Neuropatia Pós-Traumática Dolorosa Trigeminal (NPDT) Definição Dor facial ou oral, unilateral, que ocorreu após dano no nervo trigêmeo acompanhada de outros sintomas e/ou sinais clínicos de disfunção trigeminal. NPDT e’ caracterizada por dor em queimação e/ou pontada em uma área que possua história evidente de trauma associado ao início da dor. Exames neurofisiológicos, psicofísicos e de imagem devem confirmar dano no sitema somatosensorial. Clinicamente sinais e sintomas positivos e/ou negativos devem estar presentes/ausentes o que representa o sinal clínico mais característico da NPDT. Epidemiologia A exata prevalência na população é desconhecida. A incidência de danos aos ramos periféricos do nervo trigêmeo após implantes, extração do 3° molar, cirurgia ortognática, fraturas do terço médio da face e tratamento de canal é cerca de 3-5%. Considerando a ampla prevalência de tais danos e procedimentos suspeita-se que a NPDT seja comum. Apesar de poder ocorrer em qualquer idade acredita-se que afete mais indivíduos em torno de 50 anos sendo mais prevalente em mulheres. [1, 2]. Patofisologia A patolfisiologia da NPDT envolve uma série de eventos que afetam a função do sistema nervoso. Geralmente estes eventos são tempo-dependentes progredindo do sistema periférico para o central. Estes eventos incluem alterações na função, bioquímica e characterísticas físicas dos neuronios e glia associados a predisposição genética. Características clínicas Localização, radiação: Dor unilateral na área afetada, ou em dermatoma distal da área afetada, refletindo a anatomia do dano. Eventualmente pode se “espalhar” para dermatomas adjacentes mas a menos que os dois lados tenham sido afetados, a dor permanence unilateral. _____________________________________________________________________________________________ © Copyright 2016 International Association for the Study of Pain. All rights reserved. IASP brings together scientists, clinicians, health-care providers, and policymakers to stimulate and support the study of pain and translate that knowledge into improved pain relief worldwide. Característica: Dor em queimação podendo apresentar também qualidade de dor em pontada. Severidade: Moderada a severa, avaliada na escala visual analógica entre 5-8. [3, 4]. Duração: Maioria da dor é contínua sendo que alguns pacientes podem relatar ataques superpostos de curta duração. Fatores Associados: Sintomas neurológicos positivos (e.g. disestesia) e negativos (e.g. adormecimento) [5] na área do dano nervoso e distal ao dermatoma. Hiperalgesia e outras alterações sensoriais podem também estar presentes em territórios extra-trigeminais sugerindo mudanças mais extensas no processamento somatosensorial central. Sensações térmicas estão geralmente preservadas [6] Avermelhamento local e edema discreto podem estar presentes. Geralmente o paciente pode se queixar de “inchaço” o que não é verificado clinicamente. Fatores que modificam: O estresse pode aumentar a dor. Alguns locais na própria área afetada ou adjacente podem funcionar como “gatilhos” e quando estimuladas podem desencadear o ataque de dor em pontada. Não há latência ou período refratário associado. Comorbidades Psicológicas: NPDT esta associada com um grande peso psicosocial. Pacientes com dor mais intensa demonstraram níveis mais elevados de depressão e catastrofização da dor, bem como substancial redução na qualidade de vida e mais dificuldade em conviver com a dor. A intensidade da dor e’ um bom predictor para medir qualidade de vida e problemas emocionais como depressão. Prognóstico: Pobre. A resposta às intervenções farmacoterapêuticas disponíveis e recomendadas é limitada. [7]. As intervenções cirúrgicas periféricas que visam o alívio da dor são geralmente contra-indicadas entretanto o reparo microcirúrgico do nervo pode melhorar a sensibilidade. Investigação Dependendo do tipo de dano/lesão estudos de imagem apropriados geralmente são necessários para acessar localização e extensão da lesão. Teste quantitativo sensorial também devem ser realizados. Testes neurofisiológicos são recomendados mas nem sempre estão disponíveis. Controle da dor Farmacoterapia O tratamento farmacológico de primeira linha da NPDT permanece sendo as drogas antiepiléticas e os antidepressivos tricíclicos e novos antidepressivos [8, 9]. Ao contrário do tradicionall 50% na redução da dor para que seja clinicamente significante ,pesquisadores demonstraram que ao redor de 30% na redução da dor já representa redução significativa na _____________________________________________________________________________________________ © Copyright 2016 International Association for the Study of Pain. All rights reserved. IASP brings together scientists, clinicians, health-care providers, and policymakers to stimulate and support the study of pain and translate that knowledge into improved pain relief worldwide. dor dos pacientes com NPDT. Este resultado é difícil de ser obtido. Baseado em evidências atuais o antidepressivo que possui efeito misto serotonina/noradrenalina (ex: amitriptilina e nortriptilina) ou inibição da recapturação da serotonina e noradrenalina (e.g. venlafaxina and duloxetina) é geralmente a terapia inicial. As novas drogas anti-depressivas como duloxetinaa são uma alternativa, já que são efetivos e que apresentam efeitos colaterias reduzidos em comparação com os TCAs. Se a história médica do paciente contra-indica o uso de antidepressivos, os anticonvulsivantes pregabalin e gabapentina são drogas recomendadas, apesar de serem geralmente inferiores aos antidepressivos. A falha nas estratégias mencionadas acima é uma indicação para que se comece um teste para uma droga alternativa, caso a condição médica do paciente permita – ex: mudar o paciente que esta tomando antidepresivo para anticonvulsivante e vice-vera) Se ainda assim a estratégia terapêutica falhar pode ser um indício de que se deva tentar uma estratégia terpêutica que envolva a combinação de drogas, ex: duloxetina ou amitriptilina podem ser combinadas com um dos anticonvulsivantes como gabapentina ou pregabailina. Se a estratégia acima falhar opióides e combinações de opióides podem ser uma alternativa viável. Tratamento cirúrgico O papel da cirurgia no controle das neuropatias não-dolorosas é bem estabelecido e o reparo do nervo pode melhorar o nível de sensação/sensibilidade nos pacientes com dano nervoso.[10]. Os resultados cirúgicos são mais bem sucedidos quando o dano envolve o nervo alveolar inferior comparado ao nervo lingual. [11]. A cirurgia de reparo deverá ser realizada o quanto antes sendo que as realizadas dentro do primeiro ano do início da dor tem maiores chances quanto a recuperação da sensibilidade. A eficácia da cirurgia para neuropatia trigeminal dolorosa é incerta. Procedimentos cirúgicos adicionais (exploração, apicoectomias futuras) podem resultar em mais dor. A menos que haja indicação específica é aconselhado que pacientes com neuropatias traumáticas dolorosas não se submetam a nenhuma cirurgia. Terapia Cognitiva Comportamental A dor neuropática esta associada com comorbidades como ansiedade e depressão. Um estudo de meta-análise não demonstrou efeito significativo da terapia cognitiva comportamental na intensidade da dor e qualidade de vida medidos na dor neuropática. De qualquer forma suporte psicoterapêutico deve ser oferecido a pacientes com níveis de estresse mais elevado. Referências [1]. Penarrocha MA, Penarrocha D, Bagan JV, et al. Post-traumatic trigeminal neuropathy. A study of 63 cases. Med Oral Patol Oral Cir Bucal. 2012 17: e297-300. [2]. Benoliel R, Zadik Y, Eliav E, et al. Peripheral painful traumatic trigeminal neuropathy: clinical features in 91 cases and proposal of novel diagnostic criteria. Journal of orofacial pain. 2012 26: 49-58. _____________________________________________________________________________________________ © Copyright 2016 International Association for the Study of Pain. All rights reserved. IASP brings together scientists, clinicians, health-care providers, and policymakers to stimulate and support the study of pain and translate that knowledge into improved pain relief worldwide. [3]. Renton T, Yilmaz Z, Gaballah K. Evaluation of trigeminal nerve injuries in relation to third molar surgery in a prospective patient cohort. Recommendations for prevention. Int J Oral Maxillofac Surg. 2012 41: 1509-1518. [4]. Baad-Hansen L, Leijon G, Svensson P, et al. Comparison of clinical findings and psychosocial factors in patients with atypical odontalgia and temporomandibular disorders. J Orofac Pain. 2008 22: 7-14. [5]. Pigg M, Svensson P, Drangsholt M, et al. Seven-year follow-up of patients diagnosed with atypical odontalgia: a prospective study. J Orofac Pain. 2013 27: 151-164. [6]. List T, Leijon G, Svensson P. Somatosensory abnormalities in atypical odontalgia: A case-control study. Pain. 2008 139: 333-341. [7]. Haviv Y, Zadik Y, Sharav Y, et al. 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