Como se produz uma vacina? A tecnologia Este é o Instituto Butantan, o maior produtor de vacinas e soros da América Latina e cujo maior cliente atualmente é o Ministério da Saúde. Já a tecnologia original é da Sanofi Pasteur, a divisão de vacinas da empresa francesa Sanofi. A tecnologia O domínio do método de produção da vacina exigiu um intercâmbio dos pesquisadores brasileiros na França. Ao retornar ao Butantan, iniciou-se um processo gradual de implementação que durou de 1999 a 2012 e incluiu a construção do laboratório. Em 2013, 7 milhões de doses de vacina foram entregues ao Ministério da Saúde. A produção O fornecedor de ovos embrionados de galinha do Instituto Butantan tem mais de 300 mil aves da linhagem Hysex, criadas de modo controlado para produzir ovos férteis que serão incubados para desenvolvimento do embrião e utilizados exclusivamente na produção de vacinas. O transporte Todos os dias, um caminhão leva da granja para o Instituto entre 120 e 250 mil ovos de galinha embrionados de 10-11 dias, acondicionados de forma bem protegida para não haver perda. Em geral, um ovo equivale a uma dose de vacina. O transporte Os ovos são transferidos do caminhão para o interior do centro de produção em um ambiente livre de contaminação. Eles são retirados da bandeja por ventosas, que se movem e os depositam na bandeja do laboratório. O teste de qualidade Em seguida, eles passam por um aparelho chamado ovoscópio automático, que analisa sua qualidade. O teste de qualidade No processo manual da chamada ovoscopia, joga-se uma luz sobre os ovos para verificar sua vascularização e se o embrião está vivo (1), portanto ideal para produção, quais embriões estão mortos (2) e quais ovos não foram fertilizados (3). A produção Os ovos selecionados seguem para a inoculação automática, onde serão infectados com o vírus da Influenza. A produção Líquido alantoico Na inoculação, uma agulha faz um furo no topo da casca enquanto outra agulha injeta o vírus diretamente na cavidade alantoica. A produção A incubação é a etapa seguinte. Em cada incubadora cabem em torno de 120 mil ovos. A produção Após a replicação do vírus durante a incubação, os ovos são colocados em uma câmara fria. Nesta etapa, há a morte do embrião, a retração dos vasos sanguíneos e a liberação do vírus no líquido alantoico, que é coletado logo depois. A produção A coleta do líquido alantoico é feita cortando o topo dos ovos e virando-os de cabeça para baixo. A produção O material colhido - 1500 litros - é filtrado e enviado para a sala de clarificação, onde passa por uma centrífuga para retirar os restos de membrana, cascas e hemácias. Ao final, os 120-140 mil ovos se tornam aproximadamente 100 litros de material concentrado. A produção Após duas rodadas de purificação, os 100 litros são reduzidos a 1000 mL, o equivalente a 400 mil doses. Essa é a parte mais cara do processo, visto que cada gota contem várias doses de vacina. A produção Após a purificação, o material resultante é diluído e recebe um detergente para fragmentar o vírus. Após um tempo, a suspensão viral é clarificada para eliminar os restos maiores ou mesmo vírus inteiros. Depois, o material é diafiltrado para eliminar um pouco do detergente, mas não todo, pois o composto ajuda na imunogenicidade da vacina e também a não formar agregados. A finalização A suspensão viral fragmentada é então inativada com formaldeído para tornar o vírus sem capacidade de replicar, infectar e causar doença. O produto passa por uma filtração esterilizante e, em seguida, por uma amostragem para verificar a qualidade da vacina Influenza monovalente. A finalização O material fica estocado em câmara fria, até a aprovação. A etapa seguinte é a da formulação, quando são misturados os três tipos de monovalentes e outras substâncias para a vacina chegar à composição e diluição final. No fim, a vacina formulada segue para a fase do envase, que é sua distribuição em frascos. AAdistribuição produção Depois de mais alguns procedimentos de controle de qualidade, as vacinas são então rotuladas, embaladas e entregues ao Ministério da Saúde. A utilização produção A vacina para Influenza é aplicada em crianças de seis meses a dois anos, gestantes, pessoas com 60 anos ou mais, indígenas, pessoas privadas de liberdade e profissionais de saúde. Doentes crônicos e mulheres até 45 dias após o parto se juntaram, em 2013, ao grupo prioritário para vacinação. O Ministério cuida de distribuir as vacinas nos postos de saúde e organizar as campanhas de vacinação. Resumindo... A produção Recepção e controle dos ovos embrionados Inoculação e incubação Colheita do líquido alantóico Clarificação e concentração do vírus Purificação Fragmentação e inativação viral Filtração esterilizante Vacina Influenza (fragmentada e inativada) Suspensão monovalente Equipe Diogo Cysne Madiano Marcheti Renata Fontanetto Coordenação Elisa Oswaldo-Cruz Marinho Saiba mais em http://www.butantan.gov.br