7.0 HABITATS E ECOSSISTEMAS SENSÍVEIS 7.0 HABITATS E ECOSSISTEMAS SENSÍVEIS 7.1. Abordagem metodológica Apesar de não existirem na área locais com estatuto legal de conservação, ocorrem habitats/ecossistemas que, pela sua natureza e importância ecológica, podem ser alterados com a implementação das actividades do projecto. Estes habitats/ecossistemas incluem zonas ribeirinhas, florestas costeiras, dambos, nascentes naturais, locais de declive íngreme, entre outros. Para cada um destes habitats/ecossistemas foram identificados os parâmetros capazes de sofrer alteração com a implementação do projecto e os respectivos indicadores. Numa primeira abordagem, expressa no EPDA, acreditava-se ser possível atribuir uma pontuação aos indicadores. Do somatório da pontuação dos indicadores determinar-se-ia o nível de sensibilidade de cada habitat/ecossistema. Contudo, depois dos trabalhos de campo essa abordagem foi alterada e optou-se por uma classificação qualitativa. Na realidade, uma pontuação quantitativa não espelhava a realidade encontrada no terreno pelas seguintes razões: parte dos habitats apresenta-se em mosaicos complexos de composição múltipla e intrincada a tabela anteriormente desenhada para a pontuação é demasiado simplista e redutora não se conhecem as dinâmica de mudança nem existem estudos de base suficientes para uma caracterização da situação de referência Por estas razões, preferiu-se uma avaliação qualitativa que, respeitando os critérios já expressos no EPDA, definiu os níveis de sensibilidade nas seguintes categorias: Categoria 3 - Pouco sensível As actividades de prospecção podem ocorrer sem restrições particulares. Categoria 2 - Moderadamente sensível; A prospecção pode ocorrer mas com restrições, prevista a aplicação de medidas especiais. Categoria 1 - Sensível a bastante sensível Em princípio, estes habitats devem ser evitados. Apenas em situações particulares e condições específicas se deve autorizar a sua interferência. Os habitats/ecossistemas cujo nível de sensibilidade é considerado moderadamente sensível (2) e sensível a bastante sensível (1) são a seguir categorizados. 7.2. Categorização dos diferentes ecossistemas/habitats e locais sensíveis A Tabela 7-1 apresenta a categorização dos ecossistemas/habitats e locais sensíveis relevantes na área envolvente. Medidas de mitigação e monitoria específicas bem como as tarefas do Oficial Ambiental de Campo são apresentadas para os habitats/ecossistemas de categorias de sensibilidade 1 e 2. Prospecção Sísmica de Hidrocarbonetos no Bloco Terrestre (onshore) da Bacia do Rovuma – EIA 7-1 7.0 HABITATS E ECOSSISTEMAS SENSÍVEIS As medidas de mitigação para os ecossistemas/ habitats e locais da categoria de sensibilidade 2 são aplicáveis para a prospecção sísmica 2D, 3D e perfuração de poços. De recordar que as medidas de mitigação e condições específicas para a prospecção 3D e perfuração exploratória serão incluídas nas adendas a produzir depois de identificação dos sítios exactos das operações. Prospecção Sísmica de Hidrocarbonetos no Bloco Terrestre (onshore) da Bacia do Rovuma – EIA 7-2 7.0 HABITATS E ECOSSISTEMAS SENSÍVEIS Tabela 7-1. Ecossistemas/habitats de categoria de sensibilidade 1 e as condições específicas respectivas na etapa de prospecção sísmica 2D e 3D. Ecossistemas/ Categoria Condições especificas para a prospecção sísmica Tarefa do OAC habitats/ locais Lagos e Lagoas 1 1) O método de ajustamento do traçado (desvio máximo Monitorar a aplicação das condições e de 6 graus) será usado para que se evite a travessia medidas de mitigação. de lagos a lagoas. Auxiliar na implementação das medidas e 2) Quando o ajustamento do traçado não for possível decisões práticas no campo em será demarcada uma área tampão com largura de 15 coordenação com o empreiteiro. metros contados a partir da margem da lagoa Reportar ao MICOA sobre eventuais (identificada pela vegetação aquática ou por marca alterações indicativa da linha média de enchimento da lagoa) definindo-se que nenhuma cavidade para explosivo será aberta nesta área. 3) Os geofones poderão ser colocados ao longo da lagoa mas todos os cuidados devem ser tomados para não ocasionar qualquer perturbação ao longo da linha dos geofones. 4) O uso de Bulldozers para abrir as linhas sísmicas não será feito para além de uma distância de 30m da margem da lagoa. Corte manual será conduzido dessa distância até ao limite da zona tampão (15 metros da margem da lagoa). 5) A deslocação do bulldozer para o lado oposto da lagoa deve ser processada com a lamina levantada até que se ultrapasse os 15 metros da zona tampão e deve, para além disso, evitar todas as zonas sensíveis adjacentes. Se o corte da vegetação for requerido para alcançar a outra margem da lagoa essa operação será efectuada deforma a garantir o mínimo de perturbação ambiental fora da zona limite dos 15 metros. Prospecção Sísmica de Hidrocarbonetos no Bloco Terrestre (onshore) da Bacia do Rovuma – EIA 7-3 7.0 HABITATS E ECOSSISTEMAS SENSÍVEIS Florestas de encostas 1 sobre declives íngremes 1. Para evitar a aquisição e desbravamento das linhas sísmicas tanto na vertical como na horizontal em declives íngremes o método de ajustamento do traçado (desvio máximo de 6 graus) será empregue. 2. Onde não for possível ajustar as linhas sísmicas de modo a evitar os declives íngremes a aquisição sísmica deve ser efectuada de deforma a garantir o mínimo de perturbação ambiental no declive e nos solos e também prevenir a compactação dos solos e problemas de erosão. 3. A remoção da vegetação com bulldozers deve cessar 30 metros antes do declive íngreme. Subsequentemente, o corte manual pode ser permitido utilizando um sistema irregular de zig-zag onde se corta até ao nível do chão com o objectivo de conservar o sistema de raízes. 4. Se um bulldozer ou veículo necessita atravessar um declive íngreme ao longo de uma linha sísmica, o atapetamento do caminho com plataformas especiais e numa direcção em zig-zag deve ser efectuado. 5. Imediatamente após a prospecção sísmica devem se tomar medidas preventivas para diminuir o potencial de erosão do solo. Estas podem incluir a restauração do solo, replantação da área afectada e o amortecer do declive com a vegetação removida. Prospecção Sísmica de Hidrocarbonetos no Bloco Terrestre (onshore) da Bacia do Rovuma – EIA 7-4 Monitorar a aplicação das condições e medidas de mitigação. Auxiliar na implementação das medidas e decisões práticas no campo em coordenação com o empreiteiro. Reportar ao MICOA sobre eventuais alterações 7.0 HABITATS E ECOSSISTEMAS SENSÍVEIS Áreas identificadas de 1 valor importante para a biodiversidade de fauna bravia Nascentes, habitats ribeirinhos e de canais de drenagem 1 1) As linhas sísmicas serão abertas manualmente a uma largura máxima de 3 metros. 2) Serão identificados, no máximo, dois acampamentos para os trabalhadores fora da área estabelecida antes da aquisição sísmica. A localização e a disposição dos acampamentos devem ser concebidos de forma a garantir o mínimo de perturbação ambiental e à fauna bravia. 3) Todas as linhas sísmicas serão fechadas imediatamente após a aquisição sísmica. 1) O método de ajustamento do traçado (desvio máximo de 6 graus) será usado para que se evite a travessia de habitats ribeirinhos e de canais de drenagem. 2) Caso o ajustamento do traçado não for possível será demarcada uma área tampão com largura de 15 metros contados a partir da margem do rio ou do canal de drenagem (identificada pela vegetação aquática ou por uma margem de água indicativa) definindo-se que nenhuma cavidade para explosivo será aberta nessa área. 3) Os geofones poderão ser colocados de maneira a atravessar o rio mas todos os cuidados devem ser tomados para não ocasionar qualquer perturbação ao longo da linha dos geofones. 4) O uso de Bulldozers para abrir as linhas sísmicas não será feito para além de uma distância de 30m da margem do rio ou do canal de drenagem. A remoção da vegetação será efectuada através do corte manual até ao limite da zona tampão (15 metros da margem do rio). 5) A mobilização do bulldozer para a margem oposta do rio ou do canal de drenagem deve ser efectuada na Prospecção Sísmica de Hidrocarbonetos no Bloco Terrestre (onshore) da Bacia do Rovuma – EIA 7-5 Monitorar a aplicação das condições e medidas de mitigação. Auxiliar na implementação das medidas e decisões práticas no campo em coordenação com o empreiteiro. Reportar ao MICOA sobre eventuais alterações Monitorar a aplicação das condições e medidas de mitigação. Auxiliar na implementação das medidas e decisões práticas no campo em coordenação com o empreiteiro. Reportar ao MICOA sobre eventuais alterações 7.0 HABITATS E ECOSSISTEMAS SENSÍVEIS área mais adequada para minimizar o impacto ambiental e com a lâmina erguida. O uso de “corduroying” ou de uma ponte temporária sobre o sistema ribeirinho ou do canal de drenagem deve ser empregue de forma a garantir o mínimo de perturbação ambiental e se necessário, restauração activa do local deve ser efectuado depois da aquisição sísmica. 6) Em circunstâncias excepcionais onde a largura do habitat ribeirinho ou do canal de drenagem comprometam gravemente a qualidade dos dados então pode se aplicar a seguinte tolerância em termos de cavidades para explosivos “shotholes”: a. Largura do habitat ribeirinho > 350m – É permitido um ponto de detonação de explosivos (source point). O local do ponto deve ser seleccionado deforma a garantir o mínimo de perturbação ambiental b. Largura do habitat ribeirinho > 500m – São permitidos dois pontos de detonação de explosivos (source points). Os locais dos pontos devem ser seleccionados deforma a garantir o mínimo de perturbação ambiental. 7) Nascentes devem ser evitadas a uma distância de 100 metros. Prospecção Sísmica de Hidrocarbonetos no Bloco Terrestre (onshore) da Bacia do Rovuma – EIA 7-6 7.0 HABITATS E ECOSSISTEMAS SENSÍVEIS Floresta costeira identificada 1 1) Para a prospecção sísmica o método de ajustamento do traçado (desvio máximo de 6 graus) será empregue para evitar áreas de floresta costeira identificadas. 2) No caso de não for possível usar o método de ajustamento da linha, deve se fazer o corte manual a uma largura de 3 metros. 3) Não é permitido o estabelecimento de acampamentos em áreas identificadas de floresta costeira. Monitorar a aplicação das condições e medidas de mitigação. Auxiliar na implementação das medidas e decisões práticas no campo em coordenação com o empreiteiro. Reportar ao MICOA sobre eventuais alterações Locais Sagrados / Florestas sagradas 1 Requisitar aos líderes espirituais e encarregados uma autorização especial. Caso a autorização seja concedida: 1) Cerimónias específicas devem ser realizadas e o proponente será responsável pelas respectivas despesas; 2) Métodos de baixo impacto e de invasão devem ser empregues. O uso manual do corte da vegetação deve prevalecer comparado com o uso de bulldozers. Para as actividades de perfuração e detonação de explosivos deve ser observada uma distância mínima de 15 metros do local principal da cerimónia. Geofones podem ser colocados sem qualquer restrição, dependendo das negociações com o encarregado. 3) Após a finalização das actividades deve-se efectuar reabilitação imediata das áreas afectadas. 4) Qualquer infra-estrutura existente na área que seja destruída ou danificada deve ser indemnizada ou reconstruída a um nível igual ou melhor que anteriormente. Monitorar a aplicação das condições e medidas de mitigação. Auxiliar na implementação das medidas e decisões práticas no campo em coordenação com o empreiteiro. Reportar ao MICOA sobre eventuais alterações Prospecção Sísmica de Hidrocarbonetos no Bloco Terrestre (onshore) da Bacia do Rovuma – EIA 7-7 7.0 HABITATS E ECOSSISTEMAS SENSÍVEIS Locais históricos/ arqueológicos 1 Cemitérios 1 1) Contactar a Direcção de Cultura Distrital e Provincial para requisitar uma autorização para conduzir exploração sísmica em locais históricos ou arqueológicos. No caso da autorização ser concedida, devem-se adoptar as medidas indicadas pelas respectivas autoridades. 2) Após a autorização das respectivas autoridades para trabalhar em locais históricos e arqueológicos o trabalho deve recorrer a técnicas menos invasivas e a métodos de baixo impacto. Não é permitido o uso de bulldozers. A perfuração e detonação de explosivos são limitadas por uma área tampão de 15 metros à volta de estruturas vulneráveis (estatuas, edifícios históricos). 3) Após a finalização das actividades deve-se efectuar a reabilitação imediata das áreas afectadas. Requisitar ás famílias afectadas autorização para remover os restos mortais. No caso da autorização ser concedida, o proponente deve: 1) Identificar, em coordenação estrita com as autoridades locais e as famílias afectadas locais alternativos para depositar os restos mortais; 2) Fornecer assistência na remoção dos restos mortais sem causar danos; 3) Cobrar os custos financeiros relacionados com a remoção e recolocação dos restos mortais e de cerimónias específicas que devem ser conduzidas. Prospecção Sísmica de Hidrocarbonetos no Bloco Terrestre (onshore) da Bacia do Rovuma – EIA 7-8 Monitorar a aplicação das condições e medidas de mitigação. Auxiliar na implementação das medidas e decisões práticas no campo em coordenação com o empreiteiro. Reportar ao MICOA sobre eventuais alterações Monitorar a aplicação das condições e medidas de mitigação. Auxiliar na implementação das medidas e decisões práticas no campo em coordenação com o empreiteiro. Reportar ao MICOA sobre eventuais alterações 7.0 HABITATS E ECOSSISTEMAS SENSÍVEIS Tabela 7-2. Ecossistemas/habitats de categoria de sensibilidade 2 e as medidas de mitigação respectivas na fase de prospecção 2D, 3D Ecossistemas/ habitats/ locais Categoria Medidas de mitigação específicas para a prospecção sísmica Tarefa do OAC Áreas habitacionais 2 Aplicam-se os seguintes métodos de mitigação: Evitar interferir com as habitações; Comunicar às comunidades afectadas sobre a proximidade das actividades e seus possíveis impactos; Aplica-se o desvio de 6 graus; Aplicam-se os seguintes métodos de mitigação: Informar às entidades administrativas com antecedência sobre as actividades e o cronograma de actividades; Aplica-se o desvio máximo de 6 graus; Aplicam-se os seguintes métodos de mitigação: Monumentos históricos Machambas 2 2 Evitar actividades de prospecção em épocas de produção devendo esta ocorrer sempre que possível depois das colheitas; Caso não seja possível os proprietários das culturas deverão ser devidamente indemnizados pela produção perdida; Prospecção Sísmica de Hidrocarbonetos no Bloco Terrestre (onshore) da Bacia do Rovuma – EIA 7-9 Observar a implementação dos métodos de mitigação. Auxiliar na implementação das medidas e decisões práticas no campo em coordenação com o empreiteiro. Observar a implementação dos métodos de mitigação. Auxiliar na implementação das medidas e decisões práticas no campo em coordenação com o empreiteiro. Observar a implementação dos métodos de mitigação. Auxiliar na implementação das medidas e decisões práticas no campo em coordenação com o empreiteiro. 7.0 HABITATS E ECOSSISTEMAS SENSÍVEIS Termiteiras Árvores de tamanho grande e/ou de interesse comercial (> 50 cm dap) 2 2 Aplicam-se os seguintes métodos de mitigação: O OAC deve inspeccionar se as termiteiras estão activas ou não. Caso o sejam aplica-se o desvio de 6 graus sobre as mesmas; A remoção da vegetação sobre as termiteiras deverá ser feita manualmente. Aplicam-se os seguintes métodos de mitigação: Contornar todas as árvores de interesse comercial e sagradas (e.g. imbomdeiros); Contornar todas as árvores de tamanho grande (50 cm DAP) Aplica-se o desvio de 6 graus; Prospecção Sísmica de Hidrocarbonetos no Bloco Terrestre (onshore) da Bacia do Rovuma – EIA Observar a implementação dos métodos de mitigação. Auxiliar na implementação das medidas e decisões práticas no campo em coordenação com o empreiteiro. Observar a implementação dos métodos de mitigação. Auxiliar na implementação das medidas e decisões práticas no campo em coordenação com o empreiteiro. 7-10 7.0 HABITATS E ECOSSISTEMAS SENSÍVEIS Tabela 7-3. Habitats/Ecossistemas de categoria de sensibilidade 1 e as medidas de mitigação respectivas na etapa de perfuração Ecossistemas/ habitats/ locais Categoria Condições especificas para a etapa de perfuração Tarefa do OAC Lagos e Lagoas 1 Florestas de encostas sobre 1 declives íngremes 1) A área de perfuração deve estar situada a mais de 100 metros da margem da lagoa ou lago. 2) Se o local de perfuração for contestado, este deve ser avaliado por um comité multidisciplinar aprovada pelo MICOA. 3) Nenhuma das actividades de perfuração deve ser realizada de modo a afectar directa ou indirectamente as áreas de lagos ou lagoas. 4) Água proveniente das actividades de perfuração exploratórias tanto á superfície como no subsolo não pode escorrer para as lagoas ou lagos. 1) Será evitada a perfuração exploratória sobre zonas de declive íngreme. 2) Onde não for possível ajustar a localização do furo de modo a evitar os declives íngremes, a perfuração deve ser efectuada de forma a garantir o mínimo de perturbação ambiental no declive e nos solos e também prevenir a compactação dos solos e problemas de erosão. 3) A remoção da vegetação deve ser por corte manual. Isto deve ocorrer na parte basal da encosta e nunca no pico do declive. 4) Não pode ser permitida a intrusão de fluidos Prospecção Sísmica de Hidrocarbonetos no Bloco Terrestre (onshore) da Bacia do Rovuma – EIA Monitorar a aplicação das condições e medidas de mitigação. Auxiliar na implementação das medidas e decisões práticas no campo em coordenação com o empreiteiro. Reportar ao MICOA sobre eventuais alterações Monitorar a aplicação das condições e medidas de mitigação. Auxiliar na implementação das medidas e decisões práticas no campo em coordenação com o empreiteiro. Reportar ao MICOA sobre eventuais alterações 7-11 7.0 HABITATS E ECOSSISTEMAS SENSÍVEIS provenientes de descargas da perfuração no sistema de águas superficiais ou subterrâneas. Áreas identificadas de valor 1 importante para a biodiversidade de fauna bravia 1) Nenhuma perfuração deve ser localizada dentro da área fulcral, tida como a área que alberga habitats e sistemas ecológicamente vitais. 2) Caso a localização da perfuração tenha que imperiosamente ser feita na área fulcral, a localização e a disposição dos furos devem ser concebidos deforma a garantir o mínimo de perturbação ambiental e à fauna bravia. 3) A área de acampamento deve ser reduzida para somente acomodar os trabalhadores essenciais aos trabalhos de perfuração, sendo o restante alojado em acampamentos fora da área fulcral. Monitorar a aplicação das condições e medidas de mitigação. Auxiliar na implementação das medidas e decisões práticas no campo em coordenação com o empreiteiro. Reportar ao MICOA sobre eventuais alterações Nascentes, habitats ribeirinhos e de canais de drenagem 1) As actividades de perfuração devem ser efectuadas além dos 15 metros contados a partir da margem do rio ou do canal de drenagem (identificada pela vegetação aquática ou por uma margem de água indicativa). 2) A perfuração não deve interferir com o lençol freático da nascente, habitat marinho nem local de drenagem. 3) Nascentes devem ser evitadas. Caso haja uma necessidade imperiosa de perfuração junto a uma nascente, o furo deve ser localizado a uma distância não inferior a 100 metros da nascente. Monitorar a aplicação das condições e medidas de mitigação. Auxiliar na implementação das medidas e decisões práticas no campo em coordenação com o empreiteiro. Reportar ao MICOA sobre eventuais alterações 1 Prospecção Sísmica de Hidrocarbonetos no Bloco Terrestre (onshore) da Bacia do Rovuma – EIA 7-12 7.0 HABITATS E ECOSSISTEMAS SENSÍVEIS Floresta costeira identificada Locais Sagrados / Florestas sagradas Locais históricos/ arqueológicos Cemitérios 1 1 1 1 1) Nenhuma perfuração deverá ocorrer no interior de uma floresta costeira. Em caso de necessidade o sítio de perfuração deve estar localizado a uma distância mínima de 15 metros da extremidade da floresta costeira. 2) Não é permitido o estabelecimento de acampamentos satélites em áreas identificadas de floresta costeira. Requisitar aos líderes espirituais e encarregados uma autorização especial. Caso a autorização seja concedido: 1) Cerimónias específicas devem ser realizadas e o proponente será responsável pelas respectivas despesas; 2) Qualquer infra-estrutura existente na área que seja destruída ou danificada deve ser indemnizada ou reconstruída a um nível igual ou melhor que anteriormente. 1) Contactar a Direcção de Cultura Distrital e Provincial para requisitar uma autorização para conduzir perfuração exploratória em locais históricos ou arqueológicos. No caso da autorização ser concedida, devem-se adoptar as medidas indicadas pelas respectivas autoridades. Requisitar ás famílias afectadas autorização para remover os restos mortais. No caso da autorização ser concedida, o proponente deve: 1) Identificar, em coordenação estrita com as autoridades locais e as famílias afectadas locais alternativos para depositar os restos Prospecção Sísmica de Hidrocarbonetos no Bloco Terrestre (onshore) da Bacia do Rovuma – EIA Monitorar a aplicação das condições e medidas de mitigação. Auxiliar na identificação de florestas costeiras no terreno. Junto com o empreiteiro, propor sítios alternativos para a localização do furo. Monitorar a aplicação das condições e medidas de mitigação. Auxiliar na implementação das medidas e decisões práticas acordadas entre o ARTUMAS, o empreiteiro e os líderes. Monitorar a aplicação das condições e medidas de mitigação. Auxiliar na identificação dos locais alternativos no terreno. Reportar ao MICOA sobre eventuais alterações Monitorar a aplicação das condições e medidas de mitigação. Auxiliar na implementação das medidas e decisões práticas no campo em coordenação com o empreiteiro. Reportar ao MICOA sobre eventuais alterações. 7-13 7.0 HABITATS E ECOSSISTEMAS SENSÍVEIS mortais; 2) Fornecer assistência na remoção dos restos mortais sem causar danos; 3) Cobrar os custos financeiros relacionados com a remoção e recolocação dos restos mortais e de cerimónias específicas que devem ser conduzidas. Prospecção Sísmica de Hidrocarbonetos no Bloco Terrestre (onshore) da Bacia do Rovuma – EIA 7-14 7.0 HABITATS E ECOSSISTEMAS SENSÍVEIS 7.3 Descrição dos habitats/ecossistemas sensíveis identificados na área de estudo A seguir faz-se uma descrição de algumas áreas e habitats/ecossistemas sensíveis com ênfase para as razões da sua categorização. A localização provável de algumas das áreas sensíveis é mostrada na Figura 7-1 abaixo. a) Lagoas e lagos A zona de Pundanhar comporta um sistema de lagoas cuja génese não é ainda bem conhecida. Porém, acredita-se que o sistema faz parte da bacia hidrográfica da parte Nordeste do Bloco do Rovuma sendo, por isso, considerado como nascentes para maioria dos cursos de água localizados na parte nordeste do Distrito de Palma. O sistema de lagoas constitui habitat para uma variada diversidade de espécies de flora e fauna. Dentre os vários grupos de fauna que dependem deste ecossistema se destacam os peixes pulmonados. Estes peixes habitam este ecossistema onde permanecem mesmo no período seco, quando algumas lagoas registam níveis freáticos baixos. Estes organismos poderão ser irreversivelmente afectados caso as linhas de detonação sísmica ocorram no interior das lagoas que habitam. b) Nascentes, habitats ribeirinhos e de canais de drenagem A área envolvente é rica em recursos hídricos cujas nascentes localizam-se na parte ocidental da área de estudo e escorrem em direcção ao Oceano Índico. A extensão da nascente ao Oceano Índico é constituída de habitats ribeirinhos que incluem florestas ribeirinhas nas margens dos rios. As florestas ribeirinhas têm várias funções vitais para o próprio ecossistema. Elas funcionam como uma barreira física protegendo as águas dos rios contra evaporação excessiva. A estrutura vertical das florestas ribeirinhas comporta diferentes estratos, e consequentemente, vários nichos ecológicos que suportam uma grande diversidade de espécies. A interferência com estes ecossistemas através de abertura de linhas sísmicas pode provocar alterações no ciclo hidrológico local bem assim como na composição e/ou diversidade biológica do ecossistema. c) Áreas identificadas de valor importante para a biodiversidade de fauna bravia A Província de Cabo Delgado é reconhecida pela sua riqueza em biodiversidade. Contudo, grande parte desta diversidade não é conhecida bem assim como a sua localização exacta. Estudos realizados pela Zoological Society of London (ZSL) reconhecem a área de Quiterajo, no Sul do Bloco do Rovuma, como comportando tipos de vegetação distintos, habitats e/ou espécies de flora e fauna únicos. De acordo com Wacher e Garnier (2003), algumas destas espécies são raras e criticamente ameaçadas ao nível global. O cão selvagem (Lycaon pictus) e o rinoceronte-de-lábio preensil (Diceros bicornis) são dois exemplos concretos de fauna que muito dependem de alguns destes ecossistemas/habitats. d) Florestas de encostas de declives íngremes A zona de transição entre o litoral e interior da zona envolvente é caracterizada por uma topografia que inclui vertentes, vales e fundos dos rios. Sobre as pendentes/ encostas dos vales ocorrem florestas fechadas caracterizadas por uma diversidade de espécies. Este cenário é bem Prospecção Sísmica de Hidrocarbonetos no Bloco Terrestre (onshore) da Bacia do Rovuma – EIA 7-15 7.0 HABITATS E ECOSSISTEMAS SENSÍVEIS visível ao longo da estrada que liga os Distritos de Mocímboa da Praia e Palma. Localizada sobre os solos arenosos vermelho-alaranjados estas áreas são naturalmente propensas aos processos de erosão. Considerando que a fase de prospecção sísmica prevê abertura de vias de acesso que poderão implicar a remoção da vegetação e compactação dos solos, estas actividades poderão aumentar a susceptibilidade de erosão dos solos. Assim, a gestão não adequada dos solos pode perpetuar a erosão e consequentemente, pode perpetuar o transporte de materiais das pendentes para os vales, criando assim, efeitos nefastos sobre os ecossistemas da parte mais a baixo (dos dambos). Por isso, a interferência com as florestas de encostas deverá ocorrer sob condições específicas. e) Floresta costeira identificada As florestas costeiras são um dos ecossistemas considerados importantes para conservação (hotspot) pela WWF numa avaliação dos ecossistemas ao nível global. Este ecossistema estende-se desde a Somália (1º S) ao longo da faixa costeira até a desembocadura do Rio Limpopo (32º N), em Moçambique. Fragmentos deste ecossistema se restringem ao Mosaico Costeiro de Inhambane-Zanzibar definido por White (1983). O reconhecimento deste ecossistema deve-se ao facto de, apesar de ser representado por fragmentos reduzidos, exibir uma grande diversidade de espécies endémicas. Isto é, existem nestes locais mais espécies endémicas numa proporção relativamente menor de espaço. Este reconhecimento levou a que países como o Quénia, Tanzânia e Moçambique desenhassem uma estratégia conjunta visando a conservação do ecossistema. De acordo com uma avaliação preliminar, Moçambique é o país que apresenta as maiores extensões de manchas do ecossistema, na sua maioria localizadas na Província de Cabo Delgado. Porém, estas florestas não foram mapeadas, não sendo por isso, conhecida a sua localização exacta. A dificuldade de mapeamento destas florestas está relacionada com o facto delas serem fragmentos pequenos que dificilmente possam ser mapeados usando tecnologias de mapeamento típicas de GIS. Nos exercícios de mapeamento estas florestas são sempre confudidas por outro tipo de florestas mais extensas e representativas (Burgess et al., 1998). Contudo, o reconhecimento deste ecossistema pode ser feito no campo através de análise de composição e estrutura das florestas. Estudos realizados noutros países referem que uma vez desmatado, o ecossistema muito dicilmente volta ao estado anterior, podendo ser colonizado por espécies oportunísticas alterando assim a sua estrutura e composição. Por isso, a interferência com este ecossistema requer a observância de condições específicas. f) Floresta de mangal Este ecossistema está presente apenas na área envolvente. Contudo, o presente projecto será feito na parte terrestre (onshore) e não inclui, em princípio, a zona do mangal. Pode ocorrer, contudo, que o curso das vias de acesso obriguem a atravessar mangais que marginam canais que penetram mais para o interior. g) Locais históricos/ arqueológicos Na área de estudo encontram-se várias valas comuns de soldados datadas da altura da guerra da independência. Estes locais são usados pela comunidade para realizar cerimónias e celebrar datas históricas importantes. Apesar do valor histórico e cultural destes locais, a maioria deles não está oficialmente demarcada. Por isso, estes locais devem ser evitados durante as actividades de prospecção sísmica. Mas, caso haja necessidade imperiosa o procedimento acima mencionado deve ser aplicado. Prospecção Sísmica de Hidrocarbonetos no Bloco Terrestre (onshore) da Bacia do Rovuma – EIA 7-16 7.0 HABITATS E ECOSSISTEMAS SENSÍVEIS h) Locais Sagrados Os locais sagrados são aqueles usados pelas comunidades locais para a realização de cerimónias e normalmente interditos a estranhos. Estes locais são comuns tendo sido identificados alguns junto das aldeias visitadas. Em geral cada comunidade tem o seu lugar sagrada. Por isso, a identificação no campo deve ser feita com as autoridades comunitárias, líderes espirituais, e respectivos encarregados de modo a evitar a sua perturbação. Caso não seja possível, medidas especiais devem ser empregues. i) Cemitérios Os cemitérios são locais usados para enterrar os defuntos. Em geral, cada família possui um local para enterrar os seus defuntos, os quais são designados por cemitérios familiares. Excepção existe nas zonas urbanizadas onde existem os cemitérios urbanos sob responsabilidade das entidades da administração distrital ou municipal. Todos os cemitérios e locais de enterro devem ser evitados. No caso de não for possível evitar estes locais medidas específicas devem ser seguidas. j) Áreas de nidificação de tartarugas marinhas As tartarugas marinhas são espécies protegidas em Moçambique. Em de Cabo Delgado, e especificamente, ao longo da costa marítima dos Distritos de Mocímboa da Praia e Palma, foi identificada a ocorrência de tartarugas marinhas. As tartarugas usam as praias para nidificação. A realização de actividades de prospecção sísmica de hidrocarbonetos junto às praias pode interferir com as actividades de nidificação das tartarugas. Prospecção Sísmica de Hidrocarbonetos no Bloco Terrestre (onshore) da Bacia do Rovuma – EIA 7-17 7.0 HABITATS E ECOSSISTEMAS SENSÍVEIS Figura 7-1. Áreas onde é mais provável a ocorrência de ecossistemas sensíveis na área envolvente Prospecção Sísmica de Hidrocarbonetos no Bloco Terrestre (onshore) da Bacia do Rovuma – EIA 7-18