Publicação Trimestral Março 2017 – Ano 2 – Nº 3 Apolo O Mensageiro do Centro de Estudos Astronômicos de Alagoas Constelação da Estação Confira, na página 6, a constelação do Leão. TRAPPIST-1: Este pequeno sistema solar tem 7 planetas do tamanho da Terra … e é possível que sejam habitáveis! Na página 7, veja os detalhes desta incrível descoberta fruto de uma intensa cooperação internacional envolvendo cientistas da ESO, NASA, Universidade de Liège e outras instituições. Efemérides da Estação Editorial - por David Duarte No princípio do ano, uma descoberta científica ressoou com veemência nos meios de comunicação de massa, talvez devendo-se ao fato de que a divulgação científica evoluiu ao ponto do êxito em tornar a população leiga consciente do potencial que descobertas do tipo têm de, intensamente, afetar nossa civilização. Precisamente, no dia 22 de fevereiro de 2017, a revista Nature publicou o artigo que descreve o achado da cooperação internacional liderada pelo ESO (Observatório Europeu do Sul) e pela NASA. Pesquisadores de tais órgãos – em reta observância ao método científico – apuraram que a estrela Trappist-1 rege gravitacionalmente um sistema planetário complexo e numeroso, de sete planetas, estando ao menos três deles em sua “zona habitável” (intervalo de distância à estrela em que o planeta pode apresentar água, se a tiver, em estado líquido à superfície). Embora talvez não tão significativa quanto a descoberta do primeiro planeta a orbitar uma outra estrela, e certamente não tão célebre quanto a possível descoberta futura de vida (e vida inteligente) com origem extraterrena, tal verificação empresta certa relevância, como se num prenúncio, da última. Não obstante as dimensões consideravelmente inferiores de Trappist-1 em relação ao Sol – sendo ela do tipo “anã vermelha”, destinada a viver por trilhões de anos até que cesse sua estabilidade e se inicie a sequência de eventos que a levará à morte – seu sistema guarda semelhanças com o nosso, notadamente, o tamanho dos planetas, o número total de planetas, de rochosos e dos que estão em zona habitável, sendo tal conjunto de fatores suficiente para ensejar a perspectiva de que estamos cada vez mais próximos da possível futura descoberta supramencionada, cujo mero ponderar é aterrador para uns, magnífico para outros, e solene para a maioria. Contudo, por ora, segundo o presente conhecimento científico, somos a única espécie a deter o conjunto de propriedades cognitivas que definem a inteligência, uma noção com uma lição subjacente fomentada pela Astronomia, na medida em que nos convida a perceber quão rara e preciosa é a nossa consciência, tanto a coletiva quanto a de cada indivíduo, que é capaz de conter um universo inteiro na mente, vislumbrando sonhos e comunicando arte, fé, ciência, filosofia, amor. (Continua na próxima página). 1 Ainda na página 6, veja as efemérides da estação e prepare seu programa de observação! Ações de Outono do CEAAL Na página 3, você encontra a nossa programação completa para o segundo trimestre do ano! Eclipse Solar Total 2019 Na página 5, veja como o CEAAL está se preparando para ir ao Chile e acompanhar o evento. Tal entendimento, quando amplamente absorvido, engrandece o valor da vida humana e nos impele, no mínimo, a exercer cordialidade, tolerância e convivência pacífica entre indivíduos e nações. Adiante, refiro-me a algumas das mentes que se dedicaram a imortalizar reflexões nesse sentido. C.S. Lewis, em “O Peso de Glória”, nos ensina, sob o prisma cristão, que “não há pessoas ordinárias… depois dos elementos da ‘Ceia do Senhor’, nosso próximo é o objeto mais sagrado diante de nossos sentidos”, e que a ele devemos dispensar “amor verdadeiro e caro”. Argumento análogo observamos na prosopopeia de “O Pequeno Príncipe”, em que, apesar de anteriormente ter o hábito de contemplar a beleza dos campos de trigo, a Raposa, após adquirir a amizade do protagonista, contemplará, nos mesmos campos de trigo, algo ainda mais importante para si, os cabelos dourados de seu amigo, e dele se lembrará. Erasmo, em “Elogio da Loucura”, argumenta que não há maior prazer na vida que aqueles encontrados nas relações humanas, ao ponto de fazer, por exemplo, que amigos amem defeitos uns nos outros como se fossem virtudes. Encerro com a declaração de Carl Sagan, de contexto astronômico: “na vastidão do espaço e na imensidão do tempo, é um prazer para mim dividir um planeta e uma época com você”. Relato das atividades do CEAAL (Janeiro-Fevereiro-Março 2017) Na Sexta, dia 10/02, na Usina Ciência, nos reunimos para observar o Eclipse Penumbral da Lua. Usamos dois telescópios para esse acontecimento e, um bom grupo de sócios e visitantes se fez presente. Começamos o ano de 2017 com nosso tradicional Assim se Vai aos Astros, no dia 05/01, na bela orla de Maceió, no Alagoinhas, aonde levamos telescópios para o povo observar a Lua e outros astros gratuitamente. Várias pessoas puderam contemplar as belezas do Universo conosco. No dia 11/02, tivemos nossa primeira Palestra da Lua Cheia (PLC) de 2017. Foi uma integração do CEAAL com o Clube de Astronomia Valentina Tereshkova (CAVT) da Escola Estadual Muniz Falcão, de Cacimbinhas, e a Sociedade Astronômica Galileu Galilei (SAGG), da Escola Estadual Cônego José Bulhões, de Dois Riachos. O tema foi: Cinturão de Asteroides, seus corpos principais e observações dos clubes de Astronomia de Alagoas do Asteroide Vesta. Palestrantes: Romualdo Arthur Alencar Caldas (CEAAL), Jenivaldo Amorim (CAVT) e André Pereira (SAGG). Foi uma PLC de alto nível, com um bom público presente e concluída com muito sucesso. Ainda em Janeiro, entramos na campanha para observar o Asteroide Vesta através de observações telescópicas e fotografias em nossa sede na Usina Ciência. Vários visitantes compareceram nas noites de sábado para observar e aprender como tirar fotos do céu. Sócios e visitantes observam o eclipse penumbral lunar E, no dia 26/02, tivemos um Eclipse Parcial do Sol (25%) aqui em Maceió. Nos reunimos na Usina Ciência e, após uma maciça divulgação nos meios sociais, uma visitação recorde de cerca de 80 pessoas, que afluiram para nossa sede a partir das 10:00 da manhã. Vários sócios compareceram (21) e cerca de 7 telescópios ficaram disponíveis para nossos visitantes observarem com total segurança o evento. Explicamos os perigos da observação solar e como proteger a visão das pessoas. Encerramos as atividades deste evento às 14:00. Todas os sábados de janeiro, à noite, abrimos o CEAAL para observações públicas. Em fevereiro, nosso Assim se Vai aos Astros foi na praça do Bicentenário, no Conjunto José Tenório, no dia 07/02, das 19:00 às 21:30. Novamente, muitas pessoas compareceram para observar a Lua e alguns aglomerados abertos. 2 Relato das atividades do CEAAL (Janeiro-Fevereiro-Março 2017) (Continuação) AÇÕES DE OUTONO DO CEAAL: Abril 01/04/2017 04/04/2017 07/04/2017 08/04/2017 Movimentado Eclipse Solar 15/04/2017 21/04/2017 22/04/2017 29/04/2017 30/04/2017 Registro fotográfico do fenômeno, por Pedro Henrique e David Duarte, sócios do CEAAL Início do XLI CIAST; Observações Públicas - Início do Mês Global da Astronomia Sic Itur Ad Astra Dia Mundial da Astronomia; Oposição de Júpiter XLI CIAST; Palestra da Lua Cheia; Observações Públicas XLI CIAST; Observações Públicas - Regulus a 2,3° ao norte da Lua I Encontro Alagoano de Fotografia Astronômica (de 21 a 23/04) Dia da Terra; 39º Aniversário do CEAAL XLI CIAST; Observações Públicas Encerramento do Mês Global da Astronomia - GAM 2017 Maio Lembrando que abrimos todos os sábados à noite, para observação pública gratuita. Em Março, até o dia 20/03, o CEAAL realizou Seminário de Estrelas Variáveis para sócios e pessoas que já fizeram nosso Curso de Iniciação à Astronomia (Ciast) ou similar, de outras entidades, nos dias 04/03 e 11/03 das 16:00 às 18:00. Aulas teóricas e práticas de observação com binóculo. 04/05/2017 06/05/2017 13/05/2017 20/05/2017 25/05/2017 27/05/2017 Sic Itur Ad Astra XLI CIAST; Observações Públicas Término do XLI CIAST; Palestra da Lua Cheia; Observações Públicas Assembleia Geral Ordinária; Observações Públicas Dia do Mourão Observações Públicas Junho 01/06/2017 03/06/2017 Sócios no seminário de estrelas variáveis Fizemos nossa Palestra da Lua Cheia no dia 11/03, quando homenageamos o sexo feminino com o tema “Mulheres na Astronomia”. Palestrante: Betânia Pereira, que iniciou sua fala às 20 h. Lembramos que fizemos, ainda, observações noturnas todos sábados do mês, em nossa sede. 10/06/2017 Por Romualdo Arthur – membro e Presidente do CEAAL 24/06/2017 30/06/2017 15/06/2017 17/06/2017 21/06/2017 3 Sic Itur Ad Astra I Seminário sobre Trânsitos e Ocultações; Observações Públicas Palestra da Lua Cheia; Observações Públicas Oposição de Saturno Observações Públicas Solstício de Inverno - 01:24 (horário local); Lançamento de edição do Apolo Observações Públicas Dia Mundial do Asteroide qualidade da imagem usando óptica adaptativa e adaptado para empregar uma técnica chamada coronografia para reduzir a luz estelar e, assim, revelar o possível sinal de potenciais planetas terrestres. A Breakthrough Initiatives pagará por uma grande fração das tecnologias necessárias e os custos de desenvolvimento para tal experiência, eo ESO fornecerá as capacidades de observação necessárias e tempo. Buscando por planetas no Sistema Alfa Centauri O ESO assinou um acordo com a organização Breakthrough Initiatives (http://breakthroughinitiatives.org/) para adaptar o Very Large Telescope (VLT), no Chile, para conduzir a busca por exoplanetas no sistema estelar mais próximo da Terra: o Sistema Alfa Centauro. Tais planetas podem ser alvos de um eventual lançamento de pequenas sondas espaciais pela Breakthrough Starshot initiative. O acordo provê fundos para o instrumento VISIR (VLT Image rand Spectro meter for mid-Infrared), montado no Telescópio do ESO, Very Large Telescope (VLT), para ser modificado a fim de reforçar, enormemente, sua habilidade de procurar planetas potencialmente habitáveis em torno do sistema alfa centauri, o mais próximo de nós. O acordo também fornece tempo extra ao Telescópio para permitir um minucioso programa de busca, a a ser conduzido em 2019. A descoberta em 2016 de um planeta, Proxima b, ao redor de Proxima Centauri, a terceira e mais débil estrela do sistema Alfa Centauri, soma e amplia os ímpetos para essa busca. Saber onde os exoplanetas estão é um parâmetro de interesse para a Breakthrough Starshot, um programa de pesquisa e engenharia, lançado em abril de 2016, que pretende demonstrar e provar o conceito de “ultra velozes ‘nanonaves’ impulsionadas por luz”. Lançando as bases para o primeiro lançamento para Alpha Centauri dentro de uma geração. Detectar um planeta habitável é um enorme desafio devido ao brilho da estrela que hospeda o sistema planetário, que tende a ofuscar o reflexo de planetas relativamente tênues. Um modo de tornar isso mais fácil é observar no comprimento de onda do infravermelho médio, onde o brilho térmico de um planeta em órbita reduz, consideravelmente, a discrepância de brilho entre o planeta e sua estrela-mãe. Mas mesmo no meio do infravermelho, a estrela permanece milhões de vezes mais brilhante do que os planetas a serem detectados, o que exige uma técnica dedicada para reduzir a forte luz estelar. O existente instrumento de infravermelho médio (VISIR) no VLT irá proporcionar esse desempenho se for melhorado significativamente a Visão artística do Exoplaneta Proxima Centauri b O novo hardware inclui um módulo de instrumento contratado pelo Kampf Telescope Optics (KTO), de Munique, que hospedará o sensor de frente de onda, e um noviço dispositivo de calibração de detector. Somando-se a isso, há planos para um novo coronógrafo, a ser desenvolvido juntamente com a Universidade de Liège (Bélgica) e a Universidade de Uppsala, Suécia. Detectar e estudar potenciais planetas habitáveis orbitando em outras estrelas, será uma das principais metas científicas do próximo European Extremely Large Telescope (E-ELT). Embora o tamanho aumentado do EELT seja essencial para a obtenção de uma imagem de um planeta em distâncias maiores na Via Láctea, o poder de coleta de luz do VLT é suficiente para a imagem de um planeta em torno da estrela mais próxima, Alfa Centauri. O desenvolvimento do VISIR também será útil para o futuro instrumento METIS, a ser montado no E-ELT, pois o conhecimento adquirido e a prova de conceito serão diretamente transferíveis. O enorme tamanho do E-ELT deve permitir METIS detectar e estudar exoplanetas do tamanho de Marte orbitando Alpha Centauri, se existirem, bem como outros planetas potencialmente habitáveis em torno de outras estrelas próximas. Artigo obtido em: https://www.sciencedaily.com/releases/2017/01/17011213073 6.htm Tradução e adaptação: Romualdo Arthur Expedição Eclipse Solar Chile - Argentina Julho 2019 O CEAAL, desde o seu início, em 1978, sempre se destacou em acompanhar e divulgar ao público, os fenômenos celestes. Já presenciamos vários eclipses solares parciais, lunares penumbrais, parciais e totais, ocultações de planetas ou estrelas pela Lua, ocultações de estrelas por objetos transnetunianos, trânsitos de Mercúrio e Vênus pelo disco do Sol, vários cometas como o Halley, o Hale Bopp, o Hyakutake e tantos outros. Isso faz parte da História do CEAAL e muito nos deixa felizes por ter participado desses eventos em prol do CEAAL e da divulgação da Astronomia para nosso povo. Agora, vamos propor um desafio novo, algo que o CEAAL nunca fez... Algo que podemos achar muito difícil, a priori, mas não é impossível. Deixe-me explicar: que tal o CEAAL (aberto a outros grupos de Astronomia de Alagoas, se quiserem participar conosco) realizar uma excursão astronômica? Para o Chile ou Argentina no começo de Julho de 2019? Basta organizarmos, a partir de agora, março de 2017, e fazermos um planejamento meticuloso desta jornada. Lembro que, em 02/07/2019, haverá um eclipse solar cuja faixa de totalidade passará pelo norte do Chile e Oeste da Argentina. 4 Este Eclipse não será visível de Maceió. Então… uma oportunidade de ouro para observarmos um eclipse total do Sol, um dos fenômenos mais empolgantes da natureza. Mas como ir? Primeiro, sugiro aos interessados fazerem, a partir de agora, todo mês, uma poupança de, digamos, R$ 100,00 ou 200,00. Serão 27 meses de poupança o que ajudará em nossa estada em Terras Chilenas (Região de La Serena, Coquimbo e Vicuña, que ficam relativamente próximas do Hotel Hacienda Los Andes) ou a Argentina. Minha preferência pessoal é pelo Chile por causa de seus céus famosos e pelas excursões astronômicas que poderemos fazer, antes e depois do Eclipse. Devemos nos dedicar e criar uma comissão para este empreendimento do CEAAL. Procurar informações valiosas de quem já realizou algo semelhante: como o Clube de Astronomia de Brasília (CasB), que já fez várias excursões muito mais complicadas em seu trajeto do que essa do Chile-Argentina, para a qual, através deste artigo e de nossa assembleia do mês passado, fevereiro de 2017, incitei o grupo a debater sobre este tema. Realizaremos a logística da expedição: Quantas pessoas do CEAAL ou de outros grupos se predispõem a ir? Passagens de avião, traslados da Capital do Chile para a região da totalidade ao norte; Hotéis (quem sabe aqueles que são preparados para o turismo astronômico? etc. Então? Vamos encarar este desafio? Por Romualdo Arthur – membro e Presidente do CEAAL O caso dos vulcões desaparecidos de Ceres É o solitário Crio, vulcão de Ceres, verdadeiramente único nesse mundo, ou seus similares simplesmente se achataram com o transcorrer das eras? Em 2015, a espaçonave da Nasa, Dawn, descobriu uma alta montanha solitária, de cerca de 4 km de altura, no planeta-anão Ceres. Identificado como um crio-vulcão, cuja erupção é à base de gelo e gases voláteis, ao contrário de nossos vulcões terrestres que liberam lava, Ahuna Mons é magnífico, porém sozinho na superfície de Ceres. Agora, contudo, cientistas dizem que Ceres pode ter sido lar de muitos de tais vulcões gelados no passado, podendo ter havido um desaparecimento lento destas estruturas, o que deixou Ahuna Mons como a única característica restante da atividade geológica recente. Michael Sori, do departamento de Ciências Lunares e Planetárias da Universidade do Arizona, de Tucson, é o principal autor de um novo artigo aceito para publicação no jornal da American Geophysical Union, Geophysical Research Letters. Recentemente, Sori explica por que Ahuna Mons é um mistério, dizendo: "Imagine se houvesse apenas um vulcão em toda a Terra. Isso seria intrigante”. Mas a equipe de Sori, agora, propôs uma possível solução para esse quebra-cabeça: um processo chamado relaxamento viscoso. Se este processo opera, verdadeiramente, em Ceres, então, “pensamos que temos um caso muito bom e que, no passado, havia um monte dessas estruturas na superfície, mas que se deformaram”, disse Sori. O relaxamento viscoso refere-se ao fluxo de sólidos ao longo do tempo. Na Terra, o melhor exemplo desse processo é o fluxo de geleiras, que são gelo sólido, mas, dado tempo suficiente, se movem e fluem lentamente. Enquanto o relaxamento viscoso não se aplica aos vulcões da Terra, que são feitos de rocha, ele poderia se aplicar a crio-vulcões, que são feitos de gelo, assim como as geleiras. A equipe de Sori especula que os crio-vulcões mais velhos sofreram um relaxamento muito viscoso nos últimos milhões ou bilhões de anos, possivelmente auxiliado pela órbita próxima de Ceres ao sol. Isso deixaria apenas o mais jovem, Ahuna Mons, claramente visível na superfície de Ceres. Com base em modelos computacionais deste processo, e assumindo que Ahuna Mons é composto de pelo menos 40 por cento de água, a equipe de Sori estima que, com esta característica, o crio vulcão achataria a uma taxa de 10-50 metros (30-160 pés) a cada milhão de anos. Mas, como Ahuna Mons tem apenas 200 milhões de anos, no máximo, "simplesmente não teve tempo para se deformar", explica Sori. A equipe de Sori agora tem o objetivo identificar os remanescentes de crio-vulcões passados que sofreram tal achatamento, o que seria a evidência necessária para provar sua hipótese. Se tais características forem encontradas, isso ajudará os astrônomos a entenderem melhor a história de Ceres – informação que poderia ser extrapolada para outros mundos gelados em todo o sistema solar. Artigo obtido em: http://www.astronomy.com/news/2017/02/ceres-disappearing-volcano Autoria de: Alison Klesman| Published: Thursday, February 02, 2017 Tradução e adaptaçào: Romualdo Arthur 5 CONSTELAÇÃO DO OUTONO Leão (Leo) Esta Constelação situa-se na região do equador celeste e, seu nascimento no leste enquanto o Sol está se pondo no oeste, significa que o outono está chegando, para nós, do hemisfério Sul. Na História, muitos povos da Ásia, Europa e culturas antigas, como os Babilônicos, associavam esta Constelação com o Verão em suas latitudes do hemisfério norte. A Constelação tem o aspecto de um leão sentado ou parecido com a Esfinge de Gizé. Representa também , na cultura Greco-Romana, o leão de Nemeia, aquele que tem a pele invulnerável e que Hércules usou para sua defesa. Principais estrelas e objetos de céu profundo na Constelação do Leão: Regulus – Estrela rainha dos Persas, Alfa do Leão, branco-azulada, magnitude de 1.5, diâmetro de 3,5 vezes o do Sol, emite cerca de 130 vezes mais luz do que este, distante da Terra 79,3 anos-luz e é uma estrela dupla. Denébola – Estrela beta da constelação do Leão, dista 35.8 anos-luz da Terra e é uma estrela variável tipo Delta Scuti e seu nome significa a cauda do Leão. Algieba – É a estrela Gamma Leonis, estrela dupla, situada a 130 anos-luz da Terra. O componente principal desse sistema possui um planeta confirmado e outro ainda não confirmado. R Leonis – Estrela gigante vermelha variável tipo Mira cuja magnitude varia de 4,9 a 11,3, levando vários meses para passar entre esses extremos, em que, no máximo, podemos ver essa estrela a olho nu e, no mínimo de brilho, só podemos ver com telescópios de pelo menos 7 cm. Outras Estrelas: Zosma, Subra, Algenubi, Chertan, Rasalas… Objetos de céu profundo – Alguns objetos interessantes podem ser achados, observados e fotografados na constelação: M65, M66 , NGC 3628 são Galáxias espirais como a nossa Via-Láctea e recebem o nome de Tripleto do Leão (Figura ao lado). Outros objetos importantes na Constelação: M105, M95 e M96 são galáxias que também podem ser fotografadas nessa constelação e distam da Terra cerca de 38 milhões de anos-luz. Tripleto do Leão. M65 em cima à direita, M66 em baixo e, à esquerda, de perfil, a NGC 3628. Por Romualdo Arthur – membro e Presidente do CEAAL Efemérides do mês de Abril Efemérides do mês de Maio Efemérides do mês de Junho 1 – Aldebarã 0,4° ao sul da Lua 1 – Mercúrio em máxima elongação leste 3 – Quarto crescente 7 – Regulus 0,6° ao norte da Lua 7 – Júpiter em oposição 10 – Júpiter 2° ao sul da Lua 11 – Lua cheia 16 – Saturno 3° ao sul da Lua 19 – Quarto minguante 23 – Vênus 5° ao norte da Lua 26 – Lua nova 3 – Quarto crescente 7 – Júpiter 2° ao sul da Lua 10 – Lua Cheia 13 – Saturno 3° ao sul da Lua 18 – Quarto minguante 25 – Lua nova 26 – Aldebarã 0,6° ao sul da Lua 1 – Quarto crescente 3 – Vênus em máxima elongação oeste 3 – Júpiter 2° ao sul da Lua 9 – Lua Cheia 9 – Saturno 3° ao sul da Lua 15 – Saturno em oposição 17 – Quarto minguante 21 – Solstício de inverno 23 – Lua nova 27 – Regulus 0,03° ao norte da Lua 30 – Quarto Crescente Fonte: Anuário Astronômico Catarinense 2017 - Alexandre Amorim. 6 Este pequeno sistema solar tem sete planetas de tamanhos similares ao da Terra… e pode ser que sejam habitáveis. Todos eles aparentam estar na zona habitável do TRAPPIST-1, o que significa que eles podem, sob certas condições, sustentar água em suas superfícies, mas não há prova de que qualquer um dos planetas o faça. Em particular, em nosso sistema solar, Vênus e Marte estão na zona habitável, mas ambos são bem inabitáveis atualmente. Dos sete planetas, os pesquisadores acreditam que -1e, -1f, e -1g são potencialmente os mais habitáveis com base em suas posições naquele sistema solar. Embora sete planetas tenham sido confirmados, isto não é tudo que o sistema pode oferecer. “Isto é somente o começo, por muitas razões – pode haver mais além disso,” diz Julien de Wit, um co-autor do paper. Publicado: Quarta-Feira, 22 de fevereiro de 2017. TRAPPIST-1 tem um sistema solar como nenhum outro. A pequena, pequeníssima, anã vermelha é somente tão grande quanto o necessário para ser considerada uma estrela e é, em termos de raio, um “cabelo” maior que Júpiter. Quando foi anunciada no último mês de maio, houve certa excitação: o sistema tinha três planetas de tamanhos similares ao da Terra e eles poderiam ser habitáveis. Vamos ter que revisar isso, entretanto. Ela tem sete planetas. Os resultados de um estudo intensivo foram publicados hoje na Nature. TRAPPIST-1 é tão pequena que lembra Júpiter, e seus planetas se parecem com as luas jovianas quando dispostos por ordem de distância. TRAPPIST-1b tem um período orbital de apenas 1,5 dias e orbita a 1 porcento da distância entre o Sol e a Terra. Já que TRAPPIST-1 é tão pequena, ao invés de condenar o planeta, ela pode lhe dar uma temperatura um pouco mais “abafada” do que uma temperatura confortável. Os eventos de maio de 2016 que levaram à descoberta inicial dos planetas, na realidade, acabaram mostrandose incorretos. Os planetas TRAPPIST-1b e TRAPPIST1c foram facilmente confirmados, mas TRAPPIST-1d não o foi. TRAPPIST-1d tinha uma orbita bizarra, difícil de modelar, muito mais longa do que a dos outros planetas, e que acreditou-se ser potencialmente excêntrica. Mas não havia TRAAPIST-1d, ou, pelo menos, não como parecia. Dois trânsitos foram testemunhados durante a primeira campanha de observação, ambos atribuídos ao mais externo dos três mundos. Mas aqueles dois trânsitos eram, na verdade, dois eventos distintos. “O primeiro trânsito e o segundo estavam vindo de diferentes planetas,” disse Michaël Gillon, professor na Universidade de Liège, e principal autor do paper. “De fato, o segundo trânsito era de dois planetas passando ao mesmo tempo”. “Balde de água fria" Há, porém, outras considerações a serem feitas antes de declararmos os planetas como prontos para abrigar vida. Estrelas M-anãs, como TRAPPIST-1, tendem a iniciar seus ciclos bem ativas com vários eventos de flares de alta energia. Isto poderia arrancar a atmosfera dos jovens planetas. Neste ponto, de acordo com o co-autor Emmanuël Jehin, a maioria dos cometas teriam sido varridos do sistema solar e por isso estariam incapazes de reabastecer as atmosferas. Mas outras forças como vulcanismo poderiam ajudar a estabilizar as atmosferas, fortalecendo-as contra os incessantes e opressivos flares. M-anãs finalmente acalmam-se após os primeiros 3 bilhões de anos, mais ou menos, porém, muitos eventos estelares ainda ocorrem. Por exemplo, Proxima Centauri é uma estrela de flare ativa, que poderia condenar seu planeta em zona habitável, Proxima Centauri b, impedindo-o de abrigar qualquer forma de vida complexa. Mas TRAPPIST-1 é mais fria e menos ativa que Proxima. “Se você comparar [TRAPPIST-1] a Proxima Centauri, ela é muito menos ativa, mas, se comparar ao Sol, é muito mais," disse Gillon. TRAPPIST-1 e seus sete (!!!) planetas estão no topo da lista dos planetas a serem observados pelo Telescópio Espacial James Webb (JWST) após seu lançamento no próximo ano. Um telescópio que dará continuidade ao TRAPPIST, o SPECULOOS, será capaz de encontrar ainda mais objetos do tipo em questão. O próprio TRAPPIST procurou planetas apenas em 50 estrelas ultrafrias, enquanto SPECULOOS examinará dezenas de milhares. JWST irá monitorar trânsitos de mundos nas estrelas TRAPPIST, na esperança de capturar um pouco de suas atmosferas. Se elas aparentarem finas e dominadas por água, nós poderemos estar, de fato, observando um planeta bem parecido com a Terra. Ou até três deles. Talvez, apenas talvez, sete. “Nós temos sete alvos que podemos estudar em grande nível de detalhes, e eles podem nos dar um insight completamente novo sobre formação de planetas e história estelar," disse de Wit. Artigo obtido em: www.astronomy.com/news/2017/02/seven-planets-onesolar-system Autoria de: John Wenz Tradução e Adaptação: Lucas Amorim Como nenhum outro Isso nos traz aos cinco planetas. Estudos intensivos usando tanto o telescópio TRAPPIST como o telescópio Spitzer da NASA ajudaram a refinar a órbita dos planetas e revelaram a presença de mais dois a partir dos dados. TRAPPIST-1b, -1c, -if, e -1g são todos somente um pouco maior que a Terra. -1e é um pouquinho menor. -1d e -1h são mais próximos de Marte, no tamanho. Embora as massas e os períodos orbitais exatos ainda não sejam conhecidos, resultados preliminares sugerem que eles podem estar em ressonância, o que significa que, quando -1b orbita oito vezes, -1c completa 5 órbitas, uma ressonância representada por 8:5. -1c e -1d estão em ressonância 5:3; -1d e -1e estão em 3:2, assim como -1e e -1f; -1f e -1g estão em ressonância 4:3. 7 Mulheres das estrelas Nesse mês de março, em que se comemora o mês da mulher, gostaria de narrar a história de duas mulheres fabulosas. A primeira, uma filosofa neoplatônica que viveu em Alexandria no antigo Egito, e a segunda, uma astrofísica brasileira. Ambas possuem histórias excepcionais, das quais podemos tirar vários ensinamentos. Comecemos por Hypatia de Alexandria, que viveu no Século IV d. C. Hypatia era filha de Theon, um matemático e diretor da Escola de Alexandria que a educou para que seguisse seus passos. E, assim, Hypatia tornou-se mais tarde uma proeminente filósofa, matemática, médica e astrônoma. Dava aulas a alunos de todas as partes do mundo conhecido. Apesar de ser da aristocracia pagã, em suas aulas existiam alunos cristãos. Foi através de um desses alunos, Sinésio de Cirene, bispo cristão, que tomamos conhecimento de sua existência. Segundo Sócrates Escolástico, Hypatia era uma mulher de grandes virtudes. Sabe-se que, ao contrário de outras mulheres, tinha permissão para falar em assembleias. Havia em Alexandria um bispo cristão que desprezava Hypatia, seu nome era Cirilo. Nutria entre os seus fiéis um ódio à filósofa e tudo que ela representava, agindo assim, em parte, porque queria destruir todo o conhecimento pagão do qual Hypatia era a detentora maior e, em parte, pela influência que a mesma tinha em Orestes, prefeito de Alexandria, seu rival no poder. Em um dia de março de 415 d. C., ao deixar a escola em sua carruagem, foi atacada por um grupo de seguidores de Cirilo, brutalmente puxada pelos cabelos e arrastada até uma igreja chamada Cesarión, teve sua carne arrancada por pedras de cerâmicas e, depois de esquartejada, foram seus restos mortais queimados em uma pira. Para alguns, seu assassinato foi o marco do início da “idade das trevas” para a ciência, que durou quase mil anos. A outra mulher, sobre a qual escreveremos, felizmente está viva e é a cientista brasileira de maior destaque na atualidade. A astrofísica Duília F. de Mello, carioca de nascimento, sempre quis ser cientista, dona de uma enorme curiosidade, queria explicações sobre as perguntas que nos afligem desde os primórdios da humanidade, quais sejam: quem sou, porque estou aqui, etc. Hoje, Duília, ou a mulher das estrelas, como gosta de ser chamada, trabalha na NASA (a agencia espacial norte-americana) e recentemente fez uma descoberta que pode nos levar a conhecer o início do Universo. Trata-se de uma supernova (a explosão de uma estrela). Em 2014, ela foi escolhida como uma das dez mulheres que mudaram o Brasil no ranking elaborado pela Barnard College, da Universidade de Columbia, nos EUA. Duília quer incentivar outras pessoas a serem cientistas, mantém uma página na Internet para difusão científica e até escreveu um livro infantil. Como se pode ver, as mulheres fazem muito mais coisas do que checar os preços nas prateleiras de um supermercado. Por Betânia Pereira – membro do CEAAL Expediente / Ficha Técnica Apolo - O Mensageiro do CEAAL Ano II. Ediçao No 03. - MARÇO-ABRIL-MAIO 2017. Centro de Estudos Astronomicos de Alagoas. Av. Aristeu de Andrade, 452. Farol. Maceio–AL. CEP 57051-090. Fone 82-99396-2861. Realizaçao: CEAAL - Centro de Estudos Astronomicos de Alagoas. Presidente: Romualdo Arthur Alencar Caldas. Vice-Presidente: David Duarte C. Pinto. Ediçao/Revisao: David Duarte C. Pinto. Redaçao/Colunistas: Devidamente creditados nos topicos. Designer grafico: Lucas Amorim, Sidney César. Endereço para download: www.ceaal.org.br Fale conosco: [email protected] 8 APOIO