Curso Continuado de Cirurgia Geral do Capítulo de São Paulo do Colégio Brasileiro de Cirurgiões CÂNCER DE ESÔFAGO Carlos Haruo Arasaki 2006 Epidemiologia do Câncer de Esôfago • 1% de todos os cânceres • 3° câncer mais freqüente do aparelho digestório • Gênero masc/fem = 3:1 • Faixa etária: > 60 anos • Maior incidência: China, Irã, África do Sul, França e Japão Quadro Clínico • Disfagia rapidamente progressiva – alimentos sólidos B pastosos B líquidos • • • • • Odinofagia Sialorréia Regurgitação Hematêmese Caquexia Sinais e Sintomas de Doença Avançada • • • • • Afagia (incapacidade para deglutir) Pneumonia aspirativa (estenose do esôfago) Rouquidão (infiltração de nervo laríngico recorrente) Tosse durante deglutição (fístula esôfago-traqueal) Insuficiência respiratória (infiltração de traquéia) Sinais e Sintomas de Doença Avançada • • • • Hematêmese maciça (fístula esôfago-aórtica) Linfonodomegalia cervical (metástase linfonodal) Icterícia (metástase hepática) Ascite (metástase peritonial) Fatores de Risco • • • • • • • Tabagismo Etilismo Más condições de higiene oral Uso crônico de bebidas quentes Acalásia ou Megaesôfago avançado Lesão cáustica do esôfago Esôfago de Barrett Outros Fatores de Risco • Ingestão de nitrosamidas • Ingestão de aflatoxinas (fungos) • Deficiências nutricionais (vitaminas A e C, ferro e zinco) • Síndrome de Plummer-Vinson ou Patterson-BrownKelly • Tilose palmar/plantar Anemia ferropriva • Papilomavírus humano Glossite atrófica Anel esofágico Diagnóstico • Endoscopia Digestiva Alta (EDA) com biópsia TUMOR DE ESÔFAGO Tipo Histológico e Localização do Tumor • 70% - Carcinoma espino-celular (CEC) – 15% - terço superior – 50% - terço médio – 35% - terço inferior • 30% - Outros tipos: – Adenocarcinoma (relação c/ DRGE e Barrett) – Melanoma – Leiomiossarcomas – GIST (tumor estromal gastrointestinal) – Linfomas Diagnóstico • Raio-X contrastado de esôfagoestômago-duodeno (EED) – Útil em neoplasia obstrutiva – Avalia extensão do tumor – Tu >10 cm pode ser irressecável TUMOR DE TERÇO MÉDIO TUMOR DE TERÇO DISTAL Estadiamento • Raio-X Tórax – metástase pulmonar • Tomografia Computadorizada (TC) de Tórax – extensão do tumor no mediastino e metástase pulmonar • Tomografia Computadorizada (TC) de Abdômen – metástase hepática e de linfonodos abdominais • Broncoscopia (e laringoscopia) – tumores de terço médio e proximal • Eco-Endoscopia ou Ultrassonografia endoscópica – infiltração de parede e metástase linfonodal ALARGAMENTO MEDIASTINAL RAIO-X TÓRAX METÁSTASE PULMONAR RAIO-X TÓRAX TC TÓRAX TRAQUÉIA AO ART. PULM. TUMOR PULMÃO DIREITO PULMÃO ESQUERDO TC TÓRAX CORAÇÃO LUZ DO ESÔFAGO TUMOR AO PULMÃO DIREITO PULMÃO ESQUERDO TC TÓRAX CORAÇÃO TUMOR AO PULMÃO DIREITO PULMÃO ESQUERDO Invasão de Aorta: ângulo de Picus CORAÇÃO CORAÇÃO TUMOR <45° TUMOR >90° ECO-ENDOSCOPIA LN ESÔFAGO LN AORTA Outros Exames de Estadiamento • Biópsia de linfonodo cervical – metástase linfonodal • Biópsia transbrônquica – metástase pulmonar • Mapeamento ósseo por cintilografia – metástase óssea • Tomografia computadorizada (TC) de Crânio – metástase no cérebro • Tomografia por emissão de pósitron (PET-scan) – pesquisa de metástase PET-Scan Estadiamento Invasivo • Toracoscopia • Laparoscopia Estadiamento TNM (AJCC) • • • • • • • • Tumor Primário (T) Tx – Indeterminado T0 – Sem sinais de Tu primário Tis – Carcinoma in situ T1 – Tu invade a submucosa T2 – Muscular própria T3 – Tecido periesofagico T4 – Estruturas adjacentes • • • • Nódulos Linfáticos Regionais (N) Nx – Indeterminado N0 – LN regionais neg N1 – LN regionais + • • • • • Metástases à distância (M) Mx – Indeterminado M0 – Ausente M1a – Tu de esôfago torácico superior metastatico para LN cervical ou Tu de esôfago torácico inferior metastatico para LN celíaco M1b – Metástases para LN nãoregionais ou para outros locais à distância AJCC: American Joint Committee on Cancer Tumor (T) T1 T2 T3 T4 Linfonodo (N) e Metástase (M) M1b M1b N0 N1 TUMOR M1a Estadiamento TNM (AJCC) Estadio 0 Tis N0 M0 Estadio I T1 N0 M0 Estadio IIa T2 N0 M0 T3 N0 M0 T1 N1 M0 T2 N1 M0 T3 N1 M0 T4 Qquer N M0 Estadio IV Qquer T Qquer N M1 Estadio IVa Qquer T Qquer N M1a Estadio IVb Qquer T Qquer N M1b Estadio IIb Estadio III Significado do Estadiamento • Classificação TNM avalia grau de disseminação do Tu – T: tamanho e infiltração da parede esofágica – N: presença ou não de linfonodos comprometidos – M: presença ou não de metástases • Estádios I e II: doença ressecável • Estádio III: ressecabilidade curativa difícil • Estádio IV: doença não-ressecável e incurável Tratamento • Tumor precoce (apenas 5% dos casos): – Cirurgia B Esofagectomia – Mucosectomia endoscópica? • Tumor não-avançado: – Cirurgia B Esofagectomia B Quimio-Radioterapia adjuvante • Tumor avançado: – Ressecável • Quimio-Radioterapia neo-adjuvante • Reestadiamento com TC • Cirurgia B Esofagectomia – Irressecável ou inoperável: • Quimio-Radioterapia isolada? Preparo Pré-Operatório • Suporte nutricional – Dieta oral – Dieta enteral (sonda de Dobbhoff) • Fisioterapia respiratória • Profilaxia para TVP e Embolia Pulmonar – Anticoagulante – Meia elástica – Deambulação precoce Tratamento Cirúrgico • Tumor de esôfago cervical – Esofagectomia total trans-hiatal + traqueostomia • Esofagocologastroplastia • Esofagogastroplastia (tubo gástrico) – Esofagectomia cervical • Interposição de intestino delgado com implante microvascular Tratamento Cirúrgico • Tumor de esôfago abdominal – Esofagectomia subtotal + esofagogastroplastia • Via trans-hiatal • Via trans-torácica – Esôfago-gastrectomia total + esofagocoloplastia • Via trans-hiatal • Via trans-torácica Tratamento Cirúrgico • Tumor de esôfago torácico (proximal e médio) – Esofagectomia subtotal + esofagogastroplastia • Via trans-hiatal • Via trans-torácica (cirurgia de Ivor Lewis) • Cirurgia assistida por vídeo-toracoscopia Esofagectomia Trans-hiatal Esofagectomia Transtorácica (Ivor Lewis) Cirurgia Vídeo-Assistida Vídeo-Toracoscopia Acesso aos Linfonodos Periesofagianos Tratamento Cirúrgico • Tumor de esôfago torácico (distal) – Esofagectomia subtotal + Esofagogastroplastia • Via trans-hiatal • Tóraco-freno-laparotomia à esquerda Esofagectomia Subtotal Via Trans-Hiatal Cervicotomia Esquerda Platisma Tireóide EsternoCleidoMastóideo Jugular, Carótida e Vago Músculos PréTireoidianos Traquéia Esôfago Coluna Cervical Piloroplastia a Weinberg Esôfago Cervical Traquéia Tubo Gástrico no Mediastino Posterior Duodeno FUNDO GÁSTRICO ESÔFAGO CÁRDIA TUMOR DE TERÇO DISTAL ESÔFAGO ESTÔMAGO Outros exemplos de peças cirúrgicas Ca de Esôfago (Macroscopia) TUMOR DO TERÇO MÉDIO TUMOR DO TERÇO MÉDIO TUMOR DO TERÇO DISTAL Riscos e Complicações Cirúrgicas • Mortalidade: 5-20% • Principais complicações precoces: – Atelectasia, BCP, derrames pleurais – Arritmia cardíaca, IAM – Infecção de ferida, mediastinite, fístula – Lesão de nervo laríngeo recorrente • Complicação tardia: – Estenose de anastomose Fístula na Esofagectomia • Deiscência de anastomose ou fístula (5-10%) • Intratorácico B mediastinite B sepse • Cervical B boa evolução Tratamento Cirúrgico Paliativo • Indicação: – Tumor irressecável • Tamanho > 10 cm • Envolvimento da aorta e/ou n. recorrente – Fístula esôfago-traqueal/brônquica – Metástase • Tipos: – Tubo gástrico por via retroesternal – Gastrostomia a Stam-Senn – Jejunostomia a Witzel Tubo Gástrico Retroesternal Indicação: Ca de esôfago irressecável (Tratamento paliativo) TUBO GÁSTRICO TÚNEL RETROESTERNAL DIAFRAGMA FÍGADO Tratamento Não-Cirúrgico Paliativo • • • • • • • Sonda de Dobbhoff (nutrição enteral) Prótese auto-expansiva Braquiterapia Laser Alcoolização Dilatação Terapia fotodinâmica Prognóstico • Sobrevida em 5 anos – Global (todos estadios): 20-25% – Estadio 0: 75% – Estadio I: 50% – Estadio IIa: 40% – Estadio IIb: 20% – Estadio III: 15% – Estadio IV: <5% – QTx+RTx neoadjuvante → Cirurgia: 48% Muito obrigado.