EDIFÍCIO TEATRAL GREGO

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EDIFÍCIO TEATRAL GREGO
Valéria Biondo1
Na Grécia antiga, as representações cênicas aconteciam em
estruturas situadas nas imediações de um terreno em aclive. Ao
longo do tempo, este espaço passou por várias mudanças.
No
século 6 a.C., os espectadores se acomodavam na encosta
gramada ou de terra batida e, lá embaixo, no sopé desta formação,
havia um espaço circular plano em que as representações ocorriam.
Durante o século 5 a.C., esta estrutura básica foi gradualmente
aprimorada, com a adição do palco, e o teatro foi finalmente
reconstruído em pedra.
O theatron, ou auditório propriamente dizendo, foi a primeira
parte a assumir uma forma permanente, com a construção de
arquibancadas na encosta e capacidade para quinze mil ou mesmo
vinte mil pessoas. Havia ainda os lugares para os convidados de
honra, ou proedria, feitos de mármore; entre eles fica a cadeira
especial do sacerdote (BERTHOLD, 2001, p. 130). O auditório era
semicircular e rodeava a orchestra, que era circular e abrigava as
danças e coreografias do coro.
A skene, ou palco, desenvolveu-se mais tardiamente. Foi, na
verdade, a última parte a ser construída em pedra, passando por
remodelações várias vezes nos séculos subseqüentes. A skene foi
originalmente construída como um local onde os atores se vestiam
e para onde se retiravam para trocar de papel.
Aos poucos,
começou a ser utilizada como um pano de fundo para a ação da
peça e outros propósitos cênicos.
Sua fachada, voltada para a
orchestra, e também chamada de proskenion, era decorada com
1
Professora de História do Teatro da Universidade Sagrado Coração, Bauru, SP.
1
pilares e representou, com crescente complexidade, a fachada de
um palácio, com três ou mais portas. Conforme aponta Nélson de
Araújo, na obra História do Teatro, “Na época helenística,
desenvolveram-se, nas extremidades da skene, os dois maciços
das paraskenia”.2
Entre a skene e o auditório havia o párodo ou eisodo. Esses
acessos laterais, existentes em ambos os lados, eram utilizadas
principalmente para a entrada e a saída de cena dos integrantes do
coro.
Geralmente, a ação das peças gregas ocorre em ambientes
externos.
No entanto, a maior parte das mortes ocorre fora do
palco, sendo que somente os corpos são mostrados mais tarde.
Para isso, estima-se que a porta central, localizada na skene, seria
aberta, dela saindo uma espécie de plataforma rolante denominada
enquiclema ou exaustra, acomodando o(s) morto(s). Desta forma,
as peças ofereciam testemunho de fatos ocorridos no interior, à
revelia dos espectadores.
Um outro efeito muito comum nas peças era a aparição de
deuses. Tais personagens poderiam descer ao nível da orchestra
ou ser içados da orchestra até o telhado da skene. Para isso, os
gregos utilizavam uma espécie de grua ou guindaste, mecanismo
este denominado mechane ou machina. A aparição de deuses a
fim de resolver situações dramáticas difíceis levou à expressão
deus ex machina, amplamente empregada e definidora da
interferência de divindades na ação cênica.
Constituem referência para o estudo das características do
edifício teatral grego o Teatro de Dioniso (séc. 5 a.C.), e os Teatro
2
ARAÚJO, Nélson de. História do Teatro. Salvador: Empresa Gráfica da Bahia, 1991. p. 87.
2
de Epidauro, Erétria, Oropos, Delos e Priene (a partir do séc. 4
a.C.).
Abaixo, seguem duas ilustrações nas quais as características
descritas acima poderão ser visualizadas. A primeira ilustração é a
planta baixa do Teatro de Dioniso; a segunda é um recorte feito na
área da skene, que proporciona um olhar lateral do teatro grego.
Ilustração 1
Ilustração 2
3
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, Nélson de. História do Teatro. Salvador: Indústria Gráfica da Bahia,
1991.
BERTHOLD, Margot. História Mundial do Teatro. São Paulo: Perspectiva, 2001.
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