Pais tiram dúvidas contra vacina do HPV

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4 CIDADES
A GAZETA QUINTA-FEIRA, 13 DE MARÇO DE 2014
BERNARDO COUTINHO
SAÚDE
Pais tiram
dúvidas contra
vacina do HPV
Vacina contra o vírus
em meninas de 11 a 13
anos protege do câncer
de colo de útero
KATILAINE CHAGAS
[email protected]
Quais os efeitos colaterais? Há riscos de reação
alérgica? Estas são algumas das dúvidas de pais e
mães sobre a aplicação da
vacina contra o papiloma
vírus humano (HPV).
AGAZETAlevantoualgumas das principais dúvidas
dos pais e as levou para médicos responderem. A vacina é aplicada de forma gratuita, por meio do Sistema
Único de Saúde (SUS), em
meninas de 11 a 13 anos.
A possibilidade de causar alergia é uma das dúvidas da fisioterapeuta Oliva
Parento Prado, 37 anos,
mãe de Maria Fernanda,
11, estudante do Colégio
Salesiano, onde a menina
receberá a vacina.
“Ela tem alergia a ovo.
Quando vai tomar alguma
vacina, os profissionais ficam até apreensivos”, explica a mãe.
A médica infectologista
Martina Zanotti Carneiro
Valentim esclarece que a
vacina é restrita apenas
para quem teve reação
alérgica grave a uma dose
anterior, ou para quem está grávida. “Não há na
composição nada a base
de ovo”, garante ela, que é
responsável pela clínica
Vacinação Sistemas Integrados de Saúde (SIS).
PRECONCEITO
A campanha de vacinação estaria causando rejeição em grupos evangélicos,
para quem ela incentivaria
a vida sexual precoce.
“Existem vacinas para
Hepatite B para recém-nascidos. E é uma doença sexualmente transmissível.
Ou seja, essa resistência
não faz sentido. Usar a vacinanãodá‘asas’aoadolescente”, rebate a ginecologista Neide Aparecida Tosato Boldrini, mestre em
doenças infecciosas.
Mãe quer saber sobre
tempo de proteção
Mãe de Júlia, de 11 anos,
a nutricionista Cíntia
Duarte quer saber o
tempo de proteção da
vacina contra o HPV.
“Já havia levado a Júlia a uma
pediatra, que pediu que a vacina fosse
aplicada. Agora, vamos vaciná-la”
—
CÍNTIA MARCOLAN PADOVANI DUARTE
37 anos, nutricionista
VOCÊ PERGUNTA, E OS MÉDICOS RESPONDEM
tO
que é o HPV?
Vírus capaz de infectar a
pele ou as mucosas.
Existem mais de 100
tipos de HPV. A sigla em
inglês significa papiloma
vírus humano. Entre os
tipos de HPV com alto
risco de causar câncer
estão os 16 e 18,
presentes em 70% dos
casos de câncer de colo
do útero. Já os tipos 6 e
11, também frequentes,
são responsáveis pelo
surgimento de verrugas.
t Uma
pessoa infectada
pelo vírus apresenta
sintomas?
A maioria dos casos é
assintomática ou
inaparente, e de caráter
transitório – desaparece
rapidamente.
t Homens
ter HPV?
também podem
Eles podem ter verrugas
e câncer anal, câncer
perianal, nos testículos
ou ainda na garganta,
decorrentes do HPV.
t Como
a infecção pelo
HPV é diagnosticada em
homens e mulheres?
O diagnóstico das
verrugas ano-genitais
pode ser feito em
homens e mulheres por
meio de exame clínico.
t Qual
é o tratamento para
infecção pelo HPV?
Não há tratamento
t Quem já teve HPV pode
tomar a vacina?
A vacina previne contra
quatro tipos de vírus do
HPV: os tipos 6, 11, 16 e
18. Os dois primeiros
causam verrugas
genitais, que podem ser
aparentes ou
microscópicas. Os dois
seguintes causam
câncer do colo do útero.
Quem teve HPV pode
tomar a vacina e se
prevenir dos outros
vírus. Além disso, há
subtipos do vírus, que
são minoria e não são
abrangidas pela vacina.
Há mais de
um tipo de
vacina?
Há a vacina quadrivalente, eficaz contra quatro tipos de
vírus, e a bivalente,
contra dois tipos. A
primeira é oferecida pelo Sistema
Único de Saúde
(SUS) e por clínicas
particulares. A bivalente, só por clínica
particular.
t Qual
específico para eliminar
o vírus, mas sim para as
lesões decorrentes dele.
Podem ser usados laser,
eletrocauterização, ácido
tricloroacético (ATA) e
medicamentos que
melhoram o sistema de
defesa do organismo.
t Quem tem alergia a ovo
pode tomar a vacina?
Sim. Nas doses da
vacina, não há nenhum
componente à base de
ovo ou outro alimento.
As únicas restrições para
se receber a vacina é se
a pessoa teve alguma
alergia grave a uma dose
anterior da imunização
contra o vírus HPV ou se
estiver grávida.
t Há
efeitos colaterais?
Pode haver mal-estar e
febre baixa, mas são casos
raros. Os casos mais
comuns são dor no local
da aplicação e inchaço.
t Quem
pode ser vacinado?
A vacina quadrivalente é
indicada para mulheres e
homens entre 9 e 26
anos, e a vacina bivalente,
para mulheres entre 10 e
15 anos de idade.
t Quem
pode tomar a
vacina gratuitamente?
Como proceder?
A vacinação será
realizada em três
etapas: a primeira já
está acontecendo, para
meninas de 11 a 13
anos; a segunda dose,
daqui a seis meses; a
terceira, cinco anos
após a primeira. As
vacinas são dadas nas
escolas públicas e
particulares e em
postos de saúde. Nas
escolas, termos de
recusa são entregues
aos pais que não
concordam com a
vacinação. Nos postos,
não precisa de
acompanhamento dos
pais, apenas documento
de identificação ou
cartão de vacinação.
Em 2015, será a vez de
vacinas para meninas
de 9 a 11 anos. A partir
de 2016, para meninas a
partir de 9 anos.
é a diferença da
vacinação de uma criança
para um adulto?
Não há diferença de
reações entre adultos e
crianças. Mas em crianças
a eficácia é maior, porque
elas têm maior titulação
de anticorpos, ou seja,
produzem mais
anticorpos. Ainda assim, a
vacina funciona bem em
adultos.
t Existem
diferentes
dosagens da vacina?
No Brasil, a vacina será
aplicada em três doses.
Uma agora, outra em
setembro e a terceira em
cinco anos. Há países
que adotam duas doses.
t Há
outras formas de
prevenção?
A vacina é uma das
formas de prevenção
mais eficazes. Mas o uso
de camisinha nas
relações sexuais
também previne o
contágio.
t Quanto
custa a vacina
nas clínicas particulares?
Cerca de R$ 300 cada
dosagem.
t Por
que a vacina só é
oferecida gratuitamente
para meninas na faixa de 11
a 13 anos?
Nessa faixa etária a
produção de anticorpos
é maior. E nessa faixa as
meninas ainda não
teriam vida sexual. Como
não há vacina para
todos, foi escolhida a
faixa que mais se
beneficiaria dela. Há 92
mil crianças nessa faixa
etária no Espírito Santo.
t Qual é o tempo de
proteção da vacina?
Ela começa a agir 15 dias
depois da aplicação. Tem
estimativa de eficácia de
10 anos, que é o tempo
que a vacina vem sendo
testada com sucesso.
Estudos futuros poderão
apontar se serão
necessárias novas doses.
t
Fontes: Ginecologista Neide
Aparecida Tosato Boldrini;
médica infectologista Martina
Zanotti Carneiro; e Instituto
Nacional do Câncer (Inca)
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