1 BOSSA-NOVA, VIOLÃO, SAMBA e MÚSICA INSTRUMENTAL Nelson Cayhado1 RESUMO: Com este trabalho pretendemos discutir e criticar alguns textos que tratam do movimento musical brasileiro conhecido como Bossa-Nova. Ao nosso ver, esses textos contribuíram para a formação de uma opinião generalizada, quase consensual, sobre o valor musical desse movimento. ABSTRACT: The aim of this work is to discuss and review some texts about the brazilian musical style known as Bossa-Nova. In our opinion, these texts contributed to build a general idea, almost consensual, about the musical value of this movement. Palavras-Chaves: BOSSA-NOVA E SAMBA A bossa-nova foi um movimento musical iniciado no Rio de Janeiro em fins da década de 1950. Alguns textos passam a impressão de que foi de uma espécie de ponto culminante na música popular brasileira urbana. No início da década de 60, Brasil Rocha Brito afirmou: A música popular brasileira, anteriormente ao advento da bossa-nova, estava, inegavelmente, mais de meio século atrasada em relação à erudita. Hoje, pode-se afirmar que houve uma considerável diminuição desse distanciamento, e isto graças principalmente à concepção musical bossa-nova (In: CAMPOS, 1993:27). Brito é apresentado por Augusto de Campos como musicólogo e ex-aluno de Koellreuter, e acrescenta que essas considerações foram expressas após conversas com Tom Jobim (idem).2 Após a primeira afirmação, Brito expõe o que para ele são as características predominantes na música bossa-novista, as principais estruturas harmônicas e encadeamentos de acordes, uso de cromatismo melódicos e harmônicos e as ornamentações 1 Mestre em música pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ-2001). É professor da cadeira de violão da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Publicações: a) Samba, Música Instrumental e o Violão de Baden Powell . Anais do 3° Colóquio de Pesquisa realizado em março de 2002 pelo Curso de Pós-Graduação da Escola de Música da UFRJ. b) O Samba e a Dinâmica Social Brasileira . Anais 2° Colóquio de Pesquisa realizado em dezembro de 2000 pelo Curso de Pós-Graduação da Escola de Música da UFRJ. 2 Este, por sua vez, citou Villa-Lobos e Debussy como compositores que o influenciaram profundamente (CHEDIAK, 1990, v.2:16). Vale lembrar que Tom Jobim, tido como um dos expoentes da bossa-nova, estudou com Radamés Gnattali, um dos principais arranjadores de música popular nas décadas de quarenta, cinqüenta e sessenta. 2 mais usadas (ibidem). Além da música erudita, o jazz é apontado por Brito como outra forte influência na música da bossa-nova (idem ibidem).3 Quanto a isso, lembramos que a música brasileira teve contato com o jazz desde o início do século XX, o que se intensificou na década de 1920.4 Ressaltamos que alguns trabalhos acadêmicos demonstram que muito do que se achava serem novidades na música da bossa-nova, na verdade, eram procedimentos que ocorriam na música popular brasileira já nas décadas de trinta e quarenta. Por exemplo, Rafael Menezes Bastos5 afirma que as harmonias utilizadas pelos compositores bossa-novistas - para muitos uma prova de modernidade eram típicas em arranjos orquestrais de músicas de baile daquelas décadas (BASTOS,1994:6-7).6 De qualquer modo, a bossa-nova utiliza essas harmonias em maior abundância. Augusto de Campos é outro que enfatiza aproximações entre a Bossa-Nova e a Música Erudita, quando após mencionar o que para ele são algumas das características marcantes das Seis Peças para Orquestra (1910) de Anton Webern: linguagem extremamente concisa, o uso funcional dos timbres e da intensidade, a dialética precisa entre som e não som (...) , e afirma: Em termos de música popular, poder-se-ia dizer que João Gilberto é uma espécie de Webern da nossa música nova (idem ibidem:213). Em outro ponto do livro, comparações entre os dois músicos são feitas novamente: João Gilberto, com o seu canto enxuto, mais cool do que o cool americano, com o seu sentido de pausa-silêncio e aquela batida seca de violão que marcou toda a Bossa Nova, foi o Webern do movimento (idem ibidem:284). Refutando críticas feitas por José Ramos Tinhorão à Bossa-Nova, Campos diz: Considero impossível entender as transformações por que está passando a música popular urbana no mundo ocidental ignorando-se o que ocorreu em música a partir de Debussy, passando por Satie, Stravinski, Schoenberg, Webern, Varèse, e mais recentemente Cage, Boulez e Stockhausen (idem ibidem:270).7 3 Tinhorão também fala em assimilação de recursos culturais da música popular norte-americana e da música erudita (TINHORÃO, 1978:230). 4 Radamés Gnattali afirmou Aprendi a escrever música popular também ouvindo jazz (DIDIER, 1996:70). Professor de Antropologia da Universidade Federal de Santa Catarina. 6 Encontramos na Biblioteca Nacional (RJ) a composição Cabrochinha de Laurindo de Almeida, arranjada por Lirio Panicali para orquestra de gafieira . Na parte para violão, verifica-se a ocorrência de acordes com sétimas e nonas, nonas menores e sextas, estruturas muito presentes na bossa-nova. O arranjo é de 1944. 7 Tinhorão considera que a bossa nova foi fruto de uma progressiva perda de características regionais da (...) música brasileira, por força do seu continuado contato com a música internacional, e principalmente norteamericana (TINHORÃO, 1969:99). O autor chega a falar em lavagem cerebral (...) levando a assimilação de estereótipos nunca imaginada (idem:100). O mexicano Nestor Garcia Canclini é um que faz coro às afirmações de Campos: Pienso en la bossa nova, que entremezcla las vanguardias posweberians y el jazz con tradiciones melódicas afrobrasileñas (...) (In: BELUZO:234-5). 5 3 As afirmações de Campos e Brito foram feitas ao longo dos anos sessenta, mas declarações semelhantes também foram encontradas em tempos mais recentes: (...) la erupción de la bossa nova hacia el final de la década del 1950 en Brasil significó una elevación del punto de mira de toda la música popular brasileña, lo que la transformó probablemente en la música popular más interesante que se hace en toda América Latina (AHARONIÁN, 1992:57). A segunda grande fase da música popular brasileira começa com o surgimento da bossa nova (...). É uma fase de renovação e modernização, que introduz novos estilos de composição, harmonização e interpretação, determinando uma apreciável mudança na linha evolutiva de nossa canção (SEVERIANO E MELLO, 1999, vol.2.:15). O salto qualitativo que João Gilberto deu à música brasileira entrou em descompasso com o recuo do país durante a longa ditadura (DINIZ, in JORNAL DO BRASIL, ESPECIAL JOÃO GILBERTO, 03/06/2001); Um pesquisador que detectou o que talvez seja o senso comum sobre a música popular brasileira anterior à bossa nova foi Alcir Lenharo: (...) o bem sucedido livro de Ruy Castro sobre a bossa nova [Chega de Saudade] tem plena convicção de que somente esse movimento musical ganhou um significado cultural expressivo no campo da música popular (...). O mundo musical da era do rádio é visto como o reino do improviso, do descompromisso profissional, do baixo nível artístico, da futilidade. De certa forma, não se atribui qualquer importância musical a essa época (LENHARO, 1995:8).8 Outra afirmação de Brito que nos chamou à atenção referese ao violão: Interpretação ao violão ou congênere. No populário brasileiro, como em alguns outros, veio a surgir com o tempo uma estilística dos instrumentos dessa família, por obra de instrumentistas de escola. Entretanto, (...) nos últimos 30 anos, tais instrumentos foram relegados a um segundo plano. A bossa-nova revalorizou-os. Isto se 8 Como exemplo desse pensamento, podemos citar a primeira pergunta feita a Baden Powell pelo jornal Folha de São Paulo em 1999: Como era viver no mundo sem bossa nova? , ao que Baden respondeu: Era ótimo (FOLHA DE SÃO PAULO, Caderno Ilustrada, 13/05/1999). 4 deve, principalmente, a João Gilberto, (...) conseguindo efeitos nunca antes ouvidos quer em jazz ou qualquer outra música regional, quer em nosso populário (In: CAMPOS, 1993:34). Quanto a isto, acreditamos que Brito está equivocado. Ao longo da primeira metade do século XX, o violão popular brasileiro - solo ou de acompanhamento - foi muito desenvolvido. Isso foi promovido por músicos que, exceto por uns poucos, sequer possuíam formação teórica, como, por exemplo João Pernambuco (1883-1947) que jamais aprendeu música. Como exceções, podemos citar Aníbal Augusto Sardinha (1915-1955) - mais conhecido como Garoto - Laurindo de Almeida (1917-1995), Luís Bonfá (1922-2001), Baden Powell (1937-2000) e Dilermando Reis (1916-1977).9 Mas o que é o violão da bossa-nova ? Basicamente, é um violão de acompanhamento. Carlos Lyra - que no final dos anos cinqüenta, juntamente com Roberto Menescal, fundou uma academia de violão , no Rio de Janeiro - afirmou: Na realidade, não ensinávamos violão. Ensinávamos a batida de João Gilberto. Ninguém sairia dali solista. Quem quisesse tocar Abismo de Rosas , que fosse estudar com Dilermando Reis (CASTRO, 2000:199). 10 No Rio de Janeiro, a principal vertente do violão de acompanhamento antes da bossa-nova era o violão do choro e do samba, com estruturações rítmicas bem mais complexas que a batida de João Gilberto , conforme será demonstrado adiante. No que se refere ao violão solo na música popular, acreditamos que com o advento da bossa-nova houve uma estagnação, pois dela não saiu um violonista sequer que além de acompanhador fosse também solista. Muitas vezes são citados Baden Powell e Luís Bonfá. Reconhecemos que os dois músicos atuaram naquele movimento, mas não os consideramos violonistas típicos dele - como o são João Gilberto, Carlos Lyra e Roberto Menescal - pois Baden e Bonfá tiveram como principal formação musical o ambiente do choro e do samba, além de terem estudado violão erudito. Baden, dos oito aos treze anos, estudou violão com Jaime Florence (Meira), renomado violonista do choro, mas que ensinava também obras de Francisco Tárrega, Fernando Sor e Agostin Barrios, pelas partituras (DREYFUS, 1999). Segundo a Enciclopédia da 9 Há violonistas que começaram profissionalmente sem conhecimento de teoria musical e que depois o adquiriram. Segundo Márcia Taborda, Horondino Silva conhecido no meio musical como Dino Sete Cordas, figura importantíssima na evolução do violão popular - tornou-se profissional em 1937, mas começou a estudar música em 1942. Até então, todo o seu aprendizado teria sido de ouvido (TABORDA, 1995). 10 Apesar de ter sido aluno de Garoto, não consideramos Carlos Lira um solista. 5 Música Brasileira (EMB), Luís Bonfá começou a aprender violão aos doze anos de ouvido . Mais tarde, estudou violão erudito com o uruguaio Isaías Sávio. Em 1946, entrou para a Rádio Nacional onde teve intensa atividade junto à música popular (EMB, 1998:103, verbete: Luís Bonfá). 2) CARACTERÍSTICAS RÍTMICAS João Gilberto é apontado como um dos principais criadores e difusores da famosa batida da bossa-nova, a partir da gravação da canção Chega de Saudade (Tom Jobim/Vinícius) em 1958, na voz de Elizeth Cardoso. Rafael Bastos afirma que essa batida é altamente congruente com padrões rítmicos executados pelos tamborins nas baterias das escolas de samba (BASTOS, 1994:6-7). Afirmativa semelhante fez o compositor Elton Medeiros, importante figura do mundo do samba : A batida de violão convencionada ser de bossa-nova é a batida do tamborim pé-chato . Antes do João Gilberto tocar daquele jeito, o Garoto já tocava, o Valzinho também. (in CAIADO, 2001:216). Para nós, a batida da bossa-nova é uma simplificação das inúmeras variações rítmicas possíveis e, freqüentemente, executadas nas interpretações de sambas. Ruy Castro afirma que quando João Gilberto mostrou pela primeira vez a batida a Tom Jobim, este anteviu (...) as possibilidades da batida, que simplificava o ritmo do samba (...) (CASTRO, 2000:167). Em 1959, João Gilberto gravou o LP Chega de Saudade (ODEON, MOFB-307), contendo, além da música título, outras onze. Após ouvirmos o disco, identificamos as três estruturações rítmicas mais utilizadas por João Gilberto. Pequenas variações são feitas ao longo das músicas, mas as estruturas predominantes são: Introdução de Brigas nunca mais (Tom Jobim/Vinícius de Moraes): Primeiro período de Saudade fez um Samba (Carlos Lyra e Vinícius de Moraes): 6 Introdução de Chega de saudade (Tom Jobim/Vinícius de Moraes): Com o intuito de demonstrar que o samba é, em geral, ritmicamente mais complexo que as estruturações apresentadas acima, escrevemos uma possível execução da introdução de Chega de Saudade em ritmo de samba:11 Outra diferenciação bastante característica, quando a execução do ritmo acima é feita no violão, é a técnica de apagamento do som , produzido pela mão que faz os acordes. Isto resulta em um efeito percussivo, além da diminuição do valor das figuras. Constatamos que João Gilberto pouco utiliza este efeito. Finalizando os exemplos, demostramos aqui a execução da batida da bossa-nova segundo Horondino Silva (Dino 7 Cordas) em depoimento gravado por nós em 09/10/2000: Trecho de Corcovado (Tom Jobim): 11 Dissemos possível porque , em geral, pequenas variações rítmicas acontecem a cada interpretação. 7 3) BOSSA-NOVA É SAMBA? Júlio Medaglia afirma que uma das polêmicas trazidas pela bossa-nova foi a questão de ser ou não samba (In: CAMPOS, 1993). Ele próprio considerou-a como mais uma modalidade de samba (idem:71). Concordamos com seu ponto de vista.12 Do mesmo modo que existe samba enredo , samba de quadra , samba de partido alto , samba exaltação , samba canção , samba choro etc, consideramos correto falar em samba bossa-nova .13 Ruy Castro afirma que antes de ser cunhado o termo bossa-nova a expressão usada por aqueles jovens para classificar suas composições era samba moderno (CASTRO, 2000:228). Até mesmo Tinhorão - um dos mais veementes críticos ao movimento - referindo-se ao estilo de interpretação de João Gilberto, fala na criação de um samba híbrido, afinal conhecido como samba de bossa-nova (TINHORÃO, 1978:227).14 Medaglia escreveu em 1966 um ensaio intitulado Balanço da Bossa-Nova. Em seção intitulada Os extremos do samba , ele se refere a um tipo que denominou sambas de rua , com linhas melódicas simples (para que fossem facilmente cantados) harmonias igualmente simples (para evitar dispersões) e ritmo claro, simples e repetitivo. Como exemplo, o autor cita o Ui ui ui, robaro a mulhé do Rui (...). (In: CAMPOS, 1993:71). Em contraste a esse samba - ou seja, no outro extremo - é colocada a bossa-nova. Segundo ele, esta seria uma música voltada para o detalhe e que permitiria o uso de textos mais refinados. Quanto à questão musical, Medaglia considera a estrutura da bossa-nova 12 Ao lermos a dissertação de mestrado O perfil de Baden Powell através de sua discografia, de Alain Pierre R. Magalhães, verificamos que o autor classifica bossa-nova como um gênero (MAGALHÃES, 2000:50). Isto nos levou a pensar sobre a conceituação de gênero no âmbito musical. Tomando conhecimento da tese de doutorado do Prof. Marcelo Verzoni - Os primórdios do choro no Rio de Janeiro - e sabendo que há um capítulo que trata justamente dessa questão, buscamos nessa obra maiores esclarecimentos. Verzoni encontrou algumas definições para gênero que dariam como correta a classificação de Magalhães. Citaremos aqui apenas uma: Dois objetos são ditos do mesmo gênero desde que tenham em comum algumas características importantes; da mesma espécie quando se parecem muito (...) (VOCABULAIRE TECHNIQUE ET CRITIQUE DE LA PHILOSOPHIE, 1960:385 apud VERZONI 2000:17). Por essa definição, achamos que samba-canção , samba-de-partido-alto ou samba-enredo também poderiam ser considerados gêneros. Em outro ponto do seu trabalho, Verzoni ocupa-se do conceito de estilo . Uma definição encontrada por ele foi: Estilo manifesta-se em empregos característicos de forma, textura, harmonia, melodia, ritmo e ethos ; e é apresentado por personalidades criativas, condicionadas por fatores históricos, sociais e geográficos, recursos de execução e convenções (THE NEW GROVE DICTIONARY OF MUSIC AND MUSICIANS, 1980, v.18:316 apud VERZONI, 2000:26). Uma enciclopédia alemã traz um conceito semelhante: Em última análise, o estilo está ligado à época histórica, à localização geográfica e à personalidade do compositor. Composições que tenham sido criadas numa época determinada ou em um lugar determinado ou pelo mesmo compositor possuem uma semelhança familiar inegável (DIE MUSIK IN GESCHICHTE UND GEGENWART, 1965, v.12:1303 apud VERZONI 2000:28). Verzoni cita também a obra The classical style de Charles Rosen, que se refere a estilo como maneira de esgotar e enfocar um idioma até o ponto de ele tornar-se um dialeto ou até mesmo um idioma em si (ROSEN, 1997:20 apud VERZONI, 2000:28). Diante dessas conceituações, achamos mais apropriado considerar bossa-nova como um estilo de samba. 13 O 1 Movimento da Brasiliana N 13 de Radamés Gnattali - obra para violão - tem essa classificação. 14 Tinhorão considera a bossa-nova como fruto de uma progressiva perda de características regionais da (...) música brasileira, por força do seu continuado contato com a música internacional, e principalmente norte-americana (TINHORÃO, 1969:99). O autor chega a falar em lavagem cerebral (...) levando a assimilação de estereótipos nunca imaginada (idem:100). Não concordamos totalmente com essas opiniões, e lembramos que a música brasileira sempre teve contatos com gêneros estrangeiros. Por exemplo, em fins do século XIX e início do século XX, os gêneros musicais mais executados na área urbana do Rio de Janeiro, na época, capital do país, eram as danças importadas da Europa: valsas, polcas, schottisches, mazurcas, habaneras, tangos e quadrilhas, ao lado de lundus maxixes e modinhas. Tinhorão tem conhecimento disso, pois esses gêneros são citados por Alexandre Gonçalves Pinto em seu livro O choro reminiscências dos chorões antigos. Essa obra trata de fatos ocorridos de 1870 em diante. O próprio Tinhorão (1997) supõe que tenha sido escrita em 1935. 8 rebuscada, geralmente com melodias mais longas e mais difíceis de cantar e com harmonias mais complicadas, plena de acordes alterados e pequenas dissonâncias (idem:72). Uma outra afirmativa nos chamou a atenção: A inexistência de uma música brasileira progressiva levava os jovens músicos, sedentos de novas experiências, à prática do jazz, uma vez que esta era a única música popular que dava ao músico a mais plena liberdade de invenção, de improvisação, de busca de sonoridade, harmonia e ritmos raros (ibidem:107). Medaglia finaliza afirmando que através da bossa-nova a música brasileira deu o decisivo salto qualitativo que a transformou em verdadeira arte de exportação (idem ibidem:123).15 Pessoalmente, não concordamos com essas afirmativas. Outro que discorda, é o músico Maurício Carrilho: (...) havia uma fusão acontecendo no Brasil naquela época (referindo-se à década de cinqüenta). Músicos brasileiros que ouviam e tocavam jazz, que gostavam de improvisar, mas que tiveram como formação o choro, que gostavam e tocavam sambas, e que faziam música instrumental . (in CAIADO, 2001:148). Carrilho cita como exemplos os fonogramas Turma da Gafieira, de 1955 e 1956. São dois discos cujo repertório consiste de sambas instrumentais, que contam com a participação de expoentes da música popular brasileira, como: Altamiro Carrilho, Sivuca, Raul de Souza, Zé Bodega, Cipó, Edison Machado e Baden Powell. Vale ressaltar que o sucesso do primeiro disco foi tal que incentivou a gravação de um segundo. Não chegamos a ouvir esses fonogramas, mas ouvimos muitas gravações do repertório de gafieira realizadas nas décadas de quarenta e cinqüenta, o que nos leva a concordar com as opiniões de Carrilho. Sem dúvida, a bossa-nova conseguiu uma inserção, sem precedentes, da música brasileira no panorama internacional, com a conseqüente abertura de novos mercados de trabalho para o músico brasileiro, o que foi um aspecto muito positivo,16 mas expressões como: atraso , efeitos nunca antes ouvidos , inexistência de uma música brasileira progressiva ou salto qualitativo induzem ao conceito de que as músicas da bossanova possuem um refinamento e uma qualidade, poucas vezes 15 16 Sublinhado por mim. Ruy Castro cita vários músicos que teriam residência fixa ou temporária no exterior: Eumir Deodato, Sérgio Mendes, Oscar Castro Neves, Astrud Gilberto, Hélcio Milito, Dom um Romão, Flora Purim, Airto Moreira, Moacyr Santos, Raul de Souza e dezenas de outros (CASTRO, 2000:420). 9 encontradas antes, com o que discordamos. Para nós, essa impressão é reforçada quando buscam na música anterior à bossa-nova o que seriam suas origens . Sérgio Cabral diz que: A Bossa-nova foi produto de um processo iniciado na década de 40, quando o compositor Custódio Mesquita (1910-1945) passou a usar em seus sambas-canções certos recursos até então utilizados apenas na música erudita e no jazz norte-americano (In: CHEDIAK, 1990, v.1:14). Cabral cita também como precursores os violonistas Garoto e Valzinho.17 Sobre Valzinho, a EMB diz que ele antecipava de certa maneira a bossa-nova (EMB, 1998:803, verbete:Valzinho). A Abril Cultural lançou, em 1978, a coleção Nova História da Música Popular Brasileira. Há um fascículo cujo título é Johnny Alf e os precursores da Bossa-nova. Além do próprio Johnny Alf, são citados Garoto, Luís Bonfá, João Donato e Vadico (Osvaldo Gogliano, 1910-1962). Vadico ficou bastante conhecido como parceiro de Noel Rosa.18 Ele é tido como um precursor pelo fato de ter vivido entre 1940 e 1955 fora do Brasil, sobretudo nos Estados Unidos, onde integrou orquestras norte americanas estudando harmonia, contraponto, orquestração e regência com o compositor italiano Mario Castelnuovo-Tedesco. De volta ao Brasil, sua música estaria carregada de influência jazzística (...) transformando-o num dos pioneiros da bossa-nova (NOVA HISTÓRIA DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA JOHNNY ALF E OS PRECURSSORES DA BOSSA-NOVA, 1978:9). Nessa busca das origens há quem vá mais longe. Por exemplo, Júlio Medaglia, procurando estabelecer uma relação histórica para apurar as verdadeiras raízes da bossa-nova , cita Noel Rosa (1911-1937) e o samba flauta-cavaquinho-violão (In: CAMPOS, 1993:81). Em nossas pesquisas para a elaboração da dissertação de mestrado, obtivemos depoimentos de músicos que já atuavam profissionalmente nas décadas de quarenta e cinqüenta e outros de uma geração mais nova, mas que tiveram, e ainda têm, contato estreito com músicos de gerações anteriores. Quando perguntados sobre o movimento da bossa-nova, alguns depoimentos tocaram em um ponto pouco comentado: o preconceito. 17 Respectivamente Aníbal Augusto Sardinha e Norival Carlos Teixeira (1914-1980). Sobre Valzinho, Radamés Gnattali afirmou: Começou a renovar, fazer uma bossa-nova, tudo diferente (DIDIER, 1996:93). Vale observar que a expressão bossa-nova usada por Gnattali, possivelmente, não se refira ao movimento musical, mas sim foi utilizada como gíria indicando algo novo . 18 Foi autor das músicas Feitio de oração e Feitiço da vila, dentre outras. Noel Rosa, nessas obras, fez as letras. 10 A bossa-nova tinha coisas bonitas, boas melodias, boa harmonia, algumas letras ótimas. (...) Agora, sob certos aspectos quem não se enquadrou naquilo ficou marginalizado. Por isso muita gente saiu daqui. A discriminação que houve com a música que não era bossa-nova trouxe um prejuízo para a música brasileira. Um bom exemplo disso foi o que aconteceu com o meu irmão. Altamiro passou uns cinco anos fora do Brasil, de 1965 a 1970 mais ou menos. Saiu para sobreviver, porque não havia mais mercado para o choro. Naquela época só se via e ouvia bossa-nova (Álvaro Carrilho in CAIADO, 2001:63);19 Eu nasci em 1961. Quando eu comecei a aprender violão com meu avô, com seis para sete anos, já comecei no choro. Uma coisa que me chateava muito era aquela cobrança de tocar bossa-nova. (...) o violão da bossanova era considerado o máximo. As pessoas que eram do choro, eram quadradas, e eu achava que quadrada era a bossa-nova (Luciana Rabello, idem:64);20 Eu acho que junto com a bossa-nova surgiu um problema grave, a desvalorização do passado, e de várias pessoas que estavam no auge. Por exemplo, Araci de Almeida tinha quarenta anos na época da bossa-nova, e foi completamente excluída do mercado, (...) Ciro Monteiro foi outro. Pessoas da maior importância, um pessoal de samba de alta categoria... O pessoal do choro, Dino, Meira, Altamiro, eles estavam no auge, tocando uma barbaridade nessa época. E também foram postos de lado. (...) Essas pessoas que são consideradas músicos expoentes do choro viveram essa situação dramática nesse período, não por culpa da música da bossa-nova, mas por culpa da discriminação que veio junto, discriminação dos meios de comunicação e das direções das gravadoras. Eu acho que esse expurgo causou sérios danos à música brasileira, e o resultado a gente vê hoje. Foi quebrada uma seqüência natural de passagem de informação de geração para geração, que era feita pelo convívio. Foi quebrado isso, e se formou uma geração fazendo música que, em sua maioria, não tinha fundamentação de música brasileira, e esse pessoal formou a geração seguinte. Salvo algumas raras exceções, que conseguiram fazer o link com a turma do choro e do samba, as pessoas de quarenta anos hoje não sabem tocar um choro ou um samba. Ouviam rock na sua adolescência (Maurício Carrilho, ibidem). Achamos importante fazer constar essas reflexões, pois o mais próximo que encontramos a isso em textos foram opiniões 19 20 Flautista e compositor, irmão de Altamiro Carrilho. Cavaquinista e compositora, irmã do falecido violonista Rafael Rabelo. 11 de Sérgio Cabral, Hermínio Bello de Carvalho e Nelson Mota. Cabral diz que uma grande parte dos jovens compositores criadores da bossa-nova eram social e culturalmente distintos da grande massa dos demais compositores da música popular brasileira. Tinham por objetivo conferir à sua música um nível de sofisticação semelhante ao revelado nos discos importados dos Estados Unidos , e que, salvo algumas exceções, consideravam a música produzida anteriormente quadrada (In: CHEDIAK, 1990, v.1:15).21 Hermínio Bello de Carvalho cita Carlos Lyra como um compositor da bossa-nova que não consideraria superados os tradicionais Pixinguinha, Ismael Silva e Cartola (CARVALHO, 1986). Mota vai ainda mais longe: A música, pelo menos a que se ouvia nos rádios e nos discos, era insuportável para um adolescente de Copacabana no final dos anos 50. (...) Para nós, garotos da classe média de Copacabana, aqueles cantores da Rádio Nacional e suas grandes vozes, dizendo coisas que não nos interessavam em uma linguagem que não entendíamos, eram abomináveis (MOTTA, 2000:9). Ao que tudo indica, preconceito houve, mas não temos certeza até que ponto as afirmações das pessoas por nós entrevistadas procedem. Sérgio Cabral, por exemplo, afirma que a bossa-nova quase não era executada nas paradas de sucesso da época (In: CHEDIAK, 1990, v.1:17). Afirmação semelhante fez Ruy Castro. Segundo ele, a bossa-nova não chegou a penetrar na Rádio Nacional (CASTRO, 2000:199). Por outro lado, na década de sessenta, o rádio foi, paulatinamente, perdendo espaço para a televisão, veículo de comunicação que mais ampliou, segundo Augusto de Campos, o contato entre a bossa-nova e o público (CAMPOS, 1993).22 Maurício Carrilho também cita o movimento da jovem guarda como algo que teria prejudicado os músicos e cantores ligados ao samba e ao choro: Houve a bossa-nova e em seguida a jovem-guarda, que acabou de arrasar com essa turma, considerada como velha guarda (in CAIADO, 2001:64). Horondino Silva - Dino Sete Cordas - confirma o que foi dito por Carrilho: Quando eu comecei, eu saía de uma gravação e ia para outra, nem almoçava, comia um sanduíche. Com a moda do iê-iê-iê , desapareceram as gravações. Eu não gravava mais, então tive que passar a mão em uma 21 Quadrado era uma gíria que significava velho ou ultrapassado . Segundo o IBOPE, a televisão, em 1965, já seria o maior meio de comunicação da época, atingindo um público de um milhão e oitocentas mil pessoas por dia (CAMPOS, 1993). 22 12 guitarra e tocar em bailes, fazer solos de rock, essas coisas (idem).23 Julgamos que seria necessário um estudo mais profundo para averiguarmos o verdadeiro impacto que esses movimentos trouxeram para os músicos e cantores da velha guarda , o que pode ser objeto de pesquisa em trabalhos futuros, mas faremos algumas ponderações. A bossa-nova foi um movimento que surgiu na classe média do Rio de Janeiro. Medaglia, por exemplo, diz que a faixa da população de onde se originou possuía melhores condições materiais e práticas de receber informações, via livros e periódicos (In:CAMPOS, 1993:88). O autor afirma também que seus integrantes seriam predominantemente jovens estudantes (idem). Baden Powell afirmou o mesmo: essa geração não tinha uma música própria. Tinha o bolero, tango, música mexicana, que eram músicas de adulto. (...) bossa-nova era música de jovem (FOLHA DE SÃO PAULO, CADERNO ILUSTRADA, 13/05/1999).24 Ruy Castro afirma que assim que surgiu, a bossa-nova podia ser vista e ouvida nos apartamentos e casa de socialites cariocas (CASTRO, 2000:237). Castro afirma também que os dois primeiros LPs de João Gilberto [Chega de saudade e O amor, o sorriso e a flor] tiveram vendas muito expressivas na época (idem). É provável que a maioria dos consumidores de discos da época pertencessem à classe média. Com a bossa-nova mudou não só a estética, mas os músicos que a gravavam seriam justamente esses jovens e não mais os músicos da velha guarda . Como o violão era um instrumento muito utilizado por aqueles jovens daí as dificuldades de Horondino Silva. 5) MÚSICA INSTRUMENTAL A música da bossa-nova é majoritariamente constituída por canções. Porém, muitos grupos instrumentais surgiram naquela época, sobretudo os conjuntos que tinham por base piano, baixo e bateria.25 Ruy Castro cita o Tamba Trio, Bossa Três, o Sexteto de Sérgio Mendes, Copa Cinco, Quinteto Bottles s, Zimbo Trio, Sambalanço Trio, Jongo Trio, Bossa Jazz Trio, Bossa Rio, Ed Lincoln Trio, Os Gatos e Milton Banana Trio (CASTRO, 2000). Muitos desses trios tiveram forte atuação na cidade de São Paulo, como o Bossa Jazz e o Sambalanço (idem). Castro fala em uma enxurrada desses grupos a partir de criação do Tamba Trio em 1961 (ibidem). O autor diz ainda que: 23 Jairo Severiano e Zuza H. de Mello (1999, v.2:17) dizem que o auge do iê-iê-iê se deu entre 1965 e 1967, devido a um programa de televisão comandado por Roberto Carlos. 24 Vale observar que Baden pertencia àquela geração. Fica-se com a impressão de que ele se coloca à parte. 25 Podiam eventualmente cantar, mas a música desses grupos era predominantemente instrumental. 13 (...) os trios tiveram o seu momento de glória e contribuíram para que se ouvisse música instrumental como nunca no Brasil, (...) Os músicos, por seu turno, nunca se viram com um melhor mercado de trabalho (idem ibidem:377). A informação de Castro não está correta. Nas décadas de quarenta e cinqüenta era comum a execução de música instrumental, sobretudo em gafieiras, dancings e boates. Em conseqüência disso, houve uma grande produção de discos instrumentais para dançar , quase sempre, arranjos de músicas cantadas.26 Os conjuntos de bossa-nova citados por Castro mantêm essa característica. Segundo Castro, o momento dos trios passou depressa, devido à perda de interesse do público, sobretudo porque, por volta de 1966, o mercado jovem estava sendo definitivamente engolido por uma coisa chamada iê-iê-iê (idem ibidem). REFERÊNCIAS CITADAS AHARONIÁN, Coriún. Conversaciones sobre música, cultura e identidad. Montevideo: Ombú,1992. BASTOS, Rafael José Meneses (1994). A origem do samba como invenção do Brasil: sobre o Feitio de Oração de Vadico e Noel Rosa (Por que as canções têm Música?). Santa Catarina: Programa de Pós Graduação em Antropologia Social. CAIADO, Nelson Fernando. Samba, música instrumental e o violão de Baden Powell. Dissertação (Mestrado em Música), Rio de Janeiro: UFRJ, Escola de Música, 2001. CAMPOS, Augusto de. (org.) (1993). Balanço da bossa e outras bossas. 5 ed. São Paulo: Perspectiva. CARVALHO, Hermínio Bello de (1986). Mudando de conversa. São Paulo: Martins Fontes. CASTRO, Ruy (2000). Chega de Saudade, a história e as histórias da bossa-nova. 2.ed. São Paulo: Companhia das Letras. 26 Além desses trios, houve grupos com mais integrantes. Temos em nossa discoteca gravações do quinteto Os Ipanemas (CBS: 37332) e do conjunto Os Catedráticos (EQUIPE: EQ-802, EQ-806, EQ-81), composto por onze componentes. Talvez os trios tenham se tornado moda nessa época, mas essas formações existiam há mais tempo. Já em 1953, Luiz Eça, Ed Lincoln e Paulinho Ney formava um trio que tocava no Bar Plaza (DREYFUS, 1999:47). Como exemplos de fonogramas instrumentais lançados no mercado na época pré-bossanova , além do Turma da Gafieira n° 1 e 2, podemos citar também: Samba ... Alegria do Brasil, Ritmos Melódicos n.° 1e 2, Feito para Dançar (doze LPs), Noite no Arpège n°1 e 2 e Chá dançante (n° 1, 2 e 3) com Valdir Calmon; Encontro de Ritmos e Carolina no samba, com Carolina Cardoso de Meneses; Sambas Maravilhosos, de Tito Romero; Sambas e Violinos e Sambas Eternos de Léo Peracchi; Coquetel dançante (n° 1 e 2), com Zacarias e seu quarteto; Jantar do Rio, Para Ouvir Dançando, Fafá Lemos e seu Violino com Surdina, O Trio do Fafá, Uma Noite na Boite do Fafá, Fafá Lemos seu Violino e seu Ritmo, Música e Festa (n° 1 a 5) com o Sexteto Prestigie; Isto é Dança e É Dança com Astor Silva; Música da Noite e Boite com Nestor Campos e sua orquestra de boite ; Violinos e Teleco-Teco com Edmundo Peruzzi; Sax Sensacional (n° 1 e 2) com Moacyr Silva; Parada de Dança (n° 1 e 2), Brasília com Simoneti e Orquestra e Samba... Samba... Samba com Eugene D Hellemes e Orquestra RGE. Ressaltamos que os títulos acima foram localizados com base em pesquisa feita apenas em nossa discoteca aproximadamente 2000 fonogramas entre LPs cassetes e CDs - o que nos leva a pensar em quantos títulos encontraríamos pesquisando em acervos maiores. 14 CHEDIAK, Almir (1990). Songbook bossa-nova. (cinco volumes). Rio de Janeiro: Lumiar, 1990. ______________. Songbook Tom Jobim. v.2. Rio de Janeiro: Lumiar. DIDIER, Aluísio (1996). Radamés Gnattali. Rio de Janeiro: Brasiliana Produções. DREYFUS, Dominique (1999). O violão vadio de Baden Powell. São Paulo: Editora 34. LEAL, José de Souza, BARBOSA, Artur Luiz (1982). João Pernambuco arte de um povo. Rio de Janeiro: Funarte. LENHARO, Alcyr. Cantores do Rádio a trajetória de Nora Ney e Jorge Goulart e o meio artístico de seu tempo. São Paulo: UNICAMP, 1995. MOTTA, Nelson (2000). Noites Tropicais memórias musicais. Rio de Janeiro: Objetiva. solos, improvisos e SEVERIANO, Jairo, MELLO, Zuza Homem de (1997). A canção no tempo: 85 anos de músicas brasileiras. 3.ed. São Paulo: Ed. 34. TABORDA, Márcia Ermelinda (1995). Dino Sete Cordas e o Acompanhamento de Violão na Música Popular Brasileira. Dissertação (Mestrado em Música), Rio de Janeiro:UFRJ, Escola de Música. TINHORÃO, José Ramos (1969). O samba agora vai... a farsa da música popular no exterior. Rio de Janeiro: JCM. _____________________. (1978) Pequena história da música popular brasileira: da modinha à canção de protesto. São Paulo: Círculo do Livro. VERZONI, Marcelo (2000). Os primórdios do choro no Rio de Janeiro. Dissertação (Doutorado em Música), Rio de Janeiro: UNIRIO, Centro de Letras e Artes. ENCICLOPÉDIAS E PERIÓDICOS Enciclopédia da Música Brasileira popular, erudita e folclórica. Marcos Antônio Marcondes (org,) 2.ed. (1998). São Paulo: Art Editora/ Publifolha. Enciclopédia Nova História da Música popular Brasileira. Johnny Alf e os precurssores da bossa-nova. São Paulo: Abril Cultural, 1978. DINIZ, Edinha. A grande síntese. Jornal do Brasil, Caderno Especial: João Gilberto o dono da bossa. Rio de Janeiro: 03 de junho de 2001. 15 POWELL, Baden. Folha de São Paulo, Caderno Ilustrada. Baden Powell anti-estrela. São Paulo, 13 de julho de 1999. This document was created with Win2PDF available at http://www.daneprairie.com. The unregistered version of Win2PDF is for evaluation or non-commercial use only.