1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS FACULDADE DE GEOLOGIA ROCHAS Adaptado de Montgomery (2000) Por Profa. Dra. Rosemery da Silva Nascimento (IG/FAGEO) Belém, 2013 2 As rochas são inicialmente subdivididas com base na sua origem. As três categorias principais de rochas são ÍGNEAS, METAMÓRFICAS E SEDIMENTARES. A origem é determinada pela combinação das características das rochas, tais como estrutura e mineralogia. CICLO DAS ROCHAS A Terra é um corpo em constante mudança; as montanhas são erodidas, os mares avançam e recuam sobre os continentes; processos ocorrendo na superfície e nas profundidades da crosta e do manto estão constantemente mudando o planeta. Um aspecto dessa mudança contínua é que as rochas, também, estão sujeitas a mudanças. Não se tem um único exemplo de rocha que permaneceu imutável desde a formação da Terra, e muitas rochas modificaram-se muitas vezes. Rochas dos três maiores tipos - ígneas, sedimentares e metamórficas – podem ser transformadas em rochas de outro tipo ou em outra distinta rocha do mesmo tipo através de processos geológicos apropriados. Um arenito pode ser intemperizado até quebrar; seus fragmentos podem então ser transportados, redepositados, litificados para formar outra rocha sedimentar. Eles podem também serem carreados em profundidade, aquecidos e comprimidos, o que pode transformá-los em uma rocha metamórfica – quartzito; ou eles podem ser aquecidos até ser total ou parcialmente fundidos. Da mesma forma, um xisto pode ser quebrado em pequenos fragmentos, formando um sedimento que pode eventualmente se transformar em uma rocha sedimentar; um metamorfismo mais intenso pode transformá-lo em um gnaisse; ou, temperaturas extremamente altas podem fundí-lo para produzir um magma a partir do qual um granito pode cristalizar. Rochas crustais podem ser carreadas ao manto e fundir; magma fresco resfria e cristaliza para formar novas rochas; processos de erosão e intemperismo agem na superfície. As ligações entre os diferentes tipos de rocha são descritas como o ciclo das rochas. 3 ROCHAS ÍGNEAS As rochas ígneas podem ser subdivididas com base nos minerais que as formam; e a composição química das rochas serve como um indicador da composição dos magmas a partir do qual as rochas solidificaram. Um dos primeiros critérios utilizados, no início dos estudos das rochas ígneas, foi a quantidade de sílica (SiO2) nas análises químicas. Durante o período prémoderno da química, a sílica era considerada como sendo derivada do ácido silícico, e portanto quanto mais sílica houvesse na rocha, mais "ácida" ela seria. O Granito, rico em sílica, é a mais abundante das rochas ácidas. As rochas com baixas concentrações em sílica são chamadas básicas. O Gabro, pobre em sílica, é o oposto "básico" do granito. Nós sabemos agora, que o conteúdo em sílica não é uma medida da acidez como a palavra usada na química, mas o termo persiste até hoje. A quantidade de sílica não está necessariamente relacionada à quantidade de quartzo, uma boa parte da sílica pode estar combinada em outros silicatos. Na classificação baseada no conteúdo em sílica, as rochas ígneas com cristais grandes variam de granitos, no lado mais rico em sílica, passando de granodioritos e dioritos até gabros, no lado menos rico em sílica. O sistema moderno de classificação dos grupos mais importantes, baseado na composição química e mineralógica mostra uma enorme coincidência com o sistema baseado apenas no conteúdo em sílica. Os dois termos mais comumente usados hoje em dia, se originaram numa divisão ampla entre minerais escuros e claros - e rochas, chamadas respectivamente de félsicas e máficas. Esses termos foram usados porque os minerais dominante no grupo dos claros são quartzo e feldspato, ambos ricos em sílica (portanto félsicos, fel(s) = feldspato, mais ic) e aqueles do grupo dos escuros são o piroxênio, anfibólio e olivina, todos eles ricos em magnésio e ferro (portanto máfico, de magnésio e ferroso de ferro, mais ic). ROCHAS SEDIMENTARES A mineralogia e a textura são também úteis na subdivisão das rochas sedimentares. Elas são usados em combinação para agrupar dois grupos principais, rochas detríticas e rochas químicas. Os sedimentos detríticos são aqueles que apresentam indícios de transporte mecânico e deposição de detritos a partir da erosão através de correntes. Os componentes principais são fragmentos de rochas ou minerais quebrados e erodidos de rochas pré-existentes e, portanto, são chamadas de rochas clásticas (do grego clastos, quebrar). As rochas que compunham antigas montanhas que foram rebaixadas pela erosão podem ser reconstruídas através do estudos desses minerais e fragmentos detríticos. O quartzo, o feldspato e os argilominerais são os constituintes principais. Os fragmentos tendem a desgastar e a abrasão, durante o transporte, arredonda as partículas. Durante a sedimentação, as correntes selecionam os minerais de acordo com o tamanho e densidade. Quanto mais forte for a corrente, maiores serão as partículas transportadas. O tamanho e a seleção dos sedimentos clásticos são característicos da natureza das correntes. Essas feições formam a base para a subdivisão dos sedimentos detríticos em: 1) grosseiramente granulados, cascalhos, seixos e seu equivalente litificado conglomerado; 2) mediamente granulado, as areias e arenitos; 3) finamente granulados, argila e lama e seu correspondente litificado, os folhelhos. O termo lamito (mudstone) é um termo genérico para rochas compostas de mais de 50% de argila e silte. Os folhelhos são caracterizados pela sua fissilidade 4 (quebramento ao longo dos planos de laminação). As rochas sedimentares com granulação grossa, compostas por minerais e fragmentos de rochas normalmente angulosos são chamadas de brechas (breccias), que contrastam com os seixos arredondados dos conglomerados. Os sedimentos químicos são precipitados a partir de soluções, principalmente dos oceanos. A sua mineralogia reflete portanto a composição das soluções a partir das quais eles precipitaram. A rocha química mais abundante é o calcário e o dolomito, constituídos fundamentalmente de carbonato de cálcio e magnésio, denominados de calcita e dolomita. Os calcários podem ser constituídos em grande parte por fósseis conchas formadas por precipitação bioquímica de carbonato de cálcio que os animais extraem das águas oceânicas. Outros sedimentos químicos são também caracterizados pela sua composição química em relação a sua origem. Os evaporitos são compostos principalmente de gipso e halita, alguns incluem ainda um complexo grupo de sais cristalizados a partir da evaporação da água do mar. As rochas químicas mostram uma textura com cristais intercrescidos semelhante a das rochas ígneas intrusivas. ROCHAS METAMÓRFICAS Como as rochas ígneas são divididas em intrusivas e extrusivas e os sedimentos em detríticos e químicos, da mesma forma, as rochas metamórficas são classificadas em duas grandes classes genéticas. Elas são o resultado do metamorfismo regional ou do metamorfismo de contato. O metamorfismo regional produz rochas pelo aquecimento e pressões que são produzidos sobre rochas pré-existentes, a grandes profundidades na crosta terrestre. O metamorfismo de contato é produzido pela alteração de rochas próximas a grandes intrusões ígneas, caracterizado principalmente por elevadas temperaturas e também pressões. As texturas características dão informações sobre estas duas formas de origem. As rochas metamórficas geradas pelo metamorfismo regional mostram uma foliação - estruturas planares ou onduladas formadas nas rochas devido o alinhamento de minerais, principalmente os placosos, como as micas. Algumas rochas de metamorfismo de contato podem também ser foliadas, mas muitas tendem a ser granulares, como por exemplo o hornfels, que é muito fino. O tipo de foliação e o tamanho dos grãos são usados, em combinação, como base para subdividir as rochas metamórficas em: ardósia, xisto, gnaisse e granulito. Os xistos são caracterizados pela partição ao longo de planos bem definidos de minerais placosos mediamente granulados. As ardósias possuem partições planares mais perfeitas e são tão finas que os minerais não podem ser facilmente reconhecidos. Os gnaisses possuem granulação grossa e mostram uma foliação menos visível. Eles não quebram como os xistos e ardósias. Os planos de foliação das ardósias são chamados de clivagem ardosiana. Os granulitos, como o próprio nome diz, são rochas constituídas de um mosaico de cristais intercrescidos, semelhantes a rochas ígneas. Dentro desses grupos texturais, a assembléia mineralógica é a base para uma divisão posterior dessas rochas em grupos menores, ou associações nas chamadas fácies metamórficas. As fácies metamórficas se originam no mecanismo de formação das rochas metamórficas, através de assembléias de minerais neoformados sob essas novas condições de pressão e temperatura. xx