Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG 01 e 02 de dezembro de 2016 ARTIGO - AEM – ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA E MARKETING ASPECTOS QUE INFLUENCIAM O JOVEM CONSUMIDOR MINEIRO NA DECISÃO DE COMPRA DE CELULARES CRISTIANE DE SOUZA CARVALHO, ISABELA LOPES RESENDE CANÇADO, DALILA PEREIRA RODRIGUES, LETICIA TORRES De acordo com a Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio (PNAD), elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2014, em Minas Gerais, 81% das pessoas entre 15 e 17 anos possuíam celulares para uso individual. Entre estudantes, o percentual de pessoas que tinham celulares foi de 73,6%. Com essa perspectiva, este estudo se fundamenta em uma pesquisa quantitativa e descritiva que tem por objetivo analisar o perfil do jovem consumidor mineiro, no processo de compra de aparelhos celulares. O artigo tem como propósito contribuir para os estudos do comportamento do consumidor, especialmente, do comportamento do consumidor jovem, e o processo de decisão de compra, apresentando pontos comuns no referencial e nos dados resultantes das entrevistas aplicadas, no que tange aos aspectos culturais, sociais e pessoais que influenciam os jovens consumidores. Os resultados encontrados na análise de dados sugerem que o jovem tem grande influência no processo de compra de seus celulares, sendo ele, na maioria dos casos, o precursor da decisão final do processo de compra. Palavras-Chave: jovem consumidor; comportamento do consumidor; influência no consumo - 1073 - Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG 01 e 02 de dezembro de 2016 1 Introdução Para que as empresas tenham sucesso no marketing, essas devem conhecer seus clientes. Os profissionais de marketing devem conhecer seu consumidor na teoria e na prática, considerando-se que o comportamento do consumidor é influenciado por fatores culturais, sociais, pessoais e psicológicos, compreendê-lo nem sempre é uma tarefa fácil. Alguns consumidores têm necessidades das quais não têm plena consciência ou não conseguem articular, ou então empregam palavras que exigem alguma interpretação. (KOTLER; KELLER, 2012). Os profissionais de marketing devem ir além das influências que incidem sobre os clientes, eles precisam compreender como eles realmente tomam suas decisões de compra. Assim, devem identificar quem realmente é responsável pela decisão, os tipos de decisões e os passos no processo de compra.(KOTLER; KELLER, 2012). Essa tarefa de compreender o comportamento do consumidor se torna uma tarefa ainda mais árdua e complexa, quando se trata de um público jovem, tendo em vista que esse se trata de um consumidor exigente, que vive um ritmo mais agitado e está sempre “antenado” às tendências e preocupado com o status perante seu grupo de convivência. Considerando-se esses pontos, as estratégias de marketing têm exercido papel fundamental, provocando estímulos e influências no processo de decisão de compra. (CERETTA; FROEMMING,2011) Nos últimos anos, vários estudos sobre o comportamento dos jovens foram apresentados, na maioria, com objetivo de entender o comportamento do jovem num momento de grandes transformações advindas da globalização e dos avanços na tecnologia da informação (COMMANDUCCI, 2010). Fato que justifica a realização desta pesquisa, que tem como objetivo entender os aspectos que influenciam o jovem consumidor mineiro, estudante do Ensino Médio, na faixa dos 15 aos 18 anos, na decisão de compra de compra de celulares. 2 Fundamentação Teórica - 1074 - Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG 01 e 02 de dezembro de 2016 A revisão da literatura será composta por seções que abordarão os principais conceitos acerca do comportamento do consumidor, o comportamento do consumidor jovem e o processo de decisão de compra. Além disto, serão também citados os dados atuais sobre a telefonia no Brasil, os quais podem esclarecer um pouco mais sobre a abrangência da telefonia no contexto atual. 2.1 O Comportamento do Consumidor O comportamento do consumidor explora os processos envolvidos quando indivíduos ou grupos compram, usam ou dispõem de produtos, serviços, ideias ou experiências para atender necessidades e desejos (SOLOMON, 2002). Compreende o estudo dos processos envolvidos quando pessoas, grupos e organizações selecionam, compram, usam e descartam produtos, serviços, ideias ou experiências para satisfazer suas necessidades e seus desejos. (KOTLER; KELLER, 2012; SOLOMON, 2002). É necessário entender o consumidor, diante da necessidade de entender o ambiente em que ele está inserido, o que inclui estudos sobre demografia, grupos de influência, motivação, atitudes, mudanças de necessidades e desejos, além de novos estilos e novos padrões de vida. Investigar todos os aspectos que envolvem o ambiente do consumidor gera ideias para a criação de novos produtos e adaptações de produtos já existentes (BLACKWELL, ENGEL e MINIARD, 2009). Schiffman e Kanuk (2000) acrescentam que o estudo do comportamento do consumidor engloba o que os indivíduos compram, por que compram, quando compram, onde compram, com que frequência e com que assiduidade usam o que compram. Para Paixão (2012), é por meio dos estudos no comportamento do consumidor que as empresas percebem oportunidades de satisfazer e atender às necessidades dos indivíduos. Para a mesma autora, a compreensão destes fatores que influenciam o comportamento, auxilia na formação de uma visão mais sustentável sobre o processo de decisão de compra. O comportamento de compra do consumidor é influenciado por fatores culturais, sociais e pessoais, sendo os fatores culturais os que exercem maior influência (KOTLER; KELLER, 2012). A análise desses fatores pode fornecer sugestões sobre como atingir e atender os consumidores de maneira mais efetiva. A cultura é um conceito fundamental para o entendimento do comportamento do consumidor, e pode ser vista como a personalidade de uma sociedade. Cada cultura é composta de subculturas, que se referem a nacionalidades, religiões, grupos raciais e regiões geográficas e fornecem informações mais específicas sobre seus membros. As classes sociais também apresentam claras preferências por produtos, marcas e meios de comunicação. A linguagem adotada se distingue, conforme a classe social que se pretende alcançar (KOTLER; KELLER, 2012). - 1075 - Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG 01 e 02 de dezembro de 2016 As opções de consumo necessitam ser compreendidas analisando o contexto cultural em que são feitas e os produtos e serviços devem sintonizar-se com as prioridades de cada cultura para terem mais chances de serem aceitos (SOLOMON, 2002). Os fatores sociais, que também influenciam o comportamento de compra do consumidor, são compostos por grupos de referência, família, papéis sociais e status. Os grupos sociais exercem influência direta ou indireta, por meio de novos comportamentos e estilos de vida, atitudes e autoimagem, além de exercerem pressão por aceitação social. Existe ainda o líder de opinião, que é acionado pelos profissionais de marketing, por serem reconhecidos como exemplo para determinado grupo que se pretende alcançar. Segundo Kotler e Keller (2012), além dos fatores culturais, sociais e pessoais, que compõem as características do consumidor, existem também fatores psicológicos que, combinados a essas variadas características, levam a processos de decisão de compra. Os quatro fatores psicológicos que podem influenciar nas escolhas dos consumidores são: motivação, percepção, aprendizagem e memória. A motivação tem a ver com o desejo que leva o consumidor à ação de satisfazer suas necessidades e desejos específicos por meio de escolhas de consumo. É quando a necessidade atinge um nível elevado de intensidade e leva a pessoa a tomar uma atitude. Para Kotler e Keller (2012), as três principais teorias desenvolvidas para a motivação humana são a de Freud, Maslow e Herzberg. Kotler e Keller (2012) afirmam que Freud concluiu que as forças psicológicas que constituem o comportamento do indivíduo são basicamente inconscientes e que uma pessoa não pode entender completamente suas motivações. Segundo a teoria de Abraham Maslow, o homem motiva-se quando suas necessidades são todas supridas de forma hierárquica. Já Herzberg, “desenvolveu a teoria de dois fatores, que distingue os insatisfatores (fatores que causam insatisfação) e os satisfatores (fatores que causam satisfação). A ausência de insatisfatores não basta para motivar uma compra; os satisfatores devem estar claramente presentes” (KOTLER;KELLER, 2012, p. 174). No processo de compra, é preciso que o consumidor esteja motivado a comprar ou que a compra lhe traga essa motivação. O modo como o consumidor agirá, a partir da motivação, é influenciado pela percepção. Para Etzel, Walker, Stanton (2001, p.123), “percepção é o processo de reconhecer, organizar e dar significado às informações ou estímulos percebidos pelos cinco sentidos”. A percepção é o processo em que o indivíduo seleciona, estrutura e decifra as informações recebidas. Depende não só de estímulos físicos, mas também da compreensão da relação desses estímulos com as necessidades vigentes naquele momento. As pessoas possuem diferentes percepções do mesmo objeto em função de três processos: atenção, distorção e retenção seletivas (KOTLER e KELLER, 2012). - 1076 - Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG 01 e 02 de dezembro de 2016 A aprendizagem envolve o conhecimento adquirido pelo consumidor devido a suas experiências. Pode contribuir para a mudança de comportamento, por meio da ampla utilização de uma experiência passada. 2.2 O Processo de Decisão de Compra Para Kotler e Keller (2012), as empresas inteligentes tentam compreender plenamente o processo de decisão de compra de um produto, sendo que esse processo se inicia quando o comprador reconhece uma necessidade, desencadeada de estímulos externos ou internos. Também para Marques e Neiva (2012), o processo de decisão de compra dos consumidores passa pelo reconhecimento da necessidade de compra, pela busca de informações, pela avaliação de alternativas, pela decisão de compra, pelo consumo e pela avaliação pós-compra. Tal processo é influenciado por fatores sociais, pessoais, culturais e psicológicos, além dos estímulos do composto de marketing. Já para Solomon (2002), o processo de compra pode ser automático, baseando-se em poucas informações ou em uma única informação mais relevante. Para explorar um pouco mais as influências sobre o consumidor do processo de decisão de compras, será abordado o modelo das cinco etapas proposto por Kotler e Keller (2012), conforme figura 1 abaixo. Reconhecimento do problema Busca por informações Avaliação das alternativas Decisão de compra Comportamento pós-compra Figura1. Modelo das cinco etapas do processo de compra do consumidor Fonte: Kotler e Keller (2012, p.179) - 1077 - Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG 01 e 02 de dezembro de 2016 A fase de reconhecimento da necessidade ocorre quando o indivíduo sente a diferença entre o que ele percebe ser o ideal e o estado atual das coisas (BLACKWELL; ENGEL;MINIARD, 2009). Segundo Paixão (2012), é nessa etapa que se confronta o estado desejado versus o estado real. Através da insatisfação, devido à carência do produto, percebese o estado real e, através da concretização da aspiração, percebe-se o estado desejado. No processo de busca de informações, Blackwell, Engel e Miniard (2009) indicam os tipos de conhecimento que o consumidor procura no ato da compra e apontam os caminhos para a busca de informação. Para Kotler e Keller (2012); as principais fontes de informação procuradas pelos consumidores dividem-se em 4 grupos: pessoais (famílias, amigos, vizinhos etc), comerciais (propagandas, sites, embalagens etc.), públicas (meios de comunicação de massa) e experimentais (manuseio, exame, uso dos produtos). No processo de avaliação de alternativas, o consumidor com base nas informações obtidas, compara as marcas para decidir qual irá comprar (PAIXÃO, 2012). Para a mesma autora, fica explícito o quanto é importante que cada empresa motive o consumidor a comprar e que a marca do produto permaneça por muito tempo na mente dele, pois lhe servirá de referência para compras futuras. Na fase de decisão de compras, Kotler e Keller(2012) expõem que o consumidor cria preferências entre as marcar disponíveis e sempre escolhe o produto entre as suas preferidas. Os passos percorridos neste processo de decisão recebem o nome de modelos de escolha, e podem ser divididos como compensatórios e não compensatórios. Segundo Commanducci (2010), nos não compensatórios, a escolha é feita se compensando atributos negativos em detrimento de atributos positivos, para variados tipos de compensação. Para Paixão (2012), os consumidores criam expectativas baseadas nas mensagens recebidas através das suas fontes de informação. Por isso, a satisfação do consumidor no póscompra é muito importante, pois será esse argumento que o levará a comprar o produto da mesma marca novamente. Os setores responsáveis pelo Marketing devem criar sistemas e avaliações que façam com que o consumidor se sinta bem em relação à escolha realizada ao efetuar a compra (KOTLER; KELLER,2012). 2.3 Dados sobre a telefonia no Brasil De acordo com a União Internacional das Telecomunicações (UIT), que é a agência das Nações Unidas responsável pelos temas relacionados à Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC’s), em 2015, para cada 100 habitantes, existiam 97 telefones celulares móveis no mundo. A estimativa é de que, no final de 2015, existiam 7 bilhões de celulares, enquanto em 2000, esse número era de apenas 738 milhões, o que corresponde a menos de 15 telefones móveis por 100 habitantes. - 1078 - Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG 01 e 02 de dezembro de 2016 A agência também apresentou esses resultados de acordo com a característica de desenvolvimento dos países. Em países desenvolvidos, em 2015, foram contabilizados 120 telefones móveis a cada 100 habitantes, e para países em desenvolvimento, 91 telefones móveis por 100 habitantes. No ano 2000, apenas 35% dos telefones móveis estava localizado em países em desenvolvimento, e, no ano de 2015, essa taxa foi de 79%, muito influenciada pelo desenvolvimento de grandes mercados como China, Índia e Brasil. Nos países americanos, a taxa observada foi de 108 telefones por 100 habitantes. No Brasil, a UIT estima que, em 2014, existiam 139 telefones móveis para cada 100 habitantes, o que representou um crescimento de 37% em relação a 2010, em que essa taxa era de 1 telefone por habitante. De acordo com a Pesquisa Industrial Anual (2013), divulgada pelo IBGE, foram produzidos no Brasil cerca de 62 milhões de aparelhos celulares, e vendidos aproximadamente 61 milhões, resultando em uma receita aproximada de 16 bilhões de reais, o que demonstra a importância do setor para a economia brasileira. Ainda sobre o mercado de telefones móveis (especificamente aqueles dotados de acesso à internet, chamados smartphones), a consultoria Gartner estimou que o mercado de smartphones deve crescer apenas 7% em 2016, influenciado pela desaceleração nas vendas de telefones celulares de mercados como EUA e China. Ainda, de acordo com a Gartner, nos mercados emergentes, estima-se que o crescimento continue pelos próximos anos, mas a taxas cada vez menores. De acordo com a consultoria, o posicionamento das fabricantes de não proporcionar um custo menor de entrada dos aparelhos em países emergentes pode ser um ponto crítico para a queda nas vendas. Visto que a telefonia móvel é um assunto de grande importância no cenário contemporâneo, e também com base nos dados fornecidos acima, reafirma-se a necessidade de aprofundamento do comportamento do consumidor, por meiode uma pesquisa específica para o público de jovens adolescentes na faixa etária de 15 a 18 anos, para melhor entendimento do assunto. 2.4 O Comportamento do Jovem Consumidor Nos últimos anos, vários estudos sobre o comportamento dos jovens foram apresentados, na grande maioria com objetivo de entender o comportamento do jovem num momento de grandes transformações advindas da globalização e dos avanços na tecnologia da informação. (COMMANDUCCI, 2010). Schiffman e Kanuk (2000) apontam seis razões pelas quais os jovens merecem a atenção dos profissionais de marketing: gastam muito dinheiro; gastam o dinheiro da família; influenciam o que a família compra; fixa e influenciam tendências de moda e são futuros consumidores de muitas marcas e produtos. - 1079 - Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG 01 e 02 de dezembro de 2016 A idade e o estágio no ciclo de vida, a ocupação e as circunstâncias econômicas, o estilo de vida e os valores, bem como a personalidade e a autoimagem consistem em fatores pessoais que influenciam o comportamento de compra do consumidor. Cada etapa de vida gera um tipo de interesse por determinado produto. (KOTLER e KELLER, 2012) De acordo com a Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio (PNAD), elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2014, cerca de 137 milhões de pessoas, com 10 anos ou mais, possuíam um telefone móvel para uso pessoal, o que representou na ocasião 78% da população. O maior percentual foi observado na região Sul (82,2%), e o menor na região Norte (69,4%). Minas Gerais apresentou uma taxa levemente superior à média nacional (79,8%). Quanto à faixa etária, 81% das pessoas entre 15 e 17 anos possuíam telefone móvel para uso individual. Entre estudantes, o percentual de pessoas que tinham telefone móvel foi de 73,6%, enquanto para não estudantes, esse percentual se aproximou da média nacional (79,1%). Com a perspectiva dos dados apresentados acima, observa-se os adolescentes como uma parcela do mercado consumidor em expansão, em que se destina novas tendências e percepções (SIQUEIRA,2012). Segundo Commanducci (2010), para entender melhor o adolescente como indivíduo consumidor é preciso e necessário aprofundar os conhecimentos sobre a cultura que o envolve. Assim como também é importante analisar quem influencia os adolescentes nos processos de compra. 3 Método de Pesquisa A pesquisa foi de natureza quantitativa e descritiva. As perguntas do questionário foi adaptado do trabalho de Commanducci (2010). A amostra foi selecionada por conveniência, dada a facilidade de acesso ao público alvo apresentada por uma das autoras do estudo. Foram selecionados inicialmente 92 jovens estudantes, entre 15 e 18 anos, de uma instituição federal de ensino da cidade de Ouro Preto-MG. Os questionários foram aplicados entre os dias 12 e 14 de julho de 2016, e a participação dos estudantes foi espontânea, após apresentação do tema. Entre os respondentes, três jovens não possuíam telefone celular, e, por essa razão, não foram incluídos na amostra final, que contou com 89 estudantes. 4 Análise de Dados A maioria dos jovens entrevistados (60%) está na faixa etária entre 15 e 16 anos, e 37% estão na faixa etária entre 17 e 18 anos. Todos os entrevistados frequentam o ensino médio na instituição de ensino analisada e se declararam solteiros para fins de pesquisa. - 1080 - Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG 01 e 02 de dezembro de 2016 40% 34% 20% 16 anos 17 anos 15 anos 3% 2% 18 anos Não respondeu GRÁFICO 1. Faixa etária dos entrevistados Fonte: Dados da pesquisa Houve predominância de estudantes do sexo feminino na amostra coletada. As estudantes representaram 81% do total de entrevistados. Masculino 19% Feminino 81% GRÁFICO 2. Sexo dos entrevistados Fonte: Dados da pesquisa A maioria dos entrevistados não possui atividade remunerada (81%) e tem como ocupação principal apenas o estudo no Ensino Regular. Os entrevistados que declararam possuir estágio remunerado (9%) são bolsistas da própria instituição de ensino avaliada. - 1081 - Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG 01 e 02 de dezembro de 2016 89% 9% Não trabalha 2% Estágio remunerado Trabalha formalmente GRÁFICO 3: Fonte de renda dos entrevistados Fonte: Dados da pesquisa Dentre os estudantes avaliados, a maioria (94%) mora com seus pais e os demais 6% residem com amigos. A pesquisa também avaliou a configuração familiar dos entrevistados, em termos de número de filhos. Nas residências de 77% dos jovens entrevistados, eles são filhos únicos ou têm apenas mais um irmão. Moram com amigos 6% Moram com os pais 94% GRÁFICO 4: Moradia dos entrevistados Fonte: Dados da pesquisa Ainda sobre as características familiares, a renda familiar dos jovens é desconhecida ou não foi informada por 25% dos respondentes. Na parcela da amostra em que os jovens selecionaram a faixa salarial da família, 41% possuem renda de até R$3000, sendo 22% com renda até R$2000. - 1082 - Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG 01 e 02 de dezembro de 2016 25% 22% 19% 13% 1% 1% 1% Entre R$ 9001 e 10000 Acima de R$ 20000 2% Entre R$ 7001 e 8000 3% Entre R$ 6001 e 7000 Entre R$ 5001 e 6000 Entre R$ 3001 e 4000 Entre R$ 4001 e 5000 Entre R$ 2001 e 3000 Até R$2000 Não sabe / não respondeu 3% Entre R$ 10001 e 15000 8% GRÁFICO 5: Renda familiar dos entrevistados Fonte: Dados da pesquisa A pesquisa avaliou a quantidade de aparelhos celulares na residência dos entrevistados. Na residência de 64% dos jovens entrevistados, existem pelo menos quatro celulares. O número médio de aparelhos por residência foi de 3,8 aparelhos, o que representa mais de um aparelho por pessoa, numa configuração familiar de pai, mãe e um filho. Essa estatística converge para os dados da UIT de 2014, em que, segundo a agência, existiam no Brasil 1,39 aparelhos por indivíduo. 35% 29% 21% 13% 1% 4 celulares 5 celulares ou mais 3 celulares 2 celulares Não respondeu GRÁFICO 6: Número de aparelhos celulares na residência Fonte: Dados da pesquisa Quanto ao modelo do aparelho celular dos entrevistados, foi possível observar a participação significativa de várias marcas escolhidas pelos jovens entrevistados. Os modelos Samsung, Apple e Motorola juntas representaram 71% dos modelos de aparelhos dos entrevistados. Considerando-se a frequência com que trocam seus aparelhos celulares, quase - 1083 - Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG 01 e 02 de dezembro de 2016 metade dos jovens (46%) realizam uma troca de aparelho de 2 em 2 anos. Aproximadamente 13% dos entrevistados informaram trocar seus aparelhos pelo menos 1 vez a cada ano. Samsung 33% Apple 20% Motorola 18% LG 12% Sony 9% Nokia Outro modelo 6% 2% GRÁFICO 7: Modelo do aparelho celular dos entrevistados Fonte: Dados da pesquisa Quando avaliada a relação entre o modelo do aparelho e a frequência de troca, foi possível observar que os modelos Motorola, Sony e Nokia apresentaram elevado percentual de troca a cada 4 anos ou mais (respectivamente 44%, 38% e 40%) se comparado à média da amostra (21%). Já o modelo mais citado pelos entrevistados (Samsung) apresentou quase o dobro de trocas uma vez ao ano (24%), quando avaliada a média da amostra (13%). Vale ressaltar que, na pesquisa, não foi possível avaliar o modelo anterior e posterior à troca citada pelo entrevistado. TABELA 1. Frequência de troca de aparelhos por modelo Modelo x De 2 em 2 De 3 em 3 Uma vez De 4 em 4 5 ou mais 6 em 6 Total Troca anos anos no ano anos anos meses Samsung 34% 28% 24% 10% 0% 3% 100% Apple 56% 17% 17% 11% 0% 0% 100% Motorola 44% 13% 0% 25% 19% 0% 100% LG 55% 9% 18% 0% 18% 0% 100% Sony 50% 13% 0% 13% 25% 0% 100% Nokia 40% 20% 0% 0% 40% 0% 100% Outro 100% 0% 0% 0% 0% 0% 100% Total 46% 18% 13% 11% 10% 1% 100% Fonte: Dados da pesquisa - 1084 - Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG 01 e 02 de dezembro de 2016 Os entrevistados foram questionados quanto à finalidade do uso do aparelho celular, com possibilidade de opção por mais de um tipo de uso (múltipla escolha). Considerando-se todas as opções selecionadas pelos entrevistados, foram contabilizadas 238 respostas. Os jovens entrevistados assinalaram o uso geral da internet, e o acesso às redes sociais como os maiores motivadores do uso do aparelho celular (respectivamente 32% e 22% das respostas). Quando avaliado o uso do aparelho celular pelo sexo do entrevistado, foi possível observar uma maior participação do uso para ligações, envio de mensagens e a “pedido dos pais”, para jovens homens, em comparação com jovens mulheres. A pedido dos pais 5% Uso geral internet Para ligações 12% 32% Para envio mensagens Redes sociais 22% 10% Para ligações e 19% envio mensagens % Geral % Sexo feminino % Sexo masculino GRÁFICO 8: Uso do aparelho celular Fonte: Dados da pesquisa Quanto ao processo inicial de compra do aparelho, os entrevistados foram questionados sobre sua participação e de seus familiares na intenção da compra, e, na pesquisa de marcas e modelos nos diversos canais de informações (lojas, internet, amigos ou conhecidos). A ideia de comprar um aparelho partiu dos jovens entrevistados em 81% da amostra, seguidos pela intenção das mães dos entrevistados, que participaram em 9% das intenções de compra. A participação dos entrevistados também foi significativa nas pesquisas de marcas e modelos (74%), pela internet (72%) e por amigos e conhecidos (77%). Já na pesquisa através de lojas físicas, a participação dos pais foi significativa (37%), mas os jovens entrevistados permaneceram com a maior participação (47%). Vale ressaltar que os entrevistados puderam assinalar mais de um participante no processo inicial da compra. Entretanto, para a maioria dos jovens, o participante assinalado foi o único envolvido nas pesquisas ou na ideia de compra. - 1085 - Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG 01 e 02 de dezembro de 2016 TABELA 2. Participação da família no processo de compra do aparelho Ideia de Pesquisa comprar marcas Pesquisa Lojas físicas Pesquisa Pesquisa Internet Amigos Total Entrevistado 81% 74% 47% 72% 77% 70% Pai 6% 5% 14% 4% 3% 6% Mãe 9% 7% 23% 7% 7% 10% Irmão 1% 9% 7% 8% 6% 6% 3% 6% 6% 5% 2% 4% Não sabe 0% 0% 4% 5% 5% 3% Total 100% 100% 100% 100% 100% 100% Outra pessoa Fonte: Dados da pesquisa Algumas das fontes de informação abordadas na pesquisa são citadas por Kotler e Keller (2012) como fontes mais procuradas pelos consumidores no processo de decisão de compra. São elas as fontes pessoais (amigos e conhecidos), as fontes comerciais (internet) e as fontes experimentais (lojas físicas). O público jovem apresentou grande participação na busca de todas as fontes de informação antes da compra. Os entrevistados foram questionados quanto ao grau de influência de cada membro familiar no processo de compra, em uma escala de 0 a 10, em que 0 representa nenhuma influência e 10 representa influência muito alta. Os resultados apontaram que os jovens entrevistados tiveram influência elevada no processo de compra, com a maior média entre os membros familiares. Foi possível observar uma elevada influência de outras pessoas, externas ao círculo familiar, no processo de compra. Primos, tios e amigos foram os mais citados pelos entrevistados. 10,0 8,0 Entrevistado 8,7 6,0 4,0 Pai 5,1 Outros 6,3 Mãe 6,2 Irmão ou irmã 4,1 2,0 0,0 GRÁFICO 9: Influência dos membros familiares no processo de compra Fonte: Dados da pesquisa - 1086 - Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG 01 e 02 de dezembro de 2016 A pesquisa identificou quem tomou a decisão final sobre a compra do aparelho celular. Os entrevistados puderam sinalizar um ou mais decisores, quando necessário. Foram apontadas no total 149 pessoas como decisórias na compra do aparelho. Os entrevistados tomaram a decisão final de compra em 39% dos casos, seguidos das mães, em 32% da amostra avaliada. Conforme apresentado no gráfico abaixo, esse resultado foi convergente com a nota de influência dada pelos entrevistados, com exceção do pai, que apresentou influência baixa no processo de compra, mas com grande percentual de participação na decisão final; e de outras pessoas externas ao círculo familiar, que embora tenham apresentado forte influência, não tiveram grande participação na decisão final de compra. Em 47% dos casos, a decisão ocorreu por apenas um membro familiar, sendo o próprio entrevistado e a mãe os mais envolvidos na decisão. Em 32% da amostra, a decisão foi tomada por dois membros, e, na maioria desse percentual, a decisão foi tomada em conjunto pelo entrevistado e pela mãe. 50% 10,0 8,7 6,2 40% 8,0 6,3 5,1 30% 4,1 20% 6,0 4,0 5% 10% 39% 32% 22% Entrevistado Mãe Pai 2,0 2% 0% 0,0 Participação na decisão final Outros Irmã/Irmão Influência no processo de compra GRÁFICO 10: % participação na decisão final x influência no processo de compra Fonte: Dados da pesquisa De maneira geral, os entrevistados concordaram com a decisão final de compra do aparelho. Nos casos de discordância (6% dos entrevistados), apenas 40% dos jovens participaram da decisão sobre a compra, e as mães foram responsáveis pela decisão na maioria dos casos. Quanto aos jovens que concordaram com a decisão final, 71% participaram do processo, e, entre os que não participaram, a decisão foi tomada pelas mães e pelos pais, em proporções semelhantes. - 1087 - Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG 01 e 02 de dezembro de 2016 6% 3% 10% 81% Em concordância Indiferente Em oposição Não sabe/não lembra/não respondeu GRÁFICO 11: Opinião do entrevistado quanto decisão final de compra do aparelho Fonte: Dados da pesquisa 5 Considerações finais A pesquisa realizada pretendeu analisar o perfil do jovem consumidor mineiro, no processo de compra de celulares. Os resultados das pesquisas foram confrontados como referencial teórico estudado. A maioria entrevistada não possuía renda própria e 94% residiam com os pais. Analisando-se essas informações, os resultados direcionam que os entrevistados estão predominantes entre as classes sociais C, D e E;sugere-se também esta indicação devido à quantidade de celulares presentes por família. Desta forma, fica perceptível a influência do fator social na decisão da compra. Na pesquisa, percebe-se que a necessidade do aparelho celular está atrelada, principalmente, ao uso de internet e de redes sociais, conforme demonstrado no gráfico 8. Conclui-se também que a necessidade de se ter um celular pelo jovem consumidor está ligada a sua socialização. Analisando sob a perspectiva do modelo proposto por Kotler e Keller (2012) de 5 etapas, constatou-se que os jovens têm grande participação nas etapas de busca por informações e de avaliações das alternativas, comprovadas pelo gráfico 7. Comprova-se também o poder de decisão da compra final, destacadas pelos gráficos 9,10 e 11. Desta forma, as conclusões da pesquisa, sugerem uma contribuição para futuros estudos. As autoras entendem que a proposta pode se expandir de forma conceitual para outros produtos, outras faixas etárias e outras instituição de ensino, com o objetivo de comprovar a influência do jovem consumidor no processo de decisão de compra. REFERÊNCIAS - 1088 - Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG 01 e 02 de dezembro de 2016 CONSUMIDOR. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2009. CERETTA, S. B.; FROEMMING, L. M. Geração Z: compreendendo os hábitos de consumo da geração emergente. RAUnP - Revista Eletrônica do Mestrado Profissional em Administração da Universidade Potiguar, v. 3, n. 2, art. 2, p. 15-24, 2011. COMMANDUCCI, C.M.C; A influência de jovens no processo de decisão de compra de automóveis. Belo Horizonte:Dissertação de mestrado, Belo horizonte, Fumec, 2010. ETZEL, Michael J.; WALKER, Bruce J. STANTON, William J. Marketing. São Paulo: Makron Books, 2001. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. 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