Conhece Bem as Asas que Tem:Oficina do Livro

Propaganda
Maria José Costa Félix
Conheça Bem as
Asas que Tem
SABE USÁ-LAS PARA VOAR?
www.oficinadolivro.pt
© 2009, Maria José Costa Félix
e Oficina do Livro — Sociedade Editorial, Lda.
uma empresa do grupo LeYa
Rua Cidade de Córdova, 2
2610-038 Alfragide
Tel.: 210 417 410, Fax: 214 717 737
E-mail: [email protected]
Título original: Conheça Bem as Asas que Tem
Autoria: Maria José Costa Félix
Revisão: Silvina de Sousa
Composição: Mirasete,
em caracteres Sabon, corpo 11
Capa: Neusa Dias/Oficina do Livro
Fotografia: Augusto Brázio
Impressão e acabamento: Guide, Artes Gráficas, Lda.
1.ª edição: Outubro de 2009
isbn 978-989-555-487-4
Depósito legal n.º 298794/09
SUMÁRIO
PREFÁCIO
Um outro conhecimento, por Lidia Jorge
15
19
INTRODUÇÃO
SOMOS SERES DE LUZ
Somos seres de luz
27
Transcender o quotidiano
33
Deixa para trás esta gaiola efémera e voa!
41
Respondi sempre aos desafios que me apareceram
47
Atender aos sinais que nos são dados
53
Como responder aos apelos vindos da alma?
59
Da luta à rendição
65
O que estou eu aqui a fazer neste mundo?
73
O meu percurso de busca espiritual
81
O que nos impede o voo
89
Como descobri o meu poder maior
99
Nós somos aquilo que queremos ser
107
Nunca tive medo de voar
119
7
Precisamos de causas que nos transcendam
129
Somos matéria e somos espírito
141
CONHECERÁ PORTUGAL AS ASAS QUE TEM?
Conhecerá Portugal as asas que tem?
153
Se nós, portugueses, soubéssemos quem somos...
163
Fernando Pessoa
– Sol em Gémeos, Lua em Leão, Ascendente em Escorpião 165
António de Oliveira Salazar
– Sol e Lua em Touro, Ascendente em Virgem
173
Mário Soares
– Sol em Sagitário, Lua em Touro, Ascendente em Gémeos 183
Maria de Lourdes Pintasilgo
– Sol em Capricórnio, Lua em Virgem, Ascendente em Leão 193
Francisco Sá Carneiro
– Sol em Caranguejo, Lua em Balança, Ascendente em Carneiro 201
Aníbal Cavaco Silva
– Sol e Lua em Caranguejo, Ascendente em Leão
211
A CAMINHO DE UMA NOVA ORDEM MUNDIAL?
221
CONFIAR NA VOZ DO CORAÇÃO
229
COMO A ASTROLOGIA NOS AJUDA A VIVER
237
Dedico este livro
A todos aqueles que, agora já libertos da lei da morte,
enquanto por cá andaram
foram determinantes
para eu conhecer as minhas próprias asas,
reconhecer que é só ao usá-las que posso descobrir
a minha capacidade para voar
e perceber como só essa descoberta
dá verdadeiro significado à nossa vida.
Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso
“Pedra Filosofal”
ANTÓNIO GEDEÃO
in Movimento Perpétuo
Eu tinha umas asas brancas,
asas que um anjo me deu,
que, em eu me cansando da terra,
batia-as, voava ao céu.
Eram brancas, brancas, brancas,
como as do anjo que mas deu.
Eu, inocente como elas,
por isso voava ao céu.
Veio a cobiça da terra.
Vinha para me tentar.
Por seus montes de tesouros
minhas asas não quis dar.
Veio a ambição, co’as grandezas.
Vinham para mas cortar.
Davam-me poder e glória.
Por nenhum preço as quis dar.
Porque as minhas asas brancas,
asas que um anjo me deu,
em me eu cansando da terra
batia-as, voava ao céu.
13
Mas uma noite sem lua
que eu contemplava as estrelas,
e já suspenso da terra,
ia voar para elas,
Deixei descair os olhos
do céu alto e das estrelas…
Vi entre a névoa da terra
outra luz mais bela que elas.
E as minhas asas brancas,
asas que um anjo me deu,
para a terra me pesavam,
já não se erguiam ao céu.
Cegou-me essa luz funesta
de enfeitiçados amores…
Fatal amor, negra hora
foi aquela hora de dores!
Tudo perdi nessa hora
que provei nos seus amores
o doce fel do deleite,
o acre prazer das dores.
E as minhas asas brancas,
asas que um anjo me deu,
pena a pena me caíram…
Nunca mais voei ao céu.
“As Minhas Asas”
ALMEIDA GARRETT
14
UM OUTRO CONHECIMENTO
Muitos tomam a Astrologia por uma religião, outros apenas a
encaram como um ramo da poética, e inscrevem-na nos paraísos da
nossa fantasia verbal, lúdica e primitiva. E as duas podem viver em
conjunto. Mas as páginas que constituem este livro não só visitam
estes dois campos, como ainda deixam margem para um outro tipo
de conhecimento.
Como outros livros de Maria José Costa Félix, Conheça Bem
as Asas que Tem remete para uma divindade poderosa, alimenta a
ideologia dos astros, refere uma inviolabilidade das esferas, desenha
poderes siderais, defende a crença no poder da coincidência e na
inscrição individual em ordens que nos ultrapassam, e daí sobressaírem, como é próprio das religiões, estados de certeza e submissão,
paredes meias com a defesa da paz e o culto da serenidade.
Nesse domínio, eu diria que as asas que cada um tem representa a instigação que a autora faz ao sentimento estóico individual,
com uma margem de manobra limitada. Donde a humildade e a
aceitação, como um bem e uma defesa, não andarem longe dos seus
15
prefácio
textos. Aliás, a ilustração dos horóscopos personalizados dá conta
das manobras desse suposto destino, quando auspicioso, alimentado
pelas indispensáveis forças da vontade, que nesses casos especiais
conduziram ao sucesso.
Mas este seu livro, bem como os outros da mesma autora,
ganha uma nova dimensão quando o seu título é tomado ao pé da
letra e as asas que cada um tem rondam uma dimensão libertadora.
Como se esse fosse o seu método, de súbito, a demonstração de
Maria José Costa Félix abre espaço ao poder do discurso, e, só por
si, ele toma lugar importante promovendo um exercício de transfiguração da realidade, neste caso, a realidade concreta daquilo a que
nas ciências do Espaço se continua a designar por astros. Não há
dúvida de que é no convite a não aceitar o Mundo na sua aparência
primária, e a suplantar o primeiro nível da superstição para passar
ao metafórico e ao lírico, que a autora faz jus à sua vocação de
cultora da liberdade. E tendo gosto por esse parentesco, recorre aos
autores portugueses cujos textos reproduz para se apoiar e apoiar
os leitores – Garrett, Fernando Pessoa, Gedeão, ou Fernanda de
Castro e Alice Vieira. No contexto deste livro, a poesia toma um
lugar não só de ilustração mas sobretudo de referência.
E por isso mesmo, pedindo licença ao espírito livre de Mário
Cesariny, não ficaria mal introduzir nesta passagem aqueles versos
de Novalis que ele mesmo traduziu, e pediu desculpa, envergonhado, por não serem conhecidos em Portugal:
“Quando a chave de toda a criatura
seja mais do que número e figura
16
conheça bem as asas que tem
e quando esses que beijam com os lábios,
e os cantores, sejam mais que os sábios,
e quando o mundo inteiro, intenso, vibre,
devolvido ao viver da vida livre,
e quando luz e sombra, sempre unidas,
celebrem núpcias íntimas, luzidas,
quando em lendas e líricas canções
escreverem a história das nações,
então, a palavra misteriosa
destruirá toda a essência mentirosa.”
Mas ainda sobeja um outro aspecto, o terceiro de que acima se
falava, o que na Astrologia, tal como é encarada por Maria José
Costa Félix, vive à margem da religião e da poética, e que tem a ver
com uma outra forma especial de conhecimento – o que advém da
segurança que alguém que tem certezas cria em seu redor, sobretudo quando a única imposição que pratica é a da proximidade
delicada.
Mesmo para os que não crêem em outras forças que não sejam
as que cada um transporta só por si, não deixa de ser repousante
saber que existem pessoas que em vez de se alimentarem da ideia de
que o mundo não passa de um balde de lixo entornado pelo chão,
defendem que existe ao menos uma ordem por cima de nós com o
nome das estrelas. E têm a coragem de o assumir e pôr por escrito.
Se outras razões não houvesse, chegaria a curiosidade que este
aspecto desencadeia para justificar a leitura deste livro.
Lídia Jorge
17
INTRODUÇÃO
Nunca lhe aconteceu descobrir de repente a solução para algo
que há muito tempo se esforçava por resolver sem conseguir? Estar
mesmo a precisar de uma luz que lhe ilumine o caminho e abrir ao
acaso um livro, encontrar no bolso do casaco um papel escrito ou
ouvir dizer a alguém exactamente as palavras que naquela altura
lhe eram necessárias?
Todos nós podemos, por vezes, receber informações sobre cuja
origem e finalidade nada sabemos e sobre as quais não temos, por
isso, qualquer controlo. Chegam-nos não por via de algum dos nossos cinco sentidos, mas por dons de intuição, vidência, premonição… que, alargando-nos a percepção da realidade, nos ajudam
também a relativizar a importância de quaisquer eventuais limitações físicas, emocionais, mentais, psíquicas que existam.
Nem sempre, porém, nos apercebemos desses dons. Ou assustamo-nos com o que nos revelam, por não termos a certeza se as
informações que nos fazem chegar serão verdadeiras...
19
maria josé costa félix
Se, no entanto, estivermos atentos, podemos constatar que há
problemas ou dificuldades que de forma aparentemente inexplicável se resolvem ou desaparecem. Como se um qualquer poder
desconhecido superior a nós viesse sussurrar-nos: Não tenhas medo,
não te preocupes, fica quieto, respira fundo e devagar, procura
reparar que, escondido no teu interior, tens tudo aquilo de que, de
momento, precisas.
“Toda a informação está contida dentro de nós”, explica o médico e professor Mário Simões. “Porém, só quando estão abertas
é que as nossas mentes funcionam.”
E, quanto mais abertas estiverem, mais conseguimos descodificar a informação a que temos acesso e melhor elas funcionam.
À medida que formos desenvolvendo esta atitude de atenção
permanente ao que se passa connosco, começamos a ver e sentir
pequenas coisas que costumam passar-nos despercebidas. E de
como, por vezes, conseguem dar-nos um novo ânimo, empurrar-nos para a frente mesmo que não saibamos logo para onde.
Tanto podem ser lugares por onde já passámos como pessoas
com quem nos cruzámos, mas que ainda nunca verdadeiramente
tínhamos visto, ouvido, tocado.
Somos, de facto, maiores do que pensamos e do que aquilo que
de nós conhecemos, porque todos nós somos canais através dos
quais o Espírito se transmite. Seres livres que, apesar das limitações
de toda a ordem próprias dos pés de barro que temos – e de que
nos compete cuidar –, também são dotados de asas capazes de voar
para lá dessas limitações.
E, se procurarmos conhecê-las e usá-las, vamo-nos libertando
daquilo que herdámos genética e culturalmente, do que nos ensina20
introdução
ram como sendo o certo e o errado, de crenças que, transmitidas de
geração em geração, nos habituámos a respeitar.
Para lá do nosso ego limitado, finito, mortal, há em nós um Eu
superior, divino, ilimitado, imortal. E a razão de ser última pela qual
viemos a este mundo é precisamente para tomar consciência do que
significa viver dividido entre a efemeridade do dia-a-dia e uma eternidade que nos atrai, mas só em momentos especiais podemos
vislumbrar.
Aquilo para onde as nossas asas nos apontam é para o espaço
sem fim onde cada um de nós poderá descobrir que só em parte é
condicionado pelas circunstâncias da sua vida.
Embora haja uma direcção para onde nos é sugerido caminhar
a fim de conhecermos o nosso nome completo – e que é maior do
que aquele que à partida recebemos –, construir esse caminho é algo
que cada um vai ter de fazer por si próprio, através de relações quer
na base do poder quer na base do amor.
No entanto, só a partir do momento em que deixamos de dar
importância exclusiva ou prioritária ao ego e aceitamos a possibilidade de haver uma forma mais ampla de conhecer a realidade vai
nascendo em nós a consciência de que muitas das coisas que nos
parecem ter consistência real podem ser ilusórias.
E só através de uma atitude interior de humildade pode nascer
e crescer em nós a convicção de que o verdadeiro poder não depende
de quaisquer conhecimentos nossos, da nossa aparência e inteligência, do sucesso que fazemos… e de quão irrelevante tudo isso é
para começarmos a acreditar que é possível ser feliz também no
meio da tristeza, do sofrimento, da dor, da desilusão, da injustiça,
da solidão…
21
maria josé costa félix
Há quem, consciente dos dons que tem, procure desenvolvê-los ao máximo. Fiel a si mesmo, à sua missão, ouse voar por um
impulso vindo do seu interior, sem no fundo ser atingido por obstáculos que, ao longo do caminho, poderiam prender-lhe as asas
e reduzi-lo ao poder limitado dos seus pés de barro.
A título de exemplos, aparecem citadas neste livro pessoas que,
acreditando nessa possibilidade de não serem aprisionadas seja pelo
que for, de uma forma ou de outra vão conseguindo agitar as águas
paradas da sobrevivência e, assim, abrindo novos caminhos de
esperança, porque de apelo à vida.
Com algumas conversei sobre este assunto. E, ao longo das páginas que se seguem, apresento os seus testemunhos. Todas contribuíram, portanto, para que este livro possa ser uma espécie de
despertador de consciências...
De outras que, pela sua actividade, são figuras públicas, interpreto o horóscopo natal. Faço-o apenas para mostrar como, ao contrário do que por vezes se pensa, a astrologia é, acima de tudo, algo
que nos ajuda a descobrirmos as nossas potencialidades.
Através do significado simbólico de uma determinada conjuntura astral, cada horóscopo esclarece-nos, de facto, sobre as asas
que temos e revela como, se as usarmos, nos libertamos de circunstâncias que poderiam manter-nos aquém de nós próprios.
Na medida em que algo de superior preside ao nascimento quer
de um indivíduo quer de um país – dotando-o das características de
que necessita para percorrer o caminho através do qual possa cumprir a sua própria missão –, começo pelo horóscopo de Portugal.
Conhecer tudo aquilo que ele revela sobre as características
gerais da alma portuguesa poderá talvez contribuir para que qualquer de nós se conheça melhor.
22
introdução
Como, de acordo com as leis universais, nada acontece por
acaso, nunca é por acaso que nascemos num determinado país...
Daí que, com mais incidência num campo ou noutro, essas características tendam a manifestar-se naqueles que aqui nasceram.
Também não é por acaso que, neste tempo de incertezas,
desassossego, confusão a nível dos valores, procura do imediato, a
astrologia, com toda a sua sabedoria milenar, surge cada vez mais
como algo capaz de poder ajudar-nos a perceber melhor quem
somos, de onde vimos, para onde vamos, porque é que aqui estamos
– neste mundo, neste país, nesta família, entre estas pessoas, com
a bagagem que temos e tudo o que nos faz falta.
Num tempo de mudanças tão aceleradas e profundas, a astrologia acompanha-nos em todo um trabalho de consciencialização
da luta contínua entre as forças da luz e das trevas que se trava
dentro e fora de nós, mas que, a nível individual e/ou colectivo, têm
ainda de ser denunciadas.
Estamos a receber sinais de que é cada vez menos possível
acumular bens materiais e gozá-los como se eles fossem nossos para
sempre e pudessem oferecer-nos uma garantia de segurança. Como
se a sua finalidade não fosse apenas libertar-nos de preocupações
ao nível da matéria que nos dificultariam seguir o Espírito no seu
caminho para a luz.
Estamos cada vez mais a ser obrigados a mergulhar profundamente em nós próprios, a destapar tudo o que, fazendo parte da
nossa essência, ainda não consideramos prioritário. E a tomar consciência das nossas convicções profundas. Daí que tantas estruturas
estejam a desfazer-se, a dissolver-se, a desaparecer.
O objectivo deste livro é precisamente apontar para a urgência
de atender aos apelos interiores que sentimos face ao que do exterior
23
maria josé costa félix
nos interpela. E de assumir a responsabilidade pelo que temos e
somos, porque é por aí que poderemos encará-los como possíveis sinais de que há algo para lá do aqui e do agora. Um horizonte mais
vasto que o quotidiano. Um sentido último para a nossa vida.
24
Download