a crise na igreja de corinto

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Igreja Evangélica Kyrios
A CRISE NA IGREJA DE CORINTO
I Coríntios 1:1 à 9
INTRODUÇÃO
Corinto era uma cidade rica, fixada nas estradas do Império romano por onde todo o comércio
passava. Era uma cidade bela, cheia de recursos, situada em uma área muito bonita; porém também
era uma cidade de prostituição e de paixão. Foi dedicada à adoração da deusa do sexo, Afrodite.
Na pequena colina, atrás da antiga cidade, foi construído um templo à Afrodite, e todas as noites os
sacerdotes e sacerdotisas - com funções de prostituição - saíam do templo para as ruas. Era
conhecida, no mundo antigo, como uma cidade de muita imoralidade, o que gerou um apelido para
designar os imorais. Quando se queria dizer que uma pessoa era imoral, esta era chamada de
“corintiomazoi” .
Essa primeira epístola de Paulo aos coríntios vem nos demonstrar que as condições espirituais
lamentáveis que acontecem na igreja dos dias de hoje também eram encontradas nos dias dos
apóstolos, pois existiam igrejas com uma variedade espantosa de vulgaridade, pecados e
desorientação total com a palavra de Deus. A carta foi escrita tendo como objetivo corrigir e sanar
esses problemas.
Ao lado de Paulo estão alguns homens que vieram de Corinto relatando o caos que a igreja estava,
suas divisões, suas imoralidades, esses homens provavelmente levaram essa carta para a igreja de
Corinto como uma resposta às dúvidas e problemas que aconteciam na igreja, nós podemos
conhecê-los no último capítulo de I Coríntios.
Visto a importância do assunto sobre divisões, pretendo ir até o fim no estudo da carta aos Críntios,
pois a mensagem é muito atual e importante para nós. Paulo estava escrevendo essa carta de Efésio,
aproximadamente 56 ou 57 depois de Cristo. Ele havia fundado essa igreja 5 anos antes disso. Ficou
mais ou menos 2 anos iniciando essa obra e agora está sendo informado sobre os acontecimentos da
igreja. Mais à frente veremos que Paulo havia mandado uma carta para essa igreja que se perdeu, já
expondo sobre sua imoralidade.
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Igreja Evangélica Kyrios
Versículo 1 à 3 “Paulo, chamado pela vontade de Deus, para ser apóstolo de Jesus Cristo, e o
irmão Sostenes, à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus,
chamados para serem santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso
Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso: Graça a vós outros e paz da parte de Deus nosso
Pai e do senhor Jesus Cristo.”
AUTORIDADE APOSTÓLICA
Não é por acaso que Paulo recorre à lembrança acerca do seu chamado apostólico. Já estudamos as
divisões e partidos que se formaram na igreja de Corinto, de como as pessoas reclamavam de sua
pregação preferindo a de Apolo, alguns tinham dúvidas ser ele um verdadeiro apóstolo, visto não ter
sido um dos doze. Nesse ponto Paulo coloca em questão a autoridade legada a ele por Deus.
Cremos que Deus derramou seu espírito sobre todos nós e nos formou todos sacerdotes, como
aprendemos no 4º estágio da escola bíblica, mas existe autoridade? Muitos não conseguem
compreender que, apesar de sermos todos iguais diante de Deus, isso não diminui a autoridade
bíblica dos Pastores, líderes, presbíteros. A bíblia espera que o povo saiba, à luz da bíblia, julgar
suas autoridades, sendo culpadas por si só pelos erros que aceitaram de seus líderes. Por outro lado,
temos a certeza de que Deus cobrará de seus líderes os erros que ensinaram a seu povo. A
autoridade deve ser respeitada, ser ouvida, e não deve ser alvo de maledicência. E para todos que
estavam esquecidos disso Paulo começa sua carta dizendo: Eu, Paulo, fui chamado pela vontade de
Deus, para ser enviado de Jesus Cristo. Poucas vezes tive que fazer uso da minha autoridade
pastoral aqui, lembro-me de um ocorrido há 3 anos, mais ou menos. Mas é bênção para a igreja
reconhecer suas autoridades e saber que Deus é quem as escolhe e quem as tira.
Nós sabemos dos exageros e enganos que alguns líderes levaram seu povo, mas para isso temos a
bíblia, e são estes exemplos, pautados na palavra de Deus, que merecem ser ouvidos. Note que eu
disse: à luz da bíblia e não à luz do nosso próprio entendimento.
Por isso queria chamar a atenção de todos sobre a autoridade Pastoral que Deus me deu, e que
vocês um dia reconheceram, para que você abra seu coração e ouça o que Jesus tem para falar.
Quero ter, com cada um de vocês, uma conversa de Pastor para ovelha, através dessa mensagem
que o Senhor nos deu. Amém?
JUSTIFICAÇÃO E SANTIFICAÇÃO
Então, depois de Paulo ter se apresentado com essa seriedade, olha para os coríntios e os descreve
como santificados por Jesus Cristo. Na maioria de suas cartas, ele recorre ao termo Justificado, mas
aqui ele os define como Santificados. Justificado é ser perdoado, é o que definimos como nascer de
novo, significa uma mudança de sair da condenação para o amor de Deus. Santificado é tornar tudo
isso visível ao comportamento do indivíduo. É a santidade que nos mostra o quanto somos diferentes,
o quanto o pecado não tem mais força sobre nós. Não porque deixamos de ser homens de carne e
osso, mas porque estamos mortos para ele. É a santificação que nos leva ao caminho da edificação,
buscar coisas do alto e não da terra como Paulo disse em Col. 3.
A grande questão da carta de Paulo está na discussão sobre o comportamento dos irmãos da igreja
de Corinto, mas isso não quer dizer que essa mensagem destinava-se apenas para eles, mas para
todos os irmãos que crêem no mesmo Deus e salvador, e isso inclui todos irmãos que estão aqui
hoje.
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Igreja Evangélica Kyrios
Versículo 4 à 8 “Sempre dou graças a [meu] Deus a vosso respeito, a propósito da sua graça,
que vos foi dada em Cristo Jesus; porque em tudo fostes enriquecidos nele, em toda a palavra
e em todo o conhecimento; assim como o testemunho de Cristo tem sido confirmado em vós; de
maneira que não vos falte nenhum Dom, aguardando vós a revelação de nosso Senhor Jesus
Cristo; o qual também vos confirmará até ao fim, para serdes irrepreensíveis no dia do nosso
Senhor Jesus Cristo.”
AS VIRTUDES DOS CORÍNTIOS
Como em toda carta, o apóstolo começava por elogiar as coisas boas, as virtudes, aquilo que
verdadeiramente apreciava naquela igreja. Nós erramos muito nisso quando queremos buscar a
correção de um irmão. Nós nos esquecemos das coisas que são elogiáveis, esquecemos das coisas
verdadeiras que Deus colocou em todos nós como virtudes e nos concentramos apenas e tão
somente na crise. A crise pode ser verdade, mas ela não é toda a verdade.
Paulo enumera várias coisas boas a respeito dos irmãos em crises: eles foram salvos e enriquecidos
pela graça de Deus, e a palavra de Cristo havia sido guardada por eles. Há algo de muito
interessante nessa carta: não há legalismo, nem doutrinas falsas como em I Timóteo.
EXCESSO DE LIBERDADE – A CRISE DA IGREJA DE CORINTO
O problema aqui era a licenciosidade, os coríntios abusavam de sua liberdade em Cristo, que pela
graça haviam recebido. Eles não estavam sofrendo por questões doutrinárias, todos entendiam ser
livres do pecado, e que não faria qualquer diferença como eles se comportavam.
Note que a declaração de Paulo acerca dessa igreja deixa claro que em tudo ela foi enriquecida e
não lhe faltava dons. Eles estavam plenos do conhecimento acerca da palavra de Deus, eles eram os
teólogos, professores e mestres. Podiam explicar doutrinas complicadas para nós, talvez por isso
gostassem tanto das palavras de Apolo, que, comparado a Paulo, era melhor orador.
Como todos os gregos, eles gostavam das exposições filosóficas e acredito que podiam explicar
questões difíceis como por que Deus não mata o diabo, BEM MELHOR QUE NÓS. Eles eram ricos,
plenos do conhecimento da palavra. Atualmente alguns acreditam que Paulo estava sendo irônico,
mas não é verdade. A igreja de Corinto tinha conhecimento, e não era só isso, também não lhe
faltava dons, havia profetas, pastores, você podia estar em um culto e ver alguém orar em línguas e o
outro irmão interpretar. Não faltava palavra de sabedoria, ministrações, nós podemos ver isso nos
capítulos 11, 12 ,13 e 14 dessa carta. Mas tudo isso não impediu o fracasso e as crises dessa igreja.
Apesar de, aos nossos olhos, esse ser um elogio ideal para nossa comunidade, podemos estar
vivendo o mesmo fracasso da licenciosidade. Nós sabemos que Deus não condena o irmão se estiver
cansado para ir nos cultos, vigílias. Temos a liberdade da graça de Deus de faltarmos na reunião sem
nos sentirmos culpados, sabemos que o relacionamento com Deus não está baseado em costumes,
como roupas, cortes de cabelo, mas às vezes esse excesso de liberdade tira de nós a
responsabilidade que temos com aquilo que ganhamos de Cristo. Como a dedicação e
responsabilidade com a nova vida.
Quando alguns irmãos desgastam-se em passeios e atividades, vão dormir de madrugada, e não
pudem ir na vigília, sabemos que não é porque o vizinho do seu banco foi na vigília que hoje ele está
mais espiritual ou tem mais de Deus. Nós conhecemos a graça de Deus e sabemos que Deus não
nos examina pelos números de cultos que praticamos, ou pelo número de jejuns que você pode fazer
na semana, na verdade quem opera em nós é a graça de Deus. Um irmão pode orar várias noites
seguidas para receber determinado Dom e não conseguir e outro, na mesma ora recebe, por que?
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Por causa da graça de Deus. A ira de Deus não caiu sobre você porque você se esqueceu de orar
antes de dormir, nem o diabo foi puxar seu pé à noite. Mas então vivo como um louco, que não
conheci a Cristo? Alguns irmãos esquecem suas bíblias de sábado para domingo aqui, exceto se
tiverem outra bíblia em casa, estes irmãos não lerão a palavra até o próximo culto, tudo bem, mas e a
comunhão?
Acredito que nesses aspectos somos cristãos parecidos com a igreja de Corinto, não nos falta
conhecimento da palavra de Deus, temos um conhecimento bom acerca das doutrinas cristãs, posso
ver dentro dessa comunidade dons maravilhosos, revelação, profecias, curas emocionais, físicas,
conhecimento, sabedoria, liderança, serviço, tenho certeza de que não nos falta nenhum Dom, mas
às vezes o excesso de liberdade nos faz esquecer a dedicação com as coisas de Deus, sendo assim,
profetas podem ficar em casa dormindo, oradores podem ficar o culto todo sem interceder, a graça
nos dá essa liberdade, mas não convém que ela nos leve ao erro, às crises da igreja de Corinto.
Realmente eu sei que Deus não nos castigará porque faltamos em um culto, ou reunião, mas é isso
que devemos fazer com a liberdade. O problema da igreja de Corinto era essa, eles conheciam bem
a graça, ninguém era obrigado, tinham conhecimento e dons, eles eram prósperos em todos os
sentidos, mas o excesso de liberdade não os faziam comprometidos com a santificação, com as
disciplinas espirituais. Nós conhecemos os ensinamentos de Paulo a respeito da santa ceia, uma
memória para marcar em nossos corações o que Cristo fez por nós. A liberdade deles era tanta, que
a santa ceia perdeu seu significado, se tornando quase que uma festa pagã. Os que têm excesso de
liberdade conhecem bem a graça de Deus, mas estão esquecendo da nossa parte ao entrar nessa
maravilhosa graça, o quanto Deus requer de nós como modelos de sua santidade e amor.
Alguns ministérios mais rígidos querem cobrar, por exemplo, a presença de seus membros em todos
os cultos, um uso determinado de roupa, fazem isso por lei. Na visão de um estudioso, eles lutam
com o perigo do excesso de liberdade, seus líderes temem que essa liberdade promova o
enfraquecimento das pessoas na oração, no testemunho, e funciona muito bem para alguns, mas às
vezes os tornam legalistas. Por outro lado, nós que cremos na liberdade de Deus no vestir, no
participar da comunhão, não estamos, às vezes, piores do que se vivêssemos pela lei, ao menos não
estaríamos morrendo de fome. Mas não é bom que seja assim, o ideal de Deus é que a liberdade e a
graça seja contrabalanceada de forma sábia e prudente de quem quer viver mais para Deus, quem
realmente o colocou em primeiro lugar.
Eles também aguardavam a volta de Jesus, e tinham a certeza das suas promessas, mas no
versículo 9 está a chave, a ligação de toda a carta.
Versículo 9 “Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de seu filho Jesus Cristo
nosso Senhor.”
RELACIONAMENTO PESSOAL
Fostes chamados para a comunhão, para o relacionamento com Jesus. A igreja de Corinto havia
enfraquecido seu relacionamento pessoal com Jesus. Seria possível ter todos os dons, ser cheio do
conhecimento e da palavra de Deus e enfraquecer o meu relacionamento pessoal com Jesus?
Nós às vezes esquecemos que Jesus é para toda hora, para todos os assuntos, para todos os
momentos de nossa vida. Que assim como o filho veio cumprir a vontade do Pai, assim vivemos, não
mais para as nossas próprias vontades, mas para vontade de Jesus. Nós estamos a todo momento
definindo a nossa vontade para Jesus, mas o servo não tem vontade ele cumpre a vontade do seu
Senhor.
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Muitas pessoas confundem conhecimento da palavra de Deus com relacionamento com Deus. Muitos
que conheci ao fazerem isso se distanciaram da palavra e não estão nem mais na igreja. Conheciam
profundamente da biografia de Deus, mas não sabiam quem era o Deus que supunham conhecer, a
sua vida não interagia com o seu conhecimento, o seu conhecimento não influenciava as suas vidas
e não os faziam caminhar de forma diferente. Aqui está a resposta para a licenciosidade, para o
excesso de liberdade: ela nos faz esquecer desse relacionamento pessoal com Jesus, o centro da
nossa conversão. Não fomos salvos para termos apenas conhecimentos espirituais, nem tão pouco
para recebermos dons, estes são complementos importantes para a vida, no dia a dia, no mundo.
Mas o relacionamento pessoal, não pode ser esquecido, trocado pela liberdade que temos em saber
que não seremos condenados se não lermos a palavra hoje. Nós vamos ler sim, porque a liberdade
da graça me permite que tenha um relacionamento de Pai para filho com Deus.
Há um ponto principal no relacionamento pessoal que é o amor e o temor, nós confundimos o amar
com o perder o respeito e a reverência; nós nos tornamos tão amigos de Deus que esquecemos de
quem ele é, de sua autoridade, de seu domínio. Nós colocamos as nossas mãos em coisas santas,
sem nos examinarmos, sem buscarmos o melhor. Todos os dias colocamos as mãos na arca da
aliança, sem temer a morte. Não é bom que sejamos displicentes, arrogantes, esquecendo ou não
vendo Deus por completo.
O temor não é receio, medo da ira, mas um respeito que me faz não querer decepcionar o Deus que
eu amo, eu sei que sempre estarei abaixo de sua majestade, mas procuro da minha parte me
apresentar sempre como um servo dedicado e amoroso, sempre pronto a ouvi-lo e servi-lo.
CONCLUSÃO
Você conhece a graça, conhece o amor de Deus, não permita a si mesmo, em razão disso, infrigir a
lei divina. A graça tem por objetivo levar-nos além; a licenciosidade leva à crise espiritual e ao
enfraquecimento da fé.
Viver pela graça é muito elogiável, reconhecer que não são os méritos pessoais, ou o cumprimento
de regras, números de cultos ou vigílias, que nos fazem mais ou menos cristãos espirituais, mas
devemos tomar cuidado com o excesso de liberdade, para não nos tornarmos indisciplinados,
desleixados e principalmente mornos.
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DIVISÕES NA IGREJA
I Coríntios 1:10 à 17
INTRODUÇÃO
Corinto era uma cidade rica, fixada nas estradas do Império romano por onde todo o comércio
passava. Era uma cidade bela, cheia de recursos, situada em uma área muito bonita; porém também
era uma cidade de prostituição e de paixão. Foi dedicada à adoração da deusa do sexo, Afrodite.
Na pequena colina, atrás da antiga cidade, foi construído um templo à Afrodite, e todas as noites os
sacerdotes e sacerdotisas – com funções de prostituição – saíam do templo para as ruas. Era
conhecida, no mundo antigo, como uma cidade de muita imoralidade, o que gerou um apelido para
designar os imorais. Quando se queria dizer que uma pessoa era imoral, esta era chamada de
“corintiomazoi” .
Essa primeira epístola de Paulo aos coríntios vem nos demonstrar que as condições espirituais
lamentáveis que acontecem na igreja dos dias de hoje também eram encontradas nos dias dos
apóstolos, pois existiam igrejas com uma variedade espantosa de vulgaridade, pecados e
desorientação total com a palavra de Deus. A carta foi escrita tendo como objetivo corrigir e sanar
esses problemas.
Ao lado de Paulo estão alguns homens que vieram de Corinto relatando o caos que a igreja estava,
suas divisões, suas imoralidades, esses homens provavelmente levaram essa carta para a igreja de
Corinto como uma resposta às dúvidas e problemas que aconteciam na igreja, nós podemos
conhecê-los no último capítulo de I Coríntios.
Em nenhuma outra carta Paulo foi tão direto ao problema: a crise que a igreja estava vivendo, uma
crise de Divisões, facções. Temos observado isso em várias igrejas de hoje, que se dividem, se
espalham, enfraquecem, e às vezes morrem. Escândalos, sofrimento, ganância, orgulho, vaidade,
tudo isso cria motins, revoltas no meio da igreja. Não vejo problema no fato de pessoas direcionadas
por Deus abrirem novas frentes de trabalho e até direcionarem membros para serem plantadores
dessa obra, no entanto se ensinamos ao povo a desrespeitar, a ir contra seus líderes, corremos o
risco de no futuro sermos atingidos pelo mesmo veneno que satanás plantou em nós.
Imagine um namorado que deixa sua namorada por outra, ainda namorando a primeira, faz isso uma,
duas vezes. Aquela que roubou o namorado fica muito satisfeita, mas não vai ter segurança no
namoro, se ele fez isso com o outra que amava, por que não pode fazer com ela?
O Apóstolo Paulo está muito preocupado com o caminho que a igreja de Corinto estava tomando,
esse assunto de divisão estava na mente de Paulo, que já no primeiro capítulo aborda a importância
da unidade.
“Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que faleis todos a mesma cousa,
e que não haja entre nós divisões; antes sejais inteiramente unidos, na mesma disposição
mental e no mesmo parecer.” I Coríntios 1:10
Paulo sempre esteve preocupado com a unidade da igreja, é possível verificar isso em Filp.2.1 e 2,
em Ef. 4-3. A unidade da igreja configura o primeiro lugar na lista de problemas das igreja de Corinto.
Então ele começa rogando, excessivamente, pedindo em nome do Senhor Jesus. O nome do Senhor
Jesus sempre foi e será o vínculo da unidade, todos estamos aqui porque cremos em Jesus. Eu só
congrego aqui porque Cristo me fez um com você, esse é o primeiro vínculo indivisível da igreja
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Igreja Evangélica Kyrios
Cristã. Para sermos igreja temos que ser todos de Cristo e aqui está a primeira dobra da unidade,
essa nunca se desfaz. Se somos de Cristo, somos irmãos e irmãs, e eu preciso reconhecer isso. Pois
se somos de Cristo, somos unidos nele e ele é a base da unidade da igreja.
Paulo descreve um dos problemas da unidade: falar todos a mesma coisa, ou seja, terem a mesma
disposição mental. Com isso não quer dizer que Deus está exigindo que pensemos exatamente como
outros, isso seria impossível visto que existem diferenças culturais e de personalidade, assim como
em diferentes estágios da palavra de DEUS, em crescimento diferenciado em sua fé. Quando eu era
menino, pensava diferente do que penso hoje, apesar de ser a mesma pessoa. Claro que seria muito
melhor se todos pensassem como penso, seria muito mais fácil, porém a igreja nunca será assim, e
nunca foi.
Então, o que Paulo está dizendo? Apenas isso: que todos tenham a base principal que é a mente de
Cristo, que deixou honra, privilégios pessoais e direitos para que você e eu pudéssemos viver. Esta é
a mente que Paulo está falando. Quando estamos todos decididos a pôr as coisas de Cristo em
primeiro lugar, dispostos a perder para que Cristo seja glorificado, esta é a unidade esperada. Na
grande maioria das vezes, ao observar as brigas nas igrejas, as pessoas envolvidas estavam mais
preocupadas em não perder status, moral e poder. O ego, a vaidade e orgulho, os interesses
pessoais à frente dos interesses da igreja. Quem somos nós para pôr os nossos interesses à frente
da igreja? Se parássemos um instante para pensar na forma como estamos falando, perceberíamos
como as obras da carne estão dominando.
Eu já vi muitas igrejas se dividirem, e posso afirmar que nada vale isso. Todas as vezes que pude
observar isso acontecer, não eram mais pessoas que queriam parecer com Cristo falando, mas eram
pessoas cheias de inveja, ciúme, orgulho, querendo dizer o que deviam fazer com a igreja. Quando
nossa igreja foi abençoada pela visita do pastor Cláudio que veio nos pedir perdão, me veio uma
pergunta: o que leva um pastor a mandar 15 jovens embora da igreja, foi a mente de Cristo que o
mandou fazer isso?
O problema é que nos esquecemos de quem somos. Quem é o pastor Klaus para pôr os seus
interesses na frente da igreja do Senhor Jesus Cristo? Há um senso comum ao dizer: essa é minha
igreja, mas isso significa que é a igreja que eu frequento, não vejo problema nisso. No entanto,
existem pessoas que realmente dizem minha igreja, no sentido de posse, assim ninguém pode fazer
nada, ninguém pode ser útil, porque a igreja pertence a elas. Irmão, eu tenho medo disso,
honestamente não vejo assim aqui na Kyrios, mas há uma coisa que eu aprendi aqui na igreja: a
Kyrios tem dono, Jesus Cristo. Não se meta com ele não, porque você cai. Já falamos sobre o ciúmes
e a inveja, e em todas as igrejas que participei me lembro de ver crises de ciúme. Isso impede que
Jesus seja glorificado aqui.
O que a bíblia diz? Bem, isso não importa? Você percebe como o seu coração não tem nada a ver
com o exemplo de Jesus? Se isso não importa, então o que importa?
“Pois a vosso respeito, meus irmãos, fui informado, pelos da casa de Cloe , de que há
contendas entre vós. Refiro-me ao fato de cada um de vós dizer: Eu sou de Paulo, e eu de
Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo.” I Coríntios 1:11 e 12
Não estava havendo um cisma na igreja de Corinto, ela não havia rachado em várias, mas estavam
divididos em grupos exclusivos. Seus líderes mostravam as suas filosofias e ideologias bíblicas.
O primeiro, sou de Paulo: As reivindicações deles eram que Paulo havia começado a igreja. Eles
foram conduzidos para Cristo através de Paulo e só o jeito dele estava certo. Era a Paulo que eles
estavam dispostos a escutar, aos outros não queriam dar ouvidos, nem prestar atenção.
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Igreja Evangélica Kyrios
O segundo, sou de Apolo: Apolo nos é apresentado no livro de Atos como um orador excelente. O
mundo em sua época apreciava a oratória. Eram os mestres da sabedoria e do conhecimento. Já
Paulo não pregava tão bem.
O terceiro, de Cefas: Esse era o grupo que queria viver as experiências que passaram com Pedro,
quando esteve lá, eles diziam esse é o jeito certo.
O quarto grupo são os de Cristo: Quando li essa passagem achei esse grupo o mais perigoso, o
mais sagaz de todos, porque ele diziam: você pode ouvir os apóstolos, ou até mesmo os mestres,
mas nós sabemos o que Cristo quer, mais que todos eles por isso não ouvimos ninguém. Com esta
presunção, eles se declaravam oráculos de Deus. Nós vivemos um caso assim aqui, alguns anos
atrás, quando recebia cartas onde dizia assim: “O Espirito diz expressamente à igreja” um homem
que se intitulava o próprio Espírito Santo, ele dizia que Deus falava com ele mais do que com todos
nós. Como um bruto, era contra toda autoridade espiritual, acredito que, se perguntado, diria até que
Paulo não era tão bom assim, mas que ele sabia como agir.
Você não precisa ter muito tempo de Cristão para viver experiências semelhantes. Pessoas presas
emocionalmente aos seus líderes não estão sensíveis à palavra, ajem como se pertencessem a
fulano de Tal, sicrano ou beltrano. A igreja de fulano, a igreja de sicrano. Numa dimensão mais
branda, temos espaço aqui mesmo para essas coisas. Nós somos mais pentecostais, outros mais
estudiosos, outros insubordinados, outros são de Klaus, e se talvez tivéssemos mais Pastores, alguns
diriam que são do Carlos outros do Anderson, outros do Luiz. Mas sempre que essa atitude é
permitida, torna-se fonte de dificuldade.
E esse é um problema que talvez se assevere aqui na Kyrios, muitos têm a mim como Pai na Fé,
como instrumento de Deus para a vida espiritual. Mas há uma coisa que nós temos que buscar mais
do que essa confiança, é a palavra de DEUS. NÃO ESTOU DIZENDO PARA QUE, A PARTIR DE
HOJE, VOCÊS SE TORNEM INSUBORDINADOS. PORQUE VOCÊS ME AMAM E SABEM QUE
TENHO DESEJO DE SER SUBORDINADO AO SENHOR JESUS. Porém, precisamos permitir cada
vez mais que Deus use nossos dons de forma diferente, precisamos abrir nossos ouvidos para
aqueles que Deus quer usar. Às vezes eu sinto que coisas como essa inibem vocês.
Eu sei que todos nós temos nossos pregadores preferidos e, até certo ponto, isso não está errado,
mas o problema é quando isso sufoca, estrangula a multiforme sabedoria de Deus. Há algumas
pessoas que nos auxiliam melhor, outras que nos ensinam, mas o problema está na exclusividade, de
não se admitir ninguém diferente, que não seja o favorito deles.
Versículo 13 à 16 “Acaso Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado em favor de vós, ou foste,
porventura, batizados em nome de Paulo? Dou graças a Deus porque a nenhum de vós batizei,
exceto Crispo e Gaio; para que ninguém diga que fostes batizados em meu nome. Batizei
também a cada de Estefanas; além destes não me lembro se batizei algum outro.”
Nesta passagem, Paulo começa a descrever as perdas que sofremos quando vivemos isso na igreja.
Cristo está dividido ou as perspectivas que cada apóstolo apresenta nos permite uma melhor
compreensão de sua passagem em nosso meio. Nos 4 evangelhos são quatro pessoas narrando as
mesmas histórias sobre o mesmo homem, assim cada um dá um enfoque diferente: uns estão
voltados à meditação, outros voltados às experiências. Através destas perspectivas forma-se o todo
de Cristo.
A Segunda perda, Paulo diz: se ele foi crucificado por você? O problema que as nossas expectativas
com os líderes humanos é que eles fossem tão perfeitos e tão absolutos como o próprio Cristo. Nós
os colocamos muito acima de onde eles poderiam estar. Nós queremos que ele nos dêem coisas que
eles não podem dar, nós queremos aceitá-los como DEUS, a ponto deles mandarem em nossas
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Igreja Evangélica Kyrios
vidas como Deus. Eu vejo pessoas seguindo homens como se estivessem seguindo a Jesus e, se
seguissem Jesus como seguem homens, talvez fossem muito diferentes. Nós devemos respeitar os
nossos líderes nos lembrando de suas limitações, de sua humanidade, e não esperar que eles nos
dêem o que Cristo já nos deu, a comunhão com o Pai.
Não há nenhum pastor, professor, profeta que pode nos dar o que Cristo nos deu por meio da
crucificação. Outros homens foram crucificados. O próprio Cefas, acredita-se, foi crucificado de
cabeça para baixo, mas ele não pode lhe dar a salvação de seus pecados.
A Terceira perda é quando usamos o nome, a escola, os discipuladores como referência de vida
espiritual, e isso não significa nada. Muitas pessoas procuram igrejas de pastores renomados para
poderem dizer “olha eu sou assim com o fulano de tal, foi ele quem fez o meu casamento”, ou
“cicrano me batizou” como se isso lhes desse maior graça. Recordo-me, no seminário, quando alguns
seminaristas se vangloriavam de seus pastores. Alguns até chegavam a migrar para outras igrejas
por causa da fama dos pastores, como se só isso fosse o suficiente para torná-los bons pastores. Era
isso que os coríntios estavam fazendo ao afirmarem que foi Pedro quem os batizou, afinal ele andou
até sobre as águas.
Versículo 17 “Porque não me enviou Cristo para batizar, mas para pregar o evangelho; não com
sabedoria de palavra para que não se anule a cruz de Cristo.”
Aqui Paulo diz que não se cura divisões mostrando quem é melhor, porém só conquistamos esta cura
quando nos voltamos para o princípio do evangelho da cruz, à pregação de um homem que sendo da
glória de Deus, esvaziou-se dessa glória para sofrer por nós.
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Igreja Evangélica Kyrios
A CRUZ NO CENTRO DA FÉ
I Coríntios 1:18 à 25
INTRODUÇÃO
Já falamos sobre o excesso de liberdade que a igreja de Corinto teve, ocasionando grandes males e,
como ela conhecia a graça, perdeu um pouco do temor. Continuando, falaremos sobre as divisões
que só podem ser sanadas quando Cristo está sendo vivido.
Neste estudo, falaremos sobre um dos principais símbolos da nossa fé: a cruz. Não há um slogam,
um logotipo mais bem criado, e que resuma todos os aspectos da fé como a Cruz de Cristo. Se
juntássemos todos os homens de marketing e propaganda eles não conseguiriam criar uma
logomarca melhor. Em sua madeira vertical temos a linha de Deus se relacionando com o homem, no
horizontal podemos ver sua intenção de atingir toda humanidade. Em seu símbolo cruz, vemos um
Deus diferente de tudo o que o homem podia pensar, baseado em sua própria condição pecadora.
Versículo 18 “Certamente a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós,
que somos salvos, poder de Deus.”
A CRUZ COMO CENTRO
Se persarmos em nossa fé, na crença de que bem no centro dela está um Deus crucificado, cujo
poder é sobre céu e terra e foi morto e pendurado num madeiro. O significado da Cruz é algo
tremendo. Este Deus nos amou tanto que aceitou toda a vergonha e dor para nos salvar. Hoje, essa
fé parece clara e firme, mas se pensarmos um pouco em como esta imagem era construída naqueles
que recebiam a pregação do evangelho pelos discípulos, perceberemos que a comparação mais
próxima é com a de um criminoso que foi morto na cadeira elétrica e ele era o filho de Deus. Sinto o
peso dessa imagem quando digo que esse símbolo que, alguns penduram em seus pescoços e
outros colocam em cima de torres, era como se fossem cadeiras elétricas espalhadas por todos os
lugares, mostrando a tolice de crer em alguém julgado culpado e morto na cadeira elétrica. Usei essa
ilustração porque aqui no Brasil não temos pena de morte, mas podemos acompanhar pela televisão
o sofrimento e a dor de um condenado à morte pela cadeira elétrica em alguns estados norte
americanos.
Era mais ou menos assim que a pregação chegava aos corações de Judeus, Gregos e Romanos: um
sinal de fraqueza, tolice e desperdício; contrária a toda idéia humana de salvador, de libertador.
Quando evocamos a imagem de um salvador, logo vem à mente homens fortes, lutadores, como
Sansão, que podia matar mil homens. Mas a cruz parece símbolo de fraqueza, humilhação e derrota.
Ainda há cristãos que não conseguiram reconhecer a força, o poder e a majestade de Jesus na Cruz.
Jesus chega a lhes parecer fraco, nu e ensanguentado naquela cruz. Mas lá está o clímax da
revelação de Deus. Símbolo de força e poder.
Só os fortes conseguem morrer por uma causa ou por algúem;
Só os fortes não fogem dos planos de Deus;
Só os fortes podem amar quem não os amam;
Só pelo poder de Deus há perdão para quem não merece;
Só pelo poder de Deus, a humilhação se transforma em grande honra;
Só pelo poder de Deus, Jesus não usou de seu poder para destruir os que o crucificaram.
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Igreja Evangélica Kyrios
Que Deus é esse que olha para quem mata o seu filho e diz, se creres serás salvo? Isso pode ser
loucura para os não crentes e até mesmo para alguns crentes. Essa cruz veio dividir, ressaltar a
divisão inevitável que é loucura para os que se perdem e poder para os que se salvam.
Se refletirmos racionalmente, poderíamos ficar assustados com o que cremos, poderíamos até nos
sentir como fanáticos de uma seita qualquer, com símbolos de vergonha e dor pendurados em
nossos pescoços. No entanto, o sentido, para aqueles que crêem no símbolo da cruz, é o de que
existe um amor sem igual e incondicional que provém de um Deus maravilhoso.
Olhando para cruz assim, não há desculpas, não há rejeição, não há como dizer eu não consigo,
porque esse Deus não se separou para os fortes, para os superdotados, não foi esse o caminho
escolhido. Ele escolheu o caminho da fé. Através da fé é possível transformar a aparente loucura de
Deus em poder de Deus.
Para muitos a cruz pode significar fraqueza e desperdício, outros nem se atravem a pensar em um
sentido, para nós, no entanto, ela é o símbolo de um Deus excelso, que não abandona a sua criação
e paga com sua vida a nossa vida.
Versículo 19 “Pois está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, e aniquilarei a inteligência
dos entendidos.”
SENAQUERIBE
O caminho que Deus escolhe não se trilha pela sabedoria humana. Não se explica a concepcão
divina de Maria pela genética, assim como não se determina a ressurreição pela física. Por isso Paulo
usa um texto de Isaías 29:14 que retrata um momento difícil do povo de Judá, quando a Assíria vinha
cercando para dominá-los e os estrategistas tentavam encontrar soluções militares, alianças com
Egito. No capítulo 37 vemos como Deus ridicularizou a sabedoria e a força de Senaqueribe. Em 2 Cr.
32: 21-23, vemos que o Senhor enviou um anjo ao arraial dos assírios e destruiu a todos, e o rei ficou
com seu rosto coberto de vergonha. Uma peste, provavelmente, matou os soldados. Nessa história
vemos Deus acima da força do homem. Os historiadores acreditam que ratos foram usados para
matar os inimigos de Israel. As soluções humanas pareceram ridículas diante de Deus e a solução
divina envergonhou o rei poderoso.
Versículo 20, 21, 23 e 24: “Onde está o sábio? Onde o escriba? Onde o inquiridor deste século?
Porventura não tornou Deus louca a sabedoria do mundo? Visto como, na sabedoria de Deus, o
mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar aos que crêem, pela
loucura da pregação. Por que tanto os Judeus pedem sinais, como os gregos buscam
sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os Judeus, loucura para os
gentios;”
AS IDEOLOGIAS DA ÉPOCA.
Paulo usa características dos principais povos envolvidos com a pregação, como os judeus que
esperavam a salvação mediante sinais poderosos que seu messias pudesse fazer, respondendo à
perseguição de que Israel era vítima. Eles esperavam um messias forte como Sansão, estrategista
como Davi, guia como Moisés e milagroso como Elias, para destruir os povos vizinhos. Jesus era
tudo isso para nós, mas a cruz não permitiu que eles enxergassem sua glória, pois era um símbolo de
maldição para o judeus. Um messias no madeiro era a mais doida teoria. Os gregos, por sua vez,
reconheciam o conhecimento como a principal virtude, eles achavam que a postura de Jesus na cruz,
no mínino, não foi sábia. Eles usavam seu intelecto para tornar Deus semelhante à sua imagem. E os
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Romanos acreditavam na força, “num Deus braço”, num Deus guerreiro e destruidor. Com esses
exemplos, resumem-se os povos que existem ou venham a existir e para os quais a cruz é loucura, e
que buscam um Deus que se enquadre em um dos modelos citados.
CONHECIMENTO X SABEDORIA
Ainda no contexto sobre o conhecimento, testo um problema que perseguiu a igreja evangélica,
quando esta interpretou os versículos acima citados como se Deus proibisse o conhecimento. Deus
não proíbe o conhecimento. Ele nos deu uma mente inquiridora, questionadora para que pudéssemos
nos beneficiar de todo o conhecimento apreendido em química, física, matemática e outras matérias.
O problema é que o conhecimento muitas vezes anula Deus, ao fazer crer que todas as explicações
são naturais, despreza o mundo espiritual e, por conseguinte, a fé. O conhecimento não é a resposta
para o homem. Recentemente, publicaram um livro que tinha como título “Inteligência Emocional”,
nada de novo para nós, a bíblia é clara ao informar que adquirir conhecimento não significa ser sábio
para poder usá-lo. Nós podemos saber muito, mas incapazes no uso desse conhecimento. E mesmo
que nos sintamos sábios, é preciso definir o que é sabedoria humana, racional e Diabólica e o que
realmente é a sabedoria de Deus. Podemos ter muito conhecimento sobre leis e pouca sabedoria
para usá-las, podemos ser inteligentes para decorar versículos e pouca sabedoria para vivê-los.
A CRUZ QUEBRA O ORGULHO
É interessante como a cruz vem quebrar todo o orgulho humano. Ela quebrou o orgulho religioso dos
Judeus que esperavam um messias cuja imagem reforçava a idéia de um único povo escolhido por
Deus. Um orgulho religioso, do Deus poderoso que mais faz o que queremos do que aquilo que Deus
quer, e faz com que os homens busquem uma religião que os torne donos do poder. O mesmo
orgulho que faz desejar ser deus de Deus. A cruz quebra o orgulho intelectual dos gregos, dos que
querem entender a Deus pela razão e pela lógica, criando um Deus que pensa como nós
pensaríamos, que faz com que a nossa cabeça seja o nosso Deus. Teorias sobre como Deus nos
abandonou aqui e que o inferno é aqui são muito comuns aos lógicos. Quantos não vivem assim,
firmados em suas razões, em suas póprias concepções e nesses casos a cruz não tem nada de
Lógico. O orgulho social que os romanos sentiam ao ver seu Império como donos do mundo, Deus
quebra na cruz, ao nivelar todo mundo como pecador, como escória que precisa de salvação. Seja
escravo ou imperador, todos carecem de Deus.
O problema todo em aceitar a palavra é que nenhum destes caminhos são viáveis até Deus. O único
caminho possível para encontrá-lo é através da fé, que ele determinou usando o maior exemplo
possível: A cruz.
Versículo 24 e 25 “Mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a
Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus. Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os
homens; e a fraqueza de Deus é mais forte dos que os homens.”
ENTENDENDO O CHAMADO.
Nestes versículos, alguns poderiam compreender como uma base para a predestinação, ou seja: os
chamados seriam escolhidos, predestinados por Deus. Não, os chamados são aqueles que ouviram e
atenderam, essa é a visão de Paulo. Deus não fez tudo que fez para predestinar alguns, se fosse
assim era viável a escolha de outro caminho, menos a cruz. Mas Deus chama a todos. Ele não está
lá no céu orgulhoso e distante, mas nos chamando pelo amor, e aqueles que passam a ouvir e
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atender, ele os recebe e a palavra de Loucura se torna poder de Deus. E estes passam a entender
que a loucura de Deus é muito mais sábia que o homem. E para comprovar é só olhar para cruz.
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PESSOAS SEM IMPORTÂNCIA
I Coríntios 1:26 à 30
INTRODUÇÃO
Chegamos a mais um ponto de divisão na igreja de Corinto: a típica reverência grega pela sabedoria.
A arrogância da sabedoria humana havia se tornando um erro para ela. O costume grego de filosofar
havia penetrado na igreja. Então Paulo os chama para uma atenção especial. E nesse ponto estamos
no centro da discussão entre a sabedoria de Deus e a dos homens.
Existiam pessoas notáveis da sociedade na igreja de Corinto, mas não eram muitos. Deus não exclui,
não tira ninguém. Eram poucos, como Sostenes e Crispus que eram homens relacionados com a
sinagoga. Havia um homem chamado Erastos, o Tesoureiro da cidade, registrado no fim da carta aos
Romanos 16:23 (Esta carta foi escrita por Paulo, quando estava em Corinto). Esta passagem não nos
diz que os notáveis não podem se salvar, pelo contrário, todos têm lugar na graça de Deus.
Diante da arrogância de quererem parecer diante da sociedade tão bons e tão cultos como outros
sábios e inteligentes, a igreja estava esquecendo do poder de Deus. Deus não está preocupado com
essa arrogância humana de querer vencer o outro através da sabedoria, de querer conquistar o
mundo pela força do homem, se assim fosse ele teria escolhido os poderosos capazes de influenciar
governos, os ricos que podem comprar milhares de rádios e TV´s. No entanto, ele escolheu gente
como eu e você para mostrar seu poder .
A igreja que tem por objetivo conquistar o mundo demonstrando que certo ilustre se converteu ali e
ele é o tal, isso não salva ninguém. A conversão de alguém não acontece só porque o Pelé se
converteu, mesmo que vá para a igreja do Pelé, é necessário uma experiência real com Jesus.
Em alguns casos, demonstramos o quanto somos inteligentes e brilhantes como qualquer outro, que
somos proeminentes e por isso escolhemos a fé em Jesus. Isto na certa é usar o braço para levar
outros à fé.
Parece que começamos de forma simples e depois pegamos uma gripe, a gripe da arrogância.
Quando entrei no seminário conheci pessoas simples, dessas que Deus quer usar. Por exemplo,
conheci um rapaz que veio do interior, não tinha nem um sapato, mas tinha coração. No terceiro ano
de seminário ele pegou uma doença chamada seminariti, ele então falava de forma arrogante,
desprezando a mim e a outros. Ele e mais alguns se consideravam a diretoria do seminário. Nós
somos assim, parece que pegamos gripe na fé e começamos a desprezar as coisas humildes que
Deus quer usar, para isso ele nos chama atenção
Versículo 26, 27, 28 e 29 “Irmãos, reparai, pois na vossa vocação; visto que não foram
chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos de nobre nascimento; pelo contrário,
Deus escolheu as cousas loucas do mundo para envergonhar os sábios, e escolheu as cousas
fracas do mundo para envergonhar as fortes, e Deus escolheu as cousas humildes do mundo,
e as desprezadas e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que
ninguém se vanglorie na presença de Deus.”
Quero falar das pessoas sem importância aos olhos humanos, mas muito importantes para Deus: nós
somos assim. Quando digo que sou pastor as pessoas torcem os nariz, não tenho importância aos
seus olhos. Afinal, não presto nenhum serviço para o homem, mas para Deus e sei que ele me ama.
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LEMBRAR DO CHAMADO
A primeira frase desse versículo é surpreendente, Paulo manda que os cristãos se recordem de quem
eles eram. Ele diz: olhem para vocês e vejam quantos de vocês eram sábios, poderosos, quando
foram chamados por Deus. Ele está questionando o porquê desse orgulho todo, desse ar de
superioridade e certa arrogância baseada na posição humana. Você se lembra de quem você era e
como Deus derramou o seu poder em você? De onde, então, provém este orgulho todo? Você, por
acaso, está se sentindo como as pessoas do mundo que acham valores que não possuem.
Observamos pessoas se converterem e, de forma simples e humilde, amarem a obra de Deus, porém
depois viram teólogos, professores, diáconos, e então se sentem em um grau superior, dando
ouvidos apenas àqueles que também vivem sob o efeito da mesma arrogância. Dessa forma não há
chance para quem está começando, não há espaço para que Deus use outras pessoas.
Quem somos? Hoje, esta igreja é composta das mais diferentes pessoas, não há aqui políticos,
sábios ou doutores. Nesta capital há muitos sábios, poderosos que Jesus poderia ter chamado.
Ricos, influentes, políticos, mas Deus não os escolheu, pois não está em questão a glória pessoal,
mas a glória de Deus.
Estas pessoas não foram escolhidas, porque as únicas que se interessaram por seu chamado eram
humildes e pobres. Isso aconteceu porque Deus escolheu demonstrar o seu poder por pessoas que
do ponto de vista humano eram as menos promissoras.
São essas pessoas que estão aqui, sem uma importância social ou intelectual, mas que Deus
escolheu para revelar-se ao mundo. E às vezes pensamos que ninguém nos conhece, que temos
uma vida no anonimato. Você deve se alegrar, pois para ser usado grandemente por Deus você não
precisa de poder ou influência. Deus despreza as coisas das quais o mundo se impressiona.
Às vezes ficamos esperando muito dos homens, achamos que os outros são mais usados, têm mais
de Deus, e por isso desprezamos as coisas simples. Atualmente vemos estádios lotarem para ouvir
certo pregador. E nós, quem somos nesse anonimato? Deprezamos os simples, os humildes que
Deus usa grandemente. Desprezamos até nós mesmos e esquecemos o quanto Deus pode nos usar.
Não há nada em nós mesmos, tudo provém de Deus. Não há sabedoria humana, nem maior
inteligência, tudo provém de Deus. Por isso os aparentemente fracos podem ser usados com
tamanha força.
Não há uma capacitação humana que nos faça mais usados do que outros, tudo provém de Deus que
usa o vaso que quiser, para que ninguém se glorie em si mesmo, mas na Glória de Deus
COMO O MUNDO NOS VÊ
Mas apesar da grande transformação que Deus fez nos alcoólatras, nos viciados, como o mundo nos
vê? Eles ainda nos vêem como pessoas sem importância, sem escolha, que todos que se convertem
são de “cabeça fraca”.
Essa é uma frase muito comum para quem quer evangelizar, “ouvi várias vezes ele entrou para igreja
de Crente, mente fraca!”
Eu tenho ficado chocado com as experiências de como o mundo nos vê. Recentemente tive que
preencher uma ficha, e disse que era pastor, pude sentir um pouco de ironia e de desprezo, como se
o fato de eu ser pastor fosse um desperdício de vida. A própria dentista que me tratou, não aceitou
muito bem eu ser pastor evangélico, preferiu quando eu disse que trabalhava no empório. O mundo
nos vê como loucos, fracos, burros mesmos.
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Igreja Evangélica Kyrios
Eles nos vêem assim, tudo bem, nós já sabíamos disso, desde a igreja primitiva. Os cristãos eram
tidos como a escória da sociedade, eram taxados como ignorantes por acreditar em um Deus
ressuscitado .
O problema é quando os Cristãos começam a se ver com esses olhos, de doutores do mundo,
esquecendo de quem eram e o quanto Deus os transformou. Desprezando os humildes, os cativos
que Deus quer libertar, tratando o ser humano como algo sem importância. Desprezando o nosso
próprio chamado, direcionando a obra de Deus para um grupo seleto, fazendo acepção de pessoas.
Queremos mostrar ao mundo como somos tão inteligentes também, como somos fortes e cultos, e aí
esquecemos de mostrar o poder de Deus e o mundo não pode ver Deus através das nossas vidas.
Porque dessa sabedoria e força o mundo já está cheio. No entanto, há algo em sua vida que o mundo
nunca viu e pode saber que não vem de você mesmo: é poder de Deus. Essa é uma luta pessoal de
alguns quererem demonstrar aos olhos do mundo que não são sem importância, a única maneira do
mundo reconhecer isso em você é através do poder de Deus.
DINHEIRO PARA OBRA
Recentemente fiquei sabendo de um casal que havia saído de sua igreja porque o pastor deu a
seguinte visão para a igreja, que queria evangelizar só ricos para obter mais recursos financeiros e
assim expandir a obra. Alguns poderiam afirmar: é lógico, obvio, quanto mais ricos, mais obras.
Errado! Há pessoas que parecem pensar que tudo que fazemos depende do dinheiro, e se
pudéssemos adquirir muito dinheiro poderíamos começar um grande ministério. Isso parece lógico,
mas se não houver pessoas interessadas e dedicadas o dinheiro poderá fazer pouco para salvar os
homens.
É importante aprender que o dinheiro segue o ministério e não o ministério segue o dinheiro. Quando
nos dispomos a servir, Deus supri os nossos recursos para que possamos servi-lo. Essa igreja é
prova disso, ela começou com um dízimo de R$150,00, o dinheiro veio depois que o ministério
começou.
Muitas pessoas ficam paradas aguardando o momento certo para servir, como se estivessem
esperando que o dinheiro surgisse par começar seu ministério. Na verdade, esse dinheiro só vai
surgir depois que houver um ministério.
Nós dizemos que não temos condições de fazermos isso agora, como se dependesse de nós os
planos do Senhor. Precisamos nos dispor para que Deus comece a operar milagres.
OS IGNORANTES
Esse é um outro fator que limita o poder de Deus sobre a nossa fraqueza. Muitas vezes aceitamos o
julgamento que o mundo nos dá e somos ignorantes reconhecidos. Nos achamos fracos demais para
sermos usados, que Deus pode aproveitar melhor outras pessoas mais sábias, mais inteligentes do
que nós. Dizemos a Deus: use o outro.
Porém, não é esse o critério de Deus em sua escolha. Os pescadores, homens simples foram os
escolhidos para serem seus discípulos. Homens do meio do povo para serem profetas. No grande
avivamento do século passado não havia poderosos. Os homens simples e indoutos foram os
escolhidos para demonstrarem o poder de Deus.
Certa ocasião, aqui na igreja, certo irmão estava pregando, de forma simples e humilde, e havia uma
senhora nos visitando e ela me disse: “como esse irmão prega bem, eu sou da igreja Batista do
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Igreja Evangélica Kyrios
Morumbi, do pastor Ari Veloso, mas meu pastor não prega como esse jovem”. Isso porque aquele
que não tem a teologia e nem sabe falar eloqüentemente, Deus usa para demonstrar o seu poder.
Agora Deus nos salva e queremos ser alguma coisa no mundo e não para Deus. Isto não quer dizer
que não devemos estudar ou nos aprofundar, mas não devemos fazê-lo com orgulho, jactância ou
vaidade, porque a nossa sabedoria ou conhecimento não é nada sem o poder de Deus. Qualquer
irmão cheio do poder de Deus é mais bênção do que aquele que só conhece e vive pela sua
arrogância.
Você sobe para orar no monte e pensa: “hoje não vai ninguém do fogo”, mas você vai e Deus
também, então não precisa de mais nada. Não se menospreze.
O MOTIVO
Deus retira de nós todo o motivo para nos orgulharmos.
Diante da obra de Deus não somos nada. Nós presenciamos como as pessoas podem querer se
vangloriar, porque determinado irmão não está, então nada acontece, isso é glória humana. Deus usa
quem quer, e se você acha que um homem pode roubar a glória de Deus então você não conhece
Deus.
Deus usa o vaso da forma que quer. Ele não divide a sua glória com ninguém, nós somos pessoas
sem importância aos olhos do mundo, e não são muitos os poderosos segundo a visão do mundo.
Mas é sobre nós que Deus está interessado em derramar a sua glória.
Não possuímos nada em nós mesmos para nos orgulhar, tudo deve glorificar o único que merece o
nosso louvor, Jesus Cristo
Versículo 30 e 31 “Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou da parte de Deus
sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção, para que como está escrito: aquele que se
gloria, glorie-se no Senhor.”
A glória não está em ser algo diante do mundo e da sociedade, mas sim em ver Deus nos usando
para sua glória. Não há maior glória para um servo do que ser útil para o seu Senhor. Mesmo que
isso signifique em ser humilhado, em pagar o preço. Em estar à disposição, mesmo que as minhas
expectativas não sejam atendidas. Nisto vou me alegrar, no quanto estou disposto que o Senhor me
use. Mesmo que eu passe uma madrugada chorando com irmãos que subiram despreparados, ou
com problemas e choraram a noite toda. Se foi assim que o Senhor quis vou me gloriar, vou me
alegrar em poder servi-Lo. Porque a minha glória está em ser dele e ver a minha vida transformada
em justiça e santificação do Senhor.
CONCLUSÃO
Não desprezemos ninguém. Deus usa quem quer porque a gloria é dele, não nossa. Ele faz a sua
vontade em todas as situações e ninguém pode roubar a glória de Deus. Nem homens famosos que
se convertem, nem pregadores especiais e cheios de milagres. Lembre-se de que são homens falhos
como você. A glória é de Deus.
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Igreja Evangélica Kyrios
CHEIOS DE CONHECIMENTO
I Coríntios 2:1 à 5
INTRODUÇÃO
Nós temos falado da sabedoria de Deus com relação à cruz de Cristo, e como ele escolheu pessoas
simples como nós para demonstrar o seu poder e a sua glória. Agora, Paulo começa a se recordar de
sua estada em Corinto, de como se apresentou para aquele povo.
Se imaginássemos Corinto, veríamos uma grande metrópole grega, que se orgulhava de seus
conhecimentos e cultura. O valor do conhecimento e da descoberta de algo mágico e novo através do
conhecimento sempre atraiu o ser humano.
Nas ruas de São Paulo, nós podemos ver faixas, publicidades, sugerindo que determinada pessoa
descobriu segredos místicos que nos levarão ao conhecimento de mistérios profundos nos tornando
ou desencadeando em nós poderes ocultos, nos fazendo melhores e mais plenos. A grande
pergunta do coração do homem é que o que desconheço me torna, assim, vazio, incompleto. Parece
que essa atração pelo desconhecido fascina a mente de todos os homens.
Nos shoppings esses homens conseguiram espaço para montar barraquinhas de mistérios, na
promessa de desvendar e revelar coisas que você não conhece acerca de você mesmo.
A cidade de Corinto também vivia essa imagem acerca do conhecimento, como nós, muitas vezes,
querendo demonstrar a fé como um segredo místico e esotérico. A igreja muitas vezes entra por esse
caminho, criando cursos que prometem nos revelar algum conhecimento perdido ou esquecido e que
nos fará ainda mais crentes e mais fortes contra o pecado ou a luta espiritual.
Alguns usam a bíblia como um livro místico. Porém, ao olharmos seriamente para a palavra de Deus,
o único mistério está em compreender através de exemplos a forma como o Senhor se revelou a nós,
interagindo na história de Israel. Não existem palavras mágicas, nada escrito de trás para frente, ou
capítulos espirituais que se deixarmos aberto espantarão o mal.
Por que gostamos tanto disso? Por que o conhecimento oculto atrai tanto o ser humano? Talvez pela
ânsia da queda do homem que, enganado pela serpente, acreditou poder ser como Deus. E acabou
nu, atrás de uma moita, cheio de culpa e vergonha.
Versículo 1 “Eu, irmãos, quando fui Ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não
o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria.”
Paulo, recordando sua estada nessa cidade, descreve que não foi com ostentação de linguagem,
opulência de sabedoria que ele testemunhou de Deus.
O PROBLEMA DA NOSSA PREGAÇÃO
O nosso grande problema, quando vamos pregar acerca de Cristo, está na nossa preocupação em
sermos bons oradores ao invés de sermos boas testemunhas. Queremos formular bem as nossas
frases de forma a não sermos contestados, queremos organizar a nossa pregação de forma a não
nos envergonharmos, com frases e palavras erradas, mas ao invés disso o que Deus espera que
façamos é que sejamos suas testemunhas: pessoas que assistem a certos atos para os tornar
autênticos e legítimos. É isso que Deus está fazendo com você e eu, Ele está fazendo com que
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Igreja Evangélica Kyrios
vivamos certos acontecimentos com Ele, de forma que possamos testemunhar, que possamos
declarar serem legítimos e verdadeiros. Isso é convicção, é ter certeza do que você crê, a ponto de
poder testemunhar até na frente de um Juiz que Jesus vive.
Se era isso que caracterizava a pregação de Paulo, posso desmentir alguns mitos, algumas crenças
pessoais que de nada valeram diante da palavra de Deus. Vamos ver o que Paulo nos diz no vers. 2:
Versículo 2 “Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado.”
Nos falta conhecimento para pregar o evangelho .
A primeira dúvida que temos quando vamos pregar é se já temos conhecimento suficiente para
pregar o evangelho. Desde que a sua pregação esteja baseada apenas na cruz de Cristo, e não em
doutrinas ou uso e costumes, todo convertido está preparado para pregar o evangelho.
O único conhecimento especial de quem é testemunha de Cristo, é saber o que a cruz significa para
nós. Não há nenhum mistério ou palavra escondida que depois de um certo tempo vamos revelar ao
novo convertido. Todos aqueles que se convertem tem uma experiência pessoal com Jesus e por
isso são também suas testemunhas.
É claro que o conhecimento da bíblia, irá revelar mais acerca desse Deus maravilhoso que nós
temos, como me relacionar de forma correta com Ele.
Para pregar o evangelho é preciso ser mais culto ou sábio.
Como se a pregação do evangelho fosse uma competição com a ciência do mundo e sua sabedoria.
Na verdade não é pela nossa sabedoria que as pessoas se convertem mas pelo poder de Deus.
Pregar o evangelho é trabalho de evangelistas.
Essa é uma outra crença pessoal e que funciona bem como uma desculpa. Dizemos que somente
certas pessoas são capazes de evangelizar, na verdade todos nós somos testemunhas da glória de
Deus, todos estamos envolvidos em um relacionamento pessoal com o Rei do Universo.
Versículo 3 “E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós.”
É DIFÍCIL FALAR DE CRISTO
Paulo diz aos coríntios que foi em fraqueza e medo que ele apresentou o evangelho. Este foi um
versículo que sempre me chamou a atenção; que medo é esse que Paulo tinha, por que o Apóstolo
mais influente do cristianismo se apresentou com tanto medo?
Alguns acreditam que após tantas prisões e açoites, Paulo já estivesse receoso, com medo dos
espancamentos tão comuns para ele na pregação do evangelho, sem falar nas cadeias. Alguns de
nós temos muito medo de falar de Cristo. Falar acerca das coisas de Deus dentro da igreja, no meio
do povo de Deus é até fácil, porque há uma concordância, uma certa cumplicidade por todos os que
crêem em Jesus. Mas um dos grandes medos de muitos ao testemunhar de Cristo está em ser
confrontado e ridicularizado pela sabedoria do mundo.
Há algum tempo atrás, conversando com um irmão, ele me disse que ficava muito nervoso quando
em uma reunião evangelística era confrontado e surgia uma dureza, uma certa discórdia, esse é o
medo de todos. Nesse momento nós erramos porque queremos mostrar a sabedoria de Deus pelo
raciocínio ou pela lógica, que é loucura para o mundo.
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Igreja Evangélica Kyrios
Muitas vezes temos medo de falar das coisas de Deus, pois parece que o mundo não quer ouvir,
parece que o que temos a dizer está na contramão da humanidade e que ninguém está realmente
disposto a ouvir a palavra, mas esse medo não é verdadeiro. Há pessoas sedentas para ouvir,
apenas precisamos aceitar que elas irão nos confrontar e questionar, ou até usarão seus
conhecimentos gerais para provar a nossa fé, e isso não é fácil.
Mas Paulo também podia ter, na verdade, um angustiado desejo de cumprir o seu dever de
testemunha, isso seria um outro tipo de temor e tremor. Ele sabia a sua responsabilidade diante de
todos aqueles que não conheciam a Cristo. Muitas vezes nos esquecemos desse nosso dever, não
nos angustiamos mais pelos amigos, parentes e queridos que estão sem Cristo, isso não nos
incomoda mais, não existe uma preocupação em como podemos ser úteis na salvação deles e isso é
mau ao olhos de Deus.
Versículo 4 e 5 “A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem
persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé
não se apoiasse em sabedoria humana; e, sim, no poder de Deus.”
EVANGELISMO NO PODER DO ESPÍRITO
Há algumas coisas que precisam ser ditas àqueles que querem evangelizar: não se evangeliza pelo
emocionalismo, com apelos emocionais ou chantagens, do tipo: se você for todas as tristezas vão
acabar. Não se evangeliza com pressão psicológica, tentando tirar uma confissão desesperada de
quem está apenas com medo de ir para o inferno. Não se evangeliza apenas tentando provar pela
lógica que é melhor ser crente do que ser do mundo. Outros querem fazer da fé uma grande utopia,
algo impossível de ser vivido, pregam que todo crente é rico, ou vai ficar, ou que nenhum crente fica
desempregado.
Por mais que quando não usamos esses métodos, possamos ter um sentimento de que não estamos
sendo conscientes e consistentes na pregação, nada disso tem força suficiente para fazer com que
alguém continue no caminho de Cristo. Sempre haverá pessoas lançando dúvidas na verdade, mas o
poder de Deus, essa comunhão dentro de nós, ela sim é alicerce firme para permanecer na palavra
de Deus.
Nós também temos uma sensação de que o bom evangelismo deve ser feito por bons evangelistas, e
que eles podem então lotar estádios e pregar para uma grande multidão convertendo muita gente
como Billy Grahn ou Luiz Palau. Na verdade Deus usa tudo isso, mas a pergunta é: quem vai levar o
não crente ao grande estádio de futebol para ouvir um pregador? São os relacionamentos, por isso
nós cremos que se tem o mesmo efeito apenas usando os nossos relacionamentos, pessoas que
conhecem você, sabem de sua integridade e testemunho, sabe como você crê e está convicto acerca
do que prega, e Deus então demonstrará seu poder sobre você, sua testemunha.
Na estratégia de Paulo não havia grandes conferencistas, nem grandes estádios lotados de pessoas,
para ouvir sua ministração, mas um a um, pessoa por pessoa a igreja foi crescendo, é isso que
cremos que Deus irá fazer conosco. Nas pessoas que você está testemunhando e convidando para ir
ao acampamento ou à igreja..
O RESULTADO
Mesmo Paulo tremendo diante deles, as pessoas de Corinto se converteram. Mesmo estando ele
decididamente convicto de que não seria sábio como o mundo, as pessoas puderam perceber o
poder de Deus em suas palavras.
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Igreja Evangélica Kyrios
Muitas pessoas acreditam que evangelismo no poder do Espírito são as grandes campanhas de cura
e libertação, mas eu creio que evangelismo no poder do Espírito é quando toda a igreja está convicta
da missão e da obra que Deus tem a realizar. Alguns pensam também que a autoridade do Espírito é
falar de tal forma que ninguém nunca irá discordar ou debater. Se fosse assim, que beleza, que
tranqüilidade. Por acaso iria o inimigo nos deixar saquear o seu arraial sem oferecer resistência?
Alguns dizem: o pastor não está na unção ou pode até questionar: por que aquele homem não
gostou, ele não aceitou o que ele falou? Se o pastor estivesse mais ungido naquele dia todo mundo ia
aceitar? A minha pergunta é: será que isso é verdade? Eu estou na unção e no poder do Espírito,
mas às vezes o inimigo usa o preconceito, o orgulho e a vaidade do homem para cegá-los e, sobre
estes, Jesus disse para sacudirmos o pó das nossas sandálias.
CONCLUSÃO
A fé daqueles que crêem não está apoiada em meras palavras, mas no poder de Deus, esse é o
centro do evangelismo.
21
Igreja Evangélica Kyrios
AAAAAAAAAAAAAAAA
I Coríntios 2:6 à .......
INTRODUÇÃO
...............
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Igreja Evangélica Kyrios
A IGREJA CARNAL
I Coríntios 3 : 1 à 7
INTRODUÇÃO
Nós já tratamos de algumas crises da igreja de Corinto. A primeira foi o seu excesso de liberdade; a
segunda, suas divisões e as respostas que Paulo deu a elas acerca da cruz; e terceira a foi a crise de
arrogância em seus próprios conhecimentos.
Neste texto abordaremos a crise da carne, os efeitos da carne sobre a vida da igreja. Esse assunto
de ser um crente carnal gera muitas dúvidas para nós, pois o que realmente quer dizer essa
expressão, comum a Paulo, mas não tão comum em nossos dias? Qual é o crente carnal que
realmente reconhece ser suas obras da carne?
A três expressões usadas por Paulo para definir o homem foram:
1. Homens naturais: São as pessoas que ainda não conhecem a Cristo e não foram regeneradas
por Deus, são aqueles que chamamos criaturas, segundo a definição de João, no evangelho
Segundo João cap. 1.
2. Homens Espirituais: São aqueles convertidos tanto quanto os carnais, só que esses valorizam a
sabedoria do Espírito. São os cristãos maduros e experientes, sabendo que maturidade cristã não
é apenas resultado do tempo de permanência na igreja, mas da transformação que Deus permite
em nós.
3. Homens carnais: Algumas vezes essa palavra pode significar homens sem Cristo, mas nesse
contexto é clara a intenção de Paulo ao relacionar carnais como cristãos imaturos e pouco
espirituais. São os bebês em Cristo Jesus.
Esse três tipos de indivíduos estão se relacionando conosco em todos os momentos na igreja. E
nesse momento está demonstrando para nós, que somos cristãos, a necessidade de crescermos
espiritualmente.
1 “Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais; e, sim, como a carnais, como a
crianças em Cristo.”
IRMÃOS
Alguns de nós percebemos a nossa dificuldade relacionada às coisas espirituais, como viver uma
vida cheia do Espírito. Coisas da carne como preguiça, desânimo, falta de desejo de buscar a Deus,
inveja, ciúmes, discórdia, impurezas, estão continuamente nos afligindo. E surge a dúvida em alguns
corações: Eu realmente sou crente? Eu sou realmente cristão? Por que tenho tanta dificuldade de me
corrigir em algumas coisas ou valorizar as coisas espirituais? Às vezes me entristeço, sofrendo por
coisas passageiras e humanas esquecendo da eternidade.
Ele é crente e faz isso? Ele é crente e maltrata os outros? Ele é crente e tão egoísta? Ele é crente,
mas é tão briguento?
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Igreja Evangélica Kyrios
Paulo responde a você chamando-lhe carinhosamente de irmão, os carnais são irmãos que ao invés
de estarem buscando a direção do Espírito pararam na conclusão, na opinião da Carne.
O assunto aqui não é o estado dele quanto a serem verdadeiros cristãos, mas o grau de maturidade
deles e de sua percepção espiritual.
CRIANÇAS EM CRISTO
Paulo faz uma comparação a eles como crianças, bebês, a palavra usada aqui é NEPIOS, Ne= não,
Pios= Falar, uma criança então tão pequena que não pode falar. É importante ressaltar que Paulo
não está falando dos novos convertidos que por sua recém chegada seriam bebês natos, mas de um
outro tipo de cristão que não cresce, não desenvolve sua fé, não amadurece e que não desiste das
coisas carnais em substituição natural pelas coisas espirituais.
Quando olhamos uma criança fazendo suas criancices vemos sua inocência, admiramos sua beleza
e achamos tão bonitinhos; eles usam fraldas, eles sujam as fraldas mas nós sabemos que isso não
vai ser para sempre, apesar do desconforto que isso gere em seus pais. Anciamos que comecem
logo a falar e a descrever seu mundo para nós, que aprendam logo a andar e a se portar, pois isso é
bom. Não há nada de errado com o recém nascido em Cristo, é assim que todos nós começamos, o
problema está quando começamos a perceber um retardamento no crescimento dos irmãos, coisas
que começam a impedir o desenvolvimento aparentemente natural e perfeito.
Essas coisas que impedem o nosso crescimento são as coisas da carne que não conseguimos
rejeitar, repreender, ou desprezar à luz da palavra de Deus. Então nosso desenvolvimento, que
estava sendo bonito, se torna uma preocupação para todos da igreja. Quando rejeitamos a sabedoria
do Espírito pela sabedoria humana.
As crianças espirituais, como as crianças humanas, nem sempre sabem o que convém, são teimosas
e principalmente se sentem o centro do universo. Quando pequenos todo pai tem um cuidado
especial para que não se machuquem, não ponham o dedo na tomada, quando crescem e ainda
requerem o mesmo tipo de cuidado, como mudar as fraldas, é uma condição profundamente
desagradável.
O NANISMO
Esse nanismo é desagradável para toda a família, todos os irmãos, os líderes padecem com ele. É
muito estressante para nós, ter que repetir coisas de criança para gente grande. Trocar fralda de
adulto é desagradável.
Exemplos :
1- Dizer para crente velho que o vestido está curto.
2- Dizer para os irmãos buscarem mais a Deus, orarem e lerem a Bíblia todos os dias.
3- Dizer que o pecado trará morte, ou que não devemos mais obedecê-lo.
4- Que não é bom faltar aos cultos, que não devemos deixar de congregar .
No acampamento falamos dessa doença que tem acometido as igrejas e seus membros não
crescem, nunca se transformam em crentes maduros e experientes. Quero dizer que o crescimento
espiritual não precisa acompanhar seu crescimento biológico, ele pode se antecipar, depende de
você .
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Igreja Evangélica Kyrios
2 “Leite vos dei a beber; não vos dei alimento sólido, porque ainda não podeis suportá-lo. Nem
ainda agora podeis, por que ainda sois carnais.”
LEITE
Paulo, continuando em sua ilustração, diz que o alimento que faz as crianças subsistir é o leite, e é
isso que toda essa carta tem como propósito de ser. Ela não tem o objetivo de ser um tratado
teológico como a carta de Efésio é, mas tratar de coisas simples do começo da nossa fé, como a
ordem do culto, os ciúmes na igreja, o excesso de liberdade, o orgulho, o uso dos dons. Mas aqui
tenho visto algo novo como alguns aqui têm buscado em suas transformações comida sólida.
Porque já descobrimos a importância do uso dos dons e agora queremos viver pelo fruto do Espírito.
O que estou dizendo é que os carnais também têm dons e ficam fascinados com isso, eles querem
aprender a usar suas armas espirituais. Paulo disse a respeito de Corinto que não lhes faltava dons.
Assim acontece conosco, temos descoberto nossa utilidade no corpo de Cristo, mas começamos a
perceber que nada disso adianta se não tivermos amor, se a paz de Deus não estiver em nós, se não
formos controlados pelo seu espírito.
Alguns resistem ao desmamamento. Minha filha quando criança mamou no peito durante muito
tempo e foi uma grande luta poder vê-la desmamar, ela só queria saber de mamar no peito de sugar
da Luciana aquilo que já estava pronto, sem esforços pessoais de mastigar e triturar. Alguns resistem
a essa transformação e querem ser tratados como bebês, querem ser servidos, se acham muito
importantes por terem dons, sem demonstrar nenhum fruto do espírito, sem alegria, sem domínio
próprio.
NÃO PODEIS SUPORTAR
Essa palavra de Paulo é realmente interessante, crianças não podem suportar alimentos sólidos, elas
o rejeitam, elas não conseguem engolir. Eles ainda não conseguem aceitar algumas verdades da
palavra de Deus, não conseguem engoli-las; por deixarmos de fazer isso ou aquilo e como isso não
nos faz falta, passar a noite orando, deixar de assistir alguns programas de televisão ou trocar a
telinha por uma boa leitura bíblica parecem coisas pesadas demais, como se isso fosse nos fazer
muita falta.
A rejeição ao pecado pode parecer dura de engolir, que todos fomos chamados para ter o mesmo
grau de fé e comunhão com Deus do que qualquer Pastor, é duro de engolir. Que podemos viver livre
do mundanismo parece difícil de engolir, que podemos pagar o mal com bem, também.
Alguns não podem suportar a comida sólida que não vivo mais eu, mas Cristo vive em mim, e a vida
que vivo nessa carne vivo para glória de Deus, não para a minha glória.
3 e 4: “Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas, não é assim que sois carnais e andai
segundo o homem? Quando, pois, alguém diz: Eu sou de Paulo; e outro: Eu, de Apolo; não é
evidente que andais segundo os homens?”
A RAIZ DA CARNALIDADE
Paulo nesses dois versículos expõe que a raiz da meninice espiritual se dá nos ciúmes e nas
disputas. Ciúmes e disputas eram normais quando éramos pequenos em casa, disputávamos a
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Igreja Evangélica Kyrios
atenção do meu pai toda a semana quando saíamos com ele de carro. Na igreja de Corinto era assim
também, eles estavam buscando seus heróis humanos.
O ciúmes e a disputa são as primeiras obras da carne. Caim matou seu irmão Abel por ciúmes, as
crianças mordem seus irmãos menores por terem tanto ciúmes que se pudessem arrancariam
pedaços. Os líderes não conseguem agradar a todos os meninos que já poderiam ajudar, mas
requerem cuidados especiais ainda.
O mundo prega a disputa como meio de sobrevivência, pessoas se matando por atenção, cargos e
espaços, crescimento, desmerecendo os esforços a fim de se tornarem insubstituíveis. Mas não é
assim que vivemos aqui, ou não deveria ser. Pessoas criam facções por inveja, pessoas matam
pessoas espiritualmente por ciúmes, líderes não podem suportar o crescimento de suas ovelhas por
ciúmes. E quando não podemos competir com ele, como os religiosos no tempo de Jesus, queremos
matá-los.
Essa é a igreja carnal, a igreja que não pode dar espaço para quem está chegando, que não pode
aceitar quem está crescendo, que se dividi por grupos de maior aceitação, que incentiva alguns
propósitos e despreza outros.
5 e 6 “Quem é Apolo? E quem é Paulo? Servos por meio de quem crestes, e isto conforme o
Senhor concedeu a cada um. Eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus.”
Criados
Como devemos nos ver aqui dentro? Como é a mente de Cristo, para que eu não viva mais a da
carne? Somos criados .
Nós gostamos de dizer somos o teus filhos e alguns andam como os filhinhos intocáveis do papai,
como se pudessem aprontar todas e nada viria de seu pai contra eles, esquecendo que são criados,
somos servos.
Você é um servo, um criado e o verdadeiro servo não é rival entre si, mas servos do mesmo plantio.
Quando você tem alguma arrumação em sua casa para fazer e todos são úteis, isso é bom, e
ninguém quer fazer tudo sozinho, mas se sentimos que podemos ser o centro das atenções então
não queremos dar espaço a ninguém.
A palavra usada aqui é diakonai e não doulos, escravo, como comum, mas significa aquele que
serve à mesa e tem o sentido moderno das empregadas domésticas de hoje.
7, 8, 9 “De modo que nem o que planta é alguma cousa, nem o que rega, mas Deus, que dá o
crescimento. Ora, o que planta e o que rega são um, e cada um receberá o seu galardão,
segundo o seu próprio trabalho. Porque de Deus somos cooperadores; lavoura de Deus,
edifício de Deus sois vós.”
Só há uma estrelinha, só há um que merece glória: Cristo Jesus, os demais somos todos criados
dessa grande plantação de Deus. Talvez você se pergunte qual de nós é o mais importante,
lembram-se quando os discípulos fizeram isso e a resposta foi: qual da suas duas pernas é mais
importante? Você precisa de um par de pernas para não coxear.
O problema do ciúme na igreja se cura quando entendemos que nossa igualdade e nossa utilidade
vêm da graça de Deus.
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Igreja Evangélica Kyrios
A EDIFICAÇÃO DA NOSSA CASA ESPIRITUAL
I Coríntios 3 : 10 à 15
INTRODUÇÃO
A ilustração da igreja como um edifício em construção sempre foi rica no novo testamento, o próprio
Senhor Jesus é chamado de pedra angular, ou seja a pedra mais importante desse edifício espiritual
que Deus está construindo.
Não são apenas paredes que estão sendo construídas, nem blocos de pedras, mas um corpo que
nesse edifício está sendo criado. Desde os primeiros homens de fé, estamos sendo postos um a um
como pedras desse edifício espiritual que Deus está construindo: a igreja.
Numa visão micro da igreja cada um de nós somos pedras dessa construção, e todos juntos
formamos um bloco, e todos os blocos juntos são as igrejas de Deus espalhadas pela terra que
formam um edifício. Daí a importância de cada pedra estar bem ajustada a esse edifício, I Pedro 2:4,
5.
Mas, diante de tudo isso que está sendo construído, Paulo mostra verdades importantes para a nossa
vida espiritual.
10 “Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei o fundamento como prudente construtor;
e outro edifica sobre ele. Porém cada um veja como edifica.”
LANCEI O FUNDAMENTO
Paulo deixa claro que seu trabalho evangelístico sobre a igreja de Corinto é de como ele pode ser útil
para dar a esses homens os princípios da sabedoria de Deus. Certamente não há outro fundamento
em que a fé possa estar alicerçada a não ser sobre as verdades de Deus reveladas em Cristo Jesus:
como nos salvou, do que nos salvou, por que nos salvou. Estes são os fundamentos da nossa fé,
todos os verdadeiros cristãos espalhados pela face da terra, de diferentes denominações e culturas,
estão preocupados e unidos nesse fundamento.
Nisso estamos unidos e também divididos, porque por essas verdades simples e fundamentais posso
saber quem é de Deus e quem é disfarce. Por esses fundamentos sei quem foi construído sobre a
pedra angular, ou quem está sustentado no ar, pelas heresias, crendices e fábulas mentirosas.
Outro edifica sobre ele
Porém, é bem verdade que por mais que alguns tenham ouvido a palavra de Deus e se convertido
através da vida de um irmão, serão edificados pela palavra de Deus e pela vida de outros, essa é a
mutualidade da igreja cristã, estamos sempre trocando nossos dons. Apesar de eu ter me convertido
aos 5 anos através de uma vida, não posso mais me lembrar do número de pessoas que edificaram
minha vida com ensinos teóricos e práticos da palavra de Deus.
Eu me lembro que quando era garoto, adolescente, eu evangelizei uma moça da minha idade, ela é
crente até hoje, mas apesar de tê-la trazido para Cristo e conhecê-la primeiro, outras pessoas a
conheceram na igreja e começaram a edificar aquela vida sobre os fundamentos que eu havia
lançado.
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Igreja Evangélica Kyrios
É muito importante lembrar que o fundamento pode ser lançado por um homem, mas não é o homem,
e sim Cristo, é a fé nele que nos dá o verdadeiro fundamento. Nós passamos os novos convertidos
de nossa igreja para serem mais edificados e solidificados nos fundamentos do Primeiro Estágio da
Escola Bíblica, dada pela Ana, e depois para o Segundo Estágio, dado pelo Jairo. Todos nós, líderes,
de uma forma direta ou indireta estamos construindo o fundamento principal na vida das pessoas.
PORÉM CADA UM VEJA COMO EDIFICA
Nós podemos ver como ensinos errados da palavra de Deus podem ser tão destrutivos à vida
espiritual a ponto de balançar toda a estrutura do bloco, não do edifício, mas daquele bloco que está
colado ao edifício.
Igrejas se tornam escândalos e todo o edifício se torna culpado. Perceba que a preocupação do
apóstolo estava na edificação sobre o fundamento. Os evangelizados de Corinto, nossos irmãos,
eram crentes que precisavam aprender mais coisas acerca de sua fé, e aqueles que estavam
edificando precisam reconhecer se o que queriam ensinar era a palavra de Deus ou não.
Essa palavra me chama a atenção, se Paulo tinha sido um prudente construtor, é porque pode haver
construtores imprudentes, se ele nos exorta a olharmos o que estamos construindo, é porque
podemos ser uma má influência na vida das pessoas como líderes.
Então ele passa a mostrar o que os maus líderes podem fazer.
11 “Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus
Cristo.”
OS FALSOS LÍDERES
Os piores são os falsos líderes, aqueles que lançam outro fundamento que não o de Cristo. Parece
loucura, mas nós temos seitas gigantescas que nasceram assim, como os mormons e os
testemunhas de Jeová. Porque cito as duas, porque nenhuma delas acredita em Jesus como a
terceira pessoa da trindade. Eles lançaram um outro fundamento. A história dos mormons é muito
interessante. Josef Smith, o fundador, auto denominou-se como o último profeta e disse ter recebido
uma revelação de um anjo chamado Moroni, este anjo disse que a nossa bíblia estava errada e deu a
ele placas de ouro com a nova bíblia, que é o livro dos mormons, onde a terra prometida não é Israel
mas sim os E.U.A.. Lembro-me que, quando garoto, trabalhava como office boy em um banco e
conversava muito sobre Deus com um rapaz, chefe da expedição, também cristão, até que um dia ele
ficou chateado com sua igreja e foi para a igreja dos mormons dizendo haver encontrado a verdadeira
palavra de Deus. Meus queridos irmãos, se Josef Smith foi um líder que lançou outro fundamento, em
uma grande escala, muitos pais de família têm permitido e levado suas famílias, como líderes
espirituais de suas casas, a viverem outro fundamento que não é a fé em Cristo Jesus.
Quando estávamos na casa da rua Francisco Alves, nós vimos muitos evangélicos buscarem o centro
espírita que havia naquela casa, eram pessoas que receberam o verdadeiro fundamento e estavam
pondo outro fundamento em sua vida espiritual
E aqui há uma verdade, pode haver muitas pedras, a igreja tal ou a igreja tal, pode haver vários
nomes mas não há como ter outro fundamento, e os maus líderes, incitados por satanás, trocam esse
fundamento, formando seitas e heresias.
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Igreja Evangélica Kyrios
Acredito que eles não sejam irmãos verdadeiros, mas muitos são líderes de irmãos verdadeiros, que
se deixam levar pelo desconhecimento da palavra de Deus.
Nos tempo de Jesus, havia um grupo no meio da igreja muito combatido pelos apóstolos, o qual
pregava que Jesus não havia ressuscitado em carne e que ele era apenas um Espírito. Eles tentavam
ainda, nos dias dos apóstolos, lançarem fundamentos falsos na casa de Deus. Seria diferente hoje?
Nós temos uma responsabilidade para com os nossos filhos e família: estarmos atentos para
percebermos em qual fundamento está sendo edificado o nosso lar.
12,13 “Contudo, se o que alguém edifica sobre o fundamento é ouro, prata, pedras preciosas,
madeira, feno, palha, manifesta se tornará a obra de cada um; pois o dia a demonstrará, porque
está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará.”
OS MAUS EDIFICADORES
Existem três tipos de construtores: os falsos, os ruins e os bons. Já falamos do primeiro e como
vencê-los, mas quero falar dos ruins edificadores agora.
Se você já contratou um serviço de pedreiro para a sua casa talvez já tenha tido essa experiência de,
no final da construção, ver a parede torta, empedrada, fora de prumo dando uma aparência horrível
para toda a casa. São assim os maus construtores. Eles vão misturando todo tipo de material de
segunda afim de baratear a obra.
Há poucos anos atrás nós vimos o desabamento do edifício Palace 2. Pessoas, dormindo em seus
apartamentos, foram surpreendidas porque parte de suas casas foram destruídas em um
desmoronamento sem nenhum auxílio externo, tremor de terra ou explosões. Seria, então erro do
engenheiro, material de segunda? Ambos os aspectos estavam sendo lançados nas investigações. O
fato é que na busca por baratear a construção, foi misturado material de segunda.
Alguns querem baratear demais o evangelho, eles querem dizer que Deus não deixa ninguém fora do
céu, que todo mundo vai para a glória, não importa o que faça, não importa como viva. Talvez até
estejam bem intencionados, com o intuito de populacionar o céu, não colocam nenhum tipo de
material nobre em suas construções. Sua mensagem é palha, seu telhado é feno, suas paredes são
de madeira. Ninguém precisa perder a sua vida para achar a vida eterna, Deus perdoa. No final as
construções tortas não suportam a provação, elas não estão prontas para lutar contra os principados
e potestades.
Alguns querem pregar o céu como a porta larga, e a estreita é a que dá para o inferno, claro que isso
não é verdade.
Palha, madeira e feno são materiais altamente combustíveis, com certeza não poderiam ser provados
no fogo, pois seriam totalmente consumidos; em contraste direto com o primeiro grupo de pedras:
ouro e prata.
O que seriam esses mateiras fracos? No que Paulo estava pensando? Com toda a certeza Paulo
pensava nos ensinamentos bíblicos que a igreja de Corinto estava recebendo, como podemos
observar no desenrolar de toda a carta, alguns eram arrogantes em sua sabedoria, outros descriam
na ressurreição dos mortos, e toda essa carta vem combater a palha que estava sendo trazida.
Alguns podem achar esquisito o fato de sua liderança formar edifícios fracos, contudo sabemos que
somento o melhor material produz as melhores jóias.
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Igreja Evangélica Kyrios
OS BONS CONSTRUTORES
Já os bons construtores têm em sua dedicação e na busca dos melhores materiais os edifícios mais
bonitos. Na excelência em suas vidas buscam para si e para os outros uma construção firme e
dedicada, a ponto de resistirem por muitos anos. Os materiais são trabalhados e muitas vezes
pesados, mas têm na beleza de suas construções a sua recompensa.
A RESPONSABILIDADE DE CADA UM
Apesar desse texto mostrar a responsabilidade dos que edificam, cabe a nós a responsabilidade de
rejeitar, em nossas vidas, o material de segunda, que não resistirá às lutas e às provações da fé.
Muitas pessoas buscam para si os ensinos que convém, não o que a palavra de Deus quer, trazendo
para si culpa. Porque o espírito está sempre nos mostrando a verdade, basta deixarmos espaço para
sair do comodismo escolhendo a obra, mesmo que seja a mais dura e pesada, crendo que o tempo a
provará.
Deus vai culpar Arão pelo seu pecado ao construir o bezerro de ouro, mas vai culpar o povo por ter
escolhido o bezerro e tê-lo aceitado. Construir a nossa vida com palha e madeira e tornar a graça de
Deus barata ficando apenas no fundamento, sem construir o edifício, com todas as demais verdades
da palavra. Como viver para o que será de nós depois da nossa morte? E a seriedade da nossa fé?
14 “Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá o
galardão; se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano, mas esse mesmo será salvo,
todavia, como que através do fogo.”
É bom lembrar que em nenhum momento a salvação foi posta em dúvida. Foram os edificadores que
colocaram material de segunda em sua obra, na verdade eles são crentes nos fundamentos como
qualquer outro, mas nesse momento Paulo parece que vê o presente e o futuro juntos.
O PRESENTE
Com certeza nós vamos colher o que plantamos, se edificamos mal, vamos perceber o resultado da
nossa má edificação, mas sofremos conseqüências pelas nossos erros também aqui como
conseqüências dos nossos pecados.
O FUTURO
A bíblia sempre nos fala acerca do grande juízo, e muitas das obras que nos cansamos de fazer
Deus revelará quais foram as nossa intenções secretas ao nos ocuparmos com o serviço do Senhor.
Então eu posso pensar que muita coisa que sofri e fiz como pastor não haverá galardão, porque fiz
no orgulho ou na vaidade, quanta força desperdiçada. O que me leva a entender que todas essas
obras que se queimarem pela más intenções que estava em meu coração de nada valeram.
GALARDÃO
Nunca ouvi uma explicação boa sobre o que é o galardão, mas quando estava pensando como
ensinar isso a vocês, me lembrei que Jesus nos mandou juntarmos tesouros no céu, o galardão é o
tesouro do céu. Como? De que forma? Para que? Ninguém sabe, mas me parece ser como uma
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honra especial dada àqueles que, nesta vida, vivem intensamente para a nova vida, e por isso têm
esse tesouro reservado. Mas uma coisa eu sei que galardão não é; nos acostumamos a brincar que
galardão são os tijolinhos da nossa casa no céu, isso é brincadeira, galardão terá mais a ver com
nossas responsabilidades na nova vida. Por isso os que não vivem de forma a buscar seu galardão
sofrerão a perda. Nós não sabemos também o que perderemos, mas está intimamente ligado com a
nossa nova vida no céu.
CONCLUSÃO
É claro que a nossa responsabilidade aumenta quando estamos vendo a palavra de Deus de forma
profunda porque somos e seremos julgados por aquilo que ensinamos, seja formal ou informalmente,
também pela saúde dos que aprendem e pela mão do Senhor no último dia. Por isso queria levar
essa pregação para dentro da sua casa, da sua vida e dizer o que você tem ensinado é viver para
aquilo que Cristo morreu, então seus filhos vão reconhecer o edifício que você está construindo.
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O SANTUÁRIO DE DEUS
I Coríntios 3 : 16 à 23
INTRODUÇÃO
No último estudo que fizemos da carta de Paulo à igreja de Corinto, discutimos sobre a
responsabilidade que pesa sobre os líderes da igreja quando lançam seus ensinamentos à
comunidade. A nossa responsabilidade sobre aquilo que ensinamos é muito importante para vermos
que edifício estamos construindo sobre o fundamento que é Cristo, o Salvador.
Nesta seção da carta, o apóstolo continua a exposição sobre os maus e arrogantes construtores:
16 “Nãos sabeis que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós? Se
alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque o santuário de Deus, que sois
vós, é sagrado.”
1. NÃO SABEIS
Paulo introduz a questão de sermos o santuário de Deus com uma forte repreensão, deixa claro que
tem a certeza de que todos nós sabemos quem é o santuário de Deus agora.
2. Nós somos o santuário de Deus
Nós enfatizamos muito a morada do Espírito em nós, em cada indivíduo. Nós gostamos de enfatizar
como o Espírito habita dentro de nós, mas esse texto nos ensina que o Espírito habita também na
igreja. Já estudamos sobre a igreja ser casa de Deus, a casa do Deus vivo. Aqui Paulo nos lembra
que a igreja é a habitação de forma coletiva do Espírito.
Por isso a coletividade pode julgar sobre a individualidade, por isso muitas vezes procuramos ouvir o
direcionamento da igreja como um todo e por conseqüência como habitação do Espírito, ao invés de
seguir apenas uma vontade ou gosto. Maior é a igreja em autoridade do Espírito do que um único
profeta.
Vamos pensar um pouco sobre a igreja ser o santuário de Deus. Esse texto não está falando do
cristão como habitação do templo do Espírito, mas seguindo a seqüência do texto Paulo está
lembrando que agora a igreja é o novo templo de Deus. Nós somos, de forma particular e universal a
casa do Espírito Santo aqui na terra. E quem agride essa casa, agride o templo de Deus.
O Homem sempre respeitou muito os seus templos, o templo é um símbolo sagrado. Os Judeus
matavam aqueles que violavam o templo. Cristo expulsou os ladrões do templo, mostrou um lado de
Deus: o Deus que julga e castiga com chicote os ladrões do seu templo.
Agora vamos comparar o santuário judeu a nós, como templo. Podemos perceber que em toda
história de Israel o templo era alvo de manifestações ocasionais da glória de Deus e por isso local de
honra. Nós somos alvo das manifestações intermitentes, constantes da glória de Deus. A glória dessa
segunda casa é maior que a primeira, porque se na primeira Deus se manifestava ocasionalmente,
nesse santuário universal Deus se manifesta sem interrupções.
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Igreja Evangélica Kyrios
3. OS DESTRUIDORES DO TEMPLO
Agora Paulo liga essa seção ao trecho anterior dizendo acerca dos destruidores, ou, melhor
traduzido, como os contaminadores do templo. Os construtores insensatos, que edificam a obra com
palha. São eles que de uma forma diferente estão destruindo e contaminando o novo templo do
Senhor. O templo pode ter mudado, mas Deus não mudou. A maneira que eles haviam encontrado
para contaminar o templo eram as divisões, ferindo a unidade da igreja e manchando os
relacionamentos.
Há um versículo que gostaria de usar para ilustrar a opinião de Paulo acerca desses destruidores de
templo, nessa mesma carta: I Coríntios 15:33 “...não vós enganeis: as más conversações
corrompem os bons costumes”
Parece-me que Paulo está nos dizendo que esses homens têm o poder de corromper, destruir o
templo através de más conversas acerca das coisas de Deus e como resultado tem-se as divisões
dentro da igreja. Usando de suas sabedorias e filosofias pessoais para corromper os ensinos bíblicos.
A IRA DE DEUS CONTRA OS DESTRUIDORES DE TEMPLO
Nesse texto, Paulo diz que se alguém tentar destruir o templo de Deus, que somos nós, Deus o
destruirá. Na mesma seqüência do texto sobre a responsabilidade dos que ensinam na igreja, vamos
perceber que Deus está falando para os cristãos, e não para forças externas, mas para pessoas
internas que ensinam erros, enganos, divisões, sectarismos e religiosidades. Esses homens que
sentem no legalismo sua força e que ensinam as pessoas a pecarem, a serem displicentes,
incoerentes com a palavra de Deus.
Deus não está dizendo que eles perderam a salvação mas irão sofrer as conseqüências e os castigos
que suas ações merecem.
Há poucos dias fiquei sabendo de uma novidade, o que uma igreja perto de casa estava fazendo: era
exigido que, em determinado momento do culto, todos os membros subissem nas cadeiras da igreja e
quem não conseguisse ou não quisesse, era discriminado, colocado à esquerda como um câncer no
meio da igreja, por ser este apenas um religioso, deveria ser evitado dentro da igreja. Erros como
esse que pregam a superioridade de alguns, que tentam desenvolver métodos que substituem os
princípios são feitos contra a casa de Deus e por isso carecem da ação de Deus. Nós não devemos
chamar e julgar um irmão de religioso só porque ele não consegue imitar a nossa forma de adorar e
nem descrever métodos mais espirituais do que outros.
Há pessoas que ensinam à igreja a ser sectária, arrogante ao considerar-se melhor do que as outras,
mais santa e perfeita.
Há pessoas que usam o púlpito para falar mal da vida dos outros. Outros ensinam enganos com o
intuito de se beneficiar: se você der mais, Deus vai te amar mais. Contra estes que pecam contra a
casa de Deus, somente Deus os julgará.
18 “Ninguém se engane a si mesmo: se alguém dentre vós se tem por sábio neste século,
faça-se estulto para se tornar sábio.”
Os valores dos cristãos são tolice para o mundo
Há uma coisa que precisamos aprender nessa carta de Corinto, de tanto que Paulo explicou a essa
igreja, é que os valores dos cristãos são tolice para o mundo, não adianta persuadir o incrédulo de
que ele precisa deixar o pecado, que ele precisa ser fiel, que ele precisa ser moralmente correto, que
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Igreja Evangélica Kyrios
certas atitudes são importantes. Porque nós sempre vamos parecer quadrados, antiquados,
esquisitos, radicais demais. Mas, depois que o Espírito Santo habita neles por meio da conversão,
tudo se torna claro.
O problema é que tem muito cristão concordando com o mundo, achando que os valores da igreja, da
bíblia são tolices. Esta carta está sendo dirigida para estes cristãos. Muitos estão acreditando que
não precisam seguir a sabedoria da palavra de Deus e suas respostas são:
- Ah! Isso era para aquela época.
- Ah! Isso é muito retrógado, atrasado.
- Ah! Você parou no tempo.
- Ah! Eu tenho que viver, eu tenho que curtir.
Não procure aceitação do mundo mediante a suas convicções e valores. Eu tenho um tio que sempre
ajudou muito minha mãe e ele não aceita que eu tenha deixado o meu trabalho para viver na obra de
Deus, ainda mais que tenha deixado a empresa num momento muito bom. Quando, em fevereiro,
encontrei-me com ele, de uma forma muito dura, ele me jogou na cara que eu devia ter continuado na
firma para poder ajudar minha mãe, ao invés dele. Preferi me afastar dele, pois o mundo não aceita
as coisas do Espírito, não adianta tentar explicar que eu vou ressuscitar e que Deus me está dando
uma oportunidade de servi-lo com honra. Não adianta explicar que Deus está transformando vidas
aqui, porque a linguagem do mundo é outra.
Por isso Paulo diz
19, 20 “Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus, porquanto está escrito: Ele
apanha os sábios na própria astúcia deles. E outra vez: o Senhor conhece os pensamentos
dos sábios, que são pensamentos vãos.”
A sabedoria do mundo são coisas vãs, passageiras, temporárias, a bíblia conta uma história muito
interessante como a sabedoria do homem, só se preocupa com coisas vãs, e esquece de suas
próprias limitações, sua pequenez.
Quando Jesus nasceu, o rei Herodes foi visitado pelos magos do oriente que disseram ter visto a
estrela que indicava o nascimento de um grande rei dos Judeus. Depois que Herodes inquiriu sobre a
localização do nascimento desse rei, ele mandou matar todas as crianças de dois anos, foi quando
José e Maria, com Jesus ainda bebê, fugiram para o Egito. Depois de dois anos no máximo em que
Herodes matou as crianças para proteger seu reino, ele morreu de hidropsia e gangrena, aos 70 anos
de idade. Todas aquelas mortes, todos aqueles bebês para defender seu reino por dois anos. O
Homem é assim, sua sabedoria é apenas baseada em coisas desta vida.
Por que o pensamento dos sábios são vãos? Porque o homem existe apenas para produzir e
consumir .
21 “Portanto, ninguém se glorie nos homens; porque tudo é vosso: seja Paulo, seja Apolo, seja
Cefas, seja o mundo, seja a vida, seja a morte, sejam a cousas presentes, sejam as futuras,
tudo é vosso.”
TUDO É VOSSO
Há um mistério de Deus aqui. Você e eu que temos lutado contra a carne e o sangue, resistindo até a
morte, olhe para tudo que há a sua volta e você verá que tudo é nosso. Essa igreja está sendo
gerada para você por Deus com o intuito de te servir, te amar e te auxiliar. O Espírito é de Deus, mas
ele está para ser seu consolador. Existem professores, mestres, evangelistas, são todos de Deus e
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Igreja Evangélica Kyrios
estão aqui para nós, são os anjos de Deus que estão entre nós com a missão de ministrar em nossas
vidas. O Mundo será regenerado para nós, o presente já é nosso e o futuro também.
Cristo não é desastre, mas um lucro
Mas alguns vivem como se Cristo fosse um desastre e não um lucro. Como se viver para ele não
fosse um lucro muito grande que ele nos permite viver. O Carlos deu um exemplo muito bom, da
porta estreita, ela é estreita porque não passa com o pecado, mas isso não quer dizer que não nos
traz grande lucro.
23 “e vós de Cristo, e Cristo de Deus.”
Agora há mais uma coisa muito importante, você é de Cristo, além de tudo isso, voce é do Senhor,
nosso Deus, não é mais do mundo, não está mais sobre o jugo do diabo, você é de Deus, e por isso
todas as coisas que são de Deus, são suas também.
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Igreja Evangélica Kyrios
DESPENSEIROS
I Coríntios 4 : 1 à 5
INTRODUÇÃO
Nós vimos grandes assuntos tratados e ensinados na carta de Paulo aos cristãos de Coríntios, creio
que Deus está ensinando grandes coisas da palavra de Deus, quero recordar algumas delas:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
O excesso de graça é tão prejudicial quanto o legalismo.
As divisões da igreja.
A Cruz de Cristo, nosso maior símbolo.
Os dons funcionam em homens carnais.
O nanismo espiritual que alguns vivem em suas atitudes carnais.
A arrogância do conhecimento humano.
A responsabilidade dos que ensinam.
Nesse trecho da carta, Paulo está apresentando-nos a posição dos ministros de Cristo. Todos nós,
em dimensões diferentes, somos ministros de Cristo, somos servos do Senhor Jesus. Muitas vezes
ainda temos uma imagem em nossas mentes quando falamos a frase “Esse homem é um ministro de
Cristo”: um homem, num paletó preto gritando e gemendo versículos para uma multidão de pessoas
impacientes, esperando a hora do culto acabar. Com certeza isso não existia nos tempos do
apóstolo, essa foi uma invenção mais próxima de nós do que dele. Esse texto lembra a todos os
servos de Cristo que estão envolvidos especificamente com a pregação e o ensino da palavra de
Deus. Estes que marcam as nossas vidas com seus estudos, ensinos, pregações. São os
professores, pregadores, evangelistas, profetas, que fazem uso da palavra de Deus para nos orientar
e ensinar. Paulo diz assim para toda a igreja que vive em comunhão com esses servos de Deus:
1 “Assim pois importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo, e despenseiros
dos mistérios de Deus.”
“ASSIM POIS IMPORTA QUE OS HOMENS NOS CONSIDEREM COMO MINISTROS DE CRISTO”
Há uma coisa mais importante em nós e que as pessoas precisam reconhecer: é que somos
ministros de Cristo. A palavra usada aqui é diferente da palavra diakonos que já estudamos. Essa
palavra traduzida por ministro para nós perde muito do seu significado original. Para nós, hoje, a
palavra ministro é associada aos assessores do presidente da república com seus carros oficiais.
Essa palavra se tornou sinal de orgulho e de status para o brasileiro, mas ela não significa nada
disso. Paulo está usando uma palavra forte, símbolo de humilhação que é
palavra significava o remador inferior de uma galera romana. Você já deve ter visto em algum filme
aqueles homens enfileirados com os remos nas mãos no porão do navio, remando de acordo com as
ordens do capitão, quando o capitão diz que devemos remar mais forte, ou para esquerda ou para
direita, quem deve parar de remar, ou para que lado vamos virar o navio. Ali não há melhor ou pior,
são todos escravos, todos cumpridores das ordens do capitão. Paulo estava dizendo aos nossos
irmãos de Corinto que todos nós somos escravos da galera de Cristo, estamos remando para que
esse navio, que é a sua igreja, possa crescer e caminhar para glória de Deus. Essa é a posição dos
que servem ao Senhor, não temos orgulho em nós mesmos mas somos apenas remadores.
“E DESPENSEIROS DOS MISTÉRIOS DE DEUS”
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Igreja Evangélica Kyrios
A segunda forma como devemos ser vistos na igreja é uma palavra muito importante para mim como
pastor. Paulo lembra de um outro tipo de escravo, muito comum para os gregos, os mordomos, que
são os escravos domésticos e tinham por função cuidar da casa do seu Senhor, zelando como um
todo das necessidades de seu lar, os suprimentos da dispensa e as tarefas dos demais servos.
Um grande teólogo do nosso tempo, Jonh Stot, diz que o despenseiro é aquele que é responsável
pela dispensa de uma casa, lugar onde se guarda o mantimento. É dele a responsabilidade de saber
que tipo de comida está sendo servida à mesa, qual a sua variedade nutricional. Nós, os professores,
pregadores, profetas e evangelistas, estamos constantemente servindo à igreja da boa comida dos
mistérios de Deus, e é nosso dever confirmar a variedade e a qualidade do que está sendo servido,
para que não exista um enfraquecimento dos demais servos do nosso Senhor. Muitos são os
mistérios que estamos envolvidos no processo de servir à igreja, mas, dentre todos, o principal é o
bom e verdadeiro ensino da palavra de Deus. Certamente, a bíblia é o alimento principal, seu estudo
é o que nos torna firmes e fortes. O louvor e adoração verdadeira também não podem faltar na
dispensa da casa de Deus, assim como o cuidado com os irmãos, o amor e o pastoreio são coisas
que não podemos deixar faltar na dispensa dessa igreja.
2 “Ora, além disso o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel.”
ENCONTRADO FIEL
Há aqui uma lembrança importante: apesar de conhecermos a nossa responsabilidade, é necessário
viver a fidelidade para com essa responsabilidade. Há muitas formas de não sermos fiéis à nossa
função de servos e muitas já foram tratadas nessa carta.
A Arrogância - O despenseiro arrogante é aquele que ensina sua sabedoria e não a palavra de
Deus, misturando a comida com anabolizantes e gerando músculos esculturais no povo de Deus mas
vazios de força e poder.
O Ciúme - é aquele que não pode aceitar o fato de sua comida, seu serviço ser tão bom que faz com
que os outros cresçam até mais que eles mesmos.
A Divisão - são os partidários, dão a comida apenas para os que são do seu time, esquecendo que
todos estamos remando juntos e por isso todos precisamos ser fortes.
A Inveja - o despenseiro invejoso não quer que todos comam.
A porfia ou competição - estes fazem trapaça para vencer, negando informações, conhecimentos,
fontes e maneira de aprender
Estas coisas fazem com que o despenseiro, por mais útil que seja, perca sua autoridade e sua
necessidade no corpo de Cristo. Nesse caminho que às vezes escolhemos para nós, ocasiona a
perda de nossa utilidade na distribuição dos mistérios de Cristo.
OS MISTÉRIOS DE CRISTO
Já disse várias vezes que mistério na bíblia não tem nada a ver com coisas místicas, ou escondidas,
ou profundas demais para serem entendidas por um mero mortal. A palavra é simples, e o mistério de
Deus para o homem pode ser resumido em uma frase apenas: que Deus amou o mundo de tal
maneira que deu seu filho unigênito para que todo aquele que nele crê não morra mais tenha a vida
eterna. Essa é a grande descoberta das nossas vidas e todos podemos compreender isso.
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Igreja Evangélica Kyrios
3, 4 “Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós, ou por tribunal humano; nem
eu tão pouco julgo a mim mesmo. Porque de nada me argüi a consciência; contudo nem por
isso me dou por justificado, pois quem me julga é o Senhor.”
AGORA QUEM VAI DECIDIR SE O DESPENSEIRO FOI FIEL
Paulo colocou a fidelidade do despenseiro, avaliando os métodos que ele mesmo sofrerá para julgar
sua fidelidade. É claro que havia nessa igreja pessoas que não gostavam de Paulo, não o achavam
um bom orador, nem bom professor e tinham dúvida até se realmente era apóstolo. Então Paulo
passa a nos mostrar quem realmente prova a fidelidade dos despenseiros.
O JULGAMENTO DO DESPENSEIROS
O julgamento do despenseiro é algo muito forte em sua vida, sempre estamos vivendo em torno de
circunstâncias de grande pressão tentando nos direcionar, com certeza o primeiro lugar que elas
acontecem em nossas vidas é a igreja e de três formas:
A primeira pressão do despenseiro é a aceitação que incha sua vida. Certamente, é de nosso
interesse que sejamos completamente aceitos por aquilo que dissermos. Muitas vezes é uma pressão
muito forte pregar algo na palavra de Deus que vai nos alimentar, mas que terá, dependendo do
público ou do auditório, quase nenhuma aceitação. A nossa expectativa é que todos saiam felizes
com aquilo que estamos ensinando e pregando, muitas vezes, porém, as pessoas não querem a
palavra de Deus e nem podem aceitá-la. Receamos e sofremos com as críticas e vergonhas que isso
pode trazer. Buscamos a aceitação total em nossa vida, deixando às vezes de falar o que Deus quer
para pregar o que os outros querem ouvir.
Várias vezes sofri o trauma de não ser aceito, me lembro uma vez que disse a uma pessoa amasiada
que ela estava vivendo em adultério por ter tido vários maridos, e ela disse para mim que não era
verdade. Há pouco tempo atrás preguei uma mensagem sobre os bebês na fé e muitos ficaram tristes
com a comida que eu servi, mas sei que era a palavra de Deus e que às vezes ela corta as nossas
vidas.
Alguns meses atrás falei em uma das empresas da missão, que quem não tem Cristo ia para o
inferno, e que estava embaixo do jugo do inimigo, e muitos não queriam mais voltar ao culto. No
entanto isso não é suficiente para julgar a nossa fidelidade como despenseiros, os elogios são bons,
mas não servem como julgamento do que os despenseiros são para a igreja. Não é difícil vermos na
igreja a aceitação de palha, feno e madeira, como estudamos há poucos dias, em lugar de ouro ou
pedras preciosas.
O segundo, a manipulação que amarra suas mãos, é um tipo de pressão forte que temos muitas
vezes em fazer coisas para que as pessoas façam o que queremos, isso é muito comum na igreja, e
também no ser humano, o bebê chora mais quando sabe que ao fazer isso será mais rapidamente
atendido. Às vezes percebo esse tipo de manipulação quando por não suportar tal situação, faço
careta, dou risada, vou embora, brigo com o irmão, para fazer ele cumprir a minha vontade. Muitos
pastores vivem embaixo dessa manipulação, quando entram em uma igreja recebem a seguinte
declaração, nós estávamos aqui antes de você, por isso essa igreja é nossa e exigimos que você
faça o que nós queremos, senão...
Hà vários níveis de manipulação, e nem sempre estamos fazendo isso propositadamente. Eu aprendi
com o meu irmão mais velho um meio de manipular que tentei corrigir no meu ministério. Quando ele
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Igreja Evangélica Kyrios
não gostava de alguma coisa que fazíamos, ele nos reunia, e com olhar triste e desapontado dizia
que estava ficando magoado, nem sempre ele estava magoado mesmo, mas aquilo tinha uma força
tão grande sobre mim que eu desistia de brigar até pelos meus direitos em casa. Quando o
despenseiro se rende às manipulações, às caretas e aos insultos, ele tem suas mãos amarradas para
servir. Minha avó uma vez me ensinou o que fazer: deixar entrar por uma orelha e sair por outra.
O terceiro tipo é a hostilidade à sua pessoa, que quebra o seu coração.
Eu acredito que você já tenha vivido isso. Lembro-me que, no meu chamado, a hostilidade era tão
forte que pensei por várias vezes que Deus não queria nada comigo. Havia homens tão hostis e que,
de forma franca e aberta, faziam críticas que poderiam ter lançado a minha vida longe do ministério,
tornando-me um homem de coração quebrado. Pessoas francas e malignas diziam abertamente não
gostar de mim, e quando perguntava o que tinha feito, eles diziam que eu nada fizera, apenas não
gostamos de você. É claro que esse texto está nos mostrando a hostilidade que Paulo encontrou na
igreja de Corinto quando reclamavam de sua oratória, de sua maneira de ser. Por outro lado, isso
pode nos tranquilizar, pois nem sempre os elogios são de Deus, nem sempre as críticas também são.
O que quero dizer é que nem sempre os elogios são feitos pela ótica de Deus, às vezes são
envolvidos por carnalidade e nem sempre as críticas que o despenseiro leva, são realmente
conceitos de Deus, ou bíblicos, muitas vezes são preconceitos ou opiniões puramente pessoais.
Não quero dizer que não temos o direito de julgar o erro e o pecado, de discernir os frutos produzidos
pelos servos de Deus, ou que devemos ficar quietos diante dos erros, para isso Paulo escreveu o
capítulo 5 dessa carta, cobrando e insistindo que a igreja julgasse o iníquo. Mas nem sempre
podemos, como líderes, nos guiar pelo que os outros pensam. Existe uma história muito interessante
sobre isso. Certo pregador, enquanto caminhava para o púlpito, foi parado por uma senhora que o
elogiou e disse como ele era um homem de Deus, então ele continuo andando e rapidamente orou
dizendo: Senhor, não me deixe inchado. Ainda caminhava para o púlpito quando outro irmão disse
para ele, dura e seriamente: e aí hoje vamos ter aquela palha de todo o domingo, então ele abaixou
sua cabeça e orou de novo: Senhor, não me deixe abaixo da sua vontade. Essa é uma das grandes
pressões dos despenseiros, críticas e elogios que nem sempre expressam a real vontade de Deus.
O segundo julgamento do despenseiro pode ser tão fraco como o primeiro, é o mundo, o
tribunal dos homens, a forma do mundo olhar para nós não tem nada a ver com o que Deus propôs
para você. O mundo julga por resultado, quantidade de membros, saldo bancário da igreja, mas isso
não tem nada a ver com a qualidade do despenseiro,
O terceiro e também perigoso é a nossa própria consciência, porque se em alguns momentos
não reconhecemos nem o quanto somos pecadores, outras vezes somos tão falhos e nos culpamos e
discordamos até dos planos de Deus. Nós encobrimos nossas falhas e fracassos e muitas vezes nos
desapontamos com o projeto de Deus.
Nenhum desses três pontos estão querendo dizer que a igreja, ou o mundo, ou eu mesmo não possa
olhar para mim e avaliar o que estou fazendo. É só olhar a grande bronca que essa igreja recebe no
capítulo 5, como já falei, por não repreender um irmão que vive na prática de incesto. No entanto, as
nossas interpretações do que é bom e o que é melhor não são completas, não são plenas, nem tão
pouco se comparam com os planos de Deus. Eu aprendi isso no nosso acampamento, algumas
pessoas estavam me perguntando se eu estava desapontado com alguma coisa lá, na verdade eu
fiquei um pouco desapontado comigo, querendo que Deus fizesse mais através da minha vida do que
Ele estava fazendo, então fui orar e perguntar para Deus o que ele achava, foi então que ele me
respondeu a grande bênção que estava fazendo e eu não conseguia ver naquela hora, mas estava
tudo de acordo com sua vontade. A minha consciência estava julgando de forma errada a vontade de
Deus. Muitas vezes ela nos ajuda a reconhecer o nossos erros, mas em outras vezes tem nos
apoiado para vivermos pecaminosamente.
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Igreja Evangélica Kyrios
QUEM JULGA É O SENHOR
Quem está preparado para julgar é o Senhor, tudo o que podemos ver no outro é seu comportamento
externo, quando esse é mal é fácil de arbitrar mediante a palavra de Deus, porém Deus pode nos ver
completamente por dentro e por fora, nossas intenções e reais motivações. Deus tem um julgamento
eterno e não prematuro, por isso não devemos julgar, porque uma consciência tem grande valor, mas
apesar da experiência de Paulo ele não podia se fiar apenas nela. Pela terceira vez quero dizer que
essa palavra não contradiz que pelos frutos podemos conhecer a árvore, mas ela está falando sobre
opiniões pessoais e preferenciais, limitando estilos e talentos diferentes que Deus distribui em seu
corpo.
Só Deus pode julgar o despenseiro fiel, que faz a sua obra habilmente, porque ele é o dono dessa
igreja.
5 “Portanto, nada julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor, o qual não somente trará à
plena luz as cousas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações; e
então cada um receberá o seu louvor da parte de Deus.”
Talvez tenhamos muitas surpresas no céu, gente que amávamos como pregadores e professores
mas que quando provados pelo fogo, vamos saber que suas obras eram fracas e vazias. Outros,
simples e desprezados, que mantiam em seus corações as motivações e intenções corretas. Outros
muito trabalhadores e dedicados, que nunca percebemos o quanto eram invejosos e faziam suas
obras para que os outros o notassem, tudo isso só Deus pode julgar, só Ele tem a visão completa das
coisas. Não se esqueça, porém, que um dia todo o seu trabalho pode ser queimado, e as pessoas
que diziam de você, coitadinho como ele trabalhava para Jesus, vão ver as intenções do seu coração.
Muitas pessoas que são reconhecidas como servem a Deus poderão se decepcionar com suas
próprias motivações, como elas não tem nada a ver. Quando eu estava no seminário havia alguns
jovens lá que se eu pudesse julgar suas vidas diria que o púlpito de sua igreja era seus 5 minutos de
glória, onde eles encontrarem 100 ou 150 pessoas dispostas a ouvi-los por 20 ou 30 minutos, mas
suas motivações eram apenas isso, mostrar como poderiam falar ou pregar. A nossa motivação deve
ser remar e ouvir a voz do comandante ordenando quando parar e quando aumentar a freqüência do
remo.
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Igreja Evangélica Kyrios
UM ESPETÁCULO
I Coríntios 4 : 6 à 21
INTRODUÇÃO
No estudo anterior falamos sobre como o apóstolo Paulo tinha seus ministérios atacados pelos
soberbos de Corinto e a maneira pela qual nos comparava a remadores de uma galera. Colocamos a
questão da dificuldade de julgar o melhor ministério, lembrando que quem julga é Deus.
Então toda aquela sessão termina assim.
6 e 7 “Estas coisas, irmãos, apliquei-as figuradamente a mim mesmo e a Apolo por vossa
causa, para que por nosso exemplo apreendais isto: Não ultrapasseis o que está escrito; a fim
de que ninguém se ensoberbeça a favor de um em detrimento de outro. Pois quem é que te faz
sobressair? E que tens tu que não tenha recebido? E, se o recebeste, por que te vanglorias,
como se não tivesse recebido?”
8 “Já estais fartos, já estais ricos: chegaste a reinar sem nós; sim, oxalá reinásseis para que
também nós viéssemos a reinar convosco.”
A IGREJA DE LAODICEIA
Esse versículo nos faz lembrar as palavras de Jesus acerca da igreja de Laodiceia, que se achava
rica e abastada mas era pobre, cega e nua. Há um sentimento de auto-suficiência que parece que
não temos mais nada a aprendermos com Cristo Jesus. Entramos na igreja e saímos sem que a
palavra faça efeito em nossas vidas e ainda dizemos: bom, tudo isso que ouvimos hoje já sabia, mas
já vivia? A pregação e a mutualidade da congregação serve muito mais do que apenas trocarmos
informações de conhecimento acerca das coisas espirituais.
Esse sentimento de fartos, de ricos, talvez você já o tenha vivido ou visto. É aquela atitude intrigante
de que parece que nada tem a ver mais conosco, como se a nossa fé se resumisse em apenas
entender, sem nunca mover um dedo para viver as escrituras. Alguns chegam a transparecer que
atingiram o ápice do conhecimento da verdade de Deus. Não há mais lutas, nem batalhas espirituais,
nem batalhas pessoais, nem necessidade de perdão, de transformação pessoal, confissão e
arrependimento.
A vida toda, nós, como escolhidos e chamados, estaremos aprendendo e ouvindo a voz de Deus
através das ministrações, cânticos, pregações e até mesmo em acontecimentos passageiros da
nossa vida .
9 “Porque a mim me parece que Deus colocou a nós, os Apóstolos, em último lugar, como se
fôssemos condenados à morte; porque nos tornamos espetáculo ao mundo, tanto a anjo quanto
a homens.”
10, 11, 12 e 13 “Nós somos loucos por causa de Cristo, e vós sábios em Cristo, nós fracos, e
vós fortes; vós nobres e nós, desprezíveis, até a presente hora sofremos fome, e sede, e nudez;
e somos esbofeteados, e não temos morada certa, e nos afadigamos, trabalhando com as
nossas próprias mãos. Quando injuriados, bendizemos; quando perseguidos, suportamos.
Quando caluniados, procuramos conciliação: até agora temos chegado a ser considerados lixo
do mundo, escória de todos.”
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Igreja Evangélica Kyrios
14, 15 “Não vos escrevo estas coisas para vos envergonhar; pelo contrário, para vos admoestar
como a filhos meus amados. Porque ainda que tivésseis milhares de preceptores em Cristo,
não tereis contudo, muitos pais; pois eu pelo evangelho gerei em Cristo Jesus.”
16 “Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus imitadores”
17, 18, 19 “Por esta causa vos mandei Timóteo, que é meu filho amado e fiel no Senhor, o qual
vos lembrará os meus caminhos em Cristo Jesus, como por toda parte ensino em cada igreja.
Alguns se ensoberbeceram, como se eu não tivesse de ir ter convosco; mas em breve irei
visitar-vos, se o Senhor quiser, e então conhecerei não a palavra, mas o poder dos
ensoberbecidos.“
Qual é o poder dos teóricos ensoberbecidos, quantos mais estão sendo salvos por suas ideologias
filosóficas, quantos estão sendo curados, quantos casamentos reconciliados, que diferença faz suas
teorias na vida das pessoas?
20, 21 “Porque o reino de Deus consiste, não em palavras, mas em poder. Que preferis? Irei a
vós outros com vara, ou com amor e espírito de mansidão?
Experiência e palavras, a muleta dos soberbos (Ilustração do médico).
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UM ESPETÁCULO
I Coríntios 4 : 6 à 21
INTRODUÇÃO
No estudo anterior falamos sobre como o apóstolo Paulo tinha seus ministérios atacados pelos
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