Gripe A - Gestantes e RN - Maria Tereza Sanseverino

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EPIDEMIA INFLUENZA A(H1N1) – REFLEXÕES E PERSPECTIVAS
05 de outubro de 2009 / Salão de Atos da Reitoria da UFRGS
Avaliação prospectiva dos RN:
Influenza A(H1N1) e Oseltamivir
Maria Teresa V. Sanseverino
Fernanda Sales Luiz Vianna
Sistema de Informações sobre Agentes Teratogênicos: SIAT
Serviço de Genética Médica do HCPA
Vírus Influenza
Os vírus influenza são compostos de RNA de hélice única, da família
dos Ortomixovírus e subdividem-se em três tipos: A, B e C, de
acordo com sua diversidade antigênica. Os vírus podem sofrer
mutações (transformações em sua estrutura).
Os tipos A e B causam maior morbidade (doença) e mortalidade
(mortes) que o tipo C. Geralmente as epidemias e pandemias
(epidemia em vários países) estão associadas ao vírus influenza A.
As principais características do processo de transmissão da
influenza são:
alta transmissibilidade, principalmente em relação à influenza A;
maior gravidade entre os idosos, as crianças, os imunodeprimidos,
os cardiopatas e os pneumopatas;
rápida variação antigênica do vírus influenza A, o que favorece a
rápida reposição do estoque de susceptíveis na população;
apresenta-se como zoonose entre aves selvagens e domésticas,
suínos, focas e eqüinos que, desse modo, também constituem-se
em reservatórios dos vírus.
http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/visualizar_texto.cfm?idtxt=31255&janela=1
Vírus Influenza
As primeiras suspeitas de infecção pelo vírus Influenza ocorreram por
volta do século V a.C. por Hipócrates, conhecido como pai da medicina,
que relatou casos de uma doença respiratória que em algumas semanas
matou muitas pessoas e depois desapareceu.
A primeira epidemia de gripe ocorreu em 1889 e 300 mil pessoas
morreram, principalmente idosos, em decorrência de complicações, como
pneumonia bacteriana secundária.
Em 1918, a epidemia conhecida como Gripe Espanhola acometeu cerca
de 50% da população mundial e vitimou mais de 40 milhões de pessoas.
No Brasil, cerca de 65% da população foi infectada e por volta de 35.240
pessoas morreram.
A gripe asiática, em 1957, se espalhou pelo mundo em seis meses e
matou cerca de um milhão de pessoas.
A gripe de Hong Kong, em 1968, são as mais recentes e de maior
repercussão epidemias relatadas, juntamente com a gripe aviária.
Em 2003, um surto da gripe aviária na Ásia levou as autoridades a
ordenarem o sacrifício de dezenas de milhões de aves de criação. De lá
pra cá a doença atingiu 121 pessoas e matou 62 naquele continente.
http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/visualizar_texto.cfm?idtxt=31255&janela=1
Vírus Influenza na gestação
A infecção por influenza na gestação não foi
convincentemente associada a um aumento na
freqüência de anomalias congênitas.
Relatos de casos e alguns estudos caso-controle
sugerem aumento de risco para:
Defeito de fechamento de tubo neural
Cardiopatia congênita
Fendas orais
Esquizofrenia
Estudos epidemiológicos maiores e prospectivos tem
resultados conflitantes.
Uso de antitérmicos parece apresentar efeito protetor
sugerindo risco maior da hipertermia do que do vírus
www.reprotox.org – agosto/2009
Vírus Influenza na gestação
As complicações maternas parecem estar
aumentadas nas mulheres infectadas.
A vacinação de mulheres grávidas ou que estarão
grávidas durante o período de risco para influenza
sazonal é recomendada.
Gestantes devem receber também a vacina do
novo H1N1.
www.reprotox.org – agosto 2009
Gripe A na gestação
Gripe A na gestação - USA
Gestantes: 0,62% dos casos
34 gestantes/5469 casos confirmados
34 gestantes/3.392.060 gestantes nos EUA (1/100.000)
Internações
Gestantes 11/34 (32,4%)
Pop geral 229/5469 (4,2%)
0,32/100.000
0,076/100.000
RR 4.3 95%CI 2.3-7.8
Óbitos
Total: 45
Gestantes: 6 (13%)
Obs: na semana seguinte 8 óbitos gestante / 81 óbitos (<10%)
Gripe A na gestação - USA
Gripe A na gestação - USA
Gripe A na gestação
Como a maioria das mulheres dos estudos
ainda está grávida, pouco se sabe sobre os
efeitos do H1N1 no feto.
A febre que acompanha a infecção está
associada a um aumento potencial no risco
de defeitos de tubo neural quando ocorre no
primeiro
trimestre.
Sendo
assim,
o
tratamento da febre com acetaminofen é
recomendado.
Gripe A na gestação
Risco aumentado para gestantes
As conclusões de pandemias anteriores apóiam que as
mulheres grávidas encontram-se em maior risco.
Embora as mulheres grávidas também estejam em maior risco
durante epidemias de gripe sazonal, o risco assume uma
importância acrescida na atual pandemia, que continua a afetar
um grupo etário mais jovem do que o observado durante
epidemias sazonais.
A OMS recomenda que, em áreas onde a infecção com o vírus
H1N1 é muito freqüente, as gestantes e seus médicos estejam
atentos aos sintomas do tipo influenza.
Gripe A – tratamento
O antiviral oseltamivir deve ser administrado o mais rapidamente
possível após o início dos sintomas, mesmo sem os resultados dos
testes laboratoriais, já que os benefícios do oseltamivir são maiores
quando administrado dentro de 48 horas de início dos sintomas.
Embora o tratamento nesse período traga os maiores benefícios, o
início do tratamento mais tarde também pode ser benéfico.
Benefícios clínicos associados com oseltamivir incluem uma
diminuição do risco de pneumonia (uma das mais freqüentes
causas de morte nos relatos de pessoas infectadas) e uma menor
necessidade de internação.
A OMS recomenda ainda que, quando as vacinas estiverem
disponíveis, as autoridades sanitárias deverão considerar as
gestantes como um grupo prioritário para a imunização.
Oseltamivir (Tamiflu®) na
gestação
Oseltamivir na gestação
PONTOS-CHAVE
Gestantes e crianças estão em risco maior de
apresentar complicações relacionadas ao vírus da
gripe A
Dados limitados sugerem que o oseltamivir não é
um teratógeno humano maior
Como existe mais dados a respeito da segurança do
oseltamivir na gestação, ele é preferível ao zanamivir
neste período.
Oseltamivir e zanamivir são considerados
compatíveis com a amamentação
TANAKA et al, 2009
Oseltamivir (Tamiflu®) na
gestação
TANAKA et al, 2009
Oseltamivir na amamentação
OSELTAMIVIR (Tamiflu®): é um inibidor da neuraminidase viral que
visa agir na fase inicial da infecção, sendo utilizado no tratamento
da gripe (influenza). Oseltamivir é uma pró-droga que é hidrolizada
pelo fígado em seu metabólico ativo, oseltamivir carboxilato, cuja
meia vida é de aproximadamente 6-10 horas. A dose oral
terapêutica para adultos é de 75mg duas vezes ao dia por 5 dias,
iniciando dentro de 48 horas do início dos sintomas. Para
quimioprofilaxia, a dosagem recomendada é de 75mg uma vez ao
dia por dez dias após a exposição.
Oseltamivir está presente no leite humano em baixas
concentrações, fornecendo menos de 1% da dose materna ajustada
ao peso. Considera-se improvável que a exposição a dose tão
baixa produza toxicidade no bebê.
Banco de motivos / SIAT
http://www.saude.rs.gov.br/dados/1250093624136Protocolo%20gestante%20SINDROME%20GRIPAL.pdf
Gripe A no RS
No Rio Grande do Sul, a partir do feriado de Corpus Christi (11
a 14 de junho), aumentou significativamente a notificação de
casos suspeitos da nova gripe devido a grande circulação dos
gaúchos para os países vizinhos (Argentina e Uruguai).
Constatou-se, nas semanas seguintes, a transmissão
comunitária do vírus.
No dia 08 de julho, foi adotada uma nova estratégia, baseada
nas recomendações do Ministério da Saúde, com o objetivo de
detectar casos de doença respiratória aguda grave de maneira
oportuna, monitorar as complicações da doença e reduzir o
número de óbitos.
Gripe A x Gestantes no RS
até 16/09/2009
Mulheres em idade fértil
Classificação
dos casos
Gestante
1º Trimestre
Gestante 2º Trimestre
Gestante 3º Trimestre
Idade gestacional Ignorada
Não gestante
Total
Confirmados Influenza A(H1N1)
Laboratório
Clínico-epidemiológico
de Doença
Respiratória Aguda
Grave
8
3
25
2
41
1
0
0
184
41
258
47
Influenza A Sazonal
Descartado
em Mulheres
em Idade Fértil,
RS,
1
3
3
1
1
41
47
9
7
0
92
111
Em investigação
Total notificados
31
85
116
4
854
1.090
46
124
166
5
1.212
1.553
Fonte: Influenza-Web/RS
http://www.saude.rs.gov.br/wsa/portal/index.jsp?menu=organograma&cod=41523
Gripe A x Gestantes no RS
Distribuição dos casos de Doença Respiratória Aguda Grave e óbitos por influenza A
(H1N1) em mulheres em idade fértil, segundo gestação, RS, até 16/09/09
Gestante
Sim
Não
Total
Gestante
Sim 1º Trimestre
Sim 2º Trimestre
Sim 3º Trimestre
Não
Total
SRAG
341
1212
1.553
Óbito de influenza A (H1N1)
16
50
66
%
4,7
4,1
4,2
SRAG
Óbito de influenza A (H1N1)
%
46
124
166
1212
1
6
9
2,2
4,8
5,4
50
66
4,1
1
1.548
Fonte: Influenza-Web/RS
Dos 16 óbitos de gestantes por influenza A(H1N1) apenas 3 delas apresentavam
comorbidades, todas as 3 estavam no 3ª trimestre gestacional, 2 eram
pneumopatas e 1 imunodeprimida.
Conduta SIAT em relação a
gripe A
A gestação é considerada um fator de risco adicional para a ocorrência
de manifestações graves relacionadas à gripe A (H1N1), e há evidencia
de risco maior de perda gestacional em gestantes infectadas.
Não há evidência, até o momento, de risco adverso para a gestante ou
para o feto relacionado ao uso de oseltamivir, sendo considerado
indicado para o tratamento precoce da gestante infectada.
Assim que houver disponibilidade de vacinas, gestantes devem ser
consideradas entre as prioridades para vacinação.
Costumamos informar que o risco de malformações na população em geral, que é de 3%.
Estamos à disposição para qualquer outra informação.
Atenciosamente,
Dra. Maria Teresa V. SanseverinoCoordenadora SIATCRM 13.143
Profª. Lavínia Schuler-FacciniCoordenadora SIATCRM 13.269
Prof. Alberto AbecheCoordenador SIATCRM 11.947
Fernanda Sales Luiz Vianna Bolsista de doutorado SIAT
Avaliação prospectiva das gestantes
expostas à gripe A no RS
Avaliação prospectiva das
gestantes expostas à gripe A
Colaboração entre a equipe da Vigilância
Epidemiológica da Secretaria de Saúde do RS, grupo
de trabalho da Gripe A do HCPA e o SIAT-HCPA
Coleta de dados a respeito das gestantes de dos recémnascidos através da Secretaria de Saúde.
Avaliação dos recém-nascidos com anormalidades no
ambulatório SIAT do HCPA.
SIAT - HCPA
Modelo: gestantes vacinadas
inadvertidamente contra rubéola
GESTANTES VACINADAS INADVERTIDAMENTE
MULHERES QUE ENGRAVIDARAM DENTRO DE 30 DIAS APÓ
APÓS
VACINAÇ
VACINAÇÃO
ENVIO DAS
AMOSTRAS
PARA O
LACEN
DETECÇÃO PELO PROFISSIONAL DE
SAÚDE COM PRONTA COLETA DE
AMOSTRA SANGUÍNEA PARA PESQUISA
DE IgM e IgG
MENOS DE 30 DIAS APÓS VACINA
IgM –
IgG +
IgM +
IgG +
PREENCHIMENTO DA
FICHA DE
ACOMPANHAMENTO
30 OU MAIS DIAS APÓS VACINA
IgM –
IgG –
IgM –
IgG –
IgM +
IgG + ou IgG –
IgM –
IgG +
IGNORADO
IMUNE
APLICAR
QUESTIONÁRIO , MAS
NÃO ACOMPANHAR
ADIANTE
SUSCEPTÍVEL NO
MOMENTO DA
VACINAÇÃO
APLICAR QUESTIONÁRIO
MANTER ACOMPANHAMENTO
GESTANTE E RECÉM-NASCIDO
APLICAR
QUESTIONÁRIO
MANTER
ACOMPANHAMENTO
GESTANTE E RN
NOS CASOS
IgM - e IgG - REPETIR
SOROLOGIA COM 15 DIAS
Modelo: gestantes vacinadas
inadvertidamente contra rubéola
Minussi et al, 2008
GESTANTES EXPOSTAS AO VÍRUS H1N1
DADOS DA SECRETARIA DE SAÚDE DO RIO GRANDE DO SUL
(n = 341)
CASOS
CONFIRMADOS
(n = 74)
CASOS
SUSPEITOS
(n = 6)
1º TRIMESTRE
TRATAMENTO COM
TAMIFLU®
TRATAMENTO COM
OSELTAMIVIR
MANIPULADO
INFLUENZA
A
SAZONAL
(n = 6)
EM
INVESTIGAÇÃO
(n = 236)
DESCARTADO
(n = 19)
2º TRIMESTRE
3º TRIMESTRE
TRATAMENTO COM
OSELTAMIVIR
MANIPULADO
TRATAMENTO COM
TAMIFLU®
DATA PROVÁVEL
DO PARTO (DPP)
Jun
Jul
2009 2009
Ago
2009
Set
2009
Out
2009
Nov
2009
Dez
2009
Jan Fev
2010 2010
QUESTIONÁRIO
TELEFÔNICO SIAT
Mar
2010
Abr
2010
Maio
2010
Questionário telefônico de
seguimento SIAT
GESTANTES EXPOSTAS AO VÍRUS H1N1
DADOS DA SECRETARIA DE SAÚDE DO RIO GRANDE DO SUL
(n = 341)
CASOS
CONFIRMADOS
(n = 74)
CASOS
SUSPEITOS
(n = 6)
1º TRIMESTRE
TRATAMENTO COM
OSELTAMIVIR
MANIPULADO
TRATAMENTO COM
TAMIFLU®
INFLUENZA
A
SAZONAL
(n = 6)
EM
INVESTIGAÇÃO
(n = 236)
DESCARTADO
(n = 19)
2º TRIMESTRE
3º TRIMESTRE
TRATAMENTO COM
OSELTAMIVIR
MANIPULADO
TRATAMENTO COM
TAMIFLU®
DATA PROVÁVEL
DO PARTO (DPP)
Jun
Jul
2009 2009
Ago
2009
Set
2009
Out
2009
RN SEM
ALTERAÇÕES
NÃO ACOMPANHA O
RN
Nov
2009
Dez
2009
Jan Fev
2010 2010
QUESTIONÁRIO
TELEFÔNICO SIAT
RELATO DE ANORMALIDADE
DO RN DIRETAMENTE A
VIGILANCIA RS
Mar
2010
Abr
2010
Maio
2010
RN COM
ALTERAÇÕES
AVALIAÇÃO CLÍNICA
NO AMBULATÓRIO
DA GENÉTICA
Análises
Avaliação das anormalidades na gestação em geral,
dados perinatais, intercorrências neonatais;
Avaliação da taxa de defeitos congênitos dos RN das
gestantes expostas no 1º trimestre, e se existe um
padrão sindrômico;
Comparação desses dados com os desfechos de
gestações expostas a outros vírus influenza da literatura
Comparação entre a exposição às duas formulações de
oseltamivir utilizadas nessa amostra
Comparação com resultados da literatura com esse
mesmo tipo de exposição;
Perspectiva
Primeira avaliação brasileira resultante de
exposições de gestantes ao vírus H1N1 na
primeira onda da epidemia.
Acompanhamento dos recém-nascidos em
longo prazo?
SIAT: COMO FUNCIONA?
Gratuito
/ fax 51 3359-8008
[email protected]
www.gravidez-segura.org
Resposta em até 72 horas:
oral ou laudo escrito
Equipe SIAT 2008/2009
OBRIGADA!
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