DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO O ovo, ou zigoto, é formado a partir da fecundação de espermatozoide e óvulo, sofrendo diversas mitoses até se tornar um indivíduo propriamente dito. Esses eventos de divisão celular são acompanhados, também, por diferenciações nessas estruturas, permitindo a formação de tecidos específicos e, a partir deles, órgãos e também sistemas. De forma geral, existem três fases que compreendem esse processo: segmentação, gastrulação e organogênese. Segmentação Na segmentação há uma primeira etapa, chamada mórula, na qual há um aumento significativo de células, decorrente das mitoses. Nesta, o volume total do embrião não se aumenta de forma considerável, já que tais divisões, denominadas clivagens, ocorrem de forma bastante rápida. Assim, não permite que as células, agora chamadas de blastômeros, tenham tempo para se desenvolverem. Na segunda etapa, blástula, o número de células aumenta ainda mais, formando internamente uma cavidade cheia de líquido denominada blastocele. Vale ressaltar que a quantidade de vitelo presente altera a velocidade da segmentação: quanto mais vitelo, menor a taxa de divisões. Quando todo o zigoto sofre segmentação, denominamos esta como do tipo holoblástica. Quando não ocorre desta forma, temos a chamada segmentação meroblástica. Gastrulação Nesta etapa, há a diferenciação de blastômeros em folhetos germinativos (ectoderma, mesoderma e endoderma). Tal evento ocorre a partir da invaginação de blastômeros na região da blastocele, por meio de dobras e movimentos celulares. Há a delimitação de uma cavidade chamada arquêntero, que se comunica com o exterior por um orifício denominado blastóporo. Arquêntero dará origem, mais tarde, ao tubo digestório; blastóporo ao ânus (animais deuterostômios) ou boca (animais protostômios); e os folhetos, em tecidos e órgãos. Organogênese Os folhetos embrionários, formados na fase anterior, se diferenciam em tecidos e órgãos. O ectoderma dá origem à epiderme e anexos, sistema nervoso e epitélios de revestimento das cavidades da boca, ânus e nariz; já o mesoderma, em derme, músculos, tecidos conjuntivos, tecido sanguíneo, tecido linfático e órgãos do sistema genital; além de delimitar o celoma. Finalmente, o endoderma, epitélios de revestimento do sistema digestório, fígado, pâncreas e sistema respiratório. A crista neural, formada a partir do ectoderma, migra pelo corpo, dando origem a diversos tipos celulares distintos, como células pigmentares e neurônios. GAMETOGÊNESE A gametogênese pode ser dividida em três etapas: a multiplicação, o crescimento e a maturação. Espermatogênese A espermatogênese é a gametogênese que ocorre no sexo masculino e é nesse processo que são produzidos os gametas masculinos, ou seja, os espermatozoides. A espermatogênese ocorre nas glândulas sexuais, que no sexo masculino são os testículos. Essa produção de gametas é um processo contínuo que dura até o fim da vida do indivíduo. Na espermatogênese há a fase de multiplicação, na qual ocorrem mitoses em determinadas células dos testículos, chamadas de espermatogônias (2n). Nessa fase, a multiplicação garante a grande quantidade de gametas. A segunda fase da espermatogênese é o crescimento; então, depois de se multiplicarem, as espermatogônias entram nessa fase, tornando-se espermatócitos primários (2n). Os espermatócitos primários sofrerão meiose, dando origem a duas células haploides, que denominamos espermatócitos secundários. Os espermatócitos secundários (n) sofrerão outra meiose e originarão quatro células haploides, chamadas de espermátides. As duas meioses que os espermatócitos sofreram representam a fase de maturação. À fase seguinte damos o nome de especiação, e nela as espermátides começam a se transformar emespermatozoides. Nessa fase, as espermátides perdem praticamente todo o citoplasma e começam um processo em que desenvolverão, a partir do centríolo, um flagelo. No espermatozoide podemos encontrar, no início de sua cauda, mitocôndrias com a função de fornecer energia, sendo que na cabeça do espermatozoide podemos encontrar o acrossoma, uma vesícula cheia de enzimas com o papel de facilitar a penetração do gameta no óvulo. O acrossoma se originou do complexo de Golgi. No núcleo do espermatozoide estão os cromossomos paternos. Ovogênese A ovogênese, também chamada de ovulogênese, é a gametogênese que ocorre no sexo feminino e é nesse processo que se produzem os gametas femininos, ou seja, os óvulos. A ovogênese ocorre nos ovários femininos. Após a primeira fase, que é a de multiplicação (mitoses), origina-se a ovogônia (2n), que cresce, tornando-se um ovócito primário (2n). No citoplasma do ovócito primário há uma substância chamada de vitelo, que tem a função de alimentar o embrião quando ocorrer a fecundação do óvulo. A quantidade de vitelo varia conforme a espécie. Em mamíferos, a quantidade de vitelo é muito pequena; enquanto que nas aves, a quantidade de vitelo é tão grande que podemos vêla a olho nu. Na segunda fase, o ovócito primário passa pela primeira meiose, originando duas células haploides. Dessas células, uma é o ovócito secundário (n) e a outra é o primeiro glóbulo polar (n), que possui uma quantidade muito pequena de citoplasma e por isso ele se degenera. Na maior parte dos mamíferos, a primeira divisão da meiose se dá antes da ovulação e o ovócito secundário é lançado na tuba uterina da mulher. A segunda divisão da meiose para e somente será concluída se houver fecundação pelo espermatozoide e se produzir uma ovótide e um segundo glóbulo polar, que também se degenera. Ao longo da maturação do ovócito, a formação do primeiro corpúsculo polar é um sinal da finalização da meiose I, e a formação do segundo corpúsculo polar é um indicativo da fertilização do ovócito secundário. As várias modificações durante a meiose permitem que o vitelo reservado ao embrião, em vez de ser dividido entre quatro células-filhas, fique concentrado em apenas um óvulo. Dessa forma, quando da formação dos glóbulos polares, o ovócito reduz a sua carga cromossomial sem interferir no vitelo que está reservado ao embrião.