ARTIGO Osso sesamóide ulnar: é possível haver agenesia? DE PESQUISA Osso sesamóide ulnar: é possível haver agenesia? Is there agenesis of the ulnar sesamoid bone? Renata Pilli JÓIAS* Danilo Furquim SIQUEIRA** Eduardo Kazuo SANNOMIYA*** Marco Antonio SCANAVINI**** RESUMO Identificar o surto de crescimento da adolescência, momento em que ocorrem alterações faciais de suma importância à intervenção ortodôntica/ortopédica, possibilita reduzir o tempo de tratamento ativo bem como obter respostas mais favoráveis. Apesar de os eventos físicos desse estirão ocorrerem de maneira constante, variam de indivíduo para indivíduo, portanto, não devem ser vinculados à idade cronológica, mas sim, a indicadores biológicos de maturação, como a maturação esquelética. Há anos a radiografia carpal é empregada para esse fim com sucesso, porém, um método mais simplificado e rápido, mais acessível ao clínico e ao paciente, que libera menos radiação, vem sendo empregado como método alternativo de predição de crescimento: a radiografia periapical do polegar (PP), na qual são observados os estágios epifisários da falange proximal do primeiro dedo e a ossificação do osso sesamóide ulnar ou adutor da articulação metacarpo-falangeana do polegar. Baseada nessa premissa foi avaliada a possível agenesia do sesamóide ulnar. A amostra continha 100 PP de voluntários com idade superior a vinte anos, obtidas por um mesmo operador, em aparelho radiográfico calibrado a 70Kvp e 10mA, e tempo de exposição de 0,9seg. Para as radiografias nas quais se suspeitou da ausência do referido osso, foram realizadas novas radiografias. Em todas as radiografias observou-se o sesamóide ulnar, portanto, foi descartada a hipótese de agenesia. Palavras-chave: Osso Sesamóide Ulnar; Idade Óssea; Crescimento. ABSTRACT Identification of the pubertal growth spurt allows a reduction in the period of active orthodontic treatment, as well as achievement of more favorable orthopedic responses. The physical events of this spurt are regular; however, the variation among individuals does not allow their correlation with chronological age, but rather to biological indicators such as skeletal maturation. The carpal radiograph has been successfully performed for this purpose for years, since it is base don analysis of 30 ossification centers in a same region, in a reproducible manner and with proper patient protection against radiation. Thumb radiograph on the periapical film (TR) is a simpler and faster method with less radiation and is available to the clinician as an option for growth prediction, since it allows observation of the epiphyseal stages of the proximal phalanx of the first finger and ossification of the ulnar sesamoid bone. Based on this assumption, the present study evaluated the possibility of agenesis of the ulnar sesamoid bone, which might change the concept of utilization of the TR as a method for growth prediction. A sample of 100 TR was achieved from 100 volunteers aged more than 20 years, by a single operator in a calibrated X-ray machine at 70Kvp and 10mA and exposure time of 0.9seg. A new radiograph was obtained if the radiograph revealed suspect of absence of this bone, to confirm the agenesis or indicate the method error. The results revealed presence of the ulnar sesamoid bone in all TR analyzed. There was no agenesis of the ulnar sesamoid bone, considering its presence in 100% of the radiographs analyzed. Key words: Ulnar Sesamoid Bone; skeletal maturation; growth. * Aluna do 3o ano da Graduação em Odontologia da Faculdade de Odontologia da Universidade Metodista de São Paulo – UMESP. ** Professor do Programa de pós-graduação em Odontologia, área de concentração em Ortodontia da Universidade Metodista de São Paulo. *** Professor do Programa de pós-graduação em Odontologia, área de concentração em Ortodontia da Universidade Metodista de São Paulo. Professor Titular da Disciplina de Imogenologia Bucomaxilofacial da Faculdade de Odontologia da Universidade Metodista de São Paulo. **** Professor e Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Odontologia, área de concentração em Ortodontia e diretor da Faculdade de Odontologia da Universidade Metodista de São Paulo. 48 • Revista Odonto • Ano 14, n. 27/28, jan. dez. 2006, São Bernardo do Campo, SP, Metodista JÓIAS, R. P.; SIQUEIRA, D. F.; SANNOMIYA, E. K.; SCANAVINI, M. A. INTRODUÇÃO O crescimento ósseo deve ser avaliado para que um tratamento ortodôntico/ortopédico possa ser planejado e indicado adequadamente. No surto de crescimento da adolescência, que se estende por aproximadamente 24 meses e que pode ser aproveitado para reduzir o tempo de tratamento ativo, bem como para obter respostas mais favoráveis aos recursos ortopédicos aplicados, ocorrem mudanças das dimensões faciais relevantes para o ortodontista7. Dentre as maneiras de determinação deste crescimento há a idade cronológica, cuja confiabilidade não é parâmetro em sua totalidade, pois, embora os eventos físicos de crescimento ocorram em uma seqüência razoavelmente constante, a idade em que eles se manifestam varia consideravelmente de criança para criança; e a idade biológica, mais precisa, quando se utiliza a idade óssea, um meio idôneo de descrever os estágios de maturação de uma pessoa, pois otimiza as variações individuais ao longo do tempo e a duração e velocidade do crescimento11 . Dentre os métodos radiográficos preconizados para a verificação da idade óssea de um indivíduo e que observam o osso sesamóide, há as radiografias carpal e periapical do polegar. Essas radiografias oferecem ao ortodontista alguns dados, que quando bem interpretados, podem fornecer a idade óssea do paciente, traduzindo seu estágio de desenvolvimento. Há vasta literatura descrevendo a radiografia carpal, entretanto, o acesso à obtenção da idade esquelética por meios mais simplificados também tem sido difundido. A radiografia periapical do polegar foi descrita como um método confiável e mais simples do que o anterior, pois nela são analisados apenas dois centros de ossificação: a fusão da epífise e diáfise da falange proximal do primeiro dedo e o aparecimento e calcificação do osso sesamóide ulnar3, 7, 11, 12. Outra vantagem importante desta técnica é a facilidade, pois pode ser operada pelo ortodontista em seu próprio consultório. Dada a devida importância desse osso para determinação da idade óssea na indicação de tratamentos ortopédicos, é importante saber se há possibilidade de sua agenesia, hipótese que, caso validada, incorreria em reconsiderações a respeito da maneira de utilização desses métodos de predição de crescimento. REVISÃO DE LITERATURA BOWDEN 2 (1971) avaliou o aparecimento do osso sesamóide, como indicador da puberdade, em 112 indivíduos australianos. Constatou que o surgimento do osso estava relacionado com o surto de crescimento puberal em ambos os sexos, sendo que no feminino, também havia relação com o aparecimento do osso pisiforme, o pico de velocidade de crescimento puberal e a menarca. CHAPMAN3, em 1972, desenvolveu o primeiro estudo descrevendo o uso da radiografia periapical do polegar. Afirmava que o osso sesamóide surgia ao longo do desenvolvimento da articulação metacarpofalangeana do primeiro dedo e, que a ossificação do adutor iniciava concomitantemente ao surto de crescimento da adolescência e era concluída ao o fim dele. MARTINS e SAKIMA8 (1977) analisaram os centros de ossificação identificados na radiografia de mão e punho para determinar o momento do surto de crescimento puberal (SCP) em que o indivíduo se encontrava. A análise baseou-se na quantidade de calcificação da cartilagem de crescimento localizada entre a epífise e a diáfise dos ossos longos, até que ocorresse a união da epífise à diáfise. Os autores chamaram esse grau de ossificação da cartilagem de crescimento de estágio epifisário e verificaram seu acontecimento, primeiramente, nas falanges distais, depois nas proximais e, por último, nas médias. DEMIRJIEN et al.5 (1985) avaliaram a interrelação entre diferentes indicadores de crescimento: somáticos, esqueléticos, dentais e sexu- Revista Odonto • Ano 14, n. 27/28, jan. dez. 2006, São Bernardo do Campo, SP, Metodista • 49 Osso sesamóide ulnar: é possível haver agenesia? ais. Os autores constataram que 75% da maturação esquelética verificada por meio da menarca, da velocidade do pico de crescimento, da maturidade esquelética e do desenvolvimento dentário estavam relacionadas ao surgimento e calcificação do osso sesamóide. A análise dos centros de ossificação do primeiro, segundo e terceiro dedos é tão eficiente quanto à dos trinta centros de ossificação da mão (radiografia carpal). Nesse estudo, LEITE; O’REILLY; CLOSE7 (1987) observaram dois importantes marcadores do crescimento ósseo visíveis nesse método: o osso sesamóide e a epífise e a diáfise da falange proximal do primeiro dedo. Estudando a determinação da idade óssea e o potencial de crescimento remanescente de um paciente com Classe II esquelética, SILVA FILHO; VALLADARES NETO; FREITAS11 (1989) propuseram um método alternativo, prático e simplificado de avaliação da idade óssea, por meio de uma radiografia periapical da região metacarpofalangeana do primeiro dedo (radiografia periapical do polegar). Nesse método de avaliação da idade óssea, desenvolveram uma metodologia que preconizava, para uma tomada radiográfica de ótima qualidade do primeiro dedo, o uso de um anteparo de madeira, filme de tamanho nº 2, cone longo, tempo de exposição de 0,9s e aparelho de raios-x calibrado a 50Kvp e 10mA. Ao estudar a maturação esquelética de crianças brasileiras, leucoder mas, de 8 a 15 anos, TIBÉRIO; VIGORITO15 (1989) propuseram uma relação do início do surto e do pico de crescimento puberal com os estágios de desenvolvimento dos ossos pisifor me, ganchoso e falanges média e proximal dos dedos 2 e 3. Os resultados obtidos apontaram que o início do surto de crescimento da adolescência teve início, em ambos os sexos, com a equivalência das falanges média e proximal dos dedos 2 e 3; e que o pico de crescimento iniciava com o aparecimento do osso pisiforme. 50 • Revista Odonto • Ano 14, n. 27/28, jan. dez. 2006, Para avaliar a eficiência do método de predição de crescimento por eles mesmos preconizado em 1989, SILVA FILHO; SAMPAIO; FREITAS 12 em 1992, utilizaram o Atlas de Greulich & Pyle como referência para 4 examinadores determinarem a idade óssea de 100 pacientes, comparando a radiografia carpal e a periapical do polegar. Os resultados das análises estatísticas apontaram a confiabilidade e possibilidade de utilização da periapical do polegar como meio auxiliar para o diagnóstico ortodôntico, em alternativa à radiografia carpal, na determinação do estágio maturacional do paciente que seria submetido a tratamento ortodôntico. FRANCO et al. 6 (1996) propuseram-se a determinar a época da maturação esquelética por meio de radiografias carpais. Devido à preocupação do ortodontista atual em estabelecer paralelos entre a idade cronológica e a biológica, os autores, através de uma revista da literatura, sugeriram as radiografias como meio de análise, pois essas revelam a condição dos ossos, dos quais depende o crescimento físico. As ra diografias da mão são uma possibilidade viável, pois não oferecem desconforto ou risco ao paciente, são simples e a zona é de fácil acesso. Os autores destacaram a importância da análise dos centros de ossificação ou fases de desenvolvimento epifisário em determinados ossos da mão, ao invés da utilização de Atlas, pois assim, o ortodontista poderia identificar o nível de maturação esquelética do seu paciente de forma direta, em relação ao início, ao pico ou ao término do surto de crescimento puberal. Observaram que a ossificação do sesamóide ulnar e as alterações epifisárias ocorridas nas falanges digitais, representam um importante indicador da maturação esquelética e permitem um planejamento de tratamento preciso pelo ortodontista. Sugeriram a radiografia periapical do polegar como meio de observação dessas entidades ósseas. Os autores concluíram que: 1) a maturação São Bernardo do Campo, SP, Metodista JÓIAS, R. P.; SIQUEIRA, D. F.; SANNOMIYA, E. K.; SCANAVINI, M. A. óssea é um dado radiográfico útil, prático, viável e de grande aplicação clínica em Ortodontia para a determinação do estágio de desenvolvimento do indivíduo; 2) que o surto de crescimento puberal varia muito de indivíduo para indivíduo, tanto em termos de idade cronológica e ocorrência, como em magnitude e duração; 3- que a ossificação do sesamóide ulnar da articulação metacarpofalangeana do dedo polegar é um guia de maturação física que pode ser utilizado como indicador do início do surto de crescimento puberal, que ocorre na faixa etária entre 11 e 12 anos no sexo masculino e 10 e 11 no feminino; 4que, de um modo geral, a igualdade de largura entre epífises e diáfises das falanges indica o início do surto de crescimento puberal, que o capeamento epifisário nestes ossos indica o momento do pico de velocidade de crescimento e que a união epifisária indica o final do surto. Na análise da radiografia carpal, o surgimento do osso sesamóide ulnar indica fenômenos importantes.9 Sua ossificação inicia-se em forma de amêndoa, entre a distal do metacarpo 1 e a epífise da falange proximal do polegar (articulação metacarpofalangeana do polegar). Sua calcificação começa 6 meses após o início do surto de crescimento puberal (SCP) e termina com o início da união epífise-diáfise da falange proximal do polegar. Os primeiros sinais de ossificação aparecem nas diferentes raças, em média, entre 10 e 12 anos nos indivíduos do sexo feminino e entre 12 e 15 anos nos do sexo masculino. O sesamóide ulnar nunca surge após o pico de velocidade de crescimento puberal (PVCP) e sua imagem radiográfica com contornos nítidos indica que o PVCP já ocorreu e, portanto o crescimento futuro será progressivamente menor em velocidade. ABDEL-KADER 1 (1999) avaliou a confiabilidade e a qualidade das radiografias digitais quando utilizadas para analisar o crescimento esquelético por meio da visualização do osso sesamóide ulnar (periapical do polegar) e dos estágios da falange média do terceiro dedo. Seus resultados indicaram imagens sem distorções e com bom contraste. Entre as vantagens desse método, destacou a possibilidade de fazer mensurações nas imagens, visualizá-las em diversos tamanhos (zoom) e compará-las com outras imagens do mesmo ou de outros pacientes. SANTOS; ALMEIDA10, em 1999, analisaram a confiabilidade da utilização de métodos de determinação da idade esquelética por meio das alterações morfológicas das vértebras cer vicais quando comparados aos eventos de ossificação que ocorrem na região de mão e punho. A amostra foi composta por 77 telerradiografias em norma lateral e 77 carpais de pacientes de ambos os sexos, com faixa etária variando dos 8 anos e 5 meses aos 16 anos e 5 meses, todas avaliadas por 6 examinadores. Os autores verificaram e relataram que ambos os métodos de predição de crescimento são confiáveis quando utilizados separadamente e que a correlação entre as técnicas é positiva. Considerando a importância do crescimento craniofacial e sua inter-relação com os estágios de maturação esquelética e visando o diagnóstico ortodôntico SIQUEIRA et al. 13 (1999) descre veram dois métodos de avaliação da maturidade esquelética do paciente (radiografia carpal e periapical do polegar). Os autores detalharam os métodos de utilização da radiografia carpal descritos por diversos autores, e destacaram que na impossibilidade de se obter uma radiografia carpal, que analisa 30 centros de ossificação, a radiografia periapical do polegar, que analisa apenas dois, poderia ser um recurso confiável. Independentemente do meio utilizado, os autores destacaram a relevância de conhecer-se o estágio de maturação óssea apresentada pelo paciente no momento do tratamento ortopédico-funcional dos maxilares que visa intervir nas más oclusões caracterizadas por discrepâncias esqueléticas. SOUZA14 em 2001, por meio de revisão de literatura, em estudo que correlacionou os estágios de mineralização dentária e o crescimento Revista Odonto • Ano 14, n. 27/28, jan. dez. 2006, São Bernardo do Campo, SP, Metodista • 51 Osso sesamóide ulnar: é possível haver agenesia? esqueletal, através da curva de crescimento observada a partir de radiografias de mão e punho, indicou o sesamóide ulnar da articulação metacarpofalangeana do polegar como o único centro de ossificação consistente na mão que aparece próximo à puberdade. O início da ossificação do sesamóide coincide com o início do surto de crescimento puberal em altura e cresce ao longo da curva ascendente de crescimento anunciando também a proximidade da aceleração máxima de crescimento puberal. O aparecimento do sesamóide ulnar do polegar coincide com o pico de velocidade de crescimento, sendo que o osso nunca surge após o pico. Sua imagem radiográfica com contornos nítidos indica que o pico de velocidade de crescimento puberal já ocorreu e que o crescimento futuro será progressivamente menor. CARINHENA (2006)4 comparou métodos de predição de crescimento baseados em radiografias carpais e telerradiografias em norma lateral, utilizando uma amostra de 36 radiografias de cada tipo de 72 indivíduos portadores de Síndrome de Down. Concluiu que há concordância entre os métodos avaliados e que são confiáveis para aplicação clínica. PROPOSIÇÃO Avaliar a possível agenesia do sesamóide ulnar, que caso confirmada, incorreria em reconsiderações na utilização da radiografia periapical do polegar como método de predição de crescimento. MATERIAIS E MÉTODO 1 – Amostra A amostra utilizada para a presente pesquisa foi composta por 100 radiografias periapicais do polegar (PP). Inicialmente, foi feita uma radiografia de cada paciente e, nos casos de dúvida durante a análise ou suspeita de erro de técnica, foram realizadas novas radiografias. Os indivíduos da amostra, selecionados dentre os alunos, professores e funci- 52 • Revista Odonto • Ano 14, n. 27/28, jan. dez. 2006, onários do curso de graduação em Odontologia e Pós-graduação em Ortodontia da Universidade Metodista de São Paulo, campus Rudge Ramos, apresentavam o crescimento ósseo completo e estavam dispostos a colaborar com a pesquisa. 2 – Obtenção das radiografias Foi realizada uma radiografia do tipo periapical do polegar de cada paciente da amostra, totalizando 100 radiografias (Figura 1). Um único operador do centro de Radiologia da Faculdade anteriormente citada, devidamente calibrado, realizou as radiografias, sendo supervisionado por um dos autores desta pesquisa. 2.1 – Radiografia periapical do polegar Para a obtenção das PP, a metodologia descrita por SILVA FILHO; VALLADARES NETO; FREITAS11 (1989) foi adotada, com uma única variação no Kvp: munido de proteção com avental plumbífero, o paciente foi posicionado com a mão esquerda espalmada aberta e com os dedos separados, apoiados em um anteparo de madeira posicionado em direção horizontal; o filme foi colocado entre a mão e o anteparo, centralizado na altura da articulação metacarpofalangeana do primeiro dedo, com o longo eixo paralelo ao longo eixo do dedo e com o picote voltado para a distal e para o lado do dedo; a distância foco-filme foi praticamente inexistente; a incidência dos feixes de raios-x, perpendicular ao plano do filme e direcionada para o centro; foi utilizado o cone longo (40cm), 10mA, 70Kvp e tempo de exposição de 0,9 seg.; e as películas radiográficas foram processadas de forma automática. 3 – Análise radiográfica As radiografias periapicais do polegar foram analisadas sobre um negatoscópio, em sala escurecida, para a verificação da presença ou ausência do osso sesamóide ulnar. As radiografias nas quais se suspeitou da ausência do referido osso, foram repetidas, para que confirmassem a São Bernardo do Campo, SP, Metodista JÓIAS, R. P.; SIQUEIRA, D. F.; SANNOMIYA, E. K.; SCANAVINI, M. A. agenesia ou indicassem o erro de técnica nas radiografias anteriores (Figura 2 – A e B). FIGURA 1 – Radiografia periapical do polegar RESULTADOS E DISCUSSÃO FIGURA 2 – radiografias periapicais do polegar; em A não se observou o osso e, em B, confirmou-se sua presença. Para o diagnóstico ortodôntico existem inúmeros métodos de predição de crescimento baseados na verificação da idade esquelética dos pacientes que serão submetidos a tratamentos. A radiografia carpal consiste em um método largamente utilizado, pois é rica em centros de análise óssea (30 centros) e já vem sendo difundida há anos. A análise por meio das vértebras cervicais, utilizando a telerradiografia em norma lateral, também indica um meio de predição de crescimento válido; essa radiografia já consta na documentação ortodôntica e não implica em mais radiação e transtornos ao paciente, no que tange ao seu deslocamento até o instituto de radiologia para sua realização. Diversos autores contribuíram para a literatura apresentando e estudando indicadores de maturação óssea que podem auxiliar o diagnóstico e os procedimentos ortodônticos. Os métodos de predição de crescimento baseados na análise de um considerável número de estruturas ósseas, a exemplo da radiografia carpal, utilizada nas pesquisas de CARINHENA4, LEITE; O’REILLY; CLOSE 7, MARTINS e SAKIMA 8, SANTOS e ALMEIDA10 , SIQUEIRA et al. 13 , TIBÉRIO e VIGORITO15 mostraram-se eficazes. CARINHENA4 e SANTOS e ALMEIDA10 compararam os eventos de maturação esquelética obser vados na radiografia carpal e na telerradiografia em norma lateral. CARINHENA4 verificou a confiabilidade dos métodos e, como importante indicador no SCP, apontou o osso sesamóide ulnar. SANTOS e ALMEIDA10 observaram que as técnicas são confiáveis quando utilizadas isoladamente e que a associação entre ambas é positiva. LEITE; O’REILLY; CLOSE7 e TIBÉRIO e VIGORITO15 estudaram marcadores de crescimento utilizando a radiografia carpal, porém considerando apenas os centros de ossificação de alguns dedos; desta maneira, LEITE; O’REILLY; CLOSE 7 puderam validar a utilização do osso sesamóide ulnar como um importante marcador de crescimento. MARTINS e SAKIMA8 avaliaram o momento do SCP por meio de radiografias carpais. Entre os centros de ossificação observados, citaram a calcificação do osso sesamóide ulnar. SIQUEIRA et al.13 indicaram o uso da radiografia carpal para o planejamento em Ortodontia e Revista Odonto • Ano 14, n. 27/28, jan. dez. 2006, São Bernardo do Campo, SP, Metodista • 53 Osso sesamóide ulnar: é possível haver agenesia? da periapical do polegar na impossibilidade de se conseguir a primeira. Dentre os autores anteriormente citados, podese observar uma concordância quanto à eleição do osso sesamóide ulnar com importante indicador de crescimento na puberdade. Esse osso da articulação metacarpofalangeana do polegar é o único centro de ossificação consistente na mão que aparece próximo à puberdade. O início da ossificação do sesamóide coincide com o início do surto de crescimento puberal em altura, sendo que este cresce ao longo da curva ascendente de crescimento, anunciando também a proximidade da aceleração máxima de crescimento puberal. Sua imagem radiográfica com contornos nítidos indica que o pico de velocidade de crescimento puberal já ocorreu e que o crescimento futuro será progressivamente menor. Baseados nessa premissa, autores discorreram estudos a respeito desse osso14. BOWDEN2 comprovou que o osso tem relação com o surto de crescimento puberal e CHPMAN3, discorreu um primeiro estudo com radiografias periapicais do polegar no qual indicou a localização do sesamóide ulnar e a importância da sua calcificação durante o SCP. SILVA FILHO; VALLADARES NETO; FREITAS11,12 propuseram uma metodologia para a utilização da radiografia periapical do polegar (método mais simplificado para obtenção da idade esquelética, por meio da análise de apenas alguns ossos da mão) e compararam esta com radiografias carpais e comprovaram, que embora mais simplificada a periapical do polegar oferecia centros de ossificação com parâmetros igualmente confiáveis aos da carpal. Desta maneira, a utilização da radiografia periapical do polegar tornouse uma alternativa viável. 54 • Revista Odonto • Ano 14, n. 27/28, jan. dez. 2006, Na atual pesquisa, dentre as 100 radiografias periapicais do polegar que compunham a amostra, 98 apresentaram o sesamóide ulnar; nas demais, não foi possível a visualização. As radiografias que permitiram dúvida na interpretação da análise, quanto à agenesia ou ao erro de técnica, foram repetidas nos 15 dias seguintes à obtenção da primeira. Após a repetição dessas radiografias, descartou-se a possibilidade de agenesia, e o erro de técnica na primeira película foi confirmado com a presença do referido osso na segunda parte da amostra. Estes resultados corroboram os achados de FRANCO et al. 6, MERCADANTE 9 e SOUZA 14, que concluíram que o osso sesamóide ulnar é um excelente guia de maturação física e pode indicar fenômenos importantes, como o início do SCP. Como descrito anteriormente, a metodologia utilizada neste estudo foi descrita por SILVA FILHO; VALLADARES NETO; FREITAS 11 (1989), porém ABDEL-KADER1 veio, por meio de um estudo baseado em uma tecnologia atual (imagem digital), enriquecer a literatura e perpetuar o uso das radiografias periapicais do polegar. O autor propôs a radiografia periapical do polegar digital, enumerando como vantagens dessa técnica a possibilidade de trabalhar com zooms diversos e comparar as imagens de um mesmo paciente ou entre pacientes. CONCLUSÃO De acordo com a metodologia empregada e os resultados obtidos (presença do osso em 100% da amostra), julga-se lícito concluir que o osso sesamóide ulnar é estável e não apresenta agenesia. São Bernardo do Campo, SP, Metodista JÓIAS, R. P.; SIQUEIRA, D. F.; SANNOMIYA, E. K.; SCANAVINI, M. A. REFERÊNCIAS 1. ABDEL-KADER, H. M. The potential digital dental radiography in recording the adductor sesamoide and the MP3 stages. British J Orthod, v. 26, p. 291-3, 1999. 2. 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