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O ESTADO DO MARANHÃO · São Luís, 6 de setembro de 2015 - domingo
Para resgatar
e preservar
a memória
Projeto
encabeçado pelo
Museu da
Memória
Audiovisual do
Maranhão
registrará em 39
filmes e um
longa-metragem
nomes das artes
plásticas do
Maranhão
Autorretrato, obra de Antônio Almeida
Carla Melo
Da Equipe de O Estado
A
história e a memória de
pintores e escultores
maranhenses são a matéria-prima de uma série de documentários que o Museu da
Memória Audiovisual do Maranhão (Mavam), da Fundação
Nagib Haickel, prepara para
lançar ano que vem. A produção resultará em 39 filmes de
26 minutos cada um e um longa-metragem que terá depoimentos e imagens pinceladas
por meio de um trabalho de localização de fontes, obras, fotografias, reportagens e informações bibliográficas.
O projeto, aprovado pela Lei
Estadual de Incentivo à Cultura, é feito pelo Mavam em conjunto com as empresas e os
produtores independentes que
compõem o Polo de Cinema
Ficcional, Documental e de
Animação do Maranhão e já
começou.
Dos 39 filmes, 13 estão finalizados, 13 em fase de produção e os demais na etapa de
pesquisas. Joaquim Haickel,
que comanda a equipe composta pelo cineasta Beto Matuck, o diretor de som André
Lucap e a roteirista e pesquisadora Renata Valdejão, explica que a ideia do projeto nasceu depois que ele concluiu,
em parceria com Beto Matuck,
uma série de documentários
sobre imortais da Academia
Maranhense de Letras.
Para se chegar aos nomes
dos artistas retratados, a equipe teve como primeira referência o livro “Arte do Maranhão
1940/1990, publicado pelo extinto Banco do Estado do Maranhão. “Mas no decorrer das
pesquisas, entendemos que deveríamos contemplar outros
nomes”, destaca Beto Matuck,
ressaltando que o trabalho é
documental.
A pesquisadora Renata Valdejão conta que durante o trabalho eles foram alcançando
nomes que até mesmo para a
equipe eram desconhecidos.
Ela cita como exemplo a artista plástica Tita do Rêgo, natural de Caxias, mas radicada há
muitos anos na Alemanha e
com grande reconhecimento
na Europa. É dela a xilogravura exposta no Museu da Balaiada, em Caxias, que retrata as-
Pintura de Mondego
pectos da batalha.
Além de entrevistas com parentes e amigos dos artistas que
já morreram, com estudiosos
de arte, pesquisadores e escritores e depoimentos dos artistas que estão vivos, a equipe do
Mavam busca também informações que incluem visitas a
museus, centros de artes e casas de colecionadores.
Viagens - Para concretizar o
projeto, a equipe tem viajado
por diversas cidades não só no
Maranhão, mas também para
outros estados nos quais muitos artistas se radicaram. Para
gravar a obra de Fernando
Mendonça, por exemplo, eles
acompanharam o artista até o
povoado de Bacurituba, em Alcântara. Em Caxias, colheram
informações sobre Celso Antônio e Tita do Rêgo. Visitaram
ainda Alcântara, onde o pintor
Péricles Rocha mantém um
ateliê; Viana, terra natal do artista Cláudio Costa; e Vitória do
Mearim, cidade do xilogravurista Ayrton Marinho.
No Rio de Janeiro, foram feitas gravações com João Atanásio e Marçal Athayde, dois dos
vários artistas que precisaram
sair do Maranhão em busca de
novos mercados. A cidade flu-
minense será visitada ainda
mais uma vez, na próxima etapa do projeto, que ocorrerá em
outubro. Lá a equipe colherá
depoimento do poeta Ferreira
Gullar, amigo de juventude de
alguns dos pintores retratados.
Também filmarão no Museu Nacional de Belas Artes,
herdeiro da Academia Imperial e da Escola Nacional de Belas Artes, cujo acervo artístico
de mais de 20 mil obras inclui
trabalhos dos escultores maranhenses Celso Antônio e Flory
Gama. A coleção é especializada na produção estética brasileira do século XIX à atualidade, mas também tem representantes da arte europeia.
Do Rio, eles seguem rumo a
Brasília, onde será gravado o
depoimento de José Sarney, um
dos grandes apoiadores das artes no Maranhão. Já na Bahia
eles visitarão a viúva e familiares de Floriano Teixeira, que
passou grande parte de sua vida em Salvador.
O ilustrador e pintor Floriano Teixeira se tornou grande
amigo do escritor baiano Jorge
Amado. “Por isso mesmo, Floriano Teixeira acabou mais conhecido na Bahia do que no
Maranhão, e hoje uma das
principais fontes de informação sobre o artista maranhense é a Fundação Jorge Amado”,
destaca a pesquisadora Renata
Valdejão.
Joaquim Haickel ressalta
que outra cidade baiana a ser
visitada será Nova Viçosa. “Lá
vamos falar com o escultor,
gravador e fotógrafo polonês
radicado no Brasil, Frans
Krajcberg, que em uma de
suas várias visitas a São Luís
fez um livro de fotografias sobre a cidade. Em uma dessas
ocasiões, Krajcberg foi apresentado a Maia Ramos, com
quem teve muita afinidade estética”, diz Haickel.
Mais
Documentários em fase de produção - Artistas Vivos
Miguel Veiga, Lobato, Cosme, Ana Borges, Almir Valente, A. Garcês,
Luis Carlos, Tita do Rêgo, J. Bezerra, Fransoufer, Cordeiro do
Maranhão, Rosilan Garrido e ainda um vídeo com novos nomes da
cena visual no Maranhão
Documentários prontos - Artistas Vivos
Dila, Fernando Mendonça, Marçal Athayde, Jesus Santos, Péricles
Rocha, Mondego, Ciro Falcão, Thiago Martins, Airton Marinho,
Cláudio Costa, Paulo Cesar, Marlene Barros e João Atanásio
Foto/Divulgação
André Lucap, Beto Matuck e Renata Valdejão compõem a equipe do projeto
Documentários em fase de produção – Artistas mortos
- Antônio Almeida - Pintor, escultor, muralista,
gravador, ilustrador, ceramista e entalhador nascido
em Barra do Corda, em 1922. Autodidata, inspirou-se
na literatura de cordel. Foi um dos precursores do
Modernismo no Maranhão. Morreu em 2009.
- Flory Gama - Escultor nascido em Vargem Grande,
em 1916. Transferiu-se para o Rio, onde morou e
trabalhou em seu ateliê no Museu Nacional de Belas
Artes. Fez a máscara mortuária de Getúlio Vargas.Tem
obras na França, Argentina e Índia. Morreu em 1996.
- Celso Antônio de Menezes - Escultor nascido em
Caxias em 1896. Estudou na França com Antoine
Bourdelle, discípulo de Rodin. No Brasil, participou do
movimento cultural modernista, ao lado de Anita
Malfatti, Di Cavalcanti e Tarsila. Morreu em 1984.
- Maia Ramos - Escultor e pintor nascido em Portugal
e radicado em São Luís em 1929. Sua escultura
explora raízes e troncos. As obras são composições
híbridas que retratam pessoas, animais e plantas ao
mesmo tempo. Morreu em 1995.
- Fernando P - Pintor e gravurista nascido em 1917, em
São Luís. Em 1939, transferiu-se para o Rio de Janeiro.
Atuou como ajudante de Di Cavalcanti. Teve diversas
participações no Salão Nacional de Arte Moderna, entre
1952 e 1965. Morreu no Rio, em 2005.
- Nagy Lajos - Pintor, desenhista e artesão húngaro
que migrou para São Luís na década de 1960. Atuou
como professor da maioria dos artistas de São Luís na
década de 1970. Morreu em 1989.
- Floriano Teixeira - Pintor, desenhista, miniaturista,
gravador e escultor nascido em Cajapió, em 1923. No
Ceará, atuou como o primeiro diretor do Museu de
Arte da Universidade Federal do Ceará. Em seguida, se
mudou para a Bahia, onde trabalhou como gravurista
do escritor Jorge Amado. Morreu na Bahia em 2000.
- Newton Sá - Escultor nascido em Colinas, em 1908. É
autor da “Mãe D´água”, escultura da Praça Dom Pedro
II . Mudou-se para o Rio, onde morre em 1940.
- Ambrósio Amorim, Telésforo Rêgo, Zaque Pedro e
Tonico Tavares também compõem esta fase do projeto
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