Insetos sugadores pragas das plantas

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INSETOS SUGADORES PRAGAS DAS PLANTAS ORNAMENTAIS
Ana Eugênia de C. Campos-Farinha
Introdução
Plantas ornamentais, assim como outras culturas, sofrem o ataque de diferentes
espécies de pragas. Os hábitos alimentares dessas espécies são bastante diversificados.
Na maioria das vezes é possível examinar a planta atacada em busca do organismo
causador do dano, entretanto, nem sempre é possível encontrá-lo. A forma como se
alimentam pode nos dar a dica de qual inseto está ocasionando o dano.
Insetos que se alimentam da seiva das plantas
Pulgões ou afídeos, cochonilhas, moscas brancas, percevejos, e tripes.
Pulgões ou afídeos
Pulgões, também chamados de afídeos, são pequenos insetos de corpo mole,
pertencem a ordem Hemíptera e são umas das pragas mais comuns em plantas
ornamentais. Eles são gregários, o corpo tem forma de pêra e possuem duas estruturas
que se projetam da região abdominal, para trás, os chamados sifúnculos ou cornículos.
Existem várias espécies de pulgões, que possuem cores variadas, como verde,
marrom, preta, amarela e avermelhada. que se alimentam das mais diferentes espécies
botânicas sendo encontrados geralmente nas folhas jovens, em brotos ou ramos.
Geralmente os adultos são ápteros (sem asas), mas podem ocorrer indivíduos
com asas (alados), principalmente quando suas populações estão altas. Estes indivíduos
alados permitem a disseminação da praga para plantas e locais mais distantes.
Ao sugarem continuamente a seiva das plantas, os pulgões promovem o
encurvamento das folhas tornando-as deformadas e impróprias para a
comercialização. Este tipo de dano é observado quando as populações estão altas.
Uma vez ocorrido o dano, o controle é dificultado, uma vez que os insetos
permanecem dentro das folhas retorcidas protegidos do contato com produtos
químicos, como os agrotóxicos. Algumas espécies de pulgões são vetores importantes
de vírus que causam doenças às plantas.
Ao sugarem a seiva das plantas os pulgões secretam uma substância líquida
adocicada pelo ânus, chamada honeydew, em inglês. Formigas, abelhas e vespas
são atraídas para esta substância açucarada que lhes servem de alimento. Fungo
enegrecido, chamado fumagina, cresce sobre a substância açucarada cobrindo as
folhas que ficam abaixo dos pulgões, onde cai o honeydew. O fungo impede diminui
a capacidade fotossintética da planta ocasionando diminuição no seu crescimento.
Controle Cultural
Como os pulgões se alimentam de uma variedade de plantas, mantenha as áreas
de produção livres de plantas daninhas, que podem servir de hospedeiros para
diferentes espécies da praga.
Instituto Biológico, Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Sanidade Vegetal, Av.
Conselheiro Rodrigues Alves, 1252, São Paulo-SP. CEP 04014-002. E-mail:
[email protected]
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Em casas de vegetação, colocar telas de malha fina nas portas de entrada para
impedir que formas aladas de pulgões entrem; ao iniciar uma cultura, verificar a
presença de pulgões nas mudas. Se ocorrerem, tratá-las ou descartá-las.
Monitoramento
Em casas de vegetação, placas adesivas amarelas irão atrair os indivíduos alados.
No entanto, faz-se necessário realizar a checagem de pulgões nas plantas
regularmente; duas vezes por semana, no período de crescimento.
Controle Biológico
Inimigos naturais são extremamente importantes no controle de pulgões, mas
somente são mantidos naquelas culturas não pulverizadas com agrotóxicos,
principalmente organofosforados, carbamatos e piretróides que os matam.
Geralmente as populações de inimigos naturais são altas quando a população de
pragas também está alta.
Dentre os inimigos naturais mais importantes estão as vespas parasitóides que
depositam ovos dentro do corpo dos pulgões e vários predadores como joaninhas,
crisopídeos e sirfídeos (moscas). Entretanto, os inimigos naturais funcionam bem
em pequenas propriedades.
Os pulgões são suscetíveis a fungos entomopatogênicos, no entanto, poucos
trabalhos têm sido realizados em culturas de plantas ornamentais.
Controle Químico
Leia as instruções contidas no rótulo da embalagem de qualquer pesticida. Antes
de usá-lo pela primeira vez, ou em uma nova cultura, tratar algumas plantas
inicialmente a fim de checar sua fitotoxicidade.
Cochonilhas ou coccídeos
As cochonilhas pertencem a ordem Hemiptera e à superfamília Coccoidea. Este
é um grupo bastante grande de insetos que possui tamanho pequeno e formas
bastante variadas. As fêmeas adultas não possuem asas e não se locomovem; os
machos têm apenas um par de asas ou, em alguns casos raros, também não as
possuem. Estes se parecem com pequenos mosquitos e podem ser reconhecidos
por não apresentarem peças bucais e pela presença de um prolongamento do
abdômen.
O desenvolvimento das cochonilhas é bastante complexo. As fêmeas depositam
ovos dos quais eclodem ninfas. Estas, quando no primeiro estágio, possuem pernas
que propiciam a capacidade de locomoção e antenas. Depois da primeira muda
(troca de pele) as pernas e antenas se atrofiam e o inseto torna-se séssil, isto é, fixase em um determinado local sem sair mais. Ali a ninfa secreta uma capa de cera ou
semelhante a uma escama, que é denominada carapaça. Nas cochonilhas pertencentes
a família Diaspididae a carapaça é separada do corpo do inseto. As fêmeas ficam sob
essa carapaça onde depositam seus ovos, ou mesmo os jovens diretamente. Os
machos desenvolvem-se da mesma maneira que as fêmeas, porém, no último estágio
de ninfa, antes de tornarem-se adultos, as asas se desenvolvem.
São várias as famílias de cochonilhas. Dentre elas citam-se as seguintes:
Ortheziidae, Margarodidae, Diaspididae, Aclerdidae, Coccidae, Lacciferidae,
Asterolecaniidae, Pseudococcidae, Eriococcidae, Dactylopiidae e Kermidae.
As cochonilhas são de grande importância econômica em várias culturas e plantas
ornamentais, pois podem causar prejuízos consideráveis. Pela variedade de famílias
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acima citadas, pode-se imaginar que estes insetos também apresentam várias formas
e cores. Normalmente as cochonilhas são gregárias, isto é, onde existe uma cochonilha
existem outras. Elas são encontradas, preferencialmente, nas axilas das folhas, sob
as folhas, nos ramos e troncos das árvores e até mesmo nos frutos e raízes. A
coloração pode ser branca, marrom, avermelhada, verde ou enegrecida. Algumas
possuem o corpo mole coberto por cera ou secreção parecida com o algodão. Outras
apresentam carapaça dura e arredondada, enquanto algumas possuem o corpo
com formato de vírgula.
As cochonilhas, assim como os pulgões, secretam “honeydew”. Esta substância
adocicada atrai formigas o que passa, muitas vezes a ser um segundo problema
para a planta. No local onde fica aderido o “honeydew” cresce um fungo negro,
denominado fumagina que prejudica o desenvolvimento normal da planta. As
formigas ao passearem sobre esta substância açucarada acabam por espalhá-la ainda
mais, possibilitando o aparecimento do fungo em diversos locais na planta.
Controle cultural
Retirar galhos e ramos infestados pelas cochonilhas
Monitoramento
Avaliar a presença de cochonilhas, principalmente durante o crescimento inicial das
plantas.
Controle biológico
As joaninhas (Coleoptera: Coccinelidae) são eficientes predadores de cochonilhas,
assim como sirfídeos (Díptera: Sirphidae). Fungos entomopatogênicos também têm
sido utilizados no controle de cochonilhas, principalmente em culturas em casas de
vegetação.
Controle químico
Óleo mineral com sabão, inseticidas sistêmicos.
Moscas brancas
É uma importante praga, principalmente por se tratar de um grande transmissor
de vírus. Essa praga ainda pode ser encontrada nas diferentes culturas de plantas
ornamentais, sendo várias as espécies.
Estes insetos, adultos ou ninfas, causam perdas significativas nas culturas, seja
pela queda das folhas e frutos, murchamento, além do amadurecimento irregular
dos frutos.Causam ainda sérios problemas devido à infecção de vírus, que provoca
paralisação do crescimento e queda na produção, quando não leva a planta à morte.
Os adultos têm o branco como cor predominante, uma vez que suas asas
cobrem a maior parte de corpo e possuem essa coloração, no entanto o dorso é
amarelo-claro. Quanto ao tamanho, pode-se dizer ainda que os machos são menores
que as fêmeas. O aparelho bucal é do tipo “picador-sugador”.A oviposição ocorre
de maneira isolada na parte inferior da folha. Os ovos apresentam o formato de
uma pêra, além da coloração amarelada. Após a eclosão, surgem as ninfas, essas
são translúcidas e de coloração que pode variar do amarelo ao amarelo-pálido.
Logo no início de seu desenvolvimento, saem à procura de um local na planta para
que possam introduzir o estilete e começar o processo de sucção de seiva. Após o
primeiro estádio, as ninfas permanecem imóveis até a fase de pupa, apenas se
alimentando.
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Controle cultural
Destruir e incorporar os restos de cultura após a colheita. Evitar o plantio de
variedades muito atrativas à praga, eliminar plantas hospedeiras da praga dentro
da cultura e em áreas vizinhas.
Monitoramento
Fazer levantamento e contagem da praga em campo e realizar monitoramento
em estufas, usando placas indicadoras de coloração amarelo-intensa, distribuindo
uma placa para cada 1.000 m².
Controle biológico
Usar inimigos naturais no controle biológico, como, por exemplo, a Encarsia spp.
Controle químico
As medidas de controle para a mosca-branca devem ser intensificadas nos
períodos mais secos e quentes do ano, quando ocorrem aumentos populacionais do
inseto. Além disso, deve-se procurar adquirir material de propagação sadio (mudas
e estacas), verificando, principalmente, a face inferior das folhas para localizar ovos,
larvas e adultos.
Percevejos
Algumas espécies de percevejos atacam as plantas ornamentais, causando
prejuízos, principalmente devido à injeção de toxinas no ato da sucção da seiva das
plantas. No local da picada notam-se manchas cloróticas e nos botões florais e/ou
frutos novos, pode ocorrer sua queda precoce. As diferentes espécies possuem cor
e forma do corpo variáveis. Algumas delas liberam odor fétido quando acuadas e,
por isso, são vulgarmente conhecidas por “maria fedida”.
As posturas podem ser agrupadas ou isoladas e os ovos têm forma de barril ou
de contas e geralmente são depositados alinhados, apresentando, muitas vezes,
cores vistosas. Algumas espécies, no entanto, depositam os ovos dentro das folhas
(postura endofítica).
Quando as infestações são severas pode ocorrer murcha, seca e morte da planta
atacada.
Controle biológico
Parasitóides de ovos e adultos.
Controle químico
Tripes
Os tripes são insetos diminutos e apresentam coloração variável, sendo mais
claros na fase jovens e mais escuro quando adultos. O formato da cabeça é quadrangular e os adultos apresentam dois pares de asas estreitas e com franjas, o que
facilita a identificação desses insetos. São normalmente gregários e localizam-se nas
flores, frutos, face inferior das folhas e reentrâncias de ramos.
Os tripes são muito importantes como vetores de vírus (tospovírus) para as
plantas ornamentais. Suas picadas causam descoloração da parte afetada e, quando
em grandes populações, as partes atacadas parecem queimadas e com brilho
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prateado. É comum observar pontuações aquosas sob as folhas, resultado das
dejeções dos insetos.
Controle cultural
A remoção de botões florais e frutos, desde que não sejam prejudiciais à cultura,
auxiliam no controle dos tripes, além da queimada ou enterramento de plantas
remanescentes de culturas anteriores, além da limpeza das áreas em torno para
minimizar plantas hospedeiras dos tripes.
Controle biológico
Ácaros predadores e nematóides. Fungos entomopatogênicos também têm
demonstrado eficiência no controle dos tripes.
Controle químico
Solução de óleo mineral com sabão. Alguns agrotóxicos são utilizados para o
controle dos tripes, no entanto, deve-se atentar para populações resistentes da praga.
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