Conhecer o Ceu de Inverno

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O Céu de Inverno
Quando pensei em redigir este texto sobre astronomia pensei em vários temas, todos eles muito
interessantes para que gosta desta área. Contudo, já que vamos ter uma edição do nosso jornal
por período escolar, achei que seria interessante apresentar o céu de cada estação do ano, de
modo a que qualquer um de vós, quando apontar o nariz ao céu, deixe de ver apenas um céu
estrelado, e veja mais para além disso. Vamos então conhecer o céu.
Distância Angular
Antes de mais convém referir algumas ferramentas que nos vão ajudar a situar os astros
visualmente. Uma delas é a distância angular.
Fig. 1- Exemplos de algumas distâncias angulares
Para podermos avaliar visualmente a distância entre dois pontos distantes avaliamos a sua
“distância aparente” que consiste no ângulo de visão definido por esses pontos.
Uma forma prática de estimar o valor da distância angular consiste em esticar o braço e fechando
um olho, apontar o corpo. Mediante a necessidade de preencher o espaço entre os dois pontos
com um dedo, vários dedos ou a mão, assim estimamos o valor da distância angular.
Fig.2 –Referências práticas para avaliar a distância aparente. Esta avaliação pressupõe que o braço esteja esticado.
Conhecer o céu no Inverno
As noites frias de Inverno convidam pouco a apontar o nariz ao
céu, o que realmente é uma pena pois são sem dúvida noites
mais transparentes que as noites de verão.
Quem olha de repente para o céu, sem habituação prévia á
escuridão, surgem-nos as estrelas mais brilhantes do céu: Capela
(em Auriga), Castor e Pólux (em Gémeos), Prócion (em Cão
Menor), Sírio (em Cão Maior), Aldeberã (em Touro) e as estelas
Betelgeuse e Rígel (em Orionte). Este conjunto de estrelas, no
seu todo, estão organizadas num enorme “G” plantado no meio
do céu.
Fig.3- Constelação de Orionte
O centro desse “G” é dominado pela constelação de Orionte (ou Orion- o caçador), facilmente
reconhecido por ter três estrelas (Alnitak, Alnilam e Mintaka) alinhadas formando o cinto de
Orionte .
Fig.4- Céu de Inverno no Hemisfério Norte
Abaixo do cinto temos a bainha da espada onde
encontramos a nebulosa M42, visível a olho nú (em noites
transparentes e após adaptação da visão ao escuro) mas
se vista com um telescópio de 8 polegadas (um dos da
Escola) surge como uma plumagem de pavão.
Esta constelação oferece ainda duas supergigantes, a
Betelgeuse (supergigante vermelha) e Rígel que na
realidade é uma estrela dupla (uma laranja e outra azul).
Fig.5 – M42 abaixo da cintura de Orionte
Outra nebulosa muito bela que se pode encontrar em Orionte é a
nebulosa da cabeça de cavalo, que se situal logo abaixo da Alnitak
(a 1ª das 3 estrelas da cintura de Orionte) e que não é mais do
que uma nuvem de pó que obscurece a luz da nebulosa de
emissão que existe por detrás.
Orionte apresenta muitos mais motivos de interesse, mas não
quero perder o rumo na nossa visita ao céu de Inverno, por isso
Fig.6 –cabeça de cavalo
prossigamos.
Prolongando a linha da cintura de Orionte cerca de 20º para a esquerda vamos encontrar Sírius, e
sensivelmente a mesma distância para a direita temos
Aldebarã.
Sírius é a estrela mais brilhante da noite por ser a mais
próxima depois do Sol, e pertence à constelação de Cão
Maior (um dos cães do caçador Orionte). Aldebarã é o
centro da constelação de Touro que conjuntamente com
as Hyades formam a cabeça do Touro (é o olho do Touro).
Prolongando ainda esta linha 15º para a direita de
Aldebarã encontraremos as Plêiades (M45) – as sete
irmãs. Um cluster de estrelas bebé facilmente visível a
olho nú.
Fig.7 – Constelação de Touro
Entre as extremidades dos
chifres do Touro, conforme a figura 7, temos o primeiro objecto
Messier (M1) – a nebulosa de Caranguejo – que é o que resta de uma
supernova registada em 1054 por chineses e árabes.
Voltando ao centro de Orionte e seguindo cerca de 50º na direcção
Norte encontraremos outra das mais brilhantes estrelas do céu
nocturno – Capela – como se fosse uma jóia num colar de pérolas
Fig.8 – Nebulosa do Caranguejo
chamado Constelação de Auriga (ver Figura 4).
De volta ao centro de Orionte e alinhando com Betelgeuse teremos a
cerca de 40º as estrelas Castor e Pólux – as cabeças dos dois irmãos que constituem a constelação
de Gémeos.
Para completar o referido “G” falta apontar Prócion na constelação de Cão Menor (mais um dos
cães de Orionte) que se situa a cerca de 30º à esquerda na linha dos ombros de Orionte (Fig.4).
Feita esta ronda pelos frios céus que o inverno nos trará, convém referir que as lindas cores das
imagens aqui apresentadas são obtidas fotograficamente ( normalmente com equipamento muito
sensível, em longas exposições, às quais sucede aturado processamento digital mas isso fica para
depois).
Fontes consultadas:
•
Berthier,D.; “Urban Astronomy”; Cambridge University Press; 2003
•
Almeida, G.,Ferreira,M.; “Introdução à Astronomia e às Observações Astronómicas”; Plátano
Edições Técnicas; 1ª Edição; 1993
•
“The Winter Sky tour” in http://my.execpc.com/60/B3/culp/astronomy/Winter/winter.html ;
(20101121)
•
“Messier object gallery”; http://thebigfoto.com/messier-objects-gallery-m1-m11 ;(20101121)
Prof. Álvaro Folhas
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