Pará terá 24 casos de câncer a cada dia

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6 „ ATUALIDADES
CIDADES
BELÉM, QUARTA-FEIRA, 5 DE FEVEREIRO DE 2014
Surto de toxoplasmose assusta em Barcarena. Página 9.
Pará terá 24 casos de câncer a cada dia
RANKING
EM 2014
Tumores no
Estado são os que
caracterizam regiões
pouco desenvolvidas
Principais tipos de tumores no Estado e na capital
9 Estimativas para o ano de 2014 das taxas brutas de incidência por 100 mil habitantes e do número de casos novos de câncer no Pará e em Belém:
Estimativa dos Casos Novos
Homens
Localização Primária da
Neoplasia Maligna
BRASÍLIA
THIAGO VILARINS
Da Sucursal
O
Pará terá este ano média de
quase 24 novos casos de câncer por dia, de acordo com
estudo divulgado ontem, Dia
Mundial do Câncer, pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca). Serão 8.630 novos casos em 2014,
dos quais 4.110 em homens e
4.520 em mulheres. Proporcionalmente, serão 103,19 homens
com a doença em cada grupo de
100 mil. Entre as mulheres, essa proporção sobe para 115,37
a cada 100 mil.
Só em Belém, estima-se 3.210
vítimas, dos quais 1.430 do
sexo masculino e outras 1.780
do sexo feminino. Em relação
às taxas brutas, os indicadores
sugerem 208,21 novos casos de
câncer a cada 100 mil homens
e 232,57 entre o mesmo grupo
de mulheres. De acordo com os
pesquisadores do Inca, o índice
para 2014 no Pará é aproximadamente 12% superior ao valor
apontado em 2010. Entre os dois
períodos houve um aumento de
910 novos casos.
É disparado o maior registro
entre todos casos previstos na
região Norte, correspondente a
43,1% do total (20.020). Amazonas, com quase metade da incidência paraense, surge na segunda posição, com 4.830 novos casos de câncer no ano. Na
sequência aparecem Rondônia
(2.360), Tocantins (2.160), Acre
(710), Roraima (670) e Amapá
(660). Em todo o País, estima-se
a ocorrência de 576.580 registros da doença em 2014, puxados, sobretudo, pelo números
de São Paulo (152.200 casos),
Rio de Janeiro (73.680) e Minas
Gerais (61.530).
Conforme as previsões dos
coordenadores do estudo, a
tendência é de que o número
de casos seja ainda maior, le-
Próstata
Mama Feminina
Colo do Útero
Mulheres
Estado
Capital
Estado
Capital
Casos
Taxa
Bruta
Casos
Taxa
Bruta
Casos
Taxa
Bruta
Casos
Taxa
Bruta
1.000
25,09
330
48,30
-
-
-
-
-
-
-
-
830
21,17
360
46,78
-
-
-
-
830
21,13
260
34,57
Traqueia, Brônquio e Pulmão
260
6,50
100
14,13
160
4,12
60
7,58
Cólon e Reto
160
4,04
50
7,41
200
5,24
100
12,72
Estômago
450
11,37
140
21,13
240
6,16
100
12,51
Cavidade Oral
120
3,06
30
4,47
70
1,80
20
3,22
Laringe
80
1,92
30
4,15
**
0,37
**
0,62
Bexiga
70
1,79
30
3,76
20
0,58
**
1,36
Esôfago
50
1,31
20
2,41
30
0,70
**
1,67
Ovário
-
-
-
-
90
2,20
60
7,43
Linfoma de Hodgkin
30
0,64
**
1,17
20
0,43
**
0,99
Linfoma não Hodgkin
70
1,81
20
2,50
60
1,59
30
3,86
Glândula Tireoide
20
0,53
**
1,81
120
2,98
50
6,78
Sistema Nervoso Central
60
1,58
20
2,42
50
1,24
20
2,45
Leucemias
130
3,38
30
4,17
120
3,02
40
4,68
Corpo do Útero
-
-
-
-
70
1,77
20
2,32
Pele Melanoma
20
0,59
**
1,48
20
0,56
**
1,15
Outras Localizações
610
15,41
170
25,54
580
14,73
190
25,21
3.130
78,58
1.000
145,60
3.520
89,85
1.360
177,69
Pele não Melanoma
980
24,69
430
62,65
1.000
25,44
420
55,05
Todas as Neoplasias
4.110
103,19
1.430
208,21
4.520
115,37
1.780
232,57
Subtotal
vando em consideração o envelhecimento da população e a
mudança de estilo de vida. No
caso do Pará e dos demais estados da região Norte, a pobreza
é um agravante. Segundo o diretor de Vigilância e Prevenção
do Inca, Cláudio Noronha, o
Estado é prejudicado pela falta
de programas de controle e de
informação junto à população,
conforme evidencia a análise
das maiores incidências da
doença no Estado. Os tumores
malignos que continuarão incidindo na população do Pará
este ano, serão os de mama e
colo do útero, característicos de
regiões com pouco desenvolvimento, cuja falta de informação, dificuldade de acesso aos
serviços médicos e o preconceito agem com maior intensidade. Esses tumores podem ser
evitados, quando prevenidos e
detectados precocemente. Entretanto, a tendência é de que
mais de 1,6 mil mulheres paraenses tenham essas neoplasias
este ano. Segundo a previsão
do Inca, em 2014, serão registrados no Pará 830 casos tanto
de câncer de mama feminina
(taxa de 21,17 registros em cada
Diretor do Inca
diz que Pará se
ressente da falta
de programas de
prevenção
100 mil), quanto de colo do útero (21,13). Há quatro anos, esses
números eram 5% menores.
Nas posições seguintes, surgem os cânceres de estômago
(240 casos e taxa de 6,16), cólon
e reto (200 e 5,24), traqueia,
brônquio e pulmão (160 e
4,12), leucemias (120 e 3,02) e
glândula tireoide (120 e 2,98).
Considerando só os números
de Belém, essas previsões dão
um grande salto. O câncer de
mama passa a ser estimado
em 46,78 mulheres em cada
grupo de 100 mil (360 casos); o
de colo do útero em 34,57 mu-
lheres em cada 100 mil (260 casos); cólon e reto em 12,72/100
mil (100 casos); estômago em
12,51/100 mil (100 casos); traqueia, brônquio e pulmão em
7,58/100 mil (60 casos); e ovário
em 12,43/100 mil (60 casos).
Nos homens paraenses,
segundo o estudo, em primeiro lugar aparece o câncer de
próstata, com cerca de 30% das
neoplasias malignas masculinas. Em todo o Estado, estima-se mil novos casos, sendo
330 deles na capital. Em 2010,
o Inca apontou a previsão de
700 casos desse tipo de câncer
- volume 43% menor. Assim
como naquele ano, o câncer de
estômago se mantém com expectativa elevada. A projeção é
de 450 novas ocorrências este
ano, enquanto em 2010 esse
número era de 420. Serão ainda comuns entre os cânceres
masculinos os de traqueia, brônquio e pulmão (260), de cólon
e reto (160), as leucemias (130) e
de cavidade oral (120).
PREVENÇÃO
Conforme os especialistas
do Inca, a detecção precoce é a
chave para aumentar as chances de sucesso do tratamento.
No caso do câncer de mama, o
INCA recomenda exame clínico das mamas anualmente, a
partir dos 40 anos, e mamografia bienal dos 50 aos 69 anos.
A partir dos 40 anos, caso o
exame clínico esteja alterado, é
preciso fazer mamografia.
Para prevenir o câncer de
colo de útero, mulheres de 25
a 59 anos devem fazer periodicamente o exame Papanicolau,
conhecido como “preventivo”.
Se o resultado for normal em
dois exames anuais seguidos,
o preventivo deve ser repetido
a cada três anos. Pela literatura
médica, o risco de uma mulher
contrair esse câncer pode ser
reduzido em 70% se, pelo menos uma vez na vida, ela realizar o exame Papanicolau.
Já os homens a partir dos 50
anos devem procurar um posto de saúde ou um médico para
exames de rotina. Se o homem,
apesar de não ter sintoma de
tumor na próstata (dificuldade
de urinar, frequência urinária
alterada ou diminuição da força do jato da urina, entre outros) tiver histórico familiar da
doença, precisa relatar isso ao
médico para fazer os exames
necessários.
O contato com a água suja dos canais durante as chuvas é um perigo para a proliferação da leptospirose no Pará
O QUE FAZER?
Doenças hídricas
MÁRCIO EUCLIDES / O LIBERAL
Chuvas provocam alagamentos e aumentam as chances das chamadas doenças
hídricas, provocadas pelo contato com água contaminada.
O diretor do Departamento
de Controle de Endemias da
Secretaria de Estado de Saúde
Pública (Sespa), Bernardo Cardoso, destaca a leptospirose
como uma das doenças mais
frequentes durante o período
de chuvas, além da hepatite A
e amebíase. Ele informa que a
Sespa não tem um levantamento conclusivo sobre a incidência
da leptospirose nos últimos
anos no Estado, que só estará
concluído no final de março.
Ele estima que os casos de
leptospirose aumentem de
10% a 20% nessa época. “O pessoal está em campo, tentando
levantar dados em vários municípios. O que tem está muito
errado. Mas que está alto, está”,
afirmou Cardoso. De acordo
com ele, as chuvas fortes das
últimas semanas levam “muita sujeira” para ruas e casas,
além do acúmulo de lama. Essa
situação facilita o contágio pela
bactéria Leptospira, eliminada
principalmente na urina de roedores, como ratos urbanos.
O diretor do departamento
informa que a “melhor” prevenção é evitar o contato com
água contaminada em alagamentos, enchentes e inundações. “É preciso que as pessoas
não caminhem por essa água,
o que a gente sabe que é praticamente impossível. Mas, se
essa pessoa tiver um corte em
aberto, é pior ainda, porque a
bactéria vai entrar em contato
direto com o sangue e ir para
outros órgãos. Isso serve também para qualquer doença hídrica. Se notar algum sintoma,
tem que ser cuidado imediatamente. É uma doença que leva
ARY SOUZA / O LIBERAL.
Sespa não tem números, mas diz que leptospirose cresce no período
1) Leptospirose
Prevenção:
Î Ferver a água antes de beber ou
cozinhar;
Î Lavar bem os alimentos, especialmente frutas e verduras que
serão consumidas cruas;
Î Vacinar seu animal e manter rigorosamente limpas as vasilhas em
que são servidos alimentos e água;
Î Não deixar as caixas d’água
destampadas;
Î Usar luvas e botas de borracha se
trabalhar em ambientes que possam
ser reservatórios da Leptospira;
Î Não se automediquar
Transmissão: urina dos animais
infectados, principalmente ratos,
ou pela exposição à água contaminada pela Leptospira (bactéria da
doença)
Sintomas: febre alta repentina;
mal-estar; dor muscular (mialgias)
especialmente na panturrilha, de
cabeça e no tórax; olhos vermelhos
(hiperemia conjuntival); tosse;
cansaço; calafrios; náuseas;
diarreia; desidratação; exantemas (manchas vermelhas no
corpo); e meningite
Diagnóstico: exames sorológicos ou isolamento da bactéria
em cultura (no sangue)
Tratamento: hidratação e uso
de antibióticos
2) Hepatite A
Prevenção: condições de higiene e
de saneamento básico
Transmissão:fecal-oral, por contato
entre indivíduos ou por meio de
água ou alimentos contaminados
pelo vírus
Incubação do vírus: 15 a 20 dias
Sintomas: cansaço, tontura, enjoo
e/ou vômitos, febre, dor abdominal,
pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras
Diagnóstico: exame de sangue
3) Amebíase
Prevenção
Î Lavar as mãos após ir ao
banheiro, trocar fraldas, brincar
com animais e antes de comer ou
preparar alimentos;
Î Ingerir unicamente água tratada;
Î Higienizar os vegetais antes do
consumo;
Î Evitar o contato direto ou indireto com fezes humanas; e
Î Isolamento dos pacientes que
lidam com crianças ou alimentos são necessários para evitar
reincididas ou infecção de outras
pessoas.
Transmissão
Î Alimentação: ingestão de cistos
das amebas
Î Água e vegetais contaminados
pela feze da pessoas adoecida
Incubação:entre 2 e 4 semanas
Sintomas: diarreias sanguinolenta
ou com muco, calafrios. e, em
casos mais graves, comprometimento de órgãos e tecidos
Diagnóstico: exames de fezes e,
em casos mais graves, de imagem
e de sangue, além de punção das
inflamações
FONTE: MINISTÉRIO DA SAÚDE
à morte”, aconselhou.
Nos casos em que o contato com a água contaminada é
inevitável, o médico esclarece
que não há procedimentos clínicos que impeçam o contágio
da bactéria. “Não temos como
fazer isso. Tem que contar com
a sorte. Esperar o tempo de incubação, uma a duas semanas.
Não tenho como dar remédio
para prevenir leptospirose.
Tem remédio para curar, mas
não para prevenir. A doença
não é tratada antes dos sintomas”, justificou. Entre os sintomas mais comuns, ele cita
febre, dor de cabeça, pele em
tom amarelado e avermelhada, diarreia e vômitos.
Também é importante ter
cuidados na higiene de tarefas
domésticas, como lavar bem os
alimentos, especialmente frutas
e verduras que serão consumidas cruas; e manter limpas as
vasilhas em que são servidos
alimentos e água. No Brasil, os
ratos urbanos (ratazanas, ratos
de telhado e camundongos) são
os principais transmissores da
doença e o risco não desaparece depois que o nível das águas
baixa, pois a bactéria continua
ativa nos resíduos úmidos durante bastante tempo.
Segundo Cardoso, os municípios onde há maior incidência de casos de leptospirose
são Belém e Região Metropolitana, além de Marabá e Santarém, devido à concentração
populacional e à quantidade
de água recebida pelas chuvas.
Por este motivo, ele acrescenta
que a participação dos gestores, principalmente dessas
cidades, é fundamental para a
redução dos casos. “O Estado é
um consultor dos municípios.
Infelizmente, o município nem
sempre arca com as suas responsabilidades”, criticou.
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