GETH Newsletter Volume 07 Número 07 06 de Abril de 2009 GETH Newsletter é uma publicação semanal distribuída aos sócios do Rastreamento em Câncer de Mama e Câncer Colorretal: Atualização das Recomendações da American Cancer Society Grupo de Estudos de Tumores Hereditários Smith RA, Cokkinides V, Brawley OW. Cancer screening in the United States, 2009: a review of current American Cancer Society guidelines and issues in Sede cancer screening. CA Cancer J Clin 2009;59(1):27-41. R José Getúlio, 579 cjs 42/43 Aclimação São Paulo - SP CEP 01503-001 E-mail [email protected] Site http://www.geth.org.br Editores Anualmente a Amercian Cancer Society publica na CA: A Cancer Journal for Clinicians uma atualização das recomendações de rastreamento para os tumores mais incidentes na população americana. Nesta newsletter estão apresentadas as recomendações para rastreamento para o câncer de mama e câncer colorretal. Câncer de Mama Erika Maria Monteiro Santos Ligia Petrolini de Oliveira Nos Estados Unidos o câncer de mama é o mais freqüente diagnosticado em mulheres, e a segunda causa de óbito por câncer. A última atualização Diretoria Presidente Benedito Mauro Rossi para o rastreamento em mulheres de risco populacional ocorreu em 2003, e para mulheres de alto risco a última atualização foi em 2007. São consideradas mulheres de alto risco para câncer de mama aquelas Vice-Presidente com susceptibilidade conhecida ou suspeita ao câncer de mama, e mulheres Erika Maria Monteiro Santos submetidas a radioterapia de manto para tratamento de linfoma de Hodgkin. Diretor Científico Gilles Landman Secretário Geral Fábio de Oliveira Ferreira Primeira Secretária Ligia Petrolini de Oliveira Tesoureiro Wilson Toshihiko Nakagawa As recomendações para detecção precoce do câncer de mama em mulheres de risco populacional consistem em uma combinação de exame clínico das mamas, e aconselhamento para despertar a atenção para sintomas mamários, com início aos 20 anos, e mamografia anual com início aos 40 anos. Entre 20 e 39 anos, as mulheres devem ser submetidas a exame clínico das mamas a cada três anos, e após aos 40 este exame deve ser realizado anualmente. Segundo esta recomendação, durante a realização do exame Rastreamento em Câncer de Mama e Câncer Colorretal: Atualização das Recomendações da American Cancer Society clínico, há a oportunidade para os profissionais familiar da linhagem materna e paterna, o que limita de saúde atualizarem a história familiar; discutir a a sua utilizada. Desta forma, ainda que o modelo importância da detecção precoce do câncer de mama; permita identificar mulheres com risco acima de responder questões sobre o risco e novas tecnologias 20%, isto se deve a outros fatores que não a história relacionadas à detecção do câncer de mama. familiar. Para estimar o risco de maneira mais Os profissionais devem enfatizar a importância adequada em mulheres com história familiar, os em identificar alterações mamárias, e também a profissionais devem utilizar softwares especializados identificação da história familiar de câncer de mama que considerem a história familiar em parentes de e ovário em familiares de primeiro e segundo graus primeiro e segundo graus. Há diversos modelos dos lados paterno e materno da família. disponíveis tais como, Claus, Tyrer, BRCAPRO e Ainda que a American Cancer Society não BOADICEA. recomende o auto-exame das mamas mensal, as Ainda que a RNM seja custo-efetiva, as mulheres devem ser informadas sobre os benefícios, recomendações atuais são baseadas exclusivamente limitações e riscos (especialmente, os falso-positivos). em estudos em mulheres portadoras de mutação A decisão em realizar o auto-exame deve ser da em genes de alta penetrância, ou com história de paciente, e caso opte pela sua realização, deve receber radioterapia em idade jovem. O painel de especialistas instruções e reavaliação periódica da técnica. considerou que há evidências insuficientes para A recomendação de início da mamografia em mulheres de risco populacional é aos 40 anos, no entanto, não há limite de idade para a realização do exame. A decisão de interromper a realização da mamografia regular deve ser feita individualmente, recomendar a RNM em mulheres com risco entre 10% e 15% ou com história pessoal de carcinoma ductal ou lobular in situ, ou com mamas densas. A RNM não é recomendada para mulheres de risco populacional. considerando o estado geral de saúde da paciente e a expectativa de vida. Em 2007, a American Cancer Society atualizou as recomendações de seguimento de portadoras de mutação nos genes BRCA1 e BRCA2 e outras doenças genéticas de predisposição, ou que foram tratadas com radioterapia torácica. A mamografia anual e a ressonância magnética (RNM) com início aos 30 Câncer Colorretal As recomendações para rastreamento e seguimento para detecção de pólipos adenomatosos e câncer colorretal em indivíduos de risco populacional foi atualizada em 2008. anos são recomendadas para mulheres portadoras Os testes para rastreamento podem ser agrupados de mutação nos genes BRCA, mulheres não testadas, em duas categorias: (1) testes que detectam câncer, mas que possuem uma familiar de primeiro grau que incluem gFOBT (pesquisa de sangue oculto com mutação identificada, ou mulheres com risco nas fezes baseada em guáiaco), FIT (FOBT baseada de 20% a 25% estimado por modelos de estimativa em imunoistoquímica), e sDNA (exame de DNA de risco que utilizam a história familiar de parentes esfoliado das fezes); e (2) testes que detectam câncer de primeiro e segundo graus dos lados paterno e e lesões avançadas, que incluem sigmoidoscopia materno. flexível, colonoscopia, enema baritado, colonografia Ainda que o modelo de Gail forneça uma boa estimativa, neste modelo não é considerada a história computadorizada. Esta distinção é útil para que o processo decisório, uma vez que os objetivos dos testes são distintos. GETH Newsletter 2009 Volume 07 Número 07 Rastreamento em Câncer de Mama e Câncer Colorretal: Atualização das Recomendações da American Cancer Society Ainda que todos os testes sejam opções aceitáveis A American Cancer Society e outras organizações a prevenção primária do câncer colorretal deve ser recomendam seguimento mais intensivo para a maior prioridade no rastreamento. Diante deste indivíduos de alto risco para câncer colorretal. fato, a colonoscopia é o método mais adequado a Indivíduos de alto risco são: (1) aqueles com história esta prioridade, entretanto, o que se observa é que de pólipos adenomatosos; (2) indivíduos com durante o processo decisório há uma variabilidade história pessoal de câncer colorretal; (3) indivíduos na escolha do método. com história familiar de câncer colorretal ou pólipos As opções de rastreamento devem ser escolhidas com base no risco individual, preferências pessoais e acesso. Adultos de risco populacional (ou seja sem nenhum fator de risco para câncer colorretal) devem começar o rastreamento aos 50 anos, com uma das opções: 1) FOBT ou FIT anual; 2) sDNA (intervalo indefinido); 3) sigmoidoscopia flexível a cada cinco anos; 4) colonoscopia a cada 10 anos; 5) enema baritado a cada cinco anos; ou 6) colonografia a em um familiar de primeiro grau antes dos 60 anos; (4) indivíduos com aumento do risco em razão de doença intestinal inflamatória de longa duração; (5) indivíduos com risco alto em razão de síndromes hereditárias, mais especificamente síndrome de Lynch ou polipose adenomatosa familiar. Para estes indivíduos o aumento no seguimento geralmente significa a recomendação de colonoscopia, com início em idade mais precoce e em um intervalo de tempo menor. cada cinco anos. Um único gFBOT coletado durate A colonografia é um método sensível, em o toque retal não é recomendado para rastreamento, estudos multicêntricos detectou 90% dos pacientes em razão da sua baixa sensibilidade para adenomas com adenomas grandes ou câncer, com 86% de avançados (maiores que 1cm, com histologia túbulo- especificidade. Desta forma, a colonografia é um vilosa, e sésseis) e câncer. método aceitável para o rastreamento de câncer Os profissionais de saúde devem fornecer colorretal. informações sobre os benefícios e limitações de cada teste. GETH Newsletter 2009 Volume 07 Número 07