UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA QUE JAZZ É ESSE? AS JAZZ-BANDS NO RIO DE JANEIRO DA DÉCADA DE 1920 JAIR PAULO LABRES FILHO NITERÓI 2014 Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca Central do Gragoatá L126 Labres Filho, Jair Paulo. Que jazz é esse? As jazz-bands no Rio de Janeiro da década de 1920 / Jair Paulo Labres Filho. – 2014. 151 f. ; il. Orientador: Martha Campos Abreu. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal Fluminense, Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Departamento de História, 2014. Bibliografia: f. 126-131. 1. Brasil. 2. República, 1889-1930. 3. Música; aspecto histórico. 4. Orquestra de jazz. 5. Modernidade. I. Abreu, Martha Campos. II. Universidade Federal Fluminense. Instituto de Ciências Humanas e Filosofia. III. Título. CDD 784.4 JAIR PAULO LABRES FILHO QUE JAZZ É ESSE? AS JAZZ-BANDS NO RIO DE JANEIRO DA DÉCADA DE 1920 Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em História da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em História. Orientadora: Profª Drª Martha Campos Abreu Niterói 2014 QUE JAZZ É ESSE? AS JAZZ-BANDS NO RIO DE JANEIRO DA DÉCADA DE 1920 Banca Examinadora ___________________________________________________________________ Profª Drª Martha Campos Abreu Universidade Federal Fluminense - UFF (orientadora) ___________________________________________________________________ Prof. Dr. Avelino Romero Pereira Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO (arguidor) ___________________________________________________________________ Prof. Dr. Leonardo Affonso de Miranda Pereira Universidade Estadual de Campinas – PUC-Rio (arguidor) Dedico este trabalho às Marias de minha vida.. Agradecimentos Devo, inicialmente meus agradecimentos à minha orientadora, Martha Abreu, por todo apoio, orientação, por sua leitura sempre inteligente, atenta e precisa, apontando novos caminhos, e com quem divido os méritos deste trabalho, minha sincera gratidão. Aos professores Avelino Romero, Samuel Araújo e Leonardo Pereira, como membros da banca de qualificação e de defesa, pelas valiosas sugestões, conselhos e comentários, que em grande medida, definiram o desenvolvimento deste trabalho. Devo especiais agradecimentos à Maria Cristiane da Costa, companheira que desde o início deste trabalho esteve ao meu lado, ajudando-me das mais variadas formas. Registro também o agradecimento a todos os amigos que participaram e contribuíram para a conclusão desta etapa. SUMÁRIO Introdução ................................................................................................................ 10 1. A escrita da história do jazz ................................................................................. 16 1.1 A era do jazz ............................................................................................. 16 1.2 E no Brasil? ............................................................................................... 25 1.3 A escrita sobre jazz no Brasil entre 1950 e 1980....................................... 31 1.4 Historiografia recente sobre jazz no Brasil na década de 1920 ................ 41 2. Jazz-bands no Brasil ............................................................................................. 48 2.1 Jazz-band e modernidade …..................................................................... 48 2.2 Sobre a documentação.............................................................................. 60 2.3 Jazz-bands pela cidade …......................................................................... 64 2.4 Cinema e difusão ...................................................................................... 77 3. Jazz-bands no mercado fonográfico .................................................................... 83 3.1 Fontes ....................................................................................................... 83 3.2 Em torno da tabela ................................................................................... 89 3.3 Uma seção dominical dedicada ao mercado fonográfico......................... 108 Considerações finais .............................................................................................. 122 Referências bibliográficas e fontes ....................................................................... 126 Anexo I: Variações da tabela geral em gênero e orquestra ................................ 132 ÍNDICE DE IMAGENS Imagem 1: No fim da festa............................................................................... 56 Imagem 2: Capa da "Revista Para Todos" (24/09/1927).................................. 57 Imagem 3: Casal dançando............................................................................... 58 Imagem 4: Orquestra......................................................................................... 59 Imagem 5: Anúncio do filme “Bailarina da Broadway" .................................. 80 Imagem 6: Anúncio do filme “Jazzmania”....................................................... 81 Imagem 7: Listagem de carnaval, Columbia, 1927 ......................................... 116 Imagem 8: Listagem de carnaval, Odeon, 1928 .............................................. 116 Imagem 9: Repertório nacional em canto e dança, Odeon, 1926 .................... 119 ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1: Gravações por orquestras ........................................................................... 85 Tabela 2: Gêneros musicais por orquestra ................................................................. 91 Tabela 3: Orquestra Jazz Band Pan American do Cassino de Copacabana .............. 93 Tabela 4: Orquestra Pan American do Cassino de Copacabana ................................ 94 Tabela 5: Orquestra Pan American como acompanhante .......................................... 97 Tabela 6: Orquestra Pan American como intérprete .................................................. 99 Tabela 7: Cantores por orquestras ............................................................................. 102 Tabela 8: Músicas instrumentais da Jazz Band Sul Americano Romeu Silva .......... 103 Tabela 9: Carabelli Jazz Band ................................................................................... 106 RESUMO A década de 1920 foi uma época de efervescência e euforia, inovações tecnológicas, da popularização da eletricidade, do rádio e do cinema. Uma época em que falar de jazz não significava falar apenas de um gênero musical, mas de um elemento cultural de dimensão muito ampla. A cidade do Rio de Janeiro, como qualquer cidade cosmopolita nesta década, estava repleta de orquestras jazz-bands se apresentando pelos diversos salões e eventos da cidade. Ao identificarmos jazz no Brasil na década de 1920, parece óbvio constatar a influência estadunidense na cultura brasileira, mas esta relação não é tão simples quanto aparenta. Podemos dizer que houve um intenso diálogo transnacional entre culturas modernas da década de 1920, envolvendo elementos musicais e sociais. O repertório das jazz-bands, foco central deste trabalho, indica a presença dos ritmos ditos brasileiros, como o maxixe, o samba e a marcha, assim como a presença da polca, valsa, fox-trot e do tango, alcançando a preferência de um público maior e mais diversificado. Palavras-chave: Primeira República; história da música; jazz-bands; modernidade; diálogos transnacionais. ABSTRACT The 1920s were times of effervescence and euphoria, technological innovations, of the electricity popularization, along with radio and cinema. A time in which talking about jazz did not mean only talking about a music genre, but of a cultural feature with a wide dimension. Rio de Janeiro, like any cosmopolitan city at the time, was filled with jazz-bands’ orchestras performing in several ballrooms and city events. As we identify jazz in Brazil in the 1920s, it is evident the implication that this is an US American influence towards the Brazilian culture, but this relation is not as simple as it seems. We might say there was a vivid transnational dialog between the modern cultures in the 1920s, involving musical and social elements. The jazz-bands’ repertoire, main focus of this paper, points out the so said Brazilian rhythms, as the maxixe, the samba and the marcha, along with the polka, the waltz, the foxtrot, and the tango, reaching the preference of a broader and more diversified audience. Keywords First Republic - music - jazz-bands - modern times - transnational dialogs Introdução O Miséria e Fome terá ensejo de marcar, sábbado próximo, mais uma vitória nos annaes de sua história e acrescentar mais um louro à sua refulgente coroa. Para essa festa a esforçada diretoria contratou a afinadíssima orchestra “Jazz Band sul-americano”, cujo repertório tem agradado ao mais exigente apreciador de número de música. (O Paiz, 20 de fevereiro de 1923) A citação acima foi publicada na seção “Echos do Carnaval” do jornal O Paiz, anunciando o baile comemorativo pós-carnaval do club carnavalesco Miséria e Fome. Nesse evento houve uma passeata pelas principais artérias da cidade, realizada para exibir os prêmios conferidos à sociedade no carnaval daquele ano. Após a passeata, foram abertos os salões do Palácio Academico para “um sumptuoso e animado baile que promette ser o 'clou' do anno”. E para esse baile, foi contratada a Jazz Band Sul Americano Romeu Silva, “cujo repertório tem agradado ao mais exigente apreciador de número de música”1. Pode parecer conflituoso, ou que há algo fora do lugar ao lermos um anúncio de festa de carnaval cuja música é tocada por uma jazz-band, mas isso é algo completamente corriqueiro na época. E ainda, na medida que os anos passam pela década de 1920, mais e mais jazz-bands aparecem em anúncios de bailes carnavalescos, em clubs e associações recreativas do Rio de Janeiro. Muitas músicas de Sinhô, Caninha, Donga, Ary Barroso e outros compositores, hoje considerados como tradicionais no panteão nacional da música ou como pioneiros do samba, fizeram sucesso ao som de uma (ou muitas) jazz-bands tocando suas 1 O Paiz, 20 de fevereiro de 1923, p. 6 10 composições pelos salões da Capital Federal. Certamente, os arranjos das orquestras acompanhantes do samba gravado durante a “Era Vargas”, apesar do sentido nacionalista que lhes foi atribuído, se valeram da experiência das jazz-bands, propiciadora de muitos diálogos transnacionais. A partir disto, devemos nos questionar: até que ponto esta cultura das jazz-bands, silenciada por tantos anos na história da música no Brasil, contribuiu para a construção de uma tradição de orquestras na música popular brasileira, ou mesmo para a divulgação da chamada música popular brasileira? A partir de pesquisa em diversos jornais, explicitada no capítulo 2, descobrimos que jazz-bands costumavam ser contratadas para bailes em sociedades recreativas, operárias, carnavalescas, hotéis, cinemas, teatros e parques de diversões, e também em sociedades esportivas. Este é o caso do baile de carnaval, anunciado no jornal O Paiz do dia 2 de fevereiro de 1923, realizado pelo Club de Regatas Botafogo em sua sede. Para esta soireé à fantasia, foi contratada a Jazz Band Sul Americano, orquestra que desde 1922 adquiriu muito espaço no cenário musical da Capital Federal, realizando inclusive uma série de gravações pela Casa Edison, como veremos no capítulo 3. Devemos considerar também o emergente mercado cinematográfico, que contribuiu definitivamente para a difusão da cultura jazzística no Brasil. No Rio de Janeiro, o cinema foi o espaço que acolheu as principais jazz-bands brasileiras e estrangeiras, tanto para a musicalização das películas quanto para apresentações realizadas nas salas de espera dos cinemas. Em 1923, o jazz-band já havia se consolidado como um formato de orquestra plenamente aceito na Capital Federal. Em todos os cantos desta cidade encontravam-se jazz-bands musicando algum evento. De certa forma, apesar de ser um formato de 11 orquestra importado, o jazz-band representa a inserção da associação cidade/país em uma modernidade cosmopolita, vigente tanto nos Estados Unidos quanto na Europa e nas cidades da América do Sul que almejam seguir este modelo. O fato de haver jazz-bands tocando em eventos pela cidade é interpretado como um sintoma de cosmopolitismo na própria década de 1920. Assim, é necessário fazer algumas considerações de efeito metodológico sobre os diferentes sentidos assumidos pelas expressões jazz ou jazz-band no decorrer deste texto. Após intensa pesquisa nos jornais e análise de textos de modernistas do período, observei o uso destas expressões com diferentes definições. Decidi então adotá-las para esta pesquisa, visando uma relação mais estreita com as concepções de jazz desses autores. Quando jazz-band aparece no feminino, estou me referindo basicamente às orquestras denominadas como jazz-bands. Se tratado no masculino, o jazz-band assume um sentido mais holístico, representando todo um conjunto de valores e sentidos sócioculturais atrelados à ideia de modernidade e jazz, sendo que este não se trata necessariamente do jazz negro norte-americano, mas sim de um jazz amplamente comercializado. E esta é uma das dicotomias básicas estabelecidas no conceito de jazz na década de 1920, a do “original” negro contra a versão aceita e amplamente disseminada comercialmente, onde há uma predominância de músicos brancos. Quando me refiro a jazz, entendo esta dicotomia e, quando ela estiver em questão, chamarei atenção para o seu caráter racial. Portanto, prefiro utilizar jazz com um sentido mais amplo, me referindo, principalmente, a uma cultura musical estadunidense, externa à brasileira. O primeiro capítulo desta dissertação busca traçar um panorama da escrita da história do jazz da década de 1920, definindo o debate sobre raça e autenticidade 12 realizado pelos intelectuais estadunidenses da história do jazz. Ao mesmo tempo, esse panorama abrange os escritos sobre jazz no Brasil, a partir da produção dos pesquisadores brasileiros da década de 1950. Com isto, pretende-se problematizar o silêncio mantido até meados da década de 1980 sobre a existência desse formato de orquestra no período de construção de uma tradição nacional brasileira. O capítulo 2, intitulado “Jazz-bands no Brasil”, entra especificamente no contexto da cidade do Rio de Janeiro, considerando o ponto de vista de três modernistas − J. Carlos, Antonio Ferro e Benjamin Conatallat − sobre a presença do jazz nos salões da cidade. Na segunda parte do capítulo, “Jazz-bands pela cidade”, foram selecionados anúncios em 5 diferentes jornais do Rio de Janeiro no período entre 1920 e 1923, considerado o período de penetração do jazz nessa cidade. Dos cinco jornais, quatro (O Paiz, A Noite, Correio da Manhã e Gazeta de Notícias) foram pesquisados utilizando uma nova ferramenta digital, a “Hemeroteca Digital Brasileira” da Biblioteca Nacional (http://memoria.bn.br). Essa ferramenta nos permite pesquisar por palavras em periódicos do período e local selecionados, separando as páginas e marcando em verde o local da ocorrência. Ao buscar a palavra “jazz” no período entre 1920 e 1929, são encontradas milhares de ocorrências, ampliando muito as possibilidades de pesquisa. Apenas o “Jornal do Brasil” foi pesquisado em microfilme na seção de periódicos da Biblioteca Nacional. Além desses, foram utilizados 10 jornais do movimento operário, publicados entre 1922 e 1928, adquiridos em formato digital no Arquivo de Memória Operária do Rio de Janeiro (AMORJ – UFRJ). Com essas fontes, tivemos a possibilidade de descrever diversos ambientes e 13 eventos sociais em que jazz-bands faziam a música. Além disso, fomos capazes de identificar tendências e as orquestras de maior sucesso no cenário da Capital Federal. No terceiro capítulo, “Jazz-bands no mercado fonográfico”, buscamos analisar as jazz-bands brasileiras de perto, focando principalmente no emergente mercado fonográfico desenvolvido no Rio de Janeiro a partir da Odeon e da Casa Edison. Para a análise realizada na parte “Em torno da tabela”, foi desenvolvida uma base de dados a partir do acervo digitalizado do Instituto Moreira Sales2 (IMS), instituição privada que, entre outros, abriga os acervos musicais dos pesquisadores e colecionadores Humberto Francesci e José Ramos Tinhorão. Esses acervos foram digitalizados e organizados em um sistema de pesquisa dinâmico, onde podemos buscar por fonogramas gravados desde 1902 até meados de 1940/50, a partir de informações básicas como: compositor, data/ano de gravação, título da música, gênero musical, intérprete e acompanhante. Sendo assim, este instrumento de pesquisa do IMS serviu como base para estruturar uma tabela, levando em consideração que os fonogramas, em sua maioria, possuem todos os dados acima citados. De um universo de mais de 12 mil discos de 78 rpm digitalizados, foram localizados 412 fonogramas (em destaque na tabela geral - Anexo I), abrangendo 18 diferentes jazz-bands, sendo ignorados os registros repetidos. Mesmo que o acervo não abarque todas as gravações realizadas no período, estes dados nos permitiram construir um panorama geral do mercado fonográfico da Capital Federal. Com isso, avançamos na descoberta dos gêneros mais gravados e das características do repertório gravado por cada jazz-band. Também foi possível fazer um 2 http://acervo.ims.uol.com.br/ 14 levantamento de compositores estrangeiros e de jazz-bands que gravavam e que não gravavam esses compositores e cantores. Assim, se partirmos do ponto em que se encontram atualmente as pesquisas dessa área no Brasil, focar nos diálogos transnacionais ocorridos no período se torna um exercício muito complicado, já que o trabalho de reconhecimento/recuperação das vozes desses diálogos precisa ser feito. Assim, um dos objetivos desse capítulo foi inventariar referências do mercado fonográfico da década de 1920, a fim de definir tais diálogos transnacionais. Para tal tarefa, utilizei a seção dominical “Discos e Machinas Falantes” do jornal O Paiz, cuja primeira aparição foi no dia 20 de junho de 1926. No levantamento sobre a relação entre música, sociabilidade e mercado fonográfico no Rio de Janeiro da década de 1920, buscamos contribuir concretamente para iluminar alguns caminhos sobre uma parte esquecida da história da música no Brasil. Sem dúvida espero contribuir para uma reavaliação dos aspectos “nacionais” da divulgação e consolidação da chamada música popular brasileira. 15 1. A escrita da história do jazz 1.1. A era do jazz A década de 1920 foi uma época de efervescência e euforia, inovações tecnológicas, da popularização da eletricidade, do rádio e do cinema. Uma época em que falar de jazz não significa falar apenas de um gênero musical, mas de um elemento cultural de dimensão muito ampla, como veremos no capítulo 2. O período entre o fim da Primeira Guerra Mundial e a crise de 1929 nos Estados Unidos ficou conhecido como “era do jazz”, e foi utilizado por diversos autores como periodização e caracterização destes anos. O jazz foi um formato musical tão difundido na década de 1920, que até os dias atuais ele é uma chave de compreensão desse tempo. A expressão “era do jazz” (jazz age) foi divulgada pelo romancista estadunidense F. Scott Fitzgerald, que durante a década de 1920 descreveu em seus contos o estado de ânimo, as relações e o cotidiano. Fitzgerald fez parte de uma nova geração de escritores estadunidenses3, cuja literatura tinha a liberdade de tratar de assuntos de fundo sexual latentes naquela sociedade. Em abril de 1920, aos 24 anos de idade, publicou o ousado livro This Side of Paradise, onde aborda a dissolução dos costumes tradicionais, principalmente se tratando do comportamento feminino. Em 1922, publicou o livro Tales of the Jazz Age, contendo onze histórias curtas, sendo algumas publicadas anteriormente em diferentes jornais. Desde o grande sucesso de suas obras, a expressão “era do jazz” vem sendo utilizada por diversos intelectuais, de diferentes nacionalidades, para denominar essa 3 Para citar outros escritores desta nova literatura estadunidense: James Branch Cabell, Theodore Dreiser, Ernest Hemingway, Redclyffe Hall e Aldous Huxley 16 época. É curioso que, no Brasil, os interessados em música tenham praticamente ignorado ou silenciado isso. Por esse motivo, devemos levantar aqui questões relevantes e que atravessam este capítulo: como os autores de jazz definem e retratam esta “era do jazz”? será que podemos pensar em uma “era do jazz” no Brasil? Segundo Eric Hobsbawm, no livro “História Social do Jazz”, o título “era do jazz” é enganoso, pois ele é construído com base em um jazz diluído, amplamente comercializado, não autêntico e branco. Para ele, esta “era do jazz” não passa de: uma conversão em massa da música pop e de dança comum para uma ideia lembrando, remotamente, síncope, ritmo, novos efeitos instrumentais na base de sons caseiros e coisas do gênero. Essa nova linguagem era, sem dúvida, influenciada pelo jazz, porém pode-se afirmar que 97% do que o branco médio norte-americano e europeu ouvia desse selo, entre 1917 e 1935, tinha tão pouco a ver com jazz quanto a fantasia de baliza de paradas de escola tem a ver com roupa militar. (HOBSBAWM, 2009: 83) Essa é uma opinião muito comum de encontrar entre os pesquisadores de jazz (como veremos a seguir), já que buscam no jazz uma manifestação musical autêntica a partir de uma noção racializada. Mesmo que não concorde com a expressão “era do jazz”, considerada por ele como uma manifestação não-autêntica baseada no jazz, Hobsbawm não pode deixar de relacionar essa expansão do que ele chama de jazz híbrido, com o crescimento das danças de salão pela Inglaterra e Estados Unidos. Ressalta ainda que “esta voga está estreitamente relacionada com a liberação de convenções vitorianas de comportamento social e, especialmente com a emancipação feminina”4, tema que abordaremos no capítulo 2. Para compreendermos este fenômeno do jazz/jazz-band, que atingiu proporções gigantescas pelo mundo, devemos contextualizá-lo, levando em consideração os 4 HOBSBAWM, 2009: 84 17 desenvolvimentos técnicos do período e as consequências desse desenvolvimento para a reprodução e a comercialização em massa da obra de arte. Segundo Walter Benjamin5, a obra de arte foi, desde sempre, suscetível de reprodução. O que os grandes expoentes da pintura ou escultura fizeram podia ser reproduzido por outros, inclusive pelos seus discípulos, que copiavam obras de seus mestres como forma de exercício ou não. Entretanto, no século XX, surge um fenômeno novo no que diz respeito a técnica de reprodução de imagem e som, quando essa atingiu uma velocidade quase inimaginável para a época. Com o rádio, houve uma acelerada melhora na técnica da recepção acústica e dos processos de reprodução. Na Alemanha, contexto de Benjamin, vendiam-se gramofones com amplificadores elétricos e alto falantes desde 1925, substituindo os aparelhos com manivela e megafone, algo que ocorreu no Brasil em meados de 1927, como veremos no 3 capítulo. No entanto, ao mesmo tempo em que se ampliaram os veículos de difusão e a acessibilidade à obra de arte, graves problemas acabaram sendo gerados no que diz respeito à perda de sua autenticidade. Segundo Benjamim, a obra de arte está ligada ao aqui-e-agora, ao calor do momento, e jamais poderia ser reproduzida. A noção de autenticidade numa obra, para ele, diz respeito a tudo aquilo que ela contém e é originalmente transmissível, desde sua duração material até seu poder de testemunho histórico. Desta forma, ele acredita que a própria noção de autenticidade não tem sentido para uma reprodução. Tratando-se de jazz, o olhar de Walter Benjamin sobre a autenticidade da obra de arte pode contribuir para analisarmos outros autores que abordam a questão. 5 BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. In: Obras escolhidas I. São Paulo: Brasiliense, 1987 18 O jazz foi o primeiro gênero comercializado e amplamente difundido por todo o mundo ocidental. Esteve presente em todos os meios de reprodução técnica do período, no som, na imagem e também no cinema. Na visão de Hobsbawm, essa reprodução em massa do jazz fez com que esse perdesse suas características originais autênticas, se transformando em uma música cujo único propósito é a dança e o entretenimento. Na literatura sobre jazz que obtive acesso, escrita nos Estados Unidos na década de 19506, destaca-se a questão da autenticidade do jazz, problema que foi amplamente discutido também nos escritos sobre jazz publicados no Brasil na década de 19507. É importante ressaltar que, nos Estados Unidos, o Jazz Studies representa uma área composta por críticos, colecionadores e pesquisadores acadêmicos com uma produção textual gigantesca até os dias de hoje. Já no Brasil, ele não se desenvolveu como um campo acadêmico singular, ficando à margem. Os primeiros estudos sobre jazz no Brasil foram escritos por críticos, colecionadores e amantes do gênero na década de 1950, representando uma produção que ainda hoje é utilizada como referência. Nessa perspectiva, buscamos problematizar o posicionamento dos primeiros escritos sobre jazz publicados no Brasil frente ao debate sobre autenticidade realizado nos Estados Unidos na década de 1950, buscando sempre por referências ao jazz-band no Rio de Janeiro na década de 1920. Para inventariar questões que envolvem os escritos sobre jazz nos Estados Unidos da década de 1950, selecionei três obras de pesquisadores estadunidenses, cujas traduções foram publicadas no Brasil em 1957. Constatamos que as três obras sobre jazz abordam o 6 7 Marshall Stearns (1957), Gilbert Chase (1957) e Barry Ulanov (1957). Jorge Guinle, Jazz Panorama (1953); Sérgio Porto, Pequena história do jazz (1953); José Sanz, Jorge Guinle, Nestor R. Ortiz Oderigo, Marcelo F. de Miranda, Frederic Ramsey Jr. e Eugene Williams na Revista da Musica Popular (1954 -1956). 19 tema da autenticidade, permitindo assim comparar o posicionamento dos pesquisadores/colecionadores estadunidenses em relação aos brasileiros no período em questão. Dessa forma, devemos nos perguntar: de que forma o jazz da década de 1920, considerado autêntico, é representado nas obras consultadas? quais são os elementos musicais, sociais, e raciais, destacados nessas obras, que distinguem o jazz autêntico do não-autêntico? Existe uma aproximação entre o posicionamento dos escritos sobre jazz do Brasil e Estados Unidos da década de 1950? Para Marshall Stearns, crítico de jaz, musicólogo e fundador do Institute of Jazz Studies8 em 1952, foi na década de 1920 que o jazz passou a ser aceito no meio doméstico, e de maneira muito rápida. Os meios pelos quais se difundia essa música se desenvolviam de forma acelerada, fazendo com que o fonógrafo, o rádio e o cinema mudo (e falado a partir de 1927) adquirissem personalidade e desenvolvessem o seu caráter comercial. No livro “História do Jazz”9, Marshall Stearns nos introduz nesse contexto. Para ele, “os canais através dos quais o jazz, o quase jazz e o não jazz chamado jazz atingiam o público se multiplicaram rapidamente. (…) o jazz espalhou-se em muitas direções, em diferentes níveis e em diferentes velocidades” (STEARNS, 1957: 165). Desse processo, se destacaram quatro distintos locais onde existiam vanguardas do jazz: New Orleans, Chicago, New York e Kansas City. Em seu livro, “A História do Jazz”10, publicado em 1957, Barry Ulanov, 8 Fundada em 1952, essa instituição abriga um abrangente arquivo e biblioteca sobre jazz, reunindo uma série de intelectuais de prestígio da área, como John Hammond, Rudi Blesh, Henry Cowell e Sterling Allen Brown. 9 Publicado originalmente em 1956 com o título The Story of Jazz. 10 Publicado em 1955, com o título A History of Jazz in America. 20 pesquisador e crítico de jazz que publicou, entre 1946 e 1957, biografias e livros de história do jazz, confirma a posição de Marshall Stearns. Ele afirma que a expansão comercial do jazz não começou antes da década de 1920. Sem disfarçar juízos de valor, ele frisa que “é devido às grandes organizações que asseguravam grandes receitas, ao grande público, que o jazz se espalhou por toda a América”, mas ao mesmo tempo que se espalhou, foi matando a “verdadeira expressão” do jazz, já que “o público pedia pouco para as suas bebedeiras, a não ser um bom beat e novas melodias” (ULANOV, 1957: 118). De fato, o processo de comercialização e empobrecimento/síntese musical foi sistematicamente destacado pelos autores na difusão do jazz, As antigas orquestras para menestralismo, concerto e vaudeville de Wilbur Sweatman, Will Marion Cook e James Reese Europe (as preferidas do dançarinos Vernon e Irene Castle) pouco a pouco foram suplantadas pelas de Vincent Lopes, Ben Selvin, Earl Fuller (com Ted Lewis) e Paul Whiteman, que forneciam a “nova” música de jazz bem envernizada para se dançar. A orquestra Benson fazia o mesmo em Chicago; Paul Spech, para Detroit; e Art Hickman para San Francisco. Em 1922 a Original Dixieland Jazz Band estava tocando fox-trots comerciais, como as outras, simplesmente por que isso rendia mais dinheiro. (STEARNS, 1957: 168) A Original Dixieland Jazz Band (ODJB) foi a primeira orquestra a gravar o jazz, no ano de 1917, utilizando esse mesmo nome. Formada por cinco músicos brancos de Chicago, eles tocavam o jazz tentando se aproximar ao máximo do jazz negro oriundo de New Orleans, cujos principais representantes são: Joe “King” Oliver, Jelly Roll Morton, Sydney Bechet, Kid Ory, Bunk Johnson, dentre outros. Segundo o historiador, crítico musical e musicólogo Gilbert Chase, em sua obra “Do salmo ao jazz: a música dos Estados Unidos”, foi a ODJB que deu impulso ao interesse europeu pelo jazz durante sua ida à Inglaterra, em 1919. Dois anos antes, essa jazz-band já havia feito grande sucesso 21 nos palcos do Reisenweber's Cabaret, em New York. A partir do sucesso da ODJB, não tardou para o impacto original ser diluído pelos incontáveis “imitadores” citados anteriormente. Percebo aqui que, para este três pesquisadores da década de 1950 consultados, um fator é decisivo para garantir a originalidade da execução e composição do jazz: o fator racial. A autenticidade estaria intimamente ligada à raça, ou seja, ao músico negro, que apesar de menos valorizado comercialmente na época, é considerado sempre como musicalmente superior. Poucos músicos brancos mereceram o respeito destes pesquisadores, senão os que estão ligados à música original de New Orleans (apesar de sempre serem considerados imitadores ou de menor qualidade musical): entre eles está a ODJB e também Bix Beirdebecke. Esse segundo é o responsável, segundo Chase, por estimular o surgimento do estilo “sweet”, uma ramificação do jazz de tendências românticas. O estilo “sweet” chegou ao ponto culminante com a orquestra de Paul Whiteman, que, embora contasse, na verdade, com excelentes músicos, tinha violinos e saxofones em profusão, e tocava orquestrações açucaradas escritas antecipadamente. Whiteman era um violinista que fora despedido de uma banda de jazz em San Francisco, porque “não sabia tocar jazz”. A circunstância de Whiteman ter granjeado a fama de inventor do jazz, quando o que ele realmente fez foi desnatura-lo, mostra, de maneira surpreendente, até onde ia a ignorância geral a respeito do jazz. (CHASE, 1957: 438) É importante notar aqui a observação de que, se o arranjo for escrito antecipadamente, o jazz perderia a sua originalidade, já que o seu principal elemento exaltado pelos três pesquisadores é a polifonia e a improvisação coletiva. Eis um ponto que vale levarmos em consideração para a análise do jazz “brasileiro” da década de 1920, a utilização, ou não, da improvisação. Paul Whiteman é uma das figuras mais controversas do mundo do jazz na década 22 de 1920, mas ao mesmo tempo foi o chefe de orquestra com maior sucesso entre grande público na época. É impossível analisar o impacto do jazz nesse período sem citar esta pessoa desprezada pelos estudiosos desta música, já que ele foi quem mais difundiu o jazz como uma música “respeitável” e aceitável em “casas de família”, através de uma poderosa publicidade. Coloco respeitável entre aspas, pois é assim que Marshall Stearns chama a transformação/diluição que Whiteman produz. Segundo uma opinião racializada, expressada pelos três pesquisadores, o que ele fez foi embranquecer o jazz, tornou a música vendável e produzida por qualquer um. Esse grande empresário, chefe de orquestra, produtor e publicitário, merece nossa atenção especial, pois o conceito de jazz divulgado por ele (jazz sinfônico ou sweet jazz) produziu um efeito incalculável. Apesar de menosprezado por Stearns, Ulanov e Chase, inclusive por tomar o título de “rei do jazz” que não o pertence, Whiteman influenciou de maneira decisiva na divulgação do jazz pelo mundo. Whiteman, que tinha em sua orquestra os músicos brancos de maior prestígio e técnica da época, era chamado de “Pops”, ou mesmo “Fatho”, ambos envoltos em um caráter “paternal”. Segundo Marshall Stearns, ele estava plenamente consciente deste papel que desempenhava, e obtinha um “controle paternalista sobre seus empregados e associados” (STEARNS, 1957: 134) desta forma. Além disso, ele contratava os músicos pagando bons salários, criando uma estabilidade financeira para eles. Para Barry Ulanov, “a época de 1920 foi a do jazz errante. Não havia empregos ou contratos interessantes em nenhum lugar, e em toda parte as pessoas tomavam Paul Whiteman, Irving Berlin, Al Jolson, Ted Lewes, Cole Porter e Vincent Lopes como artistas de jazz” (ULANOV, 1957: 133). Todos esses artistas e compositores desse “não 23 jazz chamado jazz” citados por Ulanov cabem aqui neste estudo, pois contribuíram para a generalização e comercialização desse gênero. No entanto, quem devemos abordar com certo destaque é “o fabricante de melodias da Broadway” (CHASE, 1957: 447), George Gershwin, que de acordo com Stearns, foi quem, a partir da sua composição Rhapsody in Blue, construiu o título de “Rei do Jazz” de Paul Whiteman. Whiteman, que estava obtendo grande êxito com um tipo convencionalizado de arranjo orquestral a que chamava “jazz”, se apresentou em 12 de fevereiro de 1924 no Aeolian Hall de Nova York, “o baluarte da música acadêmica” (STEARNS 1957: 179), sob o título de “Experiência de Música Moderna”. Para esse concerto, encarregou George Gershwin de escrever uma peça com elementos de jazz em forma sinfônica. Em três semanas, ele entregou a partitura para piano de Rhapsody in Blue, que foi orquestrada por Fred Grofé. Para Stearns, Whiteman fez avançar de maneira incomensurável a causa do jazz. Após aquele concerto, jazzbands – boas e más – tiveram mais ensejos de arranjar empregos, e a evolução dentro da música se acelerou. A tendência pessoal de Whiteman era para adotar expedientes de concertos europeus e fundi-los com jazz. O resultado foi impressionante, facilmente inteligível, e rendoso. Ele perdeu $7.000 dólares no concerto por conta própria, porém a publicidade resultante valia várias vezes mais essa importância. Decorreu de sua própria publicidade acabar sendo coroado “Rei do Jazz”, e enquanto isso alguns elementos da inteligentsia musical começaram a discutir o jazz com certa seriedade. (STEARNS, 1957: 180) O que Paul Whiteman tentou com esse concerto foi provar que o jazz poderia ser “refinado” e, com a ajuda de um compositor e um arranjador profissionais, conseguiu, alcançando grande aceitação da crítica estadunidense e europeia. A questão é que essa aceitação não foi duradoura, já que, na década de 1950, a sua obra não é vista como autêntica. Gilbert Chase expressa sua interpretação sobre Rhapsody in Blue: 24 Gershwin tomara o jazz e o vestira “com as roupagens clássicas do concerto”, tornando-o, assim, apresentável aos frequentadores de concerto. O que Gershwin fez, na realidade, foi escrever um concerto convencional para piano utilizando traços da música popular americana, inclusive o tipo de jazz padronizado ou comercializado... (CHASE, 1957: 447). Portanto, através das obras de Stearns, Chase e Ulanov, definimos alguns argumentos comuns sobre o jazz entre os três autores: raça e autenticidade. Percebemos que, para eles, o jazz considerado como autêntico é necessariamente produzido por músicos negros, sendo a improvisação coletiva e a ausência de partitura características fundamentais dessa música. Assim sendo, devemos analisar o discurso produzido nos escritos sobre jazz no Brasil, procurando diferenças e semelhanças nas interpretações sobre o jazz da década de 1920. 1.2 E no Brasil? Com o enorme impacto comercial que o jazz atingiu na década de 1920, iniciamos a nossa pesquisa buscando por referências na produção dos maiores historiadores da música do período, Mario de Andrade e Renato Almeida. Em meio às construções e debates sobre a “música brasileira”, como terá sido visto o jazz? Mario de Andrade, no “Ensaio sobre Música Popular”, publicado em 1928, defende as influências étnicas que produziram a música popular brasileira. Para ele, a expressão e originalidade da música popular brasileira estão na miscigenação entre três principais raças, que contribuíram de maneiras diferentes e em diferentes proporções: “a ameríndia em porcentagem pequena; a africana em porcentagem bem maior; a portuguesa em porcentagem vasta”11. A maior contribuição “africana” está diretamente ligada aos 11 ANDRADE, 1928, p. 9 25 ritmos, com referência especial à síncope. Nessa obra12, ele define um projeto de construção de uma música nacional (erudita), onde o artista deve buscar os elementos regionais e étnicos para misturá-los e produzir a música que seria legitimamente brasileira. Sua posição é clara e rígida em relação a essa questão: “Todo artista brasileiro que no momento atual fizer arte brasileira é um ser eficiente e com valor humano. O que fizer arte internacional ou estrangeira, se não for gênio, é um inútil, um nulo. E é uma reverendíssima besta”13. Ao mesmo tempo, ao definir “arte brasileira”, Mario destaca que, além das características ameríndia, africana e europeia, a música brasileira conta com influências “atuais” do jazz e do tango argentino. Em tom de acusação, declara que “os processos do jazz estão se infiltrando no maxixe”14, mas a partir do samba macumbeiro, Aruê de Xangô, de João da Gente, considera que “os processos polifônicos e rítmicos do jazz que estão nele não prejudicam em nada o caráter da peça. É um maxixe legítimo”15. A maior tolerância com o jazz pode ser entendida pela avaliação de que “seus passados se coincidem...”, pois ambos, o jazz e o maxixe (ou era samba?), possuem uma “raiz africana”. Portanto, para Mario de Andrade (1928), o fato de haver jazz-bands executando maxixes não afetaria a sua autenticidade enquanto música brasileira, levando em consideração as semelhanças raciais miscigenadas que ambas manifestações musicais comportam em suas “raízes”. 12 ANDRADE, Mario de. Ensaio sobre Música Popular. 1ª ed. São Paulo: I. Chiarato & CIA. Editores, 1928. 13 Idem, p. 5 14 Idem, p. 9 15 Idem, Ibidem. 26 Renato Almeida, na “História da Música no Brasil”, publicada em 1926, possui uma tendência mais acentuada de defesa das teorias deterministas raciais. Seu modelo nacionalista para a música popular no Brasil envolvia a ideia de miscigenação entre o primitivo e dócil indígena, o corajoso e nobre português e o sensual africano que nos trouxe o ritmo sincopado. E é a cultura “branca” e europeia que, a partir da miscigenação, está purificando e refinando diversos elementos da cultura “inferior” do negro. Essas tendências ficam claras quando o autor explica o maxixe, que é considerado por ele como a mais característica das nossas danças. A princípio, o maxixe permaneceu “nas esferas mais baixas, como indigno de penetrar nos salões”16, mas quando, por fim, foi aceito, seus passos foram “naturalmente” modificados para “lhe tirar o cunho obscuro”17, e para que pudesse “civilizar-se”. No entanto, mesmo depois que se “civilizou”, o maxixe manteve o mesmo calor e sensualidade que, para o autor, é o que representa a influência negra e, consequentemente, a sua legitimidade como uma dança essencialmente brasileira. Em outro trecho, ele identifica essa sensualidade no samba: nas notas quentes dos sambas, nos seus compassos agitados e febris, movem-se desejos, ardores e vibrações, a as danças, meneiadas com desenvoltura, acompanham o capricho do batuque (…) Essa música constitue-se de motivos puramente brasileiros, sentindo-se a influência africana que predomina (ALMEIDA, 1926: 52) Renato Almeida acredita que das três “raças”, a que mais contribuiu para a construção da música popular nacional foi a negra com seus “batuques” e timbres. E estas diferentes sonoridades foram “de uma riqueza admirável e, modernamente, quando a 16 ALMEIDA, 1926, p. 45 17 Idem, p. 46 27 música busca a expressão nas formas puras dos sons, são fontes de inspiração que não seria lícito desprezar”18. Entretanto, mesmo que valorize a influência do negro para a construção de um projeto de música nacional, considera que o negro brasileiro possui uma “mentalidade rudimentar e grosseira”. Portanto, acredita que somente a partir da mestiçagem é que o maxixe se aprimorou, “perdendo um pouco o batuque, para dar lugar à melodia langorosa e sensual”19. Diferente de Mario de Andrade (1928), Renato Almeida (1926) não cita as “influências atuais” do jazz na música popular nacional, mas compara qualitativamente os negros brasileiros e estadunidenses em termos musicais. Para o autor, mesmo que os ritmos dos negros brasileiros apresentassem um “caráter bárbaro, rico e múltiplo, com um delicioso colorido, sobretudo nos instrumentos de percussão, de uma opulência magnifica”20, não tinham a “força e a variedade que apresentam os do negro americano do norte, dos quais surgiu esse prodigioso mundo sonoro que é o jazz”21. Renato defende a superioridade do negro estadunidense, e o jazz-band, para ele, seria “muito mais rico, porque o ritmo é extremamente mais variado, enquanto o samba está dentro da consonância comum”22. Em relação ao maxixe, é perceptível nos textos de Renato Almeida a necessidade de uma mudança musical para que possa emergir uma música legitimamente brasileira. De acordo com o autor, foi preciso “civilizar” o maxixe, mantendo apenas as qualidades essenciais do negro, que são o ritmo e a sensualidade. Ou seja, enquanto o 18 19 20 21 22 Idem, p. 32 Idem, Ibidem. Idem, p. 31 Idem, Ibidem. Idem, p. 53 28 gênero permanecer “nas esferas mais baixas”, será considerado como “indigno de penetrar nos salões”. Para Mario de Andrade e Renato Almeida, as noções de raça nas idealizações nacionais musicais articulam-se com seus olhares sobre o jazz, mesmo que ele seja interpretado como um elemento cultural negro externo à “cultura brasileira”. Mas negro. Selecionamos também para este debate o modernista português Antonio Ferro, que antes dos consagrados autores modernistas brasileiros, realizou, em 1922, três conferências no Brasil23 sobre o jazz-band. Em 1923, um dos eventos foi publicado com o título “A Idade do Jazz-band”. Nesse texto, Ferro não toca especificamente nos diálogos do jazz-band com a problemática construção de uma música brasileira, mas não deixa escapar a questão musical e racial. Sem dúvida, deve ter servido de inspiração para Mario de Andrade e Renato Almeida. Para Ferro, a influência da arte negra sobre a arte moderna torna-se indiscutível. A arte moderna é a síntese. Os negros tiveram sempre o instinto da síntese. Os negros ficaram na infância – para ficarem na verdade. A criança é a abreviatura da Natureza. As crianças, os doidos e os negros, são os rascunhos da Humanidade, as teses que Deus desenvolveu e complicou. (FERRO, 1923: 67). Esse trecho traduz bem a ideia defendida pelo autor durante suas palestras. Para o modernista, os negros seriam inferiores, menos desenvolvidos, mas possuiriam o “instinto da síntese”, aspecto que justamente quer valorizar. A “degeneração”, provinda 23 No Teatro Lírico do Rio de Janeiro em 30 de julho de 1922; em São Paulo, no Teatro Municipal no dia 12 de setembro e no Automovel-club no dia 10 de novembro; e no Teatro Guarany, em Santos, no dia 10 de Outubro. 29 da miscigenação, seria um fator positivo da modernidade, um elemento de extrema importância para o jazz-band. Para Antonio Ferro, o jazz na década de 1920 teria, indiscutivelmente, uma origem negra. Nas palavras do autor, “há negros em batuque, suados e furiosos, negros em vermelho, negros em labareda. O momento é negro. O jazz-band é o xadrez da Hora”24. A influência “da arte negra sobre a arte moderna torna-se indiscutível”25. E o jazz-band é, para Ferro, uma legítima manifestação desta arte. Para o autor, a “Idade do Jazz-Band” era a época da valorização da humanidade e da valorização do corpo: a “dança triunfa como nunca triunfou, porque a dança desarticula os corpos, emboneca-os, liberta-os do peso da alma, desmascara-os...”26. O ritmo do jazz-band seria o maior fruto de sua época. E o modernista português não se refere ao jazz-band apenas como um novo gênero ou estilo de música e dança, mas refere-se a um novo comportamento dos homens e mulheres em relação aos relacionamentos sociais. É o que chama de uma “artificialização das relações”, para a qual o jazz-band contribuiu muito, como veremos no capítulo 2. Segundo ele, o Jazz-Band, frenético, diabólico, destrambelhado e ardente, é a grande fornalha da nova humanidade. Por cada rufo sinistro de tambor, por cada furiosa arcada, há um corpo que se liberta (…), o Jazz-Band é o triunfo da dissonância, é a loucura instituída em juízo universal, essa caluniada loucura que é a única renovação possível do velho mundo... (FERRO, 1923: 54). Este sentimento enchia os salões na década de 1920, o flirt, um sentimento de libertação das correntes das tradições cristãs em relação ao amor e ao relacionamento 24 Idem, p. 66 25 Idem, p. 67 26 FERRO, 1923, p. 42 30 entre homem e mulher. Em seu texto, Antonio Ferro descreve as danças modernas e como comportam-se os seus praticantes em relação ao amor. Amor nascido numa valsa é amor que casa, amor para sempre. Amor nascido no fox-trot é amor que morre no fox-trot, amor que dura um beijo (…), O maxixe é uma aliança de corpos. E finalmente, o Schimmy, é a dança livre, a dança em que os braços e pernas se encontram como camaradas e se embriagam juntamente no Champagne dos gestos, no opio dos olhos furiosos, na eletricidade metálica dos corpos (FERRO, 1923: 62). É interessante como Ferro define os gêneros musicais levando em consideração o comportamento e a sociabilidade nos salões. Opondo a valsa ao fox-trot, cria também a oposição entre o tradicional e o moderno, transportando isso para as relações humanas e deixando claro o que ele chama de “artificialização”. Para Antonio Ferro, o jazz-band é um grande divulgador desta artificialização das relações e das mudanças no comportamento feminino ocorrida na década de 1920. 1.3 A escrita sobre jazz no Brasil entre 1950 e 1980 É importante elucidar aqui um panorama da produção brasileira da década de 1950 sobre o jazz da década de 1920 no Brasil. Dentro do contexto bibliográfico consultado para esta pesquisa, no período entre as décadas de 1950 e 1980, não foram encontradas pesquisas muito significativas para o entendimento do que foram as jazzbands no Rio de Janeiro nas duas primeiras décadas do século XX. Com poucas exceções, as referências ao tema normalmente se limitam a pequenas ou vagas indicações, ou ainda análises superficiais carregadas de juízos nacionalistas. Faremos aqui um panorama das principais contribuições para o tema, mostrando que há um silenciamento das jazz-bands na historiografia da música no Brasil. 31 De acordo com Martha Abreu27, ao analisarmos as obras Música no Brasil, de Mário de Andrade, publicada em 1941, e História da música brasileira de Renato Almeida, publicada em 1942, fica nítida a visão de ruptura com o passado cultural da Primeira República: Esses autores, lideranças do modernismo de 1922, procuraram construir historias da música brasileira e marcaram a fase em que viviam como “despertar de uma música brasileira”, no caso de Renato Almeida, e “período nacionalista”, no caso de Mário. O marco do nacionalismo musical, diretamente associado à tomada de consciência do compositor em relação ao que entendiam como o correto aproveitamento das fontes folclóricas do “povo brasileiro”, se tornaria o elemento de avaliação e balança de todas as músicas e músicos do passado e do presente. Evidentemente, os músicos intelectuais da Primeira República foram enquadrados no perfil das produções da Belle Époque. (ABREU, 2011: 76) O silenciamento em torno das jazz-bands pode estar ligado à incorporação desses marcos temporais e debates em torno do nacional. Como aponta Abreu, “a determinação do período pós-30 como inaugural para a valorização da 'música popular' pode estar relacionada à própria escolha dos pesquisadores pelo corte temporal do estudo e pela prioridade dada à viciada discussão sobre o nacional” 28. Dessa forma, a discussão sobre o nacional, que estabeleceu um olhar sobre a música popular, pode ter contribuído para que gêneros considerados comerciais ou estrangeiros, para uma pretensa música nacional, deixassem de ser selecionados e valorizados pelos pesquisadores. O livro “Jazz Panorama” de Jorge Guinle, publicado em 1953, foi um dos primeiros livros de um autor brasileiro dedicado inteiramente ao jazz. Guinle possuía 25 anos de experiência nos Estados Unidos, ouvindo, pesquisando e se relacionando com músicos e intelectuais do jazz. Em decorrência disso, podemos perceber que incorporou o 27 ABREU, Martha. Histórias musicais da Primeira República. ArtCultura, Uberlândia, v. 13, n. 22, p. 7183, jan.-jun. 2011 28 ABREU, 2011, p. 81 32 debate sobre autenticidade realizado pelos críticos e historiadores de jazz desse período, aclamando o jazz negro de New Orleans como a manifestação carregada de maior originalidade. A mesma questão de autenticidade que envolve Paul Whiteman aparece em sua obra. Para Guinle, Whiteman “se intitulara o 'rei do jazz', mas cuja orquestra tocava uma música completamente alheia ao verdadeiro idioma”29. Ao analisarmos as referências bibliográficas de Jorge Guinle no livro Jazz Panorama, publicado em 1953, podemos notar que a sua obra está basicamente fundamentada em livros de autores estadunidenses e franceses do final da década de 1940 e início de 195030. Assim, acreditamos que o mesmo argumento sobre autenticidade, apropriado por Gilbert Chase, Marshall Stearns e Barry Ulanov, também foi utilizado por Jorge Guinle em seu livro. Apesar de ser uma obra dedicada ao “verdadeiro” jazz, há um capítulo chamado “Jazz fora dos Estados Unidos”, onde, de acordo com seu julgamento, cita as principais contribuições europeias e sul americanas para o “idioma”. Nas quatro páginas dedicadas ao jazz no Brasil, Guinle se preocupa em definir quem foram os introdutores do jazz, a formação das orquestras, músicos, compositores, líderes de orquestra, mas não toca em questões referentes às músicas executadas. Suas informações são valiosas quando aponta a presença de Pingatore, irmão do banjoísta de Paul Whiteman (Mike Pingitore)31, e Raul Lipoff no Brasil, na sala de espera do Cinema Central em 1920 e no Palace Club, acompanhados por Simon Bountman ao violino. Ambos saíram da orquestra de Harry 29 GUINLE, 1953, p. 31 30 Rudy Blesh (1946), Barry Ulanov (1952), Orin Blackstone (1948), Charles Delaunay (1948), Leonard Feather (1949), Rex Harris (1952). 31 É possível que estejam ligados ao próprio Paul Whiteman, já que este foi um grande empresário do jazz. 33 Kosarin (Original American Jazz Band) para organizar sua própria orquestra. Simon Bountman, por sua vez, organizou inúmeras orquestras e se apresentou durante muitos anos no Copacabana Palace. As informações de Guinle oferecem uma boa pista sobre as primeiras jazz-bands que se apresentaram no cenário musical da Capital Federal, que evidentemente estavam ligados ao circuito musical internacional. Outro livro, “Pequena História do Jazz” do jornalista Sérgio Porto32, foi publicado em 1953 em “Os cadernos de cultura” do Serviço de Documentação do Ministério da Educação e Saúde. Segundo o prefácio do autor, estamos diante do primeiro trabalho sobre a história e evolução do jazz escrito por um brasileiro33. Para o autor, por ter sido encomendada por um órgão oficial, a obra “serviria para aumentar a divulgação da música dos negros americanos entre nós, criando um ambiente mais propício à formação de músicos capazes de executar o verdadeiro jazz, que, até hoje, não foi tocado no Brasil dentro de suas características básicas”. A partir disso, já percebemos que o seu compromisso é com o “verdadeiro” jazz, e, como Jorge Guinle, silencia por completo a experiência brasileira com o jazz na década de 1920. Ao final da parte do livro destinada a debater a história do jazz, após ter discorrido sobre as orquestras consideradas como os autênticas e originais, o autor se poupa do trabalho de falar sobre as outras centenas de orquestras existentes. Entre elas, estão grandes orquestras que tiveram papel definitivo para a expansão do jazz pelo mundo, mas que não possuem valor por serem demasiadamente comerciais. De acordo com Porto: 32 Também conhecido pelas suas crônicas satíricas e críticas realizadas como o personagem Stanislaw Ponte Preta. 33 Há um conflito neste ponto. Como foram publicados no mesmo ano, tanto o livro de Jorge Guinle, quanto o de Sérgio Porto, são aclamados como o primeiro livro de história do jazz escrito no Brasil. 34 Pouco restava aos grandes instrumentistas e improvisadores. A influência da música ortodoxa se fazia sentir cada vez mais no domínio do jazz. Começaram a surgir as orquestras que tocavam na base de arranjos, limitando as possibilidades dos músicos. Daí por diante importava somente a competência do orquestrador. O comercialismo fez-se mais intenso, a publicidade transformou, da noite para o dia, músicos medíocres em grandes cartazes e a palavra jazz passou a denominar um tipo de música que longe estava de ser a mesma que nascera em New Orleans, como, também, longe estava de representar o seu desenvolvimento natural, uma vez que, truncada a servir a interesses alheios à arte, ela perdera toda a sua espontaneidade e, consequentemente, o seu valor castiço. (PORTO, 1953: 64) Como vimos na primeira parte deste capítulo, esse debate é recorrente na bibliografia estrangeira sobre jazz, sendo incorporado também na produção brasileira, seja na forma da negação da autenticidade, ou mesmo do silêncio. Entre 1954 e 1956, tanto Jorge Guinle quanto Sergio Porto publicavam, na Revista de Música Popular de Lúcio Rangel e Pérsio de Moraes, que em cada número havia pelo menos um artigo ou discografia sobre jazz publicados. Todos os artigos localizados insistem na articulação entre jazz e a autenticidade do gênero, desde que ligado as suas origens raciais e estadunidenses. Nem mesmo a articulação feita por Mario de Andrade, sobre a afinidade de todos os gêneros negros, voltaria a aparecer. Guinle publicou duas discografias de jazz e dois textos, onde exibiu seu conhecimento sobre o “verdadeiro jazz”. Em discografias com títulos como “Discografia selecionada de jazz tradicional”34 e textos como “Os fatores essenciais da música jazz”35 e “Os 50 músicos que influenciaram o jazz”36, reproduziu o discurso sobre autenticidade debatido anteriormente. No entanto, Sergio Porto não publicou sobre jazz nessa revista, mas sim artigos 34 Publicados na revista nº 1 (setembro de 1954) e nº 2 (novembro de 1954) 35 Publicado na revista nº 3 (dezembro de 1954) 36 Publicado na revista nº 5 (fevereiro de 1955) 35 sobre música popular. Os textos sobre jazz eram publicados pelos brasileiros José Sanz e Marcelo F. de Miranda, e também pelos estrangeiros Nestor R. Ortiz Oderigo, Frederic Ramsey Jr. e Eugene Williams. O jornalista e crítico musical José Sanz publicou um artigo chamado “Gato por lebre” na revista de nº 1 de setembro de 1954. Próximo a Guinle, deixa claro que “o jazz é uma música criada pelo negro do sul dos Estados Unidos, mais precisamente New Orleans, e tem suas raízes solidamente plantadas em certa região da África Negra, através do folclore do negro do sul”37. Para o autor, o único jazz existente é o de New Orleans, “e só sua gente sabe executá-lo”38. Assim, qualquer jazz que não tenha sido produzido por músicos negros em New Orleans, no final da década de 1910 e 1920, seria enganoso e não poderia receber tal denominação. Marcelo F. de Miranda demonstra compartilhar do mesmo posicionamento que Sanz e Guinle. No seu primeiro artigo, “O jazz de New Orleans”, publicado nas revistas de nº 2 e nº 3 de novembro e dezembro de 1954, demonstra também estar preocupado com uma autenticidade ligada ao local originário, a instrumentos autênticos e à questão racial. Fazendo um panorama evolutivo do jazz e uma análise do jazz de New Orleans, Miranda demonstra sua opinião ao se lamentar sobre a europeização da instrumentação das bandas com o passar do tempo. Deixa claro que, para ele, o jazz autêntico é negro e de New Orleans39. Outra obra sobre o jazz estadunidense, feita por um brasileiro, é “Obras primas do jazz”, do jornalista e crítico de jazz, Luiz Orlando Carneiro, publicada em 1986. Como o 37 Revista de Música Popular, nº1, setembro de 1954, p. 38 38 Idem, p. 39 39 Revista de Música Popular, nº3, dezembro de 1954 p. 42 36 título já sugere, essa obra parte do julgamentos do autor sobre o que seria uma obra-prima do jazz. Na parte que nos interessa, voltada para a década de 1920, foram selecionados quatro artistas expressivos do período: Joe”King” Oliver, Louis Armstrong, Jelly Roll Morton e Bix Beirdbecke. Segundo o autor, esse último, apoiado pelo trombonista Frank Trumbauer e o guitarrista Eddie Lang, foi entronizado como o mais importante músico branco deste período do jazz após as gravações de 1927. Como o único músico branco do período a ser citado, o autor justifica a presença de Bix Beirdbecke entre os lendários músicos de jazz, por ele não desrespeitar as raízes negras. Mas ainda, impunha uma linguagem própria “através do timbre puro e claro de sua corneta”, e reconhecia a primazia de Louis Armstrong. Bix, como veremos no segundo capítulo, é um cornetista/trompetista de imagem controversa na historiografia do jazz, pois, apesar de todo seu talento, como muitos bons músicos do período, foi levado a se juntar a orquestras comerciais que, apesar da segurança financeira, limitavam a autonomia criativa. Esses três livros e a Revista de Musica Popular são os escritos mais significativas dentro do que classifiquei como histórias do jazz estadunidense escritas no Brasil entre as décadas de 1950 e 1980. Os debates que encontramos nessas obras são basicamente os debates estadunidenses reproduzidos em português com as palavras e julgamentos dos respectivos autores. Assim, destacamos que a presença do jazz-band no Brasil na década de 1920 foi ocultada nos escritos sobre jazz publicados no Brasil. Todas as obras consultadas estavam preocupados em buscar e resgatar o “verdadeiro jazz” negro dos Estados Unidos. Podemos supor que para eles não existiam autênticos músicos ou bandas de jazz que merecessem atenção no Brasil nessa década. 37 Bem, mas nem todos esqueceram as jazz-bands estudadas nesse trabalho. O irônico é que, quando foram lembradas, não pareciam existir motivos de interesse, pelo contrário. Para José Ramos Tinhorão, no livro “Música popular: um tema em debate” de 1966, as jazz-bands são uma clara influência estadunidense no Brasil, considerando que a “música urbana de país subdesenvolvido deveria sofrer logicamente, no curso da sua evolução, a influência dos gêneros de música em voga nos centros mais desenvolvidos” 40. Fazendo um panorama evolutivo e superficial do jazz nos Estados Unidos, Tinhorão afirma que o novo gênero estava destinado à rápida comercialização devido ao “rush industrial” estadunidense após a Primeira Guerra Mundial. A influência do jazz no Rio de Janeiro “se revelaria inicialmente avassaladora em face ao conjunto de circunstâncias representado pelo advento do gramofone, das vitrolas, das orquestras de cinema mudo” 41. De maneira demasiada purista e depreciativa, Tinhorão analisa essa influência como um parasita introduzido na cultura brasileira através dos mercados criados pelo “gôsto alienado da classe que mantinha os olhos fixos nos modelos norte-americanos”.42 Ao identificarmos jazz no Brasil na década de 1920, fica óbvia a dedução de que essa é uma influência estadunidense na cultura brasileira, já que o jazz é uma cultura musical desenvolvida nos Estados Unidos. Mas essa relação de influência não é tão simples quanto afirma Tinhorão. Ary Vasconcelos, em sua obra “Panorama da Música Popular Brasileira” de 1964, desenvolveu uma minuciosa pesquisa com a finalidade de organizar a música popular brasileira urbana a partir dos discos, ou seja, a música do século XX. A divisão do livro já 40 TINHORÃO, 1966, p. 45 41 Idem, p, 46 42 Idem, p. 47 38 nos diz muito. A obra está dividida em: compositores, letristas, cantores, duplas vocais, bandas, grupos instrumentais, chefes de orquestra, instrumentistas, apêndice e discografia. Trabalho que deve ser valorizado, pois possui informações valiosas para o pesquisador de música popular que procura nomes, datas, informações gerais de artistas e discos desde o início da gravação mecânica no Brasil. Na parte que se refere aos chefes de orquestra, menciona as jazz-bands, mas apenas apontando para a obra de Romeu Silva e sua trajetória como chefe de orquestra. Provavelmente por motivos nacionalistas, foram omitidos outros líderes de orquestra bem sucedidos da época (como Simon Bountman e Harry Kosarin), que apesar de não serem brasileiros, tiveram uma presença expressiva no contexto musical do período. Já Alberto T. Ikeda, nos seus “Apontamentos históricos sobre o jazz no Brasil”, publicado em 1984 na revista “Comunicações e Artes” da USP, faz um ótimo trabalho de mapeamento das fontes e referências bibliográficas no que se trata das primeiras influências do jazz no Brasil. Ele levanta, em seu pequeno texto, as contribuições de historiadores da música popular brasileira, como Ary Vasconcelos, Almirante e J. R. Tinhorão, em relação aos primeiros registros que temos sobre a presença do jazz no Brasil. Seus apontamentos históricos trazem importantes contribuições para as pesquisas sobre a penetração da música popular norte-americana no Brasil no início do século XX, principalmente quando traz a referência da aparição da primeira apresentação feita por um baterista no Brasil43. Ikeda é um dos poucos pesquisadores brasileiros que trataram diretamente da questão das jazz-bands no Brasil, trazendo contribuições para o tema, mesmo que sejam apenas apontamentos. Não podemos esquecer que Ikeda inaugura um 43 Apresentação de Harry Kosarin no Teatro Phenix, registrada pela revista Fon-Fon e publicada no dia 01/12/1917 39 campo de estudos acadêmicos – e menos memorialísticos – sobre a história da música no Brasil. O trabalho que utiliza uma abordagem bem próxima desta pesquisa é a obra de Hardy Vedana, “Jazz em Porto Alegre”, publicada em 1985. Esse é um trabalho publicado antes da década de 1990, abordando as jazz-bands no Brasil sem juízos nacionalistas ou preocupações com a autenticidade da música (jazz) tocada por essas jazz-bands. No entanto, limita-se ao contexto de Porto Alegre. De forma próxima, a presente pesquisa limita-se ao Rio de Janeiro, uma da principais cidades brasileiras a incorporar e difundir o jazz no circuito cultural da década de 1920. No primeiro momento, Vedana analisa principalmente a trajetória de uma orquestra portoalegrense chamada “Jazz Espia Só”. Albino Rosa, diretor musical e flautista da Jazz Espia Só, depois de ter assistido a uma apresentação dos Oito Batutas, teria resolvido trocar a formação de sua orquestra, que até então contava com flauta, dois violões, cavaquinho e bandola, violino, ganzá e caixa clara. Passou a utilizar instrumentos baseados no formato de orquestra das jazz-bands, com Albino Rosa no sax alto e flauta, Marino dos Santos no sax alto e soprano, João Luiz no pistão, Oswaldinho Peixoto no trombone, Herald Alves na bateria, Severiano de Souza no baixo/tuba, Armindo Alves no banjo, “Camaleão”, Luiz Alvez na percussão (pandeiro, afoxé, ganzá) e Leopoldo Carvalho como cantor. Segundo o autor, a forma que Albino encontrou para tocar essa música foi adquirindo os instrumentos e os arranjos escritos, impressos e comercializados pelas casas musicais do Rio de Janeiro (por exemplo, Casa Wehrs e Casa Viúva Guerreiro). O repertório executado pela “Jazz Espia Só” variava entre choros, polcas, valsas, 40 havaneiras, tangos, schottisch e marchas, e o que ele denominou como o ritmo da moda: o charleston. Nesse sentido, as jazz-bands de Porto Alegre executam um repertório muito próximo ao tocado no Rio de Janeiro, com exceção do maxixe, que teria sido proibido pelas autoridades portoalegrenses devido ao pretenso caráter sensual e imprópio da dança. Como vimos, os estudos sobre a música popular brasileira não dão muita atenção à questão das jazz-bands, sabemos que elas existiram na década de 1920, mas não há uma análise aprofundada (com exceção da obra de Hardy Vedana). Em decorrência disso, realizei uma pesquisa um pouco mais aprofundada, focando nas produções acadêmicas atuais. 1.4 Historiografia recente sobre jazz no Brasil na década de 1920 Tendo em vista a constante renovação historiográfica das últimas décadas, procurei fazer um levantamento e balanço da produção acadêmica atual no campo da Música, pesquisando em Anais de eventos acadêmicos que possuíam trabalhos relacionados ao tema, chegando a teses e dissertações dos pesquisadores em questão. Com isso, procuro definir algumas linhas de pesquisa que desenvolvem temas próximos, identificando as relações entre elas, os principais pesquisadores, as instituições que representam e as principais referências bibliográficas que promovem a proximidade entre os temas. Nos Anais do Seminário de Pesquisa em Música do PPGMúsica da UFG, encontrei um pesquisador/músico que desenvolve um tema próximo, mas que está situado no campo específico da Música, fazendo reflexões relacionadas ao choro. No seu 41 mestrado, José Reis de Geus analisou as aproximações e influências recíprocas na improvisação de Pixinguinha e Dino Sete Cordas. No VII SEMPEM (2007), o autor tratou das “Influências da polca e do ragtime presentes na interpretação do choro segura ele de Pixinguinha”. Para tal objetivo, utilizou argumentações rítmicas e melódicas definindo uma aproximação entre os três gêneros musicais no choro de Pixinguinha, mas também chamou atenção para as pesquisas que estão sendo realizadas na UFSC44 sobre as viagens dos Oito Batutas e as mudanças musicais que estavam ocorrendo no grupo no decorrer deste processo. Portanto, tendo a necessidade de classificar as pesquisas por linhas e tendências, vou definir o seu trabalho como estando inserido nos estudos sobre Pixinguinha e os Oito Batutas e a influência do jazz em sua performance, que, como veremos, é um campo de pesquisa interdisciplinar com inúmeras contribuições e olhares. É visível hoje o interesse acadêmico pelas relações de músicos populares com o jazz. Sobre os Oito Batutas, o trabalho de Luís Fernando Hering Coelho, apresentado no III ENABET em 2006, traz uma série de importantes contribuições para o tema das jazz-bands. Cabe salientar que, apesar de estar trabalhando com Oito Batutas, Hering Coelho não toma o grupo como objeto central da sua pesquisa, mas sim a viagem que realizaram para a Argentina, buscando “mapear horizontes de sentido implicados em universos de relações sociais que têm na referida tournée um de seus nós centrais e que se constituem justamente no trânsito e no contato intercultural”45. 44 Linha de pesquisa orientada pelo professor Rafael José de Menezes Bastos, tendo Luís Fernando Hering Coelho, que realizou sua tese sobre o tema orientado por Rafael Bastos; e Izomar Lacerda, que defendeu sua dissertação de mestrado em 2011 também sob orientação de Rafael Bastos. 45 COELHO, 2006, p. 362 42 Enfim, no pequeno texto de cinco páginas publicado nos Anais desse encontro, o autor faz referências diretas ao jazz-band: quando cita as variações instrumentais utilizadas pelo grupo, que contava com saxofone, banjo e piano, instrumentos característicos de jazz-bands; e quando menciona que há mercado para o jazz na Argentina. É interessante notar que, nesta etapa de sua pesquisa, Hering Coelho estava preocupado com a definição do cenário artístico-cultural argentino da década de 1920, analisando, principalmente, o paralelismo estrutural dos processos de nacionalização do tango e do samba: uma origem “maldita”, uma legitimação “fora”, uma espécie de “purificação” ou especificação simbólica com mudanças no próprio código musical e a derradeira “exclusivização” nacional. (COELHO, 2006: 365) E essa é uma perspectiva importante trazida pelo autor. Esse estudo que envolve a viagem dos Oito Batutas para a Argentina permite que se possa focalizar um eixo de relações entre Brasil e Argentina que, segundo ele, vem sendo relativamente pouco explorado. Acredito ser uma perspectiva interessante de adotar para os estudos sobre jazz-bands, já que estamos nos referindo a uma cultura encoberta por preocupações nacionais. Outro caminho é a valorização do diálogo cultural urbano na América do Sul no início do século XX, desvendando as realidades por trás do nacionalismo. Outra contribuição de destaque é a de Fabiane Behling Luckow, que em 2010 era mestranda em etnomusicologia pela UFRGS. Selecionei o trabalho apresentado no XX Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música (ANPPOM, Florianópolis, 2010) “Cabarés e chanteuses: pela boêmia Porto Alegre de 1920”, que trás reflexões referentes à circulação de repertórios e práticas musicais nos clubes noturnos de Porto Alegre nas primeiras décadas do século XX, constatando as jazz-band como parte 43 fundamental deste cenário musical moderno46. Enfim, a referência principal que ela utiliza para falar das jazz-bands é o livro de 1985, produzido por Hardy Vedana47, sendo seu objetivo principal definir o papel que tiveram as mulheres (chanteuses e dançarinas) no ambiente dos cabarés. Portanto, a autora se refere basicamente a Porto Alegre, inclusive definindo a extrapolação do jazz-band para além dos cabarés e clubes noturnos dessa cidade. Utilizando referências da pesquisa de Vedana, também aborda a influência externa do jazz-band em Porto Alegre e a sua universalização a partir da fusão com uma noção de modernidade corrente no período: a música do jazz-band é a representação musical de um novo e tumultuado mundo, incorporando os novos ruídos da civilização moderna e industrial em suas texturas e o ritmo agitado das emergentes metrópoles modernas em seus compassos, as quais Porto Alegre almejava pertencer. (LUCKOW, 2010: 540) Por isso, já que a proposta aqui é definir e relacionar linhas de pesquisa que abordam o meu tema, classificarei os estudos de Luckow dentro de uma nova linha de pesquisa relacionada com jazz-bands, orientada pela etnomusicóloga e professora da UFRGS, Drª Maria Elizabeth Lucas, que orientou outras pesquisas sobre o contexto musical e sócio-cultural de Porto Alegre no início do século XX48. No campo da etnomusicologia, pude verificar uma das tendências atuais da disciplina levantadas por Carlos Sandroni (2008). O autor define uma tendência da 46 Dos Congressos/Encontros da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música, foram analisados nove Anais, e foi apenas no XX Congresso que encontrei um trabalho relacionado com o tema. E este resultado foi um tanto surpreendente para mim, já que esse é um dos maiores eventos acadêmicos da área de Música no Brasil. 47 Vedana é maestro e clarinetista jazzista de Porto Alegre. Personalidade importante para o desenvolvimento do campo da Música, no que se refere, em geral, ao jazz em Porto Alegre. Publicou também, em 2006, a obra A Eléctrica e Os Discos Gaúchos, e foi o idealizador e fundador do Museu da Imagem e do Som de Porto Alegre (1997). 48 Como é o caso da dissertação de Luana Zambiazzi dos Santos (A Casa A Electrica e as primeiras gravações fonográficas no sul do Brasil: um estudo etnomusicológico sobre a escuta e o fazer musical na modernidade) defendida em 2011. 44 etnomusicologia brasileira a “se comportar, do ponto de vista institucional, como agregadora de especialistas em música brasileira oriundos dos mais diversos horizontes”49. Esse é o caso de Virgínia de Almeida Bessa, que atualmente é doutoranda do Programa de Pós-Graduação em História Social da USP, universidade onde fez sua graduação e mestrado também na área de história. Encontrei no II ENABET (2004) e no III ENABET (2006) dois trabalhos apresentados por ela, que fazem parte da sua pesquisa de mestrado defendida em 200550 e publicada em forma de livro recentemente51. Além disso, em pesquisa no grupo do yahoo “etnomusicologiabr”, que é uma lista de debates online da Associação Brasileira de Etnomusicologia, pude confirmar a presença de Bessa nesse campo quando é indicada por Carlos Sandroni52 para concorrer ao “Premio del libro”53 da IASPM (International Association for the Study of Popular Music). A autora traz importantes contribuições para os estudos sobre a música popular brasileira no início do século XX, com foco especial na produção e no contexto sóciocultural vivido por Pixinguinha, as influências de gêneros musicais estrangeiros na sua performance e os debates em torno do caráter nacional de seus arranjos e composições. Um exemplo da proximidade dos estudos de Bessa, Hering Coelho e Menezes Bastos, pode ser encontrado no seu texto, publicado nos Anais do III ENABET, “À 49 SANDRONI, 2008, p. 9 50 Sua dissertação: "Um bocadinho de cada coisa": trajetória e obra de Pixinguinha. História e Música Popular no Brasil dos anos 20 e 30. Orientada pelo historiador Prof. Dr. José Geraldo Vinci de Moraes. 51 BESSA, Virgínia de Almeida . A escuta singular de Pixinguinha: História e Música Popular no Brasil dos anos 1920 e 1930. São Paulo: Alameda, 2010. 52 Mensagem do dia 19 de abril de 2010. 53 A ideia é premiar o “melhor” livro sobre música popular publicado em 2009 e 2010, escrito por um único autor, sendo que esse precisa ser seu primeiro livro publicado. 45 escuta de Pixinguinha: arranjo fonográfico e música popular”, no qual debate sobre a criação do “caráter nacional” da música de Pixinguinha a partir do final dos anos 1940. São muito famosas as críticas musicais feitas a Pixinguinha durante as décadas de 1920 e 1930 por aceitar muitas “influências estrangeiras” na sua música; e com uma argumentação musical feita a partir dos fonogramas, Bessa confirma as influências do jazz nos arranjos e composições de Pixinguinha. O samba “Gavião calçudo” apresenta, de fato, algumas inflexões rítmicas e melódicas características do jazz (ou dos gêneros híbridos que, naquela época, recebiam esse nome). A começar pelo ritmo da introdução, que remete a um fox-trot. Na parte A, a alternância do solista com os sopros, que constitui uma espécie de pergunta e resposta, lembra o procedimento então utilizado pelas orquestras de hot jazz. A influência das sonoridades jazzísticas fica ainda mais evidente na frase-clichê entoada pelo saxofone tenor, ao final dos quatro primeiros versos. (...) E não era somente a música yankee a fonte em que bebia nosso “popular músico”. Vale lembrar que os ritmos hispano-americanos também faziam grande sucesso nessa época. Assim, o tango argentino e a rumba cubana, entre outros ritmos latinos, também foram incorporados em diversos arranjos de música brasileira. (BESSA, 2006: 297) A autora está tratando diretamente das influências externas de Pixinguinha, enquanto Hering Coelho e Menezes Bastos tratam das viagens e das mudanças musicais ocorridas nos Oito Batutas, tentando definir uma forma e tempo para essa mudança. E esse é um ponto onde as pesquisas desenvolvidas na UFSC se encontram com a de Bessa, sendo que a própria mudança faz parte de sua argumentação, e é tratada por ela nesses dois textos dos Anais como algo dado, tendo apenas a necessidade de se fazer uma descrição musical dessa mudança. A partir desta pesquisa em Anais de eventos, pude mapear e definir algumas das linhas de pesquisa atuais que abordam, de alguma forma, o tema das jazz-band, sendo 46 que, das quatro linhas identificadas, três delas abordam os Oito Batutas e a sua contribuição para a penetração do jazz na música popular brasileira. Nesse capítulo, levantamos uma série de questões sobre a escrita da história do jazz. Percebemos que, na década de 1920, apesar de pouco citado nos textos dos modernistas, o jazz é mencionado como algo positivo por Mario de Andrade e Renato Almeida, que justificam a sua posição com um discurso sobre uma “raiz negra” dessa música. Da mesma forma se posiciona o modernista português Antonio Ferro, que além de exaltar essa “raiz”, ressalta uma sensualidade intrínseca a ela. Relacionando a produção estadunidense e a brasileira da década de 1950 sobre jazz, vimos como o posicionamento dos pesquisadores/colecionadores brasileiros se aproxima dos estadunidenses quando se trata do debate sobre raça e autenticidade, contribuindo para um silenciamento em torno das jazz-bands brasileiras da década de 1920. Ainda, ao verificar a produção sobre a música popular no Brasil entre 1950 e 1980, identificamos ainda a presença de um discurso de caráter nacionalista, que silenciava experiência das jazz-bands no Brasil. Portanto, podemos dizer que a história da música no Brasil, no que tange a questão das jazz-bands na década de 1920, está sendo escrita nos dias atuais, com contribuições de pesquisadores de áreas acadêmicas da Música, História e Etnomusicologia. 47 2. Jazz-bands no Brasil 2.1 Jazz-band e modernidade As primeiras duas décadas do século XX foram marcadas por mudanças significativas no que diz respeito à relação entre dança e música populares. Eric Hobsbawm infere que a partir de 1910 “os editores parecem ter percebido que nenhuma música se tornaria um sucesso estrondoso se não fosse, também, dançável” 54. Assim, os ritmos do ragtime e do jazz serviram para estruturar uma nova forma musical popular, cujas danças eram rápidas e animadas, “substituindo as danças do final do século XIX – principalmente a valsa – por sons africanos, norte e sul-americanos, ritmicamente mais emocionantes”55. Mais do que uma mudança musical, essas novas danças de salão estão relacionadas com uma mudança de comportamento, principalmente entre a geração mais jovem do século XX. No que tange ao contexto inglês e estadunidense, Hobsbawm aponta que “essa voga estava estreitamente relacionada com a liberação de convenções vitorianas de comportamento social, e especialmente com a emancipação feminina"56. Dessa forma, a partir de meados da década de 1910, o termo jazz (jass, jaz, jaze, jazzband) passou a ser utilizado como um rótulo genérico para a nova música de dança, fazendo parte de um emergente e promissor mercado musical. Benjamim Costallat, jornalista e crítico musical do Jornal do Brasil, preocupado em retratar os costumes dos salões do Rio de Janeiro, publicou em 1923 o livro chamado Mademoiselle Cinema, obra classificada por ele mesmo como uma “novela de costumes 54 55 56 HOBSBAWM, 1999, p. 83 Idem, p. 84 Idem, Ibidem. 48 do momento”. Ali registrou os novos costumes que estavam sendo cultivados no Rio de Janeiro. De acordo com Beatriz Resende, no prefácio dessa edição, o livro foi considerado “imoral” e recebeu muitas críticas. Chegou inclusive a ser apreendido em livrarias por policiais. No prefácio, o autor procura deixar claro que a sua intenção é, além de descrever os costumes, também criticar e combater a superficialidade que impingiam para as relações sociais. se mostro a prostituição com todos os detalhes, é como se eu dissesse – vejam como é bom ser honesta, ter uma casa, uns filhos, um marido, tanta coisa a que se quer bem e que nos dá, em troca, amor, conforto, limpeza moral! (COSTALLAT, 1923) A personagem principal da história, Rosalina, é uma melindrosa que “faz parte dessa reduzidíssima família de snobs, de elegantes e de 'arrivistas', cuja moral varia conforme a moda e conforme a indecente moralidade dos terceiros atos das peças francesas”. Seu pai era “ex-ministro da República e atual deputado, (...) tinha seu palacete na Avenida Atlântica, seu bugalow na Avenida Koeler, em Petrópolis, a sua frisa no Municipal”. Descrevendo a vida dessa filha da elite da Capital Federal, Costallat não deixa de fazer menção às jazz-bands, sempre presentes nos bailes e reuniões, “esquentando” o ambiente com seu ritmo frenético e dançante. O jazz ronca, assobia, apita, berra, sanfona, atira-se sobre latas velhas, arrebenta tambores, explode, em som, dos instrumentos de sopro, toca campainhas, faz gemer sereias, enquanto as inglesinhas, sorrindo como um anúncio de pasta de dentes, pulam, caem, levantam-se e descrevem com as pernas desenhos loucos no espaço. Assim passam as cenas. Uma sobre as outras, num caos de cores, de luzes e de mulheres. (…) O jazz não perdoa os ouvidos modernos e os martiriza até o amanhecer. (COSTALLAT, 1923: 93) 49 Costallat, um combatente pelos “bons costumes”, radicalizava em sua linguagem, com o intuito de chocar e conscientizar os seus leitores sobre diversas questões morais envolvendo a mulher, a vida moderna e o jazz-band. Uma das passagens de seu texto, que demonstra claramente a sua noção sobre o comportamento feminino moderno, é quando descreve as memórias do primeiro beijo de Rosalina, aos 16 anos, no recém-reformado 57 jardim do palácio Guanabara, em um baile embalado pelos fox-trots e shimmys. Rosalina não sabia... deu-se toda, de todo coração! Mas aquele beijo, para o elegante encasacado, fazia parte da dança. Era o remate natural de um fox-trot e de uma noite de baile. Nada mais. (...) O beijo, daquela noite, nada significava. O beijo que a sua alma romântica e ainda pura pensava eterno, não tinha a mínima importância. Na sociedade de hoje, os beijos e ouras coisas mais dão-se assim... Deixou o lirismo de seus dezesseis anos. Deixou de ser inocente. Ficou, depois de uma curta desilusão, menina de sua época. Foi a novos bailes e deu novos beijos (COSTALLAT, 1923: 52-53). Esses bailes ocorriam de fato, e podemos verificar isso a partir dos periódicos do período. Um exemplo é o texto publicado no jornal Gazeta de Notícias do dia 8 de setembro de 1927, descrevendo o baile do 105º aniversário da independência, ocorrido no Palácio Guanabara na noite anterior. Na recepção desse evento oficial, iniciada às dez horas da noite do dia 7 de setembro, “o Sr. presidente e a Sra. Washington Luís, acompanhados da Casa Civil e Militar da Presidência, aumentada esta de vinte oficiais do Exército e Marinha e oito alunos militares, e com todos os Srs. ministros de Estado começaram a receber no Salão de Honra, os cumprimentos das pessoas convidadas”58. O jornalista estima que quatro mil pessoas estiveram presentes nesse festejo 57 Foi realizada uma reforma no Palácio Guanabara no ano de 1920, durante o mandato do presidente Epitácio Pessoa. A justificativa apresentada no jornal O Paiz foi a hospedagem do rei Alberto da Bélgica, que visitou o Rio de Janeiro em julho de 1920. Este evento foi anunciado no jornal dos dias 22 de fevereiro, 29 de março, 23 de abril, 27 de abril, 28 de abril e 26 de maio de 1920, dentre outros. 58 Gazeta de Notícias, 8 de setembro de 1927, p. 10 50 oficial e, dentre eles, membros dos altos escalões do Estado brasileiro e altas patentes do Exército e Marinha. Ao final da descrição do evento, é anunciado que, após a recepção, ocorreu um grande baile que seguiu “ao som de várias 'Jazz-bands' colocadas no salão de honra, nos demais salões, no jardim de inverno e no parque, prolongando-se as danças até a madrugada”59. Em uma festa oficial de tamanha proporção, foram contratadas pelo menos 5 orquestras jazz-band para embalar as danças dos diferentes ambientes. A personagem de Costallat dançava o fox-trot no jardim do palácio, lugar que, segundo o autor, teve desde sempre a função de proteger amantes60. Também, é preciso deixar claro que além dessa, existem outras realidades modernas que incorporaram o jazz-band de forma a construir diferentes sentidos para os bailes das diversas associações recreativas, dos festivais do movimento operário, dos cinemas e dos clubes esportivos. Disso trataremos na segunda parte deste capítulo. Outros escritores, como Constallat, mesmo que não estejam tão preocupados com os bons costumes, também estabelecem associações entre os modernismos do comportamento feminino, o ambiente dos salões e a presença do jazz. Dentre eles, destaca-se Antonio Ferro, um jornalista, escritor e político português que estabeleceu estreitos contatos com modernistas brasileiros. Ferro veio ao Brasil em 1922 para realizar uma série de palestras, intituladas A Idade do Jazz-Band. Em cada palestra, foi apresentado por um diferente modernista brasileiro, e temos registro de três destas apresentações. No Rio de Janeiro, no dia 21 de junho de 1922, Ronald de Carvalho o apresenta de maneira entusiasmada, 59 60 Idem, Ibidem. COSTALATT, 1923: 50 51 Não conheço na literatura de seu país, mais atual, mais perturbador, mais ágil artista que o autor da “Teoria da Indiferença”. Sua arte repele as regras e os preconceitos, é sutil instrumento por onde passa a corrente da vida. (…) Antonio Ferro poderia dizer que a Arte não está na beleza, nem na verdade, nem na pura contemplação do espetáculo universal. A Arte está em nós, só o artifício com que inventamos uma realidade diferente daquela que nos depara a natureza. (FERRO, 1923: 30) Uma palestra é um tipo de evento onde existe uma grande possibilidade de se conhecer/encontrar muitas e diversas pessoas interessadas em um determinado tema. Portanto deduzo que, sendo ele a figura central do evento, provavelmente estabeleceu contato com muitos intelectuais brasileiros. Em São Paulo, numa palestra realizada no Teatro Municipal no dia 12 de setembro de 1922, quem o apresenta é Guilherme de Almeida. Na Revista Klaxon n° 361, “Mensário de Arte Moderna” de São Paulo (revista onde publicavam os modernistas da Semana de Arte Moderna, com contribuições de diversos outros modernistas), foi publicada, no dia 15 de julho de 1922, um texto de Ferro chamado “Nós”, seguido dos textos de Guilherme de Almeida, Manoel Bandeira, Mario de Andrade, Ronald de Carvalho, Serge Milliet , dentre outros. Ainda, na revista de n° 562, na coluna “Luzes e Refrações”, onde são feitos comentários sobre outros intelectuais e artistas, declarando o posicionamento dos “klaxistas” frente a ele, pode ser encontrado um texto otimista escrito por Anita Mafalti sobre um jantar que foi oferecido para Ferro pelos “klaxistas”. Um conceito fundamental na obra de Antonio Ferro, que atravessa seu texto, diz respeito ao “artificialismo” do ser humano moderno. Para ele, “a humanidade de hoje é 61 62 Klaxon : mensário de arte moderna. n. 03, julho de 1922. Idem. n. 05, setembro de 1922. 52 tão grande, tão forte, tão dogmática, que deixou de existir nos corpos, passou para os vestidos, alastrou-se nos móveis, nas casas, esparrinhou nos livros... Só o artifício é natural.”63. Essa é a humanidade que surge sobre os escombros deixados pela “Grande Guerra”, uma humanidade de vestidos e tintas, onde os valores que outrora eram considerados nobres, perdem terreno para desejos artificiais e materiais de prazer e liberdade. Foi a “Grande Guerra” que deu às vidas humanas tal insignificância, transformou-as, de tal forma, em prospectos de raças, que a pele, os ossos, a carne, se desvalorizaram, como papel-moeda, para dar importância máxima, sobre-humana, às sedas, às casimiras, aos veludos, aos organdis, aos crepes... (FERRO, 1923: 39) As mulheres, estas que não foram para a guerra, que sofreram de solidão, que ficaram “num sofrimento vagaroso, num sofrimento que as sacudiu, como um vento furioso, que as reduziu, que as transfigurou...”. Para ele, esse sofrimento foi o que levou as mulheres a se entregarem ao “artificial”, atirando sobre seus corpos a “mentira dos vestidos impossíveis, a epiderme bailada das sedas insolentes, os nervos do organdi, o pó de arroz dos crepes...” 64. Para além disso, assim como as mulheres foram transformadas em “bonecas”, os homens também foram transformados em “fantoches”, e a principal causa desta transformação está no ritmo do jazz-band, pois é na dança que os seres humanos libertam-se do “peso da alma”, desarticulam seus corpos. Nesse sentido, é importante ressaltar que, aos olhos dele, essa é a beleza de sua época. O moderno comportamento feminino em direta relação com o jazz-band fica ainda mais evidente nas caricaturas de J. Carlos. Mais uma vez o jazz-band desponta como um veículo de disseminação de valores e comportamentos tidos como modernos na 63 64 FERRO, Antonio. A Idade do Jazz-Band. Off. Graph. São Paulo: Monteiro Lobato, 1923, p. 37 Idem. p. 40 53 cidade do Rio de Janeiro. As caricaturas de J. Carlos, com bailes e ambientes dos salões, podem ser localizados na revista Para Todos. A revista era dirigida pelo próprio J. Carlos (José Carlos de Brito Cunha), que também participava em diversas publicações na década de 192065, e Álvaro Moreyra, também jornalista, cronista, participante do Teatro de Revista e diretor de outras revistas do período 66. Fundada em 1918, era voltada exclusivamente para o cinema até 1926, quando sofreu uma renovação de pauta e consequentemente de público-alvo nesse ano. Ao invés de fotografias de atrizes do cinema na capa, a revista passou a apresentar ilustrações de mulheres representadas de forma sensual e provocativa, sendo J. Carlos o principal criador de ilustrações de capa desta revista no período consultado (revistas entre 1927 e 1928)67. Nessa época, a Para Todos era uma revista que tratava de assuntos mundanos, suas publicações estavam ligadas à moda, mundo feminino, dança, teatro de revista, música, cinema, fotografias da cidade e de artistas, crônicas, além de muitas ilustrações, charges e caricaturas envolvendo acontecimentos e situações mundanas. J. Carlos, através de um viés humorístico, divulgava a imagem de um novo tipo feminino moderno, a melindrosa, já destacado por Constallat. Para J. Carlos, “a 'melindrosa' é uma figurinha essencialmente decorativa. Enfeita a cidade. Gosto de pintála! E a 'melindrosa' pintada é tudo o que há de mais diabolicamente fascinante.”68 Segundo Mônica Pimenta Velloso, tanto os caricaturistas quanto os cronistas 65 66 67 As revistas Fon-Fon, A Cigarra e O Malho por exemplo. As revistas Ilustração Brasileira e Fon-Fon. A revista Para Todos publicada entre 1927 e 1928 está disponível para consulta na Casa Rui Barbosa. 68 O Jornal, 1926 apud DOURADO, 2005, p. 99 54 exerceram um papel de críticos dos novos hábitos endossados pela moderna sociedade de consumo, apontando as “ambiguidades do moderno, seja em atitude de denúncia, seja recorrendo ao viés irônico e coloquial”69. O caricaturista seria, nas palavras de Baudelaire70, o “pintor de circunstâncias”, capaz de reunir a crítica, a notícia e o humor em uma única obra, que é reproduzida inúmeras vezes e acessível até para os não letrados. Um bom exemplo para iluminar essa aproximação: a mulher moderna está na charge intitulada “No Fim da Festa” (imagem 1). Nela, a melindrosa está sentada à mesa com o coronel Polydoro, que não tem uma aparência esbelta, mas é um “homem de posses”. Acima da mesa, podemos ver alguns presentes, como uma caixa de chocolates e rosas; ao ler o diálogo, ficam muito claros os interesses e desejos que estão sendo insinuados por ambos. A melindrosa, chamada pelo coronel de Dondoca, quer alguém que pague pelo seu conforto, vestidos, tintas e cosméticos modernos, chapéus, jantares caros e, ao final da festa, o coronel poderá, naturalmente, satisfazer seus desejos sexuais. Tanto que, ao achar o garçom atraente, a melindrosa, demonstrando de forma natural o seu desgosto pela inevitabilidade do que estava por acontecer, diz ao coronel: “convida o garçom para ir conosco”. 69 70 VELLOSO, Mônica Pimenta. História e Modernismo. Belo Horizonte: Autêntica, 2010. BAUDELAIRE, 2008 apud VELLOSO, 2010, p. 81 55 Imagem 1: “No fim da festa” (Revista Para Todos 20/08/1927 p. 18) Além dessa interpretação, o próprio título nos remete a uma festa, dando-nos pistas sobre o tipo de espaço que o autor imaginou para essa cena. Levando em consideração que é um espaço com mesa e garçom, podemos dizer que é um espaço público, provavelmente o salão de baile de alguma associação recreativa, club ou recreio do Rio de Janeiro, onde esse tipo de atitude “artificial” torna-se “natural”. 56 Definindo o tema, temos a possibilidade de explorá-lo a partir de outros olhares contemporâneos ao do artista (Costallat e Ferro), que devem ser contextualizados e relacionados. Com isso, procuro definir um conceito de artificialismo que perpassa a obra dos três, deixando claro o posicionamento de cada parte. Assim, mesmo que o caricaturista não expresse o conceito em palavras, o “olhar” para as imagens, considerando o conceito emergido dessa relação, pode nos revelar diferentes sentidos históricos. A caricatura publicada na capa da revista Para Todos de 24 de setembro de 1927 (Imagem 2) pode ser um bom exercício para colocar essa reflexão em prática e também à prova. É outro bom exemplo, com a vantagem de incorporar também a modernidade sonora do jazz-band. Imagem 2: Capa da Revista Para Todos (24/09/1927) 57 Podemos perceber claramente que o ambiente retratado aqui é um salão, com uma jazz-band, um casal dançando, fumaça, diversas cores e luzes, uma espécie de bananeira decorativa (tropical), com um fruto pendurado que lembra uma jaca, ou um maxixe gigantesco. No casal, note as expressões faciais e o posicionamento dos seus corpos (Imagem 3). O homem parece estar espantado, ou/e tímido, enquanto a melindrosa, com leveza, alegria e prazer parece conduzir a dança. De acordo com o movimento e posição dos corpos, parece-me que a mulher está avançando por cima da perna do homem, que está por entre as suas pernas, enquanto dá uns rodopios pelo salão. Diria que, essa é uma dança que o autor quer caracterizar como “quente” e sensual. Pode, sem dúvida, considerando o debate anterior, ser uma representação de um maxixe. Imagem 3: “Casal dançando” (Capa da Revista Para Todos 24/09/1927) Outro elemento fundamental para essa análise é a representação da orquestra do salão (Imagem 4), onde todos os músicos são negros, exceto pelo músico que está 58 tocando violão e cantando, que, eu deduzo, pode ser considerado um blackface71 caricato. Com a pesquisa na revista Para Todos, coletei outras imagens de J. Carlos com personagens negros e blackfaces, que aparecem associados à música, espetáculo e jazz. Quando o personagem é negro, ele não desenhava uma boca tão exagerada (característica do blackface), a cor da pele com a tinta preta cerrada e com brilho de reflexo. Os instrumentos que estão visualmente representados nesta caricatura são: pandeiro, trompete, violão e maracas (chocalho); isto pode ser considerado a representação uma jazz-band? Imagem 4: “Orquestra” (Capa da Revista Para Todos 24/09/1927) A questão é complexa: uma jazz-band não é um formato de orquestra que pode ser simplesmente definido pelos instrumentos ou gênero musical. Cada jazz-band, dentro de suas possibilidades, pode usar uma formação instrumental própria, desde que use instrumentos do grupo dos metais, representado na imagem pelo trompete (piston). Levando em consideração que essas são orquestras comerciais, que tocam 71Forma de representação pública do negro em espetáculos, desde os Minstrel Shows no século XIX, onde o artista pinta seu rosto de preto, satirizando a figura do negro. Blackface teve diversos desdobramentos; o que nos interessa aqui, é que na década de 1920, o blackface continua a ser utilizado em espetáculos, principalmente associado à ideia de jazz. ABREU, Martha. O “crioulo Dudu”: participação política e identidade negra nas histórias de um músico cantor (1890-1920). UFRJ, Topoi, v. 11, n. 20, jan.-jun. 2010, p. 92-113. 59 profissionalmente animando eventos e bailes, posso dizer que elas respondem à uma demanda de mercado, que influenciam diretamente o seu estilo e repertório musical. Desde que se “globalizou”, o jazz-band não é simplesmente um formato de banda ou orquestra, mas uma forma de apresentação musical, repleta de valores modernos. O seu repertório varia conforme o contexto sócio-cultural no qual está inserido, conforme os gêneros musicais valorizados nesse contexto; a única regra que identifiquei até o momento, é que os ritmos devem ser animados e modernos72. Se tratando de uma representação que J. Carlos criou de uma jazz-band, ele utilizou alguns elementos que foram ressaltados por Antonio Ferro em relação ao jazzband: raça e sensualidade. De certa forma, os três modernistas citados se expressam utilizando o conceito de artificialismo, chamam atenção para o comportamento feminino e ligam esse comportamento ao jazz-band, mas com posicionamentos diferentes frente a isso. No caso de Ferro, que é um amante de sua época, considera que a artificialidade/superficialidade/descartabilidade das relações, proporcionada pelo jazzband, é o que há de mais belo. Descobrimos ainda que Ferro possui influência/status entre os modernistas brasileiros, e que o artificialismo, como um valor atrelado ao jazzband, faz parte de uma maneira de interpretar e representar essa modernidade burguesa. 2.2 Sobre a documentação Para a segunda parte deste capítulo, foram selecionados eventos em jornais publicados no Rio de Janeiro na década de 1920, com o intuito de definir o espaço 72Exemplo: no filme “The Jazz Singer” (1927), onde Al Jolson, que é um famoso artista do teatro de revista e blackface, interpreta um cantor de jazz. Na última sequência musical do filme (1h 38min), o que faz o seu espetáculo ser jazz, obviamente não é a música que canta, mas o formato do espetáculo, com blackface e “bom humor”. 60 ocupado pelas jazz-bands nessa cidade. Para isso, é interessante expor, inicialmente, os métodos desta pesquisa, já que boa parte dos dados foram coletados através de veículos digitais. O debate e a contextualização dos acervos e ferramentas digitais se faz necessário, pois eles se inserem em uma tendência ampla e recente, que está revolucionando os meios de coleta e difusão de dados na pesquisa histórica. Atualmente, com a popularização e valorização da internet como um veículo de comercialização, socialização, informação, divulgação e entretenimento, acervos de diversas naturezas, institucionais ou particulares, estão sendo digitalizados e disponibilizados para consulta online73. Esse fenômeno proporciona um grande salto para as pesquisas acadêmicas, possibilitando o acesso a fontes primárias digitalizadas (documentos escritos, periódicos, fonogramas, fotografia, vídeos) em qualquer lugar que tenha a rede disponível. Com a pesquisa online e o acesso a acervos de todo mundo, criou-se a possibilidade de seleção, armazenamento, organização e classificação de dados em torno de um tema, de forma que um acervo pessoal acaba se desenvolvendo a partir dos fragmentos coletados dos diversos acervos digitais consultados74. Para esta pesquisa, foram exploradas possibilidades diversas: download de partituras, livros e periódicos digitalizados de diversas fontes, instituições e projetos online; criação de um acervo de páginas digitalizadas de periódicos que mencionam jazz-bands; criação de uma tabela com dados de um acervo fonográfico digitalizado (3º capítulo). 73 A princípio eram apenas os dados do acervo, para facilitar a consulta, mas atualmente muitas instituições já possuem seus documentos (ou parte deles) digitalizados. 74 Para referências sobre jazz na década de 1920, podem consultados dois importantes acervos digitais estadunidenses: Library of Cogress (http://www.loc.gov) e a parte de áudio do Internet Archive (https://archive.org/details/audio). 61 Para a localização de eventos com jazz-bands ocorridos no Rio de Janeiro da década de 1920, foi utilizada a Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional 75, ferramenta que conta com um acervo digitalizado de parte dos periódicos da Biblioteca Nacional (ainda em processo de expansão). Os periódicos digitalizados foram inseridos em um sistema de busca por palavras, ampliando incomparavelmente a quantidade de dados/tempo que o pesquisador pode obter em sua pesquisa. Ainda, a possibilidade de analisar página por página do periódico também existe, já que o sistema não identifica todas as referências existentes. Para completar, ainda podemos fazer download das páginas com um simples clique do botão direito do mouse e “Salvar imagem como”, possibilidade que foi muito explorada nesta pesquisa. Se procurarmos pela palavra “jazz” em todos os periódicos do período entre 1920 e 1929, podemos ter uma ideia da amplitude e quantidade de dados que podem ser encontrados dessa forma: Jornal do Brasil (2080 registros), Correio da Manhã (1836 registros), O Paiz (1083 registros), A Manhã (958 registros), Gazeta de Notícias (885 registros), O Imparcial (849 registros), A Noite (832 registros), Diário Carioca (473 registros), Crítica (179 registros). Devido à imensa quantidade de dados encontrada nos jornais de grande circulação, foi selecionado o recorte entre 1920 e 1923, que nos possibilita uma imersão no período em que o jazz-band se estabeleceu como um formato bem sucedido de orquestra comercial e se expandiu pela cidade. Assim, foram criadas pastas com o nome dos jornais pesquisados, onde as páginas que possuem referência a “jazz” até 1923 foram salvas, utilizando palavras-chave no nome de cada arquivo para facilitar a consulta 75 http://memoria.bn.br 62 futura76. Foram selecionados anúncios em 5 diferentes jornais do Rio de Janeiro, no período entre 1920 e 1923, considerado como um período de expansão inicial do jazzband nessa cidade. Dos cinco, os jornais O Paiz, A Noite, Correio da Manhã e Gazeta de Notícias, foram pesquisados utilizando a Hemeroteca Digital Brasileira da Biblioteca Nacional. Apenas o Jornal do Brasil foi consultado em microfilme na seção de periódicos da Biblioteca Nacional. Além desses jornais de grande circulação, foram utilizados quarenta jornais do movimento operário, publicados num período mais amplo, entre 1921 e 1928, totalmente ou parcialmente digitalizados e disponíveis no Arquivo do Movimento Operário do Rio de Janeiro (AMORJ – UFRJ). Vale citar apenas os dez jornais nos quais consegui localizar referências ao jazzband: A Classe Operária – 1928; Voz Cosmopolita - Orgão dos empregados em hoteis, restaurantes, cafés, bars, e anexos – 1922-28; A Voz do Fundidor - Orgão do Syndicato dos Fundidores – 1926; CRUG - Comitê de Reorganização e Unificação dos Graphicos – 1926; Boletim do Centro dos Operários Marmoristas – 1925-26; A Tribuna - Vespertino Independente – 1926; A Verdade - Orgam defensor das classes do ramo alimenticio e do proletariado em geral – 1923; A Vida - Orgão do Centro dos Operarios das Pedreiras – 1926; O Barbeiro - Orgão dos Officiaes de Barbeiro – 1926; O Sapateiro - Orgão dos Trabalhadores da Industria de Calçados e de Couros e Pelles – 1928. 76 Esta tem sido uma experiência metodológica muito frutífera, pois o nome da jazz-band e o local do evento (quando aparecem) são sempre palavras-chave obrigatórias. Com isto, temos a possibilidade de filtrar os anúncios utilizando a ferramenta de busca do próprio sistema operacional, que ao digitar o nome da jazz-band ou local/associação, separa todas as páginas com a mesma referência. 63 2.3 Jazz Bands pela cidade. No dia 5 de maio de 1928, o Grupo Ressurgir, formado por trabalhadores da indústria mobiliária, anunciou no jornal Classe Operária que está promovendo um festival “em benefício dos cofres sociaes da A.T.I.M” (Associação dos Trabalhadores da Industria Mobiliária). O festival prometia ser um evento mais amplo, pois “não só os trabalhadores da indústria mobiliária devem concorrer para o brilho deste festival”, como também o proletariado desta capital estaria presente. Para começar o evento, foi anunciado que às 21 horas ocorrerá uma palestra do “camarada Danton Jobin” sobre “as necessidades da organização”. Em seguida “haverá um fino acto de cabaret” e às 24 horas começará o baile, “animado pelo afinado jazz-band Schubert”77. Foi anunciado, no dia 15 de junho de 1922, no jornal do movimento operário Voz Cosmopolita (Orgão dos empregados em hotéis, restaurantes, cafés, bares e classes congêneres), que após seis meses de publicações quinzenais regulares, era anunciado um festival para “auxiliar a publicação do jornal”. O festival seria, no dia 8 de julho, 21h, no “elegante e confortável” salão do Centro Cosmopolita. A programação do evento foi dividida em cinco partes: a primeira, uma “Overture pela Orchestra Schubert” (também conhecida como Jazz Band Schubert); na segunda parte, uma conferência “por um conhecido tribuno, operário”; logo após, na terceira parte, foi anunciado que aconteceriam “Recitativos, etc.”, que pode ser entendido como um pequeno show de variedades; na quarta parte do evento, uma “tombola” feita com artigos doados pelos associados, comerciantes apoiadores, e alguns adquiridos pela própria associação; finalmente, na quinta parte, um tradicional “baile familiar” embalado ao som da 77 Classe Operária, nº 2, 5 de maio de 1928, p. 2 64 Orchestra Schubert. Além de servir para arrecadar fundos para o jornal, esse festival tinha o objetivo de auxiliar na publicação do livro Contra a perpetuidade do erro e da mentira do “esforçado e activo camarada” Carlos Dias, e do Manifesto comunista de Karl Marx. Podemos dizer que o objetivo desse festival é declaradamente o de angariar fundos para cumprir certas metas financeiras da associação, caráter comum dos festivais anunciados nos jornais operários da década de 1920. É interessante também ressaltar que, mesmo em ambientes politizados de tradicional esquerda, temos jazz-bands se apresentando, mesmo que nesse evento ela esteja assumindo a seu formato tenha a denominação de orchestra. No mesmo jornal, no dia 1 de maio de 1925, foi anunciado outro evento recreativo que seria realizado no dia 9 de maio, ás 22 horas, mas desta vez com um diferente objetivo. Direcionado apenas para os associados do Centro Cosmopolita, essa foi uma festa promovida para incentivar os que ainda não possuíam uma carteira da associação. O anúncio deixa claro: a festa fora destinada apenas para aqueles que possuíam as carteiras e suas famílias, os que não possuíssem a carteira e desejassem ir à festa, teriam que pagar o valor de 5$000 "como penalidade ao seu desleixo de não terem ainda; do contrário, não terão entrada na festa"78. E provavelmente por esse motivo, a notícia do dia 15 de maio sobre a festa procura justificar o insucesso do evento: “Embora ressentido-se um pouco daquela frequência que costumam ter os festivais que realizamos, transcorreu animadamente a festa que o Grupo Editor deste jornal promoveu”79. 78 79 Voz Cosmopolita, nº 57, 01 de maio de 1925 Idem, nº 58, 15 de maio de 1925 65 O evento foi essencialmente dividido em duas partes. Na primeira, cumprindo com o principal objetivo, uma conferência de Guilherme Saraiva falando sobre “a significação e a utilidade da carteira de reconhecimento associativo”, política que começou a ser debatida em 1922 e foi adotada em 1923 pela associação. Na segunda parte, aconteceu um baile embalado, novamente, pela Orchestra Schubert. Enfim, após consultar diversos jornais do movimento operário, posso descrever uma série de eventos, realizados no período entre 1921 e 1928, com formatos semelhantes a esses apresentados acima, onde temos uma conferências com temas relacionados ao movimento operário ou à associação operária organizadora do evento, um espetáculo de variedades com “poesias, monólogos, sonetos cômicos, canções typicas”80 e um baile para finalizar a noite, normalmente embalado por uma jazz-band. Sem dúvida, a presença de uma jazz-band musicalizando os bailes noturnos fez parte de uma cultura associativa, que transcendia as barreiras de classe, as fronteiras de bairro e inclusive as fronteiras de estado. As jazz-bands pareciam estar em todos os lugares nos anos 20. Na coluna “Sociedades Recreativas” do Jornal do Brasil do dia 22 de maio de 1923, onde são anunciados os eventos sociais dos clubs, recreios e associações do Rio de Janeiro, o jornalista descreve o “vesperal de domingo” no Recreio dos Artistas: Pelo vasto salão de baile viam-se graciosas senhoritas, ostentando custosas 'toilettes', emprestando com isso um cunho de verdadeira distincção. As dansas transcorreram animadas ao som da afinada Orchestra Schubert e eram constantemente bisadas pelos numerosos pares que enchiam por completo os salões do Recreio (Jornal do Brasil, 22/05/1923) No jornal do mesmo dia, o anúncio do baile do dia 26 no “Commercial Club”, 80 CRUG, nº 3, abril de 1926, p. 1 66 na mesma coluna, onde “além da família dos sócios, acorrerão os elementos de destaque da elite carioca”, o mesmo grupo é anunciado, mas com outra denominação. “O início da festa está marcado para as 22 horas e que se prolongará até o amanhecer de domingo, devendo animar as dansas a 'Jazz-Band' Schubert”. Ainda no Jornal do Brasil, no dia 1° de maio de 1923 (terça-feira), foram encontrados mais dois anúncios desta mesma orquestra que ilustram a nossa questão. No domingo anterior, foi realizado um vesperal “nos vastos e confortáveis salões” do “Commercial Club”, onde as danças foram embalada pelo “Jazz-band Schubert”. E na mesma coluna, foi anunciada uma “soireé dançante” realizada no sábado, dia 5 de maio de 1923, no “Centro Maçônico”, sendo considerada pelo jornalista como uma “oportunidade para reunião de várias famílias de seus associados”. Segundo ele, “as dansas defluíram sob uma impressão agradando de enthusiasmo, animadas pela Orchestra Schubert, que vem se impondo pela execução de seu vasto e variado repertório”. No jornal Correio da Manhã do dia 27 de outubro de 1923, foi anunciada uma tarde dançante no Atheneu Commercial. Era mais um evento/festa dançante, oferecido por uma sociedade recreativa, que será “abrilhantado pela orchestra Jazz Band Schubert”. De acordo com o colunista, terá “toda a pompa”. Para as jazz-bands, que são orquestras formadas por músicos profissionais, esse formato de evento com baile permitia que tivessem um espaço garantido de trabalho. Já que possuíam um repertório extenso e variado, apresentavam-se nos mais diversos ambientes e salões, indo desde bailes da elite sócio-econômica aos cabarets da cidade. Um bom exemplo disso é a orquestra de A. Pinheiro Schubert, chefe da Orchestra Schubert ou Jazz Band Schubert, uma das jazz-bands que se destaca por sua intensa 67 presença nos bailes das mais diversas associações recreativas do Rio de Janeiro. Citamos neste trabalho algumas das associações que receberam essa. A orquestra foi recebida por diversas associações em seus salões, como Centro Cosmopolita, Associação de Trabalhadores da Indústria Mobiliária, Recreio dos Artistas, Commercial Club, Centro Maçônico, Atheneu Commercial e Ramos-Club. A possibilidade de alternância entre as denominações “jazz-band” e “orchestra” variava em função do tipo do evento em que se apresentava, demonstrando o caráter múltiplo das jazz-bands e a diversidade do público para o qual se apresenta. Mas, sem dúvida, ainda são necessárias outras referências para desenvolver melhor essas reflexões. Relacionar esse circuito de orquestras à expansão do mercado fonográfico e de trabalho dos músicos pode ajudar a entender melhor a escolha das denominações. Veremos isso melhor, sempre levando em consideração os sentidos assumidos pela denominação jazzband, exercício a ser feito no capítulo 3. Outra conclusão que podemos tirar do fato de que a Jazz Band/Orquestra Schubert esteve se apresentando em diferentes e diversos ambientes sociais, é que a demanda por orquestras contratadas para eventos aumentou no Rio de Janeiro, o que logicamente nos leva a deduzir que houve também um aumento nos eventos com música ao vivo realizados na cidade. No jornal Correio da Manhã de 2 de fevereiro de 1923, podemos encontrarmos um evento com esta orquestra Schubert em uma nota na seção destinada a anunciar os bailes e eventos de carnaval do corrente ano. Eis que, no Ramos-Club, “nos subúrbios da Leopoldina”, é anunciada a “Jazz Band Schubert”, que se apresentou na festa realizada no domingo, das 6 da tarde à meia-noite. De acordo com o colunista do jornal, este foi 68 um grande evento, “a julgar pela música, ornamentação e procura de convites”. Pode parecer conflituoso, ou que há algo fora do lugar, ao lermos quando um anúncio de festa de carnaval cuja música é tocada por uma jazz-band, mas isto é algo completamente corriqueiro. E ainda, na medida que os anos passam pela década de 1920, mais e mais jazz-bands aparecem em anúncios de bailes carnavalescos, em clubs e associações recreativas do Rio de Janeiro. No jornal Gazeta de Notícias do dia 17 de janeiro de 1923, foi publicada uma coluna chamada “O carnaval que chega...”, repleta de anúncios e notas sobre eventos do carnaval desse ano. Juntamente com o anúncio da letra da marcha carnavalesca, “Meu amor quer me bater”, do Sr. José Luiz de Moares (Caninha), do hino da sociedade “Lyrio do Amor” de Botafogo, do ensaio dos “Africanos de Villa Isabel”, do banho de mar à fantasia na “Ponta do Cajú”, está o anuncio de um baile à fantasia a ser realizado no dia 27 de janeiro no “Theatro Phenix”81. Um comum baile pré-carnaval, com concurso de fantasias e traje a rigor; a previsão é que ela tenha início às 10 horas da noite e término às 5 horas da manhã, a festa será “abrilhantada por duas orchestras Jazz Band”. Essas orquestras executam muitos sambas, maxixes e machas carnavalescas em seus repertórios, além de fox-trots famosos. Nesse mesmo jornal82, foi anunciado um evento realizado pelo “Bloco Raiz do Abacate”, filiado à famosa sociedade recreativa localizada no bairro do Catete, Flor do Abacate. O anúncio não deixa claro se a orquestra que tocou nesse evento é uma jazzband. Temos informações de que ela é composta por 26 músicos, o que extrapola a 81 82 Também anunciado no jornal Correio da Manhã do dia 19 de janeiro de 1923. Gazeta de Notícias, 17 de janeiro de 1923, p. 6. 69 quantidade de músicos necessários para uma jazz-band, mas a questão que quero colocar aqui não é essa. O repertório preparado pela orquestra para esse carnaval é citado, sendo ele composto por três marchas oficiais do bloco, dois sambas “desses de mexer com as canellas de qualquer”, músicas de “Pexinguinha e Fagundes”, seguido de um fox-trot chamado “Gaúcho”, sendo letra e música compostas por Prazeres, oferecido à “distincta colonia rio-grandense e dedicada ao conjuncto abacateiro e às famílias da zona do Catete”. Após esse fox-trot, definido como de “estylo americano”, ainda é anunciado um one-step chamado “à la carte”, com autoria de Abe Hozelmann e letra de Godof Barbariz. A meu ver, a presença dessas duas músicas no anúncio de jornal do evento promovido por esse bloco simboliza um esforço, nada raro, de se integrar em um contexto moderno mais amplo, representado pela música estadunidense. Um outro exemplo disso pode ser o evento realizado no dia 27 de abril, anunciado no jornal O Paiz de 25 de abril de 1923, oferecido aos oficiais da marinha de guerra do Brasil pelo coronel D. C. Collier. O programa do evento contou com a exibição de lutas de boxe, canto de artistas brasileiros e estadunidenses, comédias especiais e “as modinhas de 'Sinhô', o rei do samba, com seu grupo de músicos”. Mesmo que divulgado como “o rei do samba”, é anunciado que serão apresentados por ele, juntamente com os ecos do carnaval de 1923, “as últimas creações do 'jazz' norte-america”. No mesmo ano é anunciado um outro baile de carnaval cuja orquestra responsável pela música é uma jazz-band. Foi encontrado no jornal Gazeta de Notícias do dia 11 de fevereiro um baile à fantasia destinado às crianças, realizado no dia 12 desse mesmo mês, nos salões do Palácio Theatro da Empreza José Loureiro. Nesse baile infantil, que aconteceu na segunda-feira de carnaval, apresentou-se a “Jazz Band 70 Romano”, onde também houve distribuição de brinquedos e ventarolas, prêmios às melhores fantasias, pares de dança e cançonetas. No dia 20 de fevereiro de 1923, no jornal O Paiz, foi anunciado em “Echos do Carnaval” um evento comemorativo pós-carnaval do club carnavalesco Miséria e Fome. Uma passeata pelas principais artérias da cidade foi realizada para exibir os prêmios conferidos à sociedade no carnaval desse ano. Após essa passeata, foram abertos os salões do Palácio Academico para “um sumptuoso e animado baile que promette ser o 'clou' do anno”. Para esse baile, foi contratada a Jazz Band Sul-Americano, “cujo repertório tem agradado ao mais exigente apreciador de número de música”83. Ainda no jornal O Paiz, foi anunciado, no dia 2 de fevereiro de 1923, um baile de máscaras (bal masqué) no Palacete Fialho Hotel, localizado no bairro Glória, e que, de acordo com o colunista do jornal, foi “mais uma selecta reunião de innumeras famílias da nossa cidade”. Para esse evento seleto e “elegante”, foi contratada “uma das melhores ochestras da capital, estylo 'jazz-band', que fará executar um novo e variado repertório”. Esse, certamente, é mais um dos bailes de carnaval que, além das clássicas marchas, esteve repleto de música moderna, animada e estrangeira, representada pela jazz-band. Nesse caso específico, estamos falando de um baile de elite, portanto, mais do que um tipo de música, o jazz-band representa a necessidade dessa elite cosmopolita de seguir a última moda europeia. Além de sociedades recreativas, operárias, carnavalescas, hotéis, cinemas, teatros e parques de diversões, as jazz-bands também costumavam ser contratadas por sociedades esportivas, como é o caso do baile de carnaval, anunciado no jornal O Paiz do 83 O Paiz, 20 de fevereiro de 1923, p. 6 71 mesmo dia, realizado pelo Club de Regatas Botafogo na sua sede. Para essa “soireé” à fantasia, foi contratada a Jazz Band Sul-Americano, orquestra que deste 1922 adquiriu muito espaço no cenário musical da Capital Federal, realizando inclusive uma série de gravações pela Casa Edison, como veremos no capítulo 3. Tanto o Club Regatas Botafogo quanto o Botafogo Futebol Club eram adeptos do jazz-band. Desde 1921, podem ser localizados diversos eventos realizados por esse club, contando com alguma jazz-band de prestígio no cenário musical carioca para embalar as danças. Um exemplo está na coluna Vida Social do jornal O Paiz do dia 24 de setembro de 1921: o anúncio de uma “soireé dansante” oferecida aos sócios do club e suas famílias, cuja dança foi efetuada ao som da orquestra Jazz Band. Poucos dias depois, no jornal do dia 30 de setembro de 1921, mais um evento é anunciado, mas dessa vez para comemorar o 17º aniversário da fundação do Botafogo F. C., programado para o dia 12 de outubro. Esse evento contou com duas partes, uma esportiva a partir das 13 horas, composta de 12 provas de atletismo com premiação, e uma social a partir das 17 horas, sendo a música executada por uma “banda de música” da marinha de guerra e pela orquestra Jazz Band. Identificamos mais três anúncios desse mesmo evento, um no dia 5 de outubro, outro no dia 11 − onde o evento social é classificado como uma festa que “promete ser um acontecimento mundano” − e outro no dia 12 de outubro do mesmo mês. Para provar que essa não é uma exceção, e que esse formato de evento dançante foi mantido pela diretoria desse e de outros clubs esportivos, consolidando o jazz-band como um padrão de sucesso, selecionei outros anúncios no período entre 1921 e 1923. Na página de esportes do jornal O Paiz de 28 de setembro de 1922, uma festa dançante na 72 sede do Botafogo F. C., realizada no mesmo dia, foi divulgada. Com início marcado para as seis e meia da tarde e término planejado para a meia-noite, contou inclusive com mesinhas postas no campo, onde foi servido o chá. Para musicalizar a festa, foi contratada a “orchestra Jazz Band”. No dia 12 de maio de 1923, foi publicado, nesse mesmo jornal, o anúncio de mais uma “soireé dansante” no Botafogo F. C., realizada nesse mesmo dia. O interessante desse anúncio é que o colunista cita gêneros musicais para exaltar o futuro sucesso dessa festa. Segundo ele, a jazz-band executará fox-trots e tangos “harmoniosos, dando assim aos elegantes pares a ventura de uma noite feliz e deslumbrante”. Nessa pequena frase, o colunista confirma o sucesso desses gêneros musicais no meio social botafoguense da zona sul da Capital Federal, pois o que garante “uma noite feliz e deslumbrante” aos “pares elegantes” é dançar ao som de fox-trots e tangos, sendo ambos os gêneros de grande aceitação e comercialização na Europa. Em meio a clubes esportivos da zona sul, com torcedores membros da elite e ligados a esta modernidade transnacional representada pelo jazz-band, não podemos nos esquecer do Fluminense F. C., que, assim como o Botafogo F. C., realizou diversos eventos dançantes para os seus sócios. Uma boa amostra disso pode ser encontrada no jornal O Paiz do dia 9 de agosto de 1923, na página esportiva. Em uma pequena nota, foram divulgados dois eventos desse club, uma “sessão cinematographica”, realizada no dia do anúncio, e um “chá dansante” programado para o dia 25 do mesmo mês. Os dois eventos contaram com a a famosa Jazz Band Sul Americano de Romeu Silva, que é uma jazz-band recorrente nos eventos dançantes da elite chic carioca. No jornal O Paiz do dia 9 de novembro de 1922, encontramos um anúncio de 73 estreia da Jazz Band Sul Americano de Romeu Silva na sala de espera do Cine Palais, localizado na Avenida Central, sendo apresentada como um “correto e magnífico conjunto, uma verdadeira novidade no gênero”84. No dia 26 de novembro de 1922, foi anunciada nos jornais O Paiz e Gazeta de Notícias uma festa no Theatro Lyrico, realizada pelo tenor português Almeida Cruz. Essa festa contou com uma série de apresentações musicais, “no qual tomam parte, gentilmente, as Exmas. Sras. D. Margarida Simões, D. Leda Vieira e senhorita Paquita Loth; e o célebre excêntrico inglês Mr. Gus Brown; as orchestras typicas Argentina e Jazz Band Sul Americana, a Banda do Centro Musical da Colônia Portugueza e o Orpheon Portuguez”85. A jazz-band de Romeu Silva aparece nesse anúncio como uma “orchestra typica”, juntamente com uma orquestra argentina chamada “nuestro Berto” (?)86. Também se apresentaram o cantor argentino Alonsito, o ator inglês Gus Brown e o cantor português Almeida Cruz, organizador do evento transnacional. Mesmo não tendo muito mais informações sobre o evento, esse anúncio nos dá um exemplo de como o Rio de Janeiro, na década de 1920, tinha apresentações de artistas de várias partes do mundo. Outro exemplo disso é a "Jazz Band de Gordon Stretton" (Gordon Stretton Jazz; Jazz Band Gordon Stretton) com anúncios datados entre agosto e novembro de 1923 no jornal O Paiz. Anunciada como uma jazz-band "norte-americana"87 que veio para o Brasil com a empresa francesa "Ba-Ta-Clan". Sua estreia no Teatro Lyrico foi naquele ano. Essa orquestra também se apresentou em eventos no Palace Hotel (Hotel Copacabana 84 85 86 87 O Paiz, 9 e 11 de novembro de 1922, p. 10 O Paiz, 22 de novembro de 1922, p. 8 Idem, p. 2. O nome da orquestra está com uma pequena rasura, por isso a interrogação. O Paiz, 4 de novembro e 1923, p. 10; Idem, 6 de novembro de 1923, p. 6; Idem, 8 de novembro de 1923, p. 6. 74 Palace)88, no réveillon do Hotel Glória89, e na sala de espera do Cinema Central90, sempre anunciada como jazz-band do Ba-Ta-Clan. Em 1923, o jazz-band já havia se consolidado como um formato de orquestra plenamente aceito na Capital Federal. Em todos os cantos dessa cidade encontravam-se jazz-bands musicando algum evento. De certa forma, apesar de ser um formato de orquestra importado, o jazz-band parece ter passado por uma evidente adaptação às “coisas locais” e nacionais. Em alguns casos, também representou a inserção da associação/cidade/país em uma modernidade cosmopolita vigente tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, e também nas cidades da América do Sul que almejam seguir este modelo. O fato de haver jazz-bands tocando em eventos pela cidade é interpretado como um sintoma de cosmopolitismo na própria década de 1920. Podemos verificar tal sentido a partir do artigo sobre relações comerciais entre a Noruega e o Brasil 91, publicado no jornal O Paiz de 16 de janeiro de 1922. Escrito por Nicoláo J. Debané para a Sociedade Nacional de Agricultura, o artigo aborda o comportamento político-econômico da Noruega como um país, partindo de impressões colhidas do estudo de uma feira industrial realizada na cidade de Christiania, e fazendo também uma análise sociológica desse comportamento na população em geral. Em sua análise, Debané conclui que o povo norueguês, “que grande parte são 88 Idem, 11 de agosto de 1923, p. 7; Idem, 12 de agosto de 1923, p. 6; Idem, 12 de agosto de 1923, primeira página; Idem, 28 de agosto de 1923, p. 7; Idem, 6 de outubro de 1923, p.6. 89 Idem, 11 de agosto de 1923, p. 7. 90 A estreia do dia 26 de outubro de 1923 é anunciada no jornal O paiz do dia 20 de outubro de 1923, p. 12. 91 Artigo intitulado como “Grandes possibilidades num activo intercambio do Brasil com a Noruega”. 75 marinheiros ou pescadores, ou vivem no campo de vida bastante simples”, tem dificuldades de se integrar à modernidade, pois também “não aceita forçosa sujeição que acarreta a produção industrial”, buscando ocupações que pouco o sujeitam a outrém. Isolado durante a Primeira Grande Guerra, o país desenvolveu a indústria nacional, direcionada basicamente para as demandas do mercado interno. Por isso, o autor desconsidera a possibilidade desse país se tornar uma potência industrial. Ao mesmo tempo, após discorrer sobre o “individualismo primitivo” do povo norueguês, ele escreve sobre um outro lado da Noruega: a sociedade “cosmopolizada” da capital Christiania (atualmente conhecida como Oslo). E é nesse ponto que a opinião de Debané nos interessa. Para ele, “não há hoje coisa mais semelhante a uma capital com sua vida artificial, que outra capital com sua vida igualmente artificial”. Nesse caso, ele está se referindo à cultura da elite norueguesa, que “toma chá, dansa o fox-trot com a melodia de um jazz band e organiza os costumeiros 'petit soupers'” 92. Nessa frase, ele expressa de forma clara algo que pretendemos demonstrar nessa pesquisa: o jazz-band é um modelo de orquestra transnacional atrelado ao cosmopolitismo e às modernidades urbanas, sendo apropriado e transformado pelos diversos contextos em que esteve presente. No caso do Rio de Janeiro, sabemos que esse elemento cultural esteve presente, tanto na sociedade cosmopolita “que frequentam os estrangeiros em toda capital”, como coloca Debané sobre a capital norueguesa, quanto nos festivais do movimento operário, nos clubes de futebol e em associações recreativas diversas. 92 O Paiz, 16 de janeiro de 1922. 76 2.4 Cinema e difusão É impossível falar de jazz, ou mesmo de jazz-bands, sem falar de cinema e da sua participação definitiva para a difusão da cultura jazzística no Brasil. No Rio de Janeiro, o cinema foi o espaço que acolheu as principais jazz-bands brasileiras e estrangeiras, tanto para a musicalização das películas quanto para apresentações realizadas nas salas de espera dos cinemas. Para este pequeno texto selecionei um recorte temporal entre os anos de 1920 e 192393, no qual pretendo identificar as principais jazz-bands anunciadas como “atração”, definindo o crescimento do cinema como um espaço de trabalho para essas orquestras. Além disso, identificarei os principais filmes relacionados ao jazz, a fim de analisar a penetração dessa cultura cinematográfica estadunidense no Brasil. Na década de 1920, o cinema já havia se tornado uma forma de entretenimento muito popular na Capital Federal, onde, segundo o historiador Tiago de Melo Gomes, havia pelo menos 76 casas de cinema espalhadas pela cidade entre 1919 e 1922. O centro da cidade contava com as maiores casas de exibição, mas praticamente todos os bairros possuíam ao menos uma, contribuindo para a descentralização do processo de massificação cultural94. Com isso, Gomes levanta uma questão que é definitiva para entender a presença das jazz-bands nos diversos espaços, frequentados por diversas classes sociais: Tal variedade deixava à mostra o fato de que, se regiões como a avenida Rio Branco e a praça Tiradentes mantinham uma posição central no panorama do entretenimento de massas da Capital Federal nos anos 1920, estavam longe de 93 Continuamos trabalhando com os mesmos jornais citados anteriormente, mas utilizando outro olhar sobre o material coletado. 94 GOMES, Tiago de Melo. Como eles se divertem: teatro de revista, cultura de massas e identidade social no Rio de Janeiro dos anos 1920. Tese de Doutoramendo, Unicamp, 2003. 77 monopolizá-lo. Regiões suburbanas, como a do Méier e de São Cristóvão (poderiam ainda ser citados outros exemplos, como Madureira e Cascadura), a zona sul e mesmo outras partes da região central da cidade, como a zona portuária, também possuíam espaços apropriados para a difusão de canções de sucesso e das danças da moda, a admiração do novo filme de Rudolph Valentino, Gloria Swanson ou Tom Mix, e outras atrações de espetáculos de variedades. Quisessem ou não os articulistas de periódicos, a cultura de massas ajudava a criar um repertório cultural de que todos faziam parte. (GOMES, 2003: 35) De acordo com Sheila Schvarzman95, 95% dos filmes exibidos nos cinemas brasileiros em 1925 eram de origem estadunidense, nos incitando a hipótese de que o cinema é um dos maiores difusores do jazz-band e dos sentidos modernos atrelados a ele, como apresentados no decorrer deste capítulo. Por isso, focar no cinema é uma alternativa que pode nos revelar muito mais sobre jazz no Brasil, já que é um tema recorrente em filmes. No jornal do dia 24 de fevereiro de 1920, a primeira jazz-band que encontramos no recorte temporal estabelecido é de um estadunidense, o maestro Raul Lipoff. Como já mencionado, Lipoff chegou ao Brasil acompanhando o baterista Harry Kosarin, provindo da Argentina. Ao se separar de Kosarin, Lipoff organiza a sua própria orquestra, a “The Original American Jazz Band”, anunciada como uma “orquestra typica norte-americana”. Esse é o dia da “grandiosa estréia” dessa orquestra na sala de espera do maior cinema da Capital Federal, o Cinema Central, com seus 1372 lugares. Mas no entanto, ela se apresenta apenas por um ano nessa sala de espera, e é substituída pela “American Jazz Band”, de Harry Kosarin, anunciada no dia 25 de fevereiro de 1921. Nesse dia, a partir das 19 horas, houve a estreia dessa jazz-band, em conjunto com a Orchestra Ribas, uma orquestra de “12 professores” que executam as últimas novidades musicais norte95 SCHVARZMAN, Sheila. Huberto Mauro e as Imagens do Brasil. Tese de Doutoramento, Unicamp, 2000. 78 americanas. No dia 16 de junho de 1921, outra estreia dessa jazz-band na sala de espera do Central é anunciada, juntamente com o filme estadunidense da Fox Film, “Amor que regenera”. Em uma nota, publicada no jornal do dia 30 de novembro, Harry Kosarin esclarece o seu compromisso quando diz que “somente presta seus serviços no Cinema Central, da Empresa Pinfildi, e não está ligada a cinemas ou clubs noturnos”, mas também presta seus serviços ao Rio-Country Club e em casas de distintas famílias. Essa orquestra influente na cidade do Rio de Janeiro é vinculada o tempo todo à música e cultura “norte-americana” no jornal (e provavelmente nos eventos também). No dia 30 de junho, por exemplo, foi anunciado um baile promovido pelo The Rio de Janeiro Athletic Club, localizado no bairro de São Cristóvão, para homenagear o S. Paulo Basse Ball Team. Esse evento apresenta toda uma roupagem estadunidense. É feito para um time de basebol do Rio de Janeiro, sendo que, tanto o time quanto o clube possuem nome em inglês; e com uma jazz-band que promete tocar as últimas novidades recebidas dos Estados Unidos. A festa é de tamanha proporção, que sairão bondes especiais as 2, 3 e 4 da manhã, “para os que queiram dançar até a última música”. Como podemos ver na imagem 5, “O maior sucesso cinematographico do anno” é anunciado no dia 25 de abril de 1923 no Cinema Central, um filme chamado “A bailarina da Broadway”. Na descrição ficam claros, mais uma vez, os valores atrelados ao jazz e difundidos pelo cinema, que obviamente não se limitam à exibições no Rio de Janeiro. Esse é um bom exemplo de como algumas produções cinematográficas do período vinculavam o jazz ao luxo e ao consumo capitalista. De acordo com a descrição do anúncio, nesse filme o público pode ver “a música febricitante dos jazz-bands atacados de 79 fúria, os salões dos cabarets incendiados de luz e pedrarias, frequentados por milionários, os perfumes, as jóias, as toilettes das mulheres, (…) todas essas scenas da vida nocturna, que aqui se revelam sob um aspecto de perturbadora e deslumbrante pompa”. Imagem 5: Anúncio do filme “Bailarina da Broadway” Outro filme desse mesmo ano é “Jazzmania”, anunciado com exaltação no jornal Gazeta de Notícias do dia 20 de outubro de 1923 no Cinema Ideal. Ele foi um grande sucesso comercial, e revela o jazz como una fórmula para o sucesso de vendagem da Broadway. 80 Imagem 6: Anúncio do filme “Jazzmania” Em 1923, começam a ficar comuns apresentações de jazz-bands em casas de cinema, tanto na sala de espera quanto no palco. Muitos exemplos podem ser dados: a Jazz Band Sul-Americana de Romeu Silva que se apresenta na sala de espera do Cine Palais; a Jazz Band de Rubem Gill no Cine-Theatro América, que também se apresenta com a Companhia Nacional de Revistas e Burletas de Luiz C. Gouvêa no Colyseu Moderno; a Jazz Band Alberto Motta no Cine Engenho de Dentro; além da American Jazz Band de Harry Kosarin e a Oito Cotubas Orchestra e Jazz Band 96, se apresentou no Cinema Central a Jazz Band Gordon Stretton, uma jazz-band que adquiriu fama rapidamente pelo circuito cultural desta cidade; no Rialto, foram anunciados os músicos Cicco e Cola, que fizeram uma paródia à Jazz Band do Ba-ta-clan. Enfim, acredito que esse é um bom caminho a ser seguido para conseguirmos compreender um pouco mais a fundo o fenômeno do jazz-band na cidade do Rio de 96 Este parece ser um trocadilho com os Oito Batutas, que nesta data, se encontrava em turnê pela América do Sul. 81 Janeiro durante a década de 1920. Neste capítulo, descobrimos que não estamos tratando de um gênero musical, mas de um formato de orquestra bem difundido no período. Procurei evidenciar a relação desse formato com formas de sociabilidade, trazendo à tona questões em torno de eventos de dança ocorridos nessa cidade. A pesquisa nos jornais revelou uma generalização das jazz-bands no Brasil, já que as encontramos por diferentes locais da cidade do Rio de Janeiro, com diferentes denominações e públicos. Percebemos que essa é uma cultura de uma elite cosmopolita da década de 1920, mas não exclusiva dela, pois haviam também jazz-bands em bairros da zona norte, nas associações operárias, nos clubes de futebol, nas associações recreativas, nos cinemas, nos hotéis, no carnaval e no mercado fonográfico. Foi possível identificar também a presença do fox-trot e do tango no repertório dessas jazz-bands. Por ora, não podemos descrever os gêneros musicais executados por essas orquestras. Para resolver isso, faremos uma análise do mercado fonográfico da década de 1920 no terceiro capítulo, obtendo uma noção mais ampla em relação ao repertório dessas orquestras, já que as referências dos jornais são sempre vagas. 82 3. Jazz-bands no mercado fonográfico 3.1 Fontes No terceiro capítulo, pretende-se focar nas gravações das jazz-bands realizadas no Rio de Janeiro durante a década de 1920. Busco entender a presença marcante dessas orquestras no mercado fonográfico no período em questão. Vimos no capítulo anterior que as jazz-bands estavam presentes em diversos eventos de diferentes naturezas, sobretudo naqueles que ofereciam bailes, na cidade do Rio de Janeiro. Agora pretendo realizar um levantamento sobre o repertório dessas orquestras. Que gêneros predominavam? Que cantores e quais orquestras os executavam? Se esse é um período de crescimento do mercado fonográfico, que mudanças e continuidades podem ser percebidas entre 1920 e 1930? Para isso, foi desenvolvida uma tabela de dados baseada no acervo digitalizado do Instituto Moreira Sales97 (IMS), instituição privada que possui em seu acervo digital cerca de 28 mil gravações. O IMS abriga os acervos musicais de pesquisadores e colecionadores, como o acervo de Humberto Francesci, que adquiriu o acervo da Casa Edison e possui 6 mil discos de 78 rpm, e de José Ramos Tinhorão, que acumulou 6,5 mil discos de 78 rpm. Ambos os acervos foram digitalizados e organizados em um sistema de pesquisa dinâmico. Neles podemos buscar por fonogramas gravados desde 1902 até meados de 1940/50, a partir de informações básicas como: compositor, data/ano de gravação, título da música, gênero musical, intérprete, acompanhante e selo. Desse universo de mais de 12 mil discos de 78 rpm digitalizados, foram 97 http://acervo.ims.uol.com.br/ 83 localizados 412 fonogramas (em destaque na tabela geral - Anexo I) abrangendo 18 diferentes jazz-bands, sendo ignorados os registros repetidos. Além das orquestras formadas no Brasil (independente da origem dos músicos ou do chefe da orquestra), identificamos fonogramas de duas jazz-bands provenientes da Argentina (provavelmente gravados em Buenos e prensados no Rio de Janeiro) e uma jazz-band dos Estados Unidos (jazz-band de Harry Kosarin). É importante destacar que, em paralelo ao desenvolvimento da tabela, foi realizada a pesquisa nos jornais apresentada no capítulo 2, revelando nomes de orquestras, músicos e compositores do período que complementaram a pesquisa no acervo do IMS. Na primeira busca no acervo, foi utilizado “jazz band” como palavrachave e foram localizados 161 registros no período entre 1921 e 1930, destacando as jazz-bands que utilizavam esta denominação. Dessa forma, foram identificadas 13 jazzbands que gravaram na década de 1920: Jazz Band Sul Americano Romeu Silva, Jazz Band do Batalhão Naval, Eleutério Yribarren Jazz Band, American Jazz Band de Sílvio de Souza, Orquestra Jazz Band Pan American do Cassino Copacabana, Brazilian Jazz Band, Carabelli Jazz Band, Jazz Band Kosarim, Jazz Band Sinfônica Pan Americana, Jazz Band Imperador, Jazz da Banda Musical Giuseppe, Jazz Band Columbia, Jazz Band. Através da pesquisa nos jornais, descobrimos que a denominação “orchestra” também era utilizada para definir as jazz-bands. Entendida essa relação, imediatamente realizei uma pesquisa por orquestras com essa denominação no acervo do IMS e o resultado foi expressivo. Em outras palavras, a partir do entendimento de que, naquele período histórico, Jazz-bands e orquestras são sinônimos, foi possível localizar um maior número de registros. Lançando luz apenas na década de 1920, foram encontrados mais 84 244 registros, abrangendo 5 jazz-bands: Orquestra Eduardo Souto, Orquestra Augusto Lima, Orquestra Pan American do Cassino Copacabana, Orquestra Pan American, Orquestra Pan American do Cassino Copacabana. Além de defini-las como jazz-bands pela sua denominação, também foi realizada uma escuta para a identificação da instrumentação básica de uma jazz-band. Também foi identificado o Grupo Campista, que utiliza instrumentos de corda e clarinete, mas executando maxixe, fox-trot, tango e valsa, e por isso, também está presente na tabela. Foi adicionado também o choro “Urubu no jazz band” do Grupo do Pimentel, por ter “jazz band” no nome da música. Na tabela abaixo podemos vislumbrar melhor os achados dessa pesquisa. Ela ficou organizada da seguinte forma: os 412 registros foram divididos por orquestras, período de atuação, quantidade e tipo de gravação (acompanhante ou intérprete), e intérprete que mais gravou com a orquestra. Tabela 1: Gravações por orquestras Orquestras Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band do Batalhão Naval Orquestra Eduardo Souto Orquestra Augusto Lima Grupo do Pimentel Grupo Campista Eleutério Yribarren Jazz Band Carabelli Jazz Band Jazz Band Kosarim American Jazz Band de Sílvio de Souza Orquestra Jazz Band Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Brazilian Jazz Band Jazz Band Sinfônica Pan Americana Orquestra Rio Artists Jazz Band Imperador Jazz da Banda Musical Giuseppe Jazz Band Columbia Jazz Band * cantor / orquestra como acompanhante Quantidade de gravações Cantor mais gravado Período Intérprete Acompanhante Total Nome Quantidade Percentual* 1921 – 1926 18 55 73 Fernando 51 92,73% 1921 – 1926 2 0 2 1921 – 1926 13 0 13 1921 – 1926 8 0 8 1921 – 1926 1 0 1 1921 – 1926 6 0 6 1923 3 0 3 1925 – 1927 6 0 6 1925 – 1927 4 0 4 1925 – 1927 15 11 26 Artur Castro 7 63,64% 1925 – 1927 0 10 10 Artur Castro 4 40,00% 1925 – 1928 16 31 47 Francisco Alves 25 80,65% 1928 – 1930 38 104 142 Francisco Alves 48 46,15% 1925 – 1929 0 6 6 Artur Castro 6 100,00% 1928 4 0 4 1928 – 1930 4 30 34 Gastão Formenti 6 20,00% 1925 – 1929 3 0 3 1928 – 1932 0 2 2 Umberto Bastíglia 2 100,00% 1930 11 7 18 Januário de Oliveira 3 42,86% 1927 – 1929 4 0 4 Total 156 256 412 85 A partir de uma atenciosa análise da tabela acima, temos um panorama interessante das jazz-bands no mercado fonográfico do Rio de Janeiro da década de 1920. Com a ênfase no período de atuação da orquestra e no tipo de gravação (se como intérprete ou como acompanhante), é possível distinguir 3 diferentes perfis de jazz-bands: 1 – orquestra que grava apenas como acompanhante de cantores: Orquestra Jazz Band Pan American do Cassino Copacabana e Brazilian Jazz Band. 2 – orquestra que grava apenas músicas instrumentais (como intérprete): Orquestra Eduardo Souto. Orquestra Augusto Lima, Carabelli Jazz Band, Jazz Band Kosarim, Jazz Band Imperador. 3 – orquestra que grava como intérprete e como acompanhante: Jazz Band Sul Americano de Romeu Silva, American Jazz Band de Sílvio de Souza, Orquestra Pan American do Cassino Copacabana, Orquestra Pan American, Orquestra Rio Artists, Jazz Band Columbia. É visível que as jazz-bands que mais gravam entre 1921 e 1927 são as que gravam músicas instrumentais e ao mesmo tempo possuem mais de 80% das músicas como acompanhante com o mesmo cantor. Esse é o caso da Jazz Band Sul Americano de Romeu Silva com Fernando, e da Orquestra Pan American do Cassino Copacabana com Francisco Alves. Já no período entre 1928 e 1930, nota-se que a quantidade de gravações aumenta consideravelmente, ficando concentradas na Orquestra Pan American e na Orquestra Rio Artists. Para complementar a análise desse mercado, foi feito um breve levantamento da participação da Jazz Band Sul Americano de Romeu Silva no cenário musical da Capital Federal entre 1920 e 1923, considerado nesta pesquisa como o período de 86 desenvolvimento do jazz-band no Rio de Janeiro. Como essa orquestra apresentava o número mais expressivo de gravações catalogadas na tabela entre 1921 e 1926 (73 registros), ela pode ser definida como a principal orquestra que gravou na Casa Edison nesses anos. Em 1926, esse cenário muda, pois é o ano que Romeu Silva viajou com sua orquestra, fazendo uma turnê pela Europa. Como veremos, a Casa Edison contratou a Orquestra Pan American do Cassino Copacabana para substituí-la. Para obter informações básicas e biográficas sobre os compositores e intérpretes desse período, utilizamos a 2ª edição (1998) da “Enciclopédia da Música Brasileira: erudita, folclórica e popular” (EMB) de Marcos Antônio Marcondes e a versão online do Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira (DCAMPB)98. Essas duas pesquisas contribuíram de forma fundamental com informações para a identificação e a contextualização dos atores sociais presentes no mercado fonográfico que analisamos. Assim, se partirmos do ponto em que se encontram atualmente as pesquisas dessa área no Brasil, focar nos diálogos transnacionais ocorridos no período se torna um exercício muito complicado, já que o trabalho de reconhecimento/recuperação das vozes desses diálogos precisa ser feito. Este é o terceiro objetivo deste capítulo: inventariar referências do mercado fonográfico da década de 1920, afim de definir tais diálogos transnacionais. Para tal tarefa, utilizo ainda a seção dominical “Discos e Machinas Falantes” do jornal O Paiz, cuja primeira aparição foi no dia 20 de junho de 1926. Essa seção do jornal O Paiz tinha como finalidade tratar de questões relacionadas ao mercado fonográfico, fazendo o “preconício ou a crítica de machinas e discos dos mais modernos”99; analisar as possibilidades do mercado fonográfico no Brasil; listar os 98 http://www.dicionariompb.com.br 99 O Paiz, 20 de junho de 1926 87 sucessos do cenário internacional, novos contratos de gravadoras, orquestras e músicos de destaque; e fazer apreciações de novas tecnologias fonográficas e lançamentos do mercado. É importante destacar também que a seção “Discos e Machinas Falantes” do jornal O Paiz se comprometeu em listar, classificar, comentar, informar e criticar os discos estrangeiros disponíveis para o consumidor brasileiro. Esse feito nos permitiu compreender de forma mais ampla o mercado fonográfico no Brasil pós-1926. O pesquisador Humberto Franceschi, no livro “A Casa Edison e seu tempo”, nos dá uma noção da amplitude desse mercado, ao descrever a chegada da primeira fábrica de discos na America Latina em 1912: A fábrica prevista para a produção de 1.500.000 discos por ano, podia ser considerada de grande porte para a época. (…) Abrangia desde o primeiro tratamento da cera gravada pela aplicação protetora da camada de grafite, até a produção dos chamados 'biscuits', que eram os discos antes de serem prensados. (…) Além da linha de produção industrial, incluia todo o processo de controle de qualidade e percepção do mercado, através do lançamento de amostras das novas gravações. (…) Faziam-se, também, edições de folhetos e catálogos, além de anúncios em jornais. Estabeleceu-se uma relação comercial, através de processo tão integrado que não se pode definir, hoje, o que era atribuição da fábrica Odeon e o que cabia à Casa Edison (FRANCESCHI, 2002: 198). A International Talking Machine-Odeon se instalou no Rio de Janeiro com o apoio de Fred Figner (dono da Casa Edison) no ano de 1912/13, viabilizando a produção industrial de discos neste continente. Assim, essa cidade passou a funcionar como um centro fonográfico da América Latina, já que, para serem produzidos em larga escala, anteriormente, era necessário enviar as ceras gravadas para a Europa, o que encarecia o processo. Segundo Franceschi, “existe uma numerosa correspondência sobre remessa, pela fábrica do Rio de Janeiro, de cera virgem para ser gravada na Argentina e no 88 Uruguai e processada industrialmente na rua 28 de Setembro”100. No pós-guerra, o Rio de Janeiro já se encontrava integrado a um mercado transnacional, (per)seguindo moldes desenvolvidos em países europeus e norteamericanos, considerados como as “vanguardas” comerciais e técnicas da indústria fonográfica. É notório que, historicamente, a Europa sempre foi considerada como modelo de civilização e progresso para suas ex-colônias. O desejo de estar em pé de igualdade com o padrão europeu, ao menos no que se refere aos modelos e tecnologias modernas, certamente foi uma das motivações que orientou o estabelecimento das jazzbands como referência de orquestração para a gravação no Brasil. Como já vimos, as jazz-bands foram um modelo difundido por todo mundo cosmopolita como algo moderno e inovador, atingindo diversas instâncias sociais, culturais, econômicas e políticas da música, difundido valores, novas formas de dança e de sociabilidade. De tão amplo, é impossível definir completamente, pois cada contexto carrega suas especificidades e experiências próprias. 3.2 Em torno da tabela Nesta parte do trabalho será realizada uma análise da tabela desenvolvida a partir do acervo do IMS, suscitando questões fundamentais no que diz respeito aos gêneros, orquestras, cantores, e destacando mudanças e continuidades entre o período mecânico e elétrico da gravação no Rio de Janeiro. A partir disso, podemos desvendar quais gêneros musicais estavam sendo mais gravados; quais as características do repertório gravado de cada jazz-band; quem eram os compositores estrangeiros; que jazz-bands gravavam mais; 100 FRANCESCHI, 2002 : 196 89 que cantores emergiram no cenário musical do Rio de Janeiro, nesse período, com jazzbands acompanhando suas gravações. No total, foram contabilizados 31 diferentes gêneros musicais101, sendo que os de quantidade mais expressiva são: samba, samba carnavalesco, samba a la garçonne, samba paulista, samba canção, samba de fato, samba apaixonado (128 registros); maxixe, maxixe carnavalesco e maxixe choro (66 registros); fox-trot, fox canção, one step, charleston e shimmy (58 registros); marcha, macha carnavalesca, marcha da folia, marcha patriótica, marcha canção (52 registros); canção, canção brasileira e canção típica (19 registros); valsa e valsa lenta (21 registros); tango, tango argentino, tango canção e tango de salão (17 registros); cateretê e cateretê sertanejo (8 registros). A partir da tabela abaixo, podemos visualizar como se dividem os gêneros pelas orquestras, revelando parâmetros estilísticos de cada jazz-band e características gerais do emergente mercado fonográfico da década de 1920. 101 Este é o número se pensarmos no conceito de gênero musical como entendemos hoje, mas analisando as classificações comerciais do período, me arrisco a dizer que todos os fonogramas analisados pertencem ao mesmo gênero, a “música de dança”. 90 Tabela 2: Gêneros musicais por orquestra Orquestras Período Samba Maxixe Foxtrot* Marcha Valsa Canção Tango Modinha Outros** Total Jazz Band Sul Americano Romeu Silva 1921 – 1925 22 23 10 7 3 3 2 3 73 Jazz Band do Batalhão Naval 1921 – 1926 2 2 Orquestra Eduardo Souto 1921 – 1926 1 3 1 6 2 13 Orquestra Augusto Lima 1921 – 1926 1 4 1 2 8 Grupo do Pimentel 1921 – 1926 1 1 Grupo Campista 1921 – 1926 2 2 1 1 6 Eleutério Yribarren Jazz Band 1923 1 2 3 American Jazz Band de Sílvio de Souza 1925 – 1927 11 10 2 1 1 1 26 Orquestra Jazz Band Pan American do Cassino Copacabana 1925 – 1927 4 1 1 1 1 1 1 10 Orquestra Pan American do Cassino Copacabana 1925 – 1928 11 4 10 7 4 4 3 4 47 Orquestra Pan American 1928 – 1930 68 9 17 19 9 2 1 17 142 Brazilian Jazz Band 1925 – 1929 2 3 1 6 Carabelli Jazz Band 1925 – 1927 5 1 6 Jazz Band Kosarim 1925 – 1927 3 1 4 Jazz Band Sinfônica Pan Americana 1928 1 1 2 4 Orquestra Rio Artists 1928 – 1930 2 1 1 5 9 5 11 34 Jazz Band Imperador 1925 – 1929 2 1 3 Jazz da Banda Musical Giuseppe 1928 – 1932 1 1 2 Jazz Band Columbia 1930 6 2 6 4 18 Jazz Band 1927 – 1929 4 4 Total 128 66 58 52 21 20 17 3 47 412 * shimmy, charleston, ragtime e one step inclusos ** balada, berceuse, brasilidade, cançoneta, cantiga, cateretê, choro, hino, macumba, paso doble, polca tango, step espanhol, tarantela, toada Mesmo que não consiga abranger todas as gravações realizadas no período, esses dados nos permitem fazer um panorama representativo do mercado fonográfico da Capital Federal. A partir da tabela 2, transparece como se dividem os gêneros nas orquestras, tendo destaque para 4 principais gêneros: samba, maxixe, fox-trot e marcha. Vale destacar que o gênero “estrangeiro” fox-trot ocupa a terceira colocação, bem atrás do samba e do maxixe. Chega a ser surpreendente que o gênero mais gravado por jazz-bands seja o samba, representando 31% de todas as gravações. Também chama atenção que 59% dos sambas registrados na tabela foram gravados entre 1928 e 1930, sendo 53% do total gravados pela Orquestra Pan American. É rápida a constatação de que as jazz-bands contribuíram significativamente para a consolidação do samba como gênero “nacional”. E, complementarmente, para a consolidação de tradicionais intérpretes do samba, como 91 veremos. O maxixe, por sua vez, tem 68% das gravações realizadas no período entre 1921 e 1927, tendo a Jazz Band Sul Americana de Romeu Silva gravado 35% do total. Com isso, podemos afirmar que o período entre 1927 e 1928 é um marco de mudança, quando ocorre a ascensão do samba e um declínio do maxixe no campo das gravações das jazz bands. Sem dúvida as jazz bands acompanharam a tendência do público, ou foi mesmo uma expressão dessa tendência. Paralelamente, os anos 27 e 28 marcam o período de transição da tecnologia de gravação mecânica pela gravação elétrica na Casa Edison e, consequentemente, o início de uma fase de expansão do mercado fonográfico no Brasil. Para melhor definir o marco de transição da gravação mecânica para a elétrica a partir dos dados, foi selecionada a orquestra com maior atuação no mercado fonográfico durante essa mudança. Sendo um expoente do samba da segunda metade da década de 1920, a jazz-band Orquestra Pan American (do Cassino Copacabana), que fazia o acompanhamento dos cantores e cantoras mais bem sucedidos do período, como Artur Castro, Oscar Pereira Gomes, Frederico Rocha, Pedro Celestino, Zeca Ivo, Araci Cortes, Zaira Cavalcanti, Francisco Alves, Mario Reis, Gastão Formenti, Raul Roulien, merece um estudo mais aprofundado. A partir das tabelas 1 e 2, podemos perceber como essa orquestra utilizava variações no nome. Ela começa como Orquestra Jazz Band Pan American do Cassino de Copacabana (10 registros), ainda como “Orquestra Jazz Band”, também grava como Orquestra Pan American do Cassino de Copacabana (47 registros), e a partir de 1928 grava como Orquestra Pan American (142 registros102). Evidenciando o fato de que ela 102 Desses, 19 registros possuem o nome do maestro Simon Bountman junto com o nome da orquestra. 92 muda 3 vezes o nome entre 1925 e 1930, podemos abrir alguns caminhos para pensar mudanças e continuidades do mercado fonográfico nesse período, a partir de uma comparação dos dados. Se o nome da orquestra muda, que outras variações podemos encontrar em relação aos gêneros, compositores e cantores em cada caso? Primeiramente, os 10 registros encontrados dessa orquestra com a denominação “Jazz Band” são de gravações feitas como acompanhante de cantores. Dentre essas gravações, 4 são de Artur Castro, 2 de Franscisco Alves, 2 de Oscar Pereira Gomes, 1 de Frederico Rocha e 1 de Zeca Ivo, todas datadas entre dezembro de 1925 e dezembro de 1927. Tabela 3: Orquestra Jazz Band Pan American do Cassino de Copacabana (1925 - 1927) Título da Música Benzinho adeus Carinha de bebê (Baby face) Copacabana Eu fui viajar Mamãe, eu vou com ele O que é nosso Primavera Rosinha Samba da madrugada Tango da morte Gênero musical Modinha Foxtrot Samba carnavalesco Maxixe Marcha carnavalesca Samba Canção brasileira Samba carnavalesco Samba Tango canção Compositor Zequinha de Abreu Harry Akst & Benny Davis Francisco A. Da Rocha Sebastião Cirino Canhoto Caninha Zeca Ivo Caninha Salvador Correira Alberto Norion Intérprete / Cantor Artur Castro Oscar Pereira Gomes Artur Castro Artur Castro Frederico Rocha Franscisco Alves Zeca Ivo Artur Castro Franscisco Alves Oscar Pereira Gomes Como podemos observar, o gênero musical é variado, tendo entre eles apenas um fox-trot, interpretado por Oscar Pereira Gomes, cantor contratado pela Odeon em 1926, cujas gravações foram, segundo o Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira (DCAMPB), sempre acompanhadas pela Orquestra Pan American. Na tabela 3, localizamos apenas 2 músicas desse cantor, enquanto no DCAMPB estão identificadas 18 músicas, gravadas em 1926 e 1927. Entre elas, está inclusive a marcha "Ai, seu Mé!", de 93 Freire Junior e Careca, que foi sucesso do carnaval em 1927. A Enciclopédia de Música Brasileira (EMB) não contempla este cantor, que apesar de ter vivido até 1960, não teve sucesso profissional/comercial na música após a década de 1920. Se analisarmos os 47 registros como Orquestra Pan American do Cassino de Copacabana (datados entre 1925 e 1928), ampliamos a quantidade de gêneros, compositores e intérpretes, mas ainda com poucas pistas sobre a questão da denominação da orquestra. Tabela 4: Orquestra Pan American do Cassino de Copacabana (1925 - 1928) Título da Música Agonia Ai! seu mé! Aruá Ave Maria Bacarolla Beijos venenosos Botofogo Braço de cêra El tango rojo Eterno enlevo Idílio suave Paquita Procura outro homem Sevilla Somebody is lonely Agonia Albertina Cassino maxixe Catêretê dos almofadinhas Coisinhas Cunhaçam Dois amores é mentira Eu fui no mato crioula Eu quero é nota Eu vou te abandonar Festa de branco Foi um sonho Já sei porque é... Meu suquinho Não quero saber mai dela Noites de luar O bobalhão Oh! colette Ora vejam só Ora vejam só Passarinho do má Paulicéia como és formosa Perdão Pião Que pequena levada Quem não chora não mama Revivendo o passado Salve a rainha Tentação Tereza Thereza! Triste violeiro Gênero musical Tango Marcha Cateretê Valsa Foxtrot Tango Maxixe Samba Tango Foxtrot Valsa lenta One step Maxixe One step espanhol Foxtrot Tango Marcha Maxixe Cateretê Marcha Cateretê sertanejo Marcha carnavalesca Marcha Samba Samba Samba Charleston Zabumba cateretê Marcha Samba Canção Charleston Foxtrot Samba Samba Samba Tarantela Foxtrot Maxixe Charleston Samba Valsa lenta Valsa lenta Samba Marcha carnavalesca Samba Canção típica Compositor Intérprete / Cantor Joubert de Carvalho Orquestra Pan American do Cassino Careca, Freire Junior Orquestra Pan American do Cassino José Gama Orquestra Pan American do Cassino Erotides de Campos, JonasNeves Orquestra Pan American do Cassino Alexander Hyde Orquestra Pan American do Cassino J. Aimbere Orquestra Pan American do Cassino J. Fonseca Costa Orquestra Pan American do Cassino Nestor Brandão Orquestra Pan American do Cassino José Padilha Orquestra Pan American do Cassino Zequinha de Abreu Orquestra Pan American do Cassino Zequinha de Abreu Orquestra Pan American do Cassino Giovani Castorina Orquestra Pan American do Cassino Carlos de Almeida Orquestra Pan American do Cassino Corder Orquestra Pan American do Cassino Denny Davis Orquestra Pan American do Cassino Joubert de Carvalho Orquestra Pan American do Cassino Duque Francisco Alves Sinhô Francisco Alves P. L. Hallier Francisco Alves Eduardo Souto Francisco Alves Sebastião Santos Neves Francisco Alves J. Fonseca Costa Francisco Alves J. Junior Gobes Francisco Alves Artur Faria Francisco Alves Carlos de Almeida Francisco Alves Pixinguinha Francisco Alves I. Kolman Francisco Alves Eduardo Souto Francisco Alves José Francisco de Freitas, Lamartine Babo Francisco Alves Sinhô Francisco Alves, Rosa Negra Limas, Rossi Oscar Pereira Gomes Sinhô Francisco Alves não identificado Francisco Alves Sinhô Francisco Alves Sinhô Francisco Alves Duque Francisco Alves Ernesto Nazareth Orquestra Pan American Roger Birge Oscar Pereira Gomes Marcelo Tupinambá Francisco Alves José Francisco de Freitas, Lamartine Babo Francisco Alves, Rosa Negra Gaudio Viotti Francisco Alves Francisco Leo Pedro Celestino José Francisco de Freitas Pedro Celestino D. Guimarães Francisco Alves Freire Junior Francisco Alves Freire Junior Francisco Alves Zeca Ivo Zeca Ivo 94 Copacabana Copacabana Copacabana Copacabana Copacabana Copacabana Copacabana Copacabana Copacabana Copacabana Copacabana Copacabana Copacabana Copacabana Copacabana Copacabana Usando esse nome, a orquestra possui tanto gravações como intérprete (16 registros) quanto como acompanhante (31 registros), sendo que dessas, 25 são acompanhando Francisco Alves. A predominância desse cantor, em particular, pode ser um indício de uma nova fase da orquestra, já que em 1927 ele foi contratado como cantor pela Odeon, interpretando centenas de músicas na sala de gravação da Casa Edison. Estabelecido como o cantor principal desse selo (ao lado da orquestra de Simon Bountman), Francisco Alves foi o primeiro a gravar utilizando a tecnologia elétrica. Das músicas interpretadas por ele, presentes nessa tabela, quero destacar a presença de 3 músicas de gênero musical estrangeiro compostas no Brasil e gravadas em 1928: “O bobalhão” (charleston de Sinhô), “Que pequena levada” (charleston de José Francisco de Freitas e Lamartine Babo) e “Foi um sonho” (charleston de I. Kolman). Isto demonstra que os gêneros estrangeiros também estavam sendo gravados por compositores populares do Brasil. Foram identificados também 3 fox-trots e 1 one step de compositores estrangeiros: “Bacarolla” do compositor alemão Alexander Hyde103; “Perdão” (Pardon!) do compositor francês Roger Birgé; “Paquita” (Zapateado) de Giovani Castorina; e “Somebody is lonely” de Denny Davis. Esses dados demonstram o diálogo transnacional presente no âmbito das jazz-bands − uma via de mão dupla, com veremos mais adiante. Retomando a análise das tabelas 3 e 4, percebemos uma diferença visível entre elas: a ausência do cantor Artur Castro, que estava representado em 4 registros da tabela 3. No geral, esse cantor teve 15 registros na tabela geral (7 sambas, 6 maxixes, 1 modinha e 1 marcha), sendo 5 com a American Jazz Band de Silvio de Souza e 6 com a Brazilian 103 Compositor e líder de orquestra que fez carreira nos Estados Unidos 95 Jazz Band104. Segundo o DCAMPB, Artur Castro Budd era um cantor e ator que muito viajou como artista do teatro musicado e cantor de sala de gravação. Gravou em discos Columbia (estadunidense), em discos Gaúcho de Porto Alegre e fez sucesso em Lisboa ao lado de Josué de Barros. A informação mais curiosa do dicionário é o suposto convite de uma fábrica alemã chamada Bekka para os artistas brasileiros gravarem em Berlim. Assim, produziram a impressionante quantidade de “140 discos de música brasileira”105, retornando ao Brasil em 1915. Enfim, para completar as reflexões, utilizarei dados, que até aqui não foram analisados, da Orquestra Pan American, englobando assim todas as gravações dessa orquestra presentes na tabela entre 1925 e 1930. 104 105 Aparece na tabela apenas nesses 6 registros, acompanhando Artur Castro. Informação duvidosa: http://www.dicionariompb.com.br/artur-castro-budd/dados-artisticos (acesso em 20/11/2013) 96 Tabela 5: Orquestra Pan American como acompanhante (1928 - 1930) Título da Música A medida do senhor do bonfim A polícia já foi A polícia já foi lá em casa A voz do vilolão Acho melhor Ai meu bem Amizade Canção dos infelizes Canção dos ingleses Cansei Capricho de mulher Carga de burro Casinha de sapê Cena caipira Chrispim Coisas de mulher Coração volúvel Dá nela! Dando o valor (samba do afeto) Dá-se um jeitinho Diga Digo já Diz o que tem Dona Alice Dôr de recordar Dorinha!... meu amor É sim senhor É sopa (17 a 3) É tão bonitinha És ingrata... mulher Essa nega é da bahia Eu não sou bicho Eu ouço falar Falsa mulher Felicidade Fumaça branca I'm in seventh heaven Joãozinho Jura Juramento Malandro Mamãe viu Marcha dos granadeiros Margot Marion Me faz carinhos Melindrosa futurista Gênero musical Samba Samba canção Samba Canção brasileira Samba Samba Samba Canção Canção Samba Samba Samba Cateretê Toada Samba Samba Samba Marcha carnavalesca Samba de fato Brasilidade Samba Marcha carnavalesca Marcha Marcha Foxtrot Samba apaixonado Samba Marcha Samba Samba Samba Marcha Samba Samba Samba Maxixe Foxtrot Berceuse Samba Samba Samba Foxtrot Marcha Samba Valsa Samba Marcha Compositor Sinhô Julio Cristobal, Olegári Mariano Julio Cristobal, Olegári Mariano Francisco Alves Sátiro de Almeida Nicanor Silva, Bilito Ary Barroso Donga, Luiz Peixoto, Marques Porto Donga, Luiz Peixoto, Marques Porto Sinhô José Francisco de Freitas Sinhô Sinhô Eduardo Souto, Osvaldo Santiago Mark Hermanns Tuyhu Brancura Ary Barroso Augusto Vasseur Joubert de Carvalho Lamartine Babo, Gonçalves de Oliveira Eduardo Souto, Osvaldo Santiago Careca Ary Barroso, Luiz Peixoto, Marques Porto Joubert de Carvalho, Olegário Mariano José Francisco de Freitas Eduardo Souto Eduardo Souto Henrique Vogeler Lolo Uerba Sátiro de Melo Freire Junior Sinhô Ridam, Roldão G. Vieira Raul Roulien Mark Hermanns Brown, Henderson, Jolson, Sylva Raul Roulien Sinhô Ary Barroso, Luiz Peixoto, Marques Porto Francisco Alves, Freire Junior Raul Roulien Aratimbó, Victor Schetzinger Alfredo Dermeval Erno Rapee Francisco Alves, Ismael Silva Clóvis Roque da Cruz Intérprete / Cantor Mário Reis Araci Cortes Araci Cortes Franscisco Alves Francisco Alves João Regente Francisco Alves Zaíra Cavalcanti Zaíra Cavalcanti Mário Reis Mário Reis Mário Reis Francisco Alves Gastão Formenti, Luci Campos Raul Roulien João Regente Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Gastão Formenti Zaíra Cavalcanti Francisco Alves Francisco Alves Palitos Francisco Alves Mário Reis Francisco Alves Francisco Alves Mário Reis Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Raul Roulien Francisco Alves Francisco Alves Raul Roulien Mário Reis Araci Cortes Francisco Alves Raul Roulien Lucy Pires Mário Reis Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves 97 Meu amor vou te deixar Samba Miss st. Paul Foxtrot Morena adivinha que eu gosto de ti Samba Mulher venenosa Samba My mother's eyes (os olhos de mamãe) Fox canção Não dou confiança ao azar Samba Não faço fé contigo Samba Não fui eu Samba Não sou baú Samba Não te dou perdão Samba No reinado da alegria Marcha Novo amor Samba Nunca Valsa O destino é deus que dá Samba Olha a pomba Marcha Olha a pomba Marcha Olha o boi Samba Olhos negros Samba Orobó Macumba Outro amor Samba Pagan love song (canção de amor) Valsa Palhaço Samba Para mim perdeste o valor Samba Perdão Samba Por que foi? Samba canção Quando a mulher não quer Samba Que vale a nota sem o carinho da mulher? Samba Quem eu deixar não quero mais Samba Quem me dera morena Samba Quem quiser ver Samba Quem vê cara não vê o resto Cançoneta choro Quindins de iaiá Samba Rio chic Marcha Samba de são benedito Samba Saudade má Foxtrot Segura o boi Samba Seu doutor Marcha Seu julinho vem Marcha Seu voronoff Marcha Sorriso falso Samba Te fuistes Valsa Toma cuidado Cateretê Torna a vortá Samba Tu qué tomá meu home Samba Tua Valsa Vadiagem Samba Vai mesmo Samba Vamos deixar de intimidade Samba Vamos juntar os trapinhos? Canção Vem cá, neném! Samba carnavalesco Vem, colombina Marcha Vou à penha Samba Vou me vingar Samba Vou morar na roça Samba Why can't you? Foxtrot Zomba Samba Zum, zum, zum, meu violão Marcha carnavalesca Orlando Vieira Mark Hermanns Henrique Vogeler, Joracy Camargo Brancura Aratimbó, Baer Cícero de Almeida Tuyhu Caninha Sinhô Ismael Silva Eduardo Souto, Osvaldo Santiago Ismael Silva Raul Roulien, Mark Hermanns Nilton Bastos Vantuil Carvalho Vantuil Carvalho Orlando Vieira I. Kolman Cícero de Almeida Ary Barroso, C. F. Machado Nacio Herb Brown Bussi, Nelson Francisco Alves Francisco Alves Pedro de Sá Pereira, Luiz Iglésias Caninha, José Luiz de Morais Sinhô João de Oliveira Edmundo Henriques Eduardo Souto Ari Kerner Pedro de Sá Pereira, C. M. Bittencourt A. R. De Jesus Ary Barroso, Luiz Peixoto, Marques Porto Mark Hermanns Sinhô Eduardo Souto Freire Junior João Rossi, Lamartine Babo Cícero de Almeida Mark Hermanns João Felispe da Costa ? J. Bulhões Ary Barroso, Olegário Mariano Raul Roulien Francisco Alves Heitor dos Prazeres Ary Barroso Pedro de Sá Pereira Bento Mossurunga, Menezes de Cardoso Ari Kerner Ary Barroso Caninha Orlando Vieira Brown, Henderson, Jolson, Sylva Francisco Alves J. Mendes Pereira, João Rossi Mário Reis Raul Roulien Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Mário Reis Francisco Alves Jonjoca Francisco Alves Jonjoca Francisco Alves Mário Reis Raul Roulien Mário Reis Francisco Alves Margarida Max Francisco Alves Francisco Alves Gusmão Lobo Mário Reis Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Mário Reis Margarida Max Francisco Alves Vicente Celestino Francisco Alves Francisco Alves Araci Cortes Alfredo Albuquerque Araci Cortes Francisco Alves Araci Cortes Raul Roulien Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Mário Reis Raul Roulien Gusmão Lobo Francisco Alves Araci Cortes Raul Roulien Mário Reis Mário Reis Mário Reis Araci Cortes Francisco Alves Francisco Alves Mário Reis Mário Reis Mário Reis Francisco Alves Araci Cortes Francisco Alves 98 Tabela 6: Orquestra Pan American como intérprete (1928 - 1930) Título da Música Gênero musical A warbling booklet Balada Alegria Foxtrot Amanhã tem mais Samba Boêmia Maxixe Camafeu Choro Charming Foxtrot Christina Valsa Côr de canella Maxixe Craddle of love Foxtrot Desprezado Choro Galo velho Samba Hino republicano riograndense Hino Iaiá (linda flor) Samba canção If you believed in me Foxtrot I'm on a diet of love Foxtrot Ipanema Marcha Jura Samba Loiras e morenas Foxtrot Magnífico Maxixe Mexe baiana Maxixe Minha vida pela sua Valsa Mona Foxtrot Noêmia Valsa Odeon Maxixe Paulicéia como és formosa Tarantela Pérola do Japão Foxtrot Pierrot 1950 Foxtrot Proeminente Maxixe Rapisódia brasileira (1ª parte) não identificado Rapisódia brasileira (2ª parte) não identificado Rayon d'or Polca tango Red hot & blue rhythm Foxtrot Samba de verdade Maxixe Sevilla Marcha Só no Brasil Samba Sorrindo e chorando Choro You'll find the answer in my eyes Valsa Compositor Intérprete / Cantor Harry Parsons Orquestra Pan American Romeo Ghipsman Orquestra Pan American Mário Duprat Fiuza Orquestra Pan American Ernesto Nazareth Orquestra Pan American J. Rondon Orquestra Pan American Stothart Orquestra Pan American Conrad, Gottler, Mitchel Orquestra Pan American Lúcio Chameck Orquestra Pan American Mabel Wayne Orquestra Pan American Pixinguinha Orquestra Pan American Luiz Magno Orquestra Pan American Joaquim Inácio Mendanha Orquestra Pan American Henrique Vogeler Orquestra Pan American Baer, L. W. Gilbert Orquestra Pan American Baer, Gilbert, Wolff Orquestra Pan American Ernesto Nazareth Orquestra Pan American Sinhô Orquestra Pan American Joubert de Carvalho, Olegário Mariano Orquestra Pan American Ernesto Nazareth Orquestra Pan American José Francisco de Freitas Orquestra Pan American Marcelo Tupinambá Orquestra Pan American Conrad, Gottler, Mitchel Orquestra Pan American Adelgico Correa Orquestra Pan American Mário Duprat Fiuza Orquestra Pan American Ernesto Nazareth Orquestra Pan American J. Fonseca Costa Orquestra Pan American Raul Roulien Orquestra Pan American Ernesto Nazareth Orquestra Pan American Mark Hermanns Orquestra Pan American Mark Hermanns Orquestra Pan American Ernesto Nazareth Orquestra Pan American Osvaldo Santiago, Cots, Davis, Swanstron Orquestra Pan American Francisco Alves Orquestra Pan American Corder Orquestra Pan American Lúcio Chameck Orquestra Pan American Júlio Casado Orquestra Pan American Brown, De Silva, Henderson Orquestra Pan American, Simon Bountman Os 142 registros da Orquestra Pan American foram divididos em duas tabelas para a melhor visualização dos dados, sendo a tabela 5 constituída de gravações da orquestra como acompanhante e a tabela 6 organizada a partir de músicas instrumentais gravadas por ela. A partir da análise das tabelas 3, 4, 5 e 6 separadamente, podemos 99 estabelecer algumas diferenças entre as três diferentes denominações utilizadas por essa orquestra. Primeiramente, é importante destacar que todas as gravações das tabelas 5 e 6 foram realizadas entre 1928 e 1930, ou seja, no período em que a Casa Edison já utilizava plenamente a tecnologia de gravação elétrica, e a Orquestra Pan American já havia se consolidado completamente como a principal orquestra dos discos Odeon. Com isso, podemos dividir a atuação dessa orquestra no mercado fonográfico em duas diferentes fases, a mecânica e a elétrica. Devidamente exposta e contextualizada, a análise dos registros dessa orquestra acompanhando cantores na fase mecânica, em comparação com a fase elétrica, pode revelar-nos concretamente os artistas e compositores desse mercado fonográfico. Assim percebemos quais artistas surgiram, quais se adaptaram e quais deixaram de gravar com essa mudança tecnológica. A tabela 5 conta com 104 registros de fonogramas gravados com a Orquestra Pan American acompanhando algum cantor. Dentre esses, podemos perceber uma mudança no elenco ao identificar uma série de novos cantores, e não encontrar sequer um dos cantores das tabelas 3 e 4 na tabela 5 (com a exceção de Francisco Alves). Assim, fica indispensável a identificação dessa mudança a partir da exposição dos dados da tabela 5. Além de Francisco Alves, que possui 48 registros nessa tabela, os novos cantores são: Mario Reis, com 21 registros (21 sambas); Raul Roulien, com 9 registros (3 fox-trots, 3 valsas, 2 sambas e 1 berceuse); Araci Cortes, com 9 registros (8 sambas e 1 canção); Zaíra Cavalcanti, com 3 registros (2 canções e 1 samba); Margarida Max, com 2 registros (1 samba e 1 marcha); João Regente, com 2 registros (2 sambas); Jonjoca, com 2 registros (2 sambas); Gusmão Lobo, com 2 registros (1 macumba e 1 cateretê); Alfredo 100 Albuquerque, com 1 registro (cançoneta choro); Gastão Formenti, com 1 registro (brasilidade); Lucy Pires, com 1 registro (marcha); Gastão Formenti e Luci Campos, com 1 resgistro (toada); Palitos, com 1 registro (marcha); e Vicente Celestino, com 1 registro (samba). Unindo as tabelas 5 e 6 (gravação elétrica) e comparando com as tabelas 3 e 4 (gravação mecânica), podemos obter também um panorama geral da mudança dos gêneros gravados nesse mercado. Citando apenas os gêneros com números mais expressivos nas tabelas, dos 142 registros das tabelas 3 e 4: 68 são sambas (47%), 19 são marchas (13%), 17 são fox-trots (11%), 9 são valsas e 9 são maxixes. Dos 57 registros das tabelas 1 e 2: 15 são sambas (26%), 11 são fox-trots (19%, com one steps e charlestons inclusos), 8 são marchas (14%), 5 são maxixes, 5 são tangos e 4 são valsas. É visível, se considerarmos a proporção entre os gêneros e o total, que a quantidade de sambas gravados aumentou muito no período da gravação elétrica. Desses 68 sambas registrados nas tabelas 3 e 4 (1928 - 1930), 25 foram gravados por Francisco Alves (36,7%), 21 por Mario Reis (30,8%) e 8 por Araci Cortes (11%). Para obtermos uma noção mais ampla sobre os cantores da década de 1920 que gravaram com jazz-bands no Rio de Janeiro, foi construída a tabela 6 com os 12 principais cantores registrados na tabela geral e com quais orquestras gravaram. 101 Tabela 7: Cantores por orquestras Francisco Alves Artur Casto Araci Cortes Fernando Oscar Pereira Gomes Zeca Ivo Vicente Celestino Pedro Celestino Gastão Formenti Mário Reis Raul Roulien Alfredo Albuquerque Outros Total OJBPACC OPACC OPA ORA JBSARS AJBSS BrJB Total 2 23 48 7 80 3 5 6 14 9 2 11 51 51 2 2 4 1 1 2 1 3 4 2 2 6 10 2 6 8 21 21 9 2 11 1 2 3 37 8 28 91 20 55 11 6 256 OJBPACC – Orquestra Jazz Band Pan American do Cassino de Copacabana OPACC – Orquestra Pan American do Cassino de Copacabana OPA – Orquestra Pan American ORA – Orquestra Rio Artists JBSARS – Jazz Band Sul Americano de Romeu Silva AJBSS – American Jazz Band de Silvio de Souza BrJB – Brazilian Jazz Band Francisco Alves é o cantor com maior número de registros no período entre 1920 e 1930, representando 31% das gravações registradas na tabela geral. Das 80 músicas desse cantor acompanhadas por jazz-bands, 73 foram gravadas pela Orquestra (Jazz Band) Pan American (do Cassino Copacabana), representando 91% das suas músicas. De outra forma, Francisco Alves representa 62% de todas as gravações dessa orquestra acompanhando cantores no período entre 1925 e 1930. É importante ressaltar também que a Orquestra Pan American, com suas 3 denominações (1925 – 1930), representa 49,5% das gravações de jazz-bands acompanhando cantores durante toda a década de 1920. A segunda jazz-band que mais realizou gravações acompanhando cantores foi a Jazz Band Sul Americano Romeu Silva, que, no período entre 1921 e 1926, representa 21,5% dos registros até 1930. Dos 73 registros da Jazz Band Sul Americano, 55 (75%) 102 foram como acompanhante, e Fernando, cantor e violinista desta jazz-band, representa 92,7% das gravações como acompanhante. Assim, podemos afirmar que, até 1926, a principal orquestra jazz-band que gravou acompanhando cantores foi a Jazz Band Sul Americano. Nesse mesmo período, pode ser considerada a jazz-band que mais apresentou registros como intérprete de músicas instrumentais. Assim, se analisarmos os 18 registros de gravação de música instrumental dessa orquestra, é possível identificar diálogos transnacionais106, considerando que 30% delas são de compositores estrangeiros, sendo 44% das músicas fox-trots. Tabela 8: Músicas instrumentais da Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Título da Música A-e-i-o-u Alabama Boca pintada Cabeleira a la garçone Café com leite Chá pra dois (Tea for two) De cartola e bengalinha Dor de cabeça El 11 (o onze) Escorregando Espera um pouco Está na hora Eu quero ser feliz (I want to be happy) Fleur d'amor Fubá Me neenyah (My Little One) La-monteria (Zarzuela en dos actos) Ukelele baby Gênero musical Samba Foxtrot Maxixe Foxtrot Maxixe Foxtrot Maxixe Maxixe Tango argentino Maxixe Foxtrot Samba Foxtrot Foxtrot Maxixe Foxtrot não identificado Foxtrot Compositor Quinote não identificado Joubert de Carvalho Américo Guimarães & Pedro de Sá Pereira Freire Junior Vicent Youmans Freire Junior Sinhô F. Rezedo Ernesto Nazareth não identificado Caninha Vicent Youmans José Padilha Romeu Silva Herbert Spencer Jacinto Guerrero Jack Meskill Das 18 músicas instrumentais gravadas pela Jazz Band Sul Americano Romeu Silva, 8 são fox-trots, 6 maxixes, 2 sambas, 1 tango argentino e 1 com gênero não 106 Gilroy, Paul. O Atântico Negro: modernidade e dulpa consciência, 2001. 103 identificado; desses fox-trots, chamou-me atenção 5 deles, por serem de compositores estadunidenses que fizeram sucesso em espetáculos musicais da Broadway. Além de duas músicas com compositor não identificado, mas tudo indica que ele seja proveniente dos Estados Unidos. Um caminho interessante a tomar é o direcionamento desse exercício para os compositores estrangeiros gravados pela jazz-band de Romeu Silva, a fim de problematizar os diálogos transnacionais que estão ocorrendo através das performances e execuções dessas orquestras. Assim, começaremos por lançar questões em torno do compositor estadunidense Vincent Youmans, pois a orquestra em questão gravou duas de suas músicas – Chá pra dois (Tea for two) e Eu quero ser feliz (I want to be happy). Encontrar a sua procedência foi uma tarefa relativamente fácil, tendo em vista que as músicas citadas faziam parte de um musical chamado No No Nanette de 1925, que imortalizou este compositor como um dos grandes nomes dos musicais da Broadway. Musical esse também exibido no cinema em 1930, cuja trilha sonora contava com essas duas músicas de Vincent Youmans. A data de gravação da música pela jazz-band de Romeu Silva, de acordo com o IMS, foi entre 1921 e 1926, e o ano de publicação da partitura pelo compositor foi em torno de 1925, período em que o musical era um grande sucesso. Levando em consideração que a primeira gravação registrada nos Estados Unidos foi a do filme (1930), podemos considerar que os integrantes da Jazz Band Sul Americano estavam muito atentos às novidades internacionais. Além disso, é provável que esse grupo tenha sido o primeiro a gravar “Chá pra dois” e “Eu quero ser feliz”; tais músicas fizeram grande sucesso nos Estados Unidos em 1930, inclusive com uma série de releituras em anos posteriores (Tea for Two pode ser considerado como um jazz 104 standard). É importante ressaltar outras músicas de sucesso no exterior, gravadas pela Jazz Band Sul Americano, embora já tenham sido identificadas: o fox-trot Titine do compositor Leo Daniderff, sucesso do teatro de revista francês, cantado por Fernando em francês, que fez parte da trilha sonora no filme “Tempos Modernos” de Charles Chaplin em 1936; o fox-trot Ukelele baby do compositor estadunidense Jack Meskill; a música La-monteria (Zarzuela en dos actos), sucesso do teatro de revista espanhol do compositor Jacinto Guerrero; o fox-trot Me neenyah (My Little One) do compositor estadunidense Herbert Spencer. Além dos fox-trots, a Jazz Band Sul Americano Romeu Silva também possui 3 registros de tango, revelando outro eixo de diálogos. Dois desses registros são de compositores brasileiros, classificados como tango canção, ambos cantados por Fernando: “Oração” de Osvaldo Cardoso de Menezes e “Ruínas de um sonho” de Pedro de Sá Pereira. O terceiro é uma versão instrumental da música “El Once”, do compositor argentino Osvaldo Fresedo107. Com isso, evidenciamos que a Jazz Band Sul Americano Romeu Silva revelava dois eixos de diálogos transnacionais, tendo gravado tangos de compositores da Argentina e fox-trots de compositores dos Estados Unidos, assim como tangos e fox-trots de compositores do Brasil. Essa jazz-band é o melhor exemplo para mostrar que tanto as orquestras quanto os compositores do Brasil estavam atentos à produção musical de orquestras de dança desses dois países. Já que estamos identificando trocas transnacionais, é importante não esquecer das orquestras da Argentina e dos Estados 107 Inicialmente tivemos dificuldade de identificar este compositor, pois no acervo do IMS aparece como F. Resedo. 105 Unidos que gravaram maxixes e sambas no mesmo período. Essa inquietação nos levou primeiramente ao acervo do IMS, onde encontramos fonogramas de uma jazz-band da Argentina. A Carabelli Jazz Band, representada na tabela 8 por 6 músicas (com data indefinida), sendo elas 5 maxixes e 1 shimmy (composto pelo próprio Adolfo Carabelli). Dos 5 maxixes, 2 são composições de Sinhô108, 1 composição de Donga109, e os outros dois aparecem como não identificados. Nesse caso, tivemos que recorrer a outros acervos para saciar a ausência de dados fundamentais no acervo do IMS110. Tabela 9: Carabelli Jazz Band (corrigido a partir do acervo da Victor) Data de gravação Título da Música 1927 A luz da lua 1925 Bajo las estrellas 1927 La chicharra 1925 Não te quero mais 1926 Tem papagaio no poleiro 1926 Viva a penha Gênero musical Maxixe Shimmy Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Compositor Antenor B. Cañas Adolfo Carabelli Ramón Collazo Ernesto dos Santos (Donga) Sinhô Sinhô Como todos os discos da Carabelli Jazz Bands são do selo Victor, há um alternativa prática que podemos adotar: o catálogo online da Victor (Encyclopedic Discography of Victor Recordings)111. Esse é um catálogo online de dados dos discos da Victor que foi desenvolvido a partir das matrizes e discos de gravações feitas pelo mundo desde 1900112. Ao acessar as músicas citadas na tabela 8, foi possível descobrir os dados que faltavam. 108 109 110 “Tem papagaio no poleiro” e “Viva a Penha” “Não te quero mais” Além da ausência de dados como data de gravação e compositor, o áudio digitalizado destes discos está praticamente inaudível. 111 http://victor.library.ucsb.edu 112 As séries de matrizes entre 1900 e 1925 podem ser consultadas neste site: http://victor.library.ucsb.edu/index.php/resources/detail/43 106 Encontramos o maxixe “La chicharra”, do compositor argentino Ramón Collazo, e o maxixe “A luz da lua”, composição de Antenor B. Cañas. Da mesma forma, localizamos diversos tangos e fox-trots de compositores brasileiros executados por jazzbands atuantes no cenário musical da Capital Federal brasileira, encontramos sambas, maxixes e fox-trots de compositores da Argentina e executados por jazz-bands do mesmo país. Ao avaliarmos o repertório da Carabelli Jazz Band no catálogo online da Victor, descobrimos diversas músicas de compositores brasileiros, e também duas músicas de gêneros “nacionais” (brasileiro e estadunidense) assinadas por compositores argentinos, todas gravadas em 1925: “Muito gostosa”, maxixe composto por A. Mendés; “Amor de pierrot”, shimmy composto por Salvador Granata; “Nosso ranchinho”, maxixe composto por Ernesto dos Santos (Donga); “Zizanha” (Zizinha), zamba (samba) composto por José Francisco de Freitas; “Amor sem dinheiro”, zamba composto por José Barbosa da Silva (Sinhô). Cabe ressaltar aqui que o universo do material encontrado é vastíssimo e, devido a vários fatores, sobretudo um deles chamado tempo, tivemos que delimitar o máximo possível o objeto de pesquisa nas orquestras da década de 1920. É importante esclarecer, há muita pesquisa a ser feita para dar contar das várias lacunas sobre a historia musical desse período histórico. Por último, elaboramos uma lista com 20 títulos das canções gravadas por jazzbands, sob a rubrica de samba, maxixe ou fox-trot. 107 Título da Música Gênero musical Palhaço Foxtrot Dôr de recordar Foxtrot Eterno enlevo Foxtrot Loiras e morenas Foxtrot O carnaval Foxtrot Mimosa Foxtrot O cigano Foxtrot O que é nosso Samba Mulata sai do portão Samba Água de côco Samba Só no Brasil Samba Quem não chora não mama Samba Olhos negros Samba Café com leite Maxixe Na bahia Maxixe Samba de verdade Maxixe Floraux Maxixe Tem papagaio no poleiro Maxixe Mulata mia Maxixe Compositor Marcelo Tupinambá Joubert de Carvalho, Olegário Mariano Zequinha de Abreu Joubert de Carvalho, Olegário Mariano Eduardo Souto Leopoldo Froes Marcelo Tupinambá Caninha Careca Pedro de Sá Pereira Lúcio Chameck Gaudio Viotti I. Kolman Freire Junior Caninha Francisco Alves Ernesto Nazareth Sinhô Ramon Collazo Todos esses títulos evidenciam de uma forma contundente que, na história da música popular do Brasil, nos anos 20, não é nada fácil estabelecer uma separação entre o que é “nacional” e o que é “estrangeiro”. As jazz-bands, sem dúvida, divulgaram e consagraram as canções com temas e estilos da terra e da pretensa nação, tão sonhada em termos musicais. Os sambas devem muito ao espírito moderno das jazz-bands... 3.3 Uma seção dominical dedicada ao mercado fonográfico A partir da seção “Discos e Machinas Falantes” do jornal O Paiz, podemos identificar outros elementos da circulação musical e do emergente mercado fonográfico na década de 1920. Com sua primeira aparição no dia 20 de junho de 1926, essa seção abordava questões sobre um mercado de sucesso estabelecido no mundo cosmopolita. Como uma nova forma de ouvir e fazer música, o fonógrafo revolucionou as culturas musicais por onde passou, já que a mesma performance poderia ser ouvida quantas vezes fossem necessárias para satisfazer o ouvinte/consumidor. Não era mais necessária a presença de músicos para haver música nos ambientes de sociabilidade, a simples presença desse aparelho e seus discos substituía a presença de toda uma orquestra, 108 afirmavam as propagandas nas páginas dessa seção. “Discos e Machinas Falantes” é uma seção que analisa e exalta principalmente a novidade musical, e certamente possui muitas pistas sobre o cenário das jazz-bands no Rio de Janeiro, e aspectos fundamentais da música comercial transnacional na segunda metade da década de 1920. Uma questão importante, e que pode ser percebida logo que se inicia a leitura dessa seção, é referente à circulação de discos nesse mercado. Ficou claro que, para entender essa circulação, não podemos fixar o olhar apenas nas gravações que foram realizadas no Brasil e comercializadas pelos selos estrangeiros que aqui instalaram suas fabricas até 1930 (Odeon, Victor e Columbia). Não circulavam aqui apenas discos produzidos nesse mercado. Além das remessas de discos estrangeiros da Columbia, Odeon e Victor, as casas comerciais recebiam também discos com selos de outros países como Polydor, Cameo, Parlophon, Vox e Brunswick. Também, essa seção nos possibilitou a identificação de categorias do mercado fonográfico do período, seja pela identificação de remessas das fábricas estrangeiras, ou pelas propagandas de discos, fonógrafos e casas comerciais. As categorias gerais já são conhecidas da maioria dos pesquisadores de música, sendo normalmente colocadas como contraponto uma da outra: música erudita e popular. Essa divisão geral como categoria comercial fica muito clara na descrição das remessas de discos, normalmente identificados como “clássicos” ou “música de dança”. Aqui, faremos um exercício focando apenas na “música de dança”, já que essa é a categoria de mercado com enorme representatividade das jazz-bands. É preciso deixar claro que não pretendo analisar todas as referências dessa seção dominical, já que esse é um exercício de enorme esforço e fôlego. Faremos aqui um inventário das principais 109 referências de “discos de dança”, nacionais e estrangeiros, para o mercado fonográfico brasileiro. Para isso, foi feita uma delimitação temporal que compreende os anos de 1926 ao final de 1927, sendo esse considerado o período de implementação, divulgação e comercialização da tecnologia elétrica de gravação no Brasil. Toda uma nova gama de produtos com reproduções mais “fiéis”, ou “reais”, chegavam às casas comerciais neste período113. Logo na primeira aparição, Phonóphilo, colaborador do jornal O Paiz que escreve a seção, já destaca cinco discos contendo apenas fox-trots. Esse é sem dúvida o “gênero” mais comentado e exaltado nessa seção. Dos cinco discos: dois são gravados pela orquestra contratada da Columbia, o Ipana Troubadours; um da orquestra de Leo Reissman; um por Clyde Doerr, orquestra que conta com maioria de saxophones, sendo Ted Lewis um deles; e um disco da orquestra de Ross German (que foi saxofonista na orquestra de Paul Whiteman). Nesse último, há um comentário curioso sobre a primeira música, “I want somebody to cheer me up”114. Segundo o escritor dessa seção, essa música tem “o compasso perfeito de um maxixe nacional, sendo por isto digno de nota”. Afinal, se existe um “maxixe nacional”, qual seria o “não nacional”? O que diferencia um “maxixe nacional” de um “não nacional” (ou transnacional)? O que motiva o escritor dessa seção a dizer que esse fox-trot possui o compasso perfeito de um maxixe? Essas são questões instigantes, mas que não teremos fôlego para responder 113 Outro desdobramento (mais cotidiano) decorrente da transição de tecnologia de gravação pode ser visto no texto publicado no dia 06 de fevereiro de 1927, sobre a queda dos preços de discos de gravação mecânica na Paul J. Christoph Company (casa comercial localizada na Rua do Ouvidor nº 98), que são os distribuidores da Victor Talking Machine Co. no Rio de Janeiro. Segundo o escritor da seção, a chegada das novas remessas de discos de gravação elétrica motivou “uma venda especial de discos Victor de dança de gravação antiga”. Esses, que não despertavam mais interesse do consumidor pela grande diferença de qualidade na gravação, seriam vendidos a seis mil e quinhentos réis a título de saldo. 114 O Paiz, 20/06/26 110 concretamente nestas linhas, por isso, continuaremos a tratar sobre o fox-trot. Na seção publicada no jornal do dia 02 de janeiro de 1927, encontramos mais uma vez a coluna destinada à ”música de dança”, mas dessa vez ela não conta apenas com artistas e orquestras estrangeiros. São 6 discos Victor contendo 10 fox-trots e 2 one steps (step espanhol) de 5 diferentes orquestras: a de Paul Whiteman, a de George Olsen, a Ted Lewis and His Band, a Fred Rich and His Hotel Astor Orchestra, e a Ipana Troubadours. No disco dessa última, está o fox-trot “Baby face”, composto por Harry Akst e Benny Davis, música que também foi gravada pelo cantor Oscar Pereira Gomes (entre 1925 e 1927), sendo acompanhado pela “Orquestra Jazz Band Pan American do Cassino de Copacabana” (Orquestra Pan American de Simon Bountman). Além desses, encontramos dois discos gravados no Brasil e comercializados com o selo Odeon, contendo: 2 maxixes gravados pela “American Jazz Band de Sylvio de Souza”115 e 2 toadas sertanejas, cantadas e tocadas ao violão por Patrício Teixeira116. No dia 16 de janeiro de 1927, foram publicadas três listas de “música de dança”, sendo uma decorrente do aparecimento de uma nova coluna. Além de descrever a remessa de janeiro com “novidades dançantes” da Columbia, recebido pela casa comercial Optica Ingleza, e a remessa de uma nova fábrica estadunidense “especializada em discos populares”117, foi criado um espaço chamado “Guia do comprador”. Esse é o lugar onde Phonóphilo recomenda discos para o consumidor/leitor, tendo em vista “pessoas que por qualquer motivo, não tem orientação prévia na compra dos mesmos ou não conhecem com acerto quais as últimas novidades e quais os maiores sucessos”. 115 116 117 “Cristo nasceu na Bahia” e “Pé de cabra” “Seu zé, Raymundo” e “Adeus Quima” A fábrica da Cameo, representada pela loja Guitarra de Prata, localizada na Rua da Carioca nº 37. 111 Segundo esse escritor, “os discos indicados são todos de gravação elétrica, modernos e selecionados entre os melhores e os que comprovadamente obtiveram sucesso no nosso meio por grande venda verificada”. Certamente focaremos nessa nova coluna, já que observar os grandes sucessos comerciais pode nos ajudar a entender essa emergente cultura comercial transnacional em torno da música. No “Guia do Comprador” desse dia, na parte destinada à “música de dança”, são recomendados seis discos, todos contendo fox-trots (com exceção de uma valsa). Esses discos fazem referências a nove diferentes orquestras118, sendo que Ross Gorman and His Orchestra, Ipana Troubadours, Ted Lewis and His Band, George Olsen and His Music são recorrentes nessa seção. Ao observar essa coluna, podemos definir quais são as referências em discos e em música de dança que estão sendo difundidas. Outra nova peculiaridade dessa seção é a divisão das listagens e remessas por fábricas, já que cada uma possui o(s) seu(s) representante(s) comerciai(s) no Rio de Janeiro. Na remessa Odeon, publicada no dia 30 de janeiro de 1927, podemos ter uma noção mais ampla da circularidade dos gêneros musicais de dança pelo mundo. Originalmente de nacionalidade alemã, com várias fábricas espalhadas pelo mundo, a Odeon sofreu com a derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial, e passou a se sustentar a partir de suas filiais. Talvez isso tenha permitido uma maior circulação de discos produzidos nas fábricas Odeon, levando em consideração a desestruturação de seu centro e a consequente formação de centros nos países onde se instalaram essas fábricas. Enfim, apenas poderemos confirmar essa informação quando 118 Ross Gorman and His Orchestra, Ipana Troubadours, Ted Lewis and His Band, George Olsen and His Music, Roger Wolfe Kahn and His Orchestra, orchestra Waring's Pensylvania, Goodrich Silvertown Cord Orchestra, Edwin J. Me. Enelly's Orchestra e Don Bestor and His Orchestra. 112 houver um estudo exaustivo sobre a expansão das fábricas de discos pelo mundo e as relações e hierarquias estabelecidas entre elas. Para exemplificar esse contexto, podemos citar os três discos de “música de dança” da remessa Odeon publicada no dia 30 de janeiro de 1927. O primeiro contendo 1 fox-trot e 1 valsa, gravados em Londres pela Ronnie Munro Dance Orchestra; o segundo, 2 fox-trots gravados em Nova York pelas orquestras The Arkansaw Travelers e Lloyd Turnel and his Villa Venice Orchestra; e o terceiro, 1 shymmy e 1 one-step gravados em Berlim pela orquestra Dajos Bella. No jornal desse mesmo dia, ainda podemos consultar a lista de discos feita na coluna “Guia do comprador”. São citados 11 discos entre Columbia e Victor, sendo que, com exceção do one-step (step espanhol) “Valencia”, são todos fox-trots, executados pelas mesmas orquestras já consagradas nessa seção119. Enfim, a coluna destinada a listar as “músicas de dança” cresceu a cada publicação, tornando impossível inventariar todas as referências de fox-trot gravados por jazz-bands dos Estados Unidos destacadas nela. Dessa forma, constatamos que essa coluna dá pioridade à indicação de discos estrangeiros, principalmente àqueles provenientes dos Estados Unidos. Para exemplificar, selecionamos algumas referências a jazz-bands da América do Sul, encontradas na parte dedicada a “música de dança” da coluna “Guia do Comprador”, publicada entre março e julho de 1927. Evidenciando assim a repetida (des)proporção entre discos de orquestras dos Estados Unidos e as da América do Sul. No jornal do dia 06 de março de 1927, após 8 discos contendo 16 fox-trots gravados por orquestras dos Estados Unidos, foram citados 2 discos gravados pela 119 Ipana Troubadours, Ted Lewis and His Band, Harry Heser's Syncopators, George Olsen and His Music, Kahn and His Orchestra e Irving Aaronson and his Commanders. 113 Orquestra Pan American, contendo 4 músicas, sendo 3 sambas carnavalescos e 1 onestep espanhol. No dia 13 de março de 1927, dentre 7 discos contendo 14 fox-trots gravados por orquestras dos Estados Unidos, foi citado apenas 1 disco da Orquestra Pan American do Cassino Copacabana, contendo o tango “Mercedita” e o maxixe “Arripiado”. Na publicação do dia 27 de março de 1927, foram 7 discos com 13 fox-trots e 1 valsa gravados nos Estados Unidos, 2 tangos gravados na Argentina pela Orquestra Roberto Firpo, 1 one step espanhol e 1 maxixe executados pela Orquestra Pan American. No dia 1 de maio de 1927 foram 8 fox-trots e 2 valsas gravados nos Estados Unidos e 2 tangos da Orquestra Roberto Firpo. A partir desse dia, a coluna “Guia do Comprador” deixa de ser publicada e volta para uma última aparição no jornal do dia 17 de julho de 1927, quando cita 15 fox-trots e 1 valsa de orquestras dos Estados Unidos, 2 tangos da Orquestra Francisco Canaro e 2 tangos cantados por Carlos Gardel. Mesmo depois da coluna “Guia do Comprador” ser extinta, a indicação de discos não pararia. Ficava dividida por selos, o que não parece ter mudado a seleção de discos. A Odeon, situada no Rio de Janeiro, era a única fábrica que prensava discos na América do Sul nessa época. Não é por acaso que a maior parte das orquestras sul-americanas se concentrou nas listas dessa fábrica. Outra opção metodológica para levantar dados e constatações a partir dessa seção, é analisar as listas de músicas publicadas ao lado dos textos de divulgação ou propaganda das remessas. Selecionei algumas listagens que utilizavam o carnaval para instigar a venda de discos. No jornal do dia 13 de fevereiro de 1927, foi publicada uma listagem de discos da Columbia (Estados Unidos) vinculada ao carnaval (imagem 7). O mais curioso 114 é que esses “novos discos Columbia para alegrar ainda mais o carnaval”120 (8 discos com 14 músicas) são compostos apenas de fox-trots, gravados pelas orquestras consagradas internacionalmente por esse selo. No capítulo anterior, na parte destinada aos eventos com jazz-bands pela cidade do Rio de Janeiro, encontramos eventos de carnaval com anúncio de fox-trots no repertório da orquestra. Nesses anúncios, percebemos que tanto o evento quanto a música não possuem um caráter estritamente “nacional”, mas sim um caráter moderno, remetendo a uma ideia de novidade. E essa é uma ideia intensamente divulgada, inclusive como uma estratégia de propaganda comercial. Imagem 7: Carnaval Columbia 1927 Imagem 8: Carnaval Odeon 1928 120 O Paiz, 13 de fevereiro de 1927 115 Outra listagem de músicas destinadas ao carnaval foi encontrada no jornal do dia 29 de janeiro de 1928 (imagem 8). O interessante dessa, é que conta apenas com gravações feitas na Casa Edison, mas diferente da listagem anterior, cita apenas os compositores, omitindo informações sobre intérprete e/ou orquestra acompanhante. Assim, podemos utilizar o recurso da tabela de dados do acervo fonográfico do IMS para adquirir outras informações e gerar reflexões sobre a pretensa lista dos “discos de maior sucesso do carnaval de 1928”. Chama a atenção logo ao primeiro olhar, que essa listagem, além de 5 sambas, 4 marchas e 1 zabumba cateretê, também conta com 1 charleston (carnavalesco) e 1 foxtrot de compositores brasileiros consagrados (Sinhô e Heckel Tavares). Sem dúvida, esses gêneros dançantes fizeram sucesso nos carnavais cariocas desse ano, já que até mesmo interessam aos compositores brasileiros. Das 12 músicas listadas, apenas 5 foram encontradas na tabela e possuem os fonogramas à disposição para escutar online. As músicas encontradas foram: “Já sei porque é” (Eduardo Souto), “Não quero mais saber dela” (Sinhô), “O bobalhão” (Sinhô), Thereza (Freire Junior), “Eu fui no mato crioula” (Gomes Junior). Esse é um claro indício de que a produção musical de jazz-bands no Brasil é, sem dúvida, maior do que a tabela com os dados dos acervos. Os acervos do IMS representam o olhar e interesse dos seus colecionadores sobre a música desse período. Dentre essas músicas localizadas no jornal, todas foram gravadas pela Orquestra Pan American do Cassino Copacabana e cantadas por Francisco Alves, dando a entender que todas as demais músicas também seguem esse formato. O que nos causa essa impressão é a continuação dessa seção na próxima página do jornal. Nessa, foi publicado 116 um artigo dedicado à orquestra, com fotografias e um histórico, com especial atenção à Simon Bountman (chefe da orquestra e violinista), I. Kolman (saxofonista) e Francisco Alves (cantor). A opinião de Phonóphilo sobre essa orquestra é complicada, pois considera essa jazz-band como “o mais perfeito conjunto de dança existente em nosso meio”121. Essa, que foi contratada em 1926 pela Odeon, é, segundo ele, “o conjunto que maior atividade tem mostrado em gravações nacionais”122. Mesmo reconhecendo que o chefe da orquestra e o primeiro saxofonista são de nacionalidade russa, mesmo sendo uma orquestra que esteve, “com repetidos ensaios, aperfeiçoando cada vez mais o gênero 'jazz' e adaptandose a nossa música”123, ele garante que dessa música, a Orquestra Pan American do Cassino Copacabana “é a melhor interprete”. Afinal, o que torna essa orquestra nacional aos olhos de Phonóphilo? Em uma publicação anterior, do dia 18 de setembro de 1927, o responsável pela seção expõe alguns dos critérios que definem o caráter nacional da orquestra. Sob o título de “Engraçado... não é?”, ele escreve em resposta ao que chama de uma tentativa de “demonstrar o anti-nacionalismo de nossos homens de governo”124. No início do texto, ele expõe o comentário que o deixa incomodado: Agora no entanto uma outra novidade surgiu, até os 'jazz-band' nacionaes já não valem nada para os nossos pró-homens. É o caso que para deleitar os sensíveis sentimentos musicais das delegações a Conferência Inter-parlamentar de Commércio, o governo contratou os serviços dos dois únicos jazz-bands estrangeiros existentes neste capital que por sinal muito fica a dever aos seus colegas nacionaes. (O Paiz, 18/09/1927, p.9) 121 122 123 124 O Paiz, 29 de janeiro de 1928 Idem, Ibidem. Idem, Ibidem. Idem, 18 de setembro de 1927 117 É interessante notar aqui que a crítica está direcionada à valorização pelo governo das “jazz-bands estrangeiras” sobre as “jazz-bands nacionais”, ou seja, jazz-band pode ser algo nacional aos olhos de um nacionalista. O único motivo aparente para Phonóphilo responder a isso é a defesa da orquestra que se apresentou nesse evento (Orquestra Pan American do Cassino Copacabana), que para ele é “uma das orchestras que mais reclame tem feito da música nacional”125. Por ser um debate gerado por um comentário de caráter nacionalista, a resposta se faz da mesma forma, expondo alguns critérios desse escritor sobre a sua concepção do nacional na música. A partir dessa leitura, consegui identificar três principais pontos ressaltados por ele, que garantem o cunho nacional da orquestra em questão. O nacional para o responsável pela coluna, certamente era muito diferente do nacional de Mario e Renato Almeida. 125 Idem, Ibidem. 118 Imagem 9: Repertório nacional em canto e dança O primeiro ponto que chama a atenção é uma ligação com a Odeon, que até então é a fábrica que gravava, prensava, distribuía e comercializava toda a “música nacional” na Capital Federal. E desde 1926, a Orquestra Pan American é a principal orquestra da 119 Casa Edison e Odeon, tendo gravado uma grande parte da produção musical em disco até 1930. Ela executava (citando apenas os gêneros mais gravados) sambas, maxixes, marchas, cateretês, valsas, tangos e fox-trots, seja como acompanhante de cantores126 ou como intérprete. Esta noção de nacionalidade brasileira atrelada à fábrica alemã de discos também pode ser identificada na imagem acima (imagem 9). Nessa listagem/propaganda fica claro o vínculo entre a fábrica e um caráter “nacional” da sua produção. O anúncio exalta “um sortimento escolhido do repertório nacional de canto e dança”, que são os principais lançamentos do mês de novembro de 1926 da Odeon. Dentre os 4 discos contendo 8 “musicas nacionais de canto e dança”, 2 deles possuem 3 fox-trots (sendo 1 deles também classificado como charleston) e 1 one step espanhol. Ao focar nesse ponto, certamente estamos diante de usos comerciais dessa ideia de música nacional. Por ora, continuemos com o debate sobre a Orquestra Pan American. O segundo ponto que queremos levantar está ligado ao repertório. O fato de executarem maxixes e sambas, faz com que essa orquestra jazz-band adquira um caráter “nacional”, pois executa os ritmos/gêneros consagrados pelos modernistas como a “música nacional”. Convencido de que essa é uma orquestra de autêntica nacionalidade brasileira, o escritor ressalta que o autor da crítica só pode ser uma “criança que não saiba o que está dizendo”127. Para ele, todo o conjunto é composto por artistas nacionais, com a exceção do maestro (a presença do saxofonista russo I. Kolman, que é parte da orquestra desde 126 Para citar os cantores (presentes na tabela) que gravaram na Casa Edison com o acompanhamento da Orquestra Pan American: Artur Castro, Araci Cortes, Mario Reis, Zeca Ivo, Oscar Pereira Gomes, João Regente, Zaira Cavalcanti, Francisco Alves, Gastão Formenti, Raul Roulien, Vicente Celestino, Margarida Max, Jonjoca, Pedro Celestino, Gusmão Lobo, Alfredo Albuquerque, Lucy Pires e Palitos. 127 O Paiz, 18 de setembro de 1927 120 sua formação, é silenciada). Mesmo o fato do maestro ser estrangeiro passou despercebido, pois foi considerado um estudioso da música brasileira e também foi o chefe da orquestra mais produtiva deste período de consolidação da “música nacional” (1926 – 1930). Um terceiro ponto aparece ligado a uma figura de grande sucesso comercial na indústria fonográfica, cuja divulgação do cunho nacional de sua performance funcionou como uma poderosa propaganda para exaltá-la. A presença de Franscisco Alves na Orquestra Pan American deu “um cunho tipicamente nacional às suas execuções”128. Na publicação do dia 29 de janeiro de 1928, citada anteriormente, ele ressalta que as execuções de “musica nacional” são “abrilhantadas” por Francisco Alves, que é “um artista inteiramente dedicado ao estilo nacional, ele é no gênero de cantar o que possuímos de mais perfeito”129. 128 Idem, Ibidem. 129 O Paiz, 29 de janeiro de 1928 121 Considerações finais Com a leitura dos três capítulos dessa dissertação, podemos tirar algumas conclusões gerais sobre as jazz-bands no Brasil. Primeiramente é importante ressaltar que o jazz foi um elemento cultural de impacto e difusão incalculáveis no mundo na década de 1920. O fato de se associar às principais formas de entretenimento do período certamente contribuiu para a sua expansão. Com a voga das danças de salão, do teatro de revista, do rádio, do fonógrafo e do cinema, essas orquestras profissionais ocuparam um lugar de destaque, tornando-se um modelo de orquestra amplamente reproduzido. Jazz-band não é um formato de orquestra que pode ser simplesmente definido pelos instrumentos ou gênero musical. Cada jazz-band, dentro de suas possibilidades, pode usar uma formação instrumental própria, desde que use instrumentos do grupo dos metais, uma bateria, um baixo (ou tuba) e um banjo. Levando em consideração que essas são orquestras comerciais, que tocam profissionalmente animando eventos e bailes, posso dizer que elas respondem a uma demanda de mercado e de público, que influencia diretamente no seu estilo e repertório musical. Desde que se “globalizou”, o jazz-band não é um formato de banda ou orquestra, mas um formato de apresentação. O seu repertório varia conforme o contexto sociocultural no qual está inserido, conforme os gêneros musicais valorizados nesse contexto; a única regra que identifiquei até o momento é a de que os ritmos devem ser animados e tidos como modernos. As jazz-bands no Brasil não reproduziam o mesmo repertório das jazz-bands europeias e estadunidenses, mas apenas as músicas e danças de maior popularidade. Elas se espelharam mais em um modelo de formação instrumental e de performance do que em um modelo vinculado diretamente a um gênero. 122 Dessa forma, o jazz-band se inseriu entre os músicos brasileiros, criando diálogo com muitos elementos musicais presentes nesse contexto, e isso é visível pelo repertório, que também era construído com base em ritmos tidos como brasileiros, e que estavam em voga naquele momento: o maxixe, o samba e a marcha. Além disso, as polcas, valsas, fox-trots e tangos também foram incorporados no repertório, abrangendo um público mais amplo. Também, as partituras, que funcionavam como um importante meio de circulação das músicas na década de 1920, permitiam interpretações próprias por parte dos músicos. No período entre 1921 e 1930, identificamos um crescimento da quantidade de eventos com jazz-bands anunciado nos jornais, com diferentes sentidos, públicos e objetivos, como vimos no capítulo 2. Para as jazz-bands, que são orquestras formadas por músicos profissionais, esse formato de evento com baile permite que tenham um espaço garantido de trabalho. Já que possuem um repertório extenso e variado, podem se apresentar nos mais diversos ambientes e salões, indo desde bailes da elite socioeconômica, aos cabarets e clubes dançantes de operários da cidade. O melhor exemplo fica com orquestra de A. Pinheiro Schubert, chefe da Orchestra Schubert ou Jazz Band Schubert, uma das jazz-bands que se destaca por sua intensa presença nos bailes das mais diversas associações recreativas do Rio de Janeiro. Citamos nesse trabalho algumas das associações que receberam essa orquestra em seus salões: Centro Cosmopolita, Associação de Trabalhadores da Indústria Mobiliária, Recreio dos Artistas, Commercial Club, Centro Maçônico, Atheneu Commercial e Ramos-Club. 123 Identificamos também que o Rio de Janeiro, como uma autêntica cidade cosmopolita, participava de um circuito internacional de orquestras. Pudemos evidenciar isso pela presença de orquestras em turnê e músicos de destaque no cenário musical da Capital Federal provindos de outros países. Como exemplo, encontramos no jornal O Paiz, do dia 26 de novembro de 1922, o anúncio de uma festa no Theatro Lyrico, realizada pelo tenor português Almeida Cruz. Essa festa contou com uma série de apresentações musicais, “no qual tomam parte, gentilmente, as Exmas. Sras. D. Margarida Simões, D. Leda Vieira e senhorita Paquita Loth; e o célebre excêntrico inglês Mr. Gus Brown; as orchestras typicas Argentina e Jazz Band Sul Americana, a Banda do Centro Musical da Colônia Portugueza e o Orpheon Portuguez”130. A jazz-band de Romeu Silva aparece nesse anúncio como uma “orchestra typica”, juntamente com uma orquestra argentina chamada “nuestro Berto” (?)131. Também se apresentaram o cantor argentino Alonsito, o ator inglês Gus Brown e o cantor português Almeida Cruz, organizador do evento transnacional. Após o seu sucesso no cenário musical do Rio de Janeiro, Romeu Silva e sua orquestra partiram para Paris, em 1926, fazendo parte da jazz-band que acompanhava Josephine Baker no Casino de Paris. Outro exemplo disso é a orquestra inglesa "Jazz Band de Gordon Stretton" (Gordon Stretton Jazz; Jazz Band Gordon Stretton), com anúncios datados entre agosto e novembro de 1923 no jornal O Paiz. Anunciada como uma jazz-band "norte- americana"132 que veio para o Brasil com a empresa francesa "Ba-Ta-Clan", estreou no 130 131 132 O Paiz, 22 de novembro de 1922, p. 8 Idem, p. 2. O nome da orquestra está com uma pequena rasura, por isto a interrogação. O Paiz, 4 de novembro e 1923, p. 10; Idem, 6 de novembro de 1923, p. 6; Idem, 8 de novembro de 1923, p. 6. 124 Teatro Lyrico naquele ano. Além do Lyrico, a orquestra também se apresentou em eventos no Palace Hotel (Hotel Copacabana Palace), no réveillon do Hotel Glória, e na sala de espera do Cinema Central, sempre anunciada como jazz-band do Ba-Ta-Clan. A partir de uma breve pesquisa em partituras na seção de música da Biblioteca Nacional, pudemos perceber ainda que o modelo das orquestras jazz-band possuía um impacto em diversos e múltiplos âmbitos do emergente mercado musical da Capital Federal. Ao pesquisar pelas coleções “Jazz-band Repertório” e “Club-Orchestra”, encontramos referência, nas listas no verso das partituras, de milhares de outras publicações para esse tipo de orquestra. Mais uma evidência indiscutível da contribuição dessa cultura moderna, comercial, cosmopolita e transnacional para a construção e divulgação do que hoje chamamos de “música popular brasileira”. 125 FONTES: PERIÓDICOS CONSULTADOS ENTRE 1920 E 1929 Para Todos (1927 – 1928) In: Fundação Casa Rui Barbosa Klaxon (1922) In: digitalizada pelo Projeto Brasiliana USP (http://www.brasiliana.usp.br/) Progresso, O Clarim da Alvorada, A Voz da Raça. In: Biblioteca Nacional, seção de periódicos: “Jornais da Raça Negra” Jornal do Brasil. In: Biblioteca Nacional, seção de periódicos Correio da Manhã. In: digitalizado na Hemeroteca digital brasileira (http://memoria.bn.br) O Paiz. In: digitalizado na Hemeroteca digital brasileira (http://memoria.bn.br) Gazeta de Notícias. 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In: digitalizado na Hemeroteca digital brasileira (http://memoria.bn.br) Revista da Música Popular Edição completa em fac-símile publicado pela Funarte em 2006 - Jornais operários digitalizados pelo AMORJ (Arquivo de Memória Operária do Rio de Janeiro): A Classe Operária - 1928 Voz Cosmopolita - Orgam dos empregados em hoteis, restaurantes, cafés, bars, e anexos. 1922-28 A Voz do Fundidor - Orgão do Syndicato dos Fundidores - 1926 CRUG - Comitê de Reorganizaçãoe Unificação dos Graphicos - 1926 Boletim do Centro dos Operários Marmoristas - 1925-26 126 A Tribuna - Vespertino Independente - 1926 A Verdade - Orgam defensor das classes do ramo alimenticio e do proletariado em geral 1923 A Vida - Orgão do Centro dos Operarios das Pedreiras - 1926 O Barbeiro - Orgão dos Officiaes de Barbeiro - 1926 O Sapateiro - Orgão dos Trabalhadores da Industria de Calçados e de Couros e Pelles – 1928 ACERVOS SONOROS DIGITAIS Acervo de Música do Instituto Moreira Salles (IMS) - http://acervo.ims.uol.com.br/ DICIONÁRIOS Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira http://www.dicionariompb.com.br/ MARCONDES, Marcos Antônio. 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Anais do V ENABET – Belém. p. 223. 2011 131 Variações da tabela desenvolvida a partir do acervo digital do Instituto Moreira Salles 1. Gêneros musicais 1.1 Samba Data de gravação 1930 Indefinida 1921-1926 dez/1925-jul/1927 1921-1926 dez/1925-jul/1927 dez / 1925 1921-1926 1921-1926 1921-1926 dez/1925-jul/1927 1930 dez/1925-jul/1927 1921-1926 dez/1925-dez/1927 1921-1926 1921-1926 1930 dez/1925-jul/1927 dez/1925-jul/1927 dez/1925-jul/1927 1921-1926 1925-1929 dez/1925-jul/1927 dez/1925-jul/1927 1921-1926 1925-1927 dez/1925-jul/1927 dez/1925-jul/1927 1921-1926 dez / 1925 dez/1925-jul/1927 1930 dez/1925-jul/1927 dez/1925-jul/1927 dez/1925-jul/1927 dez/1925-jul/1927 dez/1925-jul/1927 dez / 1925 dez/1925-jul/1927 1925-1929 1921-1926 Indefinida 1921-1926 Título da Música A mulher e a falsidade A mulher é sempre boa A-e-i-o-u Ai noêmia Amor com amor se paga Amor ingênuo Balacouchê Baú Caboclo arreliado Cartolinha Chora, baiana! Como és bela! Copacabana Corta saia Ela disse uma vez prá mim Está na hora Gente garganta Gosto de machucar Mão na roda Maricota de tamancos Morro da mangueira Mulata sai do portão O cavanhaque do bode O que é nosso O sarambá Olá! Olha a baiana Papagaio Papagaio no poleiro Pra que você tem Preto não é bom Quem fala de mim tem paixão Reminiscências do passado Rosa, meu bem Rosinha Roupa suja Roupa suja Samba da madrugada Sou feliz Tem boi na linha Todas iguais Triste sina Viva a penha Vou morrer no estácio Gênero musical Samba Samba Samba Samba Samba Samba paulista Samba Samba Samba Samba a la garçonne Samba Samba Samba carnavalesco Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba canção Samba Samba carnavalesco Samba Samba Samba Samba carnavalesco Samba Samba Samba Samba Samba Compositor Francisco Neto Francisco Neto Quinote Francisco A. Da Rocha J. Machado Constantino Pinheiro Américo F. Guimarães Mario Silva Hugo Leal Raul Silva Bequinho Antonio Peixoto Velho Francisco A. Da Rocha Sinhô Careca Caninha Américo Paes Leme Negro João da Gente Tuiu Manoel Dias Careca Nabor Pires de Camargo Caninha Julio Cristobal João da Gente Bequinho João da Gente Sinhô José Francisco de Freitas, Orlando Vieira Augusto Vasseur, Chocolate (?) Sinhô Sinhô J. Thomaz Caninha Francisco A. Da Rocha Francisco A. Da Rocha Salvador Correira A . Sardinha A . Jesus Roberto Splendore Francisco A. Da Rocha Sinhô Caninha Intérprete / Cantor Jazz Band Columbia Jazz Band Columbia Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Pedro Celestino Fernando Artur Castro American Jazz Band de Sílvio de Souza Fernando Fernando Fernando Fernando Januário de Oliveira Artur Castro Fernando Fernando Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Fernando Januário de Oliveira Fernando Artur Castro Pedro Celestino Fernando Artur Castro Franscisco Alves Pedro Celestino, Artur Castro Fernando American Jazz Band de Sílvio de Souza Fernando Artur Castro Fernando Fernando Pedro Celestino Ildefonso Norát Fernando Artur Castro American Jazz Band de Sílvio de Souza Pedro Celestino, Artur Castro Franscisco Alves Fernando Fernando Artur Castro Fernando Januário de Oliveira Fernando Acompanhante American Jazz Band de Sílvio de Souza Jazz Band Sul Americano Romeu Silva American Jazz Band de Sílvio de Souza Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Columbia Orquestra Jazz Band Pan American do Cassino de Copacabana Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Columbia Jazz Band Sul Americano Romeu Silva American Jazz Band de Sílvio de Souza American Jazz Band de Sílvio de Souza Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Brazilian Jazz Band Orquestra Jazz Band Pan American do Cassino de Copacabana American Jazz Band de Sílvio de Souza Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Sul Americano Romeu Silva American Jazz Band de Sílvio de Souza Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Sul Americano Romeu Silva American Jazz Band de Sílvio de Souza Jazz Band Columbia Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Orquestra Jazz Band Pan American do Cassino de Copacabana American Jazz Band de Sílvio de Souza Orquestra Jazz Band Pan American do Cassino de Copacabana Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Brazilian Jazz Band Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Columbia Jazz Band Sul Americano Romeu Silva 1921-1926 Jun/1929-Ago/1929 Abr/1929-Jun/1929 1929 Ago/1929-Jan/1930 Set/1928-Dez/1928 1929 1929 1925-1927 1929 1930 1929 Junho/1929-Agosto/1929 Set/1928-Dez/1928 1929 Outubro/1928-Março/1929 1930 Out/1928-Dez/1928 1929 1929 out/1929-jan/1930 nov/1929-jan/1930 26/06/29 1928 1928 1930 1929 1928 1928 1929 1929 1929 1928 Ago/1929-Jun/1930 1929 1928 1927-1928 1929 1929 1929 1930 1928 nov/1929-fev/1930 1927-1928 1929 nov/1929-fev/1930 1929 27/02/29 1929 1929 Zorô A medida do senhor do bonfim A polícia já foi A polícia já foi lá em casa Acho melhor Ai meu bem Amanhã tem mais Amizade Braço de cêra Cansei Capricho de mulher Carga de burro Chrispim Coisas de mulher Coração volúvel Dando o valor (samba do afeto) Diga Dorinha!... meu amor É sim senhor É tão bonitinha És ingrata... mulher Essa nega é da bahia Eu ouço falar Eu quero é nota Eu vou te abandonar Falsa mulher Felicidade Festa de branco Galo velho Golpe errado Iaiá (linda flor) Jura Jura Juramento Malandro Margot Me faz carinhos Meu amor vou te deixar Morena adivinha que eu gosto de ti Mulher venenosa Não dou confiança ao azar Não faço fé contigo Não fui eu Não quero saber mai dela Não sou baú Não te dou perdão Novo amor O destino é deus que dá Olha o boi Olhos negros Samba carnavalesco Samba Samba canção Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba de fato Samba Samba apaixonado Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba canção Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Vantuil Carvalho Sinhô Julio Cristobal, Olegári Mariano Julio Cristobal, Olegári Mariano Sátiro de Almeida Nicanor Silva, Bilito Mário Duprat Fiuza Ary Barroso Nestor Brandão Sinhô José Francisco de Freitas Sinhô Mark Hermanns Tuyhu Brancura Augusto Vasseur Lamartine Babo, Gonçalves de Oliveira José Francisco de Freitas Eduardo Souto Henrique Vogeler Lolo Uerba Sátiro de Melo Sinhô Artur Faria Carlos de Almeida Ridam, Roldão G. Vieira Raul Roulien Pixinguinha Luiz Magno Francisco Alves Henrique Vogeler Sinhô Sinhô Ary Barroso, Luiz Peixoto, Marques Porto Francisco Alves, Freire Junior Alfredo Dermeval Francisco Alves, Ismael Silva Orlando Vieira Henrique Vogeler, Joracy Camargo Brancura Cícero de Almeida Tuyhu Caninha Sinhô Sinhô Ismael Silva Ismael Silva Nilton Bastos Orlando Vieira I. Kolman Fernando Mário Reis Araci Cortes Araci Cortes Francisco Alves João Regente Orquestra Pan American Francisco Alves Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Mário Reis Mário Reis Mário Reis Raul Roulien João Regente Francisco Alves Francisco Alves Zaíra Cavalcanti Mário Reis Francisco Alves Mário Reis Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Raul Roulien Francisco Alves Orquestra Pan American Francisco Alves Orquestra Pan American Orquestra Pan American Mário Reis Araci Cortes Francisco Alves Mário Reis Francisco Alves Mário Reis Francisco Alves Francisco Alves Mário Reis Francisco Alves Jonjoca Francisco Alves, Rosa Negra Francisco Alves Jonjoca Mário Reis Mário Reis Francisco Alves Francisco Alves Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American, Simon Bountman Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American, Simon Bountman Orquestra Pan American, Simon Bountman Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American, Simon Bountman Orquestra Pan American Orquestra Pan American, Simon Bountman Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American, Simon Bountman Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American dez/1925-jan/1927 1928 1930 1930 26/06/29 Indefinida 1929 ago/1929-out/1929 Indefinida 1930 jun/1928-set/1928 1928 Set/1928-Dez/1928 Indefinida 1929 1929 Ago/1929-Jun/1930 1929 1928 1929 Indefinida Out/1928-Dez/1928 1929 1929 1929 1929 1929 nov/1929-fev/1930 1928 1928-1932 1930 1929-1930 1921-1926 1928 1929 1921-1926 Ora vejam só Ora vejam só Outro amor Palhaço Para mim perdeste o valor Passarinho do má Perdão Por que foi? Puxa, puxa Quando a mulher não quer Que vale a nota sem o carinho da mulher? Quem eu deixar não quero mais Quem me dera morena Quem não chora não mama Quem quiser ver Quindins de iaiá Samba de são benedito Segura o boi Só no Brasil Sorriso falso Tentação Thereza! Torna a vortá Tu qué tomá meu home Vadiagem Vai mesmo Vamos deixar de intimidade Vem cá, neném! Vou à penha Vou me vingar Vou morar na roça Zomba Espanta o bode Água de côco Linda flor As meninas de hoje Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba canção Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba Samba carnavalesco Samba Samba Samba Samba Samba carnavalesco Samba Samba canção Samba Sinhô Sinhô Ary Barroso, C. F. Machado Bussi, Nelson Francisco Alves Duque Francisco Alves Pedro de Sá Pereira, Luiz Iglésias Henrique Vogeler Caninha, José Luiz de Morais Sinhô João de Oliveira Edmundo Henriques Gaudio Viotti Eduardo Souto Pedro de Sá Pereira, C. M. Bittencourt Ary Barroso, Luiz Peixoto, Marques Porto Sinhô Lúcio Chameck Cícero de Almeida D. Guimarães Freire Junior J. Bulhões Ary Barroso, Olegário Mariano Francisco Alves Heitor dos Prazeres Ary Barroso Bento Mossurunga, Menezes de Cardoso Ary Barroso Caninha Orlando Vieira Francisco Alves Eduardo Souto Pedro de Sá Pereira Henrique Vogeler, Candido Costa Careca Francisco Alves Francisco Alves Mário Reis Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Mário Reis Margarida Max Francisco Alves Francisco Alves Vicente Celestino Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Araci Cortes Araci Cortes Araci Cortes Francisco Alves Orquestra Pan American Mário Reis Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Araci Cortes Mário Reis Mário Reis Mário Reis Francisco Alves Mário Reis Mário Reis Mário Reis Araci Cortes Orquestra Eduardo Souto Francisco Alves Vicente Celestino Orquestra Augusto Lima Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American, Simon Bountman Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists 1.2 Maxixe Data de gravação Indefinida 1921-1926 1925-1929 1921-1926 dez / 1925 1921-1926 1921-1926 1921-1926 dez/1925-jul/1927 1921-1926 1930 1921-1926 1921-1926 dez/1925-jul/1927 1925-1926 1921-1926 1921-1926 1925-1927 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 dez/1925-jul/1927 1930 1921-1926 1921-1926 Indefinida 1925-1929 1925-1929 Indefinida 1921-1926 1925-1927 1925-1929 Indefinida dez/1925-jul/1927 dez/1925-jul/1927 1921-1926 dez / 1925 1921-1926 dez/1925-jul/1927 1921-1926 Indefinida 1925-1929 dez/1925-jul/1927 1921-1926 Indefinida dez/1925-jul/1927 1928 dez/1925-jul/1927 dez/1925-jan/1927 1928 fev/1929-jun/1929 1927 1927 1929 1928 Indefinida 1925-1927 1927 1928 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 Título da Música A luz da lua Amor sem dinheiro Amorzinho meu Até de baixo d'água Baiana, olha prá mim Baiana, olha prá mim Boca pintada Cabeça de ás Café com leite Café com leite Clube atlético santista Coisas da moda Coração que bate, bate Cristo nasceu na bahia Cristo nasceu na bahia De cartola e bengalinha De cartola e bengalinha Desordeiro Dor de cabeça Dor de cabeça Entre no cordão Escorregando Eu fui viajar Eu vou chorar Fubá Fubá La chicharra Mamãe me leva! Meu bem me leva Mulata mia Na bahia Não chora neném Não é só na bahia Não te quero mais Papagaio no poleiro Pé de cabra Roupa na corda Salomé, meu bem Sandália de couro Se a moda pega!... Suspira, nega, suspira Tem papagaio no poleiro Vamos ver o que deu Vê se pode ser Vem, meu benzinho Viva a penha Viva a penha Boêmia Botofogo Cassino maxixe Côr de canella Fumaça branca Magnífico Mexe baiana Odeon Pião Piscando o olho Procura outro homem Proeminente Samba de verdade Meu bem Não sei o que é Tatu subiu no pau Arlequim O protocolo Gênero musical Maxixe Maxixe Maxixe carnavalesco Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe choro Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe Maxixe carnavalesco Maxixe carnavalesco Maxixe Maxixe Maxixe Compositor não identificado Sinhô Roque Vieira Menezes de Cardoso J. Fonseca Costa J. Fonseca Costa Joubert de Carvalho Sinhô Freire Junior Freire Junior Zico Magalhães Romeu Silva Freire Junior Sebastião Cirino & Duque Sebastião Cirino Freire Junior Freire Junior Freire Junior Sinhô Sinhô Pedro de Sá Pereira Ernesto Nazareth Sebastião Cirino Américo de Carvalho Romeu Silva Romeu Silva não identificado Nabor Pires de Camargo João de Barro Ramon Collazo Caninha José Francisco de Freitas Sebastião Santos Neves Ernesto dos Santos (Donga) Sinhô Júlio Casado Romeu Silva José Francisco de Freitas Pedro de Sá Pereira, Ari Pavão, Marques Porto Caninha Pedro de Sá Pereira Sinhô Roberto Splendore Eduardo Souto Joubert de Carvalho Sinhô Sinhô Ernesto Nazareth J. Fonseca Costa Sinhô Lúcio Chameck Mark Hermanns Ernesto Nazareth José Francisco de Freitas Mário Duprat Fiuza Marcelo Tupinambá A. Prazeres Carlos de Almeida Ernesto Nazareth Francisco Alves Eduardo Souto Eduardo Souto Eduardo Souto B. Silvestre B. Silvestre Intérprete / Cantor Carabelli Jazz Band Fernando Jazz Band Imperador Fernando American Jazz Band de Sílvio de Souza Fernando Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Fernando Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Fernando Jazz Band Columbia Fernando Fernando Artur Castro American Jazz Band de Sílvio de Souza Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Fernando American Jazz Band de Sílvio de Souza Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Fernando Fernando Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Artur Castro Jazz Band Columbia Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Fernando Carabelli Jazz Band Artur Castro Jazz Band Imperador Eleutério Yribarren Jazz Band Fernando American Jazz Band de Sílvio de Souza Artur Castro Carabelli Jazz Band American Jazz Band de Sílvio de Souza American Jazz Band de Sílvio de Souza Fernando American Jazz Band de Sílvio de Souza Fernando Fernando Fernando Carabelli Jazz Band Artur Castro Artur Castro Fernando Carabelli Jazz Band American Jazz Band de Sílvio de Souza Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Francisco Alves Orquestra Pan American Francisco Alves Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Francisco Alves Francisco Alves Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Eduardo Souto Grupo Eduardo Souto Orquestra Eduardo Souto Grupo Campista Grupo Campista Acompanhante Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Sul Americano Romeu Silva American Jazz Band de Sílvio de Souza Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Orquestra Jazz Band Pan American do Cassino de Copacabana Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Brazilian Jazz Band Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Brazilian Jazz Band Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Brazilian Jazz Band American Jazz Band de Sílvio de Souza Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana 1.3 Gêneros estadunidenses Data de gravação 1927-1929 1921-1926 Indefinida 1921-1926 dez/1925-jul/1927 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 dez/1925-jul/1927 1921-1926 Indefinida dez / 1925 1925-1927 1921-1926 1927-1929 1921-1926 1927-1929 1927-1929 1921-1926 1925 1923 1929 1925-1927 1930 Indefinida 1929 dez/1925-jul/1927 1928 1930 Indefinida 1930 Indefinida 1929 out/1928-jan/1929 1930 jun/1929-jul/1929 1928 mar/1928-jun/1928 Indefinida dez/1925-jul/1927 1927 1929 1928 1930 Fevereiro/1930-Maio/1930 1925-1927 Indefinida 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1928 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 Título da Música Gênero musical Compositor Ah! madame One step não identificado Alabama Foxtrot não identificado Bajo las estrellas Shimmy Adolfo Carabelli Cabeleira a la garçone Foxtrot Américo Guimarães & Pedro de Sá Pereira Carinha de bebê (Baby face) Foxtrot Harry Akst & Benny Davis C'est la mode Ragtime não identificado Chá pra dois (Tea for two) Foxtrot Vicent Youmans Espera um pouco Foxtrot não identificado Eu quero ser feliz (I want to be happy) Foxtrot Vicent Youmans Fleur d'amor Foxtrot José Padilha Home agem (again) blues Foxtrot Harry Akst & Irving Berlin Ke he b'saus quoi Shimmy R. Mercier Leopoldo froes Foxtrot Freire Junior Leopoldo froes Foxtrot Freire Junior Me neenyah (My Little One) Foxtrot Herbert Spencer Meu bebezinho se chama bebê Foxtrot não identificado Palhaço Foxtrot Marcelo Tupinambá Quando vir a minha tia Shimmy não identificado Te quero Foxtrot não identificado Titina (Titine) Foxtrot Leo Daniderff Ukelele baby Foxtrot Jack Meskill Yes! we have no bananas Shimmy Frank Sliver, Irving Cohn Alegria Foxtrot Romeo Ghipsman Bacarolla Foxtrot Alexander Hyde Charming Foxtrot Stothart Craddle of love Foxtrot Mabel Wayne Dôr de recordar Foxtrot Joubert de Carvalho, Olegário Mariano Eterno enlevo Foxtrot Zequinha de Abreu Foi um sonho Charleston I. Kolman If you believed in me Foxtrot Baer, L. W. Gilbert I'm in seventh heaven Foxtrot Brown, Henderson, Jolson, Sylva I'm on a diet of love Foxtrot Baer, Gilbert, Wolff Loiras e morenas Foxtrot Joubert de Carvalho, Olegário Mariano Mamãe viu Foxtrot Raul Roulien Miss st. Paul Foxtrot Mark Hermanns Mona Foxtrot Conrad, Gottler, Mitchel My mother's eyes (os olhos de mamãe) Fox canção Aratimbó, Baer O bobalhão Charleston Sinhô Oh! colette Foxtrot não identificado Paquita One step Giovani Castorina Perdão Foxtrot Roger Birge Pérola do Japão Foxtrot J. Fonseca Costa Pierrot 1950 Foxtrot Raul Roulien Que pequena levada Charleston José Francisco de Freitas, Lamartine Babo Red hot & blue rhythm Foxtrot Osvaldo Santiago, Cots, Davis, Swanstron Saudade má Foxtrot Mark Hermanns Somebody is lonely Foxtrot Denny Davis Why can't you? Foxtrot Brown, Henderson, Jolson, Sylva O carnaval Foxtrot Eduardo Souto Sul-americano One step Eduardo Souto Mimosa Foxtrot Leopoldo Froes O cigano Foxtrot Marcelo Tupinambá Apaches Foxtrot não identificado Au revoir Foxtrot Vantuil Carvalho Caminho dos namorados Foxtrot não identificado J'aime Foxtrot não identificado Intérprete / Cantor Jazz Band Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Carabelli Jazz Band Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Oscar Pereira Gomes Jazz Band do Batalhão Naval Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band do Batalhão Naval Eleutério Yribarren Jazz Band Jazz Band Kosarim Jazz Band Kosarim Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Fernando Jazz Band Jazz Band Fernando Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Eleutério Yribarren Jazz Band Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American Francisco Alves Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Francisco Alves Orquestra Pan American Francisco Alves Orquestra Pan American Orquestra Pan American Raul Roulien Raul Roulien Orquestra Pan American Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Oscar Pereira Gomes Orquestra Pan American Orquestra Pan American Francisco Alves, Rosa Negra Orquestra Pan American Raul Roulien Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Francisco Alves Grupo Eduardo Souto Grupo Campista Grupo Campista Vicente Celestino Orquestra Augusto Lima Orquestra Augusto Lima Orquestra Augusto Lima Orquestra Augusto Lima Acompanhante Orquestra Jazz Band Pan American do Cassino de Copacabana Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American, Simon Bountman Orquestra Pan American Orquestra Rio Artists 1.4 Marcha Data de gravação 1921-1926 1925-1929 1921-1926 1930 dez/1925-jul/1927 1921-1926 1930 1930 dez / 1925 1930 dez / 1925 1921-1926 1921-1926 1930 16/03/28 1930 1925-1927 dez/1925-jul/1927 1921-1926 1925-1927 1927 1928 nov/1929-jan/1930 nov/1929-jan/1930 1929 Indefinida 1930 1929 1928 1929 1928 1930 1930 1928 nov/1929-jan/1930 1930 1929 1929 1929 1929 1928 1925-1926 Indefinida 1929 Indefinida 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 Título da Música O rosa Ai! margarida! ai! margarida! Eu vi lili... Legião revolucionária Mamãe, eu vou com ele Maria Miss fortaleza Missanga Momo Nova era Oh! serafina Os passarinho (da carioca) Pinta, pinta, melindrosa Salve-se quem puder Saudades e saudades Sou da fandanga Valência Zizinha Zizinha Ai! seu mé! Albertina Coisinhas Dá nela! Digo já Diz o que tem Dois amores é mentira Dona Alice É sopa (17 a 3) Eu fui no mato crioula Eu não sou bicho Ipanema Marcha dos granadeiros Melindrosa futurista Meu suquinho No reinado da alegria Olha a pomba Olha a pomba Rio chic Seu doutor Seu julinho vem Seu voronoff Sevilla Tereza Vem, colombina Zum, zum, zum, meu violão Deu o for a Eu só quero ver Goiabada Monta no trouxa Só teu amor Tatu subiu no pau Ai, seu mé! Gênero musical Marcha Marcha carnavalesca Marcha canção Marcha patriótica Marcha carnavalesca Marcha carnavalesca Marcha Marcha Marcha carnavalesca Marcha Marcha Marcha carnavalesca Marcha carnavalesca Marcha Marcha Marcha Marcha Marcha da folia Marcha da folia Marcha Marcha Marcha Marcha carnavalesca Marcha carnavalesca Marcha Marcha carnavalesca Marcha Marcha Marcha Marcha Marcha Marcha Marcha Marcha Marcha Marcha Marcha Marcha Marcha Marcha Marcha Marcha Marcha carnavalesca Marcha Marcha carnavalesca Marcha carnavalesca Marcha carnavalesca Marcha carnavalesca Marcha carnavalesca Marcha Marcha Marcha Compositor Sinhô Canhoto José Francisco de Freitas José Niccolini, Mira Canhoto Tuiu Mozart Ribeiro, Perre Luz Sinhô Eduardo Souto José Niccolini Careca Careca Freire Junior Sinhô Ernesto Nazareth Sinhô José Padilha José Francisco de Freitas José Francisco de Freitas Careca, Freire Junior Duque Eduardo Souto Ary Barroso Eduardo Souto, Osvaldo Santiago Careca J. Fonseca Costa Ary Barroso, Luiz Peixoto, Marques Porto Eduardo Souto J. Junior Gobes Freire Junior Ernesto Nazareth Aratimbó, Victor Schetzinger Clóvis Roque da Cruz José Francisco de Freitas, Lamartine Babo Eduardo Souto, Osvaldo Santiago Vantuil Carvalho Vantuil Carvalho A. R. De Jesus Eduardo Souto Freire Junior João Rossi, Lamartine Babo Corder Freire Junior Ari Kerner J. Mendes Pereira, João Rossi Freire Junior Freire Junior Eduardo Souto Eduardo Souto Eduardo Souto Eduardo Souto Careca, Freire Junior Intérprete / Cantor Pedro Celestino Artur Castro Pedro Celestino Paraguassú Frederico Rocha Fernando Jazz Band Columbia Jazz Band Columbia Fernando Jazz Band Columbia Fernando Fernando Fernando Jazz Band Columbia Jazz Band Sinfônica Pan Americana Jazz Band Columbia Jazz Band Kosarim American Jazz Band de Sílvio de Souza Fernando Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Palitos Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Orquestra Pan American Lucy Pires Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Margarida Max Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Orquestra Pan American Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Orquestra Eduardo Souto Orquestra Eduardo Souto Orquestra Eduardo Souto Orquestra Eduardo Souto Orquestra Eduardo Souto Orquestra Eduardo Souto Orquestra Augusto Lima Acompanhante American Jazz Band de Sílvio de Souza Brazilian Jazz Band Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Columbia Orquestra Jazz Band Pan American do Cassino de Copacabana Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American, Simon Bountman Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American, Simon Bountman Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American, Simon Bountman Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American 1.5 Canção e cançoneta Data de gravação 1921-1926 1921-1926 1928-1932 1921-1926 dez/1925-jul/1927 out / 1929 1929 1930 fev/1930-jun/1930 dez/1925-jul/1927 Ago/1929-Jan/1930 dez/1925-jul/1927 Jun/1929-Ago/1929 1929 29/08/29 1929 1928 Indefinida 1928 1928 Indefinida Indefinida 1928 1928 1928 Título da Música A casinha Dá-me um beijo La paloma Petropolitana Primavera A voz do vilolão A voz do vilolão Canção dos infelizes Canção dos ingleses Noites de luar Quem vê cara não vê o resto Triste violeiro Vamos juntar os trapinhos? A voz do violão Amazonas Caboquinha Cantigas Chic-chic Eterna Eu tenho adoração pelos meus olhos Feitiço não mata Infantil Não vai chorar Santa Súplica Gênero musical Canção Canção Canção Canção Canção brasileira Canção brasileira Canção Canção Canção Canção Cançoneta choro Canção típica Canção Canção Canção brasileira Canção Canção Cançoneta Canção Canção Cançoneta Canção brasileira Cançoneta Canção Canção Compositor não identificado não identificado Sebastian Yradier não identificado Zeca Ivo Francisco Alves Francisco Alves, Horácio Campos Donga, Luiz Peixoto, Marques Porto Donga, Luiz Peixoto, Marques Porto Limas, Rossi Ari Kerner Zeca Ivo Pedro de Sá Pereira Francisco Alves, Horácio Campos Henrique Vogeler, J. Menra, Lamartine Babo Joubert de Carvalho Eduardo Souto Batista Júnior Eduardo Souto Marcelo Tupinambá, Cleomanes Campos Ernesto Nazareth Marcelo Tupinambá, Olegário Mariano Batista Júnior Freire Junior Marcelo Tupinambá, Belmiro Braga Intérprete / Cantor Araci Cortes Fernando Odete Pires Araci Cortes Zeca Ivo Franscisco Alves Franscisco Alves Zaíra Cavalcanti Zaíra Cavalcanti Oscar Pereira Gomes Alfredo Albuquerque Zeca Ivo Araci Cortes Francisco Alves Zulmira Miranda Gastão Formenti Gastão Formenti Batista Junior Francisco Alves Leontina Campos Orquestra Rio Artists Leontina Campos Batista Junior Vicente Celestino Leontina Campos Acompanhante Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz da Banda Musical Giuseppe / Umberto Bastíglia Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Orquestra Jazz Band Pan American do Cassino de Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American, Orquestra Rio Artists Orquestra Pan American, Simon Bountman Orquestra Pan American, Simon Bountman Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American, Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists 1.6 Cateretê Data de gravação 1925-1927 1929 1928 dez/1925-jul/1927 1929-1930 1921-1926 1921-1926 29/08/29 Indefinida Título da Música Aruá Casinha de sapê Catêretê dos almofadinhas Cunhaçam Toma cuidado Piracicaba Viradinho Terra fluminense Já sei porque é... Gênero musical Cateretê Cateretê Cateretê Cateretê sertanejo Cateretê Cateretê Cateretê Cateretê Zabumba cateretê Compositor José Gama Sinhô P. L. Hallier Sebastião Santos Neves João Felispe da Costa ? Eduardo Souto Eduardo Souto Henrique Vogeler, J. Menra, Lamartine Babo Eduardo Souto Intérprete / Cantor Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Gusmão Lobo Orquestra Eduardo Souto Orquestra Eduardo Souto Zulmira Miranda Francisco Alves Acompanhante Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American, Simon Bountman Orquestra Rio Artists Orquestra Pan American do Cassino Copacabana 1.7 Tango Data de gravação dez/1925-jul/1927 dez / 1925 1921-1926 1921-1926 dez/1925-jul/1927 dez/1925-jul/1927 dez/1925-jul/1927 1925-1927 1921-1926 1928 1928 Jun/1929-Ago/1929 1929 Indefinida 1921-1926 Título da Música Gênero musical El 11 (o onze) Tango argentino Inesquecível mágoa Tango Oração Tango canção Ruínas de um sonho Tango canção Tango da morte Tango canção Agonia Tango Beijos venenosos Tango El tango rojo Tango Do sorriso das flores nasceram as mulheres Tango de salão Adios mis farras Tango Adios mis farras Tango Ave noturna Tango Chiquita Tango Plangente Tango A razão do meu pranto Tango Compositor F. Rezedo Belmacio Pousa Godinho Osvaldo Cardoso de Menezes Pedro de Sá Pereira Alberto Norion Joubert de Carvalho J. Aimbere José Padilha Eduardo Souto Raul Roulien Raul Roulien Raul Roulien Raul Roulien Ernesto Nazareth Antônio Cerqueira Intérprete / Cantor Jazz Band Sul Americano Romeu Silva American Jazz Band de Sílvio de Souza Fernando Fernando Oscar Pereira Gomes Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Grupo Campista Francisco Alves Orquestra Rio Artists Raul Roulien Raul Roulien Orquestra Rio Artists Orquestra Augusto Lima Acompanhante Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Orquestra Jazz Band Pan American do Cassino de Copacabana Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists 1.8 Valsa Data de gravação Título da Música dez/1925-jul/1927 Ilusão que morre 1928 Turbilhão de beijos dez/1925-jul/1927 Ave Maria 1929 Christina dez/1925-jul/1927 Idílio suave 08/05/29 Marion 1928 Minha vida pela sua 1930 Noêmia 1929 Nunca jun/1929-jul/1929 Pagan love song (canção de amor) dez/1925-jul/1927 Revivendo o passado dez/1925-jul/1927 Salve a rainha fev/1929-mai/1929 Te fuistes Fevereiro/1930-Maio/1930 Tua 1930 You'll find the answer in my eyes 1921-1926 Laurita pessoa 1928 Eu vivo assim Indefinida Hula 1928 Primorosa 1928 Ramona Gênero musical Valsa Valsa Valsa Valsa Valsa lenta Valsa Valsa Valsa Valsa Valsa Valsa lenta Valsa lenta Valsa Valsa Valsa Valsa Valsa Valsa Valsa Valsa Compositor Belmacio Pousa Godinho Ernesto Nazareth Erotides de Campos, JonasNeves Conrad, Gottler, Mitchel Zequinha de Abreu Erno Rapee Marcelo Tupinambá Adelgico Correa Raul Roulien, Mark Hermanns Nacio Herb Brown Francisco Leo José Francisco de Freitas Mark Hermanns Raul Roulien Brown, De Silva, Henderson não identificado Eduardo Souto Joubert de Carvalho, Olegário Mariano Ernesto Nazareth Mabel Wayne, Olegário Mariano Intérprete / Cantor American Jazz Band de Sílvio de Souza Jazz Band Sinfônica Pan Americana Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Francisco Alves Orquestra Pan American Orquestra Pan American Raul Roulien Francisco Alves Pedro Celestino Pedro Celestino Raul Roulien Raul Roulien Orquestra Pan American, Simon Bountman Grupo Campista Francisco Alves Oscar Gonçalves Francisco Alves Gastão Formenti Acompanhante Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American, Simon Bountman Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists 1.9 Choro Data de gravação 1930 1925-1926 1930 1928 1921-1926 1929 1929 1930 Título da Música Benzinho Pé de cabra Peri Sutil Urubu no jazz band Camafeu Desprezado Sorrindo e chorando Gênero musical Choro Choro Choro Choro Choro batuque Choro Choro Choro Compositor Sinhô Júlio Casado Jonas Aragão Ernesto Nazareth Ernesto Pimentel J. Rondon Pixinguinha Júlio Casado Intérprete / Cantor Jazz Band Columbia American Jazz Band de Sílvio de Souza Napoleão Tavares (Trompetista) Jazz Band Sinfônica Pan Americana Grupo do Pimentel Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Acompanhante Jazz Band Columbia 1.10 Gêneros com menos de 5 registros Data de gravação Título da Música 1928-1932 Alma andaluza dez/1925-jul/1927 Benzinho adeus 1921-1926 Chuá, Chuá 1925-1929 Hino do sol 1928 Hino nacional brasileiro 1930 Hino social do clube atlético santista 1921-1926 La-monteria (Zarzuela en dos actos) 1921-1926 Morena do sertão 1921-1926 Mulata clara dez / 1925 O violeiro dez / 1925 Valência 1930 A warbling booklet 1930 Cena caipira Fevereiro/1930-Maio/1930 Dá-se um jeitinho 1930 Hino republicano riograndense fev/1929-mai/1929 Joãozinho 1929-1930 Orobó 1927 Paulicéia como és formosa fev/1929-mai/1929 Rapisódia brasileira (1ª parte) fev/1929-mai/1929 Rapisódia brasileira (2ª parte) jun/1928-set/1928 Rayon d'or dez/1925-jul/1927 Sevilla 29/08/29 A defesa das sogras 1930 Frumiga Vremêia 20/08/29 Oh! as crianças... 1928 Olhos de cabocla Gênero musical Paso doble Modinha Modinha Hino Hino Hino não identificado Modinha brasileira Toada sertaneja Cantiga sertaneja Step espanhol Balada Toada Brasilidade Hino Berceuse Macumba Tarantela não identificado não identificado Polca tango One step espanhol Descrição cômica Toada Descrição cômica Toada Compositor Intérprete / Cantor não identificado Umberto Bastíglia Zequinha de Abreu Artur Castro Pedro de Sá Pereira Fernando Sebastião Santos Neves Jazz Band Imperador Francisco Manuel da Silva Jazz Band Sinfônica Pan Americana Carlos Sotomayor, Fabio Montenegro, Furtado de Paraguassú Oliveira Jacinto Guerrero Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Freire Junior Pedro Celestino Marcelo Tupinambá Fernando Eduardo Souto Fernando José Padilha Jazz Band Kosarim Harry Parsons Orquestra Pan American Eduardo Souto, Osvaldo Santiago Gastão Formenti, Luci Campos Joubert de Carvalho Gastão Formenti Joaquim Inácio Mendanha Orquestra Pan American Raul Roulien Raul Roulien Cícero de Almeida Gusmão Lobo Ernesto Nazareth Orquestra Pan American Mark Hermanns Orquestra Pan American Mark Hermanns Orquestra Pan American Ernesto Nazareth Orquestra Pan American Corder Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Alfredo Albuquerque Alfredo Albuquerque Eduardo Souto Gastão Formenti, Luci Campos Alfredo Albuquerque Alfredo Albuquerque Eduardo Souto Gastão Formenti Acompanhante Jazz da Banda Musical Giuseppe Orquestra Jazz Band Pan American do Cassino de Copacabana Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Columbia Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Orquestra Pan American, Simon Bountman Orquestra Pan American, Simon Bountman Orquestra Pan American Orquestra Pan American, Simon Bountman Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists 2. Jazz-bands 2.1 Orquestra Pan American Data de gravação 1930 dez/1925-jul/1927 1925-1927 1929 1929 1925-1927 dez/1925-jul/1927 1925-1927 dez/1925-jul/1927 1928 dez/1925-jul/1927 1925-1927 1929 1930 1929 1928 Indefinida 1929 1925-1927 dez/1925-jul/1927 1928 1930 1929 dez/1925-jul/1927 1930 1930 1928 1929 Indefinida 1927 1927 1928 1930 1930 1929 Indefinida 1927 1927 1929 1925-1927 1927 fev/1929-mai/1929 fev/1929-mai/1929 jun/1928-set/1928 1930 1928 dez/1925-jul/1927 1925-1926 1928 Título da Música A warbling booklet Agonia Ai! seu mé! Alegria Amanhã tem mais Aruá Ave Maria Bacarolla Beijos venenosos Boêmia Botofogo Braço de cêra Camafeu Charming Christina Côr de canella Craddle of love Desprezado El tango rojo Eterno enlevo Galo velho Hino republicano riograndense Iaiá (linda flor) Idílio suave If you believed in me I'm on a diet of love Ipanema Jura Loiras e morenas Magnífico Mexe baiana Minha vida pela sua Mona Noêmia Odeon Paquita Paulicéia como és formosa Pérola do Japão Pierrot 1950 Procura outro homem Proeminente Rapisódia brasileira (1ª parte) Rapisódia brasileira (2ª parte) Rayon d'or Red hot & blue rhythm Samba de verdade Sevilla Sevilla Só no Brasil Gênero musical Balada Tango Marcha Foxtrot Samba Cateretê Valsa Foxtrot Tango Maxixe Maxixe Samba Choro Foxtrot Valsa Maxixe Foxtrot Choro Tango Foxtrot Samba Hino Samba canção Valsa lenta Foxtrot Foxtrot Marcha Samba Foxtrot Maxixe Maxixe Valsa Foxtrot Valsa Maxixe One step Tarantela Foxtrot Foxtrot Maxixe Maxixe não identificado não identificado Polca tango Foxtrot Maxixe One step espanhol Marcha Samba Compositor Harry Parsons Joubert de Carvalho Careca, Freire Junior Romeo Ghipsman Mário Duprat Fiuza José Gama Erotides de Campos, JonasNeves Alexander Hyde J. Aimbere Ernesto Nazareth J. Fonseca Costa Nestor Brandão J. Rondon Stothart Conrad, Gottler, Mitchel Lúcio Chameck Mabel Wayne Pixinguinha José Padilha Zequinha de Abreu Luiz Magno Joaquim Inácio Mendanha Henrique Vogeler Zequinha de Abreu Baer, L. W. Gilbert Baer, Gilbert, Wolff Ernesto Nazareth Sinhô Joubert de Carvalho, Olegário Mariano Ernesto Nazareth José Francisco de Freitas Marcelo Tupinambá Conrad, Gottler, Mitchel Adelgico Correa Mário Duprat Fiuza Giovani Castorina Ernesto Nazareth J. Fonseca Costa Raul Roulien Carlos de Almeida Ernesto Nazareth Mark Hermanns Mark Hermanns Ernesto Nazareth Osvaldo Santiago, Cots, Davis, Swanstron Francisco Alves Corder Corder Lúcio Chameck Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Orquestra Pan Intérprete / Cantor American American do Cassino American do Cassino American American American do Cassino American do Cassino American do Cassino American do Cassino American American do Cassino American do Cassino American American American American American American American do Cassino American do Cassino American American American American do Cassino American American American American American American American American American American American American do Cassino American American American American do Cassino American American American American American American American do Cassino American American Acompanhante Copacabana Copacabana Copacabana Copacabana Copacabana Copacabana Copacabana Copacabana Copacabana Copacabana Copacabana Orquestra Pan American Copacabana Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Copacabana Copacabana 1925-1927 Somebody is lonely 1930 Sorrindo e chorando 1930 You'll find the answer in my eyes dez/1925-jul/1927 Benzinho adeus dez/1925-jul/1927 Carinha de bebê (Baby face) dez/1925-jul/1927 Copacabana dez/1925-jul/1927 Eu fui viajar dez/1925-jul/1927 Mamãe, eu vou com ele dez/1925-jul/1927 O que é nosso dez/1925-jul/1927 Primavera dez/1925-jul/1927 Rosinha dez/1925-jul/1927 Samba da madrugada dez/1925-jul/1927 Tango da morte Jun/1929-Ago/1929 A medida do senhor do bonfim Abr/1929-Jun/1929 A polícia já foi 1929 A polícia já foi lá em casa out / 1929 A voz do vilolão 1929 A voz do vilolão Ago/1929-Jan/1930 Acho melhor Set/1928-Dez/1928 Ai meu bem 1927 Albertina 1929 Amizade 1930 Canção dos infelizes fev/1930-jun/1930 Canção dos ingleses 1929 Cansei 1930 Capricho de mulher 1929 Carga de burro 1929 Casinha de sapê dez/1925-jan/1927 Cassino maxixe 1928 Catêretê dos almofadinhas 1930 Cena caipira Junho/1929-Agosto/1929 Chrispim Set/1928-Dez/1928 Coisas de mulher 1928 Coisinhas 1929 Coração volúvel dez/1925-jul/1927 Cunhaçam nov/1929-jan/1930 Dá nela! Outubro/1928-Março/1929 Dando o valor (samba do afeto) Fevereiro/1930-Maio/1930 Dá-se um jeitinho 1930 Diga nov/1929-jan/1930 Digo já 1929 Diz o que tem Indefinida Dois amores é mentira 1930 Dona Alice 1929 Dôr de recordar Out/1928-Dez/1928 Dorinha!... meu amor 1929 É sim senhor 1929 É sopa (17 a 3) 1929 É tão bonitinha out/1929-jan/1930 És ingrata... mulher Foxtrot Choro Valsa Modinha Foxtrot Samba carnavalesco Maxixe Marcha carnavalesca Samba Canção brasileira Samba carnavalesco Samba Tango canção Samba Samba canção Samba Canção brasileira Canção Samba Samba Marcha Samba Canção Canção Samba Samba Samba Cateretê Maxixe Cateretê Toada Samba Samba Marcha Samba Cateretê sertanejo Marcha carnavalesca Samba de fato Brasilidade Samba Marcha carnavalesca Marcha Marcha carnavalesca Marcha Foxtrot Samba apaixonado Samba Marcha Samba Samba Denny Davis Júlio Casado Brown, De Silva, Henderson Zequinha de Abreu Harry Akst & Benny Davis Francisco A. Da Rocha Sebastião Cirino Canhoto Caninha Zeca Ivo Caninha Salvador Correira Alberto Norion Sinhô Julio Cristobal, Olegári Mariano Julio Cristobal, Olegári Mariano Francisco Alves Francisco Alves, Horácio Campos Sátiro de Almeida Nicanor Silva, Bilito Duque Ary Barroso Donga, Luiz Peixoto, Marques Porto Donga, Luiz Peixoto, Marques Porto Sinhô José Francisco de Freitas Sinhô Sinhô Sinhô P. L. Hallier Eduardo Souto, Osvaldo Santiago Mark Hermanns Tuyhu Eduardo Souto Brancura Sebastião Santos Neves Ary Barroso Augusto Vasseur Joubert de Carvalho Lamartine Babo, Gonçalves de Oliveira Eduardo Souto, Osvaldo Santiago Careca J. Fonseca Costa Ary Barroso, Luiz Peixoto, Marques Porto Joubert de Carvalho, Olegário Mariano José Francisco de Freitas Eduardo Souto Eduardo Souto Henrique Vogeler Lolo Uerba Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American, Simon Bountman Artur Castro Oscar Pereira Gomes Artur Castro Artur Castro Frederico Rocha Franscisco Alves Zeca Ivo Artur Castro Franscisco Alves Oscar Pereira Gomes Mário Reis Araci Cortes Araci Cortes Franscisco Alves Franscisco Alves Francisco Alves João Regente Francisco Alves Francisco Alves Zaíra Cavalcanti Zaíra Cavalcanti Mário Reis Mário Reis Mário Reis Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Gastão Formenti, Luci Campos Raul Roulien João Regente Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Gastão Formenti Zaíra Cavalcanti Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Palitos Francisco Alves Mário Reis Francisco Alves Francisco Alves Mário Reis Francisco Alves Orquestra Jazz Band Pan American do Cassino de Copacabana Orquestra Jazz Band Pan American do Cassino de Copacabana Orquestra Jazz Band Pan American do Cassino de Copacabana Orquestra Jazz Band Pan American do Cassino de Copacabana Orquestra Jazz Band Pan American do Cassino de Copacabana Orquestra Jazz Band Pan American do Cassino de Copacabana Orquestra Jazz Band Pan American do Cassino de Copacabana Orquestra Jazz Band Pan American do Cassino de Copacabana Orquestra Jazz Band Pan American do Cassino de Copacabana Orquestra Jazz Band Pan American do Cassino de Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American, Orquestra Rio Artists Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American, Simon Bountman Orquestra Pan American, Simon Bountman Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American, Simon Bountman Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American, Simon Bountman Orquestra Pan American, Simon Bountman Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American, Simon Bountman Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American, Simon Bountman nov/1929-jan/1930 1928 1929 26/06/29 1928 1928 1930 1929 1928 1928 fev/1929-jun/1929 Indefinida Indefinida fev/1929-mai/1929 1928 Ago/1929-Jun/1930 1929 1929 1930 1928 08/05/29 1927-1928 1930 1929 1928 out/1928-jan/1929 1929 1929 jun/1929-jul/1929 1930 1928 nov/1929-fev/1930 1927-1928 1929 nov/1929-fev/1930 nov/1929-jan/1930 dez/1925-jul/1927 1929 1929 1928 27/02/29 mar/1928-jun/1928 1930 1929 1929 1929 dez/1925-jan/1927 1928 1929-1930 1930 Essa nega é da bahia Samba Eu fui no mato crioula Marcha Eu não sou bicho Marcha Eu ouço falar Samba Eu quero é nota Samba Eu vou te abandonar Samba Falsa mulher Samba Felicidade Samba Festa de branco Samba Foi um sonho Charleston Fumaça branca Maxixe I'm in seventh heaven Foxtrot Já sei porque é... Zabumba cateretê Joãozinho Berceuse Jura Samba Juramento Samba Malandro Samba Mamãe viu Foxtrot Marcha dos granadeiros Marcha Margot Samba Marion Valsa Me faz carinhos Samba Melindrosa futurista Marcha Meu amor vou te deixar Samba Meu suquinho Marcha Miss st. Paul Foxtrot Morena adivinha que eu gosto de ti Samba Mulher venenosa Samba My mother's eyes (os olhos de mamãe) Fox canção Não dou confiança ao azar Samba Não faço fé contigo Samba Não fui eu Samba Não quero saber mai dela Samba Não sou baú Samba Não te dou perdão Samba No reinado da alegria Marcha Noites de luar Canção Novo amor Samba Nunca Valsa O bobalhão Charleston O destino é deus que dá Samba Oh! colette Foxtrot Olha a pomba Marcha Olha a pomba Marcha Olha o boi Samba Olhos negros Samba Ora vejam só Samba Ora vejam só Samba Orobó Macumba Outro amor Samba Sátiro de Melo J. Junior Gobes Freire Junior Sinhô Artur Faria Carlos de Almeida Ridam, Roldão G. Vieira Raul Roulien Pixinguinha I. Kolman Mark Hermanns Brown, Henderson, Jolson, Sylva Eduardo Souto Raul Roulien Sinhô Ary Barroso, Luiz Peixoto, Marques Porto Francisco Alves, Freire Junior Raul Roulien Aratimbó, Victor Schetzinger Alfredo Dermeval Erno Rapee Francisco Alves, Ismael Silva Clóvis Roque da Cruz Orlando Vieira José Francisco de Freitas, Lamartine Babo Mark Hermanns Henrique Vogeler, Joracy Camargo Brancura Aratimbó, Baer Cícero de Almeida Tuyhu Caninha Sinhô Sinhô Ismael Silva Eduardo Souto, Osvaldo Santiago Limas, Rossi Ismael Silva Raul Roulien, Mark Hermanns Sinhô Nilton Bastos não identificado Vantuil Carvalho Vantuil Carvalho Orlando Vieira I. Kolman Sinhô Sinhô Cícero de Almeida Ary Barroso, C. F. Machado Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Raul Roulien Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Raul Roulien Mário Reis Araci Cortes Francisco Alves Raul Roulien Lucy Pires Mário Reis Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Mário Reis Francisco Alves Raul Roulien Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Mário Reis Francisco Alves Jonjoca Francisco Alves, Rosa Negra Francisco Alves Jonjoca Francisco Alves Oscar Pereira Gomes Mário Reis Raul Roulien Francisco Alves Mário Reis Francisco Alves Francisco Alves Margarida Max Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Gusmão Lobo Mário Reis Orquestra Pan American, Simon Bountman Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American, Simon Bountman Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American, Simon Bountman Orquestra Pan American Orquestra Pan American, Simon Bountman Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American, Simon Bountman Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American, Simon Bountman Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American, Simon Bountman Orquestra Pan American jun/1929-jul/1929 Pagan love song (canção de amor) Valsa 1930 Palhaço Samba 26/06/29 Para mim perdeste o valor Samba Indefinida Passarinho do má Samba dez/1925-jul/1927 Perdão Foxtrot 1929 Perdão Samba 1928 Pião Maxixe ago/1929-out/1929 Por que foi? Samba canção 1930 Quando a mulher não quer Samba 1928 Que pequena levada Charleston jun/1928-set/1928 Que vale a nota sem o carinho da mulher? Samba 1928 Quem eu deixar não quero mais Samba Set/1928-Dez/1928 Quem me dera morena Samba Indefinida Quem não chora não mama Samba 1929 Quem quiser ver Samba Ago/1929-Jan/1930 Quem vê cara não vê o resto Cançoneta choro 1929 Quindins de iaiá Samba dez/1925-jul/1927 Revivendo o passado Valsa lenta 1929 Rio chic Marcha dez/1925-jul/1927 Salve a rainha Valsa lenta Ago/1929-Jun/1930 Samba de são benedito Samba Fevereiro/1930-Maio/1930 Saudade má Foxtrot 1929 Segura o boi Samba 1929 Seu doutor Marcha 1929 Seu julinho vem Marcha 1928 Seu voronoff Marcha 1929 Sorriso falso Samba fev/1929-mai/1929 Te fuistes Valsa Indefinida Tentação Samba Indefinida Tereza Marcha carnavalesca Out/1928-Dez/1928 Thereza! Samba 1929-1930 Toma cuidado Cateretê 1929 Torna a vortá Samba dez/1925-jul/1927 Triste violeiro Canção típica 1929 Tu qué tomá meu home Samba Fevereiro/1930-Maio/1930 Tua Valsa 1929 Vadiagem Samba 1929 Vai mesmo Samba 1929 Vamos deixar de intimidade Samba Jun/1929-Ago/1929 Vamos juntar os trapinhos? Canção nov/1929-fev/1930 Vem cá, neném! Samba carnavalesco 1929 Vem, colombina Marcha 1928 Vou à penha Samba 1928-1932 Vou me vingar Samba 1930 Vou morar na roça Samba Indefinida Why can't you? Foxtrot 1929-1930 Zomba Samba Indefinida Zum, zum, zum, meu violão Marcha carnavalesca 1929 A voz do violão Canção Nacio Herb Brown Bussi, Nelson Francisco Alves Duque Roger Birge Francisco Alves Marcelo Tupinambá Pedro de Sá Pereira, Luiz Iglésias Caninha, José Luiz de Morais José Francisco de Freitas, Lamartine Babo Sinhô João de Oliveira Edmundo Henriques Gaudio Viotti Eduardo Souto Ari Kerner Pedro de Sá Pereira, C. M. Bittencourt Francisco Leo A. R. De Jesus José Francisco de Freitas Ary Barroso, Luiz Peixoto, Marques Porto Mark Hermanns Sinhô Eduardo Souto Freire Junior João Rossi, Lamartine Babo Cícero de Almeida Mark Hermanns D. Guimarães Freire Junior Freire Junior João Felispe da Costa ? J. Bulhões Zeca Ivo Ary Barroso, Olegário Mariano Raul Roulien Francisco Alves Heitor dos Prazeres Ary Barroso Pedro de Sá Pereira Bento Mossurunga, Menezes de Cardoso Ari Kerner Ary Barroso Caninha Orlando Vieira Brown, Henderson, Jolson, Sylva Francisco Alves J. Mendes Pereira, João Rossi Francisco Alves, Horácio Campos Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Oscar Pereira Gomes Mário Reis Francisco Alves Margarida Max Francisco Alves Francisco Alves, Rosa Negra Vicente Celestino Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Araci Cortes Alfredo Albuquerque Araci Cortes Pedro Celestino Francisco Alves Pedro Celestino Araci Cortes Raul Roulien Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Mário Reis Raul Roulien Francisco Alves Francisco Alves Francisco Alves Gusmão Lobo Francisco Alves Zeca Ivo Araci Cortes Raul Roulien Mário Reis Mário Reis Mário Reis Araci Cortes Francisco Alves Francisco Alves Mário Reis Mário Reis Mário Reis Francisco Alves Araci Cortes Francisco Alves Francisco Alves Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American, Simon Bountman Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American, Simon Bountman Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American, Simon Bountman Orquestra Pan American Orquestra Pan American do Cassino Copacabana Orquestra Pan American Orquestra Pan American, Simon Bountman Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American Orquestra Pan American, Orquestra Rio Artists 2.2 Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Data de gravação 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 dez/1925-jul/1927 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 dez/1925-dez/1927 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 dez/1925-jul/1927 1921-1926 dez / 1925 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 dez / 1925 dez / 1925 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 dez/1925-jul/1927 1921-1926 1921-1926 1921-1926 dez / 1925 Título da Música A casinha Amor com amor se paga Amor sem dinheiro Até de baixo d'água Baiana, olha prá mim Baú Cabeça de ás Caboclo arreliado Café com leite Cartolinha Chora, baiana! Chuá, Chuá Coisas da moda Coração que bate, bate Corta saia Dá-me um beijo De cartola e bengalinha Dor de cabeça Ela disse uma vez prá mim Entre no cordão Eu vi lili... Fubá Gente garganta Mão na roda Maria Momo Morena do sertão Mulata clara Mulata sai do portão Na bahia O violeiro Oh! serafina Olá! Oração Os passarinho (da carioca) Palhaço Papagaio Petropolitana Pinta, pinta, melindrosa Pra que você tem Preto não é bom Gênero musical Canção Samba Maxixe Maxixe Maxixe Samba Maxixe Samba Maxixe Samba a la garçonne Samba Modinha Maxixe Maxixe Samba Canção Maxixe Maxixe Samba Maxixe Marcha canção Maxixe Samba Samba Marcha carnavalesca Marcha carnavalesca Modinha brasileira Toada sertaneja Samba Maxixe Cantiga sertaneja Marcha Samba Tango canção Marcha carnavalesca Foxtrot Samba Canção Marcha carnavalesca Samba Samba Compositor não identificado J. Machado Sinhô Menezes de Cardoso J. Fonseca Costa Mario Silva Sinhô Hugo Leal Freire Junior Raul Silva Bequinho Pedro de Sá Pereira Romeu Silva Freire Junior Sinhô não identificado Freire Junior Sinhô Careca Pedro de Sá Pereira José Francisco de Freitas Romeu Silva Américo Paes Leme João da Gente Tuiu Eduardo Souto Freire Junior Marcelo Tupinambá Careca Caninha Eduardo Souto Careca João da Gente Osvaldo Cardoso de Menezes Careca Marcelo Tupinambá João da Gente não identificado Freire Junior José Francisco de Freitas, Orlando Vieira Augusto Vasseur, Chocolate (?) Intérprete / Cantor Araci Cortes Fernando Fernando Fernando Fernando Fernando Fernando Fernando Fernando Fernando Fernando Fernando Fernando Fernando Fernando Fernando Fernando Fernando Fernando Fernando Pedro Celestino Fernando Fernando Fernando Fernando Fernando Pedro Celestino Fernando Fernando Fernando Fernando Fernando Fernando Fernando Fernando Fernando Fernando Araci Cortes Fernando Fernando Fernando Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Acompanhante Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva dez/1925-jul/1927 1921-1926 1921-1926 1921-1926 dez/1925-jul/1927 dez / 1925 1921-1926 dez/1925-jul/1927 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 dez/1925-jul/1927 1921-1926 1921-1926 1921-1926 dez/1925-jul/1927 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 dez/1925-jul/1927 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1925 Rosa, meu bem Samba Roupa na corda Maxixe Ruínas de um sonho Tango canção Sandália de couro Maxixe Se a moda pega!... Maxixe Sou feliz Samba carnavalesco Suspira, nega, suspira Maxixe Tem boi na linha Samba Titina (Titine) Foxtrot Triste sina Samba Vem, meu benzinho Maxixe Vou morrer no estácio Samba Zizinha Marcha da folia Zorô Samba carnavalesco A-e-i-o-u Samba Alabama Foxtrot Boca pintada Maxixe Cabeleira a la garçone Foxtrot Café com leite Maxixe Chá pra dois (Tea for two) Foxtrot De cartola e bengalinha Maxixe Dor de cabeça Maxixe El 11 (o onze) Tango argentino Escorregando Maxixe Espera um pouco Foxtrot Está na hora Samba Eu quero ser feliz (I want to be happy) Foxtrot Fleur d'amor Foxtrot Fubá Maxixe La-monteria (Zarzuela en dos actos) não identificado Me neenyah (My Little One) Foxtrot Ukelele baby Foxtrot J. Thomaz Fernando Romeu Silva Fernando Pedro de Sá Pereira Fernando Pedro de Sá Pereira, Ari Pavão, Marques Porto Fernando Caninha Fernando A . Sardinha Fernando Pedro de Sá Pereira Fernando A . Jesus Fernando Leo Daniderff Fernando Francisco A. Da Rocha Fernando Joubert de Carvalho Fernando Caninha Fernando José Francisco de Freitas Fernando Vantuil Carvalho Fernando Quinote Jazz Band Sul Americano Romeu Silva não identificado Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Joubert de Carvalho Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Américo Guimarães & Pedro de Sá Pereira Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Freire Junior Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Vicent Youmans Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Freire Junior Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Sinhô Jazz Band Sul Americano Romeu Silva F. Rezedo Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Ernesto Nazareth Jazz Band Sul Americano Romeu Silva não identificado Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Caninha Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Vicent Youmans Jazz Band Sul Americano Romeu Silva José Padilha Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Romeu Silva Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jacinto Guerrero Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Herbert Spencer Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jack Meskill Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva Band Sul Americano Romeu Silva 2.3 American Jazz Band de Silvio de Souza Data de gravação dez / 1925 dez / 1925 1925-1926 1925-1927 dez/1925-jul/1927 dez / 1925 1925-1927 1925-1927 dez/1925-jul/1927 dez/1925-jul/1927 1925-1926 dez/1925-jul/1927 dez / 1925 dez/1925-jul/1927 dez/1925-jul/1927 1921-1926 dez/1925-jul/1927 dez/1925-jul/1927 dez/1925-jul/1927 dez/1925-jul/1927 dez/1925-jul/1927 dez/1925-jul/1927 dez/1925-jul/1927 dez/1925-jul/1927 dez/1925-jul/1927 dez/1925-jul/1927 Título da Música Baiana, olha prá mim Balacouchê Cristo nasceu na bahia Desordeiro Ilusão que morre Inesquecível mágoa Não chora neném Olha a baiana Papagaio no poleiro Pé de cabra Pé de cabra Roupa suja Salomé, meu bem Viva a penha Zizinha O rosa Ai noêmia Amor ingênuo Cristo nasceu na bahia Maricota de tamancos Morro da mangueira O sarambá Papagaio no poleiro Quem fala de mim tem paixão Roupa suja Vê se pode ser Gênero musical Maxixe Samba Maxixe Maxixe Valsa Tango Maxixe Samba Maxixe Maxixe choro Choro Samba Maxixe Maxixe Marcha da folia Marcha Samba Samba paulista Maxixe Samba Samba Samba Samba Samba Samba Maxixe Compositor J. Fonseca Costa Américo F. Guimarães Sebastião Cirino Freire Junior Belmacio Pousa Godinho Belmacio Pousa Godinho José Francisco de Freitas Bequinho Sinhô Júlio Casado Júlio Casado Francisco A. Da Rocha José Francisco de Freitas Sinhô José Francisco de Freitas Sinhô Francisco A. Da Rocha Constantino Pinheiro Sebastião Cirino & Duque Tuiu Manoel Dias Julio Cristobal Sinhô Sinhô Francisco A. Da Rocha Eduardo Souto Intérprete / Cantor Acompanhante American Jazz Band de Sílvio de Souza American Jazz Band de Sílvio de Souza American Jazz Band de Sílvio de Souza American Jazz Band de Sílvio de Souza American Jazz Band de Sílvio de Souza American Jazz Band de Sílvio de Souza American Jazz Band de Sílvio de Souza American Jazz Band de Sílvio de Souza American Jazz Band de Sílvio de Souza American Jazz Band de Sílvio de Souza American Jazz Band de Sílvio de Souza American Jazz Band de Sílvio de Souza American Jazz Band de Sílvio de Souza American Jazz Band de Sílvio de Souza American Jazz Band de Sílvio de Souza Pedro Celestino American Jazz Band de Sílvio de Souza Pedro Celestino American Jazz Band de Sílvio de Souza Artur Castro American Jazz Band de Sílvio de Souza Artur Castro American Jazz Band de Sílvio de Souza Artur Castro American Jazz Band de Sílvio de Souza Pedro Celestino American Jazz Band de Sílvio de Souza Pedro Celestino, Artur Castro American Jazz Band de Sílvio de Souza Artur Castro American Jazz Band de Sílvio de Souza Pedro Celestino American Jazz Band de Sílvio de Souza Pedro Celestino, Artur Castro American Jazz Band de Sílvio de Souza Artur Castro American Jazz Band de Sílvio de Souza 2.4 Orquestra Eduardo Souto Data de gravação 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 Título da Música Deu o for a Espanta o bode Eu só quero ver Goiabada Meu bem Monta no trouxa Piracicaba Só teu amor Tatu subiu no pau Tatu subiu no pau Viradinho Gênero musical Marcha carnavalesca Samba carnavalesco Marcha carnavalesca Marcha carnavalesca Maxixe carnavalesco Marcha carnavalesca Cateretê Marcha Maxixe Marcha Cateretê Compositor Freire Junior Eduardo Souto Freire Junior Eduardo Souto Eduardo Souto Eduardo Souto Eduardo Souto Eduardo Souto Eduardo Souto Eduardo Souto Eduardo Souto Intérprete / Cantor Orquestra Eduardo Souto Orquestra Eduardo Souto Orquestra Eduardo Souto Orquestra Eduardo Souto Orquestra Eduardo Souto Orquestra Eduardo Souto Orquestra Eduardo Souto Orquestra Eduardo Souto Orquestra Eduardo Souto Orquestra Eduardo Souto Orquestra Eduardo Souto 2.5 Orquestra Rio Artists Data de gravação 29/08/29 1928 1928 29/08/29 Jun/1929-Ago/1929 1929 1928 Indefinida 1929 1928 1928 1928 Indefinida 1930 Indefinida Indefinida 1929 1928 1928 20/08/29 1928 1928 1928 1928 1929 1928 29/08/29 Indefinida 1928 Indefinida 1928 Indefinida Título da Música Gênero musical A defesa das sogras Descrição cômica Adios mis farras Tango Água de côco Samba Amazonas Canção brasileira Ave noturna Tango Caboquinha Canção Cantigas Canção Chic-chic Cançoneta Chiquita Tango Eterna Canção Eu tenho adoração pelos meus olhos Canção Eu vivo assim Valsa Feitiço não mata Cançoneta Frumiga Vremêia Toada Hula Valsa Infantil Canção brasileira Linda flor Samba canção Não vai chorar Cançoneta O cigano Foxtrot Oh! as crianças... Descrição cômica Olhos de cabocla Toada Primorosa Valsa Ramona Valsa Santa Canção Sombrinha azul Valsa Súplica Canção Terra fluminense Cateretê Única Canção brasileira Adios mis farras Tango Feitiço não mata Cançoneta Floraux Maxixe Plangente Tango Compositor Alfredo Albuquerque Raul Roulien Pedro de Sá Pereira Henrique Vogeler, J. Menra, Lamartine Babo Raul Roulien Joubert de Carvalho Eduardo Souto Batista Júnior Raul Roulien Eduardo Souto Marcelo Tupinambá, Cleomanes Campos Eduardo Souto Ernesto Nazareth Eduardo Souto Joubert de Carvalho, Olegário Mariano Marcelo Tupinambá, Olegário Mariano Henrique Vogeler, Candido Costa Batista Júnior Marcelo Tupinambá Alfredo Albuquerque Eduardo Souto Ernesto Nazareth Mabel Wayne, Olegário Mariano Freire Junior Joubert de Carvalho Marcelo Tupinambá, Belmiro Braga Henrique Vogeler, J. Menra, Lamartine Babo Marcelo Tupinambá, Correia Júnior Raul Roulien Ernesto Nazareth Ernesto Nazareth Ernesto Nazareth Intérprete / Cantor Alfredo Albuquerque Francisco Alves Francisco Alves Zulmira Miranda Raul Roulien Gastão Formenti Gastão Formenti Batista Junior Raul Roulien Francisco Alves Leontina Campos Francisco Alves Orquestra Rio Artists Gastão Formenti, Luci Campos Oscar Gonçalves Leontina Campos Vicente Celestino Batista Junior Vicente Celestino Alfredo Albuquerque Gastão Formenti Francisco Alves Gastão Formenti Vicente Celestino Gastão Formenti Leontina Campos Zulmira Miranda Leontina Campos Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists 2.6 Brazilian Jazz Band Data de gravação 1925-1929 1925-1929 1925-1929 1925-1929 1925-1929 1925-1929 Título da Música Ai! margarida! ai! margarida! Mamãe me leva! Não é só na bahia O cavanhaque do bode Todas iguais Vamos ver o que deu Gênero musical Marcha carnavalesca Maxixe Maxixe Samba Samba Maxixe Compositor Canhoto Nabor Pires de Camargo Sebastião Santos Neves Nabor Pires de Camargo Roberto Splendore Roberto Splendore Intérprete / Cantor Acompanhante Artur Castro Brazilian Jazz Band Artur Castro Brazilian Jazz Band Artur Castro Brazilian Jazz Band Artur Castro Brazilian Jazz Band Artur Castro Brazilian Jazz Band Artur Castro Brazilian Jazz Band Acompanhante Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists Orquestra Rio Artists 2.7 Jazz Band Columbia Data de gravação 1930 1930 1930 1930 1930 1930 Indefinida 1930 Indefinida 1930 1930 1930 1930 1930 1930 1930 1930 Título da Música Gênero musical Como és bela! Samba Gosto de machucar Samba Hino social do clube atlético santista Hino Legião revolucionária Marcha patriótica Peri Choro Reminiscências do passado Samba canção Viva a penha Samba A mulher e a falsidade Samba A mulher é sempre boa Samba Benzinho Choro Clube atlético santista Maxixe Eu vou chorar Maxixe Miss fortaleza Marcha Missanga Marcha Nova era Marcha Salve-se quem puder Marcha Sou da fandanga Marcha Compositor Intérprete / Cantor Antonio Peixoto Velho Januário de Oliveira Negro Januário de Oliveira Carlos Sotomayor, Fabio Montenegro, FurtadoParaguassú de Oliveira José Niccolini, Mira Paraguassú Jonas Aragão Napoleão Tavares (Trompetista) Sinhô Ildefonso Norát Sinhô Januário de Oliveira Francisco Neto Jazz Band Columbia Francisco Neto Jazz Band Columbia Sinhô Jazz Band Columbia Zico Magalhães Jazz Band Columbia Américo de Carvalho Jazz Band Columbia Mozart Ribeiro, Perre Luz Jazz Band Columbia Sinhô Jazz Band Columbia José Niccolini Jazz Band Columbia Sinhô Jazz Band Columbia Sinhô Jazz Band Columbia Acompanhante Jazz Band Columbia Jazz Band Columbia Jazz Band Columbia Jazz Band Columbia Jazz Band Columbia Jazz Band Columbia Jazz Band Columbia 2.8 Gravações de jazz-bands estrangeiras Data de gravação Indefinida Indefinida Indefinida Indefinida dez / 1925 1925-1927 Indefinida Indefinida Indefinida dez / 1925 1925-1927 Indefinida 1923 Título da Música A luz da lua Bajo las estrellas Ke he b'saus quoi La chicharra Leopoldo froes Leopoldo froes Mulata mia Não te quero mais Tem papagaio no poleiro Valência Valência Viva a penha Yes! we have no bananas Gênero musical Maxixe Shimmy Shimmy Maxixe Foxtrot Foxtrot Maxixe Maxixe Maxixe Step espanhol Marcha Maxixe Shimmy Compositor não identificado Adolfo Carabelli R. Mercier não identificado Freire Junior Freire Junior Ramon Collazo Ernesto dos Santos (Donga) Sinhô José Padilha José Padilha Sinhô Frank Sliver, Irving Cohn Intérprete / Cantor Carabelli Jazz Band Carabelli Jazz Band Eleutério Yribarren Jazz Band Carabelli Jazz Band Jazz Band Kosarim Jazz Band Kosarim Eleutério Yribarren Jazz Band Carabelli Jazz Band Carabelli Jazz Band Jazz Band Kosarim Jazz Band Kosarim Carabelli Jazz Band Eleutério Yribarren Jazz Band 2.9 Orquestra Augusto Lima Data de gravação 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 1921-1926 Título da Música A razão do meu pranto Ai, seu mé! Apaches As meninas de hoje Au revoir Caminho dos namorados J'aime Teus lábios Gênero musical Tango Marcha Foxtrot Samba Foxtrot Foxtrot Foxtrot Tango Compositor Antônio Cerqueira Careca, Freire Junior não identificado Careca Vantuil Carvalho não identificado não identificado Antônio Cerqueira Intérprete / Cantor Orquestra Augusto Lima Orquestra Augusto Lima Orquestra Augusto Lima Orquestra Augusto Lima Orquestra Augusto Lima Orquestra Augusto Lima Orquestra Augusto Lima Orquestra Augusto Lima 2.10 Jazz-bands com menos de 5 registros Data de gravação 1927-1929 1925-1929 1921-1926 1925-1929 1928 1921-1926 1927-1929 1925-1929 1927-1929 16/03/28 1928 1927-1929 1928 1928-1932 1928-1932 Título da Música Ah! madame Amorzinho meu C'est la mode Hino do sol Hino nacional brasileiro Home agem (again) blues Meu bebezinho se chama bebê Meu bem me leva Quando vir a minha tia Saudades e saudades Sutil Te quero Turbilhão de beijos Alma andaluza La paloma Gênero musical One step Maxixe carnavalesco Ragtime Hino Hino Foxtrot Foxtrot Maxixe Shimmy Marcha Choro Foxtrot Valsa Paso doble Canção Compositor não identificado Roque Vieira não identificado Sebastião Santos Neves Francisco Manuel da Silva Harry Akst & Irving Berlin não identificado João de Barro não identificado Ernesto Nazareth Ernesto Nazareth não identificado Ernesto Nazareth não identificado Sebastian Yradier Intérprete / Cantor Jazz Band Jazz Band Imperador Jazz Band do Batalhão Naval Jazz Band Imperador Jazz Band Sinfônica Pan Americana Jazz Band do Batalhão Naval Jazz Band Jazz Band Imperador Jazz Band Jazz Band Sinfônica Pan Americana Jazz Band Sinfônica Pan Americana Jazz Band Jazz Band Sinfônica Pan Americana Umberto Bastíglia Odete Pires Acompanhante Jazz da Banda Musical Giuseppe Jazz da Banda Musical Giuseppe / Umberto Bastíglia 3. Comparação: gravações instrumentais Músicas instrumentais gravadas pela Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Data de gravação Rotações Título da Música 1921-1926 76 rpm A-e-i-o-u 1921-1926 78 rpm Alabama 1921-1926 76 rpm Boca pintada 1921-1926 78 rpm Cabeleira a la garçone dez/1925-jul/1927 76 rpm Café com leite 1921-1926 78 rpm Chá pra dois (Tea for two) 1921-1926 76 rpm De cartola e bengalinha 1921-1926 76 rpm Dor de cabeça dez/1925-jul/1927 76 rpm El 11 (o onze) 1921-1926 76 rpm Escorregando 1921-1926 78 rpm Espera um pouco 1921-1926 78 rpm Está na hora 1921-1926 78 rpm Eu quero ser feliz (I want to be happy) dez/1925-jul/1927 76 rpm Fleur d'amor 1921-1926 76 rpm Fubá 1921-1926 78 rpm La-monteria (Zarzuela en dos actos) 1925 78 rpm Ukelele baby Gênero musical Samba Foxtrot Maxixe Foxtrot Maxixe Foxtrot Maxixe Maxixe Tango argentino Maxixe Foxtrot Samba Foxtrot Foxtrot Maxixe não identificado Foxtrot Compositor Intérprete / Cantor Quinote Jazz Band Sul Americano Romeu Silva não identificado Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Joubert de Carvalho Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Américo Guimarães & Pedro de Sá Pereira Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Freire Junior Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Vicent Youmans Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Freire Junior Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Sinhô Jazz Band Sul Americano Romeu Silva F. Rezedo Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Ernesto Nazareth Jazz Band Sul Americano Romeu Silva não identificado Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Caninha Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Vicent Youmans Jazz Band Sul Americano Romeu Silva José Padilha Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Romeu Silva Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jacinto Guerrero Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Jack Meskill Jazz Band Sul Americano Romeu Silva Músicas instrumentais gravadas pela American Jazz Band de Sílvio de Souza Data de gravação Rotações Título da Música dez / 1925 76 rpm Baiana, olha prá mim dez / 1925 76 rpm Balacouchê 1925-1926 76 rpm Cristo nasceu na bahia 1925-1927 76 rpm Desordeiro dez/1925-jul/1927 76 rpm Ilusão que morre dez / 1925 76 rpm Inesquecível mágoa 1925-1927 78 rpm Não chora neném 1925-1927 78 rpm Olha a baiana dez/1925-jul/1927 76 rpm Papagaio no poleiro dez/1925-jul/1927 76 rpm Pé de cabra 1925-1926 78 rpm Pé de cabra dez/1925-jul/1927 76 rpm Roupa suja dez / 1925 76 rpm Salomé, meu bem dez/1925-jul/1927 76 rpm Viva a penha dez/1925-jul/1927 76 rpm Zizinha Gênero musical Maxixe Samba Maxixe Maxixe Valsa Tango Maxixe Samba Maxixe Maxixe choro Choro Samba Maxixe Maxixe Marcha da folia Compositor J. Fonseca Costa Américo F. Guimarães Sebastião Cirino Freire Junior Belmacio Pousa Godinho Belmacio Pousa Godinho José Francisco de Freitas Bequinho Sinhô Júlio Casado Júlio Casado Francisco A. Da Rocha José Francisco de Freitas Sinhô José Francisco de Freitas Intérprete / Cantor American Jazz Band de Sílvio de Souza American Jazz Band de Sílvio de Souza American Jazz Band de Sílvio de Souza American Jazz Band de Sílvio de Souza American Jazz Band de Sílvio de Souza American Jazz Band de Sílvio de Souza American Jazz Band de Sílvio de Souza American Jazz Band de Sílvio de Souza American Jazz Band de Sílvio de Souza American Jazz Band de Sílvio de Souza American Jazz Band de Sílvio de Souza American Jazz Band de Sílvio de Souza American Jazz Band de Sílvio de Souza American Jazz Band de Sílvio de Souza American Jazz Band de Sílvio de Souza