O Triângulo de Verão

Propaganda
O Triângulo de Verão
(Expresso: 29-08-1998)
Vá à Astrofesta em Alcácer do Sal ou participe nas sessões públicas da
astronomia de Verão. Agosto e Setembro são os meses ideais para a observação dos
céus.
Setembro é o mês ideal para começar a
descobrir o firmamento do Outono. O Triângulo
de Verão aparece por cima das nossas cabeças e
indica-nos o caminho para Pégaso, Perseu e
outras constelações que começam agora a
aparecer no céu. O Triângulo de Verão é muito
fácil de identificar.
Duas das estrelas que o marcam, Vega e
Deneb, passam muito perto do zénite, o ponto
mesmo por cima das nossas cabeças. Ao
princípio da noite é Vega que está perto do zénite, pela meia-noite é a vez de Deneb. A
terceira estrela, Altair, encontra-se a um terço do caminho das duas primeiras para o
horizonte sul. São as três fáceis de identificar, pois não há estrelas mais brilhantes nessa
área do céu.
Vega sobressai na constelação Lira, fácil de identificar pelo seu paralelogramo
de estrelas. Deneb é a estrela da cauda de Cisne, uma constelação em forma de cruz.
Altair é a estrela da cabeça de Águia, outra constelação com uma cruz, que também
lembra um pássaro de asas abertas.
Este triângulo de estrelas é um óptimo guia. Em Julho, ele ajudava-nos a
distinguir Hércules, Sagitário e outras constelações típicas da Primavera e do Verão.
Agora que o Outono se aproxima, ajuda-nos a reconhecer Andrómeda, Pégaso e outras
constelações típicas do Outono.
Dando um salto do triângulo para o grande quadrado de Pégaso ganhamos um
novo guia celeste. Os Peixes, a Baleia e o Aquário ficam agora claramente indicados
pelos vértices do quadrado.
Não muito longe, aparecem dois dos planetas mais interessantes que nos é dado
observar: Júpiter e Saturno.
Júpiter nasce exactamente a leste e logo
ao princípio da noite. É impossível que ele nos
escape, pois destaca-se pelo seu brilho fixo e
esbranquiçado entre as estrelas muito menos
brilhantes de Peixes e Aquário. Os seus quatro
principais satélites, perfeitamente observáveis em
binóculos ou telescópios modestos, oferecem um
espectáculo sempre renovado - mudam de
posição muito rapidamente, notando-se o seu
deslocamento de hora para hora.
A seguir a Júpiter aparece Saturno, que agora nasce pelas dez e meia da noite e
que dia 23 estará em oposição. Nessa altura, o planeta dos anéis nascerá exactamente
quando o Sol se puser e terá o ocaso quando este nascer.
Saturno aparece entre as estrelas pouco brilhantes de Carneiro, Peixes e Baleia,
pelo que também será fácil detectá-lo.
Estes dois planetas são agora especialmente brilhantes precisamente por estarem
perto da oposição, isto é, perto de se encontrarem opostos ao Sol. Estão frontalmente
iluminados pela nossa estrela.
Perto da madrugada surgem três outros planetas: Marte, Vénus e Mercúrio. Os
dois primeiros não serão difíceis de identificar. Marte, porque nasce a leste pelas quatro
e meia da madrugada, portanto com céus ainda escuros. Aparece quase alinhado com as
duas estrelas mais brilhantes de Gémeos e entre as estrelas pálidas de Caranguejo.
Vénus, porque é tão brilhante que se distingue mesmo nos céus claros da madrugada.
Aparece pouco antes das seis da manhã,
enquanto o Sol se levanta pelas sete.
Mais difícil de observar será Mercúrio.
Mas, esta noite, Vénus aponta o caminho. O
planeta fugidio aparece uns dois graus de
distância angular acima da estrela da manhã.
Acima e um pouco à esquerda. Não será fácil
observá-lo, mas com esta referência e a luz
concentrada de binóculos Mercúrio estará ao
nosso alcance.
Vale a pena, uma destas noites, aguentar
até mais tarde, ou então acordar mais cedo, para observar o céu da madrugada. Castor e
Pólux, os gémeos, e Régulo, outra estrela brilhante, fazem companhia a Marte, a
Mercúrio e a Vénus, num magnífico agrupamento acima dos céus de leste.
E, se seis da manhã não são horas decentes para estar sozinho a olhar para o céu,
junte-se aos entusiastas da Astrofesta 98 que, por essa hora, estarão ainda bem despertos.
Texto de UO CRATO
Sessões Públicas
É JÁ neste fim-de-semana que se realiza em
Alcácer a quinta Astrofesta nacional. As
astrofestas anteriores juntaram muitas centenas
de entusiastas em palestras, sessões de
observação dos céus e convívio. Convívio entre
amadores, entre profissionais e amadores e entre
estes e o público. A Astrofesta deste ano tem
lugar em Alcácer do Sal e inicia-se hoje com
uma recepção aos participantes na Câmara, entre
as 10h e as 14h. A sessão de abertura tem lugar pelas 15h na Herdade
de Parchanas, que fica em Pego do Altar, na estrada de Alcácer para
Santa Susana.
Durante a tarde desenrolar-se-ão várias palestras e serão realizadas
observações do Sol, o que se fará com as devidas precauções. Se nunca
viu o Sol por um telescópio nem uma mancha solar é altura de o
experimentar.
A noite será inteiramente dedicada à observação do céu, tanto à vista
desarmada – o que permitirá identificar as constelações – como com
telescópios, que permitirão ver muitos dos fascinantes objectos
celestes. Até perto da meia-noite, altura em que a Lua, agora em quarto
crescente, se põe a oeste, os telescópios permitirão observar o seu
espectacular relevo.
Depois do ocaso da Lua, com o céu completamente escuro e os
telescópios passam a apontar para Júpiter e Saturno. Alguns telescópios
mais potentes permitirão observar objectos celestes pouco luminosos,
tais como enxames de estrelas, galáxias e nebulosas.
Na manhã de domingo, haverá ainda várias actividades culturais para
os mais resistentes. A Astrofesta encerra-se pelo princípio da tarde,
com um almoço. Se ainda não se inscreveu, o que pode fazer pelo
telefone (01)3921808, no Museu de Ciência, apareça e inscreva-se no
local. Pode levar uma tenda de campismo, pois na herdade há muito
espaço para acampar.
Pode ainda, durante a semana que entra, aproveitar as sessões locais
realizadas no âmbito da Astronomia de Verão. Pode obter informações
sobre os locais e datas deste programa pelo número verde 0800202799,
do Ministério da Ciência.
O planetário Gulbenkian mantém o seu horário de Verão com sessões
às quartas, quintas, sábados e domingos. As sessões têm início pelas
11h, 14h30, 16h e 17h30. O planetário presta informações e aceita
reservas para grupos pelo telefone (01)3620002.
No fim do mês que entra, o Observatório Astronómico de Lisboa
recomeça as suas palestras públicas. Sexta-feira, 25 de Setembro,
Margarida Serote discutirá as «Galáxias Elípticas».
Os profissionais aproveitam também este fim de Verão para realizar
alguns encontros científicos. De 3 a 5 de Setembro tem lugar na
Universidade do Algarve o segundo encontro sobre «New Worlds in
Astroparticle Physics», e no dia 12 de Setembro terá lugar na
Universidade do Porto o primeiro encontro da Rede Portuguesa de
Cosmologia.
Download