Capital de Risco, Economia e Sociedade Periodicamente somos confrontados com informação proveniente de diversas organizações internacionais sobre o impacto do Capital de Risco na Economia e na Sociedade. Apesar de na maioria dos casos as conclusões serem consensuais quanto ao efeito positivo deste instrumento de financiamento, não quero deixar de aproveitar o facto de ter tido conhecimento de um estudo realizado pela ASCI – Associação Espanhola de Entidades de Capital de Risco (www.asci.org), para reflectir com os leitores do D.E. sobre o porquê do nosso Governo dever continuar a apoiar o desenvolvimento do sector de Capital de Risco (C.R.) no nosso País. Nesse sentido começo por dar a conhecer que o citado estudo cobriu um universo de 1463 empresas que foram financiadas por C.R. no período compreendido entre 1993 e 2004, as quais se encontravam nos mais diversos estágios de desenvolvimento, isto é, desde as fases iniciais, de expansão ou em processos de buyouts ou de substituição. Por sua vez, foram identificadas empresas compativeis com as constantes do citado universo, mas que não receberam C.R., tendo em vista estabelecer um grupo de controlo que servisse de contraste aos resultados por aquelas alcançados. Desde logo a primeira conclusão a retirar deriva do facto de as empresas alavancadas por C.R. criarem emprego a um ritmo anual de 14,7% contra apenas 5,7% alcançado nas empresas que não beneficiaram da citada alavancagem. Em termos absolutos, o estudo demonstra que foram criados, no período em análise pelas empresas alvo de C.R., cerca de 100.000 empregos, isto é, cinco vezes mais do que o criado pelas empresas que serviram de base ao referido grupo de controlo. Noutra perspectiva o C.R. foi responsável por cerca de 6% de todo o emprego criado na economia espanhola e isto sem considerar os empregos indirectos gerados pelas suas empresas participadas nem o facto da citada criação de emprego ocorrer nas empresas em fases iniciais, logo em negócios de forte pendor tecnologico. A segunda conclusão importante permite constatar que o C.R. tem um forte impacto ao nivel das competencias de gestão das empresas participadas, uma vez que os seus volumes de negócios e resultados brutos cresceram a uma média anual de 24,7% contra apenas 8,6% e 8,9%, respectivamente, das empresas que não tiveram acesso ao C.R. De referir que este incremento de facturação em termos reais, foi quatro vezes superior ao obtido pelas empresas similares não financiadas com C.R. Quanto ao indicador Activo total, as empresas financiadas por C.R viram o mesmo sofrer um acrescimo anual de 23,4%, enquanto os activos intangíveis foram incrementados em 37,1%, ou seja, entre cinco e dez vezes mais que as empresas não participadas por C.R. Naturalmente que o alinhamento dos interesses das Equipes de Gestão, das empresas participadas, com os Investidores, a disciplina financeira exigida e com forte ênfase na geração de fluxos de caixa positivos, o valor acrescentado e conhecimento que aportam, os profissionais que gerem os fundos dos investidores, na vertente operacional, financeira e da sua rede de contactos são factores fundamentais na obtenção dos resultados alcançados pela generalidade das empresas que mereceram investimento por parte das S.C.R a operar em Espanha. A terceira e última conclusão foi de cariz fiscal e demonstrou que as empresas apoiadas por C.R. obtiveram um incremento anual e acumulado estimado em 24,3%, muito acima dos 12,6 % calculados para empresas comparaveis não participadas por empresas de capital de risco. Em resumo podemos concluir que, se duvidas houvesse ainda, as empresas alavancadas por C.R. estimulam fortemente a economia, e sendo empreendimentos de rápido crescimento, criam emprego a um ritmo mais elevado que as demais empresas, investem mais em activos, o que por sua vez, permite incrementos de produção, nomeadamente a nivel internacional. Em face do exposto não é de admirar que o C.R. esteja a ser um dos grandes protagonistas do sucesso alcançado pela economia espanhola nos ultimos anos, nem que a nível europeu só seja ultrapassado pelo Reino Unido, França e Alemanha. Texto elaborado Competitividade . por Francisco Banha Vice-Presidente do Fórum para a