UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS Emily Facin Cavalheiro Natália Matos Fernandes Dieta Vegetariana e os efeitos na perda de peso: Revisão Bibliográfica Orientadora: Profa. Dra. Marciane Milanski Limeira 2015 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS Emily Facin Cavalheiro Natália Matos Fernandes Dieta Vegetariana e os efeitos na perda de peso: Revisão Bibliográfica Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel em Nutrição à Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas. Orientadora: Profa. Dra. Marciane Milanski Limeira 2015 Ficha catalográfica Universidade Estadual de Campinas Biblioteca da Faculdade de Ciências Aplicadas Renata Eleuterio da Silva – CRB 8/9281 Cavalheiro, Emily Facin, 1993C314d Dieta vegetariana e os efeitos na perda de peso : revisão bibliográfica / Emily Facin Cavalheiro, Natália Matos Fernandes. - Limeira, SP: [s.n.], 2015. Orientador: Marciane Milanski Ferreira. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Aplicadas 1. Dieta de emagrecimento. 2. Índice de massa corporal. 3. Perda de peso. I. Fernandes, Natália Matos, 1993-. II. Milanski, Marciane, 1972-. III. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Ciências Aplicadas. IV. Título. Informações adicionais, complementares Título em outro idioma: Vegetarian diet and the effects on weight loss: literature review Palavras-chave em inglês: Reducing diets Body mass index Weight loss Titulação: Bacharel em Nutrição Banca examinadora: Julicristie Machado de Oliveira Data de entrega do trabalho definitivo: 25-11-2015 FACIN, Emily e MATOS, Natália. Dieta Vegetariana e os efeitos na perda de peso: Revisão Bibliográfica. 2015, 26 páginas, Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Nutrição) - Faculdade de Ciências Aplicadas. Universidade Estadual de Campinas. Limeira, 2015. Resumo O objetivo deste estudo foi avaliar as dietas vegetarianas em relação a perda de peso. Foram analisados artigos científicos sobre a relação do IMC e do peso com Dietas Vegetarianas, Dieta Vegana e Dietas a Base de Plantas, publicados nos últimos 5 anos das bases de dados Scielo, PubMed e Google Acadêmico. A dieta vegetariana não é uma “dieta da moda”, mas atualmente ela está na moda por ser considerada pelas pessoas uma alternativa para a perda de peso. Em todas as evidências científicas citadas uma dieta à base de plantas foi associada com menores IMC e menor peso, observando que quanto maior o consumo de carne e de produtos de origem animal maior o valor do IMC e o peso. Pode-se concluir que a dieta vegetariana é uma boa opção para perda de peso, no entanto deve ser bem planejada e orientada por um profissional Nutricionista, devido as possíveis deficiências de nutrientes por meio de uma dieta mal elaborada e o consumo excessivo de gorduras saturadas/trans e carboidratos refinados através de produtos industrializados. Palavras-chave: Dieta Vegana, Dieta Vegetariana, Índice de massa corporal, Perda de peso, dieta da moda, carências nutricionais. FACIN, Emily e MATOS, Natália. Dieta vegetariana e seus efeitos na perda de peso: Revisão Bibliográfica. 2015, 26 páginas, Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Nutrição) - Faculdade de Ciências Aplicadas. Universidade Estadual de Campinas. Limeira, 2015. Abstract The goal of this study was to evaluate vegetarian diets in relation to weight loss. Were analyzed scientific articles about the relation between BMI and weight with vegetarian diets, vegan diets and plant-based diets, using articles about last five years of Scielo database, PubMed and Google Scholar. The vegetarian diet is not a "fad diet", but currently it is on top because people considered an alternative of weight loss. In all scientific evidences cited in this study, a plant-based diet was associated with lower values of BMI and weight, noting that the higher the consumption of meat and products of animal origin higher the values of BMI and weight. It can be concluded that the vegetarian diet is a good option to weight loss, however must be well planned and guided by a professional of nutrition because the possible deficiencies of nutrients and the overconsumption of saturated/trans fat and refined carbohydrates. Keywords: Vegan Diet, Vegetarian Diet, Body Mass Index, Weight Loss, Fad Diet, Nutritional Deficits. SUMÁRIO INTRODUÇÃO……………………………………………………………………………….….......01 OBJETIVO………………………………………………………………………….…………… ....... 4 METODOLOGIA………………………………………………………………………………… ...... 4 RESULTADO E DISCUSSÃO…...……………………………………………………………… .... 5 CONCLUSÃO…………………………………………………………………………………… ..... 14 REFERÊNCIA…………………………………………………………………………………… .... 15 1 INTRODUÇÃO A alimentação é uma ação fundamental para a sobrevivência humana, no entanto ela está relacionada também a aspectos sociais, familiares, econômicos e outros de grande subjetividade. Além desses fatores essa ação vital está ligada muitas vezes com a relação saúde-doença e com os perfis estéticos de cada pessoa. Atualmente há um crescimento de interesse das pessoas na busca incessante pelos padrões estéticos impostos como perfeitos: corpos musculosos, magros e simétricos são considerados um parâmetro corporal de beleza sendo proposto pelos segmentos da moda, de bens e de serviços. Os meios de comunicação de massa (principalmente a Internet) vêm contribuindo com essa procura por métodos práticos e rápidos para mudança corporal, incentivando muitas vezes métodos ineficientes, inadequados e prejudiciais que desconsideram a saúde e as pessoas como indivíduos. Devido à perda de peso ser considerada pela mídia como a solução de todos os problemas, trazendo consigo sentimento de felicidade e sucesso. Como não há uma preocupação com os diferentes biotipos da população, os meios de publicidade, marketing e telecomunicação fazem com que as pessoas caiam em armadilhas chamadas de “dietas da moda”, assim aderem às práticas inadequadas e sem supervisão médica, esportiva e/ou nutricional. O problema dessas dietas de sites, de revistas e as que são passadas de pessoa-pessoa é que muitas delas não são cientificamente comprovadas, nem adequadas e não orientam as pessoas da maneira correta. Do ponto de vista nutricional as “dietas da moda” são prejudiciais à saúde, já que são vários os problemas provocados pela carência nutricional e pelo déficit energético induzido por essas dietas restritivas sem acompanhamento nutricional. Além disso, prometem uma considerável perda de peso em curto prazo, exigem restrições de grupos alimentares específicos ou impõe o consumo repetitivo de alimentos ou consistências. Porém para o alcance dos objetivos sem prejudicar a saúde deve-se buscar o profissional da área de nutrição para proporcionar mudanças de comportamentos com a reeducação alimentar saudável e equilibrada, e se necessário elaborar cardápios individualizados. Alguns exemplos de “dietas da moda” são: a dieta Detox, da Bíblia, das Cores, da Atkins, de Dukan, do Tipo Sanguíneo, Ácido-alcalina, da Clínica Mayo, de South Beach, líquidas e restritiva a apenas um alimento, além do uso de laxantes e remédios. A dieta que está em evidência na mídia 2 e que mostra grande relevância na perda de peso é a dieta vegetariana, que vem sendo utilizada como uma ‘’ dieta da moda’’, e não apenas por questões habituais, religiosas, ambientes e éticas. As Dietas Não vegetarianas (Onívoras) são aquelas que o consumo de carne é frequente e não possuem restrição de alimentos. A Dieta Vegetariana é aquela na qual há consumo predominantemente de alimentos de origem vegetal. Essa dieta tem grande variedade de práticas dietéticas como Semivegetariana, Vegetariana Estrita, Vegana, Ovolactovegetariana, Lactovegetariana, Ovovegetariana e Pescovegetariana, possuem vastas implicações na saúde devido às diferentes escolhas dos grupos alimentares e dos alimentos em si. A Dieta Semivegetariana é aquela em que se ingere geralmente carnes brancas de uma a três refeições por semana. Tanto na Dietas Vegetariana Estrita (Pura) e quanto no Veganismo não há ingestão de nenhum derivado animal na alimentação, sendo que nesta última também não se faz uso de componentes animais não alimentícios, como vestimentas de couro, lã e seda, assim como produtos testados em animais. Dieta Ovolactovegetariana é aquela que além dos vegetais se utiliza ovos, leite e derivados, já a Lactovegetariana não usa ovos, mas faz uso de leite e derivados e a Ovovegetariana não se ingere leite e derivados, mas incluem ovos na sua dieta. A Dieta Pescovegetariana se difere das demais devido a presença de peixes na alimentação e algumas vezes frutos do mar. Os Vegetarianos e as suas variações optam por alimentos de origem vegetal que estão cheios de nutrientes incluindo proteína, ferro e cálcio. Geralmente a proteína não é um problema para os vegetarianos, pois a proteína contida em alimentos de origem vegetal é capaz de suprir as necessidades diárias para esse nutriente para a maioria das pessoas. Para isso é necessário variar o consumo de várias fontes proteicas de origem vegetal e consumir dietas mistas contendo principalmente cereais e leguminosas. A vantagem é a de obter nutrientes de alimentos com alto teor de fibras e baixo teor de gordura saturada e colesterol (TEXEIRA, R.C.M.A. et al, 2007). Assim como para a proteínas, dietas vegetarianas são capazes de fornecer quantidades adequadas de cálcio, ferro, zinco e vitamina D, desde que sejam bem planejadas. No caso dos Veganos/Vegetarianos Estritos (puros) deve-se ter uma atenção para a vitamina B12, obtida apenas de fontes de origem animal. A deficiência assintomática de vitamina B12 pode ocorrer por longos períodos antes do aparecimento de qualquer sintoma ou sinal clínico, desencadeando uma 3 deficiência crônica de vitamina B12 que, se mantida durante anos, pode levar a manifestações neuropsiquiátricas irreversíveis. De uma maneira geral, é uma desordem que se manifesta por um quadro caracterizado por anemia megaloblástica associada a sintomas neurológicos. Para evitar a anemia megalogblástica deve-se incluir alimentos como o leite e derivados, ovos, iogurte, queijo e em alguns casos como no Veganismo deve-se incluir suplementos vitamínicos ou alimentos fortificados (PANIZ, C. et al, 2005). Na idade adulta esse tipo de dieta muitas vezes é adotada como tentativa de perda de peso, diminuir o risco de doença ou como parte de opção terapêutica. Na gravidez e amamentação é necessária uma atenção em relação a ingestão calórica total, de ferro, vitamina B12, cálcio e vitamina D. O risco de deficiência nutricional é maior em períodos de crescimento e deve ser assegurado um aporte adequado de todos os nutrientes nessa fase, principalmente de vitamina D, cálcio, ferro e vitamina B12, pois eles implicam diretamente no crescimento e desenvolvimento da criança e do adolescente. Na velhice, é importante garantir um aporte nutricional de vitamina D, principalmente para as mulheres, para manter uma densidade mineral óssea adequada (NELSON, P., 2010). Sabe-se que qualquer tipo de dieta Onívora (não vegetariana), Vegetariana ou Vegana se mal planejada pode causar uma deficiência de macronutrientes e micronutrientes causando problemas de saúde. Para dieta que não inclui carne e derivados, deve-se ter um cuidado especial com a obtenção de proteínas completas com carga de aminoácidos; de vitaminas do complexo B (especialmente a vitamina B12) sendo bom o uso de produtos de origem lácteas, ovos e alimentos fortificados; de cálcio encontrado em laticínios, nozes, cereais inteiros, vegetais de folhas verdes, legumes crucíferos; de ferro, sendo encontrado em vegetais de folhas verdes e legumes. Vale ressaltar que, para aumentar a biodisponibilidade do ferro nãoheme da planta a melhor estratégia é comer alimentos ricos em vitamina C, juntamente com as principais refeições. Além disso, deve-se considerar a importância da informação nutricional de fontes confiáveis e considerar o uso de suplementos alimentares prescritos pelo profissional de saúde (BRIGNARDELLO G., 2013). Pode-se afirmar que o final do século XX e o início do século XXI serão lembrados como o momento em que o culto ao corpo se tornou uma verdadeira obsessão. E a associação corpo e prestígio se tornou um elemento fundamental da nossa cultura brasileira. A busca por um modelo ideal de beleza, nunca foi tão 4 estimulado e valorizado. O aumento da exigência por um padrão de beleza esguio pode ocasionar no indivíduo uma relação entre seu estado nutricional com uma visão não condizente com a realidade e a autopercepção da sua imagem corporal com algum sentimento de insatisfação. A idealização da magreza pode influenciar o comportamento das pessoas, como a prática de dietas que prometem rápida perda de peso e sem sofrimento. Nossos padrões culturais fazem com que até indivíduos com o peso dentro dos parâmetros da normalidade possam sentir-se com seu peso acima do desejado. Diversas evidências científicas atuais mostram proporções elevadas de comportamentos alimentares considerados anormais e de insatisfação com a imagem corporal em ambos os sexos, em diferentes faixas etárias e classes sociais. O profissional da área da saúde e nutrição não pode estar alheio ao que se passa no mercado midiático. De nada adianta prescrever dietas, divulgar práticas alimentares saudáveis descontextualizadas da forte influência que o público recebe da mídia (WITT, J. S. G. Z. e SCHNEIDER, A. P., 2011). Diante desse quadro pode-se observar que as pessoas nos últimos anos vêm fazendo o uso exacerbado de “dietas da moda” para perda de peso à curto prazo e uma das dietas que está sendo usada atualmente para essa finalidade é a dieta vegetariana. Portanto este trabalho tem o objetivo de analisar o efeito desta dieta na perda de peso a partir de uma revisão da literatura. OBJETIVO Avaliar a utilização da dieta vegetariana como dieta da moda e sua relação com a perda de peso. METODOLOGIA Foi realizada uma revisão bibliográfica de estudos acessados nas bases de dados Scielo, PubMed e Google Acadêmico feitos com humanos. As palavras chave usadas foram: Vegetariano, vegano, dieta à base de plantas, índice de 5 massa corporal (IMC), obesidade, perda de peso, composição corporal, risco e benefícios. Em inglês: vegetarian, vegan, plant-based diets, lower body mass index (BMI), obesity, weight loss, body composition. Priorizou-se os estudos dos últimos 5 anos. A coleta de dados foi feita a partir de uma leitura seletiva e com a realização de um registro das informações extraídas dos estudos pertinentes, verificando o ano, autor, revista, métodos, resultados e conclusões. Posteriormente realizou-se uma leitura analítica para encontrar as respostas do problema em questão. E por fim foi estabelecida uma discussão e uma análise diante dos resultados encontrados nos artigos. RESULTADO E DISCUSSÃO Nas últimas décadas vários trabalhos foram feitos com o objetivo de avaliar o efeito do consumo de dietas vegetarianas. No estudo Adventista de Saúde da Universidade Loma Linda (1976), realizado com 34.000 adultos residentes na Califórnia, sendo que cerca de 45% dos adventistas eram vegetarianos, e os 55% restantes consumiam carne, peixe, aves pelo menos uma vez por semana ou mais frequentemente. Para ambos os sexos os padrões alimentares vegetarianos entre os adventistas foram associados com um IMC mais baixo, e o IMC aumentou à medida que a frequência de consumo de carne também aumentou. No entanto, deve-se salientar que os adventistas não vegetarianos geralmente consomem menos carne do que a população em geral. Este estudo também foi apoiado por uma meta-análise de 2001 com 36 estudos em mulheres e 24 estudos em homens e ambos os sexos não apresentaram diferenças significativas de altura entre vegetarianos e não vegetarianos, no entanto os vegetarianos apresentaram peso significativamente menor, -7,7 kg para homens e 3,3 kg para as mulheres, e um IMC 2 pontos menor (SABATÉ J. e WIEN M., 2010). Mostrando assim uma das primeiras evidências que o consumo de uma dieta com menor quantidade de proteína de origem animal está associada com menor peso e menor IMC entre os adultos sem comprometer a estatura. Já outro estudo realizado na Carolina do Sul (2013) teve como objetivo avaliar a perda de peso em vegetarianos e não vegetarianos (onívoros), foi 6 feita uma análise randomizada controlada que consistiu em reuniões semanais do grupo, com exceção do grupo onívoro, que serviu de controle e participaram de reuniões mensais. Todos os grupos participaram de reuniões mensais nos últimos 4 meses de estudo. Os adultos com excesso de peso (índice de massa corporal 25-49,9 kg / m², idade 18-65 anos, 19% não branco, e 27% homens) foram randomizados para uma dieta de baixo teor de gordura e de baixo índice glicêmico: vegano (n = 12), vegetariano (n = 13), pescovegetariano (n = 13), semivegetariano (n = 13), ou onívoros (n = 12), totalizando 63 participantes. A análise de intenção de tratar a tendência linear para perda de peso através dos cinco grupos foi significativa, tanto em 2 meses (P <0,01) quanto em 6 meses (P <0,01). Em 6 meses, a perda de peso no grupo vegano (-7,5% ± 4,5%) e vegetariano (-4,7% ± 3,6%) foram significativamente diferentes do onívoro (-3,1% ± 3,6%), do semivegetariano (-3,2% ± 3,8%;) e do pescovegetariano (3,2% ± 3,4%;). Os participantes veganos têm consumo menor de gordura total e gordura saturada, do que semivegetarianos, onívoros e pescovegetarianos, ou seja, a dieta vegana pode resultar em maior perda de peso do que as recomendações menos restritas (TURNER-MCGRIEVY G. M. et al, 2014). Com esse estudo pode-se verificar que a perda de peso em onívoros, semivegetarianos e pescovegetarianos é significadamente igual, já em veganos/vegetarianos estritos a perda de peso é bem maior, no entanto não fica claro se os 13 vegetarianos analisados no estudo são lactovegetarianos, ovolvegetarianos ou ovolactovegetarianos, portanto não podemos identificar com exatidão o tipo da dieta vegetariana analisada. Outro ponto importante a ser avaliado é a relação dos hábitos de vida saudáveis ou não dos onívoros e dos vegetarianos com o IMC, verificando se são apenas os hábitos da dieta influenciam o peso. Com esse objetivo o estudo vegetariano de Oxford, Appleby et al (1998) avaliou os padrões alimentares e outros fatores de estilo de vida com o IMC usando dados transversais a partir de 1914 homens e 3378 mulheres entre as idades de 20 e 89 anos. O menor IMC foi observado entre vegetarianos do que em não vegetarianos. Não vegetarianos consumiram mais álcool e realizavam menos atividade física. Portanto, esses fatores de confusão não explicaram plenamente o papel de proteção dos padrões de dieta vegetariana na prevenção da obesidade, o que sugere que existe um efeito independente ao baixo consumo de carne. Estes resultados foram apoiados pelo estudo de Investigação Prospectiva Europeia sobre Câncer e Nutrição (EPIC) elaborado pela Oxford, que envolveu 57.498 participantes e incluiu uma proporção elevada de vegetarianos e 7 veganos, tendo uma análise transversal de dietéticas, antropométricas e dados de estilo de vida. Neste estudo foi verificado maior IMC no grupo de "comedores de carne" e menor IMC entre veganos; pescovegetarianos e lactoovovegetarianos tinham IMC semelhantes sendo médios intermediários. Porém menos de 5% das diferenças no IMC entre os comedores de carne e os veganos se deveram a fatores de estilo de vida (por exemplo, tabagismo, atividade física, e grau de escolaridade) (SABATÉ J. e WIEN M., 2010). Já o Estudo Adventista de Saúde (2002) com 97.000 adventistas de todo os Estados Unidos e Canadá, recolheu dados sobre dieta, atividade física, estilo de vida e fatores demográficos. Estado do padrão alimentar foi ainda classificado como veganos, lactoovovegetarianos, pescovegetarianos, semivegetarianos e não vegetarianos. Observou-se um aumento progressivo do IMC quando carne e produtos animais foram incluídos na dieta. As dietas veganas e ovolactovegetarianas proporcionaram maior proteção contra o sobrepeso e obesidade do que uma dieta contendo carne. Mais especificamente, o grupo vegano tinha um IMC menor que 5,2 pontos do que o grupo não vegetariano. Assim, independentemente da idade, sexo, da atividade física, do estilo de vida e dos fatores demográficos, os vegetarianos são mais magros que os não vegetarianos e têm uma menor prevalência de obesidade (SABATÉ J. e WIEN M., 2010). Portanto os efeitos da dieta vegetariana sobre o IMC é significativamente independente dos hábitos de vida (como atividade física, tabagismo, alcoolismo, escolaridade entre outros). A composição das dietas vegetarianas é um assunto que deve ser abordado, uma vez que podem ocorrer doenças carenciais, consumo discriminado de carboidratos refinados e gordura trans/saturada a partir da ingestão de produtos industrializados. Em um estudo transversal (2005) com 55459 mulheres saudáveis do grupo sueco de mamografia sendo autorelatadas como onívoras (n = 54.257), semivegetarianas (n = 960), lactovegetarianas (n = 159), e veganas (n = 83). As onívoras consumiam todos os alimentos, semivegetarianas em algum momento relataram consumir peixe ou ovos, lactovegetarianas não consomem carne, aves, peixe ou ovos, e veganas não consumiam produtos de carne, aves, peixes, ovos ou produtos lácteos. As mulheres veganas eram significativamente mais velhas do que as mulheres onívoras, semivegetariana e lactovegetariana. As mulheres onívoras eram significativamente mais pesadas (66,6 ± 10,9 kg) do que qualquer um dos 3 grupos vegetarianos e também tinham um IMC significativamente maior (24,7 ± 3,9). Entre os 3 grupos vegetarianos, as veganas tiveram o menor peso em comparação 8 com os onívoros. Os resultados sugerem que as veganas podem ter um risco ainda menor de sobrepeso ou obesidade do que semi e lactovegetarianos (redução do risco de 65% em comparação com 48% e 46%, respectivamente). No entanto a prevalência de sobrepeso ou obesidade (IMC ≥ 25) foi de 40% entre os onívoros, 29% entre ambos os semivegetarianas e veganas, e 25% entre os lactovegetarianas. A porcentagem mais elevada de semivegetarianas (9%) e lactovegetarianas (10%) frequentaram a universidade em comparação com onívoras (5%) e veganas (6%). As veganas tiveram o maior percentual de não fumantes (72%). Onívoros tiveram significativamente maior ingestão de energia e proteína, e significativamente menor ingestão de carboidratos, do que qualquer um dos 3 grupos vegetarianos. Onívoros também consumiram uma maior percentagem de energia proveniente de gordura monoinsaturada e gordura saturada do que fez todos os 3 grupos vegetarianos e teve a menor ingestão de fibras. Não vegetarianos (onívoros) apresentaram os maiores consumos de grãos refinados e alimentos de origem animal e as menores ingestões de frutas e produtos hortícolas. Poucas diferenças significativas na ingestão de alimentos do grupo foram observadas entre os 3 grupos alimentares vegetarianos: veganas consumiam mais verduras e menos produtos lácteos do que lacto ou semivegetarianas, enquanto semivegetarianas consumiam a maior quantidade de peixes (NEWBY P. K. et al, 2005). Foi observado no estudo que as dietas vegetarianas são mais saudáveis que a dieta não vegetariana, pelo fato dos onívoros incluírem em sua dieta mais gorduras trans/saturada e mais carboidratos refinados, e menor ingestão de frutas e vegetais. Por esse motivo a Associação Americana de Dietética e das Nutricionistas do Canadá (the American Dietetic Association and Dietitians of Canada) reconhecem os benefícios da dieta vegetariana equilibrada, incluindo a dieta vegana, para todos os indivíduos e durante todas as fases da vida. Contudo, alguns nutrientes específicos podem não estar disponíveis em dietas vegetarianas, predispondo ao risco de desenvolvimento de doenças carenciais (BAENA R. C., 2015). Devido ao risco de doenças carenciais com o uso das dietas vegetarianas, estudos a esse respeito são de grande importância. Devido a esse motivo foi realizado um estudo (Adventist Health Study-2) transversal com 71751 indivíduos (com idade média de 59 anos), entre 2002 e 2007, os vegetarianos estritos/veganos apresentaram os menores consumos de Gordura Saturada, Gordura Trans e Ácido Araquidônico e maior ingestão de Fibra, Proteína de Soja e Vitaminas C, Folato, βcaroteno, os Estritos/Veganos também possuem baixa ingestão dietética de 9 Vitamina B12 e D, Cálcio, Ômega-3, além de Ferro e Zinco, por isso este grupo tem sido muitas vezes motivo de preocupação nutricional. Vitaminas associados às frutas e aos legumes são menos consumidos pelos não vegetarianos (Onívoros) do que em outros grupos vegetarianos, enquanto que a ingestão de vitaminas B12 e D foram maiores nos não vegetarianos (RIZZZO et al, 2013). Embora os vegetais proporcionem menor oferta proteica em relação aos alimentos de origem animal, as dietas vegetarianas são adequadas e, geralmente, excedem as necessidades de proteínas (Posicionamento ADA: dietas vegetarianas). A constatação da ausência de alguns aminoácidos essenciais (Fenilalanina, Histidina, Isoleucina, Lisina, Leucina, Metionina, Treonina, Triptofano e Valina) não constitui limitação à adequação de dietas vegetarianas mesmo o ser humano não sendo capaz de sintetizá-los podemos obtê-los através da dieta, visto que as possíveis deficiências são facilmente compensadas pela combinação de alimentos vegetais complementares, como as verduras, os legumes, os grãos integrais, as nozes e as sementes (exemplos incluem arroz integral com feijão e homus com pita de trigo integral), além do consumo de alimentos ricos em proteína como produtos lácteos, ovos e alimentos à base de plantas como a quinoa. Além disso, o balanço de aminoácidos da proteína da soja é comparável ao da proteína obtida de alimentos de origem animal, como o da carne vermelha (BAENA R.C., 2015; TUSO P. J. et al, 2013). A vitamina B12 é necessária para a formação de sangue e a divisão celular. A deficiência de vitamina B12 é um problema muito grave e pode levar a anemia megaloblástica que tem como um dos principais aspectos a presença de neutrófilos hiper-segmentados, macroovalócitos e hipercelularidade na medula óssea com maturação anormal (PANIZ, C. et al, 2005). A vitamina B12 é produzida por bactérias e não por plantas ou por animais. Os indivíduos que seguem uma dieta baseada em plantas, em especial os veganos/vegetarianos estritos, que não inclui na alimentação produtos de origem animal podem ser vulneráveis a deficiência de B12. Para os veganos, para as vegetarianas grávidas ou lactantes há a necessidade de complementar a dieta com suplementação ou com alimentos fortificados com B12 (TUSO P. J. et al, 2013). Embora a vitamina B12 não esteja limitada à alimentos de origem animal, outros alimentos, como fungos, algas marinhas e vegetais fermentados não são considerados seguros, confiáveis e suficientes para suprir as necessidades e evitar estados carenciais, pelo fato da vitamina B12 contida nesses 10 alimentos está em sua forma inativa. Os resultados do Estudo EPIC-Oxford revelaram deficiência de vitamina B12 em 52% dos veganos, 7% dos vegetarianos e em 1% dos onívoros (BAENA R. C., 2015). O ferro não-heme encontrado em vegetais como legumes, grãos integrais, frutas secas e folhas verde escuras apresenta absorção menor do que o ferro heme encontrado na carne animal, a vitamina C (ácido ascórbico) facilita a absorção do Ferro não-heme de uma refeição, já a ingestão de cálcio junto a ingestão de alimentos ricos em ferro não-heme diminui sua biodisponibilidade. No entanto, a American Dietetic Association afirma que a anemia por deficiência de ferro é rara, mesmo em indivíduos que seguem uma dieta à base de plantas (TUSO P.J. et al, 2013; BAENA R. C., 2015). A ocorrência de deficiência de zinco em vegetarianos não difere da encontrada em indivíduos não vegetarianos. Em geral, as dietas vegetarianas são ricas em zinco, que pode ser encontrado com facilidade em vários alimentos de origem vegetal, como nozes, sementes e grãos integrais (BAENA R. C., 2015). Estudos demonstram que a ingestão de cálcio em ovolactovegetarianos não difere da ingestão de não vegetarianos (onívoros), mas a ingestão de cálcio em veganos/vegetarianos estritos é menor. Da mesma forma, a densidade mineral óssea não difere entre ovolactovegetarianos e não vegetarianos, mas em veganos é menor. O significado clínico desses achados é contraditório, alguns estudos não encontraram diferenças. Os veganos/vegetarianos estritos podem encontrar alimentos com boa biodisponibilidade de cálcio nos produtos de soja fortificados e em inúmeros vegetais ricos em oxalato como espinafre e nozes. Mas a presença da vitamina D facilita a absorção intestinal do cálcio, auxilia na reabsorção de cálcio nos rins e atua na captação de cálcio dos ossos. Ingestão reduzida de proteína dificulta a absorção intestina de cálcio, no entanto sua ingestão em excesso, além da ingestão exacerbada de sódio e cafeína, facilita a excreção de cálcio (BAENA R. C., 2015). Estudos recentes sugerem que a deficiência de vitamina D constitui grande desafio para a saúde pública mundial, não apenas para a população de vegetarianos ou veganos. Existem múltiplas dificuldades para a sua síntese na pele e sua ocorrência natural se concentra em poucos alimentos (gordura de peixe, cogumelos e ovos). Embora alguns estudos tenham demonstrado que uma ingestão menor de vitamina D em vegetarianos e, em especial, em veganos do que em não vegetarianos, o estudo Adventist Health Study não encontrou nenhuma diferença no nível sérico de 11 vitamina D em vegetarianos, sugerindo que outros fatores além da dieta influenciam a obtenção de vitamina D (BAENA R. C., 2015). Em outro estudo foi encontrado nos vegetarianos maior consumo de magnésio, potássio, ferro, tiamina, riboflavina e ácido fólico (TUSO P. J. et al, 2013). Portanto os vegetarianos podem ter uma dieta equilibrada com um planejamento adequado da dieta, no entanto a vitamina B12 deve ter uma atenção especial para veganos/vegetarianos estritos, por serem vulneráveis a deficiências, devido à restrição de alimentos de origem animal, principal fonte de B12, necessitando assim, de suplementação. Muitos trabalhos apontam os benefícios de uma dieta vegetariana, e um estudo importante que mostra esses benefícios é o estudo realizado em 2013 que incluiu 170 monges budistas (vegetarianos) e 126 homens onívoros. Este estudo avaliou a interação entre IMC (Índice de Massa Corporal) e estado vegetariano ajustando idade, escolaridade, tabagismo, consumo de álcool e atividade física. Comparado com onívoros, os vegetarianos tinham significativamente menor média de IMC, pressão arterial, colesterol total, colesterol de lipoproteína de baixa densidade, colesterol de lipoproteína de alta densidade, o colesterol total em relação a lipoproteína de alta densidade, triglicérides, apolipoproteína B e AI, bem como menor probabilidade prevista de doença cardíaca coronária. IMC maior foi associado com perfil lipídico desfavorável e previu probabilidade de doença cardíaca coronária. No entanto, as associações foram significativamente diminuídas em budistas vegetarianos. Portanto as dietas vegetarianas não só estão relacionadas com menor IMC, mas também atenuam os aumentos relacionados com altos IMC como lipídios plasmáticos e a probabilidade de doença cardíaca coronária (ZHANG H. J. et al, 2013). Outro estudo sugere que as dietas vegetarianas são mais eficientes para perda de peso e são mais nutritivas do que dietas que incluem carne. Esse estudo mostra também que os vegetarianos eram mais magros do que os consumidores de carne (TUSO P. J. et al, 2013). Outro estudo fez a associação entre os tipos de dieta vegetariana (vegana, lactovegetariana, ovolactovegetariana, pescovegetariana, semivegetariana e não vegetariana) e autoavaliação do estado de diabetes e índice de massa corporal (IMC). Para isso foram utilizados dados transversais de 156.317 adultos de 20-49 anos que participaram da terceira Pesquisa Nacional de Saúde da Família da Índia (2005-06). O IMC médio foi menor em semivegetarianos (20.3 kg / m²) e veganos (20.5 kg / m²) e mais elevada em dietas ovolactovegetarianas (21,2 kg / m²) e em dietas lactovegetarianas (21.0 kg / m²). O consumo de uma 12 lactovegetariana, ovolactovegetariana e semivegetariana foram associadas com menor probabilidade de diabetes do que uma dieta não vegetariana na análise ajustada. Estes resultados podem ajudar no desenvolvimento de intervenções para tratar a crescente carga de sobrepeso/obesidade e diabetes na população indiana. No entanto, estudos prospectivos com melhores medidas de consumo alimentar e medidas clínicas de diabetes são necessários para esclarecer essa relação (AGRAWAL S. et al, 2014). Em geral, vegetarianos apresentam menor risco de desenvolver sobrepeso/obesidade, doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes, neoplasias, entre outras condições, que comprometem a qualidade de vida e a longevidade. Além disso o consumo elevado de fibras, acelera o volume fecal que, por sua vez, aumenta a mobilidade intestinal, aumentando o trânsito do bolo fecal e, portanto, diminuindo a superfície de contato e o tempo de exposição da mucosa à agressores. Outro fator benéfico de vegetais, grãos integrais, legumes e frutas, ricos em fibras e nutrientes, como o ácido fólico, são ricos em compostos bioativos, chamados fitoquímicos, que apresentam inúmeras propriedades antioxidantes (BAENA R.C., 2015). Verificando que além do benefício da perda de peso, a dieta vegetariana também está relacionada a prevenção de diversas doenças, sendo um fator protetor. Como foi mostrado anteriormente, a dieta vegetariana está relacionada com a prevenção de diversas doenças, duas em especial são o sobrepeso e a obesidade, e para mostrar esse menor risco de desenvolvimento foram realizados grandes estudos prospectivos, como o EPIC Oxford (European Prospective Investigation on Cancer) e o ADVENTIST-2 (Adventist Health Study-2) que demonstraram que vegetarianos, em especial os veganos, são mais magros que os onívoros consumidores de carne. Entre as possíveis explicações para esta associação estão: o consumo elevado de fibras, grãos integrais, nozes e sementes, bem como o consumo reduzido de gordura e de energia pelos vegetarianos. Por outro lado, o consumo de carne vermelha também apresentou associação positiva com o risco de desenvolver sobrepeso e obesidade (BAENA R.C., 2015). De acordo com Sabaté e Wien (2010), estudos epidemiológicos indicam que as dietas vegetarianas são associadas com um IMC mais baixo e uma menor prevalência de obesidade em adultos e crianças. Uma meta-análise de estudos de dieta vegetariana em adultos estima uma redução da diferença de peso de 7,6 kg para os homens e 3,3 kg para as mulheres, o que resultou em um IMC de 2 pontos a menos. Da mesma forma, em 13 comparação com os não vegetarianos, crianças vegetarianas são mais magras e sua diferença de IMC torna-se maior durante a adolescência. Estudos explorando o risco de grupos sobrepeso e de alimentos e padrões alimentares indicam que uma dieta baseada em vegetais parece ser uma abordagem sensata para a prevenção da obesidade em crianças. Dietas à base de plantas são de baixa densidade energética e rica em carboidratos complexos, fibras e água, o que pode aumentar a saciedade e gasto energético em repouso (TUSO P. J. et al, 2013). Esses autores mostram que os padrões de dieta à base de plantas devem ser incentivados para uma saúde ótima prevenindo assim o risco de desenvolvimento de sobrepeso/obesidade, por ser uma dieta nutritiva e de baixa densidade calórica e pode ser recomendada para controle de peso sem comprometer a qualidade da dieta. Muitos estudos tratam dos benefícios e dos riscos da dieta vegetariana ou da dieta vegana, no entanto existem poucas analises sobre a autopercepção das pessoas que aderem à uma alimentação a base de plantas. Com esse intuito o estudo realizado no Chile, com 266 vegetarianos e 53 veganos (16-70 anos) a partir de inquéritos alimentares, demostrou que 75% dos vegetarianos (ovolactovegetarianos são 76%, seguido por 10,5% de lactovegetariano e 9% de ovovegetariano, 5% outros) e 83% de veganos acreditam que têm uma dieta equilibrada. Mas o estudo mostrou que 66% dos veganos falaram que seguiram uma dieta vegetariana antes de optar pelo veganismo. Neste estudo ambos os grupos relataram que a principal dificuldade na execução de cada tipo de dieta são os encontros sociais para vegetarianos 34,2% e 23,3% para os veganos. A segunda dificuldade para 23,1% dos vegetarianos é comer em restaurantes e para os 21% dos veganos é encontrar alimentos veganos no mercado. Além disso, alcançar as recomendações de proteínas, ferro, zinco e vitamina B12 foi o aspecto de dieta que preocupa 70% dos entrevistados. Nota-se que uma porcentagem baixa (26,3%) admite o consumo de suplementos dietéticos, sendo menor em vegetarianos (20,3%) e maior em indivíduos veganos (65%). Em relação à fonte de informação sobre estas dietas, vegetarianos e veganos dizem usar de preferência a internet, apenas uma minoria refere-se aos nutricionistas e profissionais de saúde em uma percentagem de 9,4% e 10,9%, respectivamente. Quanto às desvantagens de seguir cada tipo de dieta, 46% dos vegetarianos e 42% de veganos, disseram que há a necessidade de um planejamento adequado para evitar deficiências nutricionais, o risco de anemia e as dificuldades na formação óssea. Além disso, 6% vegetarianos e 15% veganos disse 14 não encontrar desvantagens (BRIGNARDELLO G., 2013). Verifica-se que os veganos/vegetarianos encontram dificuldades ao realizarem suas dietas como em encontros sociais, refeições feitas em restaurantes e identificação de alimentos no mercado que se adequem a dieta (no caso dos veganos). Eles também se preocupam e sabem dos possíveis riscos carenciais da dieta, no entanto a minoria faz o uso de suplementos dietéticos, menos no grupo dos veganos que necessitam a suplementação de vitamina B12 como foi visto anteriormente. O estudo, também, mostra que a base de informação mais usada pelos vegetarianos e veganos é a internet, sendo preocupante, pois muitas informações desse meio são equivocadas. A busca pelo profissional da área de nutrição é fundamental para uma dieta bem planejada e apropriado para cada indivíduo, possibilitando o uso adequado de suplementação e proporcionar alternativas saudáveis para dificuldades encontradas pelos veganos e vegetarianos. CONCLUSÃO Pode-se concluir que a dieta vegetariana, além de ser um fator protetor para inúmeras doenças como cardiovasculares, hipertensão, diabetes e neoplasias, é uma boa opção para perda de peso. Foi observado em todos os estudos citados o aumento progressivo do IMC e do peso quando se inclui na dieta carne e produtos animais, portanto os não vegetarianos são mais propensos para obesidade e sobrepeso. A dieta vegetariana é capaz de atingir as recomendações de macro e micronutrientes, no entanto requer um planejamento e uma orientação por um profissional Nutricionista, devido as possíveis deficiências nutricionais, se atentando principalmente na gravidez, na infância e na velhice por serem grupos de risco carenciais. A vitamina B12 precisa ser suplementada no caso de veganos/vegetarianos estritos por não ingerirem produtos de origem animal (fontes adequadas de B12). Outro motivo para busca do profissional de nutrição é o fato de que gorduras saturadas/trans e carboidratos refinados podem fazer parte de uma dieta vegetariana por estarem contidos em alimentos industrializados, podendo favorecer a obesidade. Para uma alimentação vegetariana saudável é indicado que tenha um maior consumo de variedades de frutas e de vegetais que podem incluir grãos, leguminosas, sementes, nozes e grãos integrais e limitar produtos com gorduras adicionais e carboidrato refinado. 15 REFERÊNCIA AGRAWAL, S.; MILLETT, C.J.; DHILLON, P.K.; SUBRAMANIAN, S.V.; EBRAHIM, S. Tipo de dieta vegetariana, obesidade e diabetes na população indiana adulta. Nutr J. 2014. Disponível em <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25192735> Acesso em 24/06/2015. BAENA. R, C. Dieta vegetariana: riscos e benefícios. 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