GEOGRAFIA E A MULHER1 Acadêmicos: Adilson Favarin Nieto email [email protected] José Domingos Cirico Cirico email [email protected] Maria Salete Keller da Silva Salete email [email protected] Suzana Gozzi Suzana email [email protected] Valdelice do Amaral Fagundes Prof. Marli Secchi de Lima e-mail [email protected] A luta feminina, a necessidade da mulher sair do ambiente doméstico e contribuir para o orçamento familiar, assim como as constantes e profundas transformações socioeconômicas provocadas na dinâmica da população em função da ação e atuação das mulheres deu contornos a um ramo do saber geográfico, a Geografia do gênero, que se ocupa das transformações do mercado do trabalho em decorrência do ingresso das mulheres, das desigualdades sociais, espaciais e ambientais derivadas dos diferentes papéis reservados a homens e mulheres, entre outros aspectos. Há menos de um século a sociedade era basicamente regida pelos homens, a mulher exercia o papel de reprodutora e desempenhava apenas as obrigações do lar. Eram raros os exemplos femininos que ultrapassavam a atuação doméstica. A sociedade mudou e a mulher também. Ou talvez seja exatamente o contrário: a mulher mudou e com isso fez mudar a sociedade? Não restam dúvidas que nos últimos anos a participação feminina vem se destacando em praticamente todos os segmentos sociais, econômicos e políticos. Espaços e funções exclusivamente masculinas foram invadidas pelas mulheres. A crescente participação para além do ambiente doméstico deve-se também a luta constante da mulher pelo direito de igualdade ao exercício da cidadania: o direito de votar conquistado só em 1934, a participação no mercado de trabalho, o acesso a contraceptivos, a licença maternidade de 120 dias assegurado em 1988, o divórcio, o direito a escolarização e tantos outros avanços não libertaram milhares de mulheres de uma condição de inferioridade, de humilhação constante, da agressão física, moral e ética. A desigualdade se manifesta a partir dos atributos ou características pessoais naturais – sexo, cor, idade – ou adquiridos, como é o caso da escolaridade, condição econômica e social. A mão-deobra feminina sofre discriminação, dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) divulgados em 2006 revelam que a mulher tem mais tempo de estudo (8,6 anos contra 7,6 dos homens entre a população ocupada) no entanto, essa dedicação e esforço não se traduz em melhores salários, já que com 12 ou mais anos de escolaridade o rendimento médio da mulher representa apenas 61,6% do salário do homem. Some-se ainda que sua entrada no mercado de trabalho é dificultada, freqüentemente desempenha atividades de menor status, enfrenta maior precariedade nas condições de trabalho e se sujeita a exaustiva dupla jornada. No Brasil, ainda segundo a PNAD de 2006 a mulher dedica 22,1 semanais aos afazeres domésticos, enquanto entre os homens esse tempo é de 9,9 horas semanais, portanto menos de metade. Dados ainda revelam que quanto mais pobre é a mulher menor é o salário e maior a desigualdade nos afazeres domésticos. Para além das questões trabalhistas, outro fator que revela a posição de inferioridade feminina é o elevado índice de violência da qual a mulher é vítima. São milhares de mulheres, adultas e crianças, em ambiente doméstico ou fora de casa, na maior parte das vezes em silêncio, que sofrem todo o tipo de violência, do abuso sexual a agressões físicas constantes, não raro expondo-se ao risco de morte. 1 Texto produzido como requisito de avaliação da disciplina de Geografia da População, 2º ano do curso de Geografia UNIMEO/CETSOP. Ainda que avanços sejam visíveis, o desafio que ora se apresenta para as mulheres e homens que idealizam uma sociedade justa sob a ótica dos gêneros ainda é grandioso. Somados a inúmeros esforços científicos e a incansável luta feminina, a Geografia do gênero, se consolida como um ramo do saber científico que certamente dará contribuições a construção de uma sociedade em que a igualdade entre os gêneros prevaleça e, conseqüentemente, a sociedade seja mais humanizada.