Apolo - O Mensageiro do CEAAL - Outono 2017

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Publicação Trimestral
Março 2017 – Ano 2 – Nº 3
Apolo
O Mensageiro do Centro de Estudos Astronômicos de Alagoas
Constelação da Estação
Confira, na página 6, a constelação
do Leão.
TRAPPIST-1: Este pequeno sistema solar tem 7 planetas do
tamanho da Terra … e é possível que sejam habitáveis!
Na página 7, veja os detalhes desta incrível descoberta fruto de uma intensa cooperação
internacional envolvendo cientistas da ESO, NASA, Universidade de Liège e outras instituições.
Efemérides da Estação
Editorial - por David Duarte
No princípio do ano, uma descoberta científica ressoou com veemência nos meios de
comunicação de massa, talvez devendo-se ao fato de que a divulgação científica
evoluiu ao ponto do êxito em tornar a população leiga consciente do potencial que
descobertas do tipo têm de, intensamente, afetar nossa civilização. Precisamente, no
dia 22 de fevereiro de 2017, a revista Nature publicou o artigo que descreve o achado
da cooperação internacional liderada pelo ESO (Observatório Europeu do Sul) e pela
NASA. Pesquisadores de tais órgãos – em reta observância ao método científico –
apuraram que a estrela Trappist-1 rege gravitacionalmente um sistema planetário
complexo e numeroso, de sete planetas, estando ao menos três deles em sua “zona
habitável” (intervalo de distância à estrela em que o planeta pode apresentar água, se a
tiver, em estado líquido à superfície).
Embora talvez não tão significativa quanto a descoberta do primeiro planeta a orbitar
uma outra estrela, e certamente não tão célebre quanto a possível descoberta futura de
vida (e vida inteligente) com origem extraterrena, tal verificação empresta certa
relevância, como se num prenúncio, da última. Não obstante as dimensões
consideravelmente inferiores de Trappist-1 em relação ao Sol – sendo ela do tipo “anã
vermelha”, destinada a viver por trilhões de anos até que cesse sua estabilidade e se
inicie a sequência de eventos que a levará à morte – seu sistema guarda semelhanças
com o nosso, notadamente, o tamanho dos planetas, o número total de planetas, de
rochosos e dos que estão em zona habitável, sendo tal conjunto de fatores suficiente
para ensejar a perspectiva de que estamos cada vez mais próximos da possível futura
descoberta supramencionada, cujo mero ponderar é aterrador para uns, magnífico
para outros, e solene para a maioria.
Contudo, por ora, segundo o presente conhecimento científico, somos a única espécie
a deter o conjunto de propriedades cognitivas que definem a inteligência, uma noção
com uma lição subjacente fomentada pela Astronomia, na medida em que nos convida
a perceber quão rara e preciosa é a nossa consciência, tanto a coletiva quanto a de
cada indivíduo, que é capaz de conter um universo inteiro na mente, vislumbrando
sonhos e comunicando arte, fé, ciência, filosofia, amor. (Continua na próxima página).
1
Ainda na página 6, veja as
efemérides da estação e prepare
seu programa de observação!
Ações de Outono do CEAAL
Na página 3, você encontra a
nossa programação completa para
o segundo trimestre do ano!
Eclipse Solar Total 2019
Na página 5, veja como o CEAAL
está se preparando para ir ao
Chile e acompanhar o evento.
Tal entendimento, quando amplamente absorvido, engrandece o valor da vida humana e nos impele, no mínimo, a
exercer cordialidade, tolerância e convivência pacífica entre indivíduos e nações. Adiante, refiro-me a algumas das
mentes que se dedicaram a imortalizar reflexões nesse sentido. C.S. Lewis, em “O Peso de Glória”, nos ensina, sob o
prisma cristão, que “não há pessoas ordinárias… depois dos elementos da ‘Ceia do Senhor’, nosso próximo é o objeto
mais sagrado diante de nossos sentidos”, e que a ele devemos dispensar “amor verdadeiro e caro”. Argumento análogo
observamos na prosopopeia de “O Pequeno Príncipe”, em que, apesar de anteriormente ter o hábito de contemplar a
beleza dos campos de trigo, a Raposa, após adquirir a amizade do protagonista, contemplará, nos mesmos campos de
trigo, algo ainda mais importante para si, os cabelos dourados de seu amigo, e dele se lembrará. Erasmo, em “Elogio
da Loucura”, argumenta que não há maior prazer na vida que aqueles encontrados nas relações humanas, ao ponto de
fazer, por exemplo, que amigos amem defeitos uns nos outros como se fossem virtudes. Encerro com a declaração de
Carl Sagan, de contexto astronômico: “na vastidão do espaço e na imensidão do tempo, é um prazer para mim dividir
um planeta e uma época com você”.
Relato das atividades do CEAAL
(Janeiro-Fevereiro-Março 2017)
Na Sexta, dia 10/02, na Usina Ciência, nos reunimos
para observar o Eclipse Penumbral da Lua. Usamos dois
telescópios para esse acontecimento e, um bom grupo
de sócios e visitantes se fez presente.
Começamos o ano de 2017 com nosso tradicional Assim
se Vai aos Astros, no dia 05/01, na bela orla de Maceió,
no Alagoinhas, aonde levamos telescópios para o povo
observar a Lua e outros astros gratuitamente. Várias
pessoas puderam contemplar as belezas do Universo
conosco.
No dia 11/02, tivemos nossa primeira Palestra da Lua
Cheia (PLC) de 2017. Foi uma integração do CEAAL
com o Clube de Astronomia Valentina Tereshkova
(CAVT) da Escola Estadual Muniz Falcão, de
Cacimbinhas, e a Sociedade Astronômica Galileu
Galilei (SAGG), da Escola Estadual Cônego José
Bulhões, de Dois Riachos. O tema foi: Cinturão de
Asteroides, seus corpos principais e observações dos
clubes de Astronomia de Alagoas do Asteroide Vesta.
Palestrantes: Romualdo Arthur Alencar Caldas
(CEAAL), Jenivaldo Amorim (CAVT) e André Pereira
(SAGG). Foi uma PLC de alto nível, com um bom
público presente e concluída com muito sucesso.
Ainda em Janeiro, entramos na campanha para observar
o Asteroide Vesta através de observações telescópicas e
fotografias em nossa sede na Usina Ciência. Vários
visitantes compareceram nas noites de sábado para
observar e aprender como tirar fotos do céu.
Sócios e visitantes observam o eclipse penumbral lunar
E, no dia 26/02, tivemos um Eclipse Parcial do Sol (25%)
aqui em Maceió. Nos reunimos na Usina Ciência e,
após uma maciça divulgação nos meios sociais, uma
visitação recorde de cerca de 80 pessoas, que afluiram
para nossa sede a partir das 10:00 da manhã. Vários
sócios compareceram (21) e cerca de 7 telescópios
ficaram disponíveis para nossos visitantes observarem
com total segurança o evento. Explicamos os perigos da
observação solar e como proteger a visão das pessoas.
Encerramos as atividades deste evento às 14:00.
Todas os sábados de janeiro, à noite, abrimos o CEAAL
para observações públicas. Em fevereiro, nosso Assim se
Vai aos Astros foi na praça do Bicentenário, no Conjunto
José Tenório, no dia 07/02, das 19:00 às 21:30.
Novamente, muitas pessoas compareceram para
observar a Lua e alguns aglomerados abertos.
2
Relato das atividades do CEAAL
(Janeiro-Fevereiro-Março 2017)
(Continuação)
AÇÕES DE OUTONO DO CEAAL:
Abril
01/04/2017
04/04/2017
07/04/2017
08/04/2017
Movimentado Eclipse Solar
15/04/2017
21/04/2017
22/04/2017
29/04/2017
30/04/2017
Registro fotográfico do fenômeno, por Pedro Henrique e
David Duarte, sócios do CEAAL
Início do XLI CIAST;
Observações Públicas - Início
do Mês Global da Astronomia
Sic Itur Ad Astra
Dia Mundial da Astronomia;
Oposição de Júpiter
XLI CIAST;
Palestra da Lua Cheia;
Observações Públicas
XLI CIAST;
Observações Públicas - Regulus
a 2,3° ao norte da Lua
I Encontro Alagoano de Fotografia
Astronômica (de 21 a 23/04)
Dia da Terra;
39º Aniversário do CEAAL
XLI CIAST;
Observações Públicas
Encerramento do Mês Global da
Astronomia - GAM 2017
Maio
Lembrando que abrimos todos os sábados à noite,
para observação pública gratuita.
Em Março, até o dia 20/03, o CEAAL realizou
Seminário de Estrelas Variáveis para sócios e
pessoas que já fizeram nosso Curso de Iniciação à
Astronomia (Ciast) ou similar, de outras entidades,
nos dias 04/03 e 11/03 das 16:00 às 18:00. Aulas
teóricas e práticas de observação com binóculo.
04/05/2017
06/05/2017
13/05/2017
20/05/2017
25/05/2017
27/05/2017
Sic Itur Ad Astra
XLI CIAST;
Observações Públicas
Término do XLI CIAST;
Palestra da Lua Cheia;
Observações Públicas
Assembleia Geral Ordinária;
Observações Públicas
Dia do Mourão
Observações Públicas
Junho
01/06/2017
03/06/2017
Sócios no seminário de estrelas variáveis
Fizemos nossa Palestra da Lua Cheia no dia 11/03,
quando homenageamos o sexo feminino com o
tema “Mulheres na Astronomia”. Palestrante:
Betânia Pereira, que iniciou sua fala às 20 h.
Lembramos que fizemos, ainda, observações
noturnas todos sábados do mês, em nossa sede.
10/06/2017
Por Romualdo Arthur – membro e Presidente do CEAAL
24/06/2017
30/06/2017
15/06/2017
17/06/2017
21/06/2017
3
Sic Itur Ad Astra
I Seminário sobre Trânsitos e
Ocultações;
Observações Públicas
Palestra da Lua Cheia;
Observações Públicas
Oposição de Saturno
Observações Públicas
Solstício de Inverno - 01:24
(horário local);
Lançamento de edição do Apolo
Observações Públicas
Dia Mundial do Asteroide
qualidade da imagem usando óptica adaptativa e
adaptado para empregar uma técnica chamada coronografia para reduzir a luz estelar e, assim, revelar o
possível sinal de potenciais planetas terrestres. A
Breakthrough Initiatives pagará por uma grande fração
das tecnologias necessárias e os custos de
desenvolvimento para tal experiência, eo ESO fornecerá
as capacidades de observação necessárias e tempo.
Buscando por planetas no Sistema Alfa
Centauri
O ESO assinou um acordo com a organização Breakthrough Initiatives (http://breakthroughinitiatives.org/)
para adaptar o Very Large Telescope (VLT), no Chile,
para conduzir a busca por exoplanetas no sistema estelar
mais próximo da Terra: o Sistema Alfa Centauro. Tais
planetas podem ser alvos de um eventual lançamento de
pequenas sondas espaciais pela Breakthrough Starshot
initiative.
O acordo provê fundos para o instrumento VISIR (VLT
Image rand Spectro meter for mid-Infrared), montado no
Telescópio do ESO, Very Large Telescope (VLT), para ser
modificado a fim de reforçar, enormemente, sua
habilidade de procurar planetas potencialmente
habitáveis em torno do sistema alfa centauri, o mais
próximo de nós. O acordo também fornece tempo extra
ao Telescópio para permitir um minucioso programa de
busca, a a ser conduzido em 2019.
A descoberta em 2016 de um planeta, Proxima b, ao redor
de Proxima Centauri, a terceira e mais débil estrela do
sistema Alfa Centauri, soma e amplia os ímpetos para
essa busca.
Saber onde os exoplanetas estão é um parâmetro de
interesse para a Breakthrough Starshot, um programa de
pesquisa e engenharia, lançado em abril de 2016, que
pretende demonstrar e provar o conceito de “ultra
velozes ‘nanonaves’ impulsionadas por luz”. Lançando as
bases para o primeiro lançamento para Alpha Centauri
dentro de uma geração.
Detectar um planeta habitável é um enorme desafio
devido ao brilho da estrela que hospeda o sistema
planetário, que tende a ofuscar o reflexo de planetas
relativamente tênues. Um modo de tornar isso mais fácil
é observar no comprimento de onda do infravermelho
médio, onde o brilho térmico de um planeta em órbita
reduz, consideravelmente, a discrepância de brilho entre
o planeta e sua estrela-mãe. Mas mesmo no meio do
infravermelho, a estrela permanece milhões de vezes
mais brilhante do que os planetas a serem detectados, o
que exige uma técnica dedicada para reduzir a forte luz
estelar.
O existente instrumento de infravermelho médio (VISIR)
no VLT irá proporcionar esse desempenho se for
melhorado significativamente a
Visão artística do Exoplaneta Proxima Centauri b
O novo hardware inclui um módulo de instrumento
contratado pelo Kampf Telescope Optics (KTO), de
Munique, que hospedará o sensor de frente de onda, e um
noviço dispositivo de calibração de detector. Somando-se
a isso, há planos para um novo coronógrafo, a ser
desenvolvido juntamente com a Universidade de Liège
(Bélgica) e a Universidade de Uppsala, Suécia.
Detectar e estudar potenciais planetas habitáveis
orbitando em outras estrelas, será uma das principais
metas científicas do próximo European Extremely Large
Telescope (E-ELT). Embora o tamanho aumentado do EELT seja essencial para a obtenção de uma imagem de
um planeta em distâncias maiores na Via Láctea, o poder
de coleta de luz do VLT é suficiente para a imagem de um
planeta em torno da estrela mais próxima, Alfa Centauri.
O desenvolvimento do VISIR também será útil para o
futuro instrumento METIS, a ser montado no E-ELT, pois
o conhecimento adquirido e a prova de conceito serão
diretamente transferíveis. O enorme tamanho do E-ELT
deve permitir METIS detectar e estudar exoplanetas do
tamanho de Marte orbitando Alpha Centauri, se
existirem, bem como outros planetas potencialmente
habitáveis em torno de outras estrelas próximas.
Artigo
obtido
em:
https://www.sciencedaily.com/releases/2017/01/17011213073
6.htm
Tradução e adaptação: Romualdo Arthur
Expedição Eclipse Solar Chile - Argentina Julho 2019
O CEAAL, desde o seu início, em 1978, sempre se destacou em acompanhar e divulgar ao público, os fenômenos
celestes. Já presenciamos vários eclipses solares parciais, lunares penumbrais, parciais e totais, ocultações de planetas
ou estrelas pela Lua, ocultações de estrelas por objetos transnetunianos, trânsitos de Mercúrio e Vênus pelo disco do
Sol, vários cometas como o Halley, o Hale Bopp, o Hyakutake e tantos outros. Isso faz parte da História do CEAAL e
muito nos deixa felizes por ter participado desses eventos em prol do CEAAL e da divulgação da Astronomia para
nosso povo.
Agora, vamos propor um desafio novo, algo que o CEAAL nunca fez... Algo que podemos achar muito difícil, a priori,
mas não é impossível.
Deixe-me explicar: que tal o CEAAL (aberto a outros grupos de Astronomia de Alagoas, se quiserem participar
conosco) realizar uma excursão astronômica? Para o Chile ou Argentina no começo de Julho de 2019? Basta
organizarmos, a partir de agora, março de 2017, e fazermos um planejamento meticuloso desta jornada. Lembro que, em
02/07/2019, haverá um eclipse solar cuja faixa de totalidade passará pelo norte do Chile e Oeste da Argentina.
4
Este Eclipse não será visível de Maceió. Então… uma
oportunidade de ouro para observarmos um eclipse total
do Sol, um dos fenômenos mais empolgantes da natureza.
Mas como ir? Primeiro, sugiro aos interessados fazerem, a
partir de agora, todo mês, uma poupança de, digamos, R$
100,00 ou 200,00.
Serão 27 meses de poupança o que ajudará em nossa
estada em Terras Chilenas (Região de La Serena,
Coquimbo e Vicuña, que ficam relativamente próximas do
Hotel Hacienda Los Andes) ou a Argentina.
Minha preferência pessoal é pelo Chile por causa de seus
céus famosos e pelas excursões astronômicas que poderemos fazer, antes e depois do Eclipse.
Devemos nos dedicar e criar uma comissão para este empreendimento do CEAAL. Procurar informações valiosas de
quem já realizou algo semelhante: como o Clube de Astronomia de Brasília (CasB), que já fez várias excursões muito
mais complicadas em seu trajeto do que essa do Chile-Argentina, para a qual, através deste artigo e de nossa
assembleia do mês passado, fevereiro de 2017, incitei o grupo a debater sobre este tema.
Realizaremos a logística da expedição: Quantas pessoas do CEAAL ou de outros grupos se predispõem a ir?
Passagens de avião, traslados da Capital do Chile para a região da totalidade ao norte; Hotéis (quem sabe aqueles que
são preparados para o turismo astronômico? etc. Então? Vamos encarar este desafio?
Por Romualdo Arthur – membro e Presidente do CEAAL
O caso dos vulcões desaparecidos de Ceres
É o solitário Crio, vulcão de Ceres, verdadeiramente único nesse mundo, ou seus similares simplesmente se achataram
com o transcorrer das eras?
Em 2015, a espaçonave da Nasa, Dawn,
descobriu uma alta montanha solitária, de
cerca de 4 km de altura, no planeta-anão
Ceres. Identificado como um crio-vulcão,
cuja erupção é à base de gelo e gases
voláteis, ao contrário de nossos vulcões
terrestres que liberam lava, Ahuna Mons
é magnífico, porém sozinho na superfície
de Ceres. Agora, contudo, cientistas dizem
que Ceres pode ter sido lar de muitos de
tais vulcões gelados no passado, podendo
ter havido um desaparecimento lento
destas estruturas, o que deixou Ahuna
Mons como a única característica restante
da atividade geológica recente.
Michael Sori, do departamento de Ciências Lunares e Planetárias da Universidade do Arizona, de Tucson, é o principal
autor de um novo artigo aceito para publicação no jornal da American Geophysical Union, Geophysical Research
Letters. Recentemente, Sori explica por que Ahuna Mons é um mistério, dizendo: "Imagine se houvesse apenas um
vulcão em toda a Terra. Isso seria intrigante”. Mas a equipe de Sori, agora, propôs uma possível solução para esse
quebra-cabeça: um processo chamado relaxamento viscoso. Se este processo opera, verdadeiramente, em Ceres, então,
“pensamos que temos um caso muito bom e que, no passado, havia um monte dessas estruturas na superfície, mas que
se deformaram”, disse Sori. O relaxamento viscoso refere-se ao fluxo de sólidos ao longo do tempo. Na Terra, o melhor
exemplo desse processo é o fluxo de geleiras, que são gelo sólido, mas, dado tempo suficiente, se movem e fluem
lentamente. Enquanto o relaxamento viscoso não se aplica aos vulcões da Terra, que são feitos de rocha, ele poderia se
aplicar a crio-vulcões, que são feitos de gelo, assim como as geleiras. A equipe de Sori especula que os crio-vulcões
mais velhos sofreram um relaxamento muito viscoso nos últimos milhões ou bilhões de anos, possivelmente auxiliado
pela órbita próxima de Ceres ao sol. Isso deixaria apenas o mais jovem, Ahuna Mons, claramente visível na superfície
de Ceres. Com base em modelos computacionais deste processo, e assumindo que Ahuna Mons é composto de pelo
menos 40 por cento de água, a equipe de Sori estima que, com esta característica, o crio vulcão achataria a uma taxa de
10-50 metros (30-160 pés) a cada milhão de anos. Mas, como Ahuna Mons tem apenas 200 milhões de anos, no
máximo, "simplesmente não teve tempo para se deformar", explica Sori.
A equipe de Sori agora tem o objetivo identificar os remanescentes de crio-vulcões passados que sofreram tal
achatamento, o que seria a evidência necessária para provar sua hipótese. Se tais características forem encontradas,
isso ajudará os astrônomos a entenderem melhor a história de Ceres – informação que poderia ser extrapolada para
outros mundos gelados em todo o sistema solar.
Artigo obtido em: http://www.astronomy.com/news/2017/02/ceres-disappearing-volcano
Autoria de: Alison Klesman| Published: Thursday, February 02, 2017
Tradução e adaptaçào: Romualdo Arthur
5
CONSTELAÇÃO DO OUTONO
Leão (Leo)
Esta Constelação situa-se na região do equador celeste e, seu
nascimento no leste enquanto o Sol está se pondo no oeste,
significa que o outono está chegando, para nós, do hemisfério
Sul.
Na História, muitos povos da Ásia, Europa e culturas antigas,
como os Babilônicos, associavam esta Constelação com o Verão
em suas latitudes do hemisfério norte. A Constelação tem o
aspecto de um leão sentado ou parecido com a Esfinge de Gizé.
Representa também , na cultura Greco-Romana, o leão de
Nemeia, aquele que tem a pele invulnerável e que Hércules
usou para sua defesa.
Principais estrelas e objetos de céu profundo na Constelação do
Leão:
Regulus – Estrela rainha dos Persas, Alfa do Leão, branco-azulada, magnitude de 1.5, diâmetro de 3,5 vezes o do
Sol, emite cerca de 130 vezes mais luz do que este, distante da Terra 79,3 anos-luz e é uma estrela dupla.
Denébola – Estrela beta da constelação do Leão, dista 35.8 anos-luz da Terra e é uma estrela variável tipo Delta
Scuti e seu nome significa a cauda do Leão.
Algieba – É a estrela Gamma Leonis, estrela dupla, situada a 130 anos-luz da Terra. O componente principal
desse sistema possui um planeta confirmado e outro ainda não confirmado.
R Leonis – Estrela gigante vermelha variável tipo Mira cuja
magnitude varia de 4,9 a 11,3, levando vários meses para
passar entre esses extremos, em que, no máximo, podemos
ver essa estrela a olho nu e, no mínimo de brilho, só
podemos ver com telescópios de pelo menos 7 cm.
Outras Estrelas: Zosma, Subra, Algenubi, Chertan, Rasalas…
Objetos de céu profundo – Alguns objetos interessantes
podem ser achados, observados e fotografados na
constelação: M65, M66 , NGC 3628 são Galáxias espirais
como a nossa Via-Láctea e recebem o nome de Tripleto do
Leão (Figura ao lado). Outros objetos importantes na
Constelação: M105, M95 e M96 são galáxias que também
podem ser fotografadas nessa constelação e distam da Terra
cerca de 38 milhões de anos-luz.
Tripleto do Leão. M65 em cima à direita, M66 em
baixo e, à esquerda, de perfil, a NGC 3628.
Por Romualdo Arthur – membro e Presidente do CEAAL
Efemérides do mês de Abril
Efemérides do mês de Maio
Efemérides do mês de Junho
1 – Aldebarã 0,4° ao sul da Lua
1 – Mercúrio em máxima
elongação leste
3 – Quarto crescente
7 – Regulus 0,6° ao norte da Lua
7 – Júpiter em oposição
10 – Júpiter 2° ao sul da Lua
11 – Lua cheia
16 – Saturno 3° ao sul da Lua
19 – Quarto minguante
23 – Vênus 5° ao norte da Lua
26 – Lua nova
3 – Quarto crescente
7 – Júpiter 2° ao sul da Lua
10 – Lua Cheia
13 – Saturno 3° ao sul da Lua
18 – Quarto
minguante
25 – Lua nova
26 – Aldebarã 0,6° ao sul da Lua
1 – Quarto crescente
3 – Vênus em máxima elongação
oeste
3 – Júpiter 2° ao sul da Lua
9 – Lua Cheia
9 – Saturno 3° ao sul da Lua
15 – Saturno em oposição
17 – Quarto minguante
21 – Solstício de inverno
23 – Lua nova
27 – Regulus 0,03° ao norte da
Lua
30 – Quarto Crescente
Fonte: Anuário Astronômico
Catarinense 2017 - Alexandre
Amorim.
6
Este pequeno sistema solar tem sete
planetas de tamanhos similares ao da
Terra… e pode ser que sejam habitáveis.
Todos eles aparentam estar na zona habitável do
TRAPPIST-1, o que significa que eles podem, sob certas
condições, sustentar água em suas superfícies, mas não
há prova de que qualquer um dos planetas o faça. Em
particular, em nosso sistema solar, Vênus e Marte estão
na zona habitável, mas ambos são bem inabitáveis
atualmente.
Dos sete planetas, os pesquisadores acreditam que -1e,
-1f, e -1g são potencialmente os mais habitáveis com
base em suas posições naquele sistema solar.
Embora sete planetas tenham sido confirmados, isto
não é tudo que o sistema pode oferecer. “Isto é somente
o começo, por muitas razões – pode haver mais além
disso,” diz Julien de Wit, um co-autor do paper.
Publicado: Quarta-Feira, 22 de fevereiro de 2017.
TRAPPIST-1 tem um sistema solar como nenhum
outro. A pequena, pequeníssima, anã vermelha é
somente tão grande quanto o necessário para ser
considerada uma estrela e é, em termos de raio, um
“cabelo” maior que Júpiter. Quando foi anunciada no
último mês de maio, houve certa excitação: o sistema
tinha três planetas de tamanhos similares ao da Terra e
eles poderiam ser habitáveis.
Vamos ter que revisar isso, entretanto. Ela tem sete
planetas. Os resultados de um estudo intensivo foram
publicados hoje na Nature.
TRAPPIST-1 é tão pequena que lembra Júpiter, e seus
planetas se parecem com as luas jovianas quando
dispostos por ordem de distância. TRAPPIST-1b tem
um período orbital de apenas 1,5 dias e orbita a 1
porcento da distância entre o Sol e a Terra. Já que
TRAPPIST-1 é tão pequena, ao invés de condenar o
planeta, ela pode lhe dar uma temperatura um pouco
mais “abafada” do que uma temperatura confortável.
Os eventos de maio de 2016 que levaram à descoberta
inicial dos planetas, na realidade, acabaram mostrandose incorretos. Os planetas TRAPPIST-1b e TRAPPIST1c foram facilmente confirmados, mas TRAPPIST-1d
não o foi. TRAPPIST-1d tinha uma orbita bizarra, difícil
de modelar, muito mais longa do que a dos outros
planetas, e que acreditou-se ser potencialmente
excêntrica.
Mas não havia TRAAPIST-1d, ou, pelo menos, não
como parecia. Dois trânsitos foram testemunhados
durante a primeira campanha de observação, ambos
atribuídos ao mais externo dos três mundos. Mas
aqueles dois trânsitos eram, na verdade, dois eventos
distintos.
“O primeiro trânsito e o segundo estavam vindo de
diferentes planetas,” disse Michaël Gillon, professor na
Universidade de Liège, e principal autor do paper. “De
fato, o segundo trânsito era de dois planetas passando
ao mesmo tempo”.
“Balde de água fria"
Há, porém, outras considerações a serem feitas antes
de declararmos os planetas como prontos para abrigar
vida. Estrelas M-anãs, como TRAPPIST-1, tendem a
iniciar seus ciclos bem ativas com vários eventos de
flares de alta energia. Isto poderia arrancar a atmosfera
dos jovens planetas.
Neste ponto, de acordo com o co-autor Emmanuël
Jehin, a maioria dos cometas teriam sido varridos do
sistema solar e por isso estariam incapazes de
reabastecer as atmosferas. Mas outras forças como
vulcanismo poderiam ajudar a estabilizar as
atmosferas, fortalecendo-as contra os incessantes e
opressivos flares.
M-anãs finalmente acalmam-se após os primeiros 3
bilhões de anos, mais ou menos, porém, muitos eventos
estelares ainda ocorrem. Por exemplo, Proxima
Centauri é uma estrela de flare ativa, que poderia
condenar seu planeta em zona habitável, Proxima
Centauri b, impedindo-o de abrigar qualquer forma de
vida complexa. Mas TRAPPIST-1 é mais fria e menos
ativa que Proxima.
“Se você comparar [TRAPPIST-1] a Proxima Centauri,
ela é muito menos ativa, mas, se comparar ao Sol, é
muito mais," disse Gillon.
TRAPPIST-1 e seus sete (!!!) planetas estão no topo da
lista dos planetas a serem observados pelo Telescópio
Espacial James Webb (JWST) após seu lançamento no
próximo ano. Um telescópio que dará continuidade ao
TRAPPIST, o SPECULOOS, será capaz de encontrar
ainda mais objetos do tipo em questão. O próprio
TRAPPIST procurou planetas apenas em 50 estrelas
ultrafrias, enquanto SPECULOOS examinará dezenas
de milhares.
JWST irá monitorar trânsitos de mundos nas estrelas
TRAPPIST, na esperança de capturar um pouco de suas
atmosferas. Se elas aparentarem finas e dominadas por
água, nós poderemos estar, de fato, observando um
planeta bem parecido com a Terra. Ou até três deles.
Talvez, apenas talvez, sete.
“Nós temos sete alvos que podemos estudar em grande
nível de detalhes, e eles podem nos dar um insight
completamente novo sobre formação de planetas e
história estelar," disse de Wit.
Artigo obtido em:
www.astronomy.com/news/2017/02/seven-planets-onesolar-system
Autoria de: John Wenz
Tradução e Adaptação: Lucas Amorim
Como nenhum outro
Isso nos traz aos cinco planetas. Estudos intensivos
usando tanto o telescópio TRAPPIST como o telescópio
Spitzer da NASA ajudaram a refinar a órbita dos
planetas e revelaram a presença de mais dois a partir
dos dados. TRAPPIST-1b, -1c, -if, e -1g são todos
somente um pouco maior que a Terra. -1e é um
pouquinho menor. -1d e -1h são mais próximos de
Marte, no tamanho.
Embora as massas e os períodos orbitais exatos ainda
não sejam conhecidos, resultados preliminares sugerem
que eles podem estar em ressonância, o que significa
que, quando -1b orbita oito vezes, -1c completa 5
órbitas, uma ressonância representada por 8:5. -1c e -1d
estão em ressonância 5:3; -1d e -1e estão em 3:2, assim
como -1e e -1f; -1f e -1g estão em ressonância 4:3.
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Mulheres das estrelas
Nesse mês de março, em que se comemora o mês da mulher, gostaria de narrar a história de duas mulheres
fabulosas. A primeira, uma filosofa neoplatônica que viveu em Alexandria no antigo Egito, e a segunda,
uma astrofísica brasileira.
Ambas possuem histórias excepcionais, das quais podemos tirar vários ensinamentos. Comecemos por
Hypatia de Alexandria, que viveu no Século IV d. C.
Hypatia era filha de Theon, um matemático e diretor da Escola de Alexandria que a educou para que
seguisse seus passos. E, assim, Hypatia tornou-se mais tarde uma proeminente filósofa, matemática, médica
e astrônoma. Dava aulas a alunos de todas as partes do mundo conhecido. Apesar de ser da aristocracia
pagã, em suas aulas existiam alunos cristãos. Foi através de um desses alunos, Sinésio de Cirene, bispo
cristão, que tomamos conhecimento de sua existência.
Segundo Sócrates Escolástico, Hypatia era uma mulher de grandes virtudes. Sabe-se que, ao contrário de
outras mulheres, tinha permissão para falar em assembleias.
Havia em Alexandria um bispo cristão que desprezava Hypatia, seu nome era Cirilo. Nutria entre os seus
fiéis um ódio à filósofa e tudo que ela representava, agindo assim, em parte, porque queria destruir todo o
conhecimento pagão do qual Hypatia era a detentora maior e, em parte, pela influência que a mesma tinha
em Orestes, prefeito de Alexandria, seu rival no poder.
Em um dia de março de 415 d. C., ao deixar a escola em sua carruagem, foi atacada por um grupo de
seguidores de Cirilo, brutalmente puxada pelos cabelos e arrastada até uma igreja chamada Cesarión, teve
sua carne arrancada por pedras de cerâmicas e, depois de esquartejada, foram seus restos mortais
queimados em uma pira. Para alguns, seu assassinato foi o marco do início da “idade das trevas” para a
ciência, que durou quase mil anos.
A outra mulher, sobre a qual escreveremos, felizmente está viva e é a cientista brasileira de maior destaque
na atualidade.
A astrofísica Duília F. de Mello, carioca de nascimento, sempre quis ser cientista, dona de uma enorme
curiosidade, queria explicações sobre as perguntas que nos afligem desde os primórdios da humanidade,
quais sejam: quem sou, porque estou aqui, etc.
Hoje, Duília, ou a mulher das estrelas, como gosta de ser chamada, trabalha na NASA (a agencia espacial
norte-americana) e recentemente fez uma descoberta que pode nos levar a conhecer o início do Universo.
Trata-se de uma supernova (a explosão de uma estrela).
Em 2014, ela foi escolhida como uma das dez mulheres que mudaram o Brasil no ranking elaborado pela
Barnard College, da Universidade de Columbia, nos EUA.
Duília quer incentivar outras pessoas a serem cientistas, mantém uma página na Internet para difusão
científica e até escreveu um livro infantil.
Como se pode ver, as mulheres fazem muito mais coisas do que checar os preços nas prateleiras de um
supermercado.
Por Betânia Pereira – membro do CEAAL
Expediente / Ficha Técnica
Apolo - O Mensageiro do CEAAL
Ano II. Ediçao No 03. - MARÇO-ABRIL-MAIO 2017.
Centro de Estudos Astronomicos de Alagoas.
Av. Aristeu de Andrade, 452. Farol. Maceio–AL. CEP 57051-090.
Fone 82-99396-2861.
Realizaçao: CEAAL - Centro de Estudos Astronomicos de Alagoas.
Presidente: Romualdo Arthur Alencar Caldas.
Vice-Presidente: David Duarte C. Pinto.
Ediçao/Revisao: David Duarte C. Pinto.
Redaçao/Colunistas: Devidamente creditados nos topicos.
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