 1.3 – NO BRASIL A primeira tese sobre radiologia foi apresentada por Adolpho C. Lindenberg, na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 5 de novembro de 1896. Revista Ciência e Tecnologia 61 A IMPORTÂNCIA DO RAIO-X NO PRONTO ATENDIMENTO O primeiro aparelho de raios X que chegou ao Brasil, em 1897, foi comprado pelo médico José Carlos F. Pires, sendo instalado na cidade de Formiga, em Minas Gerais. Não havia energia elétrica na cidade, inicialmente tentou-se usar pilhas de 0,75 HP, porém os resultados foram frustrados; foi quando o Dr. Ferreira Pires comprou um gerador de eletricidade a partir de um motor a gasolina. Em 1898, foi realizada a primeira radiografia para a demonstração de um corpo estranho no então ministro, na época, Lauro Muller, sendo que o tempo para realização de uma radiografia de tórax era aproximadamente de 30 minutos, e do crânio, em torno de 45 minutos 2-DESENVOLVIMENTO 2.1 – CONSIDERAÇÔES GERAIS SOBRE O TRABALHO O estudo foi realizado em um Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência, localizado na Rod. BR 316, KM 03 S/N, bairro do Coqueiro, no município de Ananindeua – PA, especificamente no setor de radiologia, em pacientes encaminhados pelo pronto atendimento. O setor de radiologia do hospital é composto por duas salas de Raios-X, sendo que os exames acompanhados foram os da sala 2, em função de ser a mais usual para os exames que demandam maior urgência. O período de análise abrangeu os meses de novembro de 2011 a janeiro de 2012. Nesse intervalo, foram obtidos 351 registros de imagens decorrentes de acidentes e violências, das quais 14 foram resultantes de repetições. Em um hospital de urgência e emergência, é importante que o setor de radiologia se interligue ao restante do hospital, que este setor conheça suas habilidades e competências mais adequadas para que seu funcionamento seja o mais eficiente possível, com a delimitação da técnica adequada para o hospital. Com o levantamento de dados, foi possível avaliar e fazer observações que permitiram apontar as características e as modalidades da técnica que tem o melhor custo-benefício, o raio-x foi a modalidade que passou pelo processo de avaliação e obteve resultados bons nas avaliações propostas, comprovando que esta é a mais adequada para o hospital deste tipo. 2.2 – AVALIAÇÃO DO RAIO-X A avaliação dos resultados se deu através da contabilização dos valores adequados de Kilowoltagem (KV) e Miliamperagem por segundo (mAs) para cada incidência e avaliação das alternativas existentes que possam melhorar o processo de aquisição das imagens, e também maneiras de melhorar imagens que não atenderiam às exigências, pois no setor de radiologia do referido hospital o equipamento utilizado é semidigital, que permite o pós processamento de imagens. Com este equipamento, é possivel a melhor visualização e até mesmo de certas fraturas. No período de coleta de dados do projeto, foi possível a realização de uma média entre as técnicas usadas durante os três meses de pesquisa. Com isso, se diminui ainda mais o risco de viéis, as técnias obtidas são nominais, ou seja, não são os valores exatos que o aparelho mostra, é uma espécie de aproximação, que torna mais fácil o aprendizado e a memorização das mesmas durante a realização do exame. Abaixo, uma tabela contendo os valores nominais para as incidências Antero Posteriores (AP), Postero Anteriores (PA) e em Perfil (P): Revista Ciência e Tecnologia 62 A IMPORTÂNCIA DO RAIO-X NO PRONTO ATENDIMENTO 2.2.1 Tabela descritiva dos valores médios das técnias utilizadas INCIDÊNCIA Kv x mAs INCIDENCIA Kv x mAs AP Pelve 85 x 25 Obliqua mão 50 x 4 AP Braço 73 x 10 Obliqua pé 48 x 4 AP Perna 63 x 8 Frontonaso 73 x 16 AP coxofemoral 90 x 20 Mentonaso 73 x 16 AP Lombo-sacro 96 x 80 P cervical 70 x 10 AP Lombar 90 x 32 P Perna 57 x 8 AP Cervical 77 x 16 P Lombar 102 x 63 AP Tórax 81 x 12 P antebraço 60 x 6 AP cotovelo 63 x 5 P cotovelo 63 x 6 AP ombro 60 x 16 P lombo-sacro 96 x 100 AP antebraço 57 x 5 P coluna torácica 96 x 63 AP tornozelo 66 x 8 P joelho 63 x 6 AP pé 55 x 5 P tórax 96 x 32 AP fêmur 77 x 16 PA mão 50 x 4 AP coluna torácica 85 x 40 PA Tórax 90 x 10 AP joelho 57 x 5 PA antebraço 60 x 5 Tabela 1: Dados coletados Fonte: Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência, Ananindeua-PA Estes valores basais servem de referência para a maioria dos exames feitos em pacientes de porte médio, sofrendo variações para mais e para menos de acordo com o biotipo de cada paciente. Algumas orientações básicas, não somente relacionadas à variação de Kv e mAs, servem para auxílio nessa variação: • Uma medida que evidencia e melhora a vizualiação de patologias é a implementação de uma “rotina”, que é um grupo de incidências. No caso do hospital pesquisado a rotina empregada é AP cervical, AP do tórax, AP da pelve e P cervical. Passa a ser importante a implementação de uma rotina, pois é possivel a visualização de muitos traumas e patologias associados à maioria dos acidentes que são atendidos no hospital e acelera o atendimento; • Utilizar valores iguais para Kv e mAs em incidências laterais de coluna, com excessão da incidência de coluna cervical; • Nas incidências de cervical lateral, quando o paciente está em condições de realização, uma técnica que ajuda na melhor visualização é a indicação para que o paciente junte as mãos entrelaçando os dedos e estique voltando a palma da mão para anterior, posteriormente deixá-las em frente à sínfise púbica; • Em exames da AP da pelve, para evitar a perda de estruturas, existem várias técnicas; uma bastante utilizada durante a pesquisa foi a delimitação da posição da última costela, onde ficaria a porção superior do cassete e daquela região para baixo se consegue a inclusão de toda a região sem perda de estruturas de interesse; • Como o serviço de radiologia do hospital dispõe de um Aparelho Computadorizado (CR) para digitalização e pós-processamento de imagens, é possível a transformação de uma imagem em outra, como exemplo, uma incidência de PA de antebraço, se utilizarmos um cassete grande, é possível incluir a região do Revista Ciência e Tecnologia 63 A IMPORTÂNCIA DO RAIO-X NO PRONTO ATENDIMENTO pulso e mais sua margem de segurança. Com isso, há uma opção chamada “guardar como nova”, em que se duplica a imagem obtida, posteriomente realiza-se a colimação de ambas, ajustando uma para que seja o antebraço e a outra o punho. Essa técnica se faz válida também no perfil deste mesmo caso. Essa é uma variável que pode ser bastante usada em extremidades obviamente dependendo de cada caso e solicitação de exame feita pelo médico, sendo que uma vez usada esta técnica vem a expor menos o paciente à radiação e a tornar o exame mais rápido, dando início ao tratamento, quando necessário, e cura posteriormente. 3-RESULTADOS O raio-x foi a modalidade da radiologia utilizada para avaliação dos pacientes, e o total de exames acompanhados foi de 79, destes foi possível identificar 27 patologias, desde fraturas à presença de artefatos ou projéteis; em 52 pacientes, o raio-x não mostrou patologias associadas ao trauma, ou seja, ao motivo de este ser levado ao hospital. Mesmo nestes casos em que não havia patologias foi importante o raio-x, pois ele confirma ao médico que as lesões do paciente são apenas superficiais, inchaços causados pelo impacto ou pelo acidente sofrido. Os casos de pacientes mais graves ou com traumas no crânio são encaminhados para um exame mais complexo que é a tomografia computadorizada, principalmente pacientes entubados, para uma avaliação rápida do médico da estrutura crânio-encefálica. Posteriormente, essa avaliação é encaminhado para o raio-x, para avaliação das demais estruturas que tenham suspeita de algum trauma. Durante o período do estudo, foram obtidos os valores descritos na tabela abaixo: 2.3.1 Tabela dos valores de novembro de 2011 a janeiro de 2012: Acidentes de moto 16 Acidente de carro 5 Acidentes domésticos 1 Poli traumatizado 25 Queda sem especificação 17 Ferimento com arma branca 5 Ferimento com arma de fogo 7 Agressão 3 Número de incidências 337 Número de repetições 14 Total de exames acompanhados 79 Pacientes com patologias 27 Pacientes sem patologias 52 AP pé 55 x 5 AP fêmur 77 x 16 AP coluna torácica 85 x 40 AP joelho 57 x 5 Tabela 2: Quantificação dos acidentes e incidencias Fonte: Fonte:Hospital Metropolitano de Urgência e Emergencia, Ananindeua-PA Revista Ciência e Tecnologia 64 A IMPORTÂNCIA DO RAIO-X NO PRONTO ATENDIMENTO No total, foram 337 incidências realizadas adequadamente, das quais 14 foram encaminhadas à repetição, por conta de mau posicionamento do cassete ou da parte de interesse. Em alguns casos, foi necessária a repetição por presença de artefatos nos exames. Algumas destas situações se justificam pelo fato de o paciente estar usando colar cervical, tornando impossível, por exemplo, a remoção de cordões que tenham sido esquecidos durante o primeiro atendimento do paciente, ou na hora do socorro ao mesmo. Em 2 casos, ocorreu a repetição do exame por conta da técnica ter ficado baixa. Nesses casos, é possível a visualização da patologia, porém esta imagem não serviria para laudo posteriormente, por isso a repetição do exame. Uma outra orientação simples que evitou a perda do exame foi a de pedir para que o paciente não se mova, obviamente que há casos em que isso não é possível, por exemplo, quando o paciente está inconsciente ou desorientado. Em muitos destes casos, os pacientes poderiam vir a óbito se não houvesse o raio-x para evidenciar as estruturas que foram lesionadas, por ser um exame rápido que possibilita que, minutos após a chegada do paciente ao hospital, ele vá ao bloco cirúrgico, quando necessário. Quando o raio-x mostra que não existem patologias associadas ao trauma sofrido pelo paciente, não quer dizer um fracasso, pelo contrário, ele mostra ao médico que o paciente necessita de cuidados mais simples que uma cirurgia, muita vezes realizados no próprio pronto atendimento, permitindo alta em no máximo 12 horas, por conta de geralmente ficar um certo período em observação médica. Se for percebida alguma alteração neste período, o paciente é mantido algum tempo a mais no hospital e passará por outros exames mais sofisticados, como, por exemplo, uma tomografia computadorizada ou um exame de ressonância magnética, para verificação do porquê desta alteração, e após ser diagnosticado e dado o início ao seu tratamento receberá alta. Gráfico 1: Distribuição dos casos estudados Revista Ciência e Tecnologia 65 A IMPORTÂNCIA DO RAIO-X NO PRONTO ATENDIMENTO O gráfico acima representa a distribuição dos casos estudados, sendo a maioria de pacientes politraumatizados. Esta categoria engloba os caso em que, por algum motivo, não se tem como relatar o que aconteceu com os pacientes, por estarem desacordados, desacompanhados e com várias lesões corporais. O segundo caso mais frequente é o de queda sem especificação, em que foram englobados os pacientes que sofreram algum tipo de queda e não se recordam exatamente do acidente ocorrido, pelo fato de este ter ocorrido muito rápido ou por não saberem relatar exatamente o que lhes aconteceu, e por se tratar de um atendimento emergencial é preciso velocidade no atendimento em conjunto com precisão, porém nem sempre é possível se dar ao luxo de saber adequadamente o que aconteceu em detalhes com o paciente. E o terceiro caso mais frequente de os pacientes serem encaminhados ao setor de radiologia são acidentes envolvendo moto, desde atropelamentos a colisões. Durante a avaliação de alguns exames, foi realizada uma entrevista com um médico, questionando sua opinião sobre o raio-x. Abaixo, mostram-se as ponderações feitas a ele e suas respostas às mesmas: 1. Quais os exames mais solicitados/pedidos para verificação de patologias no pronto-atendimento? Rotina de Trauma, Raio-x: - coluna cervical, incidências AP/P; - Tórax PA; - Pelve AP; Adicional a estes exames de raio-x, o médico acrescenta um exame de TC crânio, dependendo do histórico do trauma, quando é possível obtê-lo. 2. Qual é seu grau de precisão? (0 a 10) 6, por conta de aferir estruturas que tem maior capacidade de atenuar os raios-x. 3. Que características a torna ideal para o uso no pronto-atendimento? Velocidade do exame, baixo custo. 4. Ele atende às necessidades de diagnóstico para o pronto-atendimento? Atende 100% de casos de ortopedia e trauma, porém se apresenta ineficaz para neurocirurgia, por conta disso a solicitação em geral de exames de TC de crânio. 5. Em relação ao custo-benefício, é um exame mais recomendado? Melhor custo-benefício, atendendo às necessidades de um hospital da rede SUS. 4-DISCUSSÃO As técnicas aplicadas no pronto atendimento do setor de radiologia, apesar de não serem fidedígnas às indicações do fabricante, levam em consideração as variações anatômicas de cada paciente, além de trabalhar valores nominais, o que facilita a memorização dos padrões por parte dos técnicos e tecnólogos. Apesar da avaliação positiva do processo de obtenção de imagem, o ideal seria a aplicação de um procedimento operacional Revista Ciência e Tecnologia 66 A IMPORTÂNCIA DO RAIO-X NO PRONTO ATENDIMENTO padrão definido pelo chefe do serviço, o que evitaria as variações quanto à qualidade do exame e quanto ao nível de exposição radiológica de cada paiente Outro importante ponto de discussão é número de casos computados como pacientes politraumatizados, quando não foi possível obter a origem real do acidente em função do não relato do socorrista aos enfermeiros do setor de pronto atendimento, o que pode mascarar de certa forma a importância epidemiológica do casos de acidentes de moto. Em se tratando de hospitais cujo perfil de atendimento está restrito a casos de acidentes, agressões, ferimentos por armas de fogo ou armas brancas, o tempo de atendimento é tão importante quanto a eficiência do mesmo. Nesse sentido, faz-se necessário a implantação de procedimentos operacionais padronizados como é o caso da rotina de trauma com exames de raios-x. Tal rotina se justifica não só pela padronização das ações e otimização de tempo e resultados, mas também pela possibilidade de se averiguar lesões limitantes de locomoção como no caso dos exames de coluna, e hemorragias internas de grande volume, que poderiam ocorrer no tórax e na região pélvica. Não se pretende negar a contribuição dos exames tomográficos, principalmente para diagnóstico de lesões neurológicas quando o paciente apresenta histórico de traumatismo craniano, mas vale ressaltar que a disponibilidade do serviço nem sempre existe e que o custo efetivo do exame é muito alto, quando comparado com o exame de raio-x, a pesar deste ter sido avaliado com a nota 6 no critério de precisão. Considerações Finais A importância dos exames de raios-x para o serviço de pronto atendimento fica evidente quando confrontamos os dados obtidos com as declarações do médico na entrevista, o que torna possível ratificar que o raio-x vem a ser a técnica mais indicada para o primeiro atendimento ao paciente, principalmente na rede pública, por ser de rápida realização e com custo relativamente baixo. Durante os questionamentos, o médico vem a ressaltar a questão da rotina de exames para trauma, já citada anteriormente, e acrescentando que a mesma hoje passa a ser inserida desde o preparo acadêmico do médico, mas vale ressaltar que esse tipo de preparo acadêmico deve ser estendido aos demais profissionais envolvidos no atendimento à esses pacientes A utilização dos raios-x seria ineficaz para o diagnóstico de partes moles, sendo mais indicado para esses casos a utilização da Tomografia computadorizada, porém uma radiografia de tórax, mesmo sem evidenciar tão claramente a região pulmonar, tem a capacidade de delimitar o posicionamento de projéteis. O extravazamento de líquido, por exemplo, pode ser observado na simples comparação de duas incidências, uma em AP/PA outra em P. Uma segunda avaliação considerada positiva no estudo refere-se ao baixo índice de rejeição (inferior a 5%), o que demonstra o cuidado no processo de otimização das exposições às radiações ionizantes e minimização dos riscos associados. Revista Ciência e Tecnologia 67 A IMPORTÂNCIA DO RAIO-X NO PRONTO ATENDIMENTO Notas 1 Msc. em Doenças Tropicais pela Universidade Federal do Pará (UFPA); Coordenador do curso Superior de Tecnologia em Radiologia das Faculdades Integradas Ipiranga; E-Mail [email protected] 2 Acadêmico do Curso superior de Tecnologia em Radiologia das Faculdades Integradas Ipiranga; E-Mail juanesteves@ hotmail.com.br REFERÊNCIAS ANDISCO, D. et al. Optimización interdisciplinaria de protocolos en tomografía computada a partir de la modificación del ma y del control del ruido em la imagen. RAR, v. 74, n.4, 2010. AFFONSO, Breno Boueri et al. Estratégias para redução da exposição de radiação ionizante em mulheres submetidas à embolização de miomas uterinos. Rev. Bras. 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