RPIF 2011 03 Leonotis nepetifolia (L.) R. Br. (CORDÃODE-FRADE): BIOLOGIA E USO TRADICIONAL Virginia Barbeitos Cruz1, Leonice Manrique Faustino Tresvenzol2, Heleno Dias Ferreira3, José Realino de Paula4, Niraldo Paulino1 1 Universidade Bandeirante de São Paulo, Programa de Mestrado Profissional em Farmácia, São Paulo, Brasil. 2Laboratório de Pesquisa em Produtos Naturais, Faculdade de Farmácia; 3 Departamento de Biologia Geral; 4Departamento de Tecnologia Farmacêutica, Faculdade de Farmácia - Universidade Federal de Goiás (UFG), Brasil. RESUMO Leonotis nepetifolia (L.) R. Br. é um arbusto de origem africana, da família Lamiaceae, introduzido como ornamental em todos os continentes, que apresenta comportamento invasivo por sua baixa exigência nutricional, alto índice de fertilidade, sementes aladas e dormentes quando em condições desfavoráveis. A despeito do dano que provoca às lavouras, L. nepetifolia tem uso tradicional bastante difundido, não apenas na África, mas também nas Américas, especialmente como tonificante e para tratamento de asma brônquica, doenças ginecológicas, parasitoses, entre outras aplicações. Vários compostos foram isolados da planta, tais como diterpenos, cumarinas, iridoides, saponinas e taninos condensados. Suas atividades antifúngica in vitro e anti-inflamatória in vivo foram igualmente demonstradas. Palavras-chave: Leonotis nepetifolia, cordão-de-frade, fitoterapia. ABSTRACT Leonotis nepetifolia (L.) R. Br. is an African bush that belongs to the Lamiaceae family and was introduced as ornamental plant in all the continents, it has invasive behavior due to its low nutritional needs, high fertility index, and winged seeds that present dormancy under unfavorable conditions. Despite of the damages that it causes to the crops, L. nepetifolia has a traditional use widely spread, not only in Africa, but also in Americas, especially as invigorating and for the treatment of bronchial asthma, gynecological diseases, parasitic infections, among other usages. Several compounds have been isolated from this plant, such as diterpenes, cumarins, iridoids, saponines, and condensed tannins. Its in vitro antifungal and in vivo anti-inflammatory activities have also been demonstrated. Key-words: Leonotis nepetifolia, lion's ear, phytotherapy. Endereço para correspondência Virginia Barbeitos Cruz Rua T-29, 358, salas 708/710, Bueno Medical Center, Setor Bueno, 74210-050, Goiânia, GO. Tel./Fax: (62) 3942-2686, Brasil E-mail: [email protected] Cruz et al./Rev. Pesq. Inov. Farm. 3(1), 2011, 15-28. INTRODUÇAO Leonotis nepetifolia (L.) R. Br. é um arbusto nativo da África que atualmente tem distribuição pancontinental, largamente usado como planta medicinal para tratamento de várias doenças, conhecido no sistema médico Ayurveda como Grantiparani (Iwarsson e Harvey, 2003). O uso de plantas com finalidade terapêutica, na forma de preparações caseiras, como chás, cataplasmas e unguentos, vem recebendo crescente atenção de pesquisadores dedicados à identificação botânica, bem como do potencial terapêutico, dos componentes e dos princípios ativos dessas plantas (Lorenzi e Matos, 2008). Entre 65% e 80% da população mundial, especialmente nos países em desenvolvimento, se vale das plantas medicinais na atenção primária à saúde, o que equivale a 3,5 a 4,0 bilhões de pessoas que usam plantas para o tratamento de doenças (Farnsworth, 1997; Wong e Townley, 2011). Em 2001, o mercado de fitomedicamentos movimentou US$ 3,9 bilhões na América do Norte, US$ 6,9 bilhões na Europa, US$ 5,1 bilhões na Ásia, US$ 2,3 bilhões no Japão, US$ 600 milhões na América do Sul e US$ 800 milhões nos demais países do mundo, totalizando US$ 19,6 bilhões em investimentos (Funari e Ferro, 2005). No Brasil, país sabidamente detentor da maior diversidade biológica do mundo, apenas 8% das espécies vegetais foram estudadas até o momento em busca de compostos bioativos, e entre elas, apenas 1.100 foram avaliadas quanto às suas propriedades terapêuticas (Heinzmann e Barros, 2007). Tem sido observado no Brasil um movimento dos gestores no sentido da legitimação da fitoterapia no país (Macedo e Gemal, 2009), haja vista a publicação do Decreto nº 5813, que trata da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (Brasil, 2006a), e da Portaria nº 971 (Brasil, 2006b), que define a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), também implantada no SUS (Saad et al., 2009). O mercado brasileiro de medicamentos, nono colocado no ranking mundial, constitui enorme filão a ser prospectado, uma vez que apenas 50% da população tem acesso a esta categoria de produto e, em adição a isto, gradativamente, vimos experimentando melhor distribuição de renda (Calixto e Siqueira Junior, 2008). Exatamente nesse contexto, a espécie Leonotis nepetifolia (L.) R. Br., objeto deste estudo, cujas atividades anti-inflamatória in vivo (Parra-Delgado et al., 2004) e antifúngica in vitro (Abubacker e Ramanathan, 2003) foram demonstradas, surge como mais uma perspectiva na área de produtos naturais ativos. Ademais, é a espécie de uso terapêutico tradicional mais difundida do gênero (Tomaz et al., 2004). Assim sendo, no presente estudo, teve-se por objetivo fazer uma revisão de literatura acerca de L. nepetifolia, que compõe a família Lamiaceae e é conhecida vulgarmente no Brasil como cordão-de-frade ou cordão-de-são-francisco (Lorenzi e Matos, 2008). METODOLOGIA Para o levantamento da literatura sobre L. nepetifolia, foram utilizadas as bases de dados on line PubMed (2010) e MedlinePlus (2010), da US National Library of Medicine, e Scientific Electronic Library Online (SciELO, 2010), visando selecionar os artigos de conteúdo biomédico. As características taxonômicas e a nomenclatura de L. nepetifolia foram consultadas nos acervos do Missouri Botanical Garden (MOBOT, 2009), New York Botanical Garden Index to American Botanical Literature (NYBG, 2010), Kew Record of Taxonomic Literature (Kew, 2010), The International Plant Name Index (IPNI, 2005), Expert Center for Taxonomic Identification (ETI, 2010), Sistema Integrado de Información Taxonómica da Comisión Nacional para el Conocimiento y Uso de la Biodiversidad (CONABIO, 2010), Program of Applied Research for Traditional Popular Medicine in the Caribbean (TRAMIL, 2010) e Journal Storage (JSTOR, 2010). As datas de publicação dos periódicos não foram critério de exclusão, quando relacionadas tanto ao uso terapêutico tradicional de L. nepetifolia como aos seus aspectos botânicos macroscópicos, visto que estes envolvem saber popular e regional. 16 Cruz et al./Rev. Pesq. Inov. Farm. 3(1), 2011, 15-28. A nomenclatura da espécie adotada na redação do presente trabalho está em concordância com Iwarsson e Harvey (2003). Aspectos botânicos Classificação botânica Leonotis nepetifolia (L.) R. Br. é uma planta vascular, da família Lamiaceae, subfamília Stachyoideae e tribo Lamiinae (Iwarsson e Harvey, 2003). A taxonomia da família Lamiaceae foi primeiramente estudada por Bentham (18321836), e, posteriormente, por Briquet (18951897), cabendo a Erdtman (1945), a divisão desta em duas subfamílias – Nepetoideae e Lamioideae –, com base na morfologia do pólen, na ausência de endosperma e na presença de mixocarpo. As subsequentes análises micromorfológica e fitoquímica dos tricomas glandulares e de suas secreções vieram a confirmar que a subfamília Nepetoideae estava relacionada à Lamioideae (Giuliani e Bini, 2008). A família Lamiaceae é também chamada Labiatae ou Labiada, em referência à morfologia das pétalas ou corolas das espécies que a compõem: trilobuladas, sendo o lábio inferior mais longo, alargado e oblíquo na boca, o que permite a perfeita adaptação dos bicos de pássaros polinizadores (Iwarsson e Harvey, 2003). L. nepetifolia encontra-se registrada no Integrated Taxonomic Information System (ITIS, 2010) sob o número de série 32546. Inicialmente, foram descritas 41 espécies para o gênero Leonotis (Govindasamy et al., 2002), embora alguns autores tenham considerado haver apenas 15 espécies neste gênero (Parra-Delgado et al., 2004). Mais recentemente, contudo, Iwarsson e Harvey (2003) reduziram esse número a nove espécies genuinamente africanas, com algumas poucas variedades. Quanto à autoria da espécie, há também vários equívocos, sendo o mais frequente deles o uso das denominações Leonotis nepetifolia (L.) Ait. f. ou Leonotis nepetifolia (L.) W.T. Aiton como nomes da planta. Necessário se faz esclarecer que Aiton é o nome do editor do livro em que a espécie consta primeiramente descrita, tendo sido Robert Brown (R. Br.) o real descritor da espécie, o qual deve ser, inquestionavelmente, citado como autor. Portanto, Leonotis nepetifolia (L.) R. Br. constitui a referência autoral mais adequada a ser adotada para essa espécie (The Plants Database, 2009). As espécies do gênero Leonotis, segundo Iwarsson e Harvey (2003), são: Leonotis leonorus (L.) R. Br.; Leonotis grandis Iwarsson & Y. B. Harvey; Leonotis decadonta Gürke var. decadonta; Leonotis decadonta Gürke var. porotoensis Iwarsson & Y. B. Harvey; Leonotis decadonta Gürke var. vestita (Briq.) Iwarsson & Y. B. Harvey; Leonotis goetzei Gürke; Leonotis pole-evansii Hutch; Leonotis myricifolia Iwarsson & Y. B. Harvey; Leonotis nepetifolia (L.) R. Br. var. nepetifolia; Leonotis nepetifolia (L.) R. Br. var. africana (P. Beauv.) J. K. Morton; Leonotis ocymifolia (Burm.f ) Iwarsson var. ocymifolia; Leonotis ocymifolia (Burm. f.) Iwarsson var. schinzii (Gürke) Iwarsson; Leonotis ocymifolia (Burm.f) var. raineriana (Vis.) Iwarsson; Leonotis myrothamnifolia Iwarsson & Y. B. Harvey. Habitat Entre as espécies descritas por Iwarsson e Harvey (2003), apenas L. nepetifolia (L.) R. Br. var. nepetifolia tem distribuição pantropical, estando as demais restritas ao continente africano. Diferentemente das outras espécies do gênero, L. nepetifolia var. africana não é perene. Nativa da África, L. nepetifolia ganhou os vários continentes, em ambos os hemisférios, provavelmente introduzida como planta ornamental (Gill e Conway, 1979). Atualmente, encontra-se distribuída em regiões tropicais e subtropicais da África, Ásia e Américas. Não constitui espécie exigente quanto ao aporte de nutrientes, crescendo em solos arenosos, argilosos, rochosos, ao longo de acostamentos de rodovias e até em depósitos de lixo, se bem que prefira solos de pH neutro, entre 6,6 e 7,5, férteis e bem drenados. Está mais bem adaptada a regiões ensolaradas, podendo ser perene ou de ocorrência anual (Iwarsson e Harvey, 2003). Suas sementes sobrevivem a condições desfavoráveis, debaixo da terra, em estado de dormência (Gonzáles-Hidalgo et al., 2001). No Brasil, é encontrada em diferentes regiões, no período entre a primavera e o outono. Schneider (2007) afirmou que, especificamente no 17 Cruz et al./Rev. Pesq. Inov. Farm. 3(1), 2011, 15-28. estado do Rio Grande do Sul, L. nepetifolia é considerada planta naturalizada, ou seja, incorporada à flora autóctone daquela região, muito provavelmente introduzida como medicamento. Morfologia Trata-se de erva grosseira, que atinge altura entre 0,32 m e 4,5 m, sustentada por raiz do tipo pivotante, frágil, rasa, enrugada, de aproximadamente 10,0 cm de comprimento, que apresenta vários e finos ramos colaterais (Iwarsson e Harvey, 2003). O caule é quadrangular, ereto, único, pouco ramificado, verde, marrom na base (Lorenzi e Matos, 2008), estriado, apresentando entrenós com 5,0 cm a 28,0 cm de comprimento e 0,4 cm de diâmetro. As ramificações ocorrem a partir de nós distribuídos abaixo da inflorescência. O caule é provido de delicada pilosidade, agrupada em pequenos tufos, de coloração amarelada, distribuídos na metade superior dos nós foliares, cujo comprimento varia entre 1,0 mm e 4,0 mm (Iwarsson e Harvey, 2003). As folhas são simples, opostas, pecioladas (Lorenzi e Matos, 2008), com pecíolos entre 5,0 mm e 12,0 mm de comprimento. A lâmina foliar é ovalada, tem bordos crenados, apresentando 25– 51 dentes, desde o ápice até a base, medindo de 2,5 cm a 15,0 cm de comprimento (Iwarsson e Harvey, 2003). O ápice varia de agudo a acuminado e a base é atenuada. As folhas apresentam consistência membranácea, textura áspera e cor verde esbranquiçada em sua face inferior (Lorenzi e Matos, 2008). Na parte mais baixa da planta, as folhas tendem a ovaladas e têm pecíolo longo, enquanto nas partes mais altas do corpo da planta, tendem a lanceoladas, sendo menores e com pecíolos curtos (Procópio et al., 2003). Ambas as faces foliares são recobertas por pequenos pelos e glândulas sésseis, sendo a inferior coberta com pelos mais densamente pubescentes, daí a coloração cinza-prateada. As folhas apresentam uma nervura central, principal, e de 6 a 10 nervuras secundárias, brancoamareladas, que se dicotomizam até o bordo foliar (Iwarsson e Harvey, 2003). As inflorescências são do tipo glomerular, têm diâmetro médio de 2,8 cm e estão distribuídas em número de 1 a 7 ao longo da haste do caule, entremeadas pelos internós. Essa característica de distribuição remete ao cordão que os frades franciscanos usam atados à cintura, justificando os nomes populares cordão-de-frade ou cordão-de-são-francisco, que foram conferidos à espécie (Lorenzi e Matos, 2008). As brácteas são lanceoladas e apresentam ápice agudo, medindo de 25,0 mm a 150,0 mm de comprimento por 4,0 mm a 13,0 mm de largura. As bractéolas são lineares, acuminadas, esbranquiçadas no ápice e medem de 3,0 mm a 20,0 mm de comprimento (Iwarsson e Harvey, 2003). Os verticilos são esféricos ou cilíndricos, medem de 30,0 mm a 67,0 mm de diâmetro e apresentam de 20 a 28 ramificações (2,0 mm a 16,0 mm de comprimento), cada uma delas com 8 a 10 botões. Os pedicelos medem de 0,5 mm a 2,0 mm de comprimento e apresentam-se levemente alargados nas proximidades dos frutos (Iwarsson e Harvey, 2003). O cálice mede de 14,0 mm a 25,0 mm de comprimento e tem coloração branco-amarelada na base e verde na sua metade distal. É recoberto por pilosidade distribuída em tufos no seu terço distal. No nível dos frutos, apresenta-se subgloboso, levemente encurvado no dorso e com abertura oblíqua. Tem de 8 a 10 dentes estreitos, triangulares: os dorsais, com 4,0 mm a 11,0 mm de comprimento; os laterais, com 1,0 mm a 3,0 mm de comprimento; e os ventrais, com 4,0 mm a 7,0 mm de comprimento, unidos à base (Iwarsson e Harvey, 2003). As flores são hermafroditas, labiadas, aromáticas, de cor alaranjada (Lorenzi e Matos, 2008) e atingem densidade populacional de 250– 300 flores/m². Melíferas, elas apresentam alta produção de açúcar, sendo o maior volume de néctar encontrado entre 7h00 e 13h00 em verticilos mais jovens (Gill e Conway, 1979). A corola apresenta de 19,0 mm a 38,0 mm de comprimento e é provida de pelos curtos, cuja cor varia de alaranjado a amarelo-claro, os quais têm finalidade protetora contra insetos não polinizadores. A pilosidade proporciona textura aveludada na área em que o pólen é depositado para dispersão natural ou fertilização (Gill e Conway, 1979). A corola é, ainda, provida de tubos de 9,0 mm a 20,0 mm de comprimento, alargados em sua abertura, que possuem três pelos distintos, compondo as franjas, com anteras 18 Cruz et al./Rev. Pesq. Inov. Farm. 3(1), 2011, 15-28. e estigmas bem desenvolvidos. O mais longo dos lábios, o inferior, tem de 3,0 mm a 7,0 mm de comprimento, é retorcido, subglabro, desprovido de glândulas ou com poucas glândulas sésseis difusas. Essa conformação favorece o acesso de pássaros polinizadores dos gêneros Phaethornis spp. e Colibri spp. (Iwarsson e Harvey, 2003). Os frutos têm de 2,9 mm a 4,3 mm de comprimento, apresentam a textura de uma noz, com superfície levemente enrugada, coloração cinza-amarronzada e aspecto marmóreo, são lobulados, formados por até 4 clusas frouxamente unidas por mucilagem, apresentam pericarpo duro e raramente carnoso (Iwarsson e Harvey, 2003). As sementes são aladas ou possuem câmaras de ar, o que lhes possibilita flutuar. Têm cor cinza-amarronzada, com superfície levemente serosa (Iwarsson e Harvey, 2003). Apresentam elevadíssimo índice de germinação, entre 89% e 92%. Em condições ideais, contêm 34,3% de óleos graxos e 27,3% de proteínas (Barclay e Earle, 1974). O pólen tem cor amarelo-clara. A polinização das espécies do gênero é feita principalmente por pássaros e por insetos polinizadores. Além de apresentar possibilidade de fecundação cruzada, a espécie L. nepetifolia ainda faz autofertilização (Gill e Conway, 1979). Anatomia A epiderme foliar é simples, mais espessa na face adaxial, e o mesófilo é dorsiventral. Os estômatos encontram-se distribuídos no mesmo nível das células epidérmicas na face adaxial e supradesnivelados na abaxial, o que caracteriza as folhas dessa espécie como anfiestomáticas. Os estômatos adaxiais são diacíticos e os abaxiais, anomocíticos. A maior densidade de estômatos está na face abaxial, sendo a cutícula mais espessa na face adaxial (Procópio et al., 2003). A cutícula que recobre toda a planta, e que tem por finalidade protegê-la de desidratação, também constitui importante fator de resistência à penetração de micro-organismos, parasitas e agroquímicos. No nível do limbo, essa cutícula apresenta maior espessura (Procópio et al., 2003). Tricomas glandulares são especialmente frequentes nas partes aéreas de indivíduos da família Lamiaceae (Bini e Giuliani, 2006). L. nepetifolia apresenta alta densidade tricomática em ambas as faces do limbo foliar, tanto de tricomas tectores quanto de capitados (Procópio et al., 2003). Os tricomas glandulares são responsáveis pela produção de óleos essenciais voláteis e lipofílicos, os quais conferem à planta característica aromática, além de protegê-la contra micro-organismos e atrair polinizadores (Siani et al., 1999). Aspectos agronômicos Em sendo L. nepetifolia uma planta aromática, os marcadores moleculares de seus compostos secundários, óleos essenciais e os mapas genéticos desses indivíduos possibilitam o conhecimento acerca da influência ambiental sobre a produção desses óleos, bem como o desenvolvimento de diretrizes de plantio, manejo e mecanismos de controle da população infestante, todos de especial importância, uma vez que esta planta apresenta característica invasora (Novak, 2006). L. nepetifolia pode ser introduzida nas áreas de lavoura e pastagem tanto de forma acidental, por estar aderida ao maquinário ou às roupas das pessoas envolvidas no processo de produção, quanto naturalmente, pela dispersão de sementes, o que é favorecido por suas características morfológicas (Csurhes e Edwards, 1998). A dimensão da área foliar de L. nepetifolia tem merecido atenção dos pesquisadores, uma vez que expressa o ritmo de desenvolvimento e crescimento vegetal, aspectos determinantes do seu potencial de infestação. Bianco et al. (2007) demonstraram, por intermédio de simples equação, que esse parâmetro pode ser estudado tomando-se o comprimento da folha ao longo da nervura central e a sua largura perpendicularmente a esta mesma nervura. Para L. nepetifolia, a área e a espessura médias da lâmina foliar encontradas são de, respectivamente 11,59 cm² e 172,23 µm (Procópio et al., 2003). Em estudo realizado na Austrália, L. nepetifolia foi considerada uma espécie não naturalizada e com relevante potencial infestante, dadas a resistência e a velocidade de dispersão e de germinação de suas sementes (Csurhes e Edwards, 1998). 19 Cruz et al./Rev. Pesq. Inov. Farm. 3(1), 2011, 15-28. Já no México, no Vale do Atlixco, importante região de cultivo, essa erva tem sido considerada reservatório de alguns vírus, chegando a contaminar as plantações e provocando deformidades morfológicas nas culturas comerciais, com baixo ritmo de crescimento e consequente prejuízo econômico (Piedra-Ibarra et al., 2005). Pereira e Velini (2003) estudaram o comportamento de L. nepetifolia, entre outras plantas invasoras, em relação ao sistema de rotação de cultura em plantio direto no Cerrado, durante quatro anos, sob diferentes condições edafoclimáticas. O referido sistema é usado justamente para controlar a infestação de plantas daninhas ao longo dos anos, vez que o controle químico destas espécies, além de oneroso e tóxico aos vários componentes do ecossistema, mostrase, reiteradas vezes, ineficaz. No estudo, L. nepetifolia não demonstrou tendência lógica de comportamento que propiciasse o delineamento de um possível método de controle de infestação. Na Região Sul do Brasil, L. nepetifolia foi identificada como hospedeiro assintomático de vários fungos, em especial Phomopsis spp, que provoca lesões semelhantes a queimaduras, preferencialmente nas folhas dos indivíduos que desenvolvem a doença (Cerkauskas et al., 1983). Mesmo com o grande poder de alcance dos herbicidas, L. nepetifolia tem se mostrado extremamente resistente, o que advém de: a) possibilidade de dormência de suas sementes logo após a maturação dos frutos (Tomaz et al., 2004), o que permite sua viabilidade por longo período, sem germinação, com posterior infestação do solo em áreas de cultivo, sob condições mais favoráveis (Lacerda et al., 2005); b) menor população de estômatos na face adaxial das folhas, mesmo sendo anfiestomáticas, além de espessa cutícula impermeável, que se configura como barreira ao contato das gotículas de herbicidas pulverizadas; c) alta densidade tricomática em ambas as faces do limbo foliar (Procópio et al., 2003). Medicina popular Diferentes culturas atribuem diversos efeitos terapêuticos a L. nepetifolia e os vários segmentos da planta são preparados para uso interno e externo, nas formas de chás, compressas, cataplasmas ou unguentos (Baerts e Lehmann, 1989). Em seu trabalho de identificação e mapeamento da distribuição dessa espécie na Jamaica, Asprey e Thornton (1953) registraram o uso popular de L. nepetifolia em casos de úlceras e abscessos cutâneos, febre, indigestão, gases intestinais, constipação, cefaleia, desordens uterinas, doenças sexualmente transmissíveis, além do emprego como tônico geral em vários países, tais como Trinidad, África do Sul, Congo, Madagascar e Nigéria. Em Madagascar, Pernet e Meyer (1957) registraram o uso dos caules e folhas de L. nepetifolia como laxativo, purgativo, no tratamento de ectodermatoses, eczema, erisipela, impetigo, vitiligo, panariço e seborreia. Por seu turno, Rasoanaivo et al. (1992) relataram o uso de decocto do caule e das folhas dessa planta para tratamento de malária no mesmo país. Em São Tomé e Príncipe, a planta é usada para tonificar o sangue, tratar dor abdominal, problemas urinários e eczema (Sequeira, 1994). Na Tanzânia e no Quênia, as raízes da planta, nas formas de decocto ou farinha, são utilizadas para tratamento da giardíase, bem como para alterações do tubo digestivo, como dor, diarreia e obstipação (Johns et al., 1990, 1995). Ainda na Tanzânia, Maregesi et al. (2007) registraram o uso de suco de folhas frescas e de extrato seco de L. nepetifolia para tratamento tópico de feridas infectadas, bem como do decocto das folhas, via oral, para tratamento de convulsões. Igualmente, Moshi et al. (2009) relataram o uso oral do decocto das partes aéreas dessa planta no tratamento da febre amarela e convulsão febril na Tanzânia. No Zaire, o decocto preparado das folhas dessa espécie a 10% é usado para tratamento do parto difícil e da ameaça de abortamento, na dose de 75 mL três vezes ao dia. A mesma preparação, na dose de um copo, em três tomadas, é usada para tratamento de pneumonia e asma (Kasonia et al., 1993). Também no Zaire, Baerts e Lehmann (1989) encontraram vastos e diversificados usos tradicionais de L. nepetifolia, nas mais diferentes preparações: uso tópico de folhas maceradas; infusão de folhas e/ou caules para uso interno; suco das folhas; decocto de folhas, caules e/ou flores para uso interno ou para inalação. As indicações clínicas ou os sintomas prevalentes 20 Cruz et al./Rev. Pesq. Inov. Farm. 3(1), 2011, 15-28. para o uso terapêutico da planta nessa região são: edema de membros inferiores, diarreia, disenteria, cólera, cefaleia, anemia, fraqueza, astenia, caquexia, drepanocitose, pneumonia, bronquite, náusea, vômito, dor de garganta, dismenorreia, hipermenorreia, dor no corpo, dor intercostal e febre, sendo usada como tônico geral, laxativo, purgativo e analgésico. Em Uganda, para os casos de menstruação abundante ou hemorragia uterina, as folhas de L. nepetifolia são espremidas com a mão e o suco é ingerido (Kamatenesi-Mugisha et al., 2007), também tendo aplicação como oxitócico durante o trabalho de parto, favorecendo o período expulsivo e o desprendimento da placenta (KamatenesiMugisha e Oryem-Origa, 2007). Banhos com infusão dos caules são também usados no caso de convulsão e a mesma preparação, via oral, é empregada para lombalgias (Ssegawa e Kasenene, 2007). A infusão das folhas via oral é usada para tratamento de diarreia e malária (Tabuti, 2008); o suco das raízes tem emprego como solução nasal em caso de enxaqueca; os banhos com infusão das folhas são recomendados contra febre e amebíase; as folhas são fumadas em cachimbos confeccionados com o caule da bananeira por homens que se divorciaram e que se apresentam psicologicamente abatidos (Tabuti et al., 2003). Nas Guianas, as inflorescências de L. nepetifolia são utilizadas para estimular a secreção biliar e a digestão (Lorenzi e Matos, 2008). Essa planta ainda tem uso difundido em Trinidad e Tobago, na costa caribenha da Venezuela, região em que é usada principalmente para tratamento de dismenorreia (Lans, 2007) e asma brônquica (Clement et al., 2005). No Brasil, L. nepetifolia foi citada como planta de uso medicinal por 11% da população estudada por Di Stasi et al. (2002) na região da Mata Atlântica, no litoral do estado de São Paulo. Na primeira edição da Farmacopéia Oficial Brasileira, publicada em 1929, foi relatado o uso da planta, na forma de xarope. A partir da segunda edição, de 1959, ela já não foi mais referendada pela Comissão Permanente de Revisão da Farmacopéia, do Conselho Nacional de Saúde, por falta de evidência de sua eficácia e segurança para uso humano (Brandão et al., 2006, 2008). Bevilaqua et al. (2007) relataram o uso popular dessa planta para tratamento de arteriosclerose, sintomas da menopausa, distúrbios menstruais, ansiedade e, quando associada a mel de abelha, para tratamento de sinusite. Em Burundi, as folhas secas de L. nepetifolia são usadas no tratamento de blefarite, cegueira, catarata, conjuntivite, glaucoma, tracoma, prolapsos da parede vaginal e do útero, disenteria, enterite, epigastralgia, azia, gastrite, úlcera gástrica, cólica intestinal, gota e como laxativo e purgativo (Ndayitwayeko e Ntungwanayo, 1978). Nessa região, também se usa o suco das folhas frescas dessa planta, espremidas diretamente nos olhos, para tratamento das doenças oftálmicas e enema do decocto das folhas para as afecções do intestino, como prolapso de cólon e reto (PolygenisBigendako, 1990). Macedo e Ferreira (2004) identificaram, entre comunidades tradicionais da Bacia do Alto do Rio Paraguai e do Vale do Rio Guaporé, no estado de Mato Grosso, o uso do chá das folhas de L. nepetifolia com finalidade hipoglicemiante. No Gabão, usam-se as folhas de L. nepetifolia esmagadas e fervidas em água, juntamente com as folhas de quiabo (Hibiscus esculentus L.), via oral, para tratamento de dismenorreia e hipermenorreia (Raponda-Walker e Sillans, 1995). Agra et al. (2007) realizaram extenso levantamento etnobotânico das plantas empregadas com finalidade terapêutica, incluindo tanto as espécies nativas quanto as naturalizadas ou cultivadas, no nordeste do Brasil, desde o Maranhão até a Bahia, região de rica biodiversidade. A L. nepetifolia, equivocadamente classificada como membro da família Meliaceae, foram atribuídas as atividades: antidiarreica Na Índia, as folhas dessa espécie de planta são usadas na forma de chá nos tratamentos de bronquite e asma (Jain et al., 2006). Em seu trabalho de levantamento da literatura acerca do conhecimento etnobotânico sobre plantas medicinais utilizadas popularmente no Brasil com atividade antifúngica, Fenner et al. (2006) identificaram 409 espécies, entre as quais, L. nepetifolia, empregadas no tratamento de úlceras de pele contaminadas por fungos. Foram incluídos nesse trabalho estudos publicados entre 1840 e 2006. 21 Cruz et al./Rev. Pesq. Inov. Farm. 3(1), 2011, 15-28. (decocto das flores); antialérgica e antiinflamatória para úlceras cutâneas (folhas); expectorante, antiasmática, antirreumática, antipirética e digestiva (planta inteira); sedativa (decocto das folhas e flores). Os nomes populares cordão-de-frade e cordão-de-são-francisco foram, ainda, relacionados a Leucas martinicensis (Jacq.) R. Br. pelos autores. Uso popular em animais Na África, o emprego terapêutico de L. nepetifolia também ocorre em medicina veterinária. Em Uganda, os extratos das folhas e de toda a planta são usados no tratamento de parasitose intestinal (Gradé et al., 2009), enquanto em Burundi, recomenda-se a utilização de folhas da planta maceradas em água para o tratamento de piroplasmose ou bebesiose, hematoparasitose em que o protozoário é transmitido por pulgas ou carrapatos (Ndayitwayeko e Ntungwanayo, 1978). Fitoquímica A partir de amostras de caule de L. nepetifolia, coletadas em Saitama, região montanhosa do Japão, Takeda et al. (1999) identificaram diterpenoides labdanos, cumarinas e dois iridoides glicosídicos: ácido geniposídico 10-O(trans-3,4-dimetoxicinamoil) e ácido gineposídico 10-O-(p-hidroxibenzoil), ambos com ação antioxidante celular. Govindasamy et al. (2002) isolaram de um espécime indiano de L. nepetifolia três novos compostos: hidroxi-dialactona-nepetaefolinol (9,13-epóxi-6β-hidroxi-8α-labdano-16,15:19,20diolactona), nepetaefolinol desidratado (9,13epóxi-labda-5-ene-16,15:19,20-diolactona) e tetrol isomérico (15,16-epóxi-labda-13(16),14dieno-6β,9,17,19-tetrol), todos diterpenoides, cuja ação biológica está relacionada ao controle da inflamação (Hanson, 1999). Além dessa categoria, os autores ainda identificaram o ácido labdânico, o diterpeno metoxi-nepetaefolina, o álcool terpênico nepetaefolinol, a leonitina e a cumarina – 4,6,7-trimetoxi-5-metilcumarina-2-ona – presente em óleos essenciais. Torres et al. (2008) avaliaram os constituintes químicos de três espécies da família Lamiaceae, coletadas no estado de Minas Gerais, Brasil: L. nepetifolia, Leucas martinensis (Jacq) R. Br. e Leonorus sibiricus L. Nos extratos hidrofílicos, observaram a presença preponderante de agliconas esteroides, triterpenoides, leucoantocianidinas, saponinas e taninos condensados. Já nos extratos lipofílicos, as saponinas não foram identificadas. Fernández-Alonso et al. (2009) pesquisaram a presença de mucilagem em espécimes colombianos de membros da família Labiatae, empregando os métodos de hemaglutinação e ELISA, não encontrando este tipo de substância em L. nepetifolia, o que corroborou estudos anteriores. Atividade biológica O extrato seco das partes aéreas de L. nepetifolia, obtido a partir da extração utilizando diferentes solventes (acetona, n-hexano, clorofórmio, etanol e água), não mostrou atividade antibacteriana in vitro para cepas de Staphylococcus aureus, Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa (Haida et al., 2007). Por outro lado, Torres et al. (2008) evidenciaram efeito antimicrobiano dessa espécie de planta em cepas de Escherichia coli, Candida albicans, Micrococcus luteus e Staphylococcus aureus. Também foi observada atividade antifúngica do extrato seco das flores de L. nepetifolia, que apresentou 100% de eficácia contra colônias de Aspergillus flavus e 75% no controle de colônias de Aspergillus parasiticus (Abubacker e Ramanathan, 2003). Estudo in vitro em cultura de células, desenvolvido por Calixto et al. (1991), evidenciou efeito relaxante do extrato hidroalcoólico e do chá do caule de L. nepetifolia sobre células de miométrio e traqueia de porquinhos-da-índia, ao passo que em células do íleo, essas mesmas preparações provocaram contração. O extrato hidroalcoólico demonstrou ser duplamente mais potente do que o chá. Parra-Delgado et al. (2004) desenvolveram estudo in vivo em que foram obtidos extratos individualizados de folhas, caules e flores de espécimes mexicanos de L. nepetifolia. O modelo animal utilizado foi o de edema de orelha induzido pela aplicação tópica de 12-Otetradecanoil forbol-13-acetato (TPA) em camundongos, tratados topicamente com cada um dos extratos. Todos os extratos da planta envolvidos no estudo mostraram alguma 22 Cruz et al./Rev. Pesq. Inov. Farm. 3(1), 2011, 15-28. evidência de ação anti-inflamatória, de forma mais marcante os extratos etanólicos de caules (72,93%), flores (69,06%) e folhas (65,75%). Os autores demonstraram, pela primeira vez, a ação anti-inflamatória da leonitina. Toxicologia Elisabetsky e Posey (1989) relataram a ocorrência de abortamento entre as índias Kayapó no Brasil, provavelmente relacionado à ingestão do decocto de folhas e caules de L. nepetifolia. Rigobello et al. (2005) avaliaram ratos Wistar que receberam no bebedouro infusão de 1,7 g de folhas em 125 mL de água, ad libitum, por 7 dias. Os autores encontraram efeito hepatotóxico reversível caracterizado histologicamente pela dilatação da veia centrolobular e aumento de volume dos hepatócitos. DISCUSSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS L. nepetifolia é uma planta pantropical de porte arbustivo, anual ou perene, que não apresenta grande exigência para seu desenvolvimento e reprodução. É considerada erva daninha por infestar solos produtivos e determinar perda econômica de culturas comerciais. Além de invasora, essa planta apresenta especial resistência à ação de herbicidas, o que provavelmente se deve à alta densidade tricomática, grande espessura da cutícula, baixa densidade estomática da face adaxial e cera epicuticular encontradas em suas folhas. A busca pelo controle do rápido ritmo de dispersão e de germinação dessa espécie representa grande desafio para a agronomia, enquanto para a indústria farmacêutica, o volume de biomassa produzido por L. nepetifolia fornece material ilimitado para pesquisa. A grande diferença observada entre o número de espécies inicialmente descritas para o gênero Leonotis e o número final detalhadamente proposto por Iwarsson e Harvey (2003) deixa dúvida quanto à fidedignidade dos trabalhos publicados envolvendo L. nepetifolia, mesmo daqueles posteriores a essa data. Há extensa sinonímia entre as espécies do gênero e a maioria dos autores referenciados nesta revisão não reconhece, por exemplo, as variedades nepetifolia e africana para a espécie L. nepetifolia. Outro equívoco frequente nos trabalhos levantados é o de se considerar L. leonorus e L. nepetifolia como uma única espécie, dada a semelhança morfológica entre elas, pois são ambas aromáticas, melíferas e usadas na terapêutica tradicional. O uso popular em diferentes regiões da África, bem como a variedade de preparações e indicações clínicas consagram o valor terapêutico da espécie. Há concordância entre os autores, cujos trabalhos envolveram distintas etnias da espécie, quanto à presença de diterpenos; contudo, não há unanimidade em se considerar a leonitina como marcador bioquímico para L. nepetifolia. Não foram encontrados estudos clínicos utilizando L. nepetifolia e os estudos em animais e culturas de células, embora escassos, sinalizam para sua atividade anti-inflamatória e antimicrobiana. Essas possibilidades merecem a atenção dos pesquisadores, visto que as complicações associadas ao uso de antiinflamatórios sintéticos e a ocorrência de cepas de bactérias resistentes à ação dos antibióticos disponíveis constituem atualmente grave problema de saúde pública, representando enorme ônus para os governos e a população de forma geral, sem que se vislumbre uma estratégia minimamente sustentada a médio prazo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Abubacker MN, Ramanathan R. 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