Oficina Experimental de Teatro

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Oficina Experimental de Teatro
Apresentação:
A partir de excertos de peças teatrais contemporâneas é desenvolvida com os participantes
uma abordagem inicial às técnicas teatrais. A Oficina Experimental de Teatro propõe ser
uma exploração de um processo criativo baseado no confronto entre a dramaturgia e o
posicionamento intelectual e emocional do participante em relação aos conteúdos e às
técnicas teatrais. Os participantes são estimulados para a experimentação e para a procura
numa perspetiva de criação e desenvolvimento artístico. É estimulado o desenvolvimento
emocional e intelectual.
Com esta oficina pretende-se trabalhar e desenvolver um conhecimento e uma
consciencialização artística do fenómeno teatral através de um processo de análise
dramatúrgica e de construção de momentos cénicos a partir de excertos de diferentes
peças de teatro.
Procura-se também despertar o participante para os seus sentidos, o seu processo criativo
e de autoconhecimento, a sua relação e forma de estar com o seu grupo de trabalho e
estimular a autoaprendizagem através da descoberta ativa e participativa. O participante
deve fazer dialogar os elementos da construção artística com os princípios dramatúrgicos
definidos. Para isso, orientar-se-ão os participantes para a identificação de uma linguagem
cénica, para a tomada de decisões e para as escolhas de ferramentas de trabalho
adequadas.
Pretende-se que o participante reconheça as suas referências de vida como instrumento de
trabalho e que desenvolva capacidades que possam promover a imaginação e a
criatividade. O desenvolvimento da sensibilidade e da inteligência emocional, o
reconhecimento dos afetos e das emoções, são características fundamentais para o
crescimento da estrutura artística de cada participante.
Competências:
As
competências
artísticas
partem
do
conhecimento,
capacidades,
atitudes,
comportamentos, sensibilidade e empenhamento pessoal de cada participante, orientadas
para o trabalho teatral. Estas competências são estimuladas pela procura e pela descoberta
e pelo insistente aperfeiçoamento, promovendo o desenvolvimento das seguintes
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competências
específicas:
curiosidade,
disponibilidade,
criatividade,
imaginação,
sensibilidade, observação, memória e análise.
Objetivos:
São objetivos principais desta oficina:
- Estudar dramaturgia e procurar soluções de interpretação.
- Desenvolver a capacidade e disponibilidade para a experimentação e procura dos seus
limites artísticos, através da utilização de textos dramáticos.
- Adquirir técnicas teatrais.
- Selecionar e testar as implicações cénicas dos materiais escolhidos.
- Desenvolver e estimular o conhecimento de si próprio e das suas emoções.
- Desenvolver as capacidades de escolha e decisão.
- Desenvolver a aquisição de valores próprios.
- Desenvolver a sensibilidade, a criatividade e o crescimento artístico.
São objetivos secundários:
- Conhecer e fundamentar perspetivas contemporâneas de criação e apreciação em teatro.
- Questionar construtivamente as soluções que surjam, permitindo que estas evoluam.
- Relacionar as descobertas parciais com o todo, sobretudo com as temáticas e ponto de
vista dramatúrgico inicialmente propostos.
- Desenvolver as capacidades de análise literária do texto dramático na perspetiva mais
concreta de uma lógica de construção de personagens e do seu objetivo.
- Dotar os participantes de mecanismos corporais de imaginação e memória para a
construção e análise de personagens.
- Desenvolver a capacidade de análise e criação de personagens.
- Desenvolver capacidades específicas ao trabalho teatral: dicção, expressividade, domínio
físico, originalidade e criatividade, concentração, disponibilidade, generosidade, capacidade
de integrar as indicações, capacidade de encontrar soluções.
- Fixar as soluções encontradas durante o processo de experimentação cénica.
- Integrar e articular as descobertas validadas com vista ao resultado final.
- Desenvolver hábitos de reflexão sobre as capacidades artísticas e reconhecer as lacunas a
preencher.
Âmbito dos Conteúdos
- Leitura e interpretação dramatúrgica de diferentes excertos de textos dramáticos.
- Construção de momentos cénicos.
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- Análise de personagens.
- Criação de personagens.
- Estimulação da sensibilidade.
- Estimulação dos afetos.
- Estimulação do crescimento artístico pela experimentação e pela autoavaliação.
- Utilização de textos dramáticos:
A Vertigem dos Animais antes do Abate, Dimitris Dimitriadis 1
No Papel da Vítima, Irmãos Presniakov 2
Os Animais Domésticos, Letizia Russo 3
Punk Rock, Simon Stephens 4
Competências Visadas
- Criar ações/situações com textos e outros materiais recolhidos.
- Organizar situações cénicas determinadas pelas propostas dramatúrgicas.
- Dinamizar diálogos criativos e potenciadores com o grupo.
- Desenvolver a imaginação criadora.
- Concretizar do ponto de vista cénico, as ideias e conceitos dramatúrgicos.
- Promover a responsabilidade e envolvimento individual e coletivo.
Duração de Referência: 12 horas
Avaliação
A avaliação desta oficina deverá ser efetuada de acordo com a observação em processo da
qualidade da prestação de cada participante no trabalho individual e de grupo. Será
observado, mais do que os resultados artísticos, o desenvolvimento das capacidades
criativas e de relacionamento, demonstradas pelo participante no decurso do processo, não
obstante considerando a avaliação dos produtos finais.
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Em A Vertigem dos Animais antes do Abate três anónimas personagens põem mãos à obra na execução de uma tarefa tão
sinistra como enigmática. Entretanto, a sedutora Milítsa consegue separar Nílos e Fílon, dois amigos de infância que nunca se
tinham separado...
Dimítris Dimitriádis (1944, Grécia) fez estudos de teatro e de cinema, em Bruxelas, em 1965-66, escreve a sua primeira peça, O
Preço da Revolta no Mercado Negro, levada à cena, em 1968, no Théâtre de la Commune d'Aubervilliers. Em 1978 foi publicada
a sua primeira narrativa, Morro como País, em 1980, uma primeira série poética intitulada Catálogos 1-4, em 1983, outra peça
de teatro, A nova Igreja do Sangue. Seguem-se A Oferenda - A Humanoidade, Preâmbulo a um Milénio (ficção narrativa, 1986),
Catálogos 5-8 (poesia, 1986), A Elevação (teatro, 1990), A Desconhecida Harmonia do Outro Século (teatro, 1992), Catálogos 9,
As Definições (poesia, 1994), O Princípio da Vida (teatro, 1995, levado à cena, nesse mesmo ano, por S. Lazarídis, no Teatro do
Sul, na Grécia), Oblívio e mais Quatro Monólogos (2000, o monólogo Oblívio foi encenado em Paris, no Petit-Odéon, por JeanChristophe Bailly, em 2001 e no Teatro de Bobigny, por Anne Dimitriadis, em 2002. Em Atenas, estreou no Teatro Attis, dirigida
por Theodor Terzópulos), A Vertigem dos Animais antes do Abate (2000, teatro, peça levada à cena no Teatro do Sul por G.
Churvardas no mesmo ano), Catálogos 10-12 (poesia, 2002), Humanoidade 1 - Um Infindável Milénio e Humanidade 7 - Um
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Infindável Milénio (ficção narrativa, 2002, Prémio Nacional de Romance, na Grécia, em 2003), Procedimentos de Regularização
de Diferenças (2003, teatro, representada no Teatro do Sul, com encenação de Guiórgos Lanthimos). Em 2003, Morro Como
País foi representado no Théâtre du Rond-Point, em Paris, com encenação de Yannis Kokkos, em Florença, no Teatro della
Limonaia, foram apresentadas Morro como país e A Vertigem dos Animais antes do Abate. Dimítris Dimitriádis traduziu
inúmeros autores, de Genet a Koltès. É desde 1980 colaborador das Edições Agra, em Atenas, editora responsável pela
publicação da maioria das suas criações literárias e traduções.
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Em No Papel da Vítima, Vália tem uma profissão bizarra: nas reconstituições filmadas dos crimes que a polícia faz, ele encarna
o papel da vítima. Uma fuga para a frente para quem, como Vália, tem tanto medo de morrer. “Não sou estúpido. Há muito
tempo que percebi que para evitar fazer algo tens que fazer outra coisa qualquer. Se queres evitar qualquer coisa
desagradável, tens que fazer outra coisa de que não gostas mas que te ajuda a evitar o pior.” Numa piscina ou num fast food
japonês, Vália morre precisamente como lhe é pedido, exatamente como no original. E quando a reconstituição se transforma
no próprio crime? Quem deve representar o papel da vítima? Uma estranha noite no teatro no melhor da tradição russa,
divertida, lacónica, absurda e cheia de surpresas. A peça funciona por montagem alternada: a uma sequência num interior
familiar (pai, mãe e filho) segue-se outra no local onde um crime foi cometido e uma reconstituição vai ter lugar (com
criminoso, polícias e “vítima”). Tudo indica que a voz que fala como filho seja a mesma de Vália, o rapaz de boné dos desenhos
animados South Park que faz de vítima nas reconstituições. Ou talvez uma seja a projeção da outra (caixas dentro de caixas);
não podemos é deixar de reparar nos pormenores que ligam as cenas familiares às policiais: uma retrete, uns calções de
banho, uns pauzinhos chineses. O clímax, hilariante, vai ser a reconstituição da reconstituição de um crime, número musical
incluído.
Os irmãos Presnyakov: Os irmãos Oleg e Vladimir nasceram em Sverdlovsk, na Sibéria. Criaram um grupo de teatro na
Universidade Estatal dos Urais Gorky, onde desenvolvem um trabalho experimental. Estiveram ambos ligados ao International
Programme do Royal Court Theatre de Londres, que procura estimular a escrita teatral contemporânea. A sua primeira peça,
Terrorismo, estreou em novembro de 2002, no Teatro de Arte de Moscovo e, no início deste ano, o Royal Court produziu o
texto com grande sucesso, numa encenação de Ramim Gray. No Festival de Edimburgo, a companhia Told by an Idiot (em
coprodução com o Royal Court) estreou a segunda peça dos Presnyakov, Playing the victim, no Traverse Theatre.
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A peça Os Animais Domésticos, de Letizia Russo (Roma, 1980-) começou por se chamar "Gente de Lisboa”. A explicação é
simples: é uma espécie de fresco sobre esta cidade, com histórias e personagens que se cruzam e entrelaçam. Entre 2004 e
2005, Letizia Russo foi escritora residente nos Artistas Unidos. Um dos resultados dessa experiência foi este texto que,
encenado por Jorge Silva Melo, estreou no TNDM II a 22 de setembro de 2005.
Letizia Russo nasceu em Roma em 1980. Escreveu para teatro Niente e Nessuno (Una Cosa Finita), representado em 2000 em
Castelnuovo di Farfa, no âmbito do festival “Per Antiche Vie" organizado por Mario Martone, então diretor do Teatro di Roma;
Tomba di Cani (Prémio Tondelli 2001), Asfissia, encomendada pelo "Festival di Candoni - ArtaTerme" (2002). Binario Morto,
encomendada pelo National Theatre de Londres (2004), Babele, primeiro texto de uma trilogia sobre o poder. Participou, em
2002, na International Residency do Royal Court de Londres. Escreveu para a rádio: I Conigli Sulla Luna, Lo Spirito Nell'acqua,
La Via Del Mare, Qoèlet, Kilmainam Gaol, transmitidos pela Rai3 em 2002. Venceu, em 2003, o prémio UBU como revelação do
ano pelo texto Tomba di Cani. É escritora-residente nos Artistas Unidos entre 2004 e 2005 com o apoio da Fundação Calouste
Gulbenkian. Tomba di Cani foi estreada em 2001 na Saletta Gramsci do Teatro de Pistoia com o seguinte elenco: Isa Danieli
(Glauce), Peppino Mazzotta (Johnny), Sara Bertelà (Mània), Aram Kian (Vin), Giuliano Amatucci (Terzo Uomo), Federico
Pacifici (Luther) e a participação em vídeo de Antonio Casagrande, encenação de Cristina Pezzoli, cenografia de Giacomo
Andrico, figurinos Rossana Monti; uma produção do Teatro di Pistoia / Teatro del Tempo Presente. O espetáculo recebeu três
nomeações (Isa Danieli, melhor intérprete feminina; Cristina Pezzoli, melhor encenação; Letizia Russo, melhor autor) para o
Prémio ETI - Gli Olimpici del Teatro. Isa Danieli venceu na sua categoria. Os Artistas Unidos realizaram leitura de excertos no
âmbito do Festival de Almada 2004. A leitura foi dirigida por Pedro Marques e contou com interpretação de Lia Gama, Pedro
Marques e Miguel Borges. Fim de Linha (Binario Morto) estreou dia 8 de julho no Royal National Theatre em Londres, na
versão do Bath Theatre Royal Area, uma das catorze escolas de teatro inglesas que escolheram a peça entre as comissionadas
pelo Festival Shell Connections.
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Punk Rock: A única coisa que se pode dizer a favor da adolescência é que passa. Mas esses anos turbulentos de insegurança
e embaraço, combinado com o amor não correspondido e o desejo sexual, são, talvez, os mais intensos que alguns de nós
algumas vez sentimos. Simon Stephens aborda este mundo juvenil com uma vivacidade assustadora. Na biblioteca de um
liceu, um grupo de alunos está perto do fim da sua vida escolar e quando o mundo se abre para eles, há o perigo de os engolir.
Simon Stephens (1971) nasceu no Reino Unido. Formado pela Universidade de York. É hoje em dia uma voz cada vez mais
significante no teatro inglês. As suas peças são muitas vezes explorações sobre a condição humana da vida familiar. Embora a
sua escrita seja muitas vezes brutal, encerra um otimismo e uma autenticidade que o destaca dos autores da geração In-yerface. Até 2005, Simon Stephens trabalhou no departamento literário do Royal Court Theatre. A sua peça Pornography foi
aclamada na estreia em 2008 no Festival de Edimburgo. Das suas peças destacam-se Bluebird (1998), On the Shore of the Wide
World (2005), Motortown (2006), Harper Regan (2007) ou Punk Rock (2009).
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