Educação, novas tecnologias e lazer

Propaganda
Editorial
Educação, novas
tecnologias e lazer
A IMPULSO, na passagem da modalidade impressa para a on-line, sofreu
um atraso de pouco mais de um ano em suas edições semestrais, mas agora,
com o lançamento do nº 49 e com os números 50, 51, 52 e 53 em processo de
edição, pretende, ainda no primeiro semestre de 2012, estar em dia com o seu
cronograma editorial e, assim, atender às expectativas de seus leitores, autores e
colaboradores.
Em agosto de 2011, uma nova equipe multidisciplinar de docentes foi
designada pela Reitoria da Unimep para assumir a Comissão Científico-Editorial
da IMPULSO, cujos membros são: Bruno Pucci (Filosofia da Educação), Pedro
Bordini Faleiros (Psicologia), Cinthia Lopes da Silva (Educação Física), José
Maria de Paiva (História da Educação), Rosemary Bars Mendez (Comunicações)
e Virgínia Célia Camilotti (História).
Fizemos no início de setembro de 2011 uma chamada de artigos para os
números 51 e 52 da revista e fomos atendidos pelos nossos leitores, autores e
colaboradores, os quais nos enviaram aproximadamente 80 novos artigos, cujos
textos estão em processo de edição, ou em processo de receber os pareceres
específicos. Estamos tendo, na difícil tarefa de publicação de uma revista on-line,
a inestimável colaboração de dois graduandos da Unimep, Thiago Antunes de
Souza (Química-Licenciatura) e Amália Ranaldo Chiaradia (Psicologia), aos quais
agradecemos imensamente o apoio. Agradecemos também a colaboração técnica
da funcionária da Editora da Unimep, Ivonete Savino.
Este número, com o título Educação, novas tecnologias e lazer, quer,
a partir de diferentes tentativas de ordenação dos artigos, construir uma imagem
legível que, em forma de constelação, ilumine as diferentes ideias de seus objetos
nela representados. Educação, novas tecnologias e lazer são as três estrelas
mais brilhantes da nova configuração in fieri.
Educação/formação direcionam a análise de cinco dos oito artigos desta
coletânea. Luiz Antônio Calmon Nabuco Lastória (Unesp, campus de Araraquara),
ao analisar a formação educacional brasileira sob a ótica da Teoria Crítica, para
compreender sua deformação no processo de ensino, propõe a investigação sobre
como os esquemas da indústria cultural se tornam presentes na cena didáticopedagógica e como se constitui a subjetividade hodierna dos educandos sob o
impacto dessa indústria. Seu objetivo é fornecer subsídios para leituras possíveis a
respeito das “novas demandas educacionais” no Brasil. Marcos Francisco Martins
e Viviane Melo de Mendonça (filósofos da Educação da UFSCar, campus de
3
Sorocaba), preocupados com a educação e com o papel da escola e de outros espaços
educacionais na formação da consciência política de seus educandos, apresentam
resultados e análises de dados sobre militantes dos movimentos sindicais e sociais da
região de Sorocaba à luz das categorias marxianas de classe e de práxis. Os autores
desenvolvem uma tentativa de identificar os movimentos sociais e seus militantes,
diferenciando-os das organizações e dos indivíduos que atuam no Terceiro Setor,
entendido como empresa social. Elenice Cammarosano Onofre e Aline Fávaro
Dias (psicólogas da UFSCar, campus de São Carlos), com a perspectiva de entender a
educação como ferramenta de libertação, colocam em confronto os adolescentes e
os jovens infratores com a educação formal, salientando a dificuldade de as escolas
acolherem esses indivíduos em conflito com a lei e, sobretudo, de mantê-los em
seus espaços formativos. As autoras pretendem contribuir com reflexões sobre
a problemática, com apoio de pensadores/educadores que investigam questões
referentes à inclusão social de indivíduos marginalizados no contexto da América
Latina, dentre eles, Fiori, Dussel e Freire.
Os próximos dois artigos contrapõem e, ao mesmo tempo, integram dois
conceitos-chave da constelação em construção, educação e novas tecnologias.
Antônio Álvaro Soares Zuin (psicólogo da Educação da UFSCar, campus de São
Carlos) investiga o modo como os alunos expressam sua aversão a seus mestres
pela via das comunidades virtuais do Orkut ou nos sites de compartilhamento
YouTube. O autor busca entender esse novo problema educacional constatando
as mudanças na referência entre indústria cultural e publicidade. Ele conclui que
a relação entre professor e aluno adquire novas características de identidade, em
decorrência do modo como as novas tecnologias medeiam o vínculo pedagógico
tanto dentro quanto fora das instituições escolares. Por sua vez, Cinthia Lopes
da Silva e Milena Avelaneda Origuela (ambas do curso de Educação Física
da Unimep), à semelhança do artigo anterior, analisam os discursos de duas
comunidades do website Orkut, “Eu amo Educação Física” e “Eu odeio Educação
Física”, para averiguarem como os internautas compreendem as aulas desse
curso e os significados que atribuem ao corpo e às práticas corporais. Enquanto
os participantes do primeiro site se utilizam do instrumento para anúncios
e propagandas, os do segundo promovem debates e denúncias das aulas de
educação física escolar. Os significados atribuídos ao corpo e às práticas corporais
pelos internautas se relacionam à prática de esportes e atividades físicas para a
saúde, e o conceito de beleza corporal tem como referência a forma do corpo e
das imagens de atletas e pessoas famosas da mass media.
Os dois artigos seguintes voltam suas luzes para o conceito de lazer,
iluminando, assim, a terceira estrela da constelação. Tiago Nicola Lavoura (UESC,
Ilhéus, BA), Daniele Ferreira Auriemo Christofoletti, Gisele Maria Schwartz e Danilo
Roberto Pereira Santiago, sendo estes três últimos da Unesp, campus de Rio Claro,
com base na compreensão histórica dos conceitos de lazer e esfera pública, propõem
4
reflexões sobre a formação humana e política para a cidadania, em contraposição
ao caráter mercantilista que esses conceitos gozam atualmente na sociedade de
consumo. Já Nelson Carvalho Marcellino (Pós-Graduação em Educação Física da
Unimep) e Liana Abrão Romera (UFES), ao destacarem o uso abusivo de drogas
na atualidade e sua relação com o lazer, propõem, a partir de um olhar sociológico e
considerando a urgência de um enfoque multidisciplinar, a interlocução entre áreas
do saber para tratar desse fenômeno complexo e multifatorial.
O último artigo da IMPULSO parece não ter relação com a figura legível
por nós construída neste editorial, pois trata de uma temática aparentemente
distante de nossa constelação: o encontro entre as teses do revisionismo histórico
do Holocausto e autores pós-modernos. Mas, na verdade, Robson Loureiro
e Sandra Soares Della Fonte (filósofos da Educação da UFES) nos mostram,
criticamente, o seguinte: o revisionismo histórico expressa tendências sociais
que vão além do Holocausto; os posicionamentos pós-modernos, se levados ao
extremo de sua argumentação, não têm oferecido resistência à disseminação das
teses revisionistas, gerando uma cumplicidade, mesmo que a contragosto, entre
suas teses céticas e relativistas e a difusão do revisionismo do Holocausto, atitude
esta que acarreta o enfraquecimento da memória; e diante de tal problema, impõese a tarefa de não apenas denunciar essa cumplicidade, mas também apontar uma
alternativa crítica que ofereça resistência a ambas as perspectivas.
E para fazer brilhar ainda mais a constelação Educação, novas tecnologias
e lazer, Arnaldo Nogaro (URI, campus de Erechim, SC) nos apresenta a resenha
do livro Filosofia e Educação no Emílio de Rousseau: o papel do educador como governante,
organizado por Cláudio Dalbosco, (UPF, RS). Trata-se de uma coletânea de doze
textos escritos por doze autores, os quais analisam, coletivamente, os cinco livros
que compõem uma das maiores obras de Pedagogia do mundo ocidental. A
resenha nos convence de que a obra organizada por Dalbosco permite ao leitor
tomar ciência de aspectos centrais do Emílio e, ao mesmo tempo, proporciona
uma contribuição significativa não apenas aos iniciados na leitura de Rousseau,
mas também aos que principiam a inserir-se nela.
Queremos, ainda, ao terminar este editorial, agradecer aos autores dos
artigos deste número, bem como aos pareceristas, que leram e aprovaram, em
nosso nome, os textos científicos aqui apresentados. Sem estes dois coletivos não
teríamos nada para dizer aos nossos leitores.
Bruno Pucci
Presidente da Comissão Científico-Editorial
5
Download