PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 Fileira dos Hortícolas e Flores DIRECÇÃO REGIONAL DE AGRICULTURA E PESCAS DO ALGARVE Documento de trabalho Julho de 2007 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE ÍNDICE FILEIRA DOS HORTÍCOLAS 1 HORTÍCOLAS E FLORES.............................................................................................................. FLORES ÍNDICE............................................................................................................................................................................... 2 DIAGNÓSTICO DA FILEIRA DOS HORTÍCOLAS E FLORES............................................................................... 4 1. ESTRATÉGIA REGIONAL ...................................................................................................................................... 11 1.1 QUALIDADE E DIFERENCIAÇÃO .............................................................................................................................. 11 1.2 INTEGRAÇÃO DA FILEIRA ....................................................................................................................................... 12 1.3 ORIENTAÇÃO PARA MERCADOS ESPECÍFICOS ...................................................................................................... 13 1.4 VISÃO MULTIFUNCIONAL DA FILEIRA ..................................................................................................................... 14 2. OBJECTIVOS PARA A FILEIRA ........................................................................................................................... 15 2.1 OBJECTIVOS DE MERCADO ................................................................................................................................... 15 2.2 OBJECTIVOS DE ESTRUTURA ................................................................................................................................ 15 2.3 OBJECTIVOS DE MULTIFUNCIONALIDADE.............................................................................................................. 16 2.4 OBJECTIVOS DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL ................................................................................................... 16 3. ZONAS DE QUALIDADE ........................................................................................................................................ 17 4. VALORIZAÇÃO ACTUAL DA FILEIRA................................................................................................................ 17 5. VALORIZAÇÃO FUTURA DA FILEIRA................................................................................................................ 18 6. TIPOLOGIA DE PROJECTOS................................................................................................................................ 18 7. ORIENTAÇÕES PARA A SELECÇÃO DE PROJECTOS................................................................................. 22 8. ORIENTAÇÕES PARA A QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL .......................................................................... 22 9. REDES TEMÁTICAS DE INFORMAÇÃO E DIVULGAÇÃO ............................................................................. 23 10. ÁREAS DE INOVAÇÃO ........................................................................................................................................ 24 11. CUSTOS DE CONTEXTO ..................................................................................................................................... 24 SUB-FILEIRA DAS CULTURAS HORTÍCOLAS................................................................................................ 25 HORTÍCOLAS 12. VALORIZAÇÃO ACTUAL DA SUB-FILEIRA.................................................................................................... 26 12.1 CARACTERIZAÇÃO ECONÓMICA .......................................................................................................................... 26 12.2 VALOR ACTUAL .................................................................................................................................................... 33 13. VALORIZAÇÃO FUTURA DA SUB-FILEIRA.................................................................................................... 34 13.1 EVOLUÇÃO PREVISÍVEL DA PRODUÇÃO, DOS PREÇOS E DAS EXPORTAÇÕES.................................................... 35 13.2 CRESCIMENTO ESPERADO DO VALOR DA SUB-FILEIRA ..................................................................................... 37 SUB-FILEIRA DAS FLORES E PLANTAS ORNAMENTAIS ORNAMENTAIS ........................................................................ 38 14. VALORIZAÇÃO ACTUAL DA SUB-FILEIRA.................................................................................................... 39 14.1 CARACTERIZAÇÃO ECONÓMICA .......................................................................................................................... 39 14.2 VALOR ACTUAL .................................................................................................................................................... 44 Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 2/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE 15. VALORIZAÇÃO FUTURA DA SUB-FILEIRA.................................................................................................... 45 15.1 EVOLUÇÃO PREVISÍVEL DA PRODUÇÃO, DOS PREÇOS E DAS EXPORTAÇÕES.................................................... 46 15.2 CRESCIMENTO ESPERADO DO VALOR DA SUB-FILEIRA ..................................................................................... 47 ANEXO I.......................................................................................................................................................................... 48 PRINCIPAIS RAZÕES PARA INVESTIR NA FILEIRA DOS HORTÍCOLAS E FLORES NO ALGARVE ..... 48 Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 3/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE DIAGNÓSTICO DA FILEIRA DOS HORTÍCOLAS E FLORES O diagnóstico regional da Fileira dos Hortícolas e Flores, que serviu de base ao desenvolvimento da Estratégia Regional para esta fileira, realizou-se através de uma análise SWOT, tendo-se chegado ao seguinte resultado: Culturas Hortícolas Pontos Fortes • Existência de meios humanos com conhecimento na Região, proveniente do desenvolvimento de várias actividades de I, DE e D, realizadas pela Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, nos seus Centros de Experimentação, em colaboração com instituições públicas (Universidade do Algarve, etc.) e privadas; • Todo um património sócio-cultural e saber acumulados nesta área por parte dos agricultores e existência de empresários experientes; • Condições edafo-climáticas de eleição para a obtenção de hortícolas, particularmente fora de época, com importantes vantagens comparativas, face a produções similares de outras regiões; • Importante número de projectos de investigação e de experimentação nesta área já realizados; • Aumento das áreas de regadio e existência de água de qualidade, com origem na serra e aquíferos da região; • Sinais de abertura a uma reorientação produtiva agrícola mais adequada às condições edafo-climáticas e às exigências do mercado; • Boas vias de comunicação ferroviárias, rodoviárias, aeroportuárias, com tendência para melhorar; • Existência de algumas associações com potencialidade para dinamizar o sector e capacidade produtiva instalada; • Existência de produtos de qualidade. Pontos Fracos • Perda de competitividade das produções algarvias; • Perda de importância, em termos de áreas envolvidas e consequentemente de volume de produção; • Unidades de comercialização atomizadas e sem dimensão crítica; Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 4/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE • Estufas de qualidade deficiente, não permitindo as necessárias condições de produção, o que implica uma baixa produtividade; • Empresários agrícolas profundamente descapitalizados; • Tecido empresarial atomizado, envelhecido; • Baixos níveis de qualificação dos agricultores; • Alguma dificuldade no acesso à mão-de-obra, derivada em grande parte da concorrência de outros sectores de actividade, como é o caso do turismo; • Ausência de estratégias de” marketing”; • Fraca apetência dos empresários agrícolas para se associarem por forma a ganharem dimensão e desta forma tornarem-se mais competitivos; • Falta de especialização produtiva; • Existência de necessidades não cobertas ao nível de homologação de determinados produtos fitossanitários; • Falta de dinâmica de exportação; • Falta de transformação dos produtos. Oportunidades • Crescimento acentuado, ocorrido nos últimos anos, do consumo de produtos frescos (frutas e vegetais) a nível interno e europeu, com tendência para aumentar, sector em que o país é deficitário; • Aproveitamento das valências ao nível do núcleo de actividades associadas ao turismo / integração ou complemento à cadeia de valor do sector turístico; • Aposta pública no aumento das áreas de regadio, permitindo por um lado estender esse recurso vital a novas áreas e por outro diminuir a pressão intensa a que os recursos subterrâneos estão submetidos; • A qualidade das produções obtidas é susceptível de conduzir à diferenciação desses mesmos produtos, desde que seja dada particular atenção às condições de produção; • Maior propensão dos consumidores para produtos produzidos de forma sustentada (agricultura biológica e da produção/protecção integrada); • Possibilidade de uma diversificação cultural, face a novas solicitações do mercado; • Maior atenção dispensada à formação dos intervenientes do mundo agrícola por várias entidades da administração pública (v.g. Direcção Regional de Agricultura,); • Novo Quadro de incentivos financeiros QREN (2007-2013); Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 5/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE • A integração na União Europeia de novos países (Europa de Leste), poderá ser uma boa oportunidade para a exportação dos nossos produtos hortícolas; • A Produção Biológica e a Produção Integrada deverão explorar claramente nichos de mercado, quer no mercado Nacional quer na União Europeia; • Aumento da procura de produtos com características de especificidade, que poderão ser dados por alguns produtos hortícolas de ar livre (batata doce, etc.); • Diversificação e o aumento da produção de produtos de 4ª gama provenientes da horticultura; • Existência junto dos consumidores nacionais de uma “boa imagem” dos produtos provenientes do Algarve. Ameaças • Falta de dimensão crítica, tanto ao nível da produção, como da comercialização; • Dificuldades na reconversão das explorações (v.g. passagem de estufas de madeira para metálicas); • Inadequação das estruturas produtivas e comerciais à livre concorrência motivada por um mercado cada vez mais aberto; • Oferta demasiado concentrada em determinados períodos do ano; • Reduzida exportação dos produtos; • “Perda de mercado” em favor de produtos externos; • Forte concorrência de Espanha; • Localização periférica no espaço europeu e nacional; • Os jovens que recorrem à formação profissional por vezes não iniciam a actividade; • Elevado peso dos custos variáveis na estrutura de custos das explorações, quer ao nível de "inputs" produtivos, quer ao nível de mão-de-obra; • Aumento das áreas cultivadas no Litoral Alentejano; • Globalização dos mercados, com alterações do comportamento da procura e crescente concentração da oferta, com tendência para a redução dos preços ao produtor, principalmente ao nível dos produtos indiferenciados. Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 6/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE Flores e Plantas Ornamentais Pontos Fortes • Condições edafo-climáticas de eleição para a produção de plantas ornamentais e flores/ folhagens de corte, conseguindo antecipar a época normal de produção, com importantes vantagens económicas, face a produções similares de outras regiões; • Região com elevada densidade populacional, aumentando os níveis de consumo de flores/folhagens de corte; • Região turística importante, com elevada área de espaços verdes, com tendência a crescer, aumentando os níveis de consumo de plantas ornamentais; • Existência de várias empresas multinacionais com elevado “know-how” e capacidade para inovar e arriscar, podendo funcionar como agentes dinamizadores do sector; • Existência de meios humanos com conhecimento na Região, proveniente do desenvolvimento de várias actividades de I, DE e D, realizadas pela Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, nos seus Centros de Experimentação e por outras instituições (Universidade do Algarve, O.P. etc.); • Projectos de investigação nesta área já realizados ou em perspectiva; • Aumento das áreas de regadio; • Sinais de abertura a uma reorientação produtiva agrícola mais adequada às condições edafo-climáticas e às exigências do mercado; • Boas vias de comunicação - ferroviárias, rodoviárias e aeroportuárias, com tendência para melhorar; • Existência de produtos de qualidade. Pontos Fracos • Fraca tecnologia de produção nas flores/ folhagens de corte, nomeadamente no controle ambiental das estufas, nos sistemas de fertirrigação, na tecnologia pós-colheita e no transporte; • Pouca atenção dispensada ao controlo de qualidade, acondicionamento e normalização de flores de corte; • Dependência do mercado exterior em materiais de propagação (bolbos, estacas, alporques, etc.) e plantas jovens para crescimento (plantas “in vitro”, estacas enraizadas, etc.); • Ausência de estratégias de “marketing”; Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 7/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE • Fraca apetência dos empresários agrícolas para se associarem, de modo a ganharem dimensão crítica e competitividade; • Inexistência de infra-estruturas de comercialização (conservação e distribuição), que permitam proceder à concentração da produção e ao aumento do volume de oferta, para a distribuição nas grandes superfícies; • Existência de necessidades não cobertas ao nível de homologação de determinados produtos fitossanitários; • Custos elevados dos factores de produção (energia, fertilizantes, produtos fitossanitários, etc.). Oportunidades • Crescimento, nos últimos anos, do consumo de flores e folhagens de corte e plantas ornamentais, a nível interno e europeu; • Forte crescimento da área de espaços verdes nos próximos anos, aumentando as necessidades de plantas ornamentais na região; • Aproveitamento das valências das actividades associadas ao turismo; • Aposta pública no aumento das áreas de regadio, permitindo por um lado, estender esse recurso vital a novas áreas e por outro, diminuir a pressão intensa a que os recursos subterrâneos estão submetidos; • Aposta na produção de flores de corte e plantas ornamentais em sistemas tecnológicos preservadores do ambiente (produção/ protecção integrada) e numa óptica de sustentabilidade; • Possibilidade de uma diversificação cultural, face a novas solicitações do mercado; • Novas perspectivas no sector da comercialização, recorrendo ao “networking” e ao “ecommerce”; • Possibilidade de venda de arranjos e “bouquets” já feitos, nos supermercados e hipermercados, aproveitando a expansão destes na região; • Aumento da diversidade e da qualidade dos serviços prestados aos consumidores; • Oferta crescente de acções de formação na área agrícola, pelas várias entidades da administração pública (v.g. Direcção Regional de Agricultura, Instituto de Emprego e Formação Profissional, Universidade do Algarve); • Produção de inovação; • Novo quadro de incentivos financeiros QREN (2007 – 2013). Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 8/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE Ameaças • A falta de dimensão crítica dos produtores de flores de corte, tanto ao nível da produção, como da comercialização; • Dificuldades na reconversão das explorações de produção de flores de corte (v.g. passagem de estufas de madeira para metálicas); • Oferta demasiado concentrada de flores de corte em determinados períodos do ano; • Reduzida exportação dos produtos; • Forte concorrência dos países africanos na produção de flores de corte; • Permissividade à entrada no mercado de produtos de fraca qualidade; • A crescente escassez de mão-de-obra rural conduz a um constante aumento do peso com pessoal nas despesas totais da produção; • Localização periférica no espaço europeu e nacional; • O crescente aumento dos combustíveis, cria uma situação de desvantagem em relação a empresas localizadas mais próximo dos mercados europeus. Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 9/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE INTRODUÇÃO O plano - A existência de um Plano Estratégico de Fileira (PEF) traduz a necessidade de definir um quadro de referência para o desenvolvimento da Fileira, integrador de estratégias regionais específicas, delineando um conjunto de orientações para a aplicação do PDR. Enquanto quadro de referência inclui estratégias e objectivos comuns, tirando partido das potencialidades existentes em prol do aumento do valor da Fileira. Este aumento será o somatório de acréscimos de produção para o mercado, duma maior ou inovadora valorização quer dos subprodutos, quer das multifuncionalidades da Fileira. A evolução previsível da produção, dos preços e dos mercados permite alicerçar a definição de metas adequadas e comuns aos agentes da Fileira, constituindo estas a quantificação dos objectivos a atingir. As metas devem ser perspectivadas tendo em vista o aumento da competitividade e o desenvolvimento global do sector agro-alimentar nacional. Enquanto quadro de orientação para a aplicação do PDRc, o PEF deverá incluir as principais preocupações dos agentes da Fileira no que respeita à selecção de projectos, à definição do tipo de acções que conduzam à melhoria da qualificação profissional dos agentes da Fileira e à sistematização de aspectos comuns no campo da inovação, que podem ser de imediato elencados, por já se encontrarem perfeitamente diagnosticados. Tão importante quanto dar apoios ou incentivos de natureza financeira aos agentes da Fileira, é identificar os custos de contexto que actualmente constituem estrangulamentos, com um peso significativo no arranque e execução dos investimentos, por forma a que se possa prosseguir no sentido de os contrariar ou, até, eliminar. Dados e reflexões sobre a região algarvia - Como instrumento de trabalho, é comum dividir o Algarve em 3 zonas: Serra, Barrocal e Litoral. Esta última divisão é a que mais interessa para este trabalho, pois é principalmente no Litoral (que ocupa cerca de 1/5 da superfície do Algarve), que se desenvolve a actividade hortícola e florícola (estufa e ar livre), ainda que, tal também seja possível e tenha lugar nalgumas zonas do sul do Barrocal. Assim, atendendo à situação do Algarve em termos de solo, clima, experiência e tradição a montante, e o turismo a jusante, como actividade consumidora, e a integração num vasto espaço europeu, a horticultura e a floricultura seriam duas actividades em que por força das vantagens comparativas, o Algarve horto-florícola seria competitivo, mas afinal não tem sido. Então porque razão o paradigma virou paradoxo? A nosso ver porque as vantagens comparativas naturais e automáticas não se tornaram em vantagens competitivas. Estas situam-se mais ao nível do saber, do fazer, da organização, do valor acrescentado pela integração, pela diferenciação, em suma, pelos actuais factores da competitividade: saber fazer, fazer, organizar, saber gerir (diminuir Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 10/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE custos, maximizar rendimento, seja pela escala seja pela diferenciação), com vista a mercados de massa diferenciados ou nichos de mercado. Nos últimos 20 anos a hortofloricultura, a par das outras actividades algarvias, foi influenciada e condicionada pela abertura de fronteiras; concorrência estrangeira e de outras zonas do País, pelo efeito da globalização, pela alteração das formas de comércio, com o advento da grande distribuição e das grandes superfícies, levando à concentração da procura, não acompanhada pela da oferta e pela sua adaptação logística às necessidades. Assistiu-se à desvalorização dos chamados produtos de massa, começando-se a assistir a alguma valorização de produtos diferenciados com modos de produção específicos e dirigidos a nichos de mercado mais exigentes e com maior poder de compra. No caso da horticultura protegida assistiu-se a uma diminuição da área em função da perda brusca das referidas vantagens comparativas. Verificou-se, no entanto, resistência nalguns núcleos tecnológicos/empresariais, nomeadamente na cultura em estufa, que procuram adaptar o paradigma às novas condições seja do ponto de vista tecnológico – estufas, equipamentos, modo de produção, produtos; seja do ponto de vista de organização empresarial - ligação da produção à comercialização com maior integração, concentração da oferta e capacidade de gestão empresarial. 1. ESTRATÉGIA REGIONAL Nos últimos anos, a área ocupada pelas culturas hortícolas, em estufa e ao ar livre tem vindo a diminuir. Contrariamente, a área de produção de plantas ornamentais tem aumentado. Pela dinâmica de alguns sectores e grupos empresariais e pelo crescente aumento do consumo “per capita”, considera-se que o sector da horticultura regional poderá voltar a crescer e aumentar a sua importância na região. Assim, pretende-se com este documento identificar linhas estratégicas para serem postas em prática durante o Quadro de Referência Estratégico Nacional que vigorará no período 2007-2013 (QREN). A Estratégia regional será delineada em função da estratégia nacional, tendo como base as seguintes linhas orientadoras. 1.1 Qualidade e diferenciação É necessário aumentar o valor e a competitividade dos produtos, através do aumento da qualidade e da maximização das características intrínsecas de cada região, nomeadamente através da actuação nas vertentes seguintes: Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 11/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE • Apostar fortemente na investigação, experimentação, demonstração e divulgação, como forma de tornar a hortofloricultura, forte, competitiva, inovadora e tecnologicamente avançada, nomeadamente através de projectos em parceria com as organizações privadas do sector, com a Universidade do Algarve e com a DRAPALG; • Aumentar a produção, a produtividade e a qualidade das culturas deste sector, nomeadamente, pela melhoria das tecnologias de produção, pela racionalização do uso da água e de agro-químicos, entre outros, e pela utilização de tecnologias amigas do ambiente, levando à diferenciação de um produto regional de reconhecida qualidade organoléptica; • Privilegiar a diferenciação dos produtos hortícolas da região (onde existe uma grande diversidade) em vez da massificação. Nalguns produtos produzidos, de maior importância para a região (tomate, melão, morango) deveremos apostar na especialização da sua produção, tentando conquistar mercados externos. A promoção de uma Marca Regional (marca Algarve) será importante para promover as potencialidades da hortofloricultura algarvia no país e no estrangeiro; • Recuperar os regadios tradicionais, dinamizar a pequena horta do interior algarvio e de características locais, fomentando e criando condições favoráveis à produção no Modo de Produção Biológico (MPB); • Apostar com maior eficácia na comercialização, através da concentração da produção e da promoção do consumo; • Apostar nas Marcas Geográficas para identificação e promoção dos produtos oriundos de áreas protegidas (Parque Natural da Ria Formosa e Parque Natural do Sudoeste Alentejano e da Costa Vicentina) e desta forma procurar potenciar as mais-valias associadas a estas áreas, às quais os consumidores associam uma imagem de ecoqualidade, compatibilizando-se assim a preservação do ambiente, como uma mais-valia ambiental que poderá ser integrada na imagem dos produtos; • Preparar os empresários e as associações para as crescentes exigências do mercado, o que implica o cumprimento de normas/cadernos de encargos específicos (Eurepgap, etc.); • Dinamizar a IGP “Batata-doce de Aljezur”, através da realização de campanhas de sensibilização para que mais produtores adiram à IGP e também, para que os consumidores a associem a uma marca de qualidade. 1.2 Integração da Fileira Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 12/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE É necessário organizar e articular, desde a procura até à oferta, em torno de objectivos comuns, as acções dos diferentes agentes, reconhecendo mutuamente o papel que cada agente tem na Fileira. A Fileira Horto-florícola necessita de proceder a uma maior integração de todos os seus agentes, desde a fase inicial da produção até à fase final, nomeadamente para a promoção e comercialização do produto. Para tal importa envolver todos os agentes, portadores de diversas valências tais como viveiristas, produtores e associações de produtores, operadores retalhistas/grossista, grandes consumidores e as entidades ligadas às actividades de IED, com destaque para o Instituto Nacional de Recursos Biológicos (INRB), as Universidades e a Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve. Será importante incrementar a concentração da oferta em estruturas com capacidade de resposta às solicitações do mercado. A estruturação da oferta deverá continuar a ser uma prioridade pois permitirá a redução dos custos de produção, preparação e embalagem, conservação e comercialização. Será necessário, à semelhança de outras regiões e/ou outros sectores, acompanhar os exemplos de sustentabilidade, promovendo a ligação com outros grupos empresariais, de modo a conseguirse sinergias, tendo em vista incorporar outros produtos, criar escala, capacidade exportadora, poder negocial e capacidade de promoção, etc.. 1.3 Orientação para mercados específicos Porque os produtos devem corresponder às expectativas do mercado, através da identificação das especificidades dos diferentes segmentos da procura, será importante valorizar a componente ambiental, com campanhas que permitam a entrada em nichos de mercado, que se disponham a pagar produtos produzidos com recurso a modos de produção não convencionais. O facto da produção se localizar numa zona sem grande intensificação cultural, potencia a valorização da marca ”Algarve”. Para isso será necessário criar alguns mecanismos que garantam a qualidade dos produtos hortícolas a colocar nos nossos mercados, bem como a implementação de medidas que incentivem à exportação e à transformação de alguns componentes deste sector (produtos tradicionais e/ou de agricultura biológica). A promoção da qualidade e de modos de produção mais sustentáveis, Produção Integrada (PRODI) e MPB, bem como a produção de acordo com o cumprimento de cadernos de encargos específicos com a certificação Eurepgap, BRC, Nature Choice, etc. poderão constituir uma forma de tornar a nossa hortofloricultura mais competitiva em mercados mais exigentes. Estes aspectos deverão ser uma prioridade e poderão ser actividades importantes, capazes de contribuir para a reestruturação do sector Horto-florícola, bem como o apoio a produtos de importância local (ex. Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 13/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE batata doce de Aljezur, potenciando a IGP existente) e outros, cuja ligação ao turismo/gastronomia de base regional, assume uma primordial importância. A aposta na produção em quantidade, com qualidade, será assim a base de uma estratégia para a internacionalização e para a conquista, de uma vez por todas, do enorme mercado constituído pelos milhões de turistas que anualmente nos visitam. Procuraremos atingir um volume de oferta, que possa conferir outro poder de negociação às nossas empresas, visando uma fidelização da procura e uma maior capacidade negocial. Deverão ser, assim, criados mecanismos para divulgar os horto-florícolas de qualidade, produzidos no Algarve, através de duas grandes vias: 1) concertação entre os vários operadores regionais, quer de estratégias promocionais nos mercados potenciais de exportação, quer ao nível da concentração de produto e logística; 2) aposta decidida nos Grandes Consumidores, até como forma de utilizar os turistas estrangeiros como veículos promotores, no regresso aos países de origem, dos horto-florícolas algarvios. 1.4 Visão multifuncional da Fileira A Fileira Horto-florícola, pela diversidade de espécies que contempla, bem como pela capacidade que estas têm para se adaptar às diferentes condições edafo-climáticas, permite a diversidade de actividades, nomeadamente de ar livre. Neste caso, particularmente as regiões do interior algarvio, são capazes de dar o seu contributo positivo para a multifuncionalidade das explorações agrícolas, vocacionadas para uma produção ambientalmente mais favorável, produtos de quinta, etc., associados ao desenvolvimento turístico destas zonas. Assim, esta Fileira poderá dar o seu contributo para a estratégia de desenvolvimento sustentável da região, contribuindo para o crescimento no seu todo. A produção de plantas ornamentais em grande quantidade e diversidade, permite, uma oferta forte e imediata destes produtos na região, promovendo a sua utilização, desde os agentes turísticos ao público em geral. Os espaços verdes associados ao turismo potenciam uma grande dinâmica na Fileira das plantas ornamentais, verificando-se um aparecimento crescente de empresas produtoras de tapetes de relva, de empresas de construção e manutenção de espaços verdes, de “gardens-centers”, de empresas distribuidoras de artigos de jardinagem (máquinas, ferramentas, sementes, adubos, fitofármacos, substratos, vasos, mobiliário de jardim, piscinas, etc.), originando uma forte relação comercial entre elas, sendo simultaneamente fornecedoras e consumidoras umas das outras. Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 14/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE 2. OBJECTIVOS PARA A FILEIRA Os objectivos da Fileira encontram-se organizados nos quatro grupos identificados de seguida: 2.1 Objectivos de Mercado Reforçar a imagem de qualidade e diferenciação nos mercados. Aumentar o grau de autoaprovisionamento ganhando quotas nos mercados externos e interno. Como objectivos de mercado há a considerar: • Maior ligação e eficácia na transferência de conhecimento produzido nas unidades IED para as empresas e estímulo ao empreendedorismo; • Criar condições para aumentar a produtividade e a qualidade dos produtos horto-florícolas, pela melhoria das tecnologias de produção, pela utilização generalizada de material vegetal de qualidade e pela racionalização do uso de agro-químicos; • Aumentar a área dos horto-florícolas nos perímetros de rega colectivos; • Estimular a aquisição de massa crítica pelas diversas associações, de modo a melhorarem os seus desempenhos ao nível da assistência técnica e fornecimento de serviços de apoio aos associados; • Fomentar a marca “Algarve”, através da realização de campanhas de sensibilização e também para que os consumidores associem a marca à qualidade; • Incentivar a exportação através da criação de estruturas de apoio. Criar “representações de negócios” em países destinatários das nossas exportações para defesa dos interesses dos nossos produtores. Estas estruturas deverão agrupar interesses de várias fileiras; • Fomentar o desenvolvimento do mercado “on-line” com bastante expressividade em algumas áreas, como as plantas ornamentais, apoiando também, a construção de página “Web”, com conteúdos nesta área. 2.2 Objectivos de Estrutura Melhorar a competitividade das explorações e das empresas de comercialização e transformação. Reforçar a organização da Fileira. Os principais objectivos de estrutura são: • Continuar a apoiar o processo de produção de plantas nos viveiros de modo a manter os padrões de qualidade exigidos; • Reforçar a organização do sector, através do nº de OP`s, melhorando e ampliando os serviços disponibilizados aos agricultores e aumentando a eficiência comercial e dos Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 15/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE serviços pós-colheita, a melhoria dos sistemas de gestão e controlo, quer do ponto de vista financeiro quer em relação ao produto a comercializar; • Elaboração de um cadastro regional, com actualização bi-anual, no qual constem as estufas e os produtos em produção, de modo a permitir uma melhor gestão desta componente da Fileira; • Estimular a PRODI e o MPB, incentivando os produtores à sua adesão. Actualmente as grandes cadeias de distribuição europeias já exigem o cumprimento de cadernos de encargos específicos, já anteriormente referidos, como o Euregap, etc, pelo que o cumprimento das normas da PRODI e MPB poderá constituir uma forma de tornar a nossa horto-florícultura mais competitiva em mercados exigentes; 2.3 Objectivos de Multifuncionalidade Contribuir para as especificidades paisagísticas e a melhoria do ambiente. Potenciar um quadro complementar de actividades em meio rural tais como: • Fomentando o turismo rural, nomeadamente com passeios nas regiões do interior algarvio onde as pequenas hortas são uma realidade; • Desenvolver parcerias/alianças, nomeadamente com o sector do turismo, articulando a imagem positiva dos produtos hortícolas da região com a sua divulgação gastronómica; • Explorar nichos de mercado, incentivando e apoiando explorações que desenvolvam formas de comercialização mediante a colheita / compra no local da exploração pelo visitante, potenciando o contacto “cidade/campo”, com vantagens para ambos os intervenientes; • Potenciar o valor acrescentado dos produtos hortícolas, particularmente de ar livre, associados à transformação; • Fomentar a conservação dos recursos genéticos nas explorações agrícolas; • Fomentar a utilização de espécies autóctones nos projectos paisagísticos de índole turística, como forma de incentivar a produção de ornamentais na região e como forma de criar uma imagem paisagística forte e única, capaz de permanecer viva na lembrança dos inúmeros turistas que nos visitam. 2.4 Objectivos de Qualificação profissional Melhorar a formação dos produtores no saber fazer, através de acções de formação na óptica da procura e da oferta: Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 16/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE • Melhorar as competências dos empresários e de gestão dos recursos humanos das explorações agrícolas; • Informar e formar os recursos humanos a todos os níveis, desde os agricultores e empresários aos técnicos, passando pelos trabalhadores rurais indiferenciados e especializados (aplicadores de pesticidas, operadores de máquinas, etc.), nas explorações agrícolas e pelos operários e quadros das organizações, prioritariamente direccionados para a rega, fertilização, aspectos fitossanitários, e de manipulação de produtos, normas ambientais, produção de compostos, energias renováveis, reciclagem de produtos, etc.; • Capacitar os empresários para a organização e gestão da empresa e “marketing”; • Formar recursos humanos na área da higiene e segurança no trabalho, bem como em sistemas de controlo da qualidade; • Formar recursos humanos nos modos de produção ambientalmente sustentáveis, PRODI e MPB; • Formar em Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC); • Criar condições para a fixação de mão-de-obra para a actividade horto-florícola (especializada e indiferenciada); • Valorizar os recursos humanos, numa óptica de aplicação do saber às novas realidades, com um mercado cada vez mais global, com matérias-primas mais baratas, mas com maior potencial em valor acrescentado pelo serviço, pela diferenciação, aproveitando nichos de consumo/mercado exigentes e com elevado poder aquisitivo; • Aumentar a capacidade técnica e de gestão da Fileira, através de redes temáticas que permitam a velocidade de circulação do conhecimento e das necessidades do sector. 3. ZONAS DE QUALIDADE Toda a Região Algarvia, pela amenidade do seu clima e pela diversidade desta Fileira, pode ser considerada uma Zona de Qualidade com o litoral mais vocacionado para a horto-floricultura em estufa. 4. VALORIZAÇÃO ACTUAL DA FILEIRA Neste ponto apresenta-se, de forma sintética, o valor da Fileira, que face aos dados disponíveis, estimamos em 36,725 milhões de euros. Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 17/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE O desenvolvimento do valor actual desta Fileira é tratado nas sub-fileiras Culturas Hortícolas e Flores e Plantas Ornamentais. 5. VALORIZAÇÃO FUTURA DA FILEIRA Neste ponto efectuaram-se previsões sobre o valor global da Fileira com o objectivo de se obterem valores de referência que facilitem a definição de metas a atingir pelo sector. As previsões foram feitas com base na análise do comportamento passado e actual através de métodos de projecção de tendências. São pois projecções que servirão de base ao cálculo do Valor Previsional da Fileira que, com base nos elementos disponíveis, se estima num valor de 60,014 milhões de euros, em 2013. Aqui não está incluído o valor das plantas ornamentais devido à inexistência de dados (preços e áreas desagregadas). As metas definidas no âmbito desta Fileira poderão ser ajustadas aos objectivos estratégicos e aos recursos financeiros existentes. Também o desenvolvimento da valorização futura da Fileira Horto-florícola é tratada nas sub-fileiras, Culturas Hortícolas e Flores e Plantas Ornamentais. 6. TIPOLOGIA DE PROJECTOS A tipologia de projectos que podem ser apoiados através de diferentes medidas do Programa de Desenvolvimento Rural, são de natureza muito diversa. Identificam-se, de seguida, para as diferentes áreas, tipologias de projectos: Produção • Reconverter a área de estufas existente (de estufas de madeira para estufas metálicas) e aumento da área, pela construção de novas estufas metálicas; • Introduzir novas tecnologias, compatíveis com a preservação da qualidade do ambiente; • Incentivar a implementação de novas áreas (estufas e ar livre) nos Perímetros de Rega existentes; • Incentivar a implementação do Modo de Produção Integrada e do Modo de Produção Biológico e produção de espécies e variedades autóctones; • Apoiar a conservação de recursos genéticos; • Apoiar a adopção de energias alternativas nas unidades de produção horto-florícola, nomeadamente para o aquecimento de estufas; • Apoiar a melhoria da eficiência energética nas unidades de produção horto-florícola. Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 18/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE Transformação • Fomentar a compostagem de resíduos horto-florícolas orgânicos, de modo a valorizar estes sub-produtos da actividade, com vantagens ao nível da sua eliminação e na melhoria da fertilidade do solo; • Apoiar a modernização das unidades de acondicionamento, refrigeração, embalagem e outras, nomeadamente na área dos sistemas de rastreabilidade e de controlo de qualidade da produção; • Apoiar a adopção de energias alternativas nas unidades de transformação horto-florícolas; • Apoiar a melhoria da eficiência energética nas instalações horto-florícolas de transformação; • Criar condições para a diferenciação do produto. Comercialização • Adquirir dimensão crítica nas empresas de comercialização com intervenção no circuito comercial; • Fortalecer o interprofissionalismo e apostar em movimentos de concentração por via de integração vertical e horizontal na Fileira, como via para atingir uma melhor ligação ao mercado; • Fomentar a marca “Algarve”; • Fomentar a constituição de uma central de compras regional para obtenção de economias de escala e reforço da capacidade negocial das organizações para com os fornecedores, a qual poderia evoluir futuramente também para central de vendas (v.g. mercados externos). Promoção e “Marketing” • Apoiar a internacionalização, através da utilização da marca “Algarve”; • Apoiar a instalação de representantes de negócios nos países importadores dos hortoflorícolas da região (prospecção e angariação de clientes, recepção e supervisão da mercadoria expedida, etc.). Esta actividade deverá ser conjugada com outras fileiras; • Campanhas de Promoção e “Marketing” para o aumento do consumo dos produtos hortoflorícolas da região Algarvia. Estruturação da Fileira • Promover a concentração da oferta, adequando a mesma às exigências de mercado; • Estimular os movimentos de integração vertical ao longo da Fileira (integração dos estádios produção-transformação-comercialização); Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 19/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE • Fomentar a modernização tecnológica da Fileira, através da introdução das modernas tecnologias de informação e comunicação (TIC), visando a divulgação e o acesso mais rápido e fácil à informação técnica e de mercado. Acesso à Informação • Integração em redes temáticas transversais ou especializadas por fileiras, de tratamento e difusão da informação que organizem o conhecimento técnico e científico disponível de forma a optimizar a sua transferência junto dos interessados, contemplando, nomeadamente, “Serviço Nacional de Avisos Agrícolas”, “Serviços de Apoio ao Regante”, informação sobre mercados, divulgação de novos produtos e tecnologias, informação proveniente das estações meteorológicas, etc.; • Promover uma estrutura de competências regional ao nível das actividades de IED, encarregue igualmente de promover a transferência de conhecimentos e tecnologia para as empresas, baseada nos centros de experimentação detidos pela DRAPALG/INRB, a Universidade e outros centros produtores de conhecimento (ex.COTR, COTHN), as associações do sector, as empresas com possibilidade de funcionar também em regime de prestação de serviços; • Incorporação e aproveitamento das potencialidades associadas às TIC para efeitos de “networking” de actividades (v.g. divulgação de informação técnica e sobre mercados, “marketing”, soluções de “e-commerce” e de”b2b”). Capacitação dos agentes • Formar recursos humanos a todos os níveis, desde os agricultores aos técnicos, passando pelos trabalhadores rurais nas explorações agrícolas e pelos operários e quadros das organizações, prioritariamente direccionados para a rega, fertilização e os aspectos fitossanitários; • Capacitar os empresários para a organização e gestão da empresa e “marketing”; • Formar os recursos humanos na área da higiene e segurança no trabalho, bem como em sistemas de controlo da qualidade; • Formar recursos humanos nos modos de produção ambientalmente sustentáveis, PRODI e MPB; • Formar em TIC; • Apoiar a formação de uma cultura de empreendedorismo; Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 20/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE • Promover acções de informação e sensibilização para o uso das energias renováveis e para as vantagens da eficiência energética. Serviços de apoio • Possibilidade de apoiar a instalação de incubadoras / ninhos de empresas, por forma a facilitar a instalação (na fase de arranque) de micro e muito pequenas empresas para negócios inovadores do sector agro-alimentar sedeadas em meio rural; • Promover novas oportunidades de negócio: apoio ao desenvolvimento de iniciativas de carácter inovador e criação de condições para a sua concretização; • Criar mecanismos facilitadores do desempenho de jovens empreendedores em meio rural (e.g. assessoria em análises de risco e de mercado, apoio à gestão e “marketing”, etc.); • Apoiar ao nível das OP`s a criação e reforço da componente prestação de serviços aos produtores (ex.: instalação, colheita, etc.); • Promover a criação de uma bolsa de terras agrícolas (devolutas, para venda ou arrendamento, de interessados na cessação de exploração no âmbito de processos de reforma antecipada), com informação disponível também via Internet. Inovação • Desenvolver soluções para as necessidades do comércio em meio rural, em particular para empresas com problemas na cadeia de oferta e no “marketing” (aposta na Internet, etc.); • Criar uma estrutura de competências regional ao nível das actividades de IED, encarregue igualmente de promover a transferência de conhecimentos e tecnologia para as empresas, baseada nos Centros de Experimentação detidos pela DRAPALG, envolvendo o INRB, as Universidades e outros centros produtores de conhecimento (ex.COTR e COTHN) e as associações do sector; • Desenvolver projectos de IED visando a utilização de energias renováveis nas explorações e unidades agro-industriais, bem como a utilização de soluções energeticamente mais eficientes; • Desenvolver projectos de IED, utilizando tecnologias produtivas mais amigas do ambiente. Multifuncionalidade • Desenvolver actividades empresariais complementares associadas à Fileira, particularmente nas regiões do interior, ligadas ao turismo (turismo rural, lazer, artesanato); • Incentivar a promoção e a utilização dos produtos hortícolas tradicionais na confecção de pratos, compotas, doçaria regional e fomentar a valorização da Dieta Mediterrânica; Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 21/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE • Fomentar o aumento da área de espaços verdes (Hotéis, Aldeamentos turísticos, Câmaras municipais), recorrendo sempre que possível ao uso de plantas autóctones da região algarvia. 7. ORIENTAÇÕES PARA A SELECÇÃO DE PROJECTOS As orientações a respeitar na selecção dos Projectos são as seguintes: Análise específica e adequada às diferentes tipologias de projecto: • Projectos de fileiras com base no acréscimo de produto, do grau de autoaprovisionamento e das exportações (aumento da matéria-prima nacional e do produto transformado nacional); • Projectos de empresas com base na credibilidade técnica, análise de risco, rentabilidade dos projectos e orientação para o mercado / garantia de escoamento; • Projectos estruturantes com base no impacte económico regional e/ou na contribuição para a fixação das populações, com base no emprego criado e na criação de riqueza (a partir da aplicação de investimentos dos Eixos 1, 2 e 3). • Projectos inseridos nas áreas dos Perímetros de rega existentes; • Projectos que privilegiem a componente ambiental. Análise integrada da valia do projecto: • Técnica – com base na consistência técnica do projecto; • Económica – tendo em consideração a valia económica do projecto; • Mercado – tendo em consideração o risco de mercado do projecto; • Associativismo - considerar a participação em estruturas com vertente técnica e comercial. 8. ORIENTAÇÕES PARA A QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL No âmbito da formação e informação especializada, será garantida a convergência entre os processos de formação e os objectivos associados aos investimentos apoiados por outras medidas do programa. A formação contínua e integrada dos jovens agricultores e dos activos da Fileira, terá novos formatos, que confiram competências específicas para o desenvolvimento das suas actividades, de forma mais eficaz. A aplicação do princípio da selectividade implica a definição de prioridades face aos conteúdos e objectivos traçados, que deverão estar adaptados às necessidades e aos agentes da Fileira. Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 22/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE A formação profissional deverá ser orientada para os problemas do sector, capacitando/sensibilizando os agentes para as seguintes áreas: • Práticas culturais com utilização das tecnologias mais correctas (compostagem de resíduos orgânicos vegetais, etc.); • Benefícios das energias renováveis e da eficiência energética; • Boas Práticas Agrícolas e Ambientais (v.g. gestão de efluentes e resíduos); • Qualidade alimentar e higiene e segurança no trabalho; • Modo de Produção Biológico, Produção Integrada e novas tecnologias mais amigas do ambiente; • Organização, gestão de empresas e “marketing”. Neste âmbito, deverá flexibilizar-se a estrutura e o acesso aos cursos de modo a que possam ser abrangidos cada vez mais activos, capazes de responder nomeadamente, às solicitações do uso de novas tecnologias. Deverá ser dado especial atenção à formação dos jovens agricultores, para assim se rejuvenescer o tecido produtivo. 9. REDES TEMÁTICAS DE INFORMAÇÃO E DIVULGAÇÃO A criação de redes temáticas de informação e divulgação de conhecimentos, que permitam aceder de forma rápida a informação útil e necessária ao desenvolvimento com sucesso das actividades da Fileira, possibilitando a sua adequada aplicação por outros utilizadores, é essencial para aumentar as competências dos agentes e o desempenho empresarial. Estender o acesso à informação necessária ao incremento da competitividade das empresas da Fileira espalhadas pelos territórios, promove a sustentabilidade destas e reforça a coesão territorial e social. Importa apoiar redes que resultem de parcerias entre associações, cooperativas e centros tecnológicos, que garantam a articulação entre entidades produtoras de conhecimento e agentes do sector, que apresentem uma estratégia, objectivos e âmbito bem definidos nomeadamente: • Criar uma Rede Temática integrada para a Fileira, contemplando “Serviço Nacional de Avisos Agrícolas”, “Serviços de Apoio ao Regante”, informação sobre mercados, estações meteorológicas, etc.; • Criar uma estrutura de competências regional ao nível das actividades de IED, encarregue igualmente de promover a transferência de conhecimentos e tecnologia para as empresas; • Promover a generalização do uso das TIC. Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 23/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE 10. ÁREAS DE INOVAÇÃO No âmbito da Fileira é essencial identificar áreas comuns de inovação, que permitam resolver problemas ou condicionantes ao desenvolvimento da Fileira. Os projectos de inovação têm que se traduzir em ganhos de competitividade da Fileira, o que implica conteúdos úteis a um conjunto amplo de agentes, perfeitamente definidos e apoiados num programa de trabalho bem elaborado e estruturado em projectos de IED: • Diversificar a oferta, nomeadamente de 4ª Gama, contribuindo para a sustentabilidade do sector hortícola; • Incorporar o aproveitamento das potencialidades associadas às tecnologias de informação e comunicação para efeitos de divulgação e como forma de facilitar o escoamento das produções, promover actividades e as potencialidades histórico-culturais, paisagísticas, entre outras valências existentes em meio rural; • Apoiar a constituição de uma plataforma integrada de compras, visando a obtenção de economias de escala e reforço da capacidade negocial das organizações para com os fornecedores, a qual poderia evoluir futuramente também para central de vendas; • Apoiar fortemente a valorização dos sub-produtos da actividade horto-florícola, nomeadamente através da compostagem dos seus resíduos orgânicos. 11. CUSTOS DE CONTEXTO Para que o desenvolvimento das Fileiras estratégicas possa contribuir para a eficiência e competitividade da agricultura portuguesa é também necessário minimizar os custos de contexto, isto é custos desproporcionados ou não razoáveis, induzidos pelo sistema burocrático da administração pública como por exemplo, os que se relacionam com licenças, registos, autorizações, normativos, regime de incentivos e sistemas de informação. Para minimizar alguns destes custos de contexto, torna-se necessário envidar esforços no sentido de obviar às ineficiências actualmente existentes ao nível de: • Simplificação dos processos associados ao licenciamento; • Mercado do arrendamento; • Articulação interinstitucional; • Compatibilização dos condicionalismos associados à protecção dos valores naturais com a necessidade de desenvolver nos territórios actividades criadoras de riqueza; • Homologação simplificada dos produtos fitofarmacêuticos específicos para a fileira e uniformização dessa homologação ao nível da UE. Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 24/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 sub-Fileira das Culturas Hortícolas Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 25/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE 12. VALORIZAÇÃO ACTUAL DA SUB-FILEIRA Neste ponto apresenta-se, de forma sintética, o valor da sub-fileira no Algarve através da sua caracterização económica (produção, preços, multifuncionalidade). O valor da sub-fileira é o ponto de partida e a base para se perspectivar a evolução futura da mesma. 12.1 Caracterização Económica No triénio de 2002/2004, os produtos hortícolas contribuíram com 21,1% para o valor global da produção nacional, tendo representado um aumento de 4,5% em relação ao triénio anterior, o que é sem dúvida um crescimento significativo. Apesar destes dados, os níveis de produção são insuficientes para satisfazer o consumo (com excepção do tomate para indústria), sendo a balança comercial deficitária, perspectivando deste ponto de vista, um potencial crescimento que será importante para o sector. Segundo o Inquérito à Horticultura no ano 2000 existiam em Portugal Continental 21725 explorações com culturas hortícolas, das quais 3469 no Algarve, num total de 31070 ha de área base. As culturas intensivas em estufa representavam apenas 4% da área com culturas hortícolas, localizando-se no Algarve cerca de 42% da área total de estufas, sendo a região com maior área de estufas e aquela em que a área média de estufas por exploração era maior no país (com cerca de 1 ha). No Algarve a horticultura é uma actividade com forte tradição, primeiro como actividade do tipo familiar com as denominadas “hortas” instaladas nos terrenos mais férteis que dispunham de água e, depois, como actividade de tipo empresarial com um desenvolvimento muito acentuado a partir dos anos 70 e 80, tendo-se desenvolvido no extremo sul do seu território (Litoral e algumas zonas do Barrocal), numa estreita faixa paralela à linha de costa, devido principalmente às suas condições ambientais. Na última década, após a entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia, com a abertura das fronteiras e o aparecimento das grandes superfícies comerciais, a actividade vem assistindo a uma acentuada perda de importância, quer ao nível da horta familiar, quer ao nível da actividade empresarial, apesar das excelentes características edafo – climáticas da região (sinteticamente caracterizadas por bons solos para horticultura, um elevado número de horas de sol, temperaturas bastante amenas, pequeno número de dias com ocorrência de geadas e disponibilidade de água), para um grande número destas culturas, a que acresce o facto de serem produções de ciclo anual, o que permite uma grande flexibilidade, em termos de estratégias de comercialização de curto prazo, face à mudança, tão característica dos mercados modernos. Só Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 26/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE de 1993 para 1999 a área de culturas hortícolas intensivas diminuiu cerca de 78%, enquanto nas extensivas o decréscimo foi de 69%, conforme se verifica pela análise do Quadro 1. Procedendose a uma maior desagregação destes dados, observa-se que ao nível dos hortícolas em estufa a quebra em termos de área, no mesmo período de tempo, rondou os 50% (passou de 1.178 ha para 600 ha). Em 1999 a horticultura e a floricultura representavam cerca de 2,6% da SAU do Algarve. Quadro 1 - Evolução das áreas e produções da horticultura por tecnologia produtiva Tecnologia Produtiva Extensiva Intensiva Área (ha) 4309,0 5637,0 1993 Produção (ton) 67164,0 119444,0 1999 Produção (ton) 9297,5 48292,1 Área (ha) 1326,0 1240,0 Var. 93/99 Área (%) -69,2 -78,0 Fonte: DRAALG – 1993; INE (2000). Este decréscimo de área, repercutiu-se necessariamente, na importância económica deste sector. Assim, entre 1991 e 1999, a importância do Rendimento Hortícola Bruto regional no cômputo nacional, decaiu de 16% para 7% (INE). Quadro 2 - Áreas das culturas hortícolas e sua evolução ao longo dos últimos 25 anos. Ha /Anos 1979 1989 2001 2004 2005 Horticultura protegida (Estufas) 430 910 631,5 651 527 a) Hortícolas Intensivas 4642 2735 578 619 669 b) Batata 2286 1545 944 896 476 c) Hortícolas Extensivas 714 2518 1096 987,5 676 Total Ar Livre (a+b+c): 7642 6798 2618 2502,5 1821 Total Culturas Hortícolas 8072 7708 3249,5 3153,5 2348 Fonte: DRAALG - 2006 A análise destes dados confirma a tendência decrescente das áreas a partir de 1989, atingindo-se uma área total de culturas hortícolas em 2005 de 2348 ha, ano em que a horticultura protegida (estufas) ocupava uma área de 527 ha, cerca de metade do valor máximo atingindo no início da década de noventa (Quadro 2). Em 2003 a horticultura da região representava 9% do volume total produzido no país. As perdas de área, e subsequentemente de produção (conforme se pode constatar nas figuras 1 e 2, tipificados nas quatro principais culturas hortícolas da região, tendo como base para essa hierarquização, o trabalho de Rosa, 1996), levantam depois constrangimentos ao nível do Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 27/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE escoamento dos produtos. A falta de dimensão crítica é um forte óbice à comercialização, visto as quantidades oferecidas não serem passíveis de levar ao aparecimento de operadores económicos, quer individuais, quer colectivos, com expressão suficiente para competir num mercado que exige regularidade, continuidade e quantidade. Entra-se assim num ciclo vicioso, já que esses mesmos estrangulamentos obstaculizam o aparecimento de novas áreas de cultura, dadas as perspectivas “cinzentas” em termos de condições de comercialização da produção. Figura 1 - Evolução das áreas das principais culturas hortícolas no Algarve Área (ha) 1.000,0 800,0 600,0 400,0 200,0 0,0 1989 1994 Tomate: Ar Livre Tomate: Estufa Morango Melão/Meloa 1999 Feijão verde Figura 2 - Evolução das produções das principais culturas hortícolas no Algarve Produção (ton.) 100.000,0 80.000,0 60.000,0 40.000,0 20.000,0 0,0 1989 1994 Tomate: Ar Livre Tomate: Estufa Morango Melão/Meloa 1999 Feijão verde As culturas hortícolas em 2004/05, segundo os dados do Quadro da Produção Vegetal (Quadro 3), ocupavam uma área no Algarve de 2536 ha e produziram 60586 toneladas. As áreas mais representativas das culturas hortícolas são ocupadas pela batata com 18,8% da área total das culturas hortícolas. Segue-se a área de batata doce com 7,5%, de melão em estufa, com 7,2%, de ervilha extensiva, com 6,3% e o tomate em estufa com 6,0%. No que se refere à produção, o tomate em estufa representa 18,8%, seguido do melão em estufa com 12,2% e da batata com 11,3%. Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 28/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE A Zona mais relevante é o Sotavento, com uma área de 1170 ha, seguida pelo Barlavento com 795 ha, enquanto o Centro tem uma área de 571 ha. As culturas hortícolas, actualmente, representam aproximadamente 5% da área e 17% da produção das culturas mais representativas da Região. Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 29/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE Quadro 3 - Quadro da produção vegetal (QPV) - 2004/2005 Horticultura Melão-extensivas Melancia-extensivas Tomate fresco-extensivas Couve-flôr -extensivas Couve-repolho-extensivas Pimento-extensivas Ervilha-extensivas Feijão Verde-extensivas Fava verde-extensivas Couve flor-intensivas Couve bróculo-intensivas Couve portuguesa-intensivas Couve galega-intensivas Repolho-intensivas Lombarda-intensivas O. Couves-intensivas Alface-intensivas Agrião-intensivas Alho Porro-intensivas Espinafre-intensivas Nabiça-intensivas Grelos nabo-intensivas Tomate c/ fresco-intensivas Abóbora-intensivas Melancia-intensivas Melão-intensivas Morango-intensivas Pepino-intensivas Pimento-intensivas Alho-intensivas Betrerraba-intensivas Cenoura-intensivas Cebola-intensivas Nabo-intensivas Rabanete-intensivas Feijão verde-intensivas Ervilha verde-intensivas Fava verde-intensivas Alface-estufa Tomate-estufa Feijão Verde-estufa Pimento-estufa Pepino-estufa Melão/meloa-estufa Morango-estufa Beringela-estufa Aboborinha-estufa Batata doce- temporárias Batata-vulgar Flores/plantas ornamentais Total Barlavento Área Produção (ha) (t) 16 383 11 314 8 280 6 108 6 132 2 34 18 16 12 216 25 48 12 194 6 81 7 158 2 27 20 396 13 281 5 113 15 270 1 48 1 24 1 24 1 12 1 10 8 288 3 270 4 108 3 64 0 0 3 243 0,5 16 3 27 2,5 100 139 3336 30 900 4 100 1 15 15 243 3 14 5 21 0 0 1 77 1 9 1 17 1 43 1 33 0 0 0 0 180 198 12 2025 3033 807 14151 Área (ha) 36 47 26 14 10 14 88 18 72 3 2 1 1 11 2,5 1 5 12 1 1 1 1 10 1 6 7 3 1 10 2 Centro Produção (t) 810 1269 865 252 220 346 53 324 115 49 27 24 14 230 54 23 90 684 24 25 14 11 360 90 162 180 66 81 230 16 1 9 1 1 4 2 1 3 35 16 5 5 11 0 1 1 1 66 34 25 257 24 14 65 5 4 57 2678 274 200 428 418 0 48 38 18 726 605 11987 Área (ha) 49 32 23 8 11,00 6,50 53,00 18,00 46,00 16 16 5 1 14 10 5 16 2 11 2 4 2 18 3 11 21 25 2 16 3 3 2 25 1 1 15 4 4 28 115 45 30 25 171 30 1 1 8 212 65 1235 Sotavento Produção (t) 882 864 772 144 242,00 142,00 32,00 308,00 674,00 274 228 119 14 293 228 119 288 114 261 48 57 24 650 270 297 402 585 162 374 24 60 50 713 24 14 243 18 24 560 8615 810 1350 2138 6926 660 54 38 144 3117 34449 20545 27189 33632 18000 22000 23200 635 17667 5853 16677 14000 23154 13750 20422 22078 23182 18000 56400 23769 24250 13833 11250 36056 90000 27000 20839 23250 81000 23396 8375 29091 24021 29219 24667 14333 16206 4000 4920 19903 75298 17772 44141 85541 40311 22000 51000 38000 11571 14445 0 Algarve Área Produção (ha) (t) 101 2075 90 2447 57 1917 28 504 27 594 23 522 159 101 48 848 143 837 31 517 24 336 13 301 4 55 45 919 25,5 563 11 255 36 648 15 846 13 309 4 97 6 83 4 45 36 1298 7 630 21 567 31 646 28 651 6 486 26,5 620 8 67 5,5 160 142 3411 64 1870 6 148 3 43 34 551 9 36 10 49 31 617 151 11370 62 1093 36 1567 31 2609 183 7377 30 660 2 102 2 76 189 2187 476 6876 111 22892 2647 Produção (Kg/ha) Fonte: DRAALG Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 30/50 60586 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE Principais espécies e variedades/cultivares utilizadas no Algarve Aboborinha – Black Jack Alface – Vanity, Triathlon Alho Porro – Shelton, Ashton Batata – Romana, Cara, Kennebeck, Spunta, Arran Banner Couve-Brócolo –Marathon, Decathlon, Pentathlon Couve-Flor – Málaga, Átila, Nautilus Couve-Repolho – Roncol, Hercules, Bronco Couve-Coração de boi – Cape Horn, Caramba Couve-Lombarda – Savoy Ervilha – Casusa Fava – Algarvia, De Cacela, De Lagos Feijão Verde – Mantra, Oriente, Festival, Música, Kwintus Melancia – Pata-Negra, Augusta, Sugar Baby Melão – Jalisco, Ajax, Alpes, Duncan, Aitana, Ómega, Topázio Morango – Agoura, Candonga, Ventana, Camarilho, Camarosa Pepino – Jazzer, Pontia, Adrian, Caman Pimento – Genil, Topázio, Lido, Drago Tomate (estufa) – Zinac, Sinatra, Tylani, V1, Eufrates; Tipo “Chucha” – Sahel, Cencara; Tipo “Cacho” – Ruby, Dorinta Tomate (ar livre) – Mina, Toledo Modos de Produção Alternativos Neste ponto perspectiva-se o aumento da área existente, quer para o Modo de Produção Biológico (MPB), que representava em finais de 2005, 63 ha (Quadros 4 e 5), quer para a Produção/Protecção Integrada (Quadro 6). Interessa à região incrementar estes modos de produção, face à maior procura por este tipo de produtos, cuja produção está claramente associada aos valores da preservação do ambiente, da produção sustentada e da qualidade alimentar, prioridade assumida ao nível da UE. Quadro 4 - Áreas (ha) e número de operadores, em Modo de Produção Biológico - Produções Vegetais em 31/12/2005, em Portugal, por regiões Nº Oper 622 Alentejo Algarve 30 272 B.Interior 51 B. Litoral 72 E.D.M. 151 R. Oeste 379 Trás M. Total 1577 Fonte: IDRHA. Região Olival Past/Forag Vinha 18.449 8 4.481 29 0 134 5.051 28.152 101.698 833 23.657 26 882 21.749 5.907 154.752 99 38 352 67 39 232 481 1.308 Culturas Arvenses 17.413 95 19.196 27 18 993 4.254 41.996 Fruticult. Hortíc. 216 118 310 26 63 132 242 1.107 156 63 331 60 39 123 45 817 Frutos Secos 463 295 180 21 10 18 2.532 3.519 Pousio 761 81 298 2 6 75 37 1.260 Plantas Aromat. 194 318 3 10 10 12 0 547 Total 139.449 1.847 48.808 268 1.067 23.468 18.549 233.458 Quadro 5 - Evolução da área (ha), de culturas hortícolas em Modo de Produção Biológico, no Algarve (2002 a 2005) Ano 2002 2003 2004 2005 42 39 79 63 Área de Hortícolas Fonte: IDRHA Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 31/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE Quadro 6 - Evolução da área (ha) de culturas hortícolas em Protecção Integrada (PI) no Algarve (2002 a 2004) Ano Nº de Associações Nº de Beneficiários Área (ha) 2002 0 0 0 2003 1 10 49 2004 1 11 51 Fonte: DRAALG - DAPR Devemos referir ainda, que na área do MPB, existe na região a SALVA (Associação de Produtores em Agricultura Biológica do Sul), que tem como objectivos (entre outros), a divulgação e promoção do MPB. Quanto à organização do sector hortícola ao nível das OP`s, ela assenta numa única estrutura (Madrefruta). No Algarve a indústria transformadora tem uma fraca actividade sendo importante incrementar o desenvolvimento da transformação de produtos hortícolas, nomeadamente de 4ª gama. Situação actual da sub-Fileira Quadro 7 – Situação actual das culturas em ar livre Situação actual da sub-fileira Economia do produto Dados gerais Hortic. Ar livreTransformados Consumo (ton) Exportações (média 2001 - 2005) (ton) Grau de Auto-Aprovisionamento (%) (Fonte INE) Preços (média 2001-2005) (EUR/KG) Mercado interno 0,400 Importação Exportação Preços Produtos com Nomes Protegidos (EUR/Kg) Área de Importância económica do sector Valor da produção Hortic. Ar livre Hortic. Ar livreTransformados (ha) (ton) Valores Globais 1.800 46.480 Produção (média 2001-2005) 1.800 46.480 n.d. n.d. n.d. n.d. 0 (1000 EUR) Agroturismo Hortic. Ar livre Transformados (N.º Unidades função TER) (1000 EUR) 18.592 0 0 18.592 Sem Nomes Protegidos Nomes Protegidos (em % do total) Modos Produção Produção integrada 18.592 18.592 Com nomes Protegidos Biológico Valor por Multifuncionalidade Agroturismo em áreas abrangidas por nomes fora de Rede Natura (1000 EUR) Agroturismo em áreas abrangidas por nomes protegidos e em Rede Natura (1000 EUR) Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 32/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE Quadro 8 – Situação actual das culturas em estufa Situação actual da sub-fileira Economia do produto Dados gerais Hortic.Estufa Transformados Consumo (ton) Exportações (média 2001 - 2005) (ton) Grau de Auto-Aprovisionamento (%) (Fonte INE) Preços (média 2001-2005) (EUR/KG) Mercado interno 0,502 Importação Exportação Preços Produtos com Nomes Protegidos (EUR/Kg) Área de Importância económica do sector Valor da produção Hortic.Estufa Hortic.Estufa Transformados (ha) (ton) Valores Globais 596 32.580 Produção (média 2001-2005) 596 32.580 n.d. n.d. n.d. n.d 0 (1000 EUR) Agroturismo Hortic.Estufa Transformados (N.º Unidades função TER) (1000 EUR) 16.339 0 0 16.339 Valor por 16.339 16.339 Com nomes Protegidos Sem Nomes Protegidos Nomes Protegidos (em % do total) Modos Produção Biológico Produção integrada Multifuncionalidade Agroturismo em áreas abrangidas por nomes fora de Rede Natura (1000 EUR) Agroturismo em áreas abrangidas por nomes protegidos e em Rede Natura (1000 EUR) 12.2 Valor actual O valor actual da sub-Fileira hortícola é de 34,931 milhões de euros. No Quadro 9 pode-se observar, a título meramente indicativo, as cotações das principais culturas hortícolas em 2004, destacando-se como valores mais elevados os produtos de mão-de-obra mais intensiva (ervilha, feijão verde e morango). Quadro 9– Preço médio anual (€/Kg) das principais culturas hortícolas Espécie Alface Ar livre Alface estufa Batata-doce Ervilha Fava Feijão V. Ar livre Feijão V. Estufa Melância €/Kg 0,68 0,64 0,93 1,61 0,66 1,38 1,52 0,31 Espécie Melão Gália Ar livre Melão Gália Estufa Morango Pepino Estufa Pimento Estufa Tomate Ar livre Tomate Estufa €/Kg 0,68 0,86 1,10 0,42 0,87 0,49 0,54 Fonte: SIMA 2004 Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 33/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE 13. VALORIZAÇÃO FUTURA DA SUB-FILEIRA Durante o período de vigência do Quadro de Referência Estratégica Nacional (2007-2013), ao nível da produção, será importante que se possam concretizar os seguintes objectivos, de modo a atingir os valores abaixo estimados: • Construção de estufas (metálicas) / reconversão de estufas (de madeira para estufas metálicas) de uma área estimada de 290 ha. Prevê-se que 30% deste valor se destine a estufas para a produção de culturas sem solo; • Aumentar a área da produção de ar livre em 40%, sendo esta destinada, nomeadamente, aos produtos de 4ª gama e ao mercado local/regional; • “Triplicar” a área de produção em MPB, de forma a atingir em 2013 os 200 ha, estimandose que 25 % deste valor seja referente à produção em estufa e 75 % à produção ao ar livre; • “Triplicar” a área em PRODI, de forma a atingir em 2013 os 160 ha, estimando-se que 25 % deste valor seja referente à produção em estufa e 75 % à produção ao ar livre; • Duplicar o volume de produção escoada através de OP`s; • Incentivar o cultivo dos hortejos tradicionais do interior algarvio para produção de produtos hortícolas tradicionais/biológicos. Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 34/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE 13.1 Evolução previsível da produção, dos preços e das exportações Quadro 10 - Quadro previsional das culturas ao ar livre (2013) Previsão 2013 Produto Produto Transformado Variação em variação em relação relação à média do à média do quinquénio Variáveis (ton) quinquénio (%) (ton) (%) Mercado externo . Exportações Preços (euro/kg) Mercado interno 0,45 12,50% 65.071,44 40,00% Importação Exportação Produção regional Nomes Protegidos Valor Previsional da Produção (1000 euros) 29.282 0 MULTIFUNCIONALIDADE Agroturismo em áreas abrangidas por nomes protegidos fora da Rede Natura (1000 EUR) Agroturismo em áreas abrangidas por nomes protegidos e em Rede Natura (1000 EUR) Valor Previsional da Fileira (1000 euros) 29.282 Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 35/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE Quadro 11 - Quadro previsional das culturas em estufa (2013) Previsão 2013 Produto Produto Transformado Variação em variação em relação relação à média do à média do quinquénio Variáveis (ton) quinquénio (%) (ton) (%) Mercado externo . Exportações Preços (euro/kg) Mercado interno 0,59 17,65% 38.560,48 18,35% Importação Exportação Produção regional Nomes Protegidos Valor Previsional da Produção (1000 euros) 22.751 0 MULTIFUNCIONALIDADE Agroturismo em áreas abrangidas por nomes protegidos fora da Rede Natura (1000 EUR) Agroturismo em áreas abrangidas por nomes protegidos e em Rede Natura (1000 EUR) Valor Previsional da Fileira (1000 euros) 22.751 Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 36/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE 13.2 Crescimento esperado do Valor da sub-Fileira Para o último ano do PDRc (2013), prevê-se um crescimento superior a 57,50% e 39,24%, respectivamente nas culturas de ar livre e estufa, do valor da sub-fileira, que no conjunto passará a valer mais 52,03 milhões de euros. Quadro 12 - Evolução previsional do valor das culturas em ar livre (média 2001/2005-2013) Componentes da Fileira Hortic. Ar livre Produto transformado Valor Actual (mil euros) 18.592 0 (%) 100 0 18.592 100 Valor Taxa Previsional Variação (mil euros) (%) 29.282 57,50% 0 0 Agroturismo em áreas abrangidas por nomes protegidos fora da Rede Natura (1000 EUR) Agroturismo em áreas abrangidas por nomes protegidos e em Rede Natura (1000 EUR) Valor Global Fileira 29.282 57,50% Quadro 13 - Evolução previsional do valor das culturas em estufa (média 2001/2005-2013) Componentes da Fileira Hortic.Estufa Produto transformado Valor Actual Valor Taxa Previsional Variação (mil euros) (%) (mil euros) (%) 16.339 0 100 0 22.751 0 39,24% 0 16.339 100 22.751 39,24% Agroturismo em áreas abrangidas por nomes protegidos fora da Rede Natura (1000 EUR) Agroturismo em áreas abrangidas por nomes protegidos e em Rede Natura (1000 EUR) Valor Global Fileira Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 37/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 sub-Fileira das Flores e Plantas Ornamentais Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 38/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE 14. VALORIZAÇÃO ACTUAL DA SUB-FILEIRA Neste ponto apresenta-se, de forma sintética, o valor da sub-fileira no Algarve através da sua caracterização económica (produção, preços, comércio externo, multifuncionalidade). O valor da sub-fileira é o ponto de partida e a base para se perspectivar a evolução futura da mesma. 14.1 Caracterização Económica Neste documento de trabalho abordámos esta sub-fileira como o conjunto de 3 tipos de produção: • Flores e Folhagens de corte: produção de flores e folhagens destinadas à ornamentação depois de cortadas; • Plantas ornamentais: plantas de flor e folhagem ornamental, ambas destinadas à produção e comercialização em vaso. Acrescentaríamos a este sector, como actividade recente, a produção de tapetes de relva, para posterior utilização em espaços verdes; • Material de propagação: produção de bolbos, tubérculos, sementes, estacas, alporques, e outros propágulos subterrâneos e aéreos, para posterior produção de flores/folhagens de corte e plantas ornamentais; A floricultura algarvia acompanhou o crescimento da floricultura nacional, apresentando actualmente grande importância na região, contribuindo com 0,14% para a SAU. Segundo dados do inquérito à floricultura de 2002, compreende dois sectores perfeitamente diferenciados: a flor e folhagens de corte, de fraca expansão regional (24 ha e 1 ha, respectivamente), e as plantas ornamentais de interior e exterior, de grande importância na região (71 ha). Do total da área de produção (96 ha), cerca de 53 ha são de ar livre, valor bastante superior à de estufa (37 ha) e à de sombreamento (6 ha). Segundo dados da DRAPALG (Quadro 14) este cenário mantém-se, apresentando em 2005 valores de 25 ha para as flores/folhagens de corte e 120 ha para as plantas ornamentais. Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 39/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE Quadro 14 - Evolução das áreas dedicadas à floricultura no Algarve. Flores/Folhagens de Plantas Ornamentais TOTAL Anos Corte Área Nº Exp. Area (ha) Nº Exp. Área (ha) Nº Exp. (ha) (1) 1979 6 (2) 1988 52 (2) 1989 58 60 (2) 1990 80.8 (3) 1993/94 23.5 24 50 33 73.5 57 (1) 2001 91.8 (4) 2002 25 71 96 62 (1) 2004 113.85 (1) 2005 25 120 145 (1) (2) (3) (4) DRAALG (2006), DGPA (1992), Anónimo (1995), INE (2002). No quinquénio de 2001/2005, a área de produção de flores e plantas ornamentais representou cerca de 10,7% da área total nacional, destacando-se as plantas ornamentais, que contribuíram com 11,3% para o valor global da produção de plantas ornamentais. Apesar destes dados, os níveis de produção são insuficientes para satisfazer o consumo de flores e plantas ornamentais, sendo a balança comercial deficitária, perspectivando deste ponto de vista, um potencial crescimento que será importante para o sector. No entanto, a expansão da área das flores de corte terá sempre que contar com a zona centro do país, especialmente o Montijo, e a Região de Entre Douro e Minho de grande peso e importância, gozando da proximidade aos principais centros de consumo (Lisboa e Porto), onde se situam também, os principais mercados abastecedores de flor e folhagens de corte. O ameno clima da região, as condições de luminosidade e a disponibilidade de água de rega de qualidade, proveniente das barragens, favorecem ambos os sectores. O solo pode ser, em alguns casos, limitativo à expansão da área de produção de flores e folhagens de corte, uma vez que estas, estão plantadas no solo enquanto que nas plantas ornamentais o seu ciclo produtivo ocorre em vasos, com substratos adequados às necessidades de cada espécie. É na zona Litoral do Algarve, nomeadamente, no Centro (concelhos de Faro, Olhão e Loulé) e no Barlavento (concelhos de Albufeira, Lagoa, Silves, Portimão e Lagos) regiões de clima mais favorável e de maior índice turístico, que se encontram os maiores núcleos de produção de plantas ornamentais e flores/folhagens de corte. A zona de Sotavento (concelhos de Tavira, V.R.S.António e Castro Marim) tem uma área reduzida comparativamente às anteriores, mas tem registado um intenso crescimento nos últimos anos. Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 40/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE Plantas Ornamentais O sector das plantas ornamentais, de crescente importância no Algarve, tem sido, em certa medida, influenciado por diversas empresas estrangeiras que desde os anos 70 se implantaram entre nós, e com o seu “know-how” e tecnologia de ponta, deram um forte contributo ao desenvolvimento do sector na região. O sector das plantas ornamentais apresenta-se bastante forte na região Prova disso, é a existência aqui, de diversas empresas líderes no mercado nacional, ou mesmo no mercado europeu, com áreas de produção entre os 20 e os 40 ha. De entre as quais, se destacam: • Viveiros do Foral, situados em S. Bartolomeu de Messines, com uma área de produção de 26 ha, produzem cerca de 800 000 citrinos ornamentais envasados por ano, de elevada qualidade, reconhecida nos 16 países europeus para onde são exportados. A empresa é considerada uma das maiores produtoras de citrinos da Europa; • Viveiros Monterosa, localizados em Moncarapacho, com uma área de 40 ha de produção, vocacionados para a produção de plantas ornamentais de exterior e interior. A partir de 1994, sentiram a necessidade de inovar e diversificar a gama de produtos, pelo que decidiram apostar na produção de plantas mediterrâneas de flor, para o mercado nacional e para exportação, em detrimento da produção de plantas de interior. Neste momento, cerca de metade da sua produção é ocupada por Bouganvillea, Pelargonium, Hibiscus, plantas aromáticas, Loendro e trepadeiras (destacando-se neste último grupo, o Jasmim), sendo absorvida 75% da produção pelo mercado nacional e cerca de 25% exportado para França e Alemanha; • Viplant – Viveiros do Algarve, produzem mais de 100 variedades de plantas herbáceas, arbustivas, trepadeiras e palmeiras, a partir de uma área de 30 ha, divididos entre duas unidades de produção, Paderne e Alte. A maioria da produção é comercializada no mercado interno, através dos seus “garden-centers” e da sua rede de distribuição própria. Exportam ainda, para Espanha, Holanda e França; • Flor do Sol – Viveiros de Plantas, líder na produção e comércio de palmeiras em Portugal, enviando grandes quantidades para Alicante, Málaga e Canárias. Na Europa, a Flor do Sol, destaca-se pela variedade e diversidade de palmeiras em viveiro, localizado na zona de Portimão, tendo desenvolvido vários serviços complementares, como o préenraízamento e envasamento de palmeiras, poda perfeita de palmeiras (limpeza do espique) e transporte especializado de palmeiras de grande porte. Com a entrada dos hipermercados em Portugal, desenvolveu outra área de negócio, os sistemas logísticos para fornecimento “pronto a vender” de material vegetativo em repouso, como plantas bolbosas, roseiras e fruteiras, e artigos de jardim, designadamente sementes, substratos e adubos. Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 41/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE Ligado ao sector das plantas ornamentais, surge outra actividade complementar, a produção de tapetes de relva, a ser desenvolvida no Algarve, por duas empresas associadas, a Algarelva e a Tecnigreen, com uma área aproximada de 15,5 ha, produzindo dois tipos de tapetes, um indicado para campos de golfe e outro para as áreas ajardinadas. A produção é comercializada essencialmente, no mercado regional e sul de Espanha. Nos últimos anos, têm-se assistido ao aparecimento de inúmeros “garden-centers” no Algarve, em resposta a uma crescente procura de plantas ornamentais por particulares e empresas de construção e manutenção de jardins, também elas, em constante crescimento no Algarve. Flores e Folhagens de Corte A Campina de Faro-Olhão apresenta condições de temperatura e luminosidade favoráveis ao desenvolvimento do gladíolo e rosa, existindo, segundo o Inquérito à Floricultura de 2002 (INE), 7,5ha de gladíolo e 13ha de rosa em estufa. A maioria da área de produção de flores de corte localiza-se nesta região e em Silves, onde predomina a cultura de gerbera e Lilium. Materiais de Propagação No sector da produção de materiais de propagação registamos a presença do grupo Fisher Internacional, com sede na Alemanha, implantado entre nós, com uma unidade de produção – a empresa Pelpor - na zona de Moncarapacho. Este grupo, dedica-se ao melhoramento de espécies ornamentais e obtenção de novas cultivares. As plantas mãe obtidas são colocadas nas unidades de produção, pertencentes ao grupo, para produção de estacas, estacas enraizadas, planta pequena e planta pronta. A Pelpor, com uma área de 5ha de estufas, produz cerca de 15 milhões de estacas, 5 milhões de estacas enraizadas e cerca de 10 000 plantas prontas para o mercado interno e sul de Espanha. Principais espécies produzidas Nos últimos anos, registou-se uma evolução do mercado de plantas ornamentais para o consumo de plantas com flor, quer nas plantas de interior quer de exterior. No que diz respeito às primeiras, a procura de Ficus, Croton, Fetos, Philodendro e Scindapsus, diminuiu para dar lugar a plantas com flor, como as Impatiens, Begonias, Poinsetias e Kalanchoe, entre outras, com épocas específicas de venda. Quanto às plantas de exterior, ganharam importância as plantas com flor e com aroma, aumentando a procura por plantas mediterrâneas, onde a gama de plantas disponíveis no mercado tem sido crescente. Entre elas, destacam-se os loendros, lavandulas, Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 42/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE alecrins, murtas, santolinas, tomilhos, folhados, cistus, loureiros e medronheiros. Os produtores estão optimistas com o mercado, e pensam que este continuará a crescer no sentido da procura por plantas de reduzidas exigências hídricas e de manutenção. Assiste-se ainda, a uma forte expansão da produção de plantas herbáceas, aparecendo uma enorme variedade de espécies no mercado como: Petunia, Viola, Gazania, Cuphea, Primula, Verbena, Osteospermum, Tagetes, Gaura, Erigeron, Convolvulus, etc. No que respeita às flores de corte, as espécies de maior produção no Algarve são a rosa, o gladíolo, a gerbera e o Lilium registando-se uma tendência para a estabilização das áreas de produção. Nos últimos anos, alguns floricultores experimentaram com sucesso o cultivo de flores de corte anuais, como as celosias, os Anthirrinum e os goivos, em estufa, nos períodos entre campanhas dos cultivos tradicionais, em que as estufas estavam desocupadas. Embora as folhagens de corte tenham fraca representatividade na região, existem algumas unidades florícolas dedicadas à produção de eucalipto, espargo e fetos. Quanto ao material de propagação, a única empresa dedicada a este sector, produz estacas, estacas enraizadas e planta pequena de Poinsetias e plantas de “Parterre e Balcón” (Ageratum, Achillea, Argyranthemum, Asteriscus, Cuphea, Dahlia, Fuchsia, Helichrysum, Heliotropium, Impatiens, Lantana, Lobelia, Osteospermum, Petunias, Thunbergia, Verbenas, Vincas, entre outras). Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 43/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE Situação actual da sub-Fileira Quadro 15 – Situação actual das flores e folhagens de corte Economia do produto Dados gerais Flores corte e folhagem Transformados Consumo (ton) Exportações (média 2001 - 2005) (ton) Grau de Auto-Aprovisionamento (%) (Fonte INE) Preços (média 2001-2005) (EUR/KG) Mercado interno 0,219 Importação Exportação Preços Produtos com Nomes Protegidos (EUR/Kg) Área de Importância económica do sector Valor da produção Flores corte e folhagem Flores corte e folhagem Transformados (ha) (hastes) (1000 EUR) Agroturismo Flores corte e folhagem Transformados milhares Valores Globais Produção (média 2001-2005) 25 8.202 24,8 8.202 0 1.794 0 Valor por (N.º Unidades função TER) (1000 EUR) 0 1.794 1.794 1.794 Com nomes Protegidos Sem Nomes Protegidos Nomes Protegidos (em % do total) Modos Produção Biológico Produção integrada Multifuncionalidade Agroturismo em áreas abrangidas por nomes fora de Rede Natura (1000 EUR) Agroturismo em áreas abrangidas por nomes protegidos e em Rede Natura (1000 EUR) Segundo o Inquérito à Floricultura (2002) a produção total de plantas ornamentais, nesta região, foi de 5029 x103 plantas, das quais 18% se destinaram ao mercado externo. No quinquénio (2001-2005) a área média de produção de plantas ornamentais foi de 71,5 ha. As plantas ornamentais, pela diversidade de espécies que existem no mercado e pela diversidade de tamanhos e formas com que são comercializadas, apresentam-se no mercado com variadas valorizações comerciais, pelo que não é possível apresentar aqui uma valorização. A produção destas espécies e respectiva comercialização estão dependentes das estratégias das empresas. 14.2 Valor actual O valor actual da sub-Fileira (média 2001-2005) é de 1,794 milhões de euros para as flores e folhagens de corte. Para as plantas ornamentais não nos é possível apresentar valores pelas razões anteriormente referidas. Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 44/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE 15. VALORIZAÇÃO FUTURA DA SUB-FILEIRA Durante o período de vigência do Quadro de Referência Estratégica Nacional (2007-2013), ao nível da produção, será importante que se possam concretizar os seguintes objectivos: • Criar condições para construir novas estufas metálicas (estimando-se em, 40 ha para flores e folhagens de corte e 20 ha para plantas ornamentais); • Alcançar uma área total de produção de flores e folhagens de corte de 64 ha. • Aumentar a área de produção de plantas ornamentais (dos quais 20 ha em estufa e 60 ha em ar livre), atingindo no final do período os 200 ha; • Fomentar o aparecimento de culturas em PRODI. Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 45/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE 15.1 Evolução previsível da produção, dos preços e das exportações Quadro 16 - Quadro previsional das flores e folhagens de corte (2013) Previsão 2013 Produto Produto Transformado Variação em variação em relação relação à média do à média do quinquénio Variáveis (ton) quinquénio (%) (ton) (%) Mercado externo . Exportações Preços (euro/kg) Mercado interno 0,23 3,14% 21.165,50 158,06% Importação Exportação Produção regional Nomes Protegidos Valor Previsional da Produção (1000 euros) 4.774 0 MULTIFUNCIONALIDADE Agroturismo em áreas abrangidas por nomes protegidos fora da Rede Natura (1000 EUR) Agroturismo em áreas abrangidas por nomes protegidos e em Rede Natura (1000 EUR) Valor Previsional da Fileira (1000 euros) 4.774 Pelas razões já referidas não nos é possível apresentar a evolução previsível da produção para as plantas ornamentais. Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 46/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE 15.2 Crescimento esperado do Valor da sub-Fileira Quadro 17 - Evolução previsional do valor das flores e folhagens de corte (média 2001/2005-2013) Valor Actual Componentes da Fileira Flores corte e folhagem Produto transformado (mil euros) 1.794 0 (%) 100 0 1.794 100 Valor Taxa Previsional Variação (mil euros) (%) 4.774 166,17% 0 0 Agroturismo em áreas abrangidas por nomes protegidos fora da Rede Natura (1000 EUR) Agroturismo em áreas abrangidas por nomes protegidos e em Rede Natura (1000 EUR) Valor Global Fileira 4.774 166,17% Pelas razões já referidas não nos é possível apresentar o crescimento esperado para as plantas ornamentais. Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 47/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE ANEXO I PRINCIPAIS RAZÕES PARA INVESTIR NA FILEIRA DOS HORTÍCOLAS E FLORES NO ALGARVE O Algarve (Litoral e áreas da zona sul do Barrocal) principalmente ao longo de toda a faixa Litoral, que vai de Vila Real de Santo António a Odeceixe, numa extensão para o interior que não ultrapassa, de forma genérica, cerca de 15 a 20 Km (podendo identificar-se como regiões de elevada aptidão e interesse a Campina de Faro/Olhão, zonas de Sotavento e do Barlavento Algarvio e o Planalto do Rogil), tem muito boas condições para o desenvolvimento da hortofloricultura (em estufa e ar livre). Na zona atrás referida, conjugam-se uma série de factores importantes para o seu desenvolvimento, nomeadamente factores climáticos, disponibilidade de água, solo, energia, acessibilidades, mão-de-obra, estrutura fundiária, informação técnica e serviços de apoio, experiência regional e empresas prestadoras de serviços, que abaixo se desenvolvem. a) Clima - O Algarve, tem, em termos nacionais e europeus, das melhores condições climatéricas para a produção horto-florícola, que pode ser expressa quer pelo número de horas de sol (quase sempre superiores a 3000 horas, chegando a atingir as 3300 horas), pela fraca ou quase nula ocorrência de dias de geada (inferior a 1, principalmente no Litoral Oeste e de 1 a 5 dias, em grande parte do Litoral Sul, que não constituem, em princípio um problema, pois algumas técnicas permitem minimizar ou prevenir os eventuais efeitos negativos de uma geada: - aquecimento e rega anti-geada). Devido à proximidade do mar o clima é ameno, capaz de induzir precocidade às produções (temperatura média anual de cerca de 17 ºC e um valor médio de temperatura mínima de 12 ºC), não atingindo as temperaturas valores muito elevados, nem grandes amplitudes térmicas. A precipitação média anual é de 600 mm, atingindo valores superiores a 1200 mm na serra e abaixo dos 400 mm no litoral. A radiação solar é superior a 160 Kcal/cm2. O vento pode em situações limite, afectar as culturas, devendo ser utilizados, nalguns casos, sebes e corta-ventos. b) Água - A disponibilidade de água não é um factor limitativo da actividade no Algarve. Aqui existem disponibilidades de áreas novas com infra-estruturas de rega (principalmente no perímetro do Sotavento: - Barragens de Odeleite e Beliche, com um potencial de rega de cerca de 8100 ha, actualmente não utilizados na totalidade), bem como infra-estruturas mais antigas, como na Costa Ocidental, no Planalto do Rogil (na área de influência do Perímetro do Mira), onde os Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 48/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE 1500 ha com rega não estão a ser utilizados na totalidade, o mesmo se passando no Barlavento com as Barragens da Bravura e de Silves/Arade. Para além das águas superficiais, existem também disponibilidades de água no subsolo, ainda que seja necessário um maior custo para a sua captação e utilização. Como factor importante devemos referir que, nomeadamente nas culturas sem solo, em estufa, está já a ser utilizada tecnologia que permite a optimização e a reutilização da água. c) Solo - No Algarve este não é um factor limitante para a hortofloricultura, quer devido à existência de solos com elevado potencial, quer pelas possibilidades oferecidas hoje em dia, pelos fertilizantes e sistemas de fertirrega. No caso das estufas, é significativa a área ocupada pelas culturas sem solo, onde este factor não é determinante. d) Energia - Toda a região referida tem acesso fácil à Rede Eléctrica Nacional, havendo eventualmente nalguns casos, a necessidade de realizar investimentos de ligação às explorações agrícolas. Também é possível o acesso ao gás natural, mediante a instalação de depósitos apropriados nas respectivas explorações. e) Acessibilidades - O Algarve dispõe neste momento de bons acessos rodoviários, com destaque para a A2 e A22, bem como de boas ligações ferroviárias, nomeadamente a Lisboa. Outro factor muito positivo é a existência do aeroporto de Faro, bem localizado, em relação à zona de produção. f) Mão-de-Obra - A horticultura e a floricultura são actividades com capacidade para potenciar a criação de postos de trabalho. Nalgumas zonas, a disponibilidade desta, embora não sendo um factor limitante deverá merecer uma atenção especial, face à concorrência com o sector do turismo. g) Estrutura Fundiária - Ainda que a dimensão média da propriedade não seja grande, pensamos que esta não é um factor limitante para o desenvolvimento da horticultura e da floricultura, face ao tipo de actividade desenvolvida. h) Informação Técnica e Serviços de Apoio - Na região, nomeadamente na Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve (DRAPALG), existe informação técnica, teórica e prática, disponível, adquirida ao longo de vários anos de trabalho experimental. Este, iniciou-se na década de oitenta, com o Projecto Luso-Alemão de Horticultura, tendo continuado até hoje, com o desenvolvimento de vários projectos com entidades públicas e privadas. As áreas de trabalho abordadas estendem-se à Produção Convencional, Protecção Integrada (estufa), Produção Biológica e produção em estufa de Culturas Sem Solo de espécies hortícolas e florícolas. Para o desenvolvimento desta actividade experimental a DRAPALG apoia-se em Centros de Experimentação, com especial destaque para o “Centro de Experimentação Hortofrutícola do Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 49/50 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL 2007 – 2013 ESTRATÉGIA DA REGIÃO ALGARVE Patacão” onde tem decorrido grande parte da actividade realizada na área da horticultura e floricultura. A DRAPALG dispõe ainda de uma importante rede de Estações Meteorológicas Automáticas que recolhem informação muito útil para a horticultura e a floricultura. i) Empresas Prestadoras de Serviços - A região tem várias empresas capazes de fornecer os serviços necessários ao desenvolvimento do sector - rega, fertirrega, fertilizantes, protecção fitossanitária (convencional/integrada), culturas sem solo, etc. j) Experiência Regional - Os produtores da região têm uma grande experiência na produção hortícola capaz de ser potenciada, assim eles considerem favoráveis as condições para o desenvolvimento da mesma. Importa ainda referir que os investimentos na horticultura e floricultura são habitualmente feitos por Pequenas e Médias Empresas, muitas vezes já instaladas a nível local ou regional, de tipo familiar, o que normalmente garante a perenidade do investimento, fomentando o desenvolvimento local e regional (praticamente sem riscos de deslocalização - como se vem observando noutros sectores - fruto da sua dependência, principalmente de condições climáticas específicas da região). Estas explorações estão associadas, à criação de um número significativo de empregos, considerado por muitos de risco reduzido, e de rentabilidade interessante, e pouco consumidora de energia (nas nossas condições). Esta situação é necessariamente uma grande vantagem comparativa, face a outras regiões produtoras do país e da Europa, dadas as perspectivas de um crescente aumento nos custos da energia a nível mundial. Por fim convém recordar que a hortofloricultura é um sector com potencial de crescimento em consequência do aumento do consumo “per capita” (onde o nosso país não é auto-suficiente), tendo ainda um significativo potencial exportador. Para além destes aspectos, a análise dos Pontos Fortes e Oportunidades atrás apresentada, faz deste sector, se analisado de uma forma racional, um sector com futuro na região do Algarve, capaz de, na nossa opinião, competir com os melhores. Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve 50/50