COMUNICAÇÃO TÉCNICA _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________ Nº 174026.1 Influência de nano reservatório de bactericida no desempenho de revestimentos para controle de processos de corrosão Neusvaldo Lira de Almeida Vanessa Y.N. Ferrari Johny H. de Oliveira Mariliza dos Santos Harold R. Léon Rodrigo G. De Luca Palestra apresentada no INTERCORR 2016 A série “Comunicação Técnica” compreende trabalhos elaborados por técnicos do IPT, apresentados em eventos, publicados em revistas especializadas ou quando seu conteúdo apresentar relevância pública. ___________________________________________________________________________________________________ Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo S/A - IPT Av. Prof. Almeida Prado, 532 | Cidade Universitária ou Caixa Postal 0141 | CEP 01064-970 São Paulo | SP | Brasil | CEP 05508-901 Tel 11 3767 4374/4000 | Fax 11 3767-4099 www.ipt.br Influência de nano reservatórios de bactericida no desempenho de revestimentos para controle de processos de corrosão Neusvaldo L. de Almeida - IPT Vanessa Y. N. Ferrari - IPT Johny H. de Oliveira - FIPT Mariliza dos Santos - FIPT Harold R. Léon - CONFAB Rodrigo G. De Lucca - CONFAB 1 Introdução Equipamentos de armazenamento e transporte de petróleo e derivados frequentemente apresentam problemas de corrosão que podem estar relacionados à presença de microrganismos principalmente bactérias redutoras de sulfato e ferrobactérias. As medidas de controle mais utilizadas envolvem injeção permanente de biocidas nos tanques de armazenamento de petróleo, sistemas de proteção catódica e utilização de revestimentos convencionais. 2 Potenciais de Proteção Catódica SOLOS ≤ - 850 mV (Cu/CuSO4). ÁGUA DO MAR ≤ - 800 mV (Ag/AgCl). BRS SOLOS ≤ - 950 mV (Cu/CuSO4). ÁGUA DO MAR ≤ - 900 mV (Ag/AgCl). Proteção Catódica e Bactérias BRS HS-; S2- H2S H+; HS-; S2ppt insolúveis de Fe Deslocam o potencial de equilíbrio do Fe de -100 mV 4 Este critério, no entanto, não é consenso entre vários pesquisadores. Não há limite seguro de potenciais que garantam a efetividade de sistemas de proteção catódica. Em estudos com potenciais de até -1300 mV(Cu/CuSO4) não houve proteção catódica. No caso das BRS, forma-se um biopolímero que impede a corrente de proteção chegar até o aço-carbono. E as Ferrobactérias ? Estes microrganismos* oxidam os íons Fe++ a Fe+++ para obter energia. Em geral, os microrganismos oxidantes de íons metálicos (ferro) criam ambientes fortemente corrosivos para o ferro e suas ligas, pelo aumento da concentração de íons cloreto, pela formação de cloreto de ferro ácido. Ocorre predominantemente na forma de pites. A parede da tubulação é corroída por baixo da massa tubercular. Condição anaeróbica BRS * Bactérias do gênero Gallionella, Sphaerotillus, Crenothrix e Leptothrix,VIDELA, 2003 Água prod. PC -800 mVAg/AgCl com inoculação de BRS+FeB. Tempo de ensaio: 90 dias. Água prod. com PC -900 mV, com inoculação de BRS. Tempo de ensaio: 90 dias. Água prod. com inoculação de FeB, com PC galvânica. Tempo de ensaio: 90 dias. Objetivo Introduzir bactericida no revestimentos para controlar processos de corrosão microbiológica, mesmo em estruturas com proteção catódica Nanopartículas com bactericida foram incorporadas em três tipos de revestimentos: FBE, tinta epóxi e PEAD FBE EPÓXI PEAD Metodologia No epóxi líquido, bactericida em pó foi incorporado a tinta e aplicado em corpos de prova de aço-carbono 1020 com dimensões 50 mm x 40 mm x 4,5 mm. As concentrações de bactericida: 0,1 % e 0,3 %. A aplicação foi feita com pistola convencional e espessura de 400 µm. A aplicação do FBE foi feita em leito fluidizado. As concentrações de bactericida: 1 % e 5 % de bactericida. PEAD o bactericida foi introduzido na extrusão. Para todos os revestimentos, foram preparados corpos de prova sem bactericida para efeito de comparação. 9 Foram montados ensaios de imersão em cubas de acrílico, uma para cada tipo de revestimento. O meio de ensaio foi água de produção coletada em tanques de petróleo. Uma vez por semana, a água das cubas era agitada para renovação das bactérias que ficam em contato com os revestimentos. 10 Avaliação: duas metodologias Análise de quantificação de BRS e ferrobactérias; Análise pelo método de fluorescência com microscopia confocal a laser. Corpo de prova corados com marcadores fluorescentes do kit de viabilidade bacteriana Film TracerTM Live/Dead. SYTO® 9 (marcador verde fluorescente) e iodeto de propídio (marcador vermelho fluorescente). O SYTO® 9 penetra nas células bacterianas com membranas intactas (viáveis) e membranas danificadas (inviáveis) O iodeto de propídio marca membranas danificadas (inviáveis), causando a redução do SYTO® 9 quando ambos os marcadores estão presentes. As bactérias que apresentam membranas danificadas são marcadas com vermelho fluorescente e as bactérias com membranas intactas são marcadas com verde fluorescente. Avaliação microbiológica pelo método de fluorescência Resultados Água de produção – quantificação de m-BRS e ferrobactérias. RESULTADOS DA ANÁLISE QUANTITATIVA DE BACTÉRIAS Bactérias redutoras de sulfato mesófilas (m-BRS) Período de incubação: 28 dias 4,5 x 105 Ferrobactérias Período de incubação: 10 dias 1,4 x 106 13 Análise de uma solução contendo BRS O objetivo era confirmar se os marcadores SYTO® 9 (marcador verde fluorescente) e iodeto de propídio (marcador vermelho fluorescente) tinham atuação frente à m-BRS. Esquerda, células bacterianas coradas com o marcador verde fluorescente. Centro, células bacterianas coradas com o marcador vermelho fluorescente. Direita, sobreposição das duas imagens. Os marcadores do kit Film TracerTM Live/Dead funcionaram para as células de BRS. O número das células bacterianas com membranas viáveis (verde fluorescente) é bem superior ao das células bacterianas com membranas inviáveis (vermelho fluorescente). FBE RESULTADOS DA ANÁLISE QUANTITATIVA DE BACTÉRIAS Condição Corpo de prova sem bactericida BRS Período de incubação: 28 dias 2,5 x 103 Ferrobactérias Período de incubação: 10 dias 2,5 x 102 Corpo de prova com 1 % de bactericida 1,0 x 103 3,8 x 102 Corpo de prova com 5 % de bactericida 1,0 x 104 1,7 x 103 Não foi comprovada a eficiência do bactericida pela análise de quantificação de m-BRS e ferrobactérias. FBE, SEM BACTERICIDA. Esquerda, marcador verde fluorescente. Centro, marcador vermelho fluorescente. Direita, sobreposição das duas imagens. FBE COM 1 % DE BACTERICIDA. Imagem à esquerda, marcador verde fluorescente. Imagem central, marcador vermelho fluorescente. Imagem à direita, sobreposição das duas imagens. FBE, COM 5 % DE BACTERICIDA Imagem à esquerda, marcador verde fluorescente. Imagem central, marcador vermelho fluorescente. Imagem à direita, sobreposição das duas imagens. As figuras dos corpos de prova com 1 % de bactericida mostram quantidade menor de bactérias com membranas viáveis (verde fluorescente) em relação aos corpos de prova sem bactericida. Regiões com sobreposição idêntica das duas imagens (verde e vermelho), ou seja, regiões em amarelo na micrografia à direita, não são indícios da presença de bactérias uma vez que células bacterianas com membranas viáveis (verde fluorescente) não poderiam aparecer como células bacterianas com membranas inviáveis (vermelho fluorescente) ao mesmo tempo. Na concentração de 5 % de bactericida verificou-se uma quantidade menor de células bacterianas com membranas viáveis e também com membranas inviáveis. Não é possível afirmar com segurança se não havia bactérias ou se o bactericida impediu a formação de biofilme. Porém, como os corpos de prova estavam na mesma cuba dos corpos de prova com 1 % de bactericida e, nestes, havia bactérias aderidas, a hipótese mais provável é que a concentração de 5 % tenha impedido a formação do biofilme. 19 TINTA EPÓXI RESULTADOS DA ANÁLISE QUANTITATIVA DE BACTÉRIAS Condição m-BRS Período de incubação: 8 dias Ferrobactérias Período de incubação: 10 dias 1,0 x 103 Corpo de prova sem bactericida > 3,2 x 107 Corpo de prova com 0,1 % de bactericida 4,5 x 102 4,6 x 103 Corpo de prova com 0,3 % de bactericida 3,4 x 103 4,6 x 103 TINTA EPÓXI SEM BACTERICIDA Esquerda, com marcador verde fluorescente. Centro, com marcador vermelho fluorescente. Direita, sobreposição das duas imagens. TINTA EPÓXI COM 0,1 % Esquerda, imagem adquirida com marcador verde fluorescente. Central, imagem adquirida com marcador vermelho fluorescente. Direita, sobreposição das duas imagens. TINTA EPÓXI COM 0,3 % Esquerda, com marcador verde fluorescente. Central, com marcador vermelho fluorescente. Direita, sobreposição das duas imagens. O corpo de prova com 0,1 % de bactericida mostrou uma quantidade menor de células bacterianas com membranas viáveis (verde fluorescente) em relação ao corpo de prova sem bactericida. Nesse corpo de prova com 0,1 % de bactericida também foi verificado alguns pontos corados em vermelho fluorescente (células bacterianas com membranas inviáveis) quando comparado ao corpo de prova sem bactericida. O corpo de prova com 0,3 % de bactericida apresentou células bacterianas viáveis e inviáveis, mas em menor quantidade em comparação com o corpo de prova sem bactericida e com 0,1 % de bactericida. PEAD RESULTADOS DA ANÁLISE QUANTITATIVA DE BACTÉRIAS Condição Corpo de prova sem bactericida Corpo de prova com bactericida m-BRS Período de incubação: 28 dias 3,4 x 102 1,4 x 102 Ferrobactérias Período de incubação: 10 dias 6,6 x 102 3,7 x 102 25 PEAD SEM BACTERICIDA Esquerda, marcador verde fluorescente. Central, marcador vermelho fluorescente. Direita, sobreposição das duas imagens. 26 PEAD COM BACTERICIDA Esquerda, marcador verde fluorescente. Central, marcador vermelho fluorescente. Direita, sobreposição das duas imagens. 27 As imagens do corpo de prova sem bactericida mostra células bacterianas com membranas viáveis (verde fluorescente). Já as do corpo de prova com bactericida, embora tenham apresentado uma grande quantidade de células bacterianas com membranas viáveis, foram verificadas também células bacterianas com membranas inviáveis (vermelho fluorescente), podendo ser um indicativo da atuação do bactericida. Conclusões 1. As análises quantitativas não permitiram avaliar a eficiência do bactericida, exceto na tinta epóxi liquida. 2. A análise por fluorescência na concentração de bactericida 1 % no FBE e 0,1 % no epóxi liquido, identificou menor quantidade de células bacterianas com membranas viáveis comparado aos corpos de prova sem bactericida. 3. As concentrações de bactericida (5 % no FBE e 0,3 % no epóxi liquido) mostraram menor quantidade tanto de células bacterianas com membranas viáveis quanto com membranas inviáveis. Como houve o aparecimento de bactérias aderidas nos corpos de provas com menor concentração de bactericida, supostamente, as concentrações maiores de bactericida podem ter impedido a formação de biofilme; 4. Os corpos de prova de PEAD, com bactericida, apresentaram células bacterianas com membranas inviáveis, podendo ser um indicativo da atuação do bactericida. 29 Agradecimentos