A l e x a n d r e B a n d e i r a Est raté gia Quando acaba o marketing? Consultor de Estratégia e Marketing A pergunta logo acima me foi feita por um médico que queria saber quando deveria parar de investir nas atividades de marketing da sua empresa. Ele informou que estava desenvolvendo algumas ações importantes como a revitalização da identidade corporativa, troca dos materiais de papelaria como cartões, receituários e similares e concebendo alguns outros específicos para comunicar seus serviços ao mercado. Da minha parte, informar um simples nunca – de forma direta – serviria para responder ao questionamento. Porém, decidi me ater à preocupação que estava incorporada a tal dúvida. Ouvindo um pouco mais sobre o discurso que acompanhava esse desejo, fui descortinando os motivos que levaram o doutor a tentar estabelecer uma data para “encerrar” o seu marketing. As conclusões obtidas, que me motivaram a escrever este artigo, por incrível que pareça, são mais comuns e afligem boa parte do segmento de mercado da saúde. A primeira delas é que as pessoas que decidem empreender negócios nesse ramo não sabem exatamente o que é marketing e nem para que serve. E, logicamente, da mesma forma quando compramos algo e decidimos usá-lo sem antes ler o manual, o risco de o utilizarmos da maneira errada é muito mais elevado. É importante se pensar em marketing pela sua função mais elementar, que é a de se atender, satisfazer (e até superar) desejos e necessidades dos consumidores. Por isso mesmo, é responsabilidade dele R e v i s t a M é d i c o gerenciar as conexões entre as empresas e os clientes. Logomarcas, cartões de visita e folders são alguns dos instrumentos que também podem comunicar essa vocação, mas, em verdade, não são sinônimos literais de marketing. Vou tentar explicar isso melhor utilizando uma analogia: vamos supor que você construa uma caravela e que dedique nesse processo a utilização dos “O marketing é o vento que leva seu empreendimento até o cliente ” materiais mais nobres com um padrão de design muito sofisticado. Podemos fazer uma correlação de que a caravela é a sua empresa; os materiais mais nobres, os equipamentos médicos de última geração; e a estética diferenciada, seu portfólio de comunicação e instalações. Está tudo aparentemente perfeito. Porém, se não houver vento sua caravela (ou sua empresa) não vai a lugar algum. O marketing é o vento que leva seu empreendimento até o cliente. Sem ele, a embarcação não só pára no tempo e espaço, como também deixa de cumprir com sua finalidade: ligar o que você faz, a quem precisa do que você faz. É por isso que o marketing vem sempre alicerçado pelo conceito de gestão. É se é assim, deve ser trabalhado de maneira contínua. Se tal fundamento não fosse verdadeiro, empresas líderes de mercado não seriam os principais exemplos dessa prática. Grupos como Coca-Cola, Unilever e Samsung possuem ótimos portfólios de produtos, mas também uma capacidade exemplar de aproximá-los do mercado consumidor. É muito comum nos depararmos com empresas no ramo de saúde que possuem décadas de existência e uma competência interna singular, mas que não construíram, ao longo desse período, um posicionamento de destaque. São muito mais empresas velhas do que tradicionais. São fragmentos, um registro do instante da história em que estagnaram. Dos seus donos, em geral, ficam apenas os testemunhos sobre o que deixaram de fazer e o tempo perdido, que certamente não volta mais. Enfim, depois de passar por esta narrativa, voltamos, agora sim, a responder com maior tranquilidade a questão inicial: o marketing nunca acaba. Ele é uma necessidade da empresa e uma responsabilidade do seu dono ou gestor para com ela. Não é um custo, é investimento permanente. E se você costuma considerá-lo caro, supérfluo ou dispensável, certamente sua âncora já está lançada ao mar. Contato com a Coluna [email protected] www.twitter.com/StrattegiaSaude 2 1