Falta de água potável causa 1,6 milhões de mortes

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TEXTO 01: Falta de água potável causa 1,6 milhões de mortes
Quando uma torneira é aberta para extrair o suficiente para encher um simples copo de água, raras
vezes vem à lembrança que em certas zonas do globo comunidades inteiras têm de percorrer dois a três km
por dia para aceder a uma torneira pública.
A falta de acesso a água potável e a um saneamento adequado causa, em todo o mundo, 1,6 milhões
de mortes por ano. Perante este cenário, não é de estranhar que um dos grandes desafios do século XXI
passa por levar este recurso precioso ao maior número de torneiras, mas, sobretudo, assegurar a paz através
da sua distribuição equilibrada e equitativa.
Mas o panorama pode tornar-se mais negro. Em 2025, estima-se que 1,8 mil milhões de pessoas
vivam em países ou regiões com escassez grave de água, sendo que dois terços da população mundial
deverá estar em condições de stress hídrico, que se aplica a situações em que não existe água suficiente
para toda a procura, quer seja na agricultura, indústria ou doméstica. A disponibilidade mundial de água per
capita será menos de metade do que era nos anos 60 do século passado e terá diminuído 25 por cento em
relação a 1990.
Por outro lado, até 2025, prevê-se que a procura de água aumente 50 por cento nos países em
desenvolvimento, e 18 por cento nos países desenvolvidos. Esta situação decorre do significativo crescimento
da população, sobretudo nos países mais pobres, e da sua concentração em grandes cidades. Segundo o
U.S. Census Bureau, a população mundial deverá aumentar 50 por cento, 9,5 mil milhões de pessoas, até
2050. Em África, espera-se que a população urbana mais do que duplique nos próximos 25 anos, enquanto a
população urbana asiática irá quase duplicar.
Combates pela água crescem
Face a estas dificuldades, a escassez de água levará países e grupos armados a entrarem em conflito
nos próximos 25 anos, sendo mesmo a primeira causa das guerras em África até 2030, principalmente em
regiões pobres que compartilham rios e bacias hidrográficas. Foram identificados 46 países, onde vivem 2,7
mil milhões de pessoas, nos quais há alto risco de conflitos violentos provocados pela escassez de água. «A
água já é um motivo de conflito entre países onde ela escasseia», aponta Amílcar Soares, responsável pela
Rede de Observação e Análise da Desertificação e Seca. O especialista dá como exemplo o conflito do Darfur
(Sudão), que tem na sua origem a degradação e empobrecimento gradual dos recursos naturais, em particular
a água potável.
Os países do Médio Oriente, da Ásia e de África terão cada vez menos água. E as potências
emergentes, com elevados índices populacionais, vão ver a sua situação agravar-se: a Índia passará de alerta
amarelo para alerta vermelho, dado que mais de 40 por cento da água doce necessária não estará disponível
a partir da natureza; e a China poderá evoluir para alerta amarelo (entre 40 a 20 por cento de défice), apesar
de hoje ser detentora de uma situação satisfatória. Nessa altura, metade das camas dos hospitais estará
ocupada por pacientes que sofrem doenças de vector hídrico.
Rios poluídos
Actualmente, dois mil milhões de pessoas, cerca de um terço da população mundial, dependem das
reservas de água subterrâneas. Em alguns países, como algumas zonas da Índia, China, Ásia Ocidental,
incluindo a Península Arábica, e a zona Oeste dos Estados Unidos, o nível das águas está a descer devido ao
consumo excessivo.
Por outro lado, cerca de metade dos rios do planeta estão poluídos ou com as suas reservas naturais
esgotadas. Algumas das zonas húmidas ou águas interiores mais importantes do mundo, incluindo o Mar de
Aral ou os pântanos da Mesopotâmia, foram-se reduzindo, e mais de 20 por cento das 10 000 espécies
conhecidas que viviam na água doce extinguiram-se.
Mesmo as regiões do mundo com maiores disponibilidades de água vão passar a conviver de perto
com a escassez. Quase toda a Europa entrará em alerta amarelo em 2025 (Espanha, Alemanha e Itália são já
hoje países neste nível de alerta), com destaque para os países da orla mediterrânea. De acordo com um
relatório recente da Comissão Europeia, 33 bacias hidrográficas localizadas em 13 Estados-membros sofrem
de escassez de água, representando 12 por cento do total do território europeu e 19 por cento da população
europeia.
TEXTO 02: Brasil é o que tem mais a ganhar com formalização dos BRICs
A criação oficial de um grupo que reúna os quatro países dos BRICs parece ser mais importante para
o Brasil do que para os outros três parceiros do grupo - Rússia, Índia e China.
Os quatro países preparam o primeiro encontro oficial dos BRICs (grupo que até hoje existe apenas
como um conceito formulado pelo mercado financeiro para se referir às grandes economias emergentes) para
meados deste ano.
A intenção é discutir interesses comuns e uma possível estratégia conjunta para enfrentar a crise
econômica mundial.
O grande problema, no entanto, é o fato de que os interesses do grupo são muitas vezes distintos tanto do ponto de vista econômico, como político. Além disso, não se sabe o grau de importância real que
cada país daria ao grupo.
Associação direta
O Brasil, que vem aumentando visivelmente a sua atuação diplomática nos últimos anos e pretende
ser reconhecido como muito mais do que uma potência regional, provavelmente vai tratar o grupo como uma
de suas prioridades internacionais.
Afinal, o país ganha ainda mais peso ao ser associado diretamente com uma potência econômica
como a China ou a um país líder na produção de energia como a Rússia.
Para os outros países, no entanto, o grupo pode acabar não sendo tão prioritário. Mesmo que os três
consigam maiores benefícios com uma ação conjunta dos BRICs, eles já têm um envolvimento maior do que o
do Brasil em algumas áreas chave da política internacional.
Os três parceiros do Brasil são potências militares estabelecidas e todos possuem a bomba atômica o que lhes confere um peso diferente na grande maioria das negociações internacionais.
China e Rússia têm assentos permanentes no Conselho de Segurança da ONU, o mais importante
fórum de política externa do planeta.
Além disso, a Rússia faz parte do G8 e a economia chinesa já é a terceira maior do mundo.
A Índia é tida como o país mais importante para garantir algum nível de estabilidade no Sul da Ásia,
uma das regiões mais voláteis e importantes para a política externa das grandes potências ocidentais, e sua
economia é uma das que mais cresce no mundo.
A lista inclui ainda fatores como o tamanho dos mercados consumidores de Índia e China e o fato de a
Rússia ser a maior fornecedora de energia para a Europa.
Economia
Ou seja, do ponto de vista da diplomacia internacional, Rússia, China e Índia têm um papel muito
maior do que o Brasil.
O que ajuda o Brasil a ganhar mais peso, tanto dentro dos BRICs como em relação ao resto do
mundo, é a estabilidade econômica criada na última década e o crescimento do PIB nacional.
Neste quesito, o Brasil está muito melhor, por exemplo, do que a Rússia - que chegou a ser colocada
fora do grupo dos BRICs por alguns analistas financeiros internacionais.
E é por isso que a crise econômica mundial veio em péssima hora para o Brasil.
Como os setores mais afetados da economia brasileira são justamente os mais ligados à exportação,
dada a queda de demanda internacional, o país perde poder de barganha em negociações comerciais.
A expectativa de estagnação no crescimento do PIB este ano também cria problemas para o Brasil,
especialmente se comparado ao crescimento forte que Índia e China registrarão este ano - embora também
estejam sofrendo com a crise.
Além disso, a crise afugenta investimentos internacionais e, caso se prolongue por muito tempo, pode
afetar inclusive a positiva percepção que a maioria dos países estrangeiros têm do governo do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
Com a economia desacelerando, o Brasil fica ainda mais dependente do carisma do próprio presidente
Lula no cenário internacional.
Um grande teste será a reunião do G20 em Londres esta semana.
A reunião dá ao presidente uma oportunidade para influenciar os outros chefes de Estado e se colocar
como uma espécie de porta-voz de parte do mundo em desenvolvimento.
Caso o presidente seja bem sucedido, o Brasil ganhará mais prestígio tanto no cenário internacional
como na relação com os outros países dos BRICs.
Texto 03: Países pobres concentram quase todo crescimento populacional do mundo
São os países pobres os responsáveis pela quase totalidade do crescimento da população mundial,
segundo um relatório divulgado nesta terça-feira (19), que destacou que o aumento sutil de habitantes nas
regiões mais ricas é fruto da imigração.
Os dados mais recentes do "Escritório de Referência de População" ("PRB", em inglês) revelaram que,
em 2008, a população mundial subiu para 6,7 bilhões de habitantes, sendo que 1,2 bilhão vivia nas regiões
mais desenvolvidas e os 5,5 bilhões restantes, nas zonas mais pobres.
Até 2050, acredita-se que esta disparidade aumente ainda mais. Segundo previsões, 86% dos 9,3
bilhões de habitantes mundiais residiriam em países menos desenvolvidos, enquanto atualmente são 82%.
Diferenças entre Itália e Congo
Como exemplo, o demógrafo do "PRB", Carl Haub, afirmou em entrevista coletiva que apesar de a
Itália e a República Democrática do Congo (RDC) terem quase o mesmo número de habitantes -60 e 67
milhões, respectivamente-, em 2050 aumentaria levemente para 62 milhões no primeiro, enquanto no último
dispararia para 189 milhões.
Os 191 milhões de imigrantes mundiais contribuíram para aumentar os níveis demográficos de países
desenvolvidos, concentrados em sua maioria na Europa, América do Norte e nas regiões da antiga União
Soviética.
Atualmente, a China, - com 1,324 bilhão de habitantes-, a Índia - com 1,149 bilhão - e os Estados
Unidos -com 304,5 milhões- lideram a lista de países mais populosos.
Estima-se que, em meados deste século, a China vai crescer 8%, cedendo a primeira posição para a
Índia, que aumentará seus habitantes em 53%.
Os EUA manterão sua terceira posição na lista, enquanto alguns países registrarão queda
demográfica, como a Espanha, que diminuirá sua população em 6%, a Alemanha (13%), a Rússia (22%) e o
Japão (25%).
África cresce mais rápido
A população da África, que atualmente está crescendo mais rápido do que a de qualquer outra região,
representarão 21% dos habitantes mundiais em 2050, em comparação com os 9% registrados em 1950.
Enquanto os europeus optam por ter um ou dois filhos, os africanos subsaarianos têm cinco em média
e os asiáticos, entre dois e três.
Quanto à mortalidade relacionada ao parto, os dados alertam que uma de cada 22 mulheres morre na
África Subsaariana, a mesma relação verificada em aproximadamente 50 países registrados pelas Nações
Unidas como muito pobres.
Enquanto isso, nas regiões desenvolvidas, apenas uma de cada seis mil perde a vida dessa forma.
Da mesma maneira, 18% dos habitantes das regiões mais pobres estão desnutridos, já que 35%
destas pessoas consomem uma quantidade menor de calorias diárias do que as consideradas como o mínimo
para levar uma vida saudável e ativa.
Estes dados sobem para até 60% em muitos dos países de África Subsaariana.
Sobre isso, o analista do "PRB" Richard Skolnik ressaltou que "a educação materna é solução para a
nutrição das crianças", e que "os maus hábitos alimentares podem afetar suas capacidades cognitivas, o
rendimento escolar, a produtividade como adultos e o desenvolvimento econômico do país".
Outro dado obtido pelo estudo ilustra que, em 2008, pela primeira vez na história, a metade da
população mundial vivia em áreas urbanas.
A proporção de residentes urbanos globais subirá para até 70% em meados deste século.
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