Oficina – Mitologia

Propaganda
Oficina CH/EM
Material do aluno
Oficina – Mitologia
Caro Aluno,
Esta oficina tem por objetivo analisar as principais características da Antiguidade Clássica (Grécia)
usando como pano de fundo a interpretação e análise da mitologia desses povos. Desta forma, buscase fornecer subsídios para que você compreenda os documentos de época refletindo sobre os
costumes, a cultura e a moral dos povos que compuseram parte da nossa bagagem cultural ao longo
da história. Vale destacar que, para ampliar a discussão sobre esse tema, a oficina buscará a
interdisciplinaridade entre a História e a Filosofia da Idade Antiga.
Ao final deste trabalho, esperamos que você saiba:

entender o que é um mito;

reconhecer as funções sociais do mito;

compreender as características históricas das civilizações clássicas;

identificar e diferenciar a cultura e a ética na Idade Antiga e na Idade Contemporânea;

analisar a mitologia como um documento de época.
Bom trabalho!
Parte 1 – Os Mitos, as Divindades e os Heróis
A palavra “mito” vem do grego “mythos” que significa conto, ou seja, trata-se de um relato de feitos
maravilhosos cujos protagonistas são personagens sobrenaturais (deuses, monstros, espíritos) ou
extraordinários (heróis, sábios, guerreiros). Por definição, um “mito” é uma narrativa acerca dos
tempos heroicos de uma civilização. Geralmente, o mito guarda um fundo de verdade ou traz uma
instrução moral que deve ser valorizada pelo receptor da mensagem.
Setor de Educação de Jovens e Adultos
1
Oficina CH/EM
Material do aluno
Por exemplo, quando um povo transmite, pela tradição oral ou escrita, um relato fantástico ou
simbólico, que é passado de geração em geração (explicando a origem de determinado fenômeno,
indivíduo, instituição, comportamento, etc.) nasce a sua mitologia, ou seja, ela pretende formar a
consciência moral e dar identidade cultural a esse grupo de pessoas. Dessa forma, a exposição
alegórica de uma ideia qualquer, de uma doutrina ou teoria filosófica tornam-se parábolas, lendas,
que podem representar fatos e/ou personagens, amplificados por meio do imaginário coletivo,
garantindo, com isso, uma explicação para o desconhecido.
O antropólogo Claude Lévi-Strauss ainda acrescenta que todo o mito deve obedecer a três atributos:

tratar de uma questão existencial (apelo moral);

ser constituído por contrários irreconciliáveis (conflito);

proporcionar a reconciliação desses polos para acabar com a angústia (solução).
Curiosidades:
O filósofo e antropólogo francês, Claude
Lévi-Strauss, representa um dos grandes
intelectuais dos séculos 20 e 21.
Entre os anos de 1935 e 1939 esteve no
Brasil estudando as relações de parentesco
estabelecidas nas tribos indígenas. Já na
década de 1950, com seus estudos mais
aprofundados, ele fundou o a “Antropologia
Estruturalista”, tornando-se reconhecido
internacionalmente.
Dedicou boa parte da sua pesquisa
Disponível em: <http://www.telegraph.co.uk/news/obituaries/ acadêmica para entender as diversas
science-obituaries/6496558/Claude-Levi-Strauss.html>. mitologias que formam a base cultural de
Acesso em: 20 mar. 2015. 11h.
um povo.
No mundo antigo, as mitologias foram utilizadas na maioria dos povos, isso fez com que praticamente
todos eles tivessem um grande número de mitos para compartilhar. A cultura brasileira, por exemplo,
é composta por uma série de mitos que vêm de nossas raízes indígenas, africanas e europeias.
Mas é preciso tomar muito cuidado, pois a cultura de massa e a educação formal geralmente relegam
a nossa rica diversidade cultural - de origem negra ou indígena - para um segundo plano, e
supervalorizam os mitos de origem europeia. Por outro lado, graças às tradições orais familiares, é
possível que conheçamos alguns mitos, como “o Curupira”, ou “Jaci e a Vitória Régia”, não é mesmo?
Setor de Educação de Jovens e Adultos
2
Oficina CH/EM
Material do aluno
LEITURA COMPLEMENTAR:
A índia chamada Naiá, ao contemplar Jaci (a Lua) que brilhava no céu, apaixona-se por ele. Em sua
tribo, seus ancestrais diziam que de tempos em tempos, Jaci descia à terra para buscar alguma
virgem e transformá-la em estrela do céu.
Naiá se mantinha virgem, sempre sonhando em um dia virar estrela e viver ao lado de Jaci. Todas as
noites, ela saia de casa para contemplar a Lua e, no momento em que ela descia no horizonte, a
índia saia correndo para tentar alcançar o seu amado.
Mesmo sem nunca conseguir seu objetivo, Naiá saia todas as noites, repetindo sua busca por Jaci.
Certa vez, em uma bela noite clara, a índia caminhava nas proximidades de um rio e ao olhar para
as águas calmas, ela vê o reflexo da Lua. Sem hesitar, mergulha na tentativa de alcançar Jaci, mas
acaba se afogando.
Sensibilizado, Jaci salva a vida de Naiá, transformando-a em grande flor do Amazonas, a Vitória
Régia, que só abre suas pétalas em noites de luar.
Exercício 1
Quando um povo busca explicar algo que está presente no seu cotidiano, mas que as razões ele
desconhece, cria-se uma lenda baseada nos valores de sua própria cultura. Esse saber popular acaba
sendo transmitido de geração para geração e torna-se uma mitologia. Nesse contexto, observe o
exemplo a seguir:
A índia Mani era a mais bela criança de sua tribo, porém, destacava-se dos seus parentes por ter a
pele muito branca e um sorriso largo. Apesar da alegria da criança, seu avô - o cacique da tribo estava muito preocupado com a falta de alimentos que a tribo enfrentava.
Certo dia, de repente, sem ficar doente ou sofrer de nenhum mal, a indiazinha morreu e foi
enterrada como de costume dentro da própria oca onde sempre morou.
Dias depois, surgiu uma planta desconhecida dentro da oca. Ao cavar o local onde Mani foi
enterrada descobriu-se que a planta estava no lugar da criança e, ao tirarem-na da terra e examinar
sua raiz, observou-se que ela era marrom por fora, como a família, e branquinha por dentro, como
a pele da indiazinha.
Foi então, que todos na tribo, entenderam que a raiz da plantinha que tinha nascido era, na
verdade, um presente do Deus Tupã. A criança especial veio para saciar a fome da tribo. Por isso,
os índios deram o nome da raiz de mani-oca, que hoje conhecemos como mandioca.
Com base no mito da mandioca, identifique quais valores culturais os indígenas pretendiam passar
para as futuras gerações, ao contar essa história.
...................................................................................................................................................................
...................................................................................................................................................................
...................................................................................................................................................................
...................................................................................................................................................................
...................................................................................................................................................................
Setor de Educação de Jovens e Adultos
3
Oficina CH/EM
Material do aluno
Para aprofundar nossos estudos sobre os mitos, convido vocês a conhecer em outras mitologias que,
apesar de terem origem em outros locais do mundo, de alguma forma, fazem parte da nossa cultura:
Thor – Mitologia Nórdica
Disponível em: <http://www.comicvine.
com/forums/battles-7/perun-vsthor-1456808/>.
Acesso em: 20 mar. 2015. 12h.
Ganesha – Mitologia Hindu
Disponível em: <http://www.ebah.com.br/
content/ABAAAghFMAB/mitologia-hindudivindades>.
Acesso em: 20 mar. 2015. 12h.
Dragão – Mitologia Oriental
Disponível em: <http://pt.dreamstime.com/
foto-de-stock-dragao-chines-vermelhoafortunado-image22846340>.
Acesso em: 20 mar. 2015. 12h.
Na cultura politeísta dos Vikings, Thor é o mais forte dos deuses. Nas passagens mitológicas dos povos
nórdicos, ele sempre aparece com seu martelo de guerra, um instrumento preciso e poderoso que
sempre retorna à mão do seu mestre. Em alguns mitos, Thor desce à terra para ajudar os humanos a
vencer momentos de grandes dificuldades.
A mitologia hindu apresenta Ganesha como o primeiro filho de Shiva. Ele tem o corpo humano e a
cabeça de um elefante. Na índia, é conhecido como o deus da sabedoria, da lógica e do intelecto. Nos
mitos, essa divindade representa o perfeito equilíbrio entre a força e a bondade, e destrói atributos
negativos aos humanos como a vaidade e o orgulho.
O dragão, na cultura oriental, representa um ser mitológico benevolente, capaz de conceder alguns
desejos aos humanos com seus poderes mágicos. Nos mitos chineses, coreanos e japoneses, os
dragões podem curar e, até mesmo, orientar um imperador ou guerreiro com a sua sabedoria. Porém
quando se encontra em estado de ira, os dragões podem ser bastante destrutivos e, por isso, são
considerados uma das quatro bestas divinas da mitologia oriental (Pássaro, Dragão, Tigre e Tartaruga).
Dentro de toda essa complexa e diversificada rede cultural, um outro ponto forte da mitologia, que
influencia bastante a nossa cultura, são os mitos dos gregos e dos romanos, criados durante a
Antiguidade Clássica (entre os séculos 20 aC à 5 dC).
Setor de Educação de Jovens e Adultos
4
Oficina CH/EM
Material do aluno
Parte 2 – A Antiguidade Clássica: Grécia e Roma
Os mitos, da Idade Antiga, além de terem influenciado o pensamento filosófico europeu por séculos,
foram preservados e imortalizados no decorrer dos tempos históricos e acabaram virando livros, obras
de arte e, até mesmo, enredo de peças teatrais e de filmes. Com certeza, muitos de vocês já assistiram
filmes ou séries sobre o herói Herácles (nome grego) ou Hércules (nome romano).
Na filosofia, por exemplo, é muito comum se falar do “Mito da Caverna” de Platão. Nele, o pensador
grego conta que um grupo de homens vivia no fundo de uma caverna acorrentados de frente para uma
parede por onde eles viam apenas as sombras do mundo exterior.
Por terem nascidos nessa condição, eles não conheciam o lado de fora da caverna e as coisas que
existiam por lá. Devido a isso, as sombras para eles eram a realidade. Porém, ao serem libertados e
saírem da caverna, eles conheceram a realidade que estava além das sombras, mudando com isso, a
visão sobre o mundo real.
Disponível em: <http://artenanet1.blogspot.com.br/>.
Acesso em: 23 mar. 2015. 10h.
Você foi capaz de identificar a ironia presente na tirinha? Deu para entender como esse mito ainda é
atual e diz respeito ao nosso cotidiano?
Pois é, dada a riqueza da extensa mitologia greco-romana, fazemos aqui o convite para que, nessa
oficina, você dedique um tempo para conhecê-las. Para isso, que tal estudarmos algumas das suas
principais divindades?
Setor de Educação de Jovens e Adultos
5
Oficina CH/EM
Material do aluno
A maioria dos deuses que aparece nas mitologias gregas também aparece em mitologias romanas, com
outros nomes, mas com a mesma função social. Assim, para facilitar, observe a correspondência, na
tabela a seguir:
Deus Grego
Deus Romano
Gaia
Geia
Urano
Uranus
Cronos
Saturno
Afrodite
Vênus
Héstia
Vestia
Hera
Juno
Deméter
Ceres
Hades
Plutão
Posseidon
Netuno
Zeus
Júpiter
Eros
Cupido
Setor de Educação de Jovens e Adultos
Características
- Deusa da Terra.
Foi a primeira divindade que surgiu. Ela cria Urano (Uranus), casa-se
com ele e gera 12 filhos. Inicialmente eles viviam unidos.
- Deus do firmamento (céu).
Em um ato de traição foi castrado pelo próprio filho, separando-se,
definitivamente de Gaia (Geia).
- Deus do Tempo.
Filho de Urano (Uranus) e Gaia (Geia). Para evitar que um de seus
filhos o destruísse, devorava-os recém nascidos. Porém, Zeus
(Júpiter) consegue escapar e, mais tarde, cumpre a profecia,
derrotando o pai e libertando os irmãos devorados.
Deusa do Amor e do Sexo.
Filha gerada do sêmen de Urano (Uranus) que caiu no mar, no
momento em que ele foi castrado.
- Deusa do Fogo Sagrado e das Tradições.
Foi a 1º filha de Cronos (Saturno), acabou devorada pelo pai ao
nascer, só foi libertada pelo seu irmão Zeus (Júpiter).
- Deusa da Família e do Casamento.
Foi a 2º filha de Cronos (Saturno), acabou devorada pelo pai ao
nascer, só foi libertada pelo seu irmão Zeus (Júpiter).
- Deusa dos Alimentos e das Boas Colheitas.
Foi a 3º filha de Cronos (Saturno), acabou devorada pelo pai ao
nascer, só foi libertada pelo seu irmão Zeus (Júpiter).
- Deus do Mundo dos Mortos e das Riquezas.
Foi o 4º filho de Cronos (Saturno), acabou devorado pelo pai ao
nascer, só foi libertado pelo seu irmão Zeus (Júpiter).
- Deus dos Mares, Águas Subterrâneas e Terremotos.
Foi o 5º filho de Cronos (Saturno), acabou devorado pelo pai ao
nascer, só foi libertado pelo seu irmão Zeus (Júpiter).
- Deus do Mundo dos Vivos, dos Raios e do Olimpo.
Foi o 6º filho de Cronos (Saturno), sua mãe o esconde em uma
caverna, na ilha de Creta, para evitar o destino de ser devorado pelo
pai. Mais tarde, ele derrota o pai e liberta os irmãos.
- Deus da Paixão e do Desejo.
Filho de Afrodite (Vênus) e Áries (Marte), é conhecido por deixar
deuses e mortais com o coração dilacerado pelo amor intenso. Em
alguns momentos, é representado por um jovem (amor erótico) e
em outros por uma criança (amor maternal/paternal).
6
Oficina CH/EM
Material do aluno
Apollo
Apolo
Ártemis
Diana
Áries
Marte
Atena
Minerva
Hermes
Mercúrio
Hefesto
Vulcano
Dionísio
Baco
- Deus da Beleza, da Música e das Artes.
Filhos de uma relação extraconjugal de Zeus (Júpiter), nascem os
gêmeos Apollo (Apolo) e Ártemis (Diana). O Sol representa a
carruagem de ouro com que Apollo (Apolo) desfila pelo céu.
- Deusa da Lua, da Caça e dos Animais Selvagens.
Filhos de uma relação extraconjugal de Zeus (Júpiter), nascem os
gêmeos Apollo (Apolo) e Ártemis (Diana). A deusa está ligada ao
universo da magia e, por se manter eternamente virgem, ela
também é conhecida por proteger as meninas.
- Deus da Matança, do Sangue e da Guerra Irracional.
Filho legítimo de Zeus (Júpiter) e Hera (Juno), ficou famoso pelo seu
espírito de guerreiro selvagem. Sua sede por sangue e matanças o
faz vulnerável à corrupção.
- Deusa da Inteligência, da Justiça e da Guerra.
Foi gerada exclusivamente por Zeus (Júpiter), nascendo de sua
cabeça. Ela representa a divindade que nunca se corrompe e sempre
está ao lado dos justos e merecedores da sua razão. Ela geralmente
está acompanhada pela coruja do conhecimento.
- Deus dos Rebanhos, dos Ladrões e o Mensageiro dos Deuses.
Filho de uma relação extraconjugal de Zeus (Júpiter), essa divindade
se destacou logo cedo, criando as sandálias aladas e a lira. Ainda
conseguiu roubar 50 vacas do rebanho de Apollo (Apolo).
- Deus do Fogo, da Forja e dos Metais.
Foi gerado exclusivamente por Hera (Juno), porém nasceu feio e
coxo, representando a solidão e amargura de sua mãe. Pela sua
aparência monstruosa, ele vive em um vulcão, bem longe do
Olimpo. Como vingança, Hefesto (Vulcano) consegue obrigar que
Afrodite (Vênus) se case com ele.
- Deus do Vinho e das Festas.
É uma exceção entre os deuses, uma vez que tem pai divino, Zeus
(Júpiter), e mãe mortal. Conseguiu sua divindade depois de adulto,
embriagando e enlouquecendo os outros deuses e os mortais.
Um dado curioso é que nas mitologias greco-romanas, ao contrário do que se diz, não existem
semideuses*. Nas lendas, quando uma divindade se relacionava com um mortal e, desse envolvimento
nascia um filho, a criança era sempre um mortal. A vantagem estava no fato que o lado divino da
relação poderia conceder um “poder divino” a criança nascida desse hibridismo, exceto o dom da
imortalidade. Por exemplo, Herácles (Hércules) que era filho de Zeus com uma mortal, recebeu do pai
o poder da força física, porém continuou sendo mortal. Dessa maneira, essas crianças mortais com
algum dom divino ficaram conhecidas nas mitologias como os “heróis”.
* Ser metade humano metade divino
Setor de Educação de Jovens e Adultos
7
Oficina CH/EM
Material do aluno
Exercício 2
Observe os personagens e classifique-os:
a) Perseu, filho de Zeus com uma mortal.
( ) divindade
( ) herói
( ) humano
b) Leônidas, filho do rei e da rainha de Esparta.
( ) divindade
( ) herói
( ) humano
c) Perséfone, filha de dois deuses olímpicos.
( ) divindade
( ) herói
( ) humano
Exercício 3
Historiadores e filósofos identificaram que, na antiguidade clássica, existiam duas formas diferentes
de amar. Daí, observarmos a necessidade de se representar essas formas de amor por meio de duas
divindades distintas. Observe:
Afrodite / Vênus
Disponível em: <http://www.ilcalderonemagico.it/
lunadee_bilan_Afrodite.html>.
Acesso em: 20 mar. 2015. 14h.
Eros / Cupido
Disponível em: <http://vls.wikipedia.org/wiki/Eros_(god)>.
Acesso em: 20 mar. 2015. 14h.
Pensando os sentimentos humanos pelo viés da filosofia, explique porque, na Antiguidade Clássica,
essas diferentes formas de amor são representadas por uma mulher adulta, no caso de Afrodite
(Vênus), e de uma criança no caso de Eros (Cupido).
...................................................................................................................................................................
...................................................................................................................................................................
...................................................................................................................................................................
...................................................................................................................................................................
...................................................................................................................................................................
Setor de Educação de Jovens e Adultos
8
Oficina CH/EM
Material do aluno
Parte 3 – Prometeu e o Fogo da Sabedoria
Os primeiros deuses a comandar o Universo foram os Titãs, divindades gigantes e bastante ardilosas.
Prometeu (o que pensa antes de agir) era um desses Titãs que junto com o seu irmão Epimeteu (o que
pensa depois de ter agido), criou a raça humana e os outros animais. Essas criaturas eram feitas de
barro e ganhavam vida com o sopro divino de Prometeu. No entanto, algo ainda lhes faltava: o
conhecimento.
Anos mais tarde, quando os deuses Olímpicos conseguiram assumir o controle do universo, Zeus
determinou que o fogo da sabedoria e do espírito criador deveria ficar restrito ao Olimpo. Com essa
medida, os deuses aumentariam seu poder e os mortais ficariam mais dependentes e submissos.
Nesse momento, Prometeu, resolveu burlar as regras do Olimpo e roubou uma faísca desse fogo para
oferecer aos homens, que assim poderiam cozinhar, aquecer-se, criar armas e, sobretudo, pensar sem
depender dos deuses. Dessa forma, o Titã concedeu certa autonomia a suas criaturas.
Enfurecido pelo ato, Zeus planejou vingar-se,
acorrentando Prometeu em um rochedo onde, todos
os dias, uma águia de bico bem afiado vinha comerlhe o fígado. Por ser uma divindade, ou seja, imortal,
à noite a ferida de Prometeu cicatrizava até que no
dia seguinte a águia pudesse retornar para
novamente feri-lo.
Zeus também mandou Hefesto criar uma jovem
muito bela feita dos mais nobres metais, chamada
Pandora, dando-lhe uma caixa lacrada contendo
todos os males do mundo (fome, miséria, guerra,
violência, doenças, etc) que nunca deveria ser aberta.
Movido pela curiosidade, Epimeteu pediu a Pandora
para abrir a caixa e revelar seus segredos.
Imediatamente, ao abri-la, o Titã libertou todos os
males que afligiriam os homens, sobrando apenas a
esperança no fundo da caixa.
Setor de Educação de Jovens e Adultos
Disponível em: <http://www.amigodaalma.com.br/
2009/12/27/jung-responde-a-jo/prometeu-acorrentadoadam-nicolas-sebastien>.
Acesso: em 23 mar. 2015. 15h.
9
Oficina CH/EM
Material do aluno
Exercício 4
Ao ler e interpretar a mitologia, pode-se concluir que, para os gregos, o conhecimento representado
pelo fogo era
a) um bem muito importante e desejado.
b) algo sem grande valor para os homens.
c) uma força que os deuses não queriam.
d) comum e corriqueiro entre os animais.
e) apenas uma ilusão criada por Prometeu.
Exercício 5
Explique porque Zeus fica tão furioso com Prometeu e resolve se vingar contra ele e também contra a
humanidade.
...................................................................................................................................................................
...................................................................................................................................................................
...................................................................................................................................................................
...................................................................................................................................................................
...................................................................................................................................................................
Exercício 6
A seguir, assinale verdadeiro (V) ou falso (F):
Dado o desfecho da “Caixa de Pandora”, pode-se concluir que, para os gregos, a curiosidade de
Epimeteu (o que pensa depois de ter agido) foi
( ) positiva, já que ele prejudicou apenas os homens e não os deuses.
( ) negativa, já que sua ação por impulso prejudicou a humanidade.
( ) neutra, pois os seres humanos convivem bem com as mazelas do mundo.
Setor de Educação de Jovens e Adultos
10
Oficina CH/EM
Material do aluno
Parte 4 –Ícaro e o Sonho de Voar
Dédalo foi um grande inventor que construiu o labirinto onde o rei Minos aprisionava um ser maligno,
com corpo de homem e cabeça de touro, o Minotauro. Na lenda grega, o rei desconfia que Dédalo
ensinou a Terseu como sair do labirinto usando um novelo de lã, que seria desenrolado conforme se
penetrava nele. Dessa forma, após matar o monstro, Terseu consegue achar a saída.
O rei Minos ficou furioso com o sucesso de Terseu e, como vingança, mandou prender Dédalo e o seu
filho, Ícaro, no labirinto. Para evitar a fuga do inventor, o rei ordenou que guardas vigiassem as saídas
do labirinto. Entretanto, como um hábil construtor, Dédalo confeccionou dois pares de asas usando
cera para colar as penas dos pássaros que caiam no interior do labirinto.
Antes de levantar voo, Dédalo recomendou a Ícaro que eles não deveriam voar muito alto, pois o calor
do Sol derreteria a cera das asas. Entretanto, a sensação de voar foi tão maravilhosa para Ícaro que ele
esqueceu a recomendação do pai. O jovem queria ir mais longe e elevou-se tanto, no seu voo, que a
cera derreteu, Ícaro perdeu suas asas, caindo direto no mar onde se afogou.
Exercício 7
A música “O Sonho de Ícaro”, do cantor e compositor Biafra, faz uma relação poética entre mitologia
e sonho humano.
Ouça usando o link a seguir: <https://www.youtube.com/watch?v=xHfjEkZp5xc>.
Ao ouvir a música e ler o mito, redija a seguir, qual é a lição moral que se pode tirar dessa lenda.
...................................................................................................................................................................
...................................................................................................................................................................
...................................................................................................................................................................
...................................................................................................................................................................
...................................................................................................................................................................
Setor de Educação de Jovens e Adultos
11
Oficina CH/EM
Material do aluno
Parte 5 – Hefesto a Divindade Feia
Cansada das constantes traições de Zeus, a deusa Hera resolve se vingar do marido adúltero, gerando
sozinha um filho que deveria ser o mais belo dos deuses. Contudo, a solidão e a amargura da deusa
refletiram nas formas da criança e, assim, Hefesto nasceu muito feio e coxo (de pernas pequenas e
deformadas).
Pela sua aparência monstruosa, esse filho de Hera, não lhe serviria de vingança, nem lhe traria orgulho.
Envergonhada, ela atira seu filho recém-nascido do alto do Olimpo. Hefesto cai por nove dias e nove
noites até atingir o mar, onde acaba salvo pelas ninfas. O menino cresce escondido dos outros deuses
em uma grande montanha. Todo o ódio por ter sido rejeitado, o faz trabalhar incansavelmente na forja
dos metais, produzindo poderosas armas, como os raios de Zeus e o tridente de Poseidon. Sua grande
fornalha fez de sua montanha um grande vulcão, que entra em erupção toda a vez que o deus está
trabalhando na forja dos metais.
Para se vingar da mãe que o renegou, Hefesto cria uma armadilha. Um belo e luxuoso trono todo feito
de ouro e outros metais nobres, que foi enviado para o Olimpo. Ao ver o presente, Hera se senta no
trono e fica presa a ele. Vários deuses tentam libertá-la, mas a armadilha era perfeita demais. Hefesto,
então, é chamado ao Olimpo e, em troca da libertação de sua mãe, ele exige se casar com a bela deusa
Afrodite. Os deuses acabam cedendo à pressão de Hefesto e ele consegue completar seu plano.
Exercício 8
A principal mensagem do mito está ligada a explicação da feiura e
deformidade do deus Hefesto. Dessa forma, identifique qual a
mensagem que esse mito tenta passar.
.........................................................................................................
.........................................................................................................
.........................................................................................................
.........................................................................................................
Disponível em:
<http://3fasesdalua.blogspot.
com.br/2013_11_01_archive.html>.
Acesso: em 25 mar. 2015. 10h.
Setor de Educação de Jovens e Adultos
.........................................................................................................
.........................................................................................................
12
Oficina CH/EM
Material do aluno
Exercício 9
Leia o texto:
Na polís de Esparta (cidade grega militarizada), quando os filhos dos guerreiros nasciam, eles eram
examinados pelos membros da Gerúsia (conselho composto por guerreiros com mais de 60 anos).
Caso fosse identificado algum problema físico ou mental, que impedisse a criança de ser um bom
soldado, esse conselho recusava a criança, cabendo a mãe matá-lo torcendo o pescoço para depois
atirar o recém-nascido pelo penhasco. Em síntese, foi o que a deusa Hera fez com seu filho Hefesto,
que só não morreu por ser um deus e, portanto, imortal.
Com o tempo, Hefesto se tornou um deus muito habilidoso com os metais, passou a ser a divindade
protetora dos ferreiros e artesões. Os demais deuses do Olimpo passaram a respeitá-lo não pela sua
beleza, mas sim pela engenhosidade e força das armas que ele produzia.
O mito “Hefesto a Divindade Feia” também nos indica uma mensagem humanista quando ele mostra
que não é
a) justo criar crianças que não servem para trabalhar e, por isso, os deficientes devem ser enviados às
guerras.
b) sábio permitir que os deficientes físicos lidem com trabalhos pesados e manuais, como é o caso da
forja de metais.
c) válido ter compaixão pelos deficientes, pois eles são frutos de vinganças mal sucedidas e precisam
pagar por isso.
d) necessário matar as crianças que não seriam boas guerreiras, pois elas poderiam se dedicar a outras
atividades.
e) preciso exterminar as crianças deficientes porque elas não sobrevivem por muito tempo se deixadas
isoladas.
Setor de Educação de Jovens e Adultos
13
Oficina CH/EM
Material do aluno
Parte 6 – Atena ou Posseidon a Polis Decide
No interior da Planície Central da Ática, nasce uma nova cidade que, em poucos anos depois, tornaráse-ia uma das mais importantes representantes da democracia na Grécia Antiga. Como era de
costume, os deuses foram convidados para a cerimônia que escolheria a divindade protetora da
cidade.
Foi assim que Atena e Poseidon passaram, então, a disputar o padroado dessa polis. O rei da cidade,
para garantir que a disputa fosse justa, estabeleceu que cada um deles deveria ofertar um presente à
cidade, e aquele que os cidadãos considerassem melhor, ganharia a honraria.
Poseidon foi o primeiro. Bateu forte com seu tridente no chão e fez jorrar uma fonte de água do mar
e, também, fez aparecer um belo cavalo. Na sequência, Atena domou o cavalo tornando-o um animal
doméstico e fez surgir, com sua lança, uma oliveira carregada de frutos.
A árvore que poderia produzir alimento, azeite e madeira para a cidade foi o presente que os cidadãos
mais admiraram, garantindo a vitória da deusa Atena. Um belo templo foi construído em sua
homenagem e a polis passou a denominar-se Atenas.
Exercício 10
Clístenes foi o legislador ateniense responsável pela implantação da democracia nessa polis. Como
vimos no mito, os cidadãos de Atenas eram consultados diretamente para decidir os rumos políticos
que a cidade deveria tomar. Porém, não eram todos que poderiam participar da política, já que os
cidadãos eram apenas os (as)
a) mulheres, maiores de 16 anos e filhas de estrangeiros.
b) homens, maiores de 21 anos e filhos de pai e mãe ateniense.
c) homens, maiores de 18 anos e ricos proprietários de terras.
d) idosos, maiores de 60 anos e de ambos os sexos.
e) filósofos, maiores de 30 anos, solteiros e sem filhos.
Setor de Educação de Jovens e Adultos
14
Oficina CH/EM
Material do aluno
Exercício 11
Localizados na Península Balcânica, os gregos da Idade Antiga, destacam-se no comércio marítimo, já
que suas terras eram montanhosas, de terrenos arenosos e pouco férteis. Observe a seguir:
Disponível em: <http://br.viator.com/pt/8328/tours/Atenas/Exclusivo-da-Viator-Acropole-de-Atenas-Novo-Museu-da-Acropole>.
Acesso em: 25 mar. 2015. 10h.
As oliveiras (árvores que têm como fruto as azeitonas) eram uma das poucas plantas que se adaptavam
bem ao tipo de solo e clima da Grécia. Explique a importância do mito reforçar que a oliveira foi um
bom presente da deusa Atena para a cidade.
...................................................................................................................................................................
...................................................................................................................................................................
...................................................................................................................................................................
Exercício 12
Leia as afirmativas a seguir e marque um [x] apenas naquelas que estiverem corretas.
[ ] Na cidade de Atenas, durante a Idade Antiga, todos os cidadãos poderiam participar da política.
[ ] Na democracia ateniense, as mulheres ricas também eram consideradas cidadãs.
[ ] A polis do mito era um padroado da deusa Atena, mas os comerciantes marítimos, também
cultuavam Posseidon, para terem sua proteção em suas viagens.
[ ] A cidade de Atenas não teve filósofos que discutiram a política democrática em suas obras.
[ ] A polis de Atenas era democrática; enquanto Esparta era militar, mesmo elas sendo gregas.
Setor de Educação de Jovens e Adultos
15
Oficina CH/EM
Material do aluno
Finalizando – Dionísio o único herói que se tornou um deus
Entediado do Olimpo, Zeus se transveste de humano e desce à Terra, onde conhece e se apaixona por
Sêmele, a princesa da polis de Tebas. Depois de algumas noites de amor, ela acaba engravidando do
grande Zeus, o que despertou a ira da ciumenta esposa do deus, Hera.
Decidida a vingar-se, a deusa acaba convencendo que, no próximo encontro, a princesa deveria exigir
que Zeus se apresentasse na sua forma divina, como uma prova de seu amor. Dessa forma, Sêmele,
movida pela vaidade, exigiu que Zeus se apresentasse a ela como um deus.
Ao atender o pedido da princesa, Zeus acabou matando sua amada, uma vez que os humanos não
resistiam a todo o brilho e luz que irradiava da divindade de um ser olímpico. Comovido com o
ocorrido, ele consegue salvar o bebê que a princesa esperava, terminando a sua gestação no interior
de sua coxa e depois entregando a criança aos cuidados de uma tia e de algumas ninfas.
Assim, nasceu Dionísio, uma criança alegre, ligado às
artes e que muito cedo descobriu os segredos do
cultivo da uva. Filho de um deus com uma mortal,
Dionísio não era visto como uma divindade, mas sim
um herói, ou seja, apenas um mortal. Um importante
fato da sua vida ocorreu durante sua juventude,
quando ele inventou uma poderosa bebida que seria
capaz de embriagar os mortais e os deuses.
Foi com essa poderosa arma que Dionísio subiu ao
Olimpo e em uma grande festa embriagou todos os
deuses, convencendo-os, em um momento de
loucura, em transformá-lo em um ser divino e
imortal. Nasce, assim, o deus do vinho, famoso em
toda a Grécia e cultuado em diversas festividades.
Setor de Educação de Jovens e Adultos
Disponível em: <http://imagensastrais.blogspot.com.br/
2009/08/n-1492-1493-dionisio-deus-do-vinho.html>.
Acesso em: 25 mar. 2015. 10h.
16
Oficina CH/EM
Material do aluno
Indicações
Temas de Estudo para a EJA

Filosofia e Sociologia - EM - O conhecimento, o pensamento e a construção da realidade

História - EM - Grécia: berço da cultura ocidental

História - EM - Todos os caminhos levam à Roma
Livros

Filosofia

O Livro das Religiões

Cultura: Um Conceito Antropológico
Sites

Só Filosofia
Vídeos

Mundo Grego

Mundo Romano

Aula de História: Antiguidade Clássica
Áudio

O Sonho de Ícaro - Biafra
Setor de Educação de Jovens e Adultos
17
Download