Oficina CH/EM Material do aluno Oficina – Mitologia Caro Aluno, Esta oficina tem por objetivo analisar as principais características da Antiguidade Clássica (Grécia) usando como pano de fundo a interpretação e análise da mitologia desses povos. Desta forma, buscase fornecer subsídios para que você compreenda os documentos de época refletindo sobre os costumes, a cultura e a moral dos povos que compuseram parte da nossa bagagem cultural ao longo da história. Vale destacar que, para ampliar a discussão sobre esse tema, a oficina buscará a interdisciplinaridade entre a História e a Filosofia da Idade Antiga. Ao final deste trabalho, esperamos que você saiba: entender o que é um mito; reconhecer as funções sociais do mito; compreender as características históricas das civilizações clássicas; identificar e diferenciar a cultura e a ética na Idade Antiga e na Idade Contemporânea; analisar a mitologia como um documento de época. Bom trabalho! Parte 1 – Os Mitos, as Divindades e os Heróis A palavra “mito” vem do grego “mythos” que significa conto, ou seja, trata-se de um relato de feitos maravilhosos cujos protagonistas são personagens sobrenaturais (deuses, monstros, espíritos) ou extraordinários (heróis, sábios, guerreiros). Por definição, um “mito” é uma narrativa acerca dos tempos heroicos de uma civilização. Geralmente, o mito guarda um fundo de verdade ou traz uma instrução moral que deve ser valorizada pelo receptor da mensagem. Setor de Educação de Jovens e Adultos 1 Oficina CH/EM Material do aluno Por exemplo, quando um povo transmite, pela tradição oral ou escrita, um relato fantástico ou simbólico, que é passado de geração em geração (explicando a origem de determinado fenômeno, indivíduo, instituição, comportamento, etc.) nasce a sua mitologia, ou seja, ela pretende formar a consciência moral e dar identidade cultural a esse grupo de pessoas. Dessa forma, a exposição alegórica de uma ideia qualquer, de uma doutrina ou teoria filosófica tornam-se parábolas, lendas, que podem representar fatos e/ou personagens, amplificados por meio do imaginário coletivo, garantindo, com isso, uma explicação para o desconhecido. O antropólogo Claude Lévi-Strauss ainda acrescenta que todo o mito deve obedecer a três atributos: tratar de uma questão existencial (apelo moral); ser constituído por contrários irreconciliáveis (conflito); proporcionar a reconciliação desses polos para acabar com a angústia (solução). Curiosidades: O filósofo e antropólogo francês, Claude Lévi-Strauss, representa um dos grandes intelectuais dos séculos 20 e 21. Entre os anos de 1935 e 1939 esteve no Brasil estudando as relações de parentesco estabelecidas nas tribos indígenas. Já na década de 1950, com seus estudos mais aprofundados, ele fundou o a “Antropologia Estruturalista”, tornando-se reconhecido internacionalmente. Dedicou boa parte da sua pesquisa Disponível em: <http://www.telegraph.co.uk/news/obituaries/ acadêmica para entender as diversas science-obituaries/6496558/Claude-Levi-Strauss.html>. mitologias que formam a base cultural de Acesso em: 20 mar. 2015. 11h. um povo. No mundo antigo, as mitologias foram utilizadas na maioria dos povos, isso fez com que praticamente todos eles tivessem um grande número de mitos para compartilhar. A cultura brasileira, por exemplo, é composta por uma série de mitos que vêm de nossas raízes indígenas, africanas e europeias. Mas é preciso tomar muito cuidado, pois a cultura de massa e a educação formal geralmente relegam a nossa rica diversidade cultural - de origem negra ou indígena - para um segundo plano, e supervalorizam os mitos de origem europeia. Por outro lado, graças às tradições orais familiares, é possível que conheçamos alguns mitos, como “o Curupira”, ou “Jaci e a Vitória Régia”, não é mesmo? Setor de Educação de Jovens e Adultos 2 Oficina CH/EM Material do aluno LEITURA COMPLEMENTAR: A índia chamada Naiá, ao contemplar Jaci (a Lua) que brilhava no céu, apaixona-se por ele. Em sua tribo, seus ancestrais diziam que de tempos em tempos, Jaci descia à terra para buscar alguma virgem e transformá-la em estrela do céu. Naiá se mantinha virgem, sempre sonhando em um dia virar estrela e viver ao lado de Jaci. Todas as noites, ela saia de casa para contemplar a Lua e, no momento em que ela descia no horizonte, a índia saia correndo para tentar alcançar o seu amado. Mesmo sem nunca conseguir seu objetivo, Naiá saia todas as noites, repetindo sua busca por Jaci. Certa vez, em uma bela noite clara, a índia caminhava nas proximidades de um rio e ao olhar para as águas calmas, ela vê o reflexo da Lua. Sem hesitar, mergulha na tentativa de alcançar Jaci, mas acaba se afogando. Sensibilizado, Jaci salva a vida de Naiá, transformando-a em grande flor do Amazonas, a Vitória Régia, que só abre suas pétalas em noites de luar. Exercício 1 Quando um povo busca explicar algo que está presente no seu cotidiano, mas que as razões ele desconhece, cria-se uma lenda baseada nos valores de sua própria cultura. Esse saber popular acaba sendo transmitido de geração para geração e torna-se uma mitologia. Nesse contexto, observe o exemplo a seguir: A índia Mani era a mais bela criança de sua tribo, porém, destacava-se dos seus parentes por ter a pele muito branca e um sorriso largo. Apesar da alegria da criança, seu avô - o cacique da tribo estava muito preocupado com a falta de alimentos que a tribo enfrentava. Certo dia, de repente, sem ficar doente ou sofrer de nenhum mal, a indiazinha morreu e foi enterrada como de costume dentro da própria oca onde sempre morou. Dias depois, surgiu uma planta desconhecida dentro da oca. Ao cavar o local onde Mani foi enterrada descobriu-se que a planta estava no lugar da criança e, ao tirarem-na da terra e examinar sua raiz, observou-se que ela era marrom por fora, como a família, e branquinha por dentro, como a pele da indiazinha. Foi então, que todos na tribo, entenderam que a raiz da plantinha que tinha nascido era, na verdade, um presente do Deus Tupã. A criança especial veio para saciar a fome da tribo. Por isso, os índios deram o nome da raiz de mani-oca, que hoje conhecemos como mandioca. Com base no mito da mandioca, identifique quais valores culturais os indígenas pretendiam passar para as futuras gerações, ao contar essa história. ................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................... Setor de Educação de Jovens e Adultos 3 Oficina CH/EM Material do aluno Para aprofundar nossos estudos sobre os mitos, convido vocês a conhecer em outras mitologias que, apesar de terem origem em outros locais do mundo, de alguma forma, fazem parte da nossa cultura: Thor – Mitologia Nórdica Disponível em: <http://www.comicvine. com/forums/battles-7/perun-vsthor-1456808/>. Acesso em: 20 mar. 2015. 12h. Ganesha – Mitologia Hindu Disponível em: <http://www.ebah.com.br/ content/ABAAAghFMAB/mitologia-hindudivindades>. Acesso em: 20 mar. 2015. 12h. Dragão – Mitologia Oriental Disponível em: <http://pt.dreamstime.com/ foto-de-stock-dragao-chines-vermelhoafortunado-image22846340>. Acesso em: 20 mar. 2015. 12h. Na cultura politeísta dos Vikings, Thor é o mais forte dos deuses. Nas passagens mitológicas dos povos nórdicos, ele sempre aparece com seu martelo de guerra, um instrumento preciso e poderoso que sempre retorna à mão do seu mestre. Em alguns mitos, Thor desce à terra para ajudar os humanos a vencer momentos de grandes dificuldades. A mitologia hindu apresenta Ganesha como o primeiro filho de Shiva. Ele tem o corpo humano e a cabeça de um elefante. Na índia, é conhecido como o deus da sabedoria, da lógica e do intelecto. Nos mitos, essa divindade representa o perfeito equilíbrio entre a força e a bondade, e destrói atributos negativos aos humanos como a vaidade e o orgulho. O dragão, na cultura oriental, representa um ser mitológico benevolente, capaz de conceder alguns desejos aos humanos com seus poderes mágicos. Nos mitos chineses, coreanos e japoneses, os dragões podem curar e, até mesmo, orientar um imperador ou guerreiro com a sua sabedoria. Porém quando se encontra em estado de ira, os dragões podem ser bastante destrutivos e, por isso, são considerados uma das quatro bestas divinas da mitologia oriental (Pássaro, Dragão, Tigre e Tartaruga). Dentro de toda essa complexa e diversificada rede cultural, um outro ponto forte da mitologia, que influencia bastante a nossa cultura, são os mitos dos gregos e dos romanos, criados durante a Antiguidade Clássica (entre os séculos 20 aC à 5 dC). Setor de Educação de Jovens e Adultos 4 Oficina CH/EM Material do aluno Parte 2 – A Antiguidade Clássica: Grécia e Roma Os mitos, da Idade Antiga, além de terem influenciado o pensamento filosófico europeu por séculos, foram preservados e imortalizados no decorrer dos tempos históricos e acabaram virando livros, obras de arte e, até mesmo, enredo de peças teatrais e de filmes. Com certeza, muitos de vocês já assistiram filmes ou séries sobre o herói Herácles (nome grego) ou Hércules (nome romano). Na filosofia, por exemplo, é muito comum se falar do “Mito da Caverna” de Platão. Nele, o pensador grego conta que um grupo de homens vivia no fundo de uma caverna acorrentados de frente para uma parede por onde eles viam apenas as sombras do mundo exterior. Por terem nascidos nessa condição, eles não conheciam o lado de fora da caverna e as coisas que existiam por lá. Devido a isso, as sombras para eles eram a realidade. Porém, ao serem libertados e saírem da caverna, eles conheceram a realidade que estava além das sombras, mudando com isso, a visão sobre o mundo real. Disponível em: <http://artenanet1.blogspot.com.br/>. Acesso em: 23 mar. 2015. 10h. Você foi capaz de identificar a ironia presente na tirinha? Deu para entender como esse mito ainda é atual e diz respeito ao nosso cotidiano? Pois é, dada a riqueza da extensa mitologia greco-romana, fazemos aqui o convite para que, nessa oficina, você dedique um tempo para conhecê-las. Para isso, que tal estudarmos algumas das suas principais divindades? Setor de Educação de Jovens e Adultos 5 Oficina CH/EM Material do aluno A maioria dos deuses que aparece nas mitologias gregas também aparece em mitologias romanas, com outros nomes, mas com a mesma função social. Assim, para facilitar, observe a correspondência, na tabela a seguir: Deus Grego Deus Romano Gaia Geia Urano Uranus Cronos Saturno Afrodite Vênus Héstia Vestia Hera Juno Deméter Ceres Hades Plutão Posseidon Netuno Zeus Júpiter Eros Cupido Setor de Educação de Jovens e Adultos Características - Deusa da Terra. Foi a primeira divindade que surgiu. Ela cria Urano (Uranus), casa-se com ele e gera 12 filhos. Inicialmente eles viviam unidos. - Deus do firmamento (céu). Em um ato de traição foi castrado pelo próprio filho, separando-se, definitivamente de Gaia (Geia). - Deus do Tempo. Filho de Urano (Uranus) e Gaia (Geia). Para evitar que um de seus filhos o destruísse, devorava-os recém nascidos. Porém, Zeus (Júpiter) consegue escapar e, mais tarde, cumpre a profecia, derrotando o pai e libertando os irmãos devorados. Deusa do Amor e do Sexo. Filha gerada do sêmen de Urano (Uranus) que caiu no mar, no momento em que ele foi castrado. - Deusa do Fogo Sagrado e das Tradições. Foi a 1º filha de Cronos (Saturno), acabou devorada pelo pai ao nascer, só foi libertada pelo seu irmão Zeus (Júpiter). - Deusa da Família e do Casamento. Foi a 2º filha de Cronos (Saturno), acabou devorada pelo pai ao nascer, só foi libertada pelo seu irmão Zeus (Júpiter). - Deusa dos Alimentos e das Boas Colheitas. Foi a 3º filha de Cronos (Saturno), acabou devorada pelo pai ao nascer, só foi libertada pelo seu irmão Zeus (Júpiter). - Deus do Mundo dos Mortos e das Riquezas. Foi o 4º filho de Cronos (Saturno), acabou devorado pelo pai ao nascer, só foi libertado pelo seu irmão Zeus (Júpiter). - Deus dos Mares, Águas Subterrâneas e Terremotos. Foi o 5º filho de Cronos (Saturno), acabou devorado pelo pai ao nascer, só foi libertado pelo seu irmão Zeus (Júpiter). - Deus do Mundo dos Vivos, dos Raios e do Olimpo. Foi o 6º filho de Cronos (Saturno), sua mãe o esconde em uma caverna, na ilha de Creta, para evitar o destino de ser devorado pelo pai. Mais tarde, ele derrota o pai e liberta os irmãos. - Deus da Paixão e do Desejo. Filho de Afrodite (Vênus) e Áries (Marte), é conhecido por deixar deuses e mortais com o coração dilacerado pelo amor intenso. Em alguns momentos, é representado por um jovem (amor erótico) e em outros por uma criança (amor maternal/paternal). 6 Oficina CH/EM Material do aluno Apollo Apolo Ártemis Diana Áries Marte Atena Minerva Hermes Mercúrio Hefesto Vulcano Dionísio Baco - Deus da Beleza, da Música e das Artes. Filhos de uma relação extraconjugal de Zeus (Júpiter), nascem os gêmeos Apollo (Apolo) e Ártemis (Diana). O Sol representa a carruagem de ouro com que Apollo (Apolo) desfila pelo céu. - Deusa da Lua, da Caça e dos Animais Selvagens. Filhos de uma relação extraconjugal de Zeus (Júpiter), nascem os gêmeos Apollo (Apolo) e Ártemis (Diana). A deusa está ligada ao universo da magia e, por se manter eternamente virgem, ela também é conhecida por proteger as meninas. - Deus da Matança, do Sangue e da Guerra Irracional. Filho legítimo de Zeus (Júpiter) e Hera (Juno), ficou famoso pelo seu espírito de guerreiro selvagem. Sua sede por sangue e matanças o faz vulnerável à corrupção. - Deusa da Inteligência, da Justiça e da Guerra. Foi gerada exclusivamente por Zeus (Júpiter), nascendo de sua cabeça. Ela representa a divindade que nunca se corrompe e sempre está ao lado dos justos e merecedores da sua razão. Ela geralmente está acompanhada pela coruja do conhecimento. - Deus dos Rebanhos, dos Ladrões e o Mensageiro dos Deuses. Filho de uma relação extraconjugal de Zeus (Júpiter), essa divindade se destacou logo cedo, criando as sandálias aladas e a lira. Ainda conseguiu roubar 50 vacas do rebanho de Apollo (Apolo). - Deus do Fogo, da Forja e dos Metais. Foi gerado exclusivamente por Hera (Juno), porém nasceu feio e coxo, representando a solidão e amargura de sua mãe. Pela sua aparência monstruosa, ele vive em um vulcão, bem longe do Olimpo. Como vingança, Hefesto (Vulcano) consegue obrigar que Afrodite (Vênus) se case com ele. - Deus do Vinho e das Festas. É uma exceção entre os deuses, uma vez que tem pai divino, Zeus (Júpiter), e mãe mortal. Conseguiu sua divindade depois de adulto, embriagando e enlouquecendo os outros deuses e os mortais. Um dado curioso é que nas mitologias greco-romanas, ao contrário do que se diz, não existem semideuses*. Nas lendas, quando uma divindade se relacionava com um mortal e, desse envolvimento nascia um filho, a criança era sempre um mortal. A vantagem estava no fato que o lado divino da relação poderia conceder um “poder divino” a criança nascida desse hibridismo, exceto o dom da imortalidade. Por exemplo, Herácles (Hércules) que era filho de Zeus com uma mortal, recebeu do pai o poder da força física, porém continuou sendo mortal. Dessa maneira, essas crianças mortais com algum dom divino ficaram conhecidas nas mitologias como os “heróis”. * Ser metade humano metade divino Setor de Educação de Jovens e Adultos 7 Oficina CH/EM Material do aluno Exercício 2 Observe os personagens e classifique-os: a) Perseu, filho de Zeus com uma mortal. ( ) divindade ( ) herói ( ) humano b) Leônidas, filho do rei e da rainha de Esparta. ( ) divindade ( ) herói ( ) humano c) Perséfone, filha de dois deuses olímpicos. ( ) divindade ( ) herói ( ) humano Exercício 3 Historiadores e filósofos identificaram que, na antiguidade clássica, existiam duas formas diferentes de amar. Daí, observarmos a necessidade de se representar essas formas de amor por meio de duas divindades distintas. Observe: Afrodite / Vênus Disponível em: <http://www.ilcalderonemagico.it/ lunadee_bilan_Afrodite.html>. Acesso em: 20 mar. 2015. 14h. Eros / Cupido Disponível em: <http://vls.wikipedia.org/wiki/Eros_(god)>. Acesso em: 20 mar. 2015. 14h. Pensando os sentimentos humanos pelo viés da filosofia, explique porque, na Antiguidade Clássica, essas diferentes formas de amor são representadas por uma mulher adulta, no caso de Afrodite (Vênus), e de uma criança no caso de Eros (Cupido). ................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................... Setor de Educação de Jovens e Adultos 8 Oficina CH/EM Material do aluno Parte 3 – Prometeu e o Fogo da Sabedoria Os primeiros deuses a comandar o Universo foram os Titãs, divindades gigantes e bastante ardilosas. Prometeu (o que pensa antes de agir) era um desses Titãs que junto com o seu irmão Epimeteu (o que pensa depois de ter agido), criou a raça humana e os outros animais. Essas criaturas eram feitas de barro e ganhavam vida com o sopro divino de Prometeu. No entanto, algo ainda lhes faltava: o conhecimento. Anos mais tarde, quando os deuses Olímpicos conseguiram assumir o controle do universo, Zeus determinou que o fogo da sabedoria e do espírito criador deveria ficar restrito ao Olimpo. Com essa medida, os deuses aumentariam seu poder e os mortais ficariam mais dependentes e submissos. Nesse momento, Prometeu, resolveu burlar as regras do Olimpo e roubou uma faísca desse fogo para oferecer aos homens, que assim poderiam cozinhar, aquecer-se, criar armas e, sobretudo, pensar sem depender dos deuses. Dessa forma, o Titã concedeu certa autonomia a suas criaturas. Enfurecido pelo ato, Zeus planejou vingar-se, acorrentando Prometeu em um rochedo onde, todos os dias, uma águia de bico bem afiado vinha comerlhe o fígado. Por ser uma divindade, ou seja, imortal, à noite a ferida de Prometeu cicatrizava até que no dia seguinte a águia pudesse retornar para novamente feri-lo. Zeus também mandou Hefesto criar uma jovem muito bela feita dos mais nobres metais, chamada Pandora, dando-lhe uma caixa lacrada contendo todos os males do mundo (fome, miséria, guerra, violência, doenças, etc) que nunca deveria ser aberta. Movido pela curiosidade, Epimeteu pediu a Pandora para abrir a caixa e revelar seus segredos. Imediatamente, ao abri-la, o Titã libertou todos os males que afligiriam os homens, sobrando apenas a esperança no fundo da caixa. Setor de Educação de Jovens e Adultos Disponível em: <http://www.amigodaalma.com.br/ 2009/12/27/jung-responde-a-jo/prometeu-acorrentadoadam-nicolas-sebastien>. Acesso: em 23 mar. 2015. 15h. 9 Oficina CH/EM Material do aluno Exercício 4 Ao ler e interpretar a mitologia, pode-se concluir que, para os gregos, o conhecimento representado pelo fogo era a) um bem muito importante e desejado. b) algo sem grande valor para os homens. c) uma força que os deuses não queriam. d) comum e corriqueiro entre os animais. e) apenas uma ilusão criada por Prometeu. Exercício 5 Explique porque Zeus fica tão furioso com Prometeu e resolve se vingar contra ele e também contra a humanidade. ................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................... Exercício 6 A seguir, assinale verdadeiro (V) ou falso (F): Dado o desfecho da “Caixa de Pandora”, pode-se concluir que, para os gregos, a curiosidade de Epimeteu (o que pensa depois de ter agido) foi ( ) positiva, já que ele prejudicou apenas os homens e não os deuses. ( ) negativa, já que sua ação por impulso prejudicou a humanidade. ( ) neutra, pois os seres humanos convivem bem com as mazelas do mundo. Setor de Educação de Jovens e Adultos 10 Oficina CH/EM Material do aluno Parte 4 –Ícaro e o Sonho de Voar Dédalo foi um grande inventor que construiu o labirinto onde o rei Minos aprisionava um ser maligno, com corpo de homem e cabeça de touro, o Minotauro. Na lenda grega, o rei desconfia que Dédalo ensinou a Terseu como sair do labirinto usando um novelo de lã, que seria desenrolado conforme se penetrava nele. Dessa forma, após matar o monstro, Terseu consegue achar a saída. O rei Minos ficou furioso com o sucesso de Terseu e, como vingança, mandou prender Dédalo e o seu filho, Ícaro, no labirinto. Para evitar a fuga do inventor, o rei ordenou que guardas vigiassem as saídas do labirinto. Entretanto, como um hábil construtor, Dédalo confeccionou dois pares de asas usando cera para colar as penas dos pássaros que caiam no interior do labirinto. Antes de levantar voo, Dédalo recomendou a Ícaro que eles não deveriam voar muito alto, pois o calor do Sol derreteria a cera das asas. Entretanto, a sensação de voar foi tão maravilhosa para Ícaro que ele esqueceu a recomendação do pai. O jovem queria ir mais longe e elevou-se tanto, no seu voo, que a cera derreteu, Ícaro perdeu suas asas, caindo direto no mar onde se afogou. Exercício 7 A música “O Sonho de Ícaro”, do cantor e compositor Biafra, faz uma relação poética entre mitologia e sonho humano. Ouça usando o link a seguir: <https://www.youtube.com/watch?v=xHfjEkZp5xc>. Ao ouvir a música e ler o mito, redija a seguir, qual é a lição moral que se pode tirar dessa lenda. ................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................... Setor de Educação de Jovens e Adultos 11 Oficina CH/EM Material do aluno Parte 5 – Hefesto a Divindade Feia Cansada das constantes traições de Zeus, a deusa Hera resolve se vingar do marido adúltero, gerando sozinha um filho que deveria ser o mais belo dos deuses. Contudo, a solidão e a amargura da deusa refletiram nas formas da criança e, assim, Hefesto nasceu muito feio e coxo (de pernas pequenas e deformadas). Pela sua aparência monstruosa, esse filho de Hera, não lhe serviria de vingança, nem lhe traria orgulho. Envergonhada, ela atira seu filho recém-nascido do alto do Olimpo. Hefesto cai por nove dias e nove noites até atingir o mar, onde acaba salvo pelas ninfas. O menino cresce escondido dos outros deuses em uma grande montanha. Todo o ódio por ter sido rejeitado, o faz trabalhar incansavelmente na forja dos metais, produzindo poderosas armas, como os raios de Zeus e o tridente de Poseidon. Sua grande fornalha fez de sua montanha um grande vulcão, que entra em erupção toda a vez que o deus está trabalhando na forja dos metais. Para se vingar da mãe que o renegou, Hefesto cria uma armadilha. Um belo e luxuoso trono todo feito de ouro e outros metais nobres, que foi enviado para o Olimpo. Ao ver o presente, Hera se senta no trono e fica presa a ele. Vários deuses tentam libertá-la, mas a armadilha era perfeita demais. Hefesto, então, é chamado ao Olimpo e, em troca da libertação de sua mãe, ele exige se casar com a bela deusa Afrodite. Os deuses acabam cedendo à pressão de Hefesto e ele consegue completar seu plano. Exercício 8 A principal mensagem do mito está ligada a explicação da feiura e deformidade do deus Hefesto. Dessa forma, identifique qual a mensagem que esse mito tenta passar. ......................................................................................................... ......................................................................................................... ......................................................................................................... ......................................................................................................... Disponível em: <http://3fasesdalua.blogspot. com.br/2013_11_01_archive.html>. Acesso: em 25 mar. 2015. 10h. Setor de Educação de Jovens e Adultos ......................................................................................................... ......................................................................................................... 12 Oficina CH/EM Material do aluno Exercício 9 Leia o texto: Na polís de Esparta (cidade grega militarizada), quando os filhos dos guerreiros nasciam, eles eram examinados pelos membros da Gerúsia (conselho composto por guerreiros com mais de 60 anos). Caso fosse identificado algum problema físico ou mental, que impedisse a criança de ser um bom soldado, esse conselho recusava a criança, cabendo a mãe matá-lo torcendo o pescoço para depois atirar o recém-nascido pelo penhasco. Em síntese, foi o que a deusa Hera fez com seu filho Hefesto, que só não morreu por ser um deus e, portanto, imortal. Com o tempo, Hefesto se tornou um deus muito habilidoso com os metais, passou a ser a divindade protetora dos ferreiros e artesões. Os demais deuses do Olimpo passaram a respeitá-lo não pela sua beleza, mas sim pela engenhosidade e força das armas que ele produzia. O mito “Hefesto a Divindade Feia” também nos indica uma mensagem humanista quando ele mostra que não é a) justo criar crianças que não servem para trabalhar e, por isso, os deficientes devem ser enviados às guerras. b) sábio permitir que os deficientes físicos lidem com trabalhos pesados e manuais, como é o caso da forja de metais. c) válido ter compaixão pelos deficientes, pois eles são frutos de vinganças mal sucedidas e precisam pagar por isso. d) necessário matar as crianças que não seriam boas guerreiras, pois elas poderiam se dedicar a outras atividades. e) preciso exterminar as crianças deficientes porque elas não sobrevivem por muito tempo se deixadas isoladas. Setor de Educação de Jovens e Adultos 13 Oficina CH/EM Material do aluno Parte 6 – Atena ou Posseidon a Polis Decide No interior da Planície Central da Ática, nasce uma nova cidade que, em poucos anos depois, tornaráse-ia uma das mais importantes representantes da democracia na Grécia Antiga. Como era de costume, os deuses foram convidados para a cerimônia que escolheria a divindade protetora da cidade. Foi assim que Atena e Poseidon passaram, então, a disputar o padroado dessa polis. O rei da cidade, para garantir que a disputa fosse justa, estabeleceu que cada um deles deveria ofertar um presente à cidade, e aquele que os cidadãos considerassem melhor, ganharia a honraria. Poseidon foi o primeiro. Bateu forte com seu tridente no chão e fez jorrar uma fonte de água do mar e, também, fez aparecer um belo cavalo. Na sequência, Atena domou o cavalo tornando-o um animal doméstico e fez surgir, com sua lança, uma oliveira carregada de frutos. A árvore que poderia produzir alimento, azeite e madeira para a cidade foi o presente que os cidadãos mais admiraram, garantindo a vitória da deusa Atena. Um belo templo foi construído em sua homenagem e a polis passou a denominar-se Atenas. Exercício 10 Clístenes foi o legislador ateniense responsável pela implantação da democracia nessa polis. Como vimos no mito, os cidadãos de Atenas eram consultados diretamente para decidir os rumos políticos que a cidade deveria tomar. Porém, não eram todos que poderiam participar da política, já que os cidadãos eram apenas os (as) a) mulheres, maiores de 16 anos e filhas de estrangeiros. b) homens, maiores de 21 anos e filhos de pai e mãe ateniense. c) homens, maiores de 18 anos e ricos proprietários de terras. d) idosos, maiores de 60 anos e de ambos os sexos. e) filósofos, maiores de 30 anos, solteiros e sem filhos. Setor de Educação de Jovens e Adultos 14 Oficina CH/EM Material do aluno Exercício 11 Localizados na Península Balcânica, os gregos da Idade Antiga, destacam-se no comércio marítimo, já que suas terras eram montanhosas, de terrenos arenosos e pouco férteis. Observe a seguir: Disponível em: <http://br.viator.com/pt/8328/tours/Atenas/Exclusivo-da-Viator-Acropole-de-Atenas-Novo-Museu-da-Acropole>. Acesso em: 25 mar. 2015. 10h. As oliveiras (árvores que têm como fruto as azeitonas) eram uma das poucas plantas que se adaptavam bem ao tipo de solo e clima da Grécia. Explique a importância do mito reforçar que a oliveira foi um bom presente da deusa Atena para a cidade. ................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................... Exercício 12 Leia as afirmativas a seguir e marque um [x] apenas naquelas que estiverem corretas. [ ] Na cidade de Atenas, durante a Idade Antiga, todos os cidadãos poderiam participar da política. [ ] Na democracia ateniense, as mulheres ricas também eram consideradas cidadãs. [ ] A polis do mito era um padroado da deusa Atena, mas os comerciantes marítimos, também cultuavam Posseidon, para terem sua proteção em suas viagens. [ ] A cidade de Atenas não teve filósofos que discutiram a política democrática em suas obras. [ ] A polis de Atenas era democrática; enquanto Esparta era militar, mesmo elas sendo gregas. Setor de Educação de Jovens e Adultos 15 Oficina CH/EM Material do aluno Finalizando – Dionísio o único herói que se tornou um deus Entediado do Olimpo, Zeus se transveste de humano e desce à Terra, onde conhece e se apaixona por Sêmele, a princesa da polis de Tebas. Depois de algumas noites de amor, ela acaba engravidando do grande Zeus, o que despertou a ira da ciumenta esposa do deus, Hera. Decidida a vingar-se, a deusa acaba convencendo que, no próximo encontro, a princesa deveria exigir que Zeus se apresentasse na sua forma divina, como uma prova de seu amor. Dessa forma, Sêmele, movida pela vaidade, exigiu que Zeus se apresentasse a ela como um deus. Ao atender o pedido da princesa, Zeus acabou matando sua amada, uma vez que os humanos não resistiam a todo o brilho e luz que irradiava da divindade de um ser olímpico. Comovido com o ocorrido, ele consegue salvar o bebê que a princesa esperava, terminando a sua gestação no interior de sua coxa e depois entregando a criança aos cuidados de uma tia e de algumas ninfas. Assim, nasceu Dionísio, uma criança alegre, ligado às artes e que muito cedo descobriu os segredos do cultivo da uva. Filho de um deus com uma mortal, Dionísio não era visto como uma divindade, mas sim um herói, ou seja, apenas um mortal. Um importante fato da sua vida ocorreu durante sua juventude, quando ele inventou uma poderosa bebida que seria capaz de embriagar os mortais e os deuses. Foi com essa poderosa arma que Dionísio subiu ao Olimpo e em uma grande festa embriagou todos os deuses, convencendo-os, em um momento de loucura, em transformá-lo em um ser divino e imortal. Nasce, assim, o deus do vinho, famoso em toda a Grécia e cultuado em diversas festividades. Setor de Educação de Jovens e Adultos Disponível em: <http://imagensastrais.blogspot.com.br/ 2009/08/n-1492-1493-dionisio-deus-do-vinho.html>. Acesso em: 25 mar. 2015. 10h. 16 Oficina CH/EM Material do aluno Indicações Temas de Estudo para a EJA Filosofia e Sociologia - EM - O conhecimento, o pensamento e a construção da realidade História - EM - Grécia: berço da cultura ocidental História - EM - Todos os caminhos levam à Roma Livros Filosofia O Livro das Religiões Cultura: Um Conceito Antropológico Sites Só Filosofia Vídeos Mundo Grego Mundo Romano Aula de História: Antiguidade Clássica Áudio O Sonho de Ícaro - Biafra Setor de Educação de Jovens e Adultos 17