Capítulo I Começando A linhavaremos rápidas considerações sobre o importante assunto, como apresentado na Palavra de Deus. a) Origem – Nos registros arqueológicos de Ur-Namus, 2.250 anos antes de Cristo, portanto, mais ou menos um milênio antes de Moisés, as Escrituras revelavam sobre anjos protegendo a cabeça do rei, na época de Ur-Namus e, depois, anjos coincidindo com a mitologia no seu apogeu. Em quase toda a Escritura, em quase todas as pinturas e de modo particular no livro bíblico de Êxodo, eles aparecem em bordaduras, em ornamentos do tabernáculo e posteriormente no templo de Salomão. Queiramos ou não, a grande ênfase sobre anjos está na Anjos Bíblia, tanto no Antigo como no Novo Testamento. O uso na Bíblia se relaciona não só nas gravuras, mas nas personagens reais. Apareceram e foram vistos por homens e mulheres, dialogaram, trouxeram mensagens do Trono, alguns retornaram à Terra, outros, no entanto, desapareceram para sempre. b) Significado da palavra – No hebraico é mal’ak e no grego ángellos e ambos significam “mensageiros”. A Bíblia atribui aos anjos certas funções ou trabalhos, como “anunciar”, “avisar”, “destruir” e “orientar”. Ao longo de nossas considerações, neste estudo, entraremos em íntimo relacionamento com essas criaturas celestiais. c) Ocorrência na palavra – No Antigo e no Novo Testamento, o vocábulo ocorre nada menos de trezentas vezes. Dessas trezentas vezes, 43 aparecem num verbete especial referindo-se ao ANJO DO SENHOR, que será considerado em destaque adiante. d) O emprego da palavra – A palavra “anjo”, no hebraico e no grego, pode ser usada em diversos sentidos, como: 1) Jesus (Hb 1.13) 2) Um sacerdote (Ml 2.5) 3) Seres celestiais (Sl 29.1); em sentido amplo pode ser usado como coluna (Êx 14.9); como pestilências (2Sm 24.16,17); como ventos (Sl 104.4); como as pragas (Sl 78.49); pastores das igrejas (Ap 2.1,8,12,18; 3.1,7,14). e) Anjos voando – Nas esculturas, nos desenhos, nas pinturas, nas aplicações em tecido, sempre aparecem anjos com asas 10 C o m eç a ndo e asa é para voar, mas encontraremos isto na Bíblia? O salmo 18.10 diz que a majestade divina “Cavalgava um querubim e voou; sim, levado velozmente nas asas do vento”. Repete-se no salmo 104.3; e em Isaías 6.6 diz claramente: “Então, um dos serafins voou para mim, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz”. Em Daniel 9.21, veja uma declaração que não nos deixa dúvida sobre o voo dos anjos: “Falava eu, digo, falava ainda na oração, quando o homem Gabriel, que eu tinha observado na minha visão ao princípio, veio rapidamente, VOANDO, e me tocou à hora do sacrifício da tarde” (destaque do autor); Apocalipse 14.6 diz claramente que os anjos voam: “Vi outro anjo voando pelo meio do céu, tendo um evangelho eterno para pregar aos que se assentam sobre a terra, e a cada nação, e tribo, e língua, e povo”. Não podemos mensurar a velocidade que os anjos voam, se é que eles usam a velocidade como a conhecemos. Neste aspecto, qualquer suposição não encontra base sólida. f ) A natureza dos anjos – Todos os anjos são criaturas de Deus, portanto, foram criados pelo Todo-Poderoso. 1) São seres espirituais 2) São imortais: tiveram princípio, mas não terão fim. Veja o que diz R. N. Champlin (Antigo Testamento Interpretado, vol. 6, p. 3.790, Editora Hagnos, 2003): “Os anjos também estão envolvidos no julgamento (Mc 8.38 e 13.27) e estão presentes tanto no nascimento de Cristo (Lc 2.13) como por ocasião de sua futura parousia [...] 11 Anjos também estiveram presentes, quando da ascensão de Jesus (Mt 24.31). Podemos entender que eles acompanhavam Jesus Cristo bem de perto, e que fazem o mesmo, ainda que secundariamente com os homens, que compartilham da missão salvadora do redentor”. Em Lucas 4.18-30, observamos o relato da visita de Jesus a Nazaré, terra onde fora criado, Jesus leu uma passagem, na Escritura, que nele se cumpriu, o povo o rejeitou, e tentou matá-lo, precipitando-o do cume do monte. Jesus, porém, saiu ileso. Ainda que no referido texto não se mencionem anjos, gosto de pensar que ali os anjos estavam presentes. Em Marcos, porém, (1.13) temos a forte declaração de que os anjos serviam o Filho de Deus nas duras batalhas contra o diabo. Lucas 22.43 narra, no Getsêmani, a mais renhida batalha que o Senhor enfrentou contra Satanás e o pecado, e que “lhe apareceu um anjo do céu que o confortava”. Judas 7 refere-se aos sodomitas, grandes pecadores, que foram severamente punidos pelo Deus eterno. E no versículo 8 prossegue: “Ora, estes, da mesma sorte, quais sonhadores alucinados, não só contaminam a carne, como também rejeitam governo e difamam autoridades superiores”. E logo no versículo 9 descreve a luta do arcanjo Miguel contra o diabo na guerra sobre o corpo de Moisés (sabemos que Moisés era assassino – Êx 2.12, por isso, o diabo se julgava dono do corpo de Moisés). Dessa passagem vamos para Ezequiel 28.1-10, retratando no rei de Tiro a investidura de Lúcifer: 1) sinete da perfeição; 2) cheio de sabedoria e formosura; 3) posto no jardim de Deus; 4) coberto das preciosas pedras; 5) no dia em que FOI CRIADO; 6) querubim da guarda, ungido; 7) 12 C o m eç a ndo permanecia no monte santo de Deus, e no brilho das pedras andava. Lúcifer se rebelou contra Deus, houve no céu uma revolta e Lúcifer caiu e acabou levando consigo uma grande quantidade de anjos. Agora podemos entender Judas 6: “[...] a anjos, os que não guardaram o seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicílio, ele tem guardado sob trevas, em algemas eternas, para o juízo do grande Dia”. Desse texto de Ezequiel 28 deduzimos que, quando Satanás apareceu no Éden para tentar Adão e Eva, ele já era antigo, mui antigo. Os anjos rebeldes permanecem em “cadeias eternas” para o grande juízo de Deus, portanto, não podem ser os espíritos imundos referidos nos evangelhos. Do que já mencionamos se conclui que o Lúcifer que Deus criou, e por sua ganância de poder se tornou a “antiga serpente”, é um ser espiritual, tem bastante poder, mas não todo o poder, não é ser lúgubre, de olhos vidrados, vestido com uma capa preta, ao contrário, ele é bonito, conservando os antigos traços de sua formosura. Não tem rabo e muitas vezes se transforma até num anjo de luz para enganar (2Co 11.12). Não brinque com ele. g) Julgamento dos anjos – O apóstolo Paulo em 1Coríntios 6.3 diz que nós julgaremos os anjos. Sobre julgamento em Apocalipse recomendo a leitura do Grande júri no Apocalipse, do pastor Rosivaldo de Araújo. Romanos 8.1 afirma que: “[...] nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”. Se não há condenação, 13 Anjos segue-se que não houve julgamento. Cristo pagou tudo por nós e estamos em perfeita paz com Deus. Mas voltando ao assunto de 1Coríntios 6.3, que anjos vamos julgar? Creio que serão os anjos que aderiram à rebelião do antigo Lúcifer. Eles estão, de acordo com Judas 9, em cadeias, reservadas para a condenação eterna. O Senhor diz em João 5.22 que Deus, o Pai, a ninguém julga. E no versículo 27, do mesmo capítulo, que o Pai deu ao Filho toda a autoridade para julgar. O pecador sem Cristo enfrentará o julgamento do tribunal da própria consciência, do tribunal da opinião pública e afinal o tribunal do Deus eterno. O Senhor Jesus está respaldado, como o JUIZ ETERNO, por quatro pilares inabaláveis. Veja João capítulo 5.32: “Outro é o que testifica a meu respeito, e sei que é verdadeiro o testemunho que ele dá de mim”. No versículo 33 é o testemunho de João Batista – “Mandastes mensageiros a João, e ele deu testemunho da verdade”. No versículo 36 lemos “Mas eu tenho maior testemunho do que o de João; porque as obras que o Pai me confiou para que eu as realizasse, essas que eu faço testemunham a meu respeito de que o Pai me enviou”. E no versículo 38 temos o testemunho da Palavra: “Também não tendes a sua palavra permanente em vós, porque não credes naquele a quem ele enviou”. Quando vier o Filho do Homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então, se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas em sua presença, e ele 14 C o m eç a ndo separará uns dos outros, como o pastor separa dos cabritos as ovelhas; e porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos, à esquerda; então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me. Então, perguntarão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? E quando te vimos forasteiro e te hospedamos? Ou nu e te vestimos? E quando te vimos enfermo ou preso e te fomos visitar? O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. Então, o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; sendo forasteiro, não me hospedastes; estando nu, não me vestistes; achando-me enfermo e preso, não fostes ver-me. E eles lhe perguntarão: Senhor, quando foi que te vimos com fome, com sede, forasteiro, nu, enfermo ou preso e não te assistimos? Então, lhes responderá: Em verdade vos digo que, sempre que o deixastes de fazer a um destes mais pequeninos, a mim o deixastes de fazer. E irão estes para o castigo eterno, porém os justos, para a vida eterna” (Mt 25.31-46). 15 Anjos Jesus é o Supremo Juiz como acabamos de ver na passagem citada. Haverá um juízo final, antes, porém, ocorrerá o avivamento, último da História, que reverterá na salvação de milhões que receberão a salvação em Cristo e o restante ficará para a Grande Tribulação que virá logo após o arrebatamento. Seguirá o milênio e, finalmente, o julgamento das nações. Jesus, sentado no seu trono de glória, separará as ovelhas dos cabritos. Os da direita ouvirão: “Vinde, benditos de meu Pai; e os da esquerda: apartai-vos de mim malditos para o fogo eterno [...] Os justos irão para o gozo no céu e os ímpios para o castigo eterno”. R. N. Champlin aponta em seu dicionário: a) Alguns anjos escolhidos pelo Pai tomaram parte em alguns segmentos da criação. b) Tomam parte ativa no culto e na adoração (Ap 4). c) Mediadores da mensagem divina, da Lei e de muitas comunicações (Gl 3.19). d) Envolvimento na missão terrena de Cristo, no seu nascimento, na ascensão e na Segunda Vinda estarão em ação (Êx 14.19; Nm 22; Js 5.14; Dn 3.28 e 6.22). e) Muitos atos de ministração física e espiritual (Mc 1.9; Mt 28.2; Ap 4). f ) Guardar e proteger (Dn 10.3; Ap 2.3). g) Um ministério prestado ao Senhor nos lugares celestiais (Ap 4). h) Muitas e variadas são as missões dos anjos que serão apresentadas em lugar oportuno. 16