Normas para envio dos trabalhos completos dos EDPs:

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Paula da Silva Ramos
Mariama Brod Bacci
Haliskarla Moreira de Sá
Maria Paula Casagrande Marimon
Neres Lourdes da Rosa Bitencourt
Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC
E-mail: [email protected]
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA: ECOSSISTEMAS DA ILHA DE SANTA
CATARINA
INTRODUÇÃO
A Ilha de Santa Catarina está inserida em um dos biomas mais ameaçados do mundo, a Mata
Atlântica. Dentro deste riquíssimo complexo, que integra uma grande biodiversidade e
geodiversidade, existem diversos ecossistemas, que igualmente encontram-se vulneráveis. Na
Ilha, podemos encontrar o Ecossistema de Floresta Pluvial da Encosta Atlântica e
Ecossistemas Litorâneos, os Manguezais e as Restingas. De acordo com Caruso (1990):
O território da Ilha de Santa Catarina apresenta uma superfície de 423
Km². Originalmente 90% de seu território era coberto pela vegetação
do Bioma Mata Atlântica. Desses 90%, a Floresta Pluvial da Encosta
Atlântica cobria cerca de 74%. Os manguezais ocupavam 9%, e a
vegetação de restinga 7%.
Devido ao crescimento desordenado da cidade, a especulação imobiliária e a falta de
conhecimento sobre estes ecossistemas, a ilha vem sofrendo com a fragmentação progressiva
de suas áreas naturais. Apesar da existência de leis que protejam estas áreas, em muitos
casos, não são conhecidas e respeitadas. Para tanto, se faz cada vez mais necessário o
desenvolvimento de ações que busquem conscientizar as pessoas a cerca da importância e
urgência da preservação destes ecossistemas, bem como a busca por um planejamento
territorial e desenvolvimento econômico adequado a realidade de cada lugar e que propicie a
preservação desses espaços naturais.
Diante dessa realidade, foi realizado no ano de 2009 o Projeto Piloto intitulado
“Educação Ambiental na Escola: Ecossistemas da Ilha de Santa Catarina”. Esse foi
desenvolvido através do Programa de Extensão da Universidade do Estado de Santa
Catariana - UDESC, junto ao Núcleo de Estudos Ambientais - NEA, Departamento de
Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3
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Geografia/FAED e a Escola Estadual Básica Porto do Rio Tavares, situada no bairro Rio
Tavares - Sudeste da Ilha de Santa Catarina, local de realização do projeto. Foram
contemplados com o projeto cerca de 38 alunos na faixa de 11 a 13 anos, da turma 601 - 6ª
série. Ocorreram de um a dois encontros semanais em sala de aula, totalizando
aproximadamente 32 encontros, onde foram desenvolvidas diversas atividades utilizando
instrumentos didáticos pedagógicos variados. Este processo envolveu professores de
diferentes disciplinas, como Português, Ciências, História, Geografia e Artes, uns em maior,
outros em menor grau. E ainda foram realizados outros cinco encontros, como excursões
pedagógicas, onde os estudantes tiveram a oportunidade de vivenciar na prática os conteúdos
estudados em sala. O projeto contou também com o total apoio da equipe pedagógica da
escola, o que se demonstrou de grande importância, e essencial para o bom desenvolvimento
das ações.
O projeto teve como eixo temático o estudo dos ecossistemas terrestres da ilha, bem
como conceitos importantes para o desenvolvimento dos eixos, como o histórico de uso e
ocupação do solo na Ilha de Santa Catarina e da Mata Atlântica e ainda um enfoque especial
ao bairro Rio Tavares, onde está situada a escola e onde vive grande parte dos estudantes e
professores. Este bairro foi propositadamente escolhido para o desenvolvimento do projeto,
pois nele encontram-se todos os ecossistemas estudados, e do ponto de vista
sócio-ambiental, diversas ações antrópicas impactantes ali ocorrem, como aterros em áreas
de manguezal, construções em dunas, verticalizações na orla da praia, falta de saneamento,
poluição de rios e lagoas, desmatamentos, entre outros. O estudo do Bairro objetivou
levantar os pontos positivos e negativos, buscando aliar o desenvolvimento social e
econômico à preservação ambiental.
Os materiais produzidos pelos estudantes ao longo do projeto foram expostos no final
do ano, este evento foi chamado de Mostra Ambiental (Figura 1).
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FIGURA 1: Estudantes organizando materiais para exposição na Mostra Ambiental.
OBJETIVOS
O projeto teve como objetivo principal conscientizar 37 estudantes de 6a série da
Escola Estadual Básica Porto do Rio Tavares quanto á necessidade da preservação dos
ecossistemas existentes na Ilha de Santa Catarina, visando um planejamento territorial
adequado, e um maior equilíbrio econômico, social e ambiental.
Objetivos Específicos:

Conscientizar os estudantes quanto à degradação ambiental dos ecossistemas da
Mata Atlântica e da importância da manutenção das áreas naturais protegidas.
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
Construir junto com os alunos alternativas para um planejamento adequado ao
desenvolvimento local.

Desenvolver conceitos e valores importantes relacionados à conservação dos
ecossistemas existentes na ilha, e em especial no bairro Rio Tavares.

Promover a interpretação ambiental e despertar a curiosidade dos educandos para o
conhecimento da biodiversidade e geodiversidade existente nos ecossistemas da ilha.

Envolver os alunos com as questões sócio-ambientais presentes na comunidade.
METODOLOGIA
Para a melhor organização das etapas do projeto, optou-se por dividir os eixos
temáticos em módulos conforme a seguir: Módulo 1. Conceitos Ambientais, 2. História
Ambiental, 3. Ecossistema de Restinga, 4. Ecossistema de Manguezal, 5. Ecossistema de
Floresta Pluvial da Encosta Atlântica e 5. O Bairro Rio Tavares. Sendo que dentro de cada
módulo houve uma subdivisão. Primeiramente foi realizada uma pré-avaliação, que possibilita
ter uma noção do nível de entendimento dos estudantes sobre determinado assunto. A partir
da análise das pré-avaliações, foi realizado o planejamento das aulas, utilizando diversos
elementos, como apresentação de slides, leituras de textos, trabalhos em grupo, observação
de imagens de satélite, mapas, fotografias aéreas, desenhos, palavras cruzadas, apresentações
orais, maquetes, histórias em quadrinhos, dinâmicas de grupo, entre outras atividades lúdicas.
Torna-se importante ressaltar também, que o primeiro contato com os estudantes, após a
apresentação do projeto, foi à realização de uma autobiografia, o que demonstrou ser de
extrema importância, pois assim, foi possível conhecer um pouco a realidade vivida por cada
integrante da turma.
Após o desenvolvimento dos conteúdos teóricos, os estudantes tiveram a
oportunidade de vivenciar na prática o que foi estudado em sala. Para tanto foi realizado o
“estudo do meio”, que consiste em excursões pedagógicas a Unidades de Conservação, ou a
outro espaço educativo que contemple os temas previamente abordados (Figura 2). A
primeira excursão pedagógica realizada foi ao Museu do Homem do Sambaqui, no Colégio
Catarinense – Centro de Florianópolis. Esta excursão teve por objetivo a vivência do
conteúdo estudado no Módulo 2. História Ambiental, onde os estudantes observaram e
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entenderam um pouco da cultura dos povos indígenas que habitavam a ilha no passado. Para
a vivência prática dos Ecossistemas de Restinga, Manguezal e Floresta Pluvial da Encosta
Atlântica, foram realizadas excursões pedagógicas para respectivamente, as seguintes
Unidades de Conservação: Parque Estadual da Serra do Tabuleiro (FATMA), Estação
Ecológica de Carijós (IcmBio) e Unidade de Conservação Ambiental Desterro (UFSC).
Nessas Unidades de Conservação foram realizadas palestras e trilhas interpretativas com os
monitores ambientais. A última vivência consistiu em percorrer o bairro Rio Tavares, parte de
sua bacia hidrográfica e áreas adjacentes, com o objetivo de analisar a situação
sócio-ambiental da região. Este processo resultou em uma produção textual coletiva, com o
titulo: “O Rio Tavares que temos e o Rio Tavares que queremos”, onde os aspectos positivos e
negativos foram abordados.
FIGURA 2: Excursão pedagógica á Estação Ecológica de Carijós.
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Após a realização de cada uma destas excursões pedagógicas, o tema continuava a
ser trabalhado em sala. Para tanto, os estudantes elaboraram relatórios em forma de livros,
maquetes, cartazes, histórias em quadrinhos, além das discussões e avaliações orais sobre os
conteúdos. A última etapa de cada módulo foi a realização de uma pós-avaliação, que por ser
igual à primeira, tornou possível obter um resultado quantitativo quando comparadas as pré e
pós-avaliações.
A concepção teórica para o estudo dos ecossistemas foi baseada principalmente nas
obras de Roberto Miguel Klein, Mariléa Martins Caruso, Centro de Estudos e Cidadania
(CECCA) e ainda as resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, e o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Para a concepção metodológica do
projeto foram utilizadas as obras de Reigota (2001), Brugger (1994) e Dias (2007).
RESULTADOS ALCANÇADOS
Os resultados obtidos com a realização deste projeto foram diversos, em vista do
tempo de duração (um ano letivo), do contato com os estudantes, das atividades realizadas e
do envolvimento da própria escola. Portanto, torna-se difícil quantificar e qualificar todas as
etapas deste processo. Buscou-se então, ressaltar os pontos mais significativos, cientes de
que esta avaliação em alguns aspectos se torna subjetiva e muitas vezes imensurável. Sendo a
educação ambiental um processo contínuo, onde os resultados mais importantes ocorrerão
em diferentes etapas da formação dos cidadãos.
Pôde-se constatar ao longo do ano um maior desempenho por parte dos estudantes,
isso se torna perceptível quando verificada a ampliação do vocabulário, a apropriação de
conceitos, os questionamentos realizados, as atitudes, a valorização dos ecossistemas, entre
outros. Segundo a professora de Língua Portuguesa da Escola, Nadia Martins, os estudantes
da turma participante do projeto tiveram um melhor desenvolvimento quando comparada as
outras turmas, no que se refere á interpretação textual, escrita e vocabulário.
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Os resultados quantitativos foram mensurados a partir da comparação das pré e
pós-avaliações, feitas pelos estudantes no início e término de cada módulo. Portanto, os
resultados se tornam perceptíveis com a visualização por meio de gráficos (desempenho dos
estudantes). Ver Figuras 3 e 4.
FIGURA 3. Pré-Avaliação do Módulo 2 – Ecossistema de Manguezal
No gráfico da Figura 3, que se refere á pré-avaliação realizada no início do Módulo 2
– Ecossistema de Manguezal é possível verificar o conhecimento dos estudantes a cerca do
assunto antes deste ser trabalhado em sala e nas atividades em campo.
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FIGURA 4. Pós-Avaliação do Módulo 2 – Ecossistema de Manguezal
O gráfico da Figura 4: refere-se a pós-avaliação realizada no final Módulo 2 –
Ecossistema de Manguezal, onde é possível verificar o conhecimento dos estudantes a cerca
do assunto posteriormente ao trabalhado em sala e de campo.
A partir da análise e comparação dos gráficos, pode-se perceber que a média das
notas dos estudantes teve um aumento considerável. Sendo importante ressaltar que na
pós-avaliação as notas ficaram entre 6 e 10, sendo a mais frequente a nota 9, e na
pré-avaliação, entre 3 e 8, a mais freqüente foi a nota 5. Estes resultados se repetiram nos
outros módulos desenvolvidos pelo projeto.
Outro importante resultado a ser ressaltado foi o texto coletivo “O Rio Tavares que
Temos, O Rio Tavares que Queremos”, onde os estudantes puderam manifestar suas opiniões
sobre os aspectos positivos e negativos existentes no bairro. Seguem alguns trechos retirados
desta produção que são auto-explicativos dos resultados do projeto: “... É nosso dever
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preservar a riqueza de um bairro talvez pequeno, mas com tantos tesouros, como, por
exemplo, fazer parte do bioma Mata Atlântica, que é rico em biodiversidade, e está
ameaçado de extinção, isso porque só restam 7% da Mata Atlântica!”. “... o Rio Tavares
que nós queremos é um Rio Tavares mais limpo, com mais áreas de preservação, com
tratamento de esgoto, sem lixo jogado nas ruas e com mais segurança. Mas de nada adianta
construir estradas, ciclovias, praças e para isso aterrar o manguezal e destruir ou derrubar as
árvores da floresta ou da restinga, tem que fazer isso de um jeito que não destrua o meio
ambiente...”. “...Também tem um porém, nós queremos mudar, mas todo mundo fica sentado
esperando que as autoridades venham e mudem. Tem um ditado que diz assim: “Espere
sentado porque de pé cansa”. Nós temos que nos juntar, correr atrás do que queremos. Se
cada um fizer a sua parte o Rio Tavares ficará muito melhor e mais alegre. Todos podem
ajudar!”
Por fim, é importante ressaltar que coordenação da escola enviou uma carta á
UDESC solicitando a continuidade às ações do projeto em 2010. Sendo que o mesmo foi
ampliado e transformado em um Programa de Extensão, onde estão previstas quatro ações:
Elaboração de Material Didático para professores e estudantes, Curso de Formação para
Professores, o projeto com os alunos “REDE-ILHA” Redescobrindo a Ilha: Conhecer,
Planejar e Preservar (realizado com as três 6a séries da Escola, abrangendo cerca de 75
estudantes e por último uma Mostra Ambiental, onde as atividades realizadas até o final do
ano estarão expostas para a comunidade escolar. O programa encontra-se em andamento, a
segunda etapa do Curso de Formação para Professores (a primeira etapa foi realizada em
fevereiro-março de 2010) está em fase de planejamento do cronograma e avaliação de
espaços físicos e recursos humanos. O Material Didático também tem a sua segunda etapa de
elaboração no início do semestre, e encontra-se atualmente em fase final de confecção. E a
ação REDE-ILHA está iniciando o Módulo 3 - Ecossistema de Manguezal junto ás três 6a
séries da escola. Esta ampliação da atuação do projeto tem como objetivos envolver os
professores, coordenação pedagógica e demais funcionários da escola com as ações
realizadas pelo projeto, gerando subsídios para trabalhos e ações posteriores em educação
ambiental.
BIBLIOGRAFIA
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CARUSO, Mariléa Martins Leal. O desmatamento da Ilha de Santa Catarina de 1500
aos dias atuais. Florianópolis: UFSC, 1990.
CECCA, Centro de Estudos e Cidadania. Um cidade numa ilha: relatório sobre os
problemas sócio-ambientais da Ilha de Santa Catarina. Florianópolis: Insular, 1997.
DIAS, Genebaldo Freire. Educação Ambiental: princípios e práticas. 6ª. edição revista e
ampliada. São Paulo: Gaia, 2000 2007.
FREIRE. Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários a prática educativa.
São Paulo: Paz e Terra, 1996.
HORN, N.O.; LEAL, P.C; OLIVEIRA, J. S. de. Problemas de degradação nos
ecossistemas costeiros da ilha de Santa Catarina, SC, Brasil. Anais da Academia
Brasileira de Ciências, p. 124-131, 2000.
REIGOTA, Marcos. O que é educação ambiental. São Paulo: Brasiliense, 2001.
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